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DAS BENFEITORIAS

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DAS BENFEITORIAS......................................................... 03
 CONCEITO.................................................................................................. 03
 BENFEITORIAS NECESSÁRIAS................................................................ 04
 BENFEITORIAS ÚTEIS............................................................................... 04
 BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS.............................................................. 04
 DAS ACESSÕES................................................................ 05
 CONCEITO.................................................................................................. 05
 ACESSÕES FÍSICAS OU NATURAIS......................................................... 06
FORMAÇÃO DE ILHAS.......................................................................... 06
ALUVIÃO.................................................................................................. 07
AVULSÃO................................................................................................. 07
ÁLVEO ABANDONADO.......................................................................... 07
 ACESSÕES INDUSTRIAIS.......................................................................... 08
 DAS DIFERENÇAS ENTRE BENFEITORIAS E ACESSÕES
 DIFERENÇAS.............................................................................................. 08
 ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS.................................................. 09
 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................... 11
DAS BENFEITORIAS
CONCEITO
Benfeitorias são obras que se fazem num móvel, ou num imóvel para conservá-lo ou melhorá-lo ou simplesmente embelezá-lo.[1: Bevilaqua, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil. Ed. rev. Rio de Janeiro: Editora Rio, F. Alves, 1975.]
Sendo assim pode-se dizer que benfeitorias é uma espécie de acessório, constante de obra levada a efeito pelo homem, com o propósito de conservar, melhorar ou simplesmente embelezar uma coisa determinada.[2: Rodrigues, Silvio. Direito Civil: parte Geral. 34. Ed. atual. São Paulo: Saraiva v.1, 2003.]
Acerca do tema, a doutrina, entende que as benfeitorias são acessórios, vejamos o que ensina Gomes:
“Todas as benfeitorias são acessórios da coisa, sejam voluptuárias, leis ou necessárias. Consequentemente, assim como o possuidor tem direito aos frutos que percebeu em virtude de ter a posse da coisa principal, deveria adquirir todo e qualquer melhoramento que fizesse no bem possuído, incorporando-o definitivamente a seu patrimônio, de maneira que, perdendo a posse para o proprietário, conserva, não obstante, o direito adquirido”.
Em relação a classificação atribuída as benfeitorias a doutrina faz três divisões: voluptuárias, úteis ou necessárias, todas previstas no Código Civil:
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Deste modo, conforme seja um ou outro o escopo e a finalidade alcançada, será de uma ou de outra espécie a benfeitoria, devendo ser avaliado o acréscimo de utilidade ou de valor trazido à coisa.
Neste entendimento expõe Venosa:[3: Venosa, Sílvio de lavo. Direito Civil: Parte Geral. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2007, v. 1.]
As consequências da classificação em uma das três categorias são grandes, pois o possuidor de boa-fé tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e uteis podendo levantar as voluptuárias, se não lhe forem pagas e permitir a coisa, sem que haja prejuízo.
BENFEITORIAS NECESSÁRIAS
O código civil em seu art. 96, §3, bem como a doutrina conceitua as benfeitorias necessárias como sendo as que têm por fim conservar o bem ou evitar a sua deterioração.
Carvalho Santos ensina que “elas são a fixação do verdadeiro conceito dessas benfeitorias, está no precisar a exata significação da palavra conservação”.
Sendo assim, quando a benfeitoria é realizada com o propósito de conservar a coisa, de impedir sua deterioração ou de evitar um estrago iminente, diz necessária, exemplo disto seria a reforma do telhado de um prédio para que este não se danifique, bem como o reparo das vigas de uma ponte, a substituição de uma peça de motor que impeça u prejudique o funcionamento; a cobertura de um material colocado ao relento sujeito à degradação.
BENFEITORIAS ÚTEIS
As benfeitorias uteis seriam aquelas empreendidas com escopo de facilitar ou melhorar a utilização e o uso, feitas para acrescer a sua utilidade ou amentar o rendimento, e o proveito, as que fazem para o fim da coisa se tornar melhor ou mais produtiva sem torna-lo indispensável ou imprescindível. Por exemplo, em relação a segurança de um imóvel, acrescentar reforço de grade em uma casa, instalar alarmes, ou até a construção de um muro para impedir a entrada de ladrões, traz-se também como exemplo, a construção de uma nova entrada para um prédio, ou a de uma garage para uma casa.
BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS
Para Rodrigues “chama-se de voluptuárias a benfeitoria quando sua construção almeja tão –só proporcionar maior deleite, sem aumentar a utilidade da coisa, embora possa torna-la mais ou aumentar-lhe o valor. Assim por exemplo, a construção de um jardim, a decoração de um aposento etc.”[4: Rodrigues, Silvio. Direito Civil: parte Geral. 34. Ed. atual. São Paulo: Saraiva v.1, 2003.]
Sendo assim, entende-se que as voluptuárias seriam aquelas de mero deleite ou recreio, que não aumentaram o uso habitual da coisa ainda que a tornem mais agradável ou seja, de elevado valor, assim por exemplo a construção de um jardim, ou de mais um aposento, a construção de uma piscina, a colocação de esculturas, colocação de mármore cerrara no piso, são apenas para maior conforto e apreciação, e não acrescem utilidade, e nem tampouco são feitas com intuito de conservação.
DAS ACESSÕES
CONCEITO
Segundo Gonçalves “acessão é, pois, modo de aquisição da propriedade, criada por lei, em virtude do qual tudo o que se incorpora a um bem fica pertencendo ao seu proprietário. Ou, segundo a lição de Beviláqua, “é o modo originário de adquiri, em virtude do qual fica pertencendo ao proprietário tudo quanto se une ou incorpora ao seu bem. Em todas as suas formas, a acessão depende do concurso de dois requisitos: a) a conjunção entre duas coisas, até então separadas; b) o caráter acessório de uma dessas coisas, em confronto om a outra. Na acessão predomina, com efeito, o principal segundo o qual a coisa acessória segue a principal. A coisa acedida é a principal, a coisa acedente, a acessória”.
No mesmo sentido explica Rizzardo:
Trata-se de um modo originário de aquisição. Através dele, passa a pertencer ao proprietário tudo quanto se une ou adere ao seu bem. É uma forma de aquisição da propriedade em virtude da qual uma coisa, que se une ao solo de outrem, torna-se propriedade do dono do mesmo.
Pode-se dizer que é um aumento da coisa que constitui o objeto de propriedade, seja por produção, seja por união sem alteração no direito do proprietário. Esse aumento na propriedade pode ocorrer por forças internas da própria coisa ou por forças externas.
Rizzardo preleciona que “as acessões ocorrem de dois modos. Ou elas nascem e se formam de dentro do bem para fora. Provêm da coisa. São produzidas por ela. É o caso dos frutos de uma arvore. O bem produz riquezas em proveito do proprietário. Ou costuma-se dizer que podem aparecer de fora para serem acrescidas ao bem. Emanam de uma força externa, em proveito da propriedade móvel ou imóvel, como na situação da construção de um prédio do cultivo de uma área de terras”.
Para Gonçalves a acessão pode dar-se pela formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo e plantações ou construções.Esse entendimento também é apresentado por Rodrigues:
A acessão pode vir de causas naturais como avulsão, a aluvião ou abandono de álveo pelo rio que muda seu curso, como pode igualmente, decorrer de ato humano, tais as hipóteses de plantação ou construção.
O Código Civil regulou estes institutos em seu art. 1248:
Art. 1.248. A acessão pode dar-se:
I - por formação de ilhas;
II - por aluvião;
III - por avulsão;
IV - por abandono de álveo;
V - por plantações ou construções.
2.2 ACESSÕES FÍSICAS OU NATURAIS
2.2.1 FORMAÇÃO DE ILHAS
Para Gonçalves “interessam, pois, ao direito civil somente ilhas e ilhotas surgidas nos rios não navegáveis, por pertencerem ao domínio particular, visto que as ilhas que por acaso surjam nos álveos das correntes públicas têm idêntico caráter. Dispõe o art. 1.249 do CC:
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.
Ainda, o aparecimento das ilhas pode ser determinado pelas causas mais diversas. A aquisição da propriedade das que se formaram por força natural (acúmulo de areia e materiais levados pela correnteza, movimentos sísmicos, desagregação repentina de uma porção de terra etc.) ocorre de acordo com sua situação ou posição no leito dos rios.
