Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO– 3° PERÍODO – MEDICINA UFJF-GV – - LEONARDO VIEIRA NUNES- DISCIPLINA: Farmacologia PROVA: 01 TEMA: OPIOIDES, ANALGESIA E TRATATAMENTO DA DOR- Capítulo 18 GOODMAN Introdução/ Bases Neurofisiológicas: - Opiáceo: compostos relacionados com derivados do ópio. O Ópio possui muitos derivados alcaloides e peptídicos. - Opioide: qualquer composto que possua as propriedades funcionais e farmacológicas de um opiáceo. Portanto, nem todo opioide é um opiáceo. - Os opioides se ligam a 3 tipos principais de receptores: um (µ), kappa (ҡ) e delta (δ), também chamado de MOR(µ); KOR(ҡ) e DOR(δ). - Naloxona é o principal antagonista de receptores opioides. Opioides Endógenos: -Substâncias produzidas por células nervosas que atuam em receptores opioides, são peptídeos. Possuem uma sequência aminoterminal em comum com último aminoácido sendo -Met ou -Leu. Existem 3 famílias bem descritas: A- Encefalinas: derivada da pré-pró- encefalina. Metencefalina e Leuencefalina se ligam receptores (µ) e (δ). B- Endorfinas: derivada de pré-pró- opiomelanocortina (POMC). A β- endorfina se liga nos receptores (µ) e (δ). OBS: diversos hormônios como o ACTH (hormônio adenocorticotrófico) são peptídeos derivados da clivagem proteolítica da POMC, produzida no Núcleo arqueado do Hipotálamo, Núcleo do Trato Solitário (NTS), esses neurônios se projetam para áreas límbicas e para tronco cerebral e depois para medula. Também é produzida na hipófise e ilhotas pancreáticas. A β- endorfina circulante no sangue vem principalmente da hipófise bem como outros hormônios circulantes derivados do POMC. C- Dinorfinas: derivada da pré-pró- dinorfina. Dinorfina A e Dinorfina B se ligam em receptores (µ) e (ҡ) e a ά- Neondorfina em receptores (µ), (ҡ) e (ծ). Portanto, os opioides endógenos são peptídeos derivados de percussores que originam também uma gama de outros peptídeos fisiologicamente ativos, assim, são formados proteoliticamente. A liberação de cada um deles é alterada pelas demandas e condições fisiológicas. São produzidos por diversas células em diversas partes do sistema nervoso central (SNC). Receptores Opioides - Os 3 receptores opioides pertencem à classe das GPCRs (receptores acoplados à proteína G). - O efeito deles tem relação com a densidade diferentes deles encontradas em diferentes partes no SNC. Vale salientar que também foram encontrados em tecidos periféricos como vasos sanguíneos, vias respiratórias, intestino e coração. - A maioria está associada a proteínas do tipo Gi/G0, porém ocasionalmente podem estar acopladas a Gs e Gq. - Proteínas do tipo Gi/G0: Inibe ativação de adenilatociclase; reduz abertura de canais de cálcio, reduzindo entrada de Ca2+; estimula a saída de K+. - Receptores MOR e DOR podem ser interiorizados mediados por agonistas por via endocítica mediada por β-arrestina. Já os receptores KOR não são interiorizados a exposição prolongada a agonistas. Consequências funcionais da ativação aguda e crônica dos receptores dos opiáceos: - A perda do efeito com a exposição aos opiáceos ocorre depois de intervalos curtos e longos. - Dessensibilização: está relacionada com a fosforilação dos receptores que causa o desacoplamento dos mesmos da proteína G, culminando na interiorização desse receptor. O tempo em que o fenômeno ocorre é específico de cada receptor. Morfina não causa interiorização de receptores µ. - Tolerância: é a perda progressiva do efeito de um agonista opioide que ocorre com sua administração prolongada por dias ou semanas. Ocorre um desvio da curva dose/efeito, distanciando-se do efeito máximo para a mesma dose com passar do tempo. Pode estar relacionada com eventos intracelulares como menor inibição de adenilatociclase ou eventos sistêmicos do sistema nervoso como perda dos efeitos