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MÓDULO 3 DAS ÁRVORES LIMÍTROFES

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25/09/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/28
 
MÓDULO 3.
Das árvores limítrofes.
A lei prevê três hipóteses de conflitos derivados de árvores limítrofes, nas relações de
vizinhança. As soluções da lei nem sempre são lógicas, mas são convenientes para se
evitar os conflitos entre vizinhos.
1. árvores nascidas na divisa entre dois prédios.
Art. 1.282, CC/2.002 – presunção de pertencer em comum aos donos do prédio
confinante a árvore cujo tronco estiver na linha divisória (Pontes de Miranda chama tal
árvore de árvore-meia). Cada proprietário fica com o domínio de metade da coisa, mas
em corpo indivisível (cada proprietário é dono de parte da árvore, mas não da parte
ideal). É como o muro comum, no caso de parede-meia.
Então, quando cortadas ou arrancadas tais árvores, elas devem ser repartidas entre os
donos. Obs.: é do dono do solo os frutos que nele caírem naturalmente.
2. invasão de um prédio pelos ramos e raízes da árvore pertencente ao prédio
contíguo.
Art. 1.283, CC/2.002 – o proprietário tem o direito de cortar, até o plano vertical
divisório, as raízes e ramos de árvores nascidas em prédios vizinhos, que ultrapassem
a extrema de seu prédio.
A solução da lei é rigorosa – trata-se de um dos poucos casos de defesa direta de
direitos. O dono do prédio invadido é dispensado de dar ciência ao seu confinante e a
lei não leva em conta as consequências do seu procedimento.
É irrelevante que do corte das raízes ou ramos invasores resulte a morte da árvore. O
proprietário mesmo assim não indeniza por perdas e danos. Seu procedimento só será
abusivo se for óbvia a sua imprudência ao proceder àquele talho. Ex.: corta
parcialmente a árvore sem avisar o vizinho e a árvore tomba causando prejuízo – ato
abusivo, que só se justificaria após notificação desatendida pelo interessado (fora
exceção, no entanto, o proprietário do prédio invadido não precisa avisar seu
confinante).
Antes do CC/1916, o exercício do direito de cortar os galhos e raízes invasoras era
condicionado à prova de prejuízo do prédio invadido.
*** Os galhos e raízes da árvore, que o vizinho cortou, são seus e só seus.
3. propriedade dos frutos caídos da árvore situada em terreno vizinho.
Art. 1.284, CC/2.002 – atribui o domínio dos frutos caídos da árvore nascida em
terreno vizinho não ao proprietário da árvore, mas ao do solo onde tombaram
(solução ilógica em relação ao sistema, que desobedece a regra segundo a
qual o acessório segue o principal).
O preceito de que o acessório segue o principal é repetido no campo particular do
direito de propriedade pelo art. 1.232 do CC – os frutos e produtos da coisa, ainda
quando separados, devem pertencer ao seu proprietário. Mas o art. 1.284 faz bem em
adotar solução diversa – evita briga que ocorreria cada vez que o dono da árvore
quisesse entrar no terreno confinante para apanhar os seus frutos, ali caídos. Pode o
25/09/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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dono da árvore se quiser, para evitar prejuízo, apanhar os frutos antes de tombarem –
só pertencem ao dono do solo os frutos que caírem sem sua provocação.
Passagem forçada.
Do prédio encravado:
Trata-se de prédio sem saída para a via pública, fonte ou porto.
Em vista da impossibilidade de exploração econômica ou utilização desse imóvel, o que
é inconveniente para o seu proprietário e para a sociedade, o dono tem o direito de
reclamar do vizinho que lhe deixe saída.
A lei quer facilitar a exploração da riqueza social, impedindo que o imóvel se afaste da
atividade produtiva.
O beneficiário não pode adquirir parte do terreno vizinho, mas sim apenas a
prerrogativa de passar por ele, com maior ou menor onerosidade para seu confinante,
e conforme as suas necessidades.
Pressupostos para se obter a passagem.
Passagem forçada parece-se com a servidão, pois é a prerrogativa de utilizar,
parcialmente, imóvel de outrem.
Para obter o direito à passagem forçada, há o pressuposto de que exista o
encravamento do prédio do autor.
Trata-se de negócio oneroso – o vizinho que conceder passagem forçada tem direito à
indenização – art. 1.285, CC.
A fixação da passagem forçada se houver desavença será fixada judicialmente. O juiz
deve conciliar os interesses das partes, impondo o menor ônus possível ao prédio
serviente, possibilitando o maior proveito possível ao prédio dominante. O fundamento
da passagem forçada é o interesse social, que deve então prevalecer.
Perda e restabelecimento da passagem.
O que inspira a lei é o interesse social, então o proprietário do prédio encravado tem o
dir. de obter passagem uma segunda vez, ainda que por sua culpa tenha perdido o
direito de trânsito anteriormente obtido.
O CC/1916 como punição condicionava a obtenção de nova passagem a que o
proprietário negligente pagasse o dobro do valor da primeira indenização (art. 561,
CC/1916). O CC novo não mantém tal preceito.
Se o proprietário fica encravado por sua própria vontade e por força de alienação que
levou a efeito, a doutrina e a jurisprudência têm entendido que o dono do prédio
encravado só pode exigir passagem do adquirente da área através da qual aquela
existia. Isto porque seria injusto deixar ao arbítrio do vendedor tornar encravado o seu
prédio e ao mesmo tempo lhe conceder a faculdade de exigir passagem de qualquer
vizinho, impondo, assim, ao arbítrio do malicioso ou do negligente, uma restrição à
propriedade alheia.
_______//___________________
Distinção entre servidão e passagem forçada.
A passagem forçada é dir. de vizinhança, enquanto a servidão de caminho, concedida
pelo proprietário do fundo serviente ao dono do prédio dominante, constitui um direito
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real sobre coisa alheia (se tem registro no cartório de imóveis, é servidão, direito real).
A passagem forçada não é uma espécie de direito real, nem depende do registro.
A passagem forçada é limitação ao direito de propriedade, decorrente da lei e imposta
no interesse social, para evitar que um prédio fique inexplorado ou sem possibilidade
de ser usado, em face de ser impossível o acesso a ele.
Na servidão, a limitação ao domínio pleno decorre da vontade das partes ou da
usucapião, e não da lei, e visa aumentar as comodidades do prédio dominante, em
detrimento do serviente.
Quando se tratar de encravamento, haverá direito de vizinhança imposto mediante
indenização e sempre instável, pois a qualquer tempo poderá desaparecer por inútil,
ressalvada nova abertura, que se tornar imprescindível. A servidão responde não à
necessidade, mas à simples conveniência, de um prédio não encravado e,
normalmente, para alcançar comunicação mais fácil e próxima – por isso não pode ser
reclamada - obtém-se por contrato.
Em geral os direitos de vizinhança são recíprocos, mas isto não ocorre na passagem
forçada. Alguns direitos de vizinhança se apresentam como verdadeiras servidões
legais de interesse privado (ex.: passagem forçada – há um prédio dominante
e outro serviente). Isto não extingue, no entanto, a ideia de reciprocidade, nem tira
da passagem forçada a natureza do direito de vizinhança. A reciprocidade no direito de
vizinhança significa que há uma perspectiva legal de obter determinada vantagem,
desde que o prédio se encontre em determinada situação e vice-versa. O prédio
encravado pode obter saída para a via pública, da mesma maneira que deve dá-la ao
seu vizinho, se este estiver encravado.
Como dito, a servidão, genericamente, só se constitui após a inscrição no Registro de
Imóveis – art. 1.227, CC, enquanto a passagem forçada não precisa do registro.
Extinção da passagem forçada.