2.2.2. ALUVIÃO
Segundo a definição de Justiniano, difundida pela doutrina, aluvião é o aumento insensível que o rio anexa às terras, tão vagarosamente que seria impossível, em dado momento, apreciar a quantidade acrescida. Esses acréscimos pertencem aos donos dos terrenos marginais, conforme a regra de que o acessório segue o principal. Nesse sentido dispõe o art. 1.250 do CC:
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
2.2.3 AVULSÃO
Verifica-se a avulsão quando a força súbita da corrente arranca uma parte considerável de um prédio, arrojando-a sobre outro. Porém, segundo se depreende da leitura do art. 1.251, CC, a avulsão dá-se tão só pela força de corrente com a aluvião, que é, como visto, acréscimo vagaroso e imperceptível.
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
Desse modo, o fenômeno pode ocorrer também por superposição. Entretanto, quando a avulsão é de coisa não suscetível de aderência natural, aplica-se o disposto quanto às coisas perdidas, que devem ser devolvidas ao dono.
A opção entre a reclamação para que se remova a parte acrescida, ouse indenize, vem no art. 20 do Código de águas: “o dono daquele poderá reclamá-lo ao deste, a que é permitido optar, ou pelo consentimento na remoção da mesma, ou pela indenização ao reclamante”.
Como ressoa das normas acima, envolve a avulsão a desagregação repentina ou súbita de uma porção de terra por força de um fenômeno natural violento, anexando-se a outra propriedade sita a jusante, a que é levada pela correnteza das águas.
O proprietário do imóvel sito abaixo do rio, e contemplado com o acréscimo, tem a escolha entre permitir que se faça a remoção ou efetuar o pagamento do valor correspondente à fração ou parte que foi anexado, no que é claro o parágrafo único do art. 1.251 do CC.
2.2.4 ÁLVEO ABANDONADO
O código de águas define o álveo como “a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto”. É, em suma, o leito do rio. Ele será público de uso comum, ou dominical, conforme a propriedade das respectivas águas; e será particular, no caso de aguas comuns ou águas particulares.
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
ACESSÕES INDUSTRIAIS
As construções e plantações são chamadas de acessões industriais ou artificiais, porque derivam de um comportamento ativo do homem.
Preceitua o art. 1.253, CC:
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Assim, se o proprietário semeia, planta ou edifica em seu próprio terreno, mas com “sementes, plantas ou materiais alheios”, adquire a propriedade destes, visto qe o acessório segue o principal o que adere ao solo a este se incorpora. Entretanto, para evitar o enriquecimento sem causa, estabelece o aludido art. 1.254 do CC que terá de reembolsar o valor do que utilizar, respondendo ainda “por perdas e danos, se agiu de má-fé”.
Para semear, plantar u edificar é necessário que o dono da coisa esteja na posse do imóvel. Se de boa-fé, é legitimo o exercício do direito de retenção, só o restituindo após receber a indenização.
Os requisitos para que ocorra a aquisição da propriedade do solo são, pois, os seguintes: a) que a construção tenha sido feita parcialmente em solo próprio, mas havendo a invasão de solo alheio; b) que a invasão do solo alheio não seja superior à vigésima parte deste; c) que o construtor tenha agido de boa-fé; d) que o valor da construção exceda a da parte invadida: e) que o construtor indenize o dono do terreno invadido, pagando-lhe o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
 
DAS DIFERENÇAS ENTRE BENFEITORIAS E ACESSÕES
 
DIFERENÇAS
Benfeitorias são consideradas um dos mais importantes efeitos da posse, haja vista gerarem o direito de retenção que é previsto em lei, bem como a indenização das benfeitorias dependendo de sua classificação em uma ou outra espécie. Já acessão é considerada uma modalidade de aquisição originária da propriedade, e estende ao direito do proprietário tudo que ao bem se incorpora inseparavelmente, e responde a uma conveniência pratica de unificar a propriedade sob o único dono, seguindo a regra segundo o qual a propriedade da coisa ascendente permanece com o titular do domínio do prédio o qual adere.[5: Gomes, Orlando. Direitos Reais. 20. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. P.79.][6: Loureiro, Luiz Guilherme. Direitos Reais: à luz do Código Civil e do Direito Registral. São Paulo. Método. 2004. P.131.]
