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Estudo de Caso Bim 5d

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
ROBERTO VARDANEGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIM 5D: ESTUDO DE CASO DE UMA EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí 
2017 
 
 
 
ROBERTO VARDANEGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIM 5D: ESTUDO DE CASO DE UMA EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL UNIFAMILAR 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Iniciação Científica e Tecnológica 
(TICT) apresentado como requisito para 
obtenção de título de Engenheiro Civil, pela 
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de 
Ciência Tecnológicas da Terra e do Mar. 
Professor: Moacir de Oliveira Junior. 
 
 
 
 
 
 
Itajaí 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais, Nilsa e 
Norberto. E também à minha irmã Renata 
pelo incentivo e exemplo de vida. 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho, tem como objetivo principal, aplicar a metodologia BIM 5D à uma 
edificação residencial unifamiliar no município de Itajaí/SC, a fim de acrescer maior precisão 
no levantamento de custos da obra. Considerando a atual conjuntura econômica do país e a alta 
volatilidade do mercado imobiliário da construção civil, os quais exigem que os 
empreendimentos a serem lançados tenham maior estudo integrado e maior velocidade na 
obtenção e análise de dados para sua viabilidade e concepção, o BIM surge como alternativa 
para facilitar esse processo, relacionando os custos e as características do empreendimento. Para 
o cumprimento dos objetivos deste trabalho, foram obtidos modelos de um mesmo 
empreendimento em formato .rvt (arquivo padrão do software Revit®) disponibilizados por 
uma empresa local. Os modelos foram analisados e corrigidos a fim de extrair, com precisão, o 
quantitativo necessário. Em seguida, criou-se um código de programação de linguagem visual 
utilizando o software Dynamo para automatizar o processo de extração dos quantitativos do 
modelo à uma planilha de orçamento. Levantadas as quantidades, foi elaborado uma planilha 
orçamentária atrelando-as os dados da base de custos da tabela SINAPI, calculando-se assim, 
o custo final do empreendimento e desenvolvendo as análises que servem como uma linha de 
base para o controle dos custos da obra, como a análise ABC. Alcançar um nível de precisão 
de 100% entre o custo orçado e o custo real executado não é possível, em virtude da perda de 
insumos durante o processo executivo e da variação do nível de produtividade da mão-de-obra. 
Todavia, a precisão do levantamento de custos tende a aumentar à medida em que se 
automatizam os processos de quantificação, reduzindo a propagação de erro humano durante 
esta etapa. 
 
Palavras-chave: BIM; Modelagem 5D; Programação de linguagem visual; Extração de 
quantitativos; Orçamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present work, has as main objective, apply the BIM 5D methodology to a single-family 
residential building, in order to increase the accuracy of the construction costs. Considering the 
current economic situation of the country and the high vilatility of the real estate construction 
market, wich require that the projects to be launched have a greater integrated study and a 
greater speed in ibtaining and analyzing data for its feasibility and design, BIM appears as an 
alternative to facilitate this process, relating the costs and characteristics of the enterprise. In 
order to fulfill the objectives of this course, we obtained models of the same enterprise in RVT 
format (standart Revit® file) available by a local company. The models were analyzed and 
corrected in order to extract, with precision, the necessary quantitative. Next, a visual language 
programming code was created using Dynamo to automate the process and extraction of the 
model quantitatives to a budget worksheet. Once the quantities were discovered, it was possible 
to prepare a budget worksheet linking them with the cost base of the SINAPI table, thus 
calculating the final cost of the project and enabling the development of analyzes that serve as 
a baseline for the control of construction costs, such as the ABC analysis. Achieving a 100% 
accuracy level between the budgeted cost and the actual cost incurred is not possible, due to the 
loss of inputs during the executive process and the change in the level of productivity of the 
workforce. However, the accuracy of costing tends to increase as the quantification processes 
are automated, reducing the propagation of human error during this step. 
 
