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Analgésicos Opióides - Capítulo 18 Goodman - RESUMO LEO V.N

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RESUMO– 3° PERÍODO – MEDICINA UFJF-GV – 
- LEONARDO VIEIRA NUNES- 
DISCIPLINA: Farmacologia 
PROVA: 01 
TEMA: OPIOIDES, ANALGESIA E TRATATAMENTO DA DOR- 
Capítulo 18 GOODMAN 
 Introdução/ Bases 
Neurofisiológicas: 
- Opiáceo: compostos relacionados com 
derivados do ópio. O Ópio possui muitos 
derivados alcaloides e peptídicos. 
- Opioide: qualquer composto que possua 
as propriedades funcionais e 
farmacológicas de um opiáceo. Portanto, 
nem todo opioide é um opiáceo. 
- Os opioides se ligam a 3 tipos principais 
de receptores: um (µ), kappa (ҡ) e delta 
(δ), também chamado de MOR(µ); 
KOR(ҡ) e DOR(δ). 
- Naloxona é o principal antagonista de 
receptores opioides. 
 
 Opioides Endógenos: 
-Substâncias produzidas por células 
nervosas que atuam em receptores 
opioides, são peptídeos. Possuem uma 
sequência aminoterminal em comum com 
último aminoácido sendo -Met ou -Leu. 
Existem 3 famílias bem descritas: 
A- Encefalinas: derivada da pré-pró-
encefalina. Metencefalina e 
Leuencefalina se ligam receptores (µ) 
e (δ). 
B- Endorfinas: derivada de pré-pró-
opiomelanocortina (POMC). A β-
endorfina se liga nos receptores (µ) e 
(δ). OBS: diversos hormônios como o 
ACTH (hormônio adenocorticotrófico) 
são peptídeos derivados da clivagem 
proteolítica da POMC, produzida no 
Núcleo arqueado do Hipotálamo, 
Núcleo do Trato Solitário (NTS), esses 
neurônios se projetam para áreas 
límbicas e para tronco cerebral e depois 
para medula. Também é produzida na 
hipófise e ilhotas pancreáticas. A β-
endorfina circulante no sangue vem 
principalmente da hipófise bem como 
outros hormônios circulantes derivados 
do POMC. 
C- Dinorfinas: derivada da pré-pró-
dinorfina. Dinorfina A e Dinorfina B se 
ligam em receptores (µ) e (ҡ) e a ά-
Neondorfina em receptores (µ), (ҡ) e 
(ծ). 
Portanto, os opioides endógenos são 
peptídeos derivados de percussores que 
originam também uma gama de outros 
peptídeos fisiologicamente ativos, assim, são 
formados proteoliticamente. 
A liberação de cada um deles é alterada pelas 
demandas e condições fisiológicas. 
São produzidos por diversas células em 
diversas partes do sistema nervoso central 
(SNC). 
 
 Receptores Opioides 
- Os 3 receptores opioides pertencem à 
classe das GPCRs (receptores acoplados 
à proteína G). 
- O efeito deles tem relação com a 
densidade diferentes deles encontradas 
em diferentes partes no SNC. Vale 
salientar que também foram encontrados 
em tecidos periféricos como vasos 
sanguíneos, vias respiratórias, intestino e 
coração. 
- A maioria está associada a proteínas do 
tipo Gi/G0, porém ocasionalmente podem 
estar acopladas a Gs e Gq. 
- Proteínas do tipo Gi/G0: Inibe ativação de 
adenilatociclase; reduz abertura de canais 
 
de cálcio, reduzindo entrada de Ca2+; 
estimula a saída de K+. 
- Receptores MOR e DOR podem ser 
interiorizados mediados por agonistas por 
via endocítica mediada por β-arrestina. Já 
os receptores KOR não são interiorizados 
a exposição prolongada a agonistas. 
 