Extingue-se a passagem forçada quando cessa a necessidade, por parte do prédio
dominante. Ex.: abre-se estrada pública que atravessao prédio, ou passa beirando as
suas lindes.
Ampliação da ideia de passagem forçada.
Passagem forçada é desapropriação feita no interesse particular, do proprietário do
prédio encravado, para o bem da comunidade – pois o encravamento prejudica a
todos, por afastar da produção ou dificultar a produção de determinado prédio.
Para alguns, como Sílvio Rodrigues, amplia-se a ideia de passagem forçada aos
imóveis que têm saída ara a via pública mas tal saída é precária, difícil ou perigosa,
inferior às necessidades do mesmo prédio. Isto para fornecer maiores possibilidades de
aproveitamento a prédios cujas saídas são exíguas e imperfeitas. Em relação a tal
ampliação há divergência doutrinária e jurisprudencial.
A vantagem de se ampliar é que o interesse da sociedade é atendido quando se cria
condições que facilitem a produção, exploração e aproveitamento da riqueza
imobiliária.
Então é encravado não só o prédio que não tem saída para lugares públicos, como o
que, tendo-a, é ela insuficiente e perigosa. O proprietário pode passar pelos terrenos
vizinhos, indenizando-os (conforme a lei). É desapropriação forçada que, baseando-se
no proveito da agricultura, que interessa à sociedade, não contraria o preceito
constitucional, garantidor da propriedade.
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*** Os autores que não concordam com a ampliação dizem que somente a
necessidade e não a maior comodidade justifica a constituição da servidão.
O CC de 2002 silencia sobre a matéria.
Inovação do CC de 2002: O art. 1.286 cria passagem forçada para cabos, tubulações
e outros condutos subterrâneos de serviço de utilidade pública, em proveito de
proprietários vizinhos, quando, por outro meio, tais obras forem impossíveis ou
excessivamente onerosas. Tal passagem, uma vez concedida, envolve indenização.
O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita do modo menos
gravoso possível (parágrafo único), e se dela resultar grave risco, pode pleitear que
sejam levantadas obras de segurança (art. 1.287, CC).
Das águas.
O regime de águas, dentro do campo da vizinhança, é legalmente estabelecido e
engloba o conjunto de normas reguladoras das relações entre vizinhos, referentes às
águas de nascentes e pluviais, que, com o escopo de harmonizar interesses e compor
conflitos, criam direitos e obrigações recíprocos.
É matéria importante, principalmente na zona rural e quando escassas as águas.
O Cód. de Águas, Dec. nº. 24.643, de 10.7.1934, reitera e modifica algumas poucas
normas que o CC/1916 trazia sobre a matéria, e insere outras.
Natureza jurídica (a que classe/grupo pertencem) das regras que disciplinam o assunto
– o CC situa a matéria dentro dos direitos de vizinhança - restrições ao direito de
propriedade.
Aqui é nítida a distinção entre serventia legal e convencional: sempre que há
interesse geral a lei impõe o sacrifício de um prédio em favor de outro – entre nós a
matéria é disciplinada no campo dos direitos de vizinhança. Em outros casos, quando
há interesse do proprietário de um prédio no sentido de melhorar-lhe a condição, pode
o seu dono estabelecer com o dono do prédio vizinho a concessão de algumas regalias
sobre este último. Registrado o ajuste, surge um direito real sobre coisa alheia -
servidão.
Águas que fluem naturalmente do prédio superior –
A lei impõe ao dono do prédio inferior a obrigação de receber as águas que correm do
superior naturalmente (art. 1.288, CC e Cód. de Águas, art. 68). Aqui o legislador leva
em conta a conformação do solo e considera a necessidade de as águas que se
encontram no alto fluírem normalmente. Se não fosse assim, a situação seria
calamitosa – inundação do prédio superior deixado sem escoamento.
Exemplos: deve ser demolido muro que, construído na divisa do autor, impedia o
curso natural das águas; nunciação de obra nova em prédio inferior, pois aquela, uma
vez concluída, causaria empoçamento das águas pluviais no prédio superior; dono do
prédio superior tem o direito de impedir que o proprietário do prédio inferior faça
dique, açude ou barragem, de modo que as águas refluam para aquele e, portanto, de
compelir o dono do inferior à destruição da obra que lhe cause prejuízo.
As águas abrangidas pela regra em exame, como se vê, não são apenas as de
torrente, mas também as pluviais.
Para que a obrigação de receber exista, a condição é que o fluxo seja natural – se o
dono do prédio superior fizer obras para facilitar o escoamento, procederá de modo a
não piorar a condição antiga e natural do prédio inferior. Ex.: propriedade do prédio da
Consolação (julgado) é obrigada a receber as águas pluviais que correm naturalmente
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do prédio do réu, mas não as que correm com obra de arte, como as calhas. Ao fazer
as calhas, o réu devia proceder de modo a não piorar a condição natural do prédio da
autora – se não o fez assim, deve refazer a obra e pagar os danos causados.
Obs.: se o proprietário do prédio inferior tem a obrigação de receber tais águas, tem
direito às sobras das águas (sobejos).
Águas levadas artificialmente ao prédio superior.
O art. 564, do CC/1916, determinava que águas artificialmente levadas ao prédio
superior quando dele corressem para o inferior, podia o dono do inferior reclamar que
se desviassem, ou que se lhe indenizasse o prejuízo. Esta prerrogativa enorme do
proprietário do prédio inferior (verdadeiro arbítrio) era retrocesso em face do direito
anterior ao CC/1916, que determinava que o proprietário não era obrigado a receber
as águas levadas artificialmente ao prédio superior, mas abria exceção em favor da
agricultura - a lei permitia antes do CC/1916 ao dono do prédio superior dar escoante,
por pequenos sulcos, para o prédio inferior, às águas cuja estagnação fosse prejudicial.
O CC/1916 foi individualista ao abolir a exceção supra e preservar integralmente o
interesse do prejudicado, que com muita ou pouca razão, podia impedir o escoamento
das águas levadas artificialmente ao prédio superior.
Isto ameaçava o interesse da coletividade – por força da necessidade da exploração
agrícola ou industrial, não raro tinha o vizinho a necessidade de levar, artificialmente,
água ao seu prédio.
O Cód. de Águas, art. 92, trouxe boa reforma ao retirar a possibilidade de escolha
antes conferida aos proprietários dos prédios inferiores. Prescreve tal art.: mediante
indenização, os donos dos prédios inferiores, conforme regras da servidão legal de
escoamento, são obrigados a receber as águas das nascentes artificiais.
Parágrafo único – nessa indenização, porém, será considerado o valor de qualquer
benefício que os mesmos prédios possam auferir de tais águas.
O CC/2.002 adota o mesmo critério do CC/1916, mas não revoga a lei especial
- Cód. de Águas.
______________
A fonte não captada.
O proprietário do prédio inferior é obrigado a receber as águas que fluem naturalmente
do prédio superior, mas tem o direito aos sobejos (sobras). Pois o dono da fonte não
captada, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir o curso natural
das águas pelos prédios inferiores (1.290, CC/2.002). Trata-se da antiga servidão
legal de águas supérfluas – o prédio inferior tem direito a elas.
O direito do prédio inferior é só de receber sobras. O dono da nascente pode usar toda
a água – e nenhum direito resta ao dono do prédio inferior – se houver sobras o dono
do prédio inferior tem o direito de recebê-las e de recebê-las limpas. O proprietário
pode usar mas não pode poluir as águas que nascem em suas terras com detritos que
as tornem imprestáveis.
