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A CAMINHO DO ESTADO NACIONAL E SOBERANO (1)

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A CAMINHO DO ESTADO NACIONAL E SOBERANO
Basicamente é um debate que se trava no período de decadência do medieval para o início da modernidade, mais ou menos ao redor do ano 1300: O papado já não tem mais tanta força.
Ninguém nega a supremacia do poder de Deus: 
A luta é entre o príncipe e o papa. -> O príncipe tem que estar subordinado ao papa porque o papa está ligado a Deus, ou Deus dá diretamente o poder para que cada um cuide da parte que lhe cabe? Esse é o pano de fundo que se instala: a briga entre as duas espadas. 
Racionalidade na formação do estado moderno -> Significa, a partir de Marsílio de Pádua, o terceiro giro paradigmático na fundação do Estado. (o primeiro foi o cosmológico, o segundo foi o instaurado pela doutrina paulínea, que coloca Deus no centro do poder_ “o fundamento último é Deus”, e o terceiro, que “joga” o poder político na mão do legislador humano.) Entender que essa tendência da questão religiosa estar atrelada à política continua a aparecer na sociedade, a laicidade do estado não é plenamente exercida, valores cristãos continuam a ser apregoados à política.
Nesse período há uma situação europeia bastante peculiar: de um lado, há ainda figuras que querem, por exemplo, ser imperador de toda a região europeia. De outro lado, é possível perceber o papa querendo trazer para si esse papel -> conflito entre o poder temporal (sucessor do império romano) e o poder espiritual, o papa em um nível continental. Por outro lado, começam a se formar as grandes monarquias, com o exemplo da origem do reino da França, aonde aparece a imagem de Filipe, o Belo (esse reino não tem a dimensão continental europeia, por isso não é um império. É bem localizado, mas ao mesmo tempo o príncipe, ou o rei, quer afirmar para si a autonomia perante seu reino). Então, de um lado os papas buscaram contrapor o imperador à ideia de que o imperador não poderia ter o poder pleno, e quem deveria tê-lo é o papa. Depois, aparece com base no próprio direito romano, a contestação que foi propositalmente esquecida pelo império romano: “O Rei é imperador de seu reino.” É o rei a autoridade suprema na sua região, e enquanto autoridade, ele não deve favores a nenhuma outra autoridade. Há uma dimensão de submissão para quem está abaixo do rei, e uma dimensão de independência em relação a forças externas. 
Fatores de fomento ao surgimento dos Estados Nacionais:
Chevalier: duplo renascimento – direito romano e aristotelismo.
O direito Romano: (traz uma noção rigorosa de “coisa pública”, “res judicata” e uma noção não menos rigorosa de “poder público”, “imperium”: poder pleno e inteiro, total, absoluto, delegado a um chefe único que encarnava o Estado e a sua “magestas” ou soberania em oposição à fragmentação da autoridade, à confusão entre direito público e direito privado -> proclamação do rei como imperador em seu reino)
1 - Contra o feudalismo: Pois estabelecia a ideia de unificação, participação na vida política, delimitação do público e do privado, a ideia de poder de império que é vinculada à esfera pública (o poder soberano é o poder do Estado), e de poder de domínio, que é vinculado à esfera privada. No feudalismo, quem era dono da terra, era também rei da terra, não havia a caracterização do que era público. A marca do feudalismo é uma fragmentação do poder, o princípio da legalidade e o monismo jurídico vêm dar certa tranquilidade, por isso é uma “evolução civilizatória”. Princípio da legalidade: não há crime que nega a lei que o define (você não comete um crime se aquilo não estiver previamente estabelecido pela lei como um crime).
Obs.: Glozadores -> “legistas de bolonhas” -> constrói uma sistematização de uma teoria do direito, a partir do estudo jurisprudencial e das codificações antigas do império romano. Isso inspira várias escolas jurídicas próprias da modernidade. 
2- Contra o imperador: “O rei é imperador em seu reino.” O estado não é mais um império, que por muito grande não conseguiria ter uma coesão interna, e que sobrevivia principalmente como ideia, mito prestigioso. Havia agora um reino, com unidades territoriais bem organizadas onde prosperava um sentimento de lealdade monárquica.