Keywords: BIM, 5D modeling, Visual programing language, Quantitative takeoff, Budget. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FOLHA DE APRESENTAÇÃO 
 
Atendendo ao disposto no Regulamento do Curso de Engenharia Civil, submeto à consideração 
superior o presente TICT, realizado no período de 01/03/2017 a 27/10/2017, bem como as 
considerações a respeito do mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1: Classificação dos custos. ........................................................................................... 22 
Figura 2: Histórico do desenvolvimento da tabela SINAPI. .................................................... 27 
Figura 3: Curva ABC ................................................................................................................ 35 
Figura 4: Ciclo de modelagem BIM. ........................................................................................ 37 
Figura 5: Estrutura conceitual de uma família de objeto parede. ............................................. 39 
Figura 6: Formatos digitais que podem ser interligados utilizando plataforma BIM. .............. 41 
Figura 7: LOD 100 - Informações de área e volume. ............................................................... 42 
Figura 8: LOD 200 - Quantitativos........................................................................................... 43 
Figura 9: LOD 300 - Quantitativos de materiais ...................................................................... 43 
Figura 10: LOD 400 - Detalhes de fabricação. ......................................................................... 44 
Figura 11: LOD 500 - As built. ................................................................................................ 44 
Figura 12: Projeto arquitetônico tridimensional fornecido pela empresa................................. 52 
Figura 13: Detalhes das peças de uma família de parede em planta baixa. .............................. 54 
Figura 14: Projeto estrutural em formato RVT. ....................................................................... 54 
Figura 15: Posição das sapatas em formato RVT. .................................................................... 55 
Figura 16: Projeto hidrossanitário em formato RVT. ............................................................... 56 
Figura 17: Projeto elétrico do pavimento superior em formato DWG. .................................... 57 
Figura 18: Projetos vinculados no Revit®. .............................................................................. 58 
Figura 19: Inserção de componentes elétricos em paredes arquitetônicas. .............................. 59 
Figura 20: Inserção de dispositivos elétricos em planta baixa. ................................................ 60 
Figura 21: Encaixe do ponto de iluminação nas nervuras da laje............................................ 61 
Figura 22: Adaptação do ponto de iluminação. ........................................................................ 61 
Figura 23: Ligação entre conduítes e caixas de passagem. ...................................................... 62 
Figura 24: Modelo elétrico inserido no modelo arquitetônico. ................................................ 62 
Figura 25: Exemplo de componentes da linha Aquapluv Style. .............................................. 63 
Figura 26: Inserção de um tubo de queda de captação pluvial. ................................................ 64 
Figura 27: Projeto de drenagem ............................................................................................... 65 
Figura 28: Localização do comando "Forro" no Revit®. ......................................................... 66 
Figura 29: Diferença entre ambientes com e sem forro. .......................................................... 66 
Figura 30: Forro em vista de corte............................................................................................ 67 
Figura 31: Perfil de Rodapé. ..................................................................................................... 67 
 
