Lutero e a Educação

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Lutero e a 
Educação
Créditos: Pastor Herivelton Regiani
Adaptação: Pr. Psic. Vilson Regina
Pergunta inicial
Qual o problema com a educação em nosso tempo?
E qual a solução?
(ver Js 23 e 24, especialmente Js 24.15, e depois Jz 2.8-10 – e note-se que naquela época ainda se vivia em uma quase teocracia... hoje, então...).
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A Reforma
Para ler Lutero, é preciso lembrar:
Não era pedagogo, mas teólogo
Não exatamente um teólogo sistemático
Muito menos infalível
A cultura e desafios de sua época x nossos desafios hoje
Lutero e a vida cristã na sociedade
Dois reinos, duas formas de Deus reinar
Três estamentos ou ordens (governo secular, governo espiritual, lares ou famílias)
No meio destes, o “grupinho” ou “pequeno rebanho”
Lutero não era sistemático, no sentido estrito da palavra, mas na maioria do tempo exortava e respondia conforme a necessidade. 
Por isso essa conversa também pode não ser “sistemática”... vamos compartilhar aqui trechos de leitura, reflexões pontuais que nos instiguem a pensar o hoje como luteranos. Afinal, nós não tomamos Lutero como manual infalível ou como alguém que tenha dito tudo e sempre bem.
Principais desafios da época de Lutero eram os pais mandarem os filhos à escola e os governantes a manterem (o clericalismo centralizador e certa visão utilitarista atrapalhavam).
Hoje, podemos pensar se também não temos um duplo desafio semelhante: pais acompanharem e incentivarem seus filhos; governantes manterem de fato as escolas, e com qualidade.
Lutero não era um pedagogo, mas teólogo. Hoje, a pedagogia avançou muito em relação à sua época. Mas podemos olhar para seu esforço por conscientizar sobre a educação a partir da teologia e refletir sobre como podemos nos posicionar nos dias atuais.
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- O amor flui da fé e é exercitado dentro dos três estamentos. 
- Vida cristã é a prática concreta da palavra de Deus nas diversas atividades em sociedade.
- Tudo o que fazemos é serviço a Deus no mundo.
- Entre esses serviços, Deus destacou a pregação de sua Palavra. 
- Tudo na vida é dádiva da “bondade diária e eterna” de Deus. 
- “consolo e socorro em todo sofrimento, necessidade e temor”...
- “corpo e alma, fogo, ar e água, vinho e centeio, roupas e lenha, casa, mulher e filhos.” (OS 5, p.17)
- Vida cristã é vida alegre: pelas dádivas de Deus, cristãos e cristãs têm “um coração alegre” e “uma fé feliz em Deus”. 
- Por causa de Jesus, têm “uma consciência alegre, segura e corajosa, que confia em Deus e que não teme nem o diabo”. 
(FICHER, OS 5, p.17)
A ORIGEM
A Reforma surgiu a partir de uma Universidade
Os reformadores sempre estiveram em diálogo com o estado e a sociedade
Havia uma preocupação constante com a liberdade de consciência
Universidade: criticismo fiel
Estado: dever de admoestar, pregar para a sociedade
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Obras de Lutero sobre educação
Aos conselhos de todas as cidades da Alemanha, para que criem em mantenham escolas cristãs (1524)
Uma prédica de Martinho Lutero para que se mandem os filhos à escola (1530)
Catecismos (Maior e Menor)
Sobre as escolas
“negligenciar um estudante é pior do que violentar uma virgem”
Para educar as crianças, precisa-se também de gente especializada, pois nem todas as pessoas mais velhas têm aptidão e tempo para isso. (OS 5 p.308)
Pais devem enviar os filhos à escola, para prover líderes e servos para os dois reinos.
Governantes devem propiciar boas escolas e podem obrigar os pais a enviarem seus filhos.
o regime secular é uma instituição divina e um estado divino [...] temos que ver como se podem conseguir para ele pessoas qualificadas e aptas.
Afinal, o estado é instituição divina
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Se hoje se fundissem todos os bispos e todos os padres e monges da Alemanha num só bolo, não se encontraria tanto quanto se encontrava num único soldado romano. Por essa razão Roma progrediu; havia gente preparada para todas as atividades. Assim a necessidade obrigou, em todos os tempos e no mundo inteiro, inclusive entre os gentios, a manter professores, se é que se quisesse fazer alguma coisa boa de um povo. (OS 5 p.308)
Sobre o estado e como prover gente preparada para ele
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Acaso se há de permitir que governem apenas grosseirões e malandros, quando se pode fazer as coisas muito bem de outro modo? [...] Também é uma maldade desumana quando não se pensa além do seguinte: Agora nós estamos no governo; que nos interessam os problemas dos que vêm depois de nós? Pessoas deste tipo, que no governo procuram apenas seu próprio proveito e honra, não devem governar sobre seres humanos, mas sobre porcos e cachorros. (OS 5 p.310)
o mundo precisa de homens e mulheres excelentes e aptos para manter seu estado secular exteriormente... Ora, tais homens devem surgir entre os meninos, e tais mulheres devem surgir entre as meninas. (OS 5 p.318)
O mundo precisa de gente educada, e os cristãos devem ser líderes nesse processo
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Ora, dizes tu, que cada qual ensine e crie suas filhas e seus filhos a disciplina. Resposta: O resultado deste ensino e desta educação está à vista. Quando a disciplina é aplicada com o maior rigor e tem algum resultado, o máximo que se alcança é um comportamento forçado ou de respeito; no mais, continuam sendo meras toras, que não têm conhecimento nem nesta nem naquela área, não sabem responder nem ajudar a ninguém.