3- Contra o papado: Está bem ligado ao item 2. Autonomia para o direito, o rei no seu reino não deve obediência ao papa. (anteriormente, esse argumento também foi usado pelo papa contra o imperador).
4- Contra a teoria contratual da Idade Média: Permitia um contrato mais igualitário, não era mais um pacto de submissão que o príncipe fazia com a comunidade: a comunidade se submetia e o príncipe aceitava certas condições -> Isso faz com que não haja mais tantas condições para o príncipe. No estado medieval o príncipe estava vinculado ao pacto de submissão. Agora, com o fim da teoria contratual da Idade Média, há um príncipe mais poderoso.
Aristotelismo: Teoria da sociabilidade por natureza. 
São Tomás e a ressureição relativa da polis: São Tomás, em vez de considerar o Estado como uma instituição meramente convencional, tornada necessária pelo pecado original, lhe havia reconhecido um caráter natural, consentâneo com a natureza moral do homem, e portanto, uma legitimidade ética. Mas embora não o depreciasse como alguns dos seus antecessores, evitaria exaltá-lo em demasia. Os fins estatais, cívicos, não passavam de fins intermediários -> O universo do civismo reiniciava assimilado pelo cristianismo. O arrevoísmo e o naturalismo aceitam essa medida do naturalismo moderado que Tomás aceitou (a política não é fruto do pecado, a natural), e vão contra a parte que Tomás não aceitou de Aristóteles (a política tem limites e o papa pode por esses limites, naquilo que é ordinário prevalece a ação política). Começa a ressurgir a ideia de que é possível distinguir os dois lugares: a política não é ruim, visto que é um fato natural, e sendo um fato natural ela não admitiria a intervenção do papa.
Arrevoísmo e a dupla verdade: O arrevoísmo estabelece que existe uma lei da razão, a qual os homens que devem estudar, visto que Deus deu a liberdade racional para o homem, o homem é livre porque pode responder por seus atos. “Você é livre porque tem condições de discernir as suas ações e responder por elas”. O homem é livre para cuidar das questões filosóficas, das questões da razão, mas as verdades que não são as verdades da filosofia, mas das verdades reveladas por Deus, fazem parte de uma questão teológica, então ficam no campo espiritual. Duplo sentido da verdade: A verdade racional e a verdade revelada, e nesse duplo sentido, “cada um no seu quadrado”: o filósofo com a parte racional, filosófica, e o teólogo com a parte espiritual. “Separatismo filosófico da razão e da fé”.
Teólogo: verdade da alma
Filósofo: verdade da razão 
Querela Bonifaciana: Felipe, o Belo X Papa Bonifácio VIII
A princípio, havia uma briga entre Frederico II que queria ser imperador romano, e o papa. Agora, no papado de Bonifácio VIII, há uma nova querela: do rei nacional, Felipe, o Belo da França com este papa. Há uma divisão muito clara entre duas teses de partidos diferentes (teses parciais): Os partidários de Bonifácio VIII e os partidários de Felipe, o Belo como rei independente.
Partido da Igreja:
Giles de Roma:
Plenitudo potestatis: onipotência temporal e espiritual
Todas as contingências transcendem à tese teocrática
Ordem do universo como hierarquia única.
Sumo Direito de Propriedade Universal: autoridade pontifícia como fundamento único de todo dominium. 
Intervenção nos poderes civis é secundária
Explicação do professor a respeito dos tópicos:
Basicamente a doutrina de Giles de Roma traz a seguinte tese: Primeiro, ele é defensor do plenitudo potestatis, que quer dizer “poder supremo na mão de um”, que para ele é o papa. Todos os contingentes humanos, tudo o que acontece no mundo, reúne em um sistema um único elemento. Em última análise, esse elemento seria Deus, mas na ausência da pessoa própria de Deus, o representante dele é o papa, então todo o poder se concentra na mão do papa como o primeiro elo de Deus coma humanidade. Deus estabelece tudo, e tudo só existe porque é ligado. Então, tudo que existe, existe porque Deus é o dono, o domínio de tudo é um domínio divino, representado pelo papa (propriedade universal). Forte legitimação da noção de que toda a autoridade que existe no mundo, mesmo autoridade política, estaria subordinada à autoridade divina, representada pelo bispo de Roma. As questões secundárias dos homens, de administração da cidade, são questões que não interessam ao papa. O papa era o regulador das causas em que ele interviria.