analgésicos e sedativos. - Algumas considerações importantes: - As alterações ocorrem a curto prazo (dessensibilização) e a longo prazo (tolerância). - A tolerância pode ser revertida com aumento da dose. - A tolerância é reversível com o tempo desde que a administração do fármaco seja interrompida. - Para cada efeito dos opioides a tolerância ocorre em tempo diferente, nenhuma tolerância (miose pupilar), tolerância moderada (constipação, analgesia, vômitos e sedação), tolerância rápida (euforia). - No caso de tolerância, a substituição do medicamento por outros agonistas da mesma classe não resolve o problema já que se tratam do mesmo receptor, como é o caso da morfina e da fentanila e outros agonistas µ, fenômeno denominado tolerância cruzada. - Dependência: ocorre com o estado de tolerância (OBS: NEM TODDA TOLERÂNCIA CULMINA EM DEPEDÊNCIA!!), culmina na síndrome de abstinência que é um estado fisiológico caracterizado pela ocorrência exacerbada de sinais de ativação celular. Com isso indivíduo entra em um estado de hiperexcitabilidade, com atividade aumentada da adenilatociclase no SNC, liberação de aminoácidos e citocinas excitatórias, ativação de micróglia e astrócitos. Nos sistemas periféricos também provoca liberação generalizada de hormônios, ativação de vias autonômicas e de vias motoras causando agitação, hiperalgesia, dilatação pupilar, hipertensão, hipertermia. - Drogadição: é um fenômeno comportamental evidenciado pelo uso e busca compulsiva extrema por opiáceos. Acredita-se que esteja relacionado com os efeitos recompensadores positivos dos opiáceos. Nos humanos essas vias de recompensas no sistema nervoso estão sujeitas à tolerância, portanto, desenvolvem dependência. Isso leva o indivíduo a buscar os opioides pelo fenômeno comportamental e para evitar os efeitos da síndrome da abstinência. No caso da drogadição, a busca pela droga é tão intensa que nem os danos físicos, emocionais e sociais causados pela droga afetam o julgamento do usuário, portanto drogadição é um estado extremo de dependência, logo, drogadição não é sinônimo de dependência. Na drogadição os indivíduos perdem o senso de julgamento para tomar decisões, fazem qualquer coisa para conseguir utilizar a droga. Mecanismos da tolerância/ dependência- abstinência Existem muitas hipóteses para explicar esses fenômenos, além disso parecem ser multifatoriais. - Disposição do Receptor: Antes acreditava-se que a tolerância estava exclusivamente ligada à dessensibilização, ou seja, à interiorização dos receptores após a ligação aos agonistas. Hoje, sabe-se que existem outras vias relacionadas à dependência relacionadas com a ausência de dessensibilização, descobriram isso após perceber que a Morfina mesmo sem causar dessensibilização de receptores µ causava dependência do mesmo jeito. Assim, inferiram que a ausência de dessensibilizarão permite a ligação prolongada do agonista e sinalização prolongada das vias do receptor, isso poderia causar respostas intracelulares adaptativas que agravariam o efeito da tolerância. - Adaptação dos mecanismos de sinalização intracelular dos neurônios que possuem receptores opioides: Receptores MOR acoplados a proteínas Gi/G0, que culminam na inibição de adenilatociclase podem causar respostas adaptativas contrarreguladoras nos casos de exposição crônicas. Pelo estímuloprolongado a vias de inativação da adenilatociclase o próprio neurônio desenvolve um mecanismo adaptativo para burlar essa inibição por vias de excitatórias de estimulo à adenilatociclase o que contribui significativamente para tolerância. Consequentemente, se a pessoa interromper o uso, a via contrarreguladora continua agindo, portanto, haverá uma excitação excessiva com ativação de adenilatociclase culminando nos sintomas hiperexcitatórios da síndrome de