“Satisfeitas as necessidades de seu consumo” é expressão do art. 1.290 do CC/2.002 e
deve ser interpretada tendo-se em vista a impossibilidade de abuso de direito. O
vizinho de cima não pode consumir toda a água só para prejudicaro de baixo
(desperdiçar a água da nascente). O dono não pode impedir o curso da água ou
consumir além das suas necessidades. Se o fizer, deve reparar o mal causado, e cessar
os atos prejudiciais – o uso anormal do direito é ato ilícito – art. 187, CC/2.002.
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O preceito supra abrange água nascida no prédio superior e também nascida alhures,
que ingressa em forma de corrente em referido fundo.
Águas pluviais.
Pertencem ao prédio onde caírem diretamente, podendo o seu dono dispor delas à
vontade, salvo existindo direito alheio em sentido contrário (Cód. de Águas, art. 103).
Mas o uso desta água deve ser feito de forma razoável (civiliter), não podendo o seu
dono desperdiçá-la, prejudicando o prédio inferior que poderia aproveitá-la e para onde
normalmente deveria correr.
Tal água também não deve ser desviada de seu curso natural, a menos que os donos
dos prédios que a iam receber deem seu consentimento. Pela infração de tais
dispositivos, responde-se por perdas e danos, podendo ser o agente compelido a
desfazer as obras erguidas para o desvio da água.
O aqueduto.
O CC/1916, para facilitar a exploração agrícola e industrial, permitiu ao necessitado a
canalização das águas por prédios rústicos alheios – é o direito ao aqueduto.
Condições para o exercício de tal direito:
a) que os prédios servientes não sejam sítios, chácaras ou muradas, ou quintais,
pátios, hortas ou jardins;
b) que sejam os proprietários dos prédios servientes previamente indenizados dos
prejuízos representados pelo aqueduto, ressalvado seu direito à indenização posterior,
por danos futuros e defluentes de infiltração ou irrupção de águas (art. 567, CC/1916).
Para proteger a agricultura a lei confere ao proprietário o direito de conduzir para a sua
propriedade, pelos prédios intermediários, em aqueduto, as águas que pode
legitimamente dispor.
A restrição ao direito de propriedade representada pelo direito de aqueduto conferido
ao vizinho parece com expropriação feita no interesse particular, para proteger quem
necessita de águas para a agricultura, ou indústria (deve o construtor do aqueduto
indenizar ao obter a canalização de águas pelo terreno alheio). Mas na verdade o
interesse protegido indiretamente é o de incentivar a produção, propiciando elementos
adequados de sucesso a quem nela se empenha.
O dispositivo tem interesse social, e sua abrangência aumenta com o art. 117 do Cód.
de Águas, que no lugar de permitir o aqueduto só para proporcionar proveito à
indústria e à agricultura, admite-o também para atender às 1ªs necessidades da vida,
ao escoamento de águas supérfluas e ao beneficiamento de terras – esta solução foi
adotada pelo CC/2.002, art. 1.293, que não contém a restrição do art. 567 do
CC/1916, que só permitia o aqueduto para proveito agrícola e industrial.
1.293 – CC/2.002: quem quer que seja mediante indenização prévia aos
proprietários prejudicados pode construir canais, através de prédios alheios,
para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras
necessidades da vida, e desde que não cause prejuízo considerável à
agricultura e à indústria, bem como para o escoamento de águas supérfluas
ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos.
____________________//_________________
Dos limites entre prédios e do direito de tapagem.
25/09/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 7/28
Seção IV do capítulo que trata dos direitos de vizinhança – art. 1.297 e 1.298,
CC.
Demarcação das lindes entre prédios confinantes e direito de tapagem.
CPC – art. 569 do CPC/2015 (art. 946 e s. do CPC/1973): ação de demarcação e
ação de divisão de terras particulares.
Art. 1.297, CC – direito do proprietário de cercar, murar, valar ou tapar de qualquer
modo o seu prédio e de constranger seu confinante a proceder com ele à demarcação
entre os dois prédios, dividindo as despesas. É a ação finium regundorum do Direito
Romano.
Art. 1.298, CC – presunção de pertencerem em comum aos confinantes os marcos
divisórios tendo ambos o direito de usar, desde que não atrapalhem o uso pelo vizinho.
__________________//____________
Demarcação – natureza jurídica e pressupostos.
É necessário fixar os limites dos prédios de propriedade particular, para evitar invasões
recíprocas e antecipar as soluções dos conflitos de vizinhança.
E há o interesse social – a demarcação possibilita o registro.
Art. 1.297, CC: O proprietário pode exigir do confinante que com ele proceda a
demarcação, repartindo-se as despesas.
O art. 569, I do CPC/2015 (art. 946, I do CPC/1973) fixa os fins da referida ação. E os
fins são fixar os limites e novos limites dos prédios.
Natureza jurídica da demarcação: declaratória. Mas se as partes divergem sobre os
confins (limites) dos prédios o caráter é de reivindicação.
Se uma das partes invade o terreno da outra e finca marcos, o prejudicado pode
pleitear que se restabeleçam os limites antigos, que serão, a final, restabelecidos.
Transitada em julgado a sentença na ação demarcatória, a restituição deve ser feita
como decorrência da sentença que fixou os novos limites. Mas tal hipótese é rara.
Teoricamente, a ação só cabe com o intuito de aviventar marcos já apagados, ou de
fixar novos lindes por não existir nenhum.
As partes então podem delimitar a sua propriedade, fixando os limites, e ainda pedir
que a delimitação se faça com a repartição das despesas pelos interessados. Assim a
lei impõe uma restrição ao domínio. Trata-se de direito e dever de vizinhança.
Dos Pressupostos da ação demarcatória:.
a) Necessidade de fixação de marcos divisórios.
A ação é improcedente se houver limites certos e incontestáveis entre os prédios (se
não há dúvida quanto às divisas dos confinantes). A dúvida existe se os marcos que
existiam precisam ser aviventados (recuperados) ou se houver necessidade de
reclamar o lançamento de novos marcos, porque jamais existiram outros.
Se há limites fixados há longos anos e respeitados, mesmo que não correspondam aos
títulos dominiais, não cabe ação.
b) Que os prédios sejam confinantes.
25/09/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/28
Não cabe ação, por exemplo, se os prédios não são limítrofes porque estão separados
por rio público.
c) Que os prédios pertençam a donos diversos.
________//__________
Os critérios do juiz para demarcar.
Para fixar os rumos por onde passarão os limites entre dois prédios, deve o julgador,
em primeiro lugar, verificar os títulos dominiais.
O art. 574 do CPC/2015 (art. 950 do CPC/1973) diz que na ação de demarcação a
petição inicial será instruída com os títulos de propriedade. O juiz se baseia nestes para
decidir o conflito.
Apenas se os títulos forem colidentes ou inadequados para provar a propriedade que o
juiz pode recorrer a outro critério: a posse. Art. 1.298, CC – em caso de confusão e
na falta de outro meio, os limites se determinarão conforme a posse.
Se a prova da posse também for incompleta, ou se tal prova for colidente, sem que o
juiz possa com ela formar a sua convicção, determina a segunda parte do art. 1.298 do
CC que:
1. o terreno contestado, objeto do litígio (um quer dividir ganhando mais que
o outro) se dividirá por partes iguais entre os prédios.
É por partes iguais, e não proporcionalmente, como dizia o CC/1916, porque se fosse
proporcionalmente e por exemplo a área litigiosa fosse de 100 m, ia levar 10 vezes
mais o prédio confinante de maior área que o do vizinho. O art. 570, do CC/1916, já
era interpretado assim, como se no lugar de “proporcionalmente” estivesse escrito “por
partes iguais”, para atender aos fins sociais da lei.
Não sendo possível a divisão cômoda, ou se esta for antieconômica:
2. adjudicar-se-á a um deles, com indenização aoproprietário prejudicado.