 
Figura 32: Elemento de rodapé inserido em ambiente interno. ................................................ 68 
Figura 33: Peças (camadas) que compõe os elementos de piso e parede. ................................ 69 
Figura 34: Camadas ajustadas na posição correta de execução. ............................................... 69 
Figura 35: Encontro entre alvenaria laje e vigas (em corte). .................................................... 70 
Figura 36: Inserção de Nota-chave em elemento de piso. ........................................................ 71 
Figura 37: Criação de tabelas de quantidades .......................................................................... 72 
Figura 38: Tabela de Paredes criada no Revit®. ...................................................................... 73 
Figura 39: Campo de valor calculado. ...................................................................................... 75 
Figura 40: Tabela quantitativa de sapatas com parâmetro Área de Fôrmas ............................. 75 
Figura 41: Processo de exportação de tabelas no Revit®. ....................................................... 77 
Figura 42: Primeira parte do código de linguagem criado no Dynamo.................................... 79 
Figura 43: Segunda parte do código de linguagem criado no Dynamo.................................... 80 
Figura 44: Terceira parte do código de linguagem criado no Dynamo. ................................... 80 
Figura 45: Número de Nós BB Data inseridos no código de linguagem referente ao modelo 
estrutural. .................................................................................................................................. 81 
Figura 46: Dados exportados pelo Dynamo inseridos na planilha orçamentária. .................... 81 
Figura 47: Código de linguagem referente ao modelo elétrico. ............................................... 82 
Figura 48: Código de linguagem referente ao modelo hidrossanitário. ................................... 83 
Figura 49: Código de linguagem referente ao modelo estrutural. ............................................ 84 
Figura 50: Código de linguagem referente ao modelo arquitetônico. ...................................... 85 
Figura 51:Interação entre abas da planilha orçamentária. ........................................................ 89 
Figura 52: Custos por categoria de atividade. .......................................................................... 92 
Figura 53: Natureza dos custos do empreendimento. ............................................................... 93 
Figura 54: Curva ABC do empreendimento. ............................................................................ 98 
Figura 55: Proporção da origem dos dados quantitativos....................................................... 100 
Figura 56: Quantitativos por categoria. .................................................................................. 101 
Figura 57: Variação quantitativa entre elementos adaptados e não adaptados. ...................... 103 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1: Comparativo das relações do projeto e orçamento .................................................. 30 
Quadro 2: Classes da análise ABC. .......................................................................................... 33 
Quadro 3: Nível de precisão e esforço demandado da estimativa de custo .............................. 48 
Quadro 4: Relação de ambientes e áreas internas da residência............................................... 53 
Quadro 5: Relação de sapatas e suas respectivas dimensões. ................................................... 55 
Quadro 6: Ajustes executados no revestimento do modelo. ..................................................... 70 
Quadro 7: Tabelas extraídas dos modelos em Revit®. ............................................................ 74 
Quadro 8: Formato Padrão de tabela quantitativa. ................................................................... 76 
Quadro 9: Funções utilizadas para criação da linguagem de programação no Dynamo. ......... 78 
Quadro 10: Estrutura de tópicos da planilha orçamentária....................................................... 90 
Quadro 11: Custos por categoria de atividade. ......................................................................... 91 
Quadro 12: Cálculo do CUB para o empreendimento. ............................................................. 93 
Quadro 13: Classe “A” da análise ABC – 10,1% das atividades ............................................. 94 
Quadro 14: Classe “B” da análise ABC – 20,7% das atividades. ............................................ 96 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Exemplo de composição de custo extraída do SINAPI. ........................................... 86 
Tabela 2: Cálculo do BDI ......................................................................................................... 87 
Tabela 3: Comparação de quantitativos entre modelos ajustados e não ajustados. ................ 102 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção; 
BIM – Building Information Modeling 
BNH - Banco Nacional de Habilitação; 
CD - Custo direto; 
CI – Custo Indireto; 
CSI - Construction Specification Institute; 
CUB – Custo Unitário Básico; 
GSA - General Services Administration; 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística; 
LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias; 
PPR – Polipropileno Copolímero Random; 
SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil; 
TCPO – Tabela de Composições de Preços para Orçamentos; 
TCU – Tribunal de Contas da União. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 16 
1.1 Tema e Problema de Pesquisa ................................................................................... 16 
1.2 Objetivos .................................................................................................................... 17 
1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................17 
1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 17 
1.3 Justificativa ................................................................................................................ 17 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 19 
2.1 Gerenciamento de Projetos ........................................................................................ 19 
2.2 Gerenciamento de Custos .......................................................................................... 20 
2.2.1 Custo ................................................................................................................... 21 
2.2.1.1 Custo Direto .................................................................................................... 22 
2.2.1.2 Custo Indireto ................................................................................................. 22 
2.2.1.3 Benefícios e Despesas indiretas (BDI) ........................................................... 23 
2.2.2 Estimar custos ..................................................................................................... 24 
2.2.2.1 Custo Unitário Básico (CUB) ......................................................................... 25 
2.2.2.2 Sistema Nacional de Custos e índices da Construção Civil – SINAPI ........... 26 
2.3 Orçamento .................................................................................................................. 28 
2.3.1 Orçamento Analítico........................................................................................... 31 
2.3.2 Atributos do orçamento ...................................................................................... 31 
2.3.2.1 Aproximação ................................................................................................... 31 
2.3.2.2 Especificidade ................................................................................................. 32 
2.3.2.3 Temporalidade ................................................................................................ 32 
2.3.3 Análise ABC de custos ....................................................................................... 32 
2.3.3.1 Parâmetros da curva ABC ............................................................................... 33 
2.3.3.2 Benefícios da Curva ABC ............................................................................... 34 
2.4 Building Information Modeling (BIM) ...................................................................... 35 
 