abstinência. - Contra-adaptação no nível sistêmico: Como a tolerância, ou seja, perda do efeito inibitório dos opiáceos, no caso, falemos, dos agonistas µ relacionados com efeito analgésico, culmina na hiperativação adaptativa, ou seja, um “reflexo” de hiperexcitação, que poderia estar relacionado com ativação de Vias Bulboespinais, que aumentam a excitabilidade de vias e transmissão da dor do corno dorsal da medula. A ligação prolongada dos opiáceos nos receptores associados a proteínas Gq ativam a PKC que pode fosforilar e acabar ampliando a ativação de receptores locais do tipo NMDA (N-metil-D-aspartato) que aumenta a percepção da dor, causa, portanto, uma sensibilização central. O bloqueio desses receptores pode ser uma solução para tratar a dor após a perda analgésica causada pela tolerância causada pela exposição prolongada aos opiáceos. - Desenvolvimento de tolerância diferencial e requisitos de ocupação percentual: Uma das hipóteses para explicar o motivo da miose não apresentar tolerância enquanto a analgesia e euforia apresentarem tolerância moderada e rápida, respectivamente, se dá pela relação do quantidade e porcentagem de receptores necessários para serem ativados e gerar o efeito. Supõe-se que a miose necessite de uma pequena porcentagem de receptores ativados para acontecer, portanto ainda que ocorra dessensibilização e interiorização de alguns receptores, haveria um grande estoque intracelular deles para repor os desacoplados, já nos casos da Analgesia e Euforia seriam necessárias porcentagens grandes dos receptores para provocar o efeito o que aumenta a taxa de dessensibilização e também há uma maior dificuldade de repor quantidades tão grandes desses receptores, não haveria estoque intracelular suficiente para repor todos os interiorizados. Perfil de Efeitos dos opioides utilizados clinicamente - O uso clínico dos opiáceos é baseado em suas propriedades analgésicas, mas eles produzem muitos outros efeitos. - Essa variedade de efeitos é entendida tendo em vista que os receptores opiáceos se distribuem amplamente pelo cérebro e sistemas periféricos. - Listados e explicitados abaixo alguns dos principais efeitos dos opiáceos: A) Analgesia -A morfina e opiáceos semelhantes ao serem aplicados em pacientes com dor, eles relatam alívio imediato da dor com amenização ou desaparecimento por completo, além disso, costumam apresentar sonolência leve, alguns apresentam euforia, mas o alívio do sofrimento é o principal efeito relatado. -Porém quando aplicados em pacientes sem dor alguma, eles relatam desconforto e experiências desagradáveis como dificuldades de raciocínio e de realizar outras atividades mentais, depressão respiratória, sonolência e apatia. Com aumento da dose esses efeitos tóxicos pioram. Especificidade dos efeitos analgésicos: a morfina e opiáceos são relativamente específicos para dor sem afetar outras vias sensitivas como temperatura e propriocepção. Em doses suficientes são mais eficazes contra dores contínuas e difusas (de lesão e inflamação de tecidos) do que para dores intermitentes e pontuais (dor de articulação só quando movimenta). Porém em doses altas podem aliviar dores extremamente fortes. Compreendendo a neurofisiologia da dor: - A dor é um estado com muitas variáveis individuais e com diferentes tipos e diferentes mecanismos envolvidos. - Caminho da dor: Ao se ativar nociceptores periféricos de fibras Aδ e C que possuem limiar alto, esses fibras disparam levando o estímulo por vias ascendentes na medula espinal e ao chegarem no tálamo se projetam contralateralmente (estímulo oriundo do braço esquerdo chegará ao tálamo direito), do tálamo se projetam para o córtex somatossensorial, de lá partem fibras para o córtex cingulado anterior que é componente do sistema límbico. Daí a pessoa terá a percepção da