Não basta disciplina... Aliás, o que entendemos por disciplina? O que buscamos nas escolas de hoje a esse respeito?
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Se, porém, fossem ensinados e educados em escolas e outras instituições, onde houvesse mestres e mestras instruídos e disciplinados, que ensinassem línguas e outras disciplinas, e História, aí então conheceriam a história e a sabedoria do mundo inteiro, a história desta cidade, deste império, deste príncipe, deste homem, desta mulher e, desta forma, poderiam ter diante de si, em breve tempo, como um espelho, a natureza, vida, conselho, propósitos, sucessos e fracassos do mundo inteiro. 
Isso lhes serviria de orientação para seu pensamento e para se posicionarem dentro do curso do mundo com temor de Deus. Além disso, a História os tornaria prudentes e sábios, para saberem o que vale a pena perseguir e o que deve ser evitado nesta vida exterior, e para poderem aconselhar e governar a outros de acordo com estas experiências. [...] (OS 5 p.319)
Ora, a juventude tem que dançar e pular e está sempre à procura de algo que cause prazer. Nisto não se pode impedi-la nem se pode proibir tudo. Por que então não criar para ela escolas desse tipo e oferecer-lhe estas disciplinas? Visto que, pela graça de Deus, está tudo preparado para que as crianças possam estudar línguas, outras disciplinas e História com prazer e brincando. (OS 5 p.319)
O único problema é a falta de vontade e seriedade para educar a juventude e ajudar a socorrer o mundo com pessoas qualificadas. O diabo prefere grandes bobalhões e gente inútil, para que as pessoas não se saiam bem demais na terra. (OS 5 p.320)
Lutero outras vezes parece indicar a crença de que o diabo reina na ignorância. (p. ex. p. 328)
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Resumidamente quero dizer o seguinte: a um professor ou mestre dedicado e piedoso ou a quem quer que seja que eduque e instrua fielmente os meninos, jamais se pode recompensar o suficiente e não há dinheiro que o pague... 
No entanto, entre nós essa tarefa continua a ser desprezada escandalosamente, como se não valesse nada. (OS 5 p.359)
Em minha opinião, porém, também as autoridades têm o dever de obrigar os súditos a mandarem seus filhos à escola, especialmente aqueles aos quais me referi acima. Pois, na verdade, é dever dela preservar os ofícios e estados supramencionados, para que no futuro possamos ter pregadores, juristas, pastores, escritores, médicos, professores e outros, pois não podemos prescindir deles. (OS 5 p.362)
Educação na Família
“Os pais devem dar graças a Deus, porque têm a tarefa de orientar os filhos tanto corporalmente, quanto espiritualmente”
Metodologia do ensino parental
Catecismos: capacitar os pais como líderes espirituais parao ensino. 
Os pais têm dupla autoridade: personificam a igreja (autoridade espiritual) e o estado (autoridade civil). 
Fazem a vez de governante e de pastor (Volkmann, IECLB, 1984) 
Formato de perguntas e respostas era o mais interativo possível à época. 
Existe uma distinção entre educação na fé e educação geral. Mas Lutero emprega as duas indistintamente, mesmo reconhecendo essa distinção, porque na prática da vida dos cristãos ela não é tão relevante. 
“O confronto com o evangelho acontece em meio à educação geral; a instrução na fé é também educação” (p.102).
Volkmann (1984, p.102)
Para Lutero a educação na fé não acontece apenas num momento isolado na vida da pessoa; ela é um processo contínuo. 
Por isso ele fez uma crítica severa a estes que se consideram “formados” e acham que não precisam aprender continuamente questões de fé...
...eu também sou doutor e pregador e, na verdade, tão erudito e experimentado quanto possam ser aqueles que tanta coisa presumem de si e têm aquela segurança. Não obstante, faço como uma criança a que se ensina o Catecismo... 
Tenho que continuar diariamente a ler e estudar, e devo permanecer criança e aluno... Razão por que peço aos pastores e pregadores que não queiram ser doutores muito cedo e nem imaginem que sabem tudo...