 
2.4.1 Definição ............................................................................................................ 35 
2.4.2 Modelagem Paramétrica ..................................................................................... 37 
2.4.3 Interoperabilidade ............................................................................................... 39 
2.4.4 Level of Development – LOD ............................................................................ 42 
2.4.5 Dimensões dos modelos BIM ............................................................................. 44 
2.4.6 Modelagem 5D ................................................................................................... 45 
2.4.7 Levantamento de custos utilizando BIM ............................................................ 47 
2.5 Revit® ........................................................................................................................ 48 
2.6 Dynamo ...................................................................................................................... 49 
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 50 
3.1 Tipo de Pesquisa ........................................................................................................ 50 
3.2 População e participantes da pesquisa ....................................................................... 50 
3.3 Procedimentos ............................................................................................................ 50 
3.3.1 Recebimento dos projetos ................................................................................... 51 
3.3.2 Caracterização dos projetos recebidos ................................................................ 52 
3.3.2.1 Projeto Arquitetônico ...................................................................................... 52 
3.3.2.2 Projeto estrutural e fundações ......................................................................... 54 
3.3.2.3 Projeto hidrossanitário e drenagem ................................................................. 56 
3.3.2.4 Projeto elétrico ................................................................................................ 56 
3.4 Modelagem do projeto elétrico .................................................................................. 57 
3.4.1 Vínculos e gerenciamento .................................................................................. 57 
3.4.2 Inserção dos componentes elétricos ................................................................... 59 
3.5 Modelagem do projeto de águas pluviais e drenagem ............................................... 63 
3.5.1 Projeto de águas pluviais .................................................................................... 63 
3.5.2 Projeto de drenagem ........................................................................................... 65 
3.6 Análise e melhorias nos modelos ............................................................................... 65 
3.6.1 Inserção de forro e rodapé .................................................................................. 66 
 
 
3.6.2 Aprimoramento das camadas de revestimento ................................................... 68 
3.7 Extração dos quantitativos ......................................................................................... 71 
3.7.1 Tabelas e quantidades ......................................................................................... 72 
3.7.2 Exportação de tabelas ......................................................................................... 77 
3.7.3 Exportação de tabelas utilizando programação de linguagem visual ................. 78 
3.8 Planilha de Orçamento ............................................................................................... 86 
3.8.1 Composição de preços unitários ......................................................................... 86 
3.8.2 Benefícios e Despesas indiretas (BDI) ............................................................... 87 
3.8.3 Estrutura da planilha ........................................................................................... 87 
4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................... 91 
4.1 Custo do empreendimento ......................................................................................... 91 
4.1.1 Origem dos custos .............................................................................................. 92 
4.1.2 Comparação com o Custo Unitário Básico (CUB) ............................................. 93 
4.2 Análise ABC .............................................................................................................. 94 
4.3 Resultados e análises complementares ...................................................................... 99 
4.3.1 Dados quantitativos extraídos utilizando a metodologia BIM ........................... 99 
4.3.1.1 Relação de quantidades automatizadas ...........................................................99 
4.3.1.2 Aspectos importantes para aprimoramento da precisão quantitativa ............ 101 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ................................................. 104 
5.1 Recomendações para trabalhos futuros .................................................................... 107 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 108 
6 APÊNDICES .................................................................................................................. 113 
16 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Tema e Problema de Pesquisa 
 Tendo em vista um mercado cada vez mais competitivo e um consumidor exigente, todo 
empreendimento requer para seu sucesso uma série de procedimentos, como um estudo de 
viabilidade econômica, um orçamento detalhado e um rigoroso acompanhamento físico-
financeiro da obra (KNOLEISEN, 2003). Por isso, o alinhamento entre a engenharia na 
concepção do produto com novas tecnologias, torna-se um fator preponderante para a realização 
de obras viáveis nos fatores qualidade e custo. 
O BIM (Building Information Modeling), que é a metodologia de modelagem de 
informação da construção, tem se tornado uma ferramenta de trabalho importante para os 
profissionais da indústria AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção). O BIM, ao contrário 
do CAD (Computer Aided Design), deixa de lado a ideia de trabalhar com linhas que impunham 
aos profissionais a necessidade da interpretação subjetiva, e traz consigo o conceito de ser um 
protótipo digital da obra que, por meio de parâmetros interligados, é capaz de uma interpretação 
simples, clara e direta das informações. 
Por meio da metodologia BIM, atribui-se outros fatores além das três dimensões 
convencionais. Nela, é acrescido a variável tempo (BIM 4D), sendo atrelado aos elementos 
gráficos da edificação com o cronograma, e também a variável custo (BIM 5D). Esta variável 
vincula cada elemento do modelo tridimensional à dados de custo, sendo possível conhecer a 
composição de cada componente da edificação, trazendo mais precisão e confiabilidade no 
orçamento. A tendência é que esse modelo fique mais próximo dos canteiros de obra, para que 
atrasos no cronograma e retrabalhos sejam minimizados ao máximo (EASTMAN, et al, 2014). 
Um aspecto fundamental considerado no processo BIM é a capacidade de definir a 
forma como os elementos interagem entre si, como por exemplo a forma como se ligam diversos 
elementos estruturais ou como se posicionam os elementos arquitetônicos relativamente aos 
elementos estruturais e instalações prediais. 
Nassar (2012) conclui que a utilização do BIM para determinar uma estimativa de custos 
produz ganhos significativos de velocidade e precisão neste processo. Esses ganhos se devem 
ao fato de que o quantitativo é extraído automaticamente de um modelo tridimensional com os 
objetos parametrizados, conforme é explicado ao longo do trabalho. 
17 
 