__________//_______
Obs.: os critérios por lei devem ser adotados de forma hierárquica – um em falta do
outro, nesta ordem:
a) demarcação de acordo com os títulos de propriedade;
b) se não for possível, deve-se recorrer à posse;
c) se ainda não for possível, o juiz manda dividir a parte contestada;
d) se ainda não for possível resolver o litígio, sendo impossível ou antieconômica a
divisão, o juiz ordena a adjudicação, com indenização ao contendor pelo possível
desfalque.
Então a ordem é: propriedade, posse, divisão e adjudicação.
É raro ter que recorrer a posse, divisão e adjudicação, porque conforme o CPC/2015,
art. 579 (art. 956 do CPC/2015), o juiz já determina que peritos verifiquem e façam
laudo minucioso sobre o traçado da linha demarcatória, levando em conta não só os
títulos, mas também os marcos, os rumos, os depoimentos de vizinhos, as informações
de antigos moradores do lugar e outros elementos.
_____________________//___________
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Presunção de copropriedade e direito de uso comum dos muros divisórios.
O art. 1.297, §1º do Cód. Civil regula duas questões:
1. Presume-se juris tantum que a propriedade dos muros (ou vala, cerca etc.)
divisórios pertencem em comum aos confinantes.
Tanto que os dois devem dividir as despesas.
O art. 1.328, CC confere ao confinante o direito de adquirir a meação da parede (ou
vala, ou cercado) do vizinho, reembolsando-lhe metade do valor da obra e do terreno
em que assenta. Tal artigo quer facilitar o estabelecimento de uma comunhão dos
marcos divisórios. Daí a lei presumir a copropriedade deles.
Mas tal presunção é juris tantum – admite prova em sentido contrário. Assim, se o
proprietário mostrar que construiu o muro em seu terreno e não foi reembolsado da
metade da obra e do valor do solo correspondente, fica ilidida a presunção legal de
copropriedade do tapume.
2. O uso de tais muros pode ser feito pelos confinantes.
Isto não decorre da presunção de condomínio, é direito de vizinhança autônomo,
existente mesmo que ilidida a presunção de condomínio. O fato de o muro divisório
pertencer a um dos vizinhos não impede o outro de usá-lo, desde que tal uso seja
ordinário – é direito de vizinhança, que limita a propriedade, para evitar conflito entre
os vizinhos. O uso do marco divisório pode ser feito por qualquer dos vizinhos, sem a
autorização do outro (proprietário do marco). Assim se evita litígio. Fundamento: art.
1.297, CC, que trata do direito de uso da obra divisória, e só secundariamente da
presunção de condomínio da mesma.
_____________________//_______________
O direito de construir.
No capítulo da vizinhança a lei limita o direito de propriedade, também no que tange
ao direito de construir.
O direito de construir se limita pelos direitos dos vizinhos e pelos regulamentos
administrativos – art. 1299, CC.
O Município por questões urbanísticas, pode fixar altura dos prédios em certas zonas
residenciais (no bairro Mata da Praia, em Vitória, ES – prédios não podiam ter mais
que três andares; em certos bairros cariocas há que se respeitar o recuo estabelecido
em lei municipal); ou vedar o comércio. E pode a lei para proteger o tráfego aéreo
restringir o direito de construir nas imediações dos aeroportos, conforme Dec.-lei n.
7.917, de 30-8-1945 (prédio próximo ao clube Pinheiros – muito alto – obra
embargada).
A chamada Lei Cidade Limpa, de 2007, no Município de São Paulo, para diminuir a
poluição visual limita a construção cartazes, anúncios, bem como exposição de faixas
etc.
Restrições de Direito de Vizinhança: às vezes as restrições legais visam só impedir
conflitos de vizinhança – ex.: o beiral de um prédio não deve despejar sobre o do
confinante (art. 1.300, CC); estrebarias, currais, pocilgas etc. devem guardar distância
conveniente do prédio vizinho (era o disposto no art. 578, CC/1916, hoje preservado
pela doutrina e pela melhor interpretação do art. 1.277 do CC, que resguarda a saúde,
a segurança e o sossego); não se pode encostar fornos à parede-meia.
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Restrições que fogem ao direito privado – as que visam a segurança e o
aformoseamento de certa área (a repercussão no direito de vizinhança só existe por
conferir ao proprietário o direito subjetivo de invocar a norma contra algum vizinho
que, ao desobedecê-la, lhe traga prejuízo).
__________________//____________
Responsabilidade pelo dano causado.
O proprietário que ao construir causa dano ao seu vizinho é obrigado a repará-lo. Ex.:
se o construtor fez desterro que obrigou o confinante a erguer muro de arrimo, para
evitar estragos na estrutura de sua construção, deve o primeiro indenizar o prejuízo.
A responsabilidade é objetiva.
A responsabilidade não depende da culpa – o dono do prédio vizinho não pode ser
prejudicado pelo comportamento de seu vizinho, ainda que este atue sem culpa. Os
vizinhos estão ligados por uma obrigação legal de não se causarem danos (prejuízos)
reciprocamente. A responsabilidade existe mesmo que o vizinho tenha tomado todas
as cautelas para evitá-la. Decorre da relação de causalidade entre a obra nova e o
estrago. Tal tese de responsabilidade objetiva está na jurisprudência. Mesmo que o
prédio prejudicado seja velho e frágil, cabe a reparação.
Quem responde pela indenização: o proprietário. ou o empreiteiro da obra?
Já se defendeu que o único responsável seria o empreiteiro, porque só ele é perito, e
teria agido com imperícia. Mas se a responsabilidade é objetiva, qualquer um pode
responder – proprietário ou empreiteiro. Conforme jurisprudência, engenheiro e
proprietário são solidários na responsabilidade pela reparação do dano.
É o proprietário quem deve respeitar o direito de vizinhança, e é o beneficiário direto
da obra da qual resulta o prejuízo que se quer reparar.
Há opinião isolada de imputar a responsabilidade ao proprietário só quando provada a
sua culpa in eligendo ou in vigilando em relação ao empreiteiro.
Para Sílvio Rodrigues, o proprietário responde e tem ação regressiva contra o
empreiteiro, se este agiu com imperícia, imprudência ou negligência – a jurisprudência
confirma tal posição. Segundo o autor, assim se atende melhor ao interesse social. A
culpa do proprietário (in eligendo ou in vigilando) é presumida.
___________//__________
Os meios de defesa do proprietário contra a edificação em terreno vizinho que:
a) Invada a área de seu prédio.
b) Coloque goteira sobre o seu prédio.
c) A menos de metro e meio da divisa abra janela, terraço ou varanda.
O CPC/1973 previa a ação de nunciação de obra nova (art. 934, I e II do CPC/1973),
extinta no CPC/2015. Através dessa ação o proprietário ou possuidor prejudicado
poderiam embargar a obra, impedindo o seu término. A nunciação de obra nova só
poderia ser deferida durante a construção. Contra obra terminada ou na iminência de
conclusão (faltando só últimos retoques) não cabia.
· Terminada a obra, cabe ação demolitória. Com ela o autor obtém o desfazimento da
obra prejudicial.
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· Conforme dissemos com as construções (e plantações), às vezes a obra que se quer
demolir é de interesse social – tal prejuízo, então, deve ser evitado. Ex.: se prédio
importante invade área vizinha, seria antieconômico ordenar a sua demolição,
principalmente se a construção se ergueu publicamente (não foi nem clandestinamente
e nem à força), sem oposição do confinante (há julgados neste sentido). Aqui, cabe a
indenização, mas não a demolição.
_________________//__________
Devassamento da propriedade alheia.
Para preservar o recato da propriedade particular, para que não seja devassada pelo
vizinho,não se pode construir janela (ou terraço, ou varanda), a menos de metro e
meio do prédio confinante.