dor suficiente para gerar uma queixa e uma resposta. Ocorre em casos de picadas de agulhas, contato com coisas quentes e qualquer estímulo danoso mais forte. - Lesão de tecidos: Quando ocorre lesão de tecidos por uma queimadura local de pele; dor de dente; inflamação de articulação; artrite reumatoide. No local da lesão ocorrerá um processo inflamatório com produção de fatores inflamatórios como Prostaglandinas, Bradicininas e Citocinas que irão interagir com as terminações das fibras Aδ e C provocando uma sensibilização delas no sentido de diminuir o limiar necessário para o disparo. Assim, nesse processo conhecido como sensibilização periférica, as fibras antes conhecidas por seu limiar alto passam a reconhecer estímulos sublimiares como dolorosos já que os fatores inflamatórios reduziram o limiar para disparo, desse modo, elas dispararão continuamente gerando sensação de dor constante, contínua e difusa, um quadro de dor persistente chamado Hiperalgesia (dor persistente mesmo na ausência do estímulo doloroso). Além disso existem a nível da medula espinal, interneurônios que levam o estímulo por outras vias aumentando a área de processamento cortical da dor. Esses estados dolorosos são descritos como nociceptivos. - Lesão neural: Nos casos de lesão neural ocorre degeneração do nervo e formação de um processo inflamatório, o neuroma, haverá migração de células de schwann para o local e ocorrerá produção de fatores inflamatórios e fatores de crescimento. Isso desencadeia alterações do repertório de genes transcritos pelo corpo neuronal no corno dorsal da medula, esses neurônios transcreverão genes que facilitam a despolarização facilitando o alcance do limiar e disparo de PA. Isso pode acarretar em Alodinia (estímulos inócuos são percebidos como dolorosos, como, por exemplo, um simples toque pode ser percebido como doloroso, lembrando que não são constantes, só quando há estímulo, está relacionada com disparo de fibras Aβ que naturalmente não estão relacionadas a dor) ou Hiperalgesia (sensação de dor constante mesmo sem estímulo). Esses neurônios liberam juntamente com o glutamato no corno distal da medula Substância P e CGRP, responsáveis por inflamação neurogênica, que ao interagirem com o neurônio pós-sináptico provocam aumento da excitabilidade dos neurônios no corno distal, como não há mecanismos eficientes de recaptação, passa a ocorrer disparo constante com despolarização constante de longa duração, cumulativa. Esse quadro é conhecido como sensibilização medular. Além disso ocorre estímulo à produção de BDNF no neurônio de transmissão secundária (só dentro da medula) que intensifica a resposta a estímulos subsequentes, fazendo com que o neurônio responda mais facilmente aos próximos estímulos e dispare mais rápido e mais constantemente, fazendo a sensibilização central. Mecanismos da analgesia induzida pelos opioides Após administração dos opiáceosas ações deles parecem estar localizadas no cérebro, medula espinal e tecidos periféricos. - Ações Supraespinais: Estudos mostraram que a ação da morfina e outros opiáceos na Substância Branca Periaquedutal (SBP) do Mesencéfalo bloqueia estímulos de dor de todas as naturezas por atividade de agonistas do receptor MOR. A ação pode ser revertida pela naloxona. A administração de opiáceos para ação supraespinal é feita nos ventrículos, não se sabe ao certo os sítios de ação, mas acredita-se que seja próximo aos ventrículos. Esse tratamento tem sido utilizado para tratar dor do câncer. - Ação espinal dos opiáceos: Quando injetados via intratecal ou epidural os opiáceos parecem agir no neurônio pré-sináptico do corno dorsal impedindo a abertura de canais de Ca2+, consequentemente, reduzindo a liberação de neurotransmissores. Agem principalmente em fibras finas de limiar alto, que são as