Consequências funcionais da 
ativação aguda e crônica dos 
receptores dos opiáceos: 
- A perda do efeito com a exposição 
aos opiáceos ocorre depois de 
intervalos curtos e longos. 
- Dessensibilização: está relacionada 
com a fosforilação dos receptores que 
causa o desacoplamento dos mesmos 
da proteína G, culminando na 
interiorização desse receptor. O tempo 
em que o fenômeno ocorre é específico 
de cada receptor. Morfina não causa 
interiorização de receptores µ. 
- Tolerância: é a perda progressiva do 
efeito de um agonista opioide que 
ocorre com sua administração 
prolongada por dias ou semanas. 
Ocorre um desvio da curva dose/efeito, 
distanciando-se do efeito máximo para 
a mesma dose com passar do tempo. 
Pode estar relacionada com eventos 
intracelulares como menor inibição de 
adenilatociclase ou eventos sistêmicos 
do sistema nervoso como perda dos 
efeitos analgésicos e sedativos. 
- Algumas considerações importantes: 
- As alterações ocorrem a curto prazo 
(dessensibilização) e a longo prazo 
(tolerância). 
- A tolerância pode ser revertida com 
aumento da dose. 
- A tolerância é reversível com o tempo 
desde que a administração do fármaco 
seja interrompida. 
- Para cada efeito dos opioides a 
tolerância ocorre em tempo diferente, 
nenhuma tolerância (miose pupilar), 
tolerância moderada (constipação, 
analgesia, vômitos e sedação), 
tolerância rápida (euforia). 
- No caso de tolerância, a substituição 
do medicamento por outros agonistas 
da mesma classe não resolve o 
problema já que se tratam do mesmo 
receptor, como é o caso da morfina e 
da fentanila e outros agonistas µ, 
fenômeno denominado tolerância 
cruzada. 
- Dependência: ocorre com o estado 
de tolerância (OBS: NEM TODDA 
TOLERÂNCIA CULMINA EM 
DEPEDÊNCIA!!), culmina na síndrome 
de abstinência que é um estado 
fisiológico caracterizado pela 
ocorrência exacerbada de sinais de 
ativação celular. Com isso indivíduo 
entra em um estado de 
hiperexcitabilidade, com atividade 
aumentada da adenilatociclase no 
SNC, liberação de aminoácidos e 
citocinas excitatórias, ativação de 
micróglia e astrócitos. Nos sistemas 
periféricos também provoca liberação 
generalizada de hormônios, ativação 
de vias autonômicas e de vias motoras 
causando agitação, hiperalgesia, 
dilatação pupilar, hipertensão, 
hipertermia. 
- Drogadição: é um fenômeno 
comportamental evidenciado pelo uso 
e busca compulsiva extrema por 
opiáceos. Acredita-se que esteja 
relacionado com os efeitos 
recompensadores positivos dos 
opiáceos. Nos humanos essas vias de 
recompensas no sistema nervoso 
estão sujeitas à tolerância, portanto, 
desenvolvem dependência. Isso leva o 
indivíduo a buscar os opioides pelo 
fenômeno comportamental e para 
evitar os efeitos da síndrome da 
abstinência. No caso da drogadição, a 
busca pela droga é tão intensa que nem 
os danos físicos, emocionais e sociais 
causados pela droga afetam o 
julgamento do usuário, portanto 
drogadição é um estado extremo de 
dependência, logo, drogadição não é 
sinônimo de dependência. Na 
drogadição os indivíduos perdem o 
 
senso de julgamento para tomar 
decisões, fazem qualquer coisa para 
conseguir utilizar a droga. 
 
