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APONTAMENTOS 05 QUALIDADE E SEGURANÇA DOS PRODUTOS E SERVIÇOS

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APONTAMENTOS
DIREITO DO CONSUMIDOR – 2016.1
PROFESSORA ANA CARLA BERENGUER
QUALIDADE E SEGURANÇA DOS PRODUTOS E SERVIÇOS
Previsão legal: arts. 8º, 9º e 10 do CDC.
Fundamento: art. 6º, I, III e VI, do CDC (princípios da proteção à vida, saúde e segurança; informação; prevenção e reparação dos danos).
Pela disposição do art. 8º do CDC, em regra, “os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição [...]”. 
A partir da leitura conjunta dos arts. 8º e 9º do CDC, percebe-se que o legislador permitiu a produção e comercialização de produtos e serviços potencialmente perigosos ou nocivos à saúde ou à segurança do consumidor. 
Nesse caso, contudo, o consumidor deve ser informado acerca da nocividade ou periculosidade do produto ou serviço de maneira ostensiva e adequada (correta, clara, precisa, no vernáculo, etc.), sem prejuízo de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
Em caso de falta de informação acerca da mencionada periculosidade ou nocividade, o fornecedor poderá ser responsabilizado pelos danos eventualmente causados ao consumidor.
Por outro lado, o caput do art. 10, também do CDC, proíbe a venda de produtos e serviços que apresentem alto grau de nocividade e periculosidade.
Percebe-se, assim, que, para a admissão da colocação de produtos e serviços no mercado de consumo, é necessário que eventual periculosidade e/ou nocividade estejam de acordo com a legítima expectativa do consumidor (expectativa regular do consumidor, considerando-se o grau de conhecimento padrão, usual, do homem médio). 
O CDC, ao tratar de “riscos normais e previsíveis”, “produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança” e “produto ou serviço que apresente alto grau de nocividade ou periculosidade”, apresente conceitos abertos, vagos, imprecisos, os quais terão seu conteúdo preenchido na análise do caso concreto.
Assim, para verificar se um risco ou perigo é normal ou previsível, o magistrado deve levar em consideração os seguintes fatores: se a nocividade ou a periculosidade está de acordo com a natureza do produto ou serviço (se o risco ou perigo é inerente ao produto ou serviço); se o consumidor tinha condições de prever o risco ou perigo.
Num exercício de interpretação acerca das mencionadas normas, o STJ tem classificado a periculosidade da seguinte forma:
- Periculosidade inerente: insegurança normal e previsível, atendendo à legítima expectativa do consumidor. 
Em regra, o fornecedor não tem o dever de indenizar os danos sofridos pelo consumidor.
Ex.: o STJ considerou o cigarro como produto de periculosidade inerente (REsp 1.113.804/RS).
- Periculosidade adquirida: os produtos ou serviços se tornam perigosos em razão de um defeito apresentado (têm-se, no caso, produtos ou serviços defeituosos).
Após a sua verificação, uma vez sanado tal defeito, o produto ou serviço não apresentará risco superior ao legitimamente esperado pelo consumidor.
Podem ser: defeitos de fabricação, defeitos de concepção (design ou projeto) ou defeitos de comercialização (aqui incluídos os de informação ou de instrução).
- Periculosidade exagerada: os produtos ou serviços também possuem periculosidade inerente, contudo, nesse caso, ainda que haja informação adequada e ostensiva aos consumidores acerca do fato, os riscos não são mitigados.
Assim, não podem ser colocados no mercado de consumo, em razão da grande potencialidade de causar danos aos consumidores. Há, nesse caso, imensa desproporção entre custos e benefícios sociais da produção e comercialização dos produtos e serviços com periculosidade exagerada.
Uma vez colocado o produto ou serviço no mercado de consumo, constatando-se vício que possa gerar danos à saúde ou segurança, cabe ao fornecedor alertar os consumidores acerca dos riscos (art. 10, § 1º, do CDC).
Tais informações devem ser prestadas com a utilização de todos os meios de comunicação disponíveis, às expensas do próprio fornecedor (art. 10, § 2º, do CDC). Para tanto, pode-se utilizar, inclusive, correspondência, telegrama, telefonema e outros meios aptos à veiculação da informação.
Ainda, devem ser informadas, também, as autoridades competentes, para que tomem as medidas cabíveis no caso concreto (até mesmo a determinação da retirada do produto do mercado de consumo).
Além disso, de acordo com o § 3° do art. 10 do CDC, a União, os Estados, o DF e os Municípios, sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, deverão informá-los a respeito.
RECALL (chamada de volta):
Finalidade: “[...] a norma protecionista pretende que o fornecedor impeça ou procure impedir, ainda que tardiamente, que o consumidor sofra algum dano ou perda em função de vício que o produto ou o serviço tenham apresentado após sua comercialização”�.
O fornecedor deve encontrar o consumidor no intuito de sanar o vício do produto ou serviço adquirido, ou, ainda, indenizar eventuais danos sofridos.
ATENÇÃO! A informação e a realização do Recall não exime o fornecedor de sua responsabilidade objetiva pelos danos decorrentes do vício que os consumidores venham a sofrer, devendo-se observar as regras de responsabilização (art. 12 e seguintes do CDC).
Ainda que o consumidor se mantenha inerte a despeito de comprovada informação acerca do vício e chamamento para solução da questão, o fornecedor não se isenta de sua responsabilidade (não seria caso de culpa exclusiva da vítima). Contudo, em razão dessa eventual negligência do consumidor, pode-se caracterizar a culpa concorrente, hipótese em que, ocorrendo danos posteriores à informação em razão da peça objeto do recall, pode ter o quantum indenizatório reduzido.
Isso porque, de acordo com o princípio da boa-fé, “o consumidor deverá colaborar com o fornecedor, de forma a evitar danos a ambas as partes, uma vez que se o vício for sanado, o consumidor terá a segurança esperada pelo produto e o fornecedor não será responsabilizado por eventuais danos”�.
IMPORTANTE! Portaria n.º 487, de 15 de março de 2012, do Ministério da Justiça: disciplina o procedimento de chamamento dos consumidores ou recall de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, forem considerados nocivos ou perigosos.
� NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 10. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 211.
� GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do consumidor: código comentado e jurisprudência. 11. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 149.
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