Na doutrina de Clóvis Paulo da Rocha e Philadelpho de Azevedo “A casa nunca pode se considerar como benfeitoria do terreno, e a doutrina fixou bem a distinção na seguinte passagem de Clóvis Paulo da Rocha: “As benfeitorias são despesas feitas na coisa, com o fito de conserva-lo ou embeleza-lo. As acessões são obras que criam coisas novas, diferentes que vêm aderir à coisa anteriormente existente.[7: Construções na Teoria Geral da Adesão, p. 36.]
Ainda, conforme voto do Ministro Philadelpho de Azevedo: quem constrói ou quem planta não faz propriamente benfeitorias, mas pratica acessão regulada pelo CC. A plantação ou edificação em terreno alheio tem caráter principal, ao passo que as benfeitoriaspressupõem algo a ser melhorado. Com efeito a casa que se pretende indenizar não pode ser considerada como benfeitoria do terreno, pois em nada contribui para o aperfeiçoamento ou embelezamento do mesmo. Seriam benfeitorias as obras que fizessem no terreno com o fim de embelezá-lo, como drenagens, cercas etc.
ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS
3.2.1 Acórdão STJ
Trata-se de comentário à jurisprudência do STJ, recurso especial n. 1.109.406-SE (2008/0283559-7), Décima Câmara Civil, relator Ministro Luis Felipe Salomão, em que o recorrente é Olga Milstein Silva Holt e o recorrido, Carla Eugênia Caldas Barros, de cuja ementa se extrai:
REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. POSSUIDORA DE MÁ-FÉ. DIREITO À INDENIZAÇÃO. DISTINÇÃO ENTRE BENFEITORIA NECESSÁRIA E ACESSÕES. ALEGADA ACESSÃO ARTIFCIAL. MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. 
1. As benfeitoras são obras ou despesa realizadas no bem, com o propósito de conservação, melhoramento ou embelezamento, tendo Intrinsecamente caráter de acessoriedade, encorpando-se ao patrimônio do proprietário.
2. O Código Civil (art. 1.20), baseado no princípio da vedação do enriquecimento sem causa, conferiu ao possuidor de má-fé o direto de ressarcir das benfeitoras necessárias, não fazendo jus, contudo, ao Direto de retenção.
3. Diferentemente, as acessões artificiais são modos de aquisição Originária de propriedade imóvel, consistentes em obras com a formação de coisa novas que se aderem à propriedade preexistem (superfícies solo cedit), aumentando-a qualitativa ou quantitativamente.
4. Conforme estabelece o art. 125 do CC, acessões, o possuidor que tiver semeado, plantado ou edificado em terno alheio só terá direto à indenização se tiver agido de boa-fé.
5. Sobreleva notar distinção das benfeitoras par com ascensões, sendo que "aquelas têm cunho complementar. Esta são cisa novas, com as plantações as construções" (GOMES, Orlando. Diretos reais. 20. ed. Atualizado por Luiz Edson Fachin. Rio de Janeiro: Forense, 201, p. 81).
6. Na trilha dos fatos articulados, afastar a natureza de benfeitora necessária par configurá-la com acessão artificial, isentado autora do dever de indenizar possuidora de má-fé, demandaria o reexame do contexto fático-probatório dos autos, o que encontra óbice na Súmula n. 07 do STJ.
7. Recurso especial que nega provimento.
A autora (ora recorrente) ajuizou ação de reintegração de posse cumulada com reparação de danos em face de Carla Eugênia Caldas Barros, aduzindo que foi esbulhada de sua posse pela ré, referente ao imóvel descrito na inicial, tendo esta violado acordo verbal em que somente obteria o terreno - a título de honorários - caso conseguisse êxito em demanda judicial que patrocinava para a autora.
O magistrado de piso reintegrou a autora na posse, não tendo acolhido, contudo, o pedido de reparação pelos danos materiais. Ao revés, condenou-a a ressarcir todas as benfeitorias necessárias realizadas pela ré, nos termos do artigo 1220, do Código Civil, haja vista ser a reconvinte tida por possuidora de má-fé. Interposta apelação pelas partes, os quais foram improvidos, mantendo o entendimento do magistrado.
Irresignada a autora interpôs recurso especial, alegando que trata-se de acessão artificial e com base no art. 1.255 do CC que a autora entende ser indevida a indenização pelas construções feitas em seu terreno, haja vista a má-fé da possuidora, reconhecida pelas instâncias ordinárias.
Em primeiro entendimento a corte entende que a condicionante má- fé não é motivo para indenizar, uma vez que os melhoramentos introduzidos na coisa com o fito de conservar ou evitar deterioração também teriam que ser feito pelo proprietário.