fibras condutoras de estímulos dolorosos, as fibras C principalmente. Agem também nos neurônios pós-sinápticos do corno dorsal da medula provocando a abertura de canais de K+, levando a uma hiperpolarização celular, assim, diminuem a excitabilidade do neurônio pós-sináptico. Em ambos os casos os opiáceos se ligam a receptores MOR. Ressaltando que o efeito dos opiáceos pode ser revertido com naloxona. -Ação periférica: A aplicação de opiáceos em nervos periféricas tem ação parecida com os anestésicos locais, porém não é muito utilizada para o tratamento da dor. Os opiáceos só surtem efeitos quando existe inflamação local, em pessoas saudáveis sem qualquer inflamação a aplicação periférica local de opiáceos não surte qualquer efeito. Quando existe inflamação os opiáceos parecem agir impedindo os disparos espontâneos causados pelos mediadores inflamatórios no neurônio aferente primário, desse modo, reduzindo os disparos, reduz também a sensação de dor quando há inflamação. B) Alterações de Humor e propriedades gratificantes - Os opioides produzem euforia, tranquilidade e alterações do humor. Entretanto, os mecanismos envolvidos nesses efeitos não estão bem claros nos estudos. - Acredita-se que esses efeitos estejam relacionados a ações dos opioides no Sistema Dopaminérgico Mesocorticolímbico (SDM). - Resumidamente os opiáceos possuem receptores MOR em interneurônios GABAérgicos do SDM. Ao se ligarem eles reduzem a excitabilidade desse interneurônios impedindo entrada de Ca2+ ou estimulando entrada de K+, reduzindo a liberação de GABA na Área Tegumentar Ventral e no Pálido Ventral (PV). Desse modo, com menor inibição do PV, ocorrerá maior estimulo de gratificação pelo PV provocando a sensação de bem-estar e euforia pela liberação de dopamina. C) Respiração - A depressão respiratória não é comum em doses clínicas dos opioides. Entretanto, a parada respiratória é uma das principais causas de morte por intoxicação por opioides (doses supraclínicas tóxicas). Os opioides agem reduzindo a frequência respiratória, em doses clínicas a redução é sutil e não chega a causar depressão respiratória. Porém é preciso tomar cuidado ao prescrever morfina para pacientes com doenças respiratórias como asma e DPOC. Mecanismos responsáveis pela depressão respiratória: Receptores MORs e DORs no bulbo ventrolateral. Causam depressão da resposta ventilatória ao estímulo do CO2 e possuem efeitos no ritmo respiratório. - Muitos fatores podem agir agravando a depressão respiratória induzida pelos opiáceos: outros fármacos, sono, idade, doenças, DPOC, alívio da dor. Efeito sedativo: Os opiáceos podem causam sonolência e disfunção cognitiva (principalmente no início do tratamento ou após aumento de dose) o que pode agravar a depressão respiratória também induzida por eles. D) Efeitos Neuroendócrinos - Esses efeitos ocorrem pela presença de receptores opioides no eixo hipotalâmico- hipofisário-suprarrenal (HPSR), a morfina e outros opioides em geral inibem a secreção de alguns hormônios desse sistema. Hormônios sexuais: os opioides agem nos receptores das células hipofisárias produtoras de gonadotrofinas (GnRH) e corticotropinas (CRH) inibindo a produção dos mesmos levando a uma redução dos níveis dos hormônios sexuais (testosterona e estrogênio) e de cortisol, além de LH e FSH. Levam a diminuição da libido e irregularidades no ciclo menstrual. Efeitos podem ser revestidos com interrupção do tratamento. Hormônio Antidiurético e Ocitocina: Agonistas de receptores KORs podem inibir a produção de ocitocina e de ADH (efeito direto é a diurese excessiva) nos núcleos Paraventricular e supraópticos do Hipotálamo. Agonistas de receptores MORs produzem pouco ou nenhum efeito. Morfina em mulheres amamentando pode inibir liberação de ocitocina. Miose: O sistema parassimpático