 
Mecanismos da tolerância/ dependência-
abstinência 
Existem muitas hipóteses para explicar 
esses fenômenos, além disso parecem 
ser multifatoriais. 
- Disposição do Receptor: Antes 
acreditava-se que a tolerância estava 
exclusivamente ligada à 
dessensibilização, ou seja, à 
interiorização dos receptores após a 
ligação aos agonistas. Hoje, sabe-se 
que existem outras vias relacionadas à 
dependência relacionadas com a 
ausência de dessensibilização, 
descobriram isso após perceber que a 
Morfina mesmo sem causar 
dessensibilização de receptores µ 
causava dependência do mesmo jeito. 
Assim, inferiram que a ausência de 
dessensibilizarão permite a ligação 
prolongada do agonista e sinalização 
prolongada das vias do receptor, isso 
poderia causar respostas intracelulares 
adaptativas que agravariam o efeito da 
tolerância. 
- Adaptação dos mecanismos de 
sinalização intracelular dos 
neurônios que possuem receptores 
opioides: Receptores MOR acoplados 
a proteínas Gi/G0, que culminam na 
inibição de adenilatociclase podem 
causar respostas adaptativas 
contrarreguladoras nos casos de 
exposição crônicas. Pelo estímuloprolongado a vias de inativação da 
adenilatociclase o próprio neurônio 
desenvolve um mecanismo adaptativo 
para burlar essa inibição por vias de 
excitatórias de estimulo à 
adenilatociclase o que contribui 
significativamente para tolerância. 
Consequentemente, se a pessoa 
interromper o uso, a via 
contrarreguladora continua agindo, 
portanto, haverá uma excitação 
excessiva com ativação de 
adenilatociclase culminando nos 
sintomas hiperexcitatórios da síndrome 
de abstinência. 
- Contra-adaptação no nível 
sistêmico: Como a tolerância, ou seja, 
perda do efeito inibitório dos opiáceos, 
no caso, falemos, dos agonistas µ 
relacionados com efeito analgésico, 
culmina na hiperativação adaptativa, ou 
seja, um “reflexo” de hiperexcitação, 
que poderia estar relacionado com 
ativação de Vias Bulboespinais, que 
aumentam a excitabilidade de vias e 
transmissão da dor do corno dorsal da 
medula. A ligação prolongada dos 
opiáceos nos receptores associados a 
proteínas Gq ativam a PKC que pode 
fosforilar e acabar ampliando a 
ativação de receptores locais do tipo 
NMDA (N-metil-D-aspartato) que 
aumenta a percepção da dor, causa, 
portanto, uma sensibilização central. O 
bloqueio desses receptores pode ser 
uma solução para tratar a dor após a 
perda analgésica causada pela 
tolerância causada pela exposição 
prolongada aos opiáceos. 
- Desenvolvimento de tolerância 
diferencial e requisitos de ocupação 
percentual: Uma das hipóteses para 
explicar o motivo da miose não 
apresentar tolerância enquanto a 
analgesia e euforia apresentarem 
tolerância moderada e rápida, 
respectivamente, se dá pela relação do 
quantidade e porcentagem de 
receptores necessários para serem 
ativados e gerar o efeito. Supõe-se que 
a miose necessite de uma pequena 
porcentagem de receptores ativados 
para acontecer, portanto ainda que 
ocorra dessensibilização e 
interiorização de alguns receptores, 
haveria um grande estoque intracelular 
deles para repor os desacoplados, já 
nos casos da Analgesia e Euforia 
seriam necessárias porcentagens 
grandes dos receptores para provocar 
o efeito o que aumenta a taxa de 
 
dessensibilização e também há uma 
maior dificuldade de repor quantidades 
tão grandes desses receptores, não 
haveria estoque intracelular suficiente 
para repor todos os interiorizados. 
 
 Perfil de Efeitos dos opioides 
utilizados clinicamente 
- O uso clínico dos opiáceos é baseado em 
suas propriedades analgésicas, mas eles 
produzem muitos outros efeitos. 
- Essa variedade de efeitos é entendida 
tendo em vista que os receptores opiáceos 
se distribuem amplamente pelo cérebro e 
sistemas periféricos. 
- Listados e explicitados abaixo alguns dos 
principais efeitos dos opiáceos: 
 
A) Analgesia 
-A morfina e opiáceos semelhantes ao 
serem aplicados em pacientes com dor, 
eles relatam alívio imediato da dor com 
amenização ou desaparecimento por 
completo, além disso, costumam 
apresentar sonolência leve, alguns 
apresentam euforia, mas o alívio do 
sofrimento é o principal efeito relatado. 
-Porém quando aplicados em pacientes 
sem dor alguma, eles relatam desconforto 
e experiências desagradáveis como 
dificuldades de raciocínio e de realizar 
outras atividades mentais, depressão 
respiratória, sonolência e apatia. Com 
aumento da dose esses efeitos tóxicos 
pioram. 
Especificidade dos efeitos 
analgésicos: a morfina e opiáceos são 
relativamente específicos para dor sem 
afetar outras vias sensitivas como 
temperatura e propriocepção. Em doses 
suficientes são mais eficazes contra dores 
contínuas e difusas (de lesão e inflamação 
de tecidos) do que para dores 
intermitentes e pontuais (dor de 
articulação só quando movimenta). Porém 
em doses altas podem aliviar dores 
extremamente fortes. 
 Compreendendo a neurofisiologia da 
dor: 
- A dor é um estado com muitas 
variáveis individuais e com diferentes 
tipos e diferentes mecanismos 
envolvidos. 
- Caminho da dor: Ao se ativar 
nociceptores periféricos de fibras Aδ e 
C que possuem limiar alto, esses fibras 
disparam levando o estímulo por vias 
ascendentes na medula espinal e ao 
chegarem no tálamo se projetam 
contralateralmente (estímulo oriundo 
do braço esquerdo chegará ao tálamo 
direito), do tálamo se projetam para o 
córtex somatossensorial, de lá partem 
fibras para o córtex cingulado anterior 
que é componente do sistema límbico. 
Daí a pessoa terá a percepção da dor 
suficiente para gerar uma queixa e uma 
resposta. Ocorre em casos de picadas 
de agulhas, contato com coisas 
quentes e qualquer estímulo danoso 
mais forte. 
- Lesão de tecidos: Quando ocorre 
lesão de tecidos por uma queimadura 
local de pele; dor de dente; inflamação 
de articulação; artrite reumatoide. No 
local da lesão ocorrerá um processo 
inflamatório com produção de fatores 
inflamatórios como Prostaglandinas, 
Bradicininas e Citocinas que irão 
interagir com as terminações das fibras 
Aδ e C provocando uma sensibilização 
delas no sentido de diminuir o limiar 
necessário para o disparo. Assim, 
nesse processo conhecido como 
sensibilização periférica, as fibras 
antes conhecidas por seu limiar alto 
passam a reconhecer estímulos 
sublimiares como dolorosos já que os 
fatores inflamatórios reduziram o limiar 
para disparo, desse modo, elas 
dispararão continuamente gerando 
sensação de dor constante, contínua e 
difusa, um quadro de dor persistente 
chamado Hiperalgesia (dor persistente 
mesmo na ausência do estímulo 
doloroso). Além disso existem a nível 
da medula espinal, interneurônios que 
levam o estímulo por outras vias 
aumentando a área de processamento 
 