A lei é antiga, e antes não se falava em distância, mas na proibição de construção
desde que não tivesse nada no meio. Hoje os prédios são tão altos, que mesmo a
maior distância, já se enxerga tudo o que se passa na vida do outro. Mas o
devassamento de maior distância não é tão vexatório.
O objetivo é só impedir que um saiba da vida do outro (interpretação teleológica), pois
o art. 1.301, §2º, CC determina que não está proibida fresta, seteira ou óculos para
luz, não maiores de 10 cm de largura sobre 20 de comprimento, pois tais vãos,
construídos a mais de 2 m de altura, para a iluminação, não são suficientes para
observar, comodamente, o que se passa no prédio vizinho.
De acordo com a interpretação teleológica, a jurisprudência permite a construção de
janelas a menos de metro e meio, desde que tapadas (por exemplo com vidros
opacos), impedindo o devassamento do imóvel contíguo.
Também já se decidiu que quando a construção é muito baixa (pouca altura), não há
possibilidade de devassamento, então se pode construir.
Só se pode proibir construção direta sobre o prédio vizinho (há divergência doutrinária
a este respeito) – porque hoje em dia os prédios são próximos mesmo, e a regra é de
menor importância, devendo-se impedir a demolição sempre que possível. Assim, para
evitar demolições, construções de muros que prejudiquem a insolação, a circulação de
luz e de ar, só se pode demolir se for invasão direta, constituindo verdadeiro abuso.
Ressalta-se ainda a Súmula 120 do STF: Parede de tijolos de vidro translúcido pode ser
levantada a menos de metro e meio do prédio vizinho, não importando servidão sobre
ele.
______________________________//______________
Do prazo decadencial para o pleito de demolição de janela, terraço, sacada ou
goteira:
Art. 1.302, CC – aquisição de direito por quem não respeita a distância legal -
o proprietário que abriu janela ou terraço a menos de metro e meio do terreno do
confinante, se este não reclamar, dentro de ano e dia, adquire servidão quanto ao
escoamento das águas de goteira e não pode mais ser obrigado à demolição.
A consequência do prazo de ano e dia, do caput do art. 1.302 do CC, é que o mais
bonzinho dos vizinhos não deixa o outro construir, com medo de depois de ano e dia
não poder mais requerer o desfazimento, e nem impedir o escoamento de águas de
goteira; ou não poder mais ele construir, tampando a visão e a luz do outro vizinho.
Art. 1.302, CC – aquisição de servidão de luz: (conforme doutrina e
jurisprudência) - o proprietário que abriu janela ou terraço a menos de metro e meio
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do terreno do confinante, se o outro não reclamar, dentro de ano e dia, adquire
servidão de luz. Constituída esta, não se pode mais erguer prédio que prejudique a
iluminação do vizinho.
Lege ferenda – que as servidões de luz sejam sempre tituladas, de modo que o vizinho
que bondosamente deixou que fizessem aberturas sobre o seu prédio, enquanto ainda
não havia construído, não sofra a enorme restrição de não mais poder construir, por se
haver constituído servidão sobre o seu imóvel.
Obs.: Conforme art. 1302, parágrafo único do CC, a tolerância sobre seteiras, óculos
etc. não é relevante, pois tais aberturas para luz não prescrevem contra o vizinho, não
proporcionando o surgimento de servidão. Assim o vizinho depois da construção pode,
a qualquer tempo, levantar, se quiser, contramuro, mesmo que vede a claridade.
__________________ //___________
Águas e beirais.
Art. 1300, CC/2002 – abrange a regra do art. 575 do CC/1916 – o proprietário deve
edificar de modo que o beiral de seu telhado não despeje (água) sobre o prédio
vizinho, deixando, se não houver jeito melhor, entre o beiral e o prédio vizinho pelo
menos 10 cm.
______________//____________
Direito de travejar.
É a antiga servidão tigni immitendi que hoje não têm mais muita importância, porque
há muitos prédios de apartamentos, e o intervalo é obrigatório. No passado era muito
importante.
Art. 1.304 e 1.305, CC. Não se pode colocar trave (trave é tronco para sustentar o teto
de uma construção, conforme o Dicionário Aurélio) em parede alheia, salvo se pagar
metade da parede ao seu dono.
Para Maria Helena Diniz (Código Civil anotado, Ed. Saraiva) a partir do momento em
que se paga metade ao dono, não é servidão tigni immitendi (direito real sobre coisa
alheia), mas condomínio.
___________________//_____________
Parede Divisória.
Art. 1.297, CC. Vimos que pertence em comum aos confinantes qualquer marco
divisório. Vimos no direito de construir, do art. 1.305, que a lei cria elementos para que
o domínio da parede divisória se torne comum.
O confinante que primeiro construir pode assentar a parede divisória até meia
espessura no terreno contíguo – ou seja, pode invadir o terreno vizinho. E a
construção, embora possa ser usada por vizinhos, continua a pertencer ao construtor. E
o dono do terreno invadido pode adquirir a meação, mediante o pagamento de metade
do valor da obra, conforme art. 1.328, CC.
Mas se o dono do terreno invadido meter trave na parede divisória, aquele que a
construir pode cobrar meio valor dela. Neste caso, não só o uso como a propriedade da
parede se tornam comum. Então: enquanto não travejar a parede divisória, o dono do
terreno invadido pode, se quiser, adquirir sua meação; após havê-la travejado, não
tem mais escolha, podendo ser obrigado a adquirir a meação, se quem construiu o
muro assim o desejar.
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É o invasor do terreno vizinho quem tem o arbítrio de marcar a largura e a
profundidade do alicerce cavado em terreno alheio.
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Parede-meia.
É a que separa dois prédios e pertence em comum aos donos deles. A lei permite aos
vizinhos o direito de uso das paredes divisórias e restringe esse uso, quer se trate de
parede-meia, quer não.
A parede-meia pode ser usada pelo confinante até meia espessura. Mas essa utilização
depende de três condições:
1. Que não ponha em risco a segurança e a separação dos prédios.
2. Que, tratando-se de armários ou obras semelhantes, não correspondam a outras, da
mesma natureza, já existentes do lado oposto.
3. Que seja dado aviso prévio ao vizinho. Há quem defenda que o aviso prévio só é
necessário se a obra depender de autorização do vizinho. Ou quando a obra é capaz de
causar abalo no prédio vizinho. Há jurisprudência neste sentido.
Entre as obras que não podem ser feitas sem a permissão do vizinho, seja parede-
meia ou não, estão: fornalhas, fornos de fundição, aparelhos higiênicos, fossos, canos
de esgoto, depósito de sal ou de quaisquer substâncias corrosivas ou suscetíveis de
produzir infiltrações, exceto chaminés ordinárias e fornos de cozinha (art. 1.308, CC).
O prejudicado tem ação de impedir a obra. Se a obra estiver concluída, há duas
hipóteses: na ameaça de prejuízo cabe o direito do prejudicado de pedir caução de
dano infecto; mas se o incômodo for presente e atual, pode o prejudicado exigir que a
obra não seja utilizada ou que se proceda a sua demolição. Reconhecido o direito por
sentença, cabe ao prejudicado a execução da obrigação de fazer ou não fazer,
consoante art. 815 e s. do CPC/2015 (art. 632 e s. do CPC/1973).
Na cidade de São Paulo é enorme a quantidade de casas geminadas e prédios
contíguos, daí a importância do tema na atualidade.
___________________//_____________
Limitações para proteção de fontes e poços.
O art. 584, CC/1916, vedava construção capaz de poluir ou inutilizar a água de poço
ou fonte alheios (não é poluir para beber, mas para prejudicar o uso comum).