 
 
O uso do BIM, ao possibilitar quantificação automática e precisa e, consequentemente, 
reduzir a variabilidade na orçamentação e aumentar sua velocidade, permite a exploração de 
mais alternativas de projeto (WITICOVSKI, 2011). 
De acordo com a colocações apresentadas, formula-se o problema de pesquisa. Como 
utilizar a plataforma BIM, incluindo a variável custo aos projetos executivos de uma residência 
unifamiliar para que se tenha maior assertividade no levantamento de custos da obra? 
 
1.2 Objetivos 
1.2.1 Objetivo Geral 
Aplicar a metodologia BIM 5D à uma edificação residencial unifamiliar, a fim de 
acrescer maior precisão no levantamento de custos da obra. 
 
1.2.2 Objetivos Específicos 
• Adaptar os projetos executivos (arquitetônico, estrutural e hidrossanitário) no software 
Revit®, modelando-os de modo que fiquem análogos à realidade do canteiro de obras; 
• Modelar os projetos elétrico e de águas pluviais da edificação, a fim de extrair dados 
quantitativos dos mesmos; 
• Criar códigos de linguagem visual para extração de dados quantitativos dos modelos; 
• Elaborar uma planilha de orçamento integrando os dados extraídos dos modelos gerados 
no Revit® e indexados a base de custos SINAPI; 
• Fornecer a análise ABC da edificação para auxiliar o processo de controle das 
atividades; 
• Analisar os resultados obtidos; 
 
1.3 Justificativa 
Por ser um sistema que está sendo implementado aos poucos no Brasil, o sistema BIM 
necessita de mais estudos para que os profissionais saibam qual a melhor forma de projetar, 
planejar e orçar nessa plataforma. Os gastos adicionais de retrabalho e atrasos por conta da falta 
de planejamento, tem grande peso no orçamento final da obra. Por isso é de suma importância 
que os projetos sejam modelados e planejados da melhor forma, ou seja, o mais próximo da 
realidade. 
Se todo processo de concepção e implementação do empreendimento é realizado por 
equipes que projetam no sistema BIM e se há uma metodologia de plano de obra e coordenação, 
18 
 
 
 