cortical da dor. Esses estados 
dolorosos são descritos como 
nociceptivos. 
- Lesão neural: Nos casos de lesão 
neural ocorre degeneração do nervo e 
formação de um processo inflamatório, 
o neuroma, haverá migração de células 
de schwann para o local e ocorrerá 
produção de fatores inflamatórios e 
fatores de crescimento. Isso 
desencadeia alterações do repertório 
de genes transcritos pelo corpo 
neuronal no corno dorsal da medula, 
esses neurônios transcreverão genes 
que facilitam a despolarização 
facilitando o alcance do limiar e disparo 
de PA. Isso pode acarretar em Alodinia 
(estímulos inócuos são percebidos 
como dolorosos, como, por exemplo, 
um simples toque pode ser percebido 
como doloroso, lembrando que não são 
constantes, só quando há estímulo, 
está relacionada com disparo de fibras 
Aβ que naturalmente não estão 
relacionadas a dor) ou Hiperalgesia 
(sensação de dor constante mesmo 
sem estímulo). Esses neurônios 
liberam juntamente com o glutamato no 
corno distal da medula Substância P e 
CGRP, responsáveis por inflamação 
neurogênica, que ao interagirem com o 
neurônio pós-sináptico provocam 
aumento da excitabilidade dos 
neurônios no corno distal, como não há 
mecanismos eficientes de recaptação, 
passa a ocorrer disparo constante com 
despolarização constante de longa 
duração, cumulativa. Esse quadro é 
conhecido como sensibilização 
medular. Além disso ocorre estímulo à 
produção de BDNF no neurônio de 
transmissão secundária (só dentro da 
medula) que intensifica a resposta a 
estímulos subsequentes, fazendo com 
que o neurônio responda mais 
facilmente aos próximos estímulos e 
dispare mais rápido e mais 
constantemente, fazendo a 
sensibilização central. 
 
 
 
Mecanismos da analgesia induzida pelos 
opioides 
Após administração dos opiáceosas ações 
deles parecem estar localizadas no cérebro, 
medula espinal e tecidos periféricos. 
- Ações Supraespinais: Estudos 
mostraram que a ação da morfina e 
outros opiáceos na Substância Branca 
Periaquedutal (SBP) do Mesencéfalo 
bloqueia estímulos de dor de todas as 
naturezas por atividade de agonistas 
do receptor MOR. A ação pode ser 
revertida pela naloxona. A 
administração de opiáceos para ação 
supraespinal é feita nos ventrículos, 
não se sabe ao certo os sítios de ação, 
mas acredita-se que seja próximo aos 
ventrículos. Esse tratamento tem sido 
utilizado para tratar dor do câncer. 
 