Jaime de Viterbo:
Igreja é a verdadeira república
Sumo pontífice é rei desse reino incomparável
Poder temporal está contido no poder espiritual
Se há uma verdadeira república, que persegue a verdadeira justiça, os verdadeiros fins morais, é a república cristã, é a república suprema. Então é óbvio que as repúblicas nacionais estão contidas nessa república universal dos cristãos, e se estão contidas, estão subordinadas a esta, que é liderada pelo papa.
Essa querela vai reproduzir os partidários da igreja, e um pouco daquela concepção que predominou no medieval de que a política é ruim e a igreja seria o sensor moral da sociedade.
Bonifácio VIII e a Unam Sanctam
A sentença final da Unam Sanctam: submeter-se ao Papa como condição necessária da salvação.
Bonifácio VIII sintetiza as doutrinas do partido da igreja, reafirmar a plenitudo potestatis na suas mãos, depois, ele traz a sentença final condicionando a salvação a essa subordinação: quem obedecesse ao poder papal seria salvo, quem resistisse, não seria salvo.
Partido do Estado
- Filipe, o Belo – 2 legados em prol do poder temporal -> Ele se coloca como senhor supremo do reino, logo não deve obediência ou subserviência à ninguém, só a Deus. Eu não me submeto ao povo, à comunidade, ao papa, à ninguém, apenas a Deus.
I) Só a Deus devia seu reino: o Rei deve defender de todas as formas sua independência plena e total 
II) Direito Divino Real -> o direito divino não é só abstrato, ele também se manifesta através do poder do rei em concreto na vida política das pessoas. O rei é o interprete desse “direito divino real” fundado na vontade de Deus. O interprete dessas leis que serão criadas não é o papa, é o rei.
III) Independência do poder temporal para a formação dos reinos -> Se Deus deu ao rei a característica de interpretar em concreto também a criação de um direito divino, só que agora de índole política, então cada rei manda no seu próprio reino. “O rei tem legitimidade divina não para cuidar da alma das pessoas, mas para cuidar da vida das pessoas.” (Poder político in abstracto: em sua própria essência, in concrecto: em sua encarnação humana, em seu titular humano.)
IV) Doutrina do “Rei imperador em seu reino.” -> Detinha o poder legislativo -> “soberana liberdade na apreciação do que exigia o interessa da coisa pública.”
Tal como a Igreja, tinha o Estado uma origem imediatamente divina, seu chefe era de instituição divina. 
João de Paris: moderado – argumentos tipicamente aristotélicos.
- Tese realista moderada -> “O Estado era natural, era primeiro e essencial, anterior ao cristianismo. Ele perseguia um fim tanto moral como material, e o espiritual se sentia autorizado a reduzir a importância do temporal, incumbindo-o de zelar apenas pela felicidade dos corpos”. A política é um fato natural, é própria da natureza humana, então a política se desenvolve a partir de uma cidade-estado, que por sua vez representaria o rei -> cada cidade estado representaria, nessa época, um reino. -> o reino é historicamente anterior ao império, ora, então a ordem natural é a prevalência do reino -> o império não tem mais sentido visto que ocorreu uma diversificação social, e cultural não havia mais esse universalismo -> da mesma forma não teria sentido um universalismo de índole papal.
I) Estado é natural e anterior ao Império e ao cristianismo. Perseguia um fim moral e material
II) Reino e não o Império constitui o Estado. Reinos distintos por existir distintos povos -> seria incoerente criar uma autoridade universal.