é que produz a miose pupilar e o simpático a midríase, ambos são regulados por interneurônios e possuem um tônus de disparo de modo a manter a acomodação pupilar normal. Nos casos de reflexos á luz por exemplo o sistema parassimpático aumenta o tônus e causa miose. Existem interneurônios GABAérgicos que regulam o disparo parassimpático, os opiáceos MOR inibem esses interneurônios, fazendo com que os neurônios parassimpáticos fiquem menos inibidos e disparem mais, provocando, consequentemente, a miose pupilar. Crises epilépticas e convulsões: Em doses muito elevadas, bem acima do limiar para analgesia profunda, podem causar esses sintomas, sendo mais comum em crianças. São raros pela dose altíssima necessária. E) Efeitos Nauseantes e Eméticos - Náusea é uma sensação que está associada a alterações na motilidade e aumento da secreção gástrica. Sua consequência motora é o Vômito que é um reflexo complexo que envolve uma série de fatores como contração simultânea de músculos inspiratórios e expiratórios, relaxamento do esfíncter esofágico e propulsão reflexa do conteúdo gástrico. - Esses efeitos estão relacionados com os efeitos da morfina e opiáceos semelhantes agindo diretamente na parte postrema do bulbo numa área denominada zona de quimiorreceptora do gatilho emético. Além disso os opiáceos podem causar efeitos no sistema vestibular contribuindo para náuseas e vômitos. - Em pacientes internados em ambulatório que costumam ficar em decúbito dorsal os esses sintomas são menos proeminentes. F) Sistema Cardiovascular - Morfina produz vasodilatação periférica venosa e arteriolar causando diminuição resistência periférica, consequentemente hipotensão arterial. Além disso também inibem os baroceptores que ajudam a regular a pressão arterial. Quando paciente está deitado a hipotensão nem é percebida, porém quando ele levanta pode ocorrer síncope (desmaio) por causa da hipotensão ortostática e dificuldade dos baroceptores em balancear a hipotensão. - Isso ocorre, pois, a morfina induz os Mastócitos a produzir Histaminas que causam a vasodilatação. Além disso por inibirem os baroceptores, causam atenuação da vasoconstrição reflexa causada pela PCO2 elevada (que é o sinal de que a pressão não está sendo suficiente para oxigenar bem os tecidos periféricos, preditivo fisiológico de hipotensão). -OBS: A liberação de histamina também pode causar rubor (vermelhidão) da pele e prurido (menos comum). - Nos casos de paciente hipovolêmicos o uso de morfina e opioides semelhantes podem agravar o quadroobviamente pelas ações descritas acima. G) Sistema Gastrointestinal - Grande parte dos pacientes (40-95%) que utilizam opioides apresentam constipação intestinal e outras alterações da função intestinal mesmo em períodos curtos de tratamento. - Existem receptores opioides distribuídos amplamente entre o plexo miontérico e plexo submucoso do TGI além de estarem presentes em diversas células secretoras do TGI. - A morfina reduz a atividade propulsátil dos intestinos delgados e grosso e reduz as secreções intestinais. A maior permanência do bolo alimentar no intestino acaba aumentando a absorção de água, deixando o bolo mais ressecado, agravando a constipação. - Os opioides atuam em receptores µ e δ em de neurônios secretomotores (responsáveis por inervar os enterócitos), inibindo esses neurônios. Assim eles deixam de estimular os enterócitos que também deixam de produzir as secreções intestinais. H) Sistema Imune - Em geral os efeitos dos opioides parecem ser moderadamente imunossupressores, estudos relataram maior susceptibilidade à infecções e disseminação de câncer com uso de opioides. - Outros estudos mostraram que eles podem ora inibir ora estimular o sistema imune dependendo do contexto no qual foram usados. Classes funcionais dos Opioides
Compartilhar