 
 
- Ação espinal dos opiáceos: Quando 
injetados via intratecal ou epidural os 
opiáceos parecem agir no neurônio 
pré-sináptico do corno dorsal 
impedindo a abertura de canais de 
Ca2+, consequentemente, reduzindo a 
liberação de neurotransmissores. 
Agem principalmente em fibras finas de 
limiar alto, que são as fibras condutoras 
de estímulos dolorosos, as fibras C 
principalmente. Agem também nos 
neurônios pós-sinápticos do corno 
dorsal da medula provocando a 
abertura de canais de K+, levando a 
uma hiperpolarização celular, assim, 
diminuem a excitabilidade do neurônio 
pós-sináptico. Em ambos os casos os 
opiáceos se ligam a receptores MOR. 
Ressaltando que o efeito dos opiáceos 
pode ser revertido com naloxona. 
-Ação periférica: A aplicação de 
opiáceos em nervos periféricas tem 
ação parecida com os anestésicos 
locais, porém não é muito utilizada para 
o tratamento da dor. Os opiáceos só 
surtem efeitos quando existe 
inflamação local, em pessoas 
saudáveis sem qualquer inflamação a 
aplicação periférica local de opiáceos 
não surte qualquer efeito. Quando 
existe inflamação os opiáceos parecem 
agir impedindo os disparos 
espontâneos causados pelos 
mediadores inflamatórios no neurônio 
aferente primário, desse modo, 
reduzindo os disparos, reduz também a 
sensação de dor quando há 
inflamação. 
 
B) Alterações de Humor e 
propriedades gratificantes 
- Os opioides produzem euforia, tranquilidade 
e alterações do humor. Entretanto, os 
mecanismos envolvidos nesses efeitos não 
estão bem claros nos estudos. 
- Acredita-se que esses efeitos estejam 
relacionados a ações dos opioides no Sistema 
Dopaminérgico Mesocorticolímbico (SDM). 
- Resumidamente os opiáceos possuem 
receptores MOR em interneurônios 
GABAérgicos do SDM. Ao se ligarem eles 
reduzem a excitabilidade desse 
interneurônios impedindo entrada de Ca2+ ou 
estimulando entrada de K+, reduzindo a 
liberação de GABA na Área Tegumentar 
Ventral e no Pálido Ventral (PV). Desse modo, 
com menor inibição do PV, ocorrerá maior 
estimulo de gratificação pelo PV provocando a 
sensação de bem-estar e euforia pela 
liberação de dopamina. 
 
 
C) Respiração 
- A depressão respiratória não é comum em 
doses clínicas dos opioides. Entretanto, a 
parada respiratória é uma das principais 
causas de morte por intoxicação por opioides 
(doses supraclínicas tóxicas). Os opioides 
agem reduzindo a frequência respiratória, em 
 
doses clínicas a redução é sutil e não chega a 
causar depressão respiratória. Porém é 
preciso tomar cuidado ao prescrever morfina 
para pacientes com doenças respiratórias 
como asma e DPOC. 
 Mecanismos responsáveis pela 
depressão respiratória: Receptores MORs e 
DORs no bulbo ventrolateral. Causam 
depressão da resposta ventilatória ao 
estímulo do CO2 e possuem efeitos no ritmo 
respiratório. 
- Muitos fatores podem agir agravando a 
depressão respiratória induzida pelos 
opiáceos: outros fármacos, sono, idade, 
doenças, DPOC, alívio da dor. 
 Efeito sedativo: Os opiáceos podem 
causam sonolência e disfunção cognitiva 
(principalmente no início do tratamento ou 
após aumento de dose) o que pode agravar a 
depressão respiratória também induzida por 
eles. 
 
D) Efeitos Neuroendócrinos 
- Esses efeitos ocorrem pela presença de 
receptores opioides no eixo hipotalâmico-
hipofisário-suprarrenal (HPSR), a morfina e 
outros opioides em geral inibem a secreção de 
alguns hormônios desse sistema. 
 Hormônios sexuais: os opioides agem 
nos receptores das células hipofisárias 
produtoras de gonadotrofinas (GnRH) e 
corticotropinas (CRH) inibindo a produção dos 
mesmos levando a uma redução dos níveis 
dos hormônios sexuais (testosterona e 
estrogênio) e de cortisol, além de LH e FSH. 
Levam a diminuição da libido e irregularidades 
no ciclo menstrual. Efeitos podem ser 
revestidos com interrupção do tratamento. 
 Hormônio Antidiurético e Ocitocina: 
Agonistas de receptores KORs podem inibir a 
produção de ocitocina e de ADH (efeito direto 
é a diurese excessiva) nos núcleos 
Paraventricular e supraópticos do Hipotálamo. 
Agonistas de receptores MORs produzem 
pouco ou nenhum efeito. Morfina em mulheres 
amamentando pode inibir liberação de 
ocitocina. 
 Miose: O sistema parassimpático é que 
produz a miose pupilar e o simpático a 
midríase, ambos são regulados por 
interneurônios e possuem um tônus de 
disparo de modo a manter a acomodação 
pupilar normal. Nos casos de reflexos á luz por 
exemplo o sistema parassimpático aumenta o 
tônus e causa miose. Existem interneurônios 
GABAérgicos que regulam o disparo 
parassimpático, os opiáceos MOR inibem 
esses interneurônios, fazendo com que os 
neurônios parassimpáticos fiquem menos 
inibidos e disparem mais, provocando, 
consequentemente, a miose pupilar. 
 Crises epilépticas e convulsões: Em 
doses muito elevadas, bem acima do limiar 
para analgesia profunda, podem causar esses 
sintomas, sendo mais comum em crianças. 
São raros pela dose altíssima necessária. 
 