O art. 585 do CC/1916 proibia escavações que tirassem e não apenas diminuíssem a
água necessária de poço ou fontede outrem. A proibição não atingia escavações
menos profundas que aqueles poços ou fontes, em relação ao lençol d’água.
Antigamente o direito de propriedade era absoluto. Só não podia o proprietário escavar
de forma a cortar fonte pública, mas minar fonte particular, do vizinho, era possível.
O direito moderno (art. 1.310 e 1.309, CC/2002) considera ilícito afundar o poço mais
que o necessário para prejudicar o vizinho, privando-o de água. É preciso usar os
direitos segundo as finalidades sociais. Basta que a escavação seja abaixo do nível do
lençol de água, prejudicando poço ou fonte do vizinho, para que se caracterize a
infração à norma da vizinhança.
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O uso do prédio confinante.
Ás vezes é preciso ingressar na casa do vizinho para a reparação ou limpeza,
construção ou reconstrução de casa ou dos esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos,
poços ou fontes nela existentes. O vizinho para tanto não depende da boa vontade do
confinante: tem o direito de fazê-lo. Requisito: aviso prévio e se submeter a restrições
razoáveis feitas pelo vizinho no que tange a horário. E ainda deve reparar o dano que
causar (se for o caso). Art. 1.313, CC.
____________________//_____________
Da perda da propriedade imóvel.
Introdução.
Art. 1.275 e 1.276.
A propriedade via de regra só se perde por vontade do titular – é perpétua. E com a
morte passa para os sucessores.
A exceção se dá quando a lei determina a extinção do direito de propriedade, através,
por exemplo, da desapropriação, objeto da aula seguinte.
O CC/1916 trazia como hipóteses de perda da voluntária da propriedade imóvel, no
art. 589:
1. Alienação.
2. Renúncia.
3. Abandono.
Ainda o CC/1916 cuidava de perecimento do imóvel e na sequencia de desapropriação,
maneiras involuntárias de perda da propriedade imobiliária.
O Novo CC trata da perda da propriedade móvel e imóvel no art. 1.275.
Conforme o novo CC perde-se a propriedade por:
1. Alienação.
2. Renúncia.
3. Abandono.
4. Perecimento da coisa.
5. Desapropriação.
O rol (no CC de 1916 e no CC de 2002) não é taxativo. Há por exemplo a usucapião e
a acessão.
*** três casos de perda da propriedade imóvel dependem, para o seu
aperfeiçoamento, de registro no Registro de Imóveis competente – alienação, renúncia
(conforme art. 1.275, parágrafo único, CC) e desapropriação (art. 29 do Dec.-Lei n.
3.365, de 21 de junho de 1941).
____________//_______
Estudo dos casos de perda da propriedade imóvel:
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A alienação.
Ocorre através de negócio jurídico bilateral, ou seja, contrato. Há de um lado o
alienante, que transfere o domínio; e de outro o alienatário, ou adquirente – a quem o
domínio é transferido.
Pode ser a título gratuito (doação) ou oneroso (dação em pagamento, compra e venda,
troca).
Obs.: não basta o negócio jurídico, deve haver o registro.
________//_____
A renúncia.
É ato unilateral do titular que por manifestação formal e expressa abre mão do seu
direito.
CC/1916 – art. 134, II – não exigia o registro, porque este só era necessário para os
contratos constitutivos e translativos de direitos reais sobre imóveis – e a renúncia não
é contrato, e nem é constitutiva ou translativa de direitos reais, visto que os extingue.
Ex.: renúncia a sucessão aberta. A sucessão aberta é bem imóvel por definição legal –
art. 80, II, CC/02. Então a renúncia se dá (art. 1.806, CC/02) de modo solene, por
termo nos autos ou por escritura pública.
A renúncia (o ato de renúncia) deve ser registrada. Art. 1.275, parágrafo único, CC.
___________//__________
O abandono.
Aqui o titular abre mão de seu direito sem qualquer formalidade – derelição da coisa
pelo titular (res derelicta). Aqui não há manifestação expressa de vontade e nem há,
então, obrigação de registro.
É raro na prática, mas ocorre. Ex.: prédio sobrecarregado de ônus fiscais.
Abandonada a coisa, qualquer pessoa pode dela se apropriar. A coisa só passa à
propriedade do Poder Público se este proceder à arrecadação da coisa, como bem
vago. Art. 1.276, CC. Se houver a arrecadação, três anos depois a propriedade passa a
ser do Município ou do Distrito Federal.
Sílvio Rodrigues (Direito Civil – Direito das Coisas, vol. 5, Ed. Saraiva, pág. 176) acha
diferente – imóvel abandonado permanece como coisa de ninguém, mesmo declarado
vago ou ocupado por terceiro, durante três anos. Antes de tal prazo o imóvel não é de
ninguém. A lei quis conceder ao proprietário por três anos a possibilidade de
arrependimento. Como não há manifestação expressa do intuito de abandonar a coisa,
pode o proprietário ainda reivindicar a coisa de mãos alheias. A condição de dono só
termina depois de três anos. Conforme art. 746 do CPC/2015 (art. 1.170 e s. do
CPC/1973). Em relação às coisas vagas, o proprietário pode atender aos editais,
reclamando a entrega dos bens.
____________//_______
Perecimento do imóvel.
Regra genérica – se o objeto perece, perece também o direito sobre ele. Se a ilha
desaparece (“engolida pelo oceano”), desaparece o direito real que havia sobre ela.
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_____________________//________________
Desapropriação.
Conceito.
Modo involuntário de perda do domínio. O proprietário tem obrigação de alienar ao
expropriante um bem patrimonial.
É ato unilateral, de direito público, do Poder Público, fundado em lei, através do qual o
proprietário é obrigado a entregar o que lhe pertence, com prévia e justa indenização
em dinheiro.
Fundamento (justificativa) Jurídico.
O interesse individual está subordinado ao interesse da coletividade.
É limite ao direito de propriedade.
Conforme a Constituição de 1969, art. 153, §22.
E CF/88 – art. 5º, XXII (direito de propriedade) e XXIV (desapropriação).
A matéria estava prevista em dois artigos do CC/1916, mas por ser de Direito Público
ganhou amplo tratamento pelo Decreto-lei n. 3.365, de 21 de junho de 1941.
__________//___________
Desapropriação é diferente de venda e compra. Esta envolve contrato (vontade
das partes). A desapropriação é compulsória (obrigatória).
Desapropriação é diferente do confisco. – neste há apreensão ilegal e violenta da
coisa, que é subtraída do domínio do particular, sem qualquer contraprestação. Na
desapropriação há indenização prévia, justa e em dinheiro, conforme a lei.
_______________//_________
Pressupostos para a desapropriação.
Quem pode desapropriar e em que hipóteses.
Deve haver decreto que declare o bem expropriado de utilidade pública ou de interesse
social.
Sujeitos ativos da desapropriação – União, Estados, Municípios, Distrito Federal (Dec.-
lei n. 3.365/1941, art. 2º), concessionários de serviço público ou outros
estabelecimentos que exerçam funções delegadas do Poder Público. Nestes dois
últimos casos deve haver autorização expressa, constante de lei ou contrato (art.3º).
Conforme a CF, a desapropriação só se justifica para atender a necessidade ou
utilidade pública, ou a um interesse social.
No CC/1916 havia distinção entre os casos de utilidade e os de necessidade pública
(parágrafos §1º e 2º do art. 590, CC/1916). Na prática a distinção não fazia diferença.
Então o decreto de 1941 (nº 3.365) fala genericamente de utilidade pública. A CF de
1946 (art. 141, §16) voltou a distinguir entre os casos de utilidade e os de necessidade
pública. Mas, como não criou normas diversas para os casos, na prática a
distinção continuou não importante.