Nesse passo, as conclusões na origem foram apenas de que "as obras realizadas pela requerida no imóvel caracterizam-se por ser benéficas ao mesmo, constituindo benfeitorias necessárias e úteis que não existiam anteriormente ao esbulho" tendo o Tribunal se limitado a delinear que as "benfeitorias necessárias, realizadas pela demandada no imóvel, somente essas devem ser ressarcidas, uma vez que a demandada não detinha uma posse mansa e pacífica, conforme se depreende do boletim de ocorrência". 
 No caso em apreço, a solução adotada pelo Tribunal objetivou impedir o enriquecimento sem causa da autora; pois, como dito, foram despesas efetuadas pela ré com a finalidade de conservação da coisa, evitando a sua perda ou deterioração, e que seriam inevitavelmente realizadas pelo proprietário.
Negado provimento ao recurso.
3.2.2 Acórdão TJ/PR
Trata-se de comentário à jurisprudência do TJ-PR, Apelação Cível - 0180613-3, Primeira Câmara Cível, relator Des. Paulo Roberto Hapner, em que os apelantes são NICOLAU SERBAI e WALDOMIRA BEZEUTCHKA SERBAI e os apelados, VALMIR DOMINGUES DA SILVA, EVA ALVES DE OLIVEIRA, SEBASTIANA PINHEIRO DA SILVA E ELVIRA LOURENÇO, de cuja ementa se extrai:
RAÇÃO DE POSSE - OCUPAÇÃO ILÍCITA DE IMÓVEL - POSSE RECONHECIDA DE MÁ-FÉ - DIREITO DE RETENÇÃO PELAS BENFEITORIAS NECESSÁRIAS - INADMISSIBILIDADE - ACESSÕES - BENFEITORIAS DESCARACTERIZADAS - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 
I - Negar ao invasor o direito de retenção por eventuais benfeitorias ou acessões, ao invés de injusto, caracteriza proteção e estímulo da boa-fé e de garantia do direito do proprietário. II - A construção de casebres por invasores de terreno alheio, não caracteriza benfeitorias, mas sim acessões, coisas novas agregadas ao imóvel, restringindo-se sua utilidade, tão somente àquele que a construiu.
(TJ-PR - AC: 1806133 PR Apelação Cível - 0180613-3, Relator: Paulo Roberto Hapner, Data de Julgamento: 03/06/2003, Primeira Câmara Cível (extinto TA), Data de Publicação: 13/06/2003 DJ: 6390)
Os autores (ora apelantes) ajuizaram ação de reintegração de posse em face de Valmir Domingues da Silva, Eva Alves de Oliveira, Sebastiana Pinheiro da Silva e Elvira Lourenço. Os réus adentraram no imóvel de má-fé, pois sabiam desde o início que os autores eram os proprietários da área que invadiram e que construíram os casebres. 
A decisão do magistrado julgou procedente o pedido de reintegração de posse como descrito na inicial, afastando a exceção de usucapião argüida pelos réus, garantiu-lhes o direito de retenção pelas benfeitorias necessárias edificadas antes do aforamento desta ação.
Irresignados os autores apelaram pugnando pela reforma parcial da sentença. Em suas razões recursais alegam que a construção de casebres, não são benfeitorias, e sim acessões, não cabendo nenhum direito de retenção e muito menos indenização, por fim, alegram que os apelados agiram de má-fé.
A alegação dos apelantes foi prosperada ante a inexistência de benfeitorias consideradas necessárias e a presença da constatada má-fé dos apelados. A jurisprudência predominante, é no sentido de que: "Construção e benfeitoria em terreno alheio. Quem edifica em terreno alheio, sabendo que o mesmo é de propriedade de terceiro, não tem direito à indenização" (TJDF - Ac. 22.816 - 1ª T. - Rel. Des. Jerônymo de Souza - DJU - 19.12.90). 
Desta forma, a corte entendeu que a construção dos casebres em questão, não podem ser consideradas benfeitorias, mas sim acessões, não cabendo se falar em direito de retenção e muito menos indenização. 
Recurso provido, reformando parcialmente a decisão recorrida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. V. 4º ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
Rizzardo, Arnaldo. Direito das Coisas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
Gomes, Orlando. Direitos Reais; 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

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