Na verdade, é pecado e vergonha o fato de termos chegado ao ponto de haver necessidade de estimular e sermos estimulados a educar nossos filhos e a juventude a buscar o melhor para eles. A própria natureza deveria nos convencer disso e também o exemplo dos gentios nos deverá incentivar em vários sentidos. Não existe animal irracional que não cuide de seus filhotes e não lhes ensine o que lhes convém... (OS 5 p.307) 
*a não ser a avestruz, que põe os seus ovos no chão para que a areia quente os faça chocar.
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Aliás, para que vivemos nós velhos senão para cuidar da juventude, ensinar e educá-la? Pois é totalmente impossível esperar que esse povinho louco se instrua e discipline a si mesmo; por isso Deus os confiou a nós, os mais velhos e que sabemos por experiência o que serve para o bem deles, e, sem dúvida, exigirá de nós uma prestação de contas severa sobre eles. (OS 5 p.307)
Educar é transformar
Paulo escreveu: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de DEUS” – Rm 12.2
O regime secular é dádiva de Deus, “criatura e ordem divina”, “do qual não podemos prescindir” (OS 5 p.346-347). 
Nesse regime, deve imperar a sabedoria e não a força. 
“Resumindo, não é o direito dos punhos, mas o direito da cabeça, não a força, mas a sabedoria ou a razão que deve reinar tanto entre os maus quanto entre os bons”. (OS 5 p.348)
[...] Deus é um senhor singular. Seu trabalho consiste em transformar mendigos em senhores, assim como cria todas as coisas do nada. Ninguém poderá impedir ou atrapalhá-lo em sua atividade. Em todo o mundo faz anunciar maravilhosamente a seu respeito: 
“Quem é como o SENHOR, que está nas alturas e se inclina para as profundidades? Quem ergue do pó o desvalido e tira o pobre do esterco, fazendo-o assentar-se entre os príncipes, entre os príncipes de seu povo?” – Salmo 113.5-8.
... Observa as cortes de todos os reis e príncipes, nas cidades e paróquias. Acaso não se concretiza esse salmo (113) com muitos exemplos? 
Encontrarás advogados, doutores, conselheiros, escrivães, pregadores que, em geral, eram pobres e que, seguramente, todos foram estudantes que subiram e cresceram a tal ponto de agora serem senhores, como diz o salmo e que, como príncipes, ajudam a governar as nações e os povos. 
... Deus não quer que reis, príncipes, senhores e nobreza por nascimento governem se sejam donos sozinhos. Quer que também seus mendigos participem. 
Do contrário, irão pensar que somente o nascimento nobre faz senhores e governantes, e não Deus somente. (OS 5 p.357)
...manda teu filho estudar com toda confiança. Ainda que, por enquanto, tenha que ficar mendigando pão, está oferecendo a Deus nosso Senhor uma madeira preciosa da qual pode talhar-te um Senhor. 
No final há que dar nisto, que teu filho e o meu, ou seja, filhos de gente humilde, hão de governar o mundo, tanto no estado espiritual quanto no secular, como testifica este salmo. (OS 5 p.357-358)
- Lutero se orgulhava de dizer que, como outros estudantes mais pobres, tocou “a modinha do pão”.
- Dizia que, com a graça de Deus, chegou a uma condição em que não trocaria riqueza de rei algum pelo seu conhecimento 
(OS 5 p.357).
Liberdade e vocação
“O cristão é um senhor libérrimo sobre tudo, a ninguém sujeito. O cristão é um servo oficiosíssimo de tudo, a todos sujeito”
Ruptura com a tradição medieval sobre a vocação. A vida cristã é uma vocação.
Deus não chama o cristão para fora do mundo, mas para dentro dele.
“Lutero sempre colheu seus exemplos de vocação da vida diária: o pai que lava fraldas fedorentas, a criada que varre o assoalho, o cervejeiro que faz boa cerveja. Estas atividades são formas concretas de servir ao próximo. O que Lutero quis dizer é que as pessoas não são chamadas a uma exigência que ultrapassa seus talentos, mas são chamadas apenas a serem fiéis àquilo que lhes foi dado. (Weirich, Cadernos Universitários, p. 44 e 45)
Cristãos no Brasil e a educação
Esforço histórico (Luteranos: “ao lado de cada igreja, uma escola”);
Crises nas instituições: econômicas e de gestão;
Crises e desafios nas famílias (mundo plural; tolerância x relativismo);
A educação nas igrejas (lacunas, centralização e sobrecargas).
Problemas nacionais?
Soluções locais? 
Esperança universal!
Daniel 12.3
Os mestres sábios, aqueles que ensinaram muitas pessoas a fazer o que é certo, brilharão como as estrelas do céu, com um brilho que nunca se apagará.