A CF trata da desapropriação por interesse social (ex.: desapropriação de imóvel
rural para a reforma agrária - interesse social). O problema é que tal expressão é
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muito ampla, resultando na possibilidade de desapropriação para qualquer fim, para
atender direta ou indiretamente ao interesse social. Inclusive para desapropriar terreno
particular para vendê-lo em lotes e a prestações, a vítimas de cataclismos.
Na prática, distinguir necessidade ou utilidade pública, e interesse social, não importa.
A lei proíbe (art. 9º) ao particular debater no processo expropriatório se ocorre ou não
os casos de utilidade pública. Esta fica ao arbítrio do expropriante (ele resolve se há
interesse social ou utilidade pública).
Art. 6º (Lei de Desapropriações): através de decreto o poder expropriante (presidente,
governador ou prefeito, ou lei regularmente votada, conforme entendimento posterior
à Constituição de 1946) declara se há interesse social ou utilidade pública.
Tal decreto (de declaração de utilidade pública) é requisito indispensável para
a desapropriação e tem como consequência:
1. Possibilitar o início do processo expropriatório, criando para o expropriante a
pretensão de expropriar.
2. O expropriante fica autorizado a entrar no prédio até à força (art. 7º).
3. (Publicado o decreto) o expropriante pode, se houver urgência e depositando a
quantia adequada (art. 15 do Dec.-lei n. 3365/41), que entende justa, obter imissão
na posse dos bens a serem expropriados[1].
4. Começa a correr o prazo de cinco anos em que a expropriação deve ocorrer
amigavelmente ou por ação judicial intentada pelo expropriante, sob pena de
caducidade do decreto (art. 10).
______________//_____________
Objeto da desapropriação.
Todos os bens, em tese, móveis ou imóveis, podem ser objeto da desapropriação.
Desde que haja utilidade pública ou interesse social. Ex.: coisas corpóreas (aviões e
navios) e bens incorpóreos (privilégios, títulos de crédito, ações de sociedades
anônimas). O Estado desapropria ações e se torna proprietário da sociedade (há
divergência doutrinária sobre tal possibilidade).
A quebra de patente de medicamentos nada mais é que desapropriação de propriedade
intelectual, com a obrigação do pagamento de justa e prévia indenização em dinheiro.
Ex.: desapropriação parcial para a servidão. Isto para passar fios elétricos, oleodutos,
por certa área. Desapropria-se para a construção de postes para a passagem dos fios
elétricos ou o subsolo, onde se deve construir o oleoduto.
Deve-se onerar o menos possível o prédio serviente e fazer indenização justa.
__________________//_____________
Modos e processo da desapropriação.
O processo é amigável se há acordo sobre o montante de indenização. Às vezes há
acordo porque a desapropriação é parcial e para construir estrada ou fazer obra que
valorize o resto do imóvel, ou então há outras áreas do expropriado que serão
valorizadas com as obras.
Se não houver acordo: em 5 anos da expedição do decreto expropriatório deve o
expropriante iniciar o processo judicial (Dec.-lei n. 3.365, de 21.6.1941, art. 11 e s.).
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn1
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A petição inicial deve ser acompanhada do decreto que declarou o bem de utilidade
pública, e deve oferecer ao expropriante o preço que se propõe a pagar.
O juiz despacha a inicial e manda citar o expropriado, designando perito, podendo as
partes indicar assistente técnico.
Se o réu concordar com a oferta, o juiz homologa o acordo por sentença. Se discordar,
contesta a ação.
A contestação (art. 20 do Dec.-lei 3365/41) só pode versar sobre vício do processo ou
impugnação do preço oferecido.
Obs.: qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta, em que se discute a
legitimidade da desapropriação, a existência de utilidade pública ou de interesse social.
Não pode a lei excluir da apreciação do Judiciário qualquer lesão de direito individual.
Silvio Rodrigues entende que nem por ação direta se pode discutir a declaração de
utilidade pública ou interesse social. O único modo seria a ação direita de
inconstitucionalidade, com fundamento em lesão ao dispositivo constitucional (art.
5º, XXXVI, XXII e XXIV) que protege a propriedade. Com a indenização justa não há
lesão a direito individual, e ainda se atende ao interesse social.
Obs.: não adianta alegar vício de processo. O réu ainda que veja acolhida a sua
alegação, ela só pode o prejudicar, pois o expropriante, sanado o vício, voltará ao
pedido originário, o que só faz atrasar a indenização. Então na prática só se discute
a indenização.
________//_________
Do montante da indenização:
Calcula-se de acordo com a estimação dos bens para efeitos fiscais (valor venal);
preço de aquisição e interesse que deles aufere o proprietário; sua situação, estado de
conservação e segurança; valor venal dos da mesma espécie nos últimos cinco anos;
valorização ou depreciação da área remanescente, de propriedade do réu (se a área
remanescente se valoriza com obra do Poder Público, o expropriado não pode lucrar e a
indenização é diminuída, para ficar equilibrado. Washington de Barros Monteiro acha
que a indenização deve ser a mesma e que a valorização deve ser, depois, objeto de
contribuição de melhoria – isto porque a indenização deve ser em dinheiro, e não
compensada com valorização futura, que beneficiará toda a coletividade). Conforme
art. 27 da Lei de Desapropriações.
Obs.: tais critérios não são absolutos. A própria lei diz que se atende especialmente a
tais elementos, mas não só a eles.
A indenização será pelo valor da época da avaliação, e não da época do decreto.
Obs.: no valor da indenização entram as benfeitorias necessárias posteriores e as
úteis, quando autorizadas pelo expropriante. Entram ainda os honorários de advogado
do expropriado, se vencedor, independentemente de dolo ou culpa do expropriante. Se
não fosse assim, as despesas de advogado e com custas diminuiriam a indenização
(que então deixaria de ser justa).
Lei posterior (Lei nº 4.686, de 21.6.1965, que acrescentou §2º ao art. 26 do Dec.-lei
nº 3365/41) permite a correção monetária da importância em que se fixou a
indenização, quando se passa mais de um ano entre a data da avaliação e a sentença.
Quando o juiz ao sentenciar e verifica que passou mais de um ano da avaliação, manda
os autos ao contador para correção monetária (antes de prolatar a sentença e fixar a
indenização). Conforme Súmula 561 do STF.
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Do direito de preferência.
Conforme art. 519, CC/2002.
Se a coisa expropriada para necessidade ou utilidade pública ou por interesse social
não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
Ou seja: o expropriante pode usar o bem para outra coisa, desde que ainda haja a
utilidade pública, necessidade pública ou interesse social.
Obs.: se o prédio for restituído ao ex-proprietário não incide imposto de transmissão
inter vivos, pois não há transferência de domínio, apenas desfazimento de negócio
jurídico (conforme jurisprudência do TJSP e do antigo TACivSP).
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[1] Depositado o dinheiro, pode o expropriante ser imitido na posse e, 80% do valor
pode ser levantado pelo desapropriado. Depois, procede-se o arbitramento, para se
obter o quantum exato da indenização.
Exercício 1:
O proprietário tem o direito de cortar, até o plano vertical divisório, as raízes e ramos
de árvores nascidas em prédios vizinhos, que ultrapassem a extrema de seu prédio.
Aquele que corta a árvore alheia, nas condições acima,
A)
Jamais responde pelos danos que causar ao proprietário da árvore.
B)
Atua abusivamente se for óbvia a sua imprudência ao proceder ao corte.
C)
Tem responsabilidadecivil objetiva, ou seja, responde independentemente de culpa
pelos danos que causar ao dono da árvore.
D)
Não se torna dono dos galhos e raízes da árvore, que cortou.