Publicações realengas de combate (publicações voltadas para a defesa dos partidos reais):
O dever dos clérigos de contribuição fiscal;
Pontífice tem direitos em matéria temporal: “Cristo não deu a Pedro as chaves do reino da Terra, mas as chaves do reino dos Céus”;
Rigorosa independência entre os dois poderes.
Deveria o clero pagar impostos? Essa questão simples teria a ver com quem prepondera: se é o papado que prepondera, ele não deveria pagar imposto ao rei, e sim o contrário. Então, continua a haver o debate entre essa ordem espiritual e temporal. É isso que reflete toda essa querela que marca esse período. A tese da rigorosa independência entre os dois poderes é muito importante porque no fundo ela significa que o rei é superior ao papa pelo menos na questão política, na legislação, na administração da cidade -> Ao invés de uma teocracia, haveria uma monarquia humana absolutista.
DANTE ALIGHIERI
De monarchia: (obra política que defende que Henrique VII deveria ser imperador) ode a Henrique VII – imperador.
Árbitro temporal supremo – Monarca Universal
Unidade Humana.
Teoria do Duplo Fim Último.
Duas ordens independentes entre si, mas imediatamente dependentes de Deus.
Ele estrutura todo o pensamento na ideia de que se existe um papa universal (sobre todo o filho de Deus, todo o cristão), eu tenho que ter uma força igualmente forte no campo do universalismo -> Desemboca na defesa do império, de um Monarca Universal, se o papa é universal e a igreja tem uma ordem unitária, eu preciso de um poder humano (monarca) igualmente universal, unitário para que eles operem no mesmo nível, no mesmo plano, com a mesma força. -> Esse é o centro do pensamento deste autor. Esse poder humano seria o único poder temporal que equivaleria à força espiritual do papa no plano universalista visto que o reino nacional não tem força suficiente para enfrentar um papa universal. Só o monarca universal (imperador, Henrique VII) executaria essa força temporal. Há uma briga muito grande por tecnologia e disputa de poder, entre a Igreja e o Rei. Isso garantiria a segurança e a estabilidade da relação entre os povos. Ele diz que o papa e o poder real tem seu valor, mas a relação entre eles deve ser uma relação de coordenação, o poder mais forte seria o poder do monarca universal, mas ele não pode perder de vista que a Igreja e Concílio tem um papel importante para que esse soberano aja bem, para que a sociedade tenha os melhores parâmetros de justiça. Então, é importante que essas duas esferas de poder coordenem suas políticas e o rei universal cumpra os conselhos que o papa dá (“como um filho primogênito que deve respeito ao pai”, no sentido de que o filho continua independente e detêm o poder coercitivo, por isso não é uma relação de subordinação, mas a figura do pai aparece como uma figura de experiência), para uma convivência passiva. 
Anotações sobre Dante:
Dante imagina Henrique VII como um imperador que porá fim à escandalosa usurpação do poder temporal por chefes da Igreja.
Dante não pode admitir um mundo sem imperador, nem uma igreja sem um papa -> necessidade da monarquia universal -> Semelhança do imperador com Deus -> Quando ele é mais uno, mais se assemelha a Deus, que é só um.
Máximo da unidade: todos os homens se unem em um só homem -> Submissão de toda a humanidade a um príncipe único que reina para instalar a paz e a justiça sobre o temporal. A paz como única coisa que pode permitir que a humanidade alcance o seu fim próprio que é realizar sempre toda força do potencial intelectual.
Duplo poder diretivo de que os homens têm necessidade segundo seu duplo fim -> o do Monarca Universal, que conduz o gênero humano à felicidade temporal (primeiro fim último), segundo os ensinamentos filosóficos (Aristóteles); e o do Papa Universal, que guia o homem para a vida eterna (segundo fim último) segundo as verdades espirituais que ultrapassam a razão.
O monarca tem sua autoridade vinda imediatamentede Deus (em oposição a são Tomás, Dante descarta qualquer subordinação).