E) Efeitos Nauseantes e Eméticos 
- Náusea é uma sensação que está associada 
a alterações na motilidade e aumento da 
secreção gástrica. Sua consequência motora 
é o Vômito que é um reflexo complexo que 
envolve uma série de fatores como contração 
simultânea de músculos inspiratórios e 
expiratórios, relaxamento do esfíncter 
esofágico e propulsão reflexa do conteúdo 
gástrico. 
- Esses efeitos estão relacionados com os 
efeitos da morfina e opiáceos semelhantes 
agindo diretamente na parte postrema do 
bulbo numa área denominada zona de 
quimiorreceptora do gatilho emético. Além 
disso os opiáceos podem causar efeitos no 
sistema vestibular contribuindo para náuseas 
e vômitos. 
- Em pacientes internados em ambulatório que 
costumam ficar em decúbito dorsal os esses 
sintomas são menos proeminentes. 
 
F) Sistema Cardiovascular 
- Morfina produz vasodilatação periférica 
venosa e arteriolar causando diminuição 
resistência periférica, consequentemente 
hipotensão arterial. Além disso também 
inibem os baroceptores que ajudam a regular 
a pressão arterial. Quando paciente está 
deitado a hipotensão nem é percebida, porém 
quando ele levanta pode ocorrer síncope 
(desmaio) por causa da hipotensão ortostática 
 
e dificuldade dos baroceptores em balancear 
a hipotensão. 
- Isso ocorre, pois, a morfina induz os 
Mastócitos a produzir Histaminas que causam 
a vasodilatação. Além disso por inibirem os 
baroceptores, causam atenuação da 
vasoconstrição reflexa causada pela PCO2 
elevada (que é o sinal de que a pressão não 
está sendo suficiente para oxigenar bem os 
tecidos periféricos, preditivo fisiológico de 
hipotensão). 
-OBS: A liberação de histamina também pode 
causar rubor (vermelhidão) da pele e prurido 
(menos comum). 
- Nos casos de paciente hipovolêmicos o uso 
de morfina e opioides semelhantes podem 
agravar o quadroobviamente pelas ações 
descritas acima. 
 
G) Sistema Gastrointestinal 
- Grande parte dos pacientes (40-95%) que 
utilizam opioides apresentam constipação 
intestinal e outras alterações da função 
intestinal mesmo em períodos curtos de 
tratamento. 
- Existem receptores opioides distribuídos 
amplamente entre o plexo miontérico e plexo 
submucoso do TGI além de estarem 
presentes em diversas células secretoras do 
TGI. 
- A morfina reduz a atividade propulsátil dos 
intestinos delgados e grosso e reduz as 
secreções intestinais. A maior permanência 
do bolo alimentar no intestino acaba 
aumentando a absorção de água, deixando o 
bolo mais ressecado, agravando a 
constipação. 
- Os opioides atuam em receptores µ e δ em 
de neurônios secretomotores (responsáveis 
por inervar os enterócitos), inibindo esses 
neurônios. Assim eles deixam de estimular os 
enterócitos que também deixam de produzir 
as secreções intestinais. 
 
 H) Sistema Imune 
- Em geral os efeitos dos opioides parecem 
ser moderadamente imunossupressores, 
estudos relataram maior susceptibilidade à 
infecções e disseminação de câncer com uso 
de opioides. 
- Outros estudos mostraram que eles podem 
ora inibir ora estimular o sistema imune 
dependendo do contexto no qual foram 
usados. 
 Classes funcionais dos Opioides

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