E)
Somente responderá pelos danos ao proprietário da árvore se agir com dolo.
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Exercício 2:
A desapropriação é modo involuntário de perda do domínio, em que o proprietário tem
obrigação de alienar ao expropriante um bem patrimonial.
Trata-se de:
A)
Ato inconstitucional, porque o direito de propriedade é fundamental.
B)
Ato unilateral, de direito público, do Poder Público, fundado em lei, através do qual o
proprietário é obrigado a entregar o que lhe pertence, com prévia e justa indenização
em dinheiro.
C)
Procedimento que não depende de decreto desapropriatório.
D)
Ato bilateral, porque o Poder Público depende de anuência do proprietário para
alcançar bom êxito.
E)
Determinação que se dirige a coisas corpóreas, obrigatoriamente imóveis, e depende
sempre de indenização justa e prévia em dinheiro.
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Exercício 3:
Em relação aos modos de extinção do direito real sobre bem imóvel, é correto afirmar
que a renúncia à sucessão aberta é:
A)
Não solene.
B)
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Negócio jurídico bilateral.
C)
Solene, devendo ser feita por termo nos autos ou por escritura pública.
D)
Ato que não depende de registro publico.
E)
Sinônimo de abandono, conforme a acepção jurídica do termo.
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Exercício 4:
A lei impõe ao dono do prédio inferior a obrigação de receber as águas que correm do
superior naturalmente. A lei leva em conta a conformação do solo e considera a
necessidade de as águas que se encontram no alto fluírem normalmente. Se não fosse
assim, ocorreria a inundação do prédio superior deixado sem escoamento.
Assim, é INCORRETO afirmar que:
A)
Deve ser demolido muro que, construído na divisa, impeça o curso natural das águas.
B)
Para impedir a finalização de obra que impeça o escoamento da água é cabível ação
em face do proprietário ou possuidor do prédio inferior.
C)
As águas que devem ser suportadas pelo dono do prédio inferior são apenas as de
torrente, não incluem as pluviais.
D)
Cabe ação demolitória para a defesa contra obra terminada em prédio inferior, que
impeça o escoamento das águas.
E)
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As águas levadas artificialmente ao prédio superior obrigam o prédio inferior a
suportá-las mas mediante a paga de indenização.
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Exercício 5:
Quanto à passagem forçada, assinale a alternativa incorreta:
A)
Para obter o direito à passagem forçada, há o pressuposto de que exista o
encravamento do prédio do autor.
B)
Trata-se de direito de vizinhança oneroso: o vizinho que conceder passagem forçada
tem direito à indenização.
C)
A fixação da passagem forçada se houver desavença será feita judicialmente.
D)
O juiz deve conciliar os interesses das partes, impondo o menor ônus possível ao
prédio serviente, possibilitando o maior proveito possível ao prédio dominante.
E)
O fundamento da passagem forçada é o contrato firmado entre as partes, como na
servidão predial, por isso o direito não se extingue quando cessa a necessidade.
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Exercício 6:
Analise as proposições abaixo e assinale a alternativa correta:
Se a coisa expropriada para necessidade ou utilidade pública ou por interesse social
não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços
públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
PORQUE
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Se o bem desapropriado é utilizado para finalidade diversa daquela prevista no decreto
desapropriatório, o particular desapropriado tem o direito de readquirir, com
preferência.
A)
As duas proposições são corretas, e a segunda justifica a primeira.
 
B)
As duas proposições são corretas, mas a segunda não justifica a primeira.
C)
Somente a primeira proposição é correta.
D)
Somente a segunda proposição é correta.
E)
As duas proposições são incorretas.
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Exercício 7:
Abandonada a coisa,
A)
É ilícito que alguém dela se aproprie.
B)
A coisa passa imediatamente ao domínio do Estado ou do Distrito Federal.
C)
A titular do domínio de imediato passa a ser a União Federal.
D)
Essa somente passará à propriedade do Poder Público após procedimento judicial.
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E)
Se houver a arrecadação, cinco anos depois a propriedade passa a ser do Município ou
do Distrito Federal.
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Exercício 8:
Em matéria de direito de vizinhança, o uso do prédio confinante:
A)
É ilícito.
 
B)
É possível somente com a autorização do vizinho.
C)
Não depende de aviso prévio, embora se submeta a restrições razoáveis feitas pelo
vizinho no que tange a horário.
D)
Não enseja a reparação do dano que causar.
E)
É necessário para a reparação ou limpeza, construção ou reconstrução de casa ou dos
esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços ou fontes nela existentes.
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Exercício 9:
Quanto à propriedade dos frutos caídos da árvore situada em terreno vizinho, assinale
a alternativa correta:
 
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A)
O domínio dos frutos caídos da árvore nascida em terreno vizinho não é do proprietário
da árvore, mas do dono do solo onde tombaram.
 
B)
A propriedade dos frutos é sempre do dono da árvore, porque o acessório segue o
principal: o dono do acessório será sempre o dono do principal.
C)
Os frutos caídos da árvore pertencerão sempre ao Poder Público municipal.
D)
Os frutos serão de propriedade do Estado.
E)
Os frutos e produtos da coisa, quando separados, devem pertencer à União Federal.
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Exercício 10:
Quanto à desapropriação, analise as proposições abaixo e assinale a alternativa
correta:
I. A desapropriação é diferente da venda e compra, porque esta envolve contrato
(vontade das partes), enquanto a desapropriação é compulsória.
II. Desapropriação é diferente do confisco, pois neste há apreensão ilegal e violenta da
coisa, que é subtraída do domínio do particular, sem qualquer contraprestação. Na
desapropriação há indenização prévia, justa e em dinheiro, conforme a lei.
III. É facultativo ao poder público expropriante editar decreto que declare o bem
expropriado de utilidade pública ou de interesse social.
IV. São sujeitos ativos da desapropriação: União, Estados, Municípios, Distrito Federal,
concessionários de serviço público ou outros estabelecimentos que exerçam funções
delegadas do Poder Público. Nestes dois últimos casos deve haver autorização
expressa, constante de lei ou contrato.
 
São corretas:
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A)
Somente I e II.
B)
Somente III e IV.
C)
Somente I, II e IV.
D)
Somente II e III.
E)
Todas as proposições.
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Exercício 11:
Assinale a alternativa incorreta quanto às águas pluviais.
A)
 Pertencem ao prédio onde caírem diretamente, podendo o seu dono dispor delas à
vontade, salvo existindo direito alheio em sentido contrário.
B)
O uso desta água deve ser feito de forma razoável, não podendo o seu dono
desperdiçá-la, prejudicando o prédio inferior que poderia aproveitá-la e para onde
normalmente deveria correr.
C)
 Tal água não deve ser desviada de seu curso natural, a menos que os donos dos
prédios que a iriam receber deem seu consentimento
D)
 Pelo desvio indevido das águas pluviais, responde-se por perdas e danos, podendo ser
o agente compelido a desfazer as obras erguidas para o desvio da água.
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E)
 Ainda que haja acordo com os vizinhos que seriam favorecidos com as águas pluviais,
é ato ilícito o desvio dessas águas.
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Exercício 12:
Examine, quanto ao direito de vizinhança, as afirmativas que seguem, e assinale a
alternativa correta:
 
I. A obra em parede-meia não pode colocar em risco a segurança e a separação dos
prédios.
II. O prejudicado por obra em parede-meia pode exigir a execução da obrigação de
fazer ou não fazer.
III. É ilícito cavar o poço mais que o necessário para prejudicar o vizinho, privando-o
de água, pois é preciso usar os direitos segundo as finalidades sociais.
 
É (são) correta(s):
A)
Somente I.
B)
Somente II.
C)
Somente III.
D)
Somente I e II.
E)
Todas as proposições.
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