MARSÍLIO DE PÁDUA
Explicação do Marrafon: 
Duplo Universalismo -> o universalismo do concílio da igreja, formado por os mais sábios, experientes _seria mais equilibrado, mais harmônico do que o papa sozinho, tomaria as decisões que fossem importantes como guia espiritual para toda a sociedade, mas ele não teria poder, justamente por não ter o que Marsílio de Pádua acha imprescindível para o poder: a força coercitiva. Quem tem a força coercitiva é o príncipe, representando a vontade popular. Logo, como pode um concílio que dá conselhos para quem está no poder, universal, ter garantias de suas decisões? Quem colocaria esse concílio, em momentos de crise? Teria que ser um poder igualmente universal: o do imperador (porque atenderia a todo um continente _europeu). Eu preciso de uma figura tão universal quanto o concílio, mas em nome do poder secular, do poder temporal. Como o rei é nacional e não universal, ele não poderia convocar o concílio. 
O poder papal está sempre subordinado ao poder do Rei -> Concessão à Igreja: o rei deve seguir os conselhos do concílio, formado por bispos, pessoas pautadas na lei de Deus. A autoridade igualmente universal convocaria o concílio e garantiria a execução das decisões.
Tópicos da folha:
Monismo do poder laico
Tríplice fonte
Constrói teoria do poder derivada do Legislador Humano: vontade popular dá origem ao Estado e à Lei.
Sociedade como um grupo de cidadãos, em que se destaca a pars principans, a parte governante, que regula o justo e útil ao bem comum.
Soberania do Estado é vista como UNIDADE em si mesma -> Não necessita inspiração em princípios religiosos.
Conceitua a sociedade como um todo -> Anterior e transcendente às partes.
Interpreta o naturalismo moderno em sentido político. Objetivo da Política é a boa organização da existência profana,
Defende unidade radical e autonomia da política, recusando a autoridade papal.
Busca do restabelecimento da verdade da instituição eclesiástica.
Lugar do Concílio – duplo universalismo
Explicação do Leonam: 
Com o Marsílio de Pádua, a gente começa a ver uma queda do poder de influencia da Igreja em comparação aos poderes temporais, o que 2 séculos depois vai culminar na reforma protestante, que é importantíssima também para o Estado moderno (há todo um conflito político envolvido). Fez algumas teses contrárias à figura da igreja, principalmente atacando a figura do papado, porque o papa era o grande malefício da república cristã, da comunidade cristã, na Europa. Certos papas não foram bons exemplos de pessoas -> processo de corrupção e enfraquecimento das instituições morais do vaticano, e isso atinge o auge com o papa Alexandre VI. 
Noções Gerais:
Rejeição ao papado e à hierarquia clerical -> Ou você é bispo, ou é papa, e há uma hierarquia entre eles, uma ordem de importância entre eles, visto que o bispo de Roma exerce um poder sobre todos os outros.
Absorção do eclesiástico pelo secular -> Todo esse poder da Igreja, emitido pelo papa e que todo o clero da Europa exercia estava inserido dentro do poder secular temporal dos príncipes. 
Abusos do sacerdócio como uma causa maligna que é inimiga da felicidade -> Todas as desgraças que ocorreram na Idade Média são postas por Marsílio de Pádua como culpa da corrupção da Igreja.
Política Marsiliana:
Paz: Boa organização da cidade (reino) -> pra ele a paz é alcançada quando é alcançada a boa organização da cidade.
Divisão aristotélica da polis: o príncipe revela o justo -> Cada um deve exercer o seu papel na sociedade. Não é mais o rei filósofo quem vai revelar o que é justo e injusto e sim o príncipe, o príncipe é aquele que vai dizer o que é ou não correto nas relações entre as pessoas, dizer o que é ou não correto são algumas funções da autoridade: emitir leis, e executar as leis (questão administrativa e questão judiciária).
Sacerdócio comum a todas as comunidades (o cristão é o verdadeiro) -> Todas as comunidades tem sacerdotes, que exerce esse papel de comunicação entre o divino e o terreno, que é o papel que é a Igreja faz 
O príncipe detém sozinho o poder coercitivo temporal -> Há um conflito: a Igreja querendo usurpar a autoridade do príncipe, o príncipe não querendo que a Igreja usurpe sua autoridade. Se há esse conflito, você chega na má organização, visto que nenhum reino bem organizado pode ser conflituoso na questão de sua autoridade. Ainda hoje, estados bem organizados, que tem suas instituições bens definidas não passam por guerras civis.
Autoridade compartilhada -> Príncipe a figura do príncipe é derivada do que Marsílio de Pádua chama de legislador humano -> se refere à comunidade de cidadãos que integram aquele reino, aquela sociedade. -> A comunidade cristã é uma comunidade de fé que legitima o príncipe (isso é algo muito inovador para o pensamento medieval, muitos anos depois encontra correspondência em alguns autores contratualistas) -> Direito positivo. Legitima a ideia de que o príncipe é quem emite a lex humana. A partir daqui, a universalidade dos cidadãos não legitima o papa, visto que o papa não tem autoridade para emitir a lex humana, é uma autoridade espiritual e não pode usurpar isso do príncipe. Se ele supre esse príncipe, você não chega na paz do reino. Há uma identificação da massa com a figura do príncipe.
Eclesiologia Marsiliana:
Igreja não é uma organização hierárquica -> o papa não tem autoridade de emitir direito canônico sozinho, o papa não é a última racio da cristandade, ele prefere a figura do concílio (reunião dos bispos), é uma questão conjunta, mas não permanente e unificada nas mãos de uma pessoa só -> não há a ideia de infalibilidade papal
Igreja = conjunto de fiéis em Cristo -> Quem não era cristão não estava inserido nessa comunidade
Denominação de massa de crentes
Igreja integra a comunidade -> a igreja não é uma instituição separada, é apenas o conjunto de fiéis, logo, ela estava dentro do domínio temporal do príncipe. Além disso, por não ter o poder de coerção, não tem autoridade. O sacerdote não tem autoridade, tem apenas opiniões técnicas em relação aos assuntos da igreja, ele não tem autoridade para condenar alguém, mas pode dizer por exemplo se aquele casamento deve ser anulado ou não, se aquilo representa uma heresia ou não, ao ouvir o sacerdote, o príncipe formula melhor o seu juízo e aplica o direito, mas o príncipe não tem a obrigação de seguir o que a Igreja diz.
Fusão entre o Estado e a Igreja:
Separação no tocante ao poder coercitivo -> O poder político é coercitivo, e o poder espiritual não é.
Subordinação do poder eclesiástico ao civil -> sujeição da igreja ao poder do príncipe,
Concílio geral: Universalidade dos cristãos. -> você tem cristãos em todos os reinos, então existe uma autoridade que é a ideia de imperador, que tinha a legitimidade de legislador supremo que representava essa comunidade cristã em sua universalidade. O imperador teria o poder de convocar os concílios gerais (reuniões de doutores da igreja pra decisão de assuntos espirituais).
Guilherme de Ockham (ou Occam)
Principal ideia: Absoluta liberdade da vontade divina -> a grande diferença pra ideia de são Tomás é que quando falamos em absoluta liberdade da vontade divina, dizemos que Deus pode fazer o que ele quiser, já são Tomás traz a ideia da razão divina, Deus é limitado pela sua própria razão. (Nem toda a decisão do papa segue a razão divina)
A igreja para o Guilherme de Ockham é a soma de todos os cristãos individuais. Enquanto o Marsílio de Pádua desenvolve muito mais uma ideia de comunidade cristã, aqui já uma questão mais individualista. Não é a comunidade que forma os cristãos, mas é porque cada qual é cristão que se forma a autoridade cristã.
Aceita a autoridade do papa, mas limitada pela finalidade -> não há a infalibilidade papal, o papa pode cometer erros. 
Estabelece a ideia de mútuo controle entre o papa e o imperador: da mesma forma que o papa tem a legitimidade de julgar o imperador que não cumpre a suafunção divina de organizar bem o reino, da mesma forma o imperador pode julgar um papa corrupto. Há uma tensão entre papado e imperador.

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