a utilização do BIM 5D (integração dos projetos com planejamento e levantamento de custos), 
enriqueceria todo trabalho realizado pela equipe de gestão. Pois com essa ferramenta, é possível 
o acompanhamento do avanço físico da construção, permitindo, por meio dos recursos gráficos, 
que se comunicam com os projetos transpostos dentro da plataforma, que o engenheiro se 
antecipe aos processos mais eficientemente, elaborando assim, melhores soluções, descobrindo 
erros de projeto e supressões antes da execução. 
Com a utilização da modelagem 5D, espera-se um aumento na precisão da estimativa 
de custos por meio da identificação automática dos componentes da construção. Melhado 
(1994) diz que a precisão dos custos está relacionada ao nível de detalhamento e qualidade das 
informações dos projetos. 
Cho, Son e Chun (2011) citam que, utilizando BIM, a extração dos quantitativos é 
automática e os orçamentistas podem utilizar os quantitativos para calcular os custos de um 
empreendimento com maior precisão, melhorando a aplicação dos materiais e dos serviços, 
reduzindo o desperdício nas obras de construção civil. 
Muitos softwares BIM destinados a modelagem 5D, como o Innovaya e VICO 
Estimator, extraem os dados diretamente do modelo e produzem um eficaz orçamento. Estes 
softwares não apresentam, porém, versões educacionais gratuitas, necessárias para 
desenvolvimento deste trabalho. Além disso, é desconhecido o meio pelo qual é realizada a 
atualização do banco de dados relativos aos custos nestes aplicativos. Este é um empecilho 
grave para sua utilização, visto que no mercado brasileiro os preços dos insumos sofrem 
atualizações constantemente. 
A partir da constatação da falta de estudos aprofundados sobre o processo de formatação e 
extração de dados quantitativos do modelo, este trabalho visa retratar melhor este processo, 
demonstrando como o mesmo é realizado e como se pode interliga-lo com uma base de dados 
gerando um levantamento de custos e um orçamento. A metodologia apresentada é uma das 
formas de se aplicar a modelagem 5D, não sendo a única, mas servindo de parâmetro para 
outros estudos que visam o aprimoramento dos processos de modelagem. 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
2.1 Gerenciamento de Projetos 
 De acordo com (PMI, 2013), um projeto pode ser definido como um esforço temporário 
empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos 
projetos indica que eles têm um início e um térmico definidos. O término é alcançado quando 
os objetivos do projeto são atingidos ou quando o projeto é encerrado porque os seus objetivos 
não são ou nãopodem ser alcançados; ou quando há necessidade do projeto deixar de existir. 
Outro motivo seria o cliente desejar encerrá-lo. Temporário não significa necessariamente de 
curta duração, mas por ocorrer apenas por um tempo determinado. 
O termo temporário normalmente não se aplica ao produto, serviço, ou resultado criado 
pelo projeto; a maioria dos projetos é empreendida para criar um resultado duradouro. Por 
exemplo, um projeto de construção de um monumento nacional criará um resultado que deverá 
durar séculos. Os projetos também podem ter impactos sociais, econômicos e ambientais que 
terão duração mais longa que os projetos propriamente ditos. 
O guia PMI (2013) ressalta que um projeto pode criar: 
• Um produto que pode ser um componente de outro item, um aprimoramento de outro 
item, ou um item final; 
• Um serviço ou a capacidade de realizar um serviço; 
• Uma melhoria nas linhas de produtos e serviços; ou 
• Um resultado, como um produto ou documento; 
O gerenciamento de projetos, é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas 
e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos. O gerenciamento de projetos 
é realizado por meio da aplicação e integração de apropriadas dos 47 processos de 
gerenciamento de projetos, logicamente agrupados em cinco grupos de processos. Esses cinco 
grupos de processos são: 
• Iniciação, 
• Planejamento; 
• Execução; 
• Monitoramento e controle; 
• Encerramento; 
O gerenciamento de um projeto normalmente inclui, mas não se limita a: 
• Identificação dos requisitos; 
20 
 
 
 
• Abordagem das diferentes necessidades, preocupações e expectativas das partes 
interessadas no planejamento e execução do projeto; 
• Estabelecimento, manutenção e execução de comunicações ativas, eficazes e 
colaborativas entre as partes interessadas; 
• Gerenciamento das partes interessadas visando o atendimento aos requisitos do projeto 
e a criação das suas entregas; 
• Equilíbrio das restrições conflitantes do projeto que incluem, mas não se limitam, a: 
o Escopo, 
o Qualidade, 
o Cronograma, 
o Orçamento, 
o Recursos, e 
o Riscos. 
Esses fatores estão relacionados de tal forma que se algum deles mudar, pelo menos um 
outro fator provavelmente será afetado. Por exemplo, se o cronograma for abreviado, muitas 
vezes o orçamento precisará ser aumentado para incluir recursos adicionais a fim de concluir a 
mesma quantidade de trabalho em menos tempo. Se não for possível um aumento no orçamento, 
o escopo ou a qualidade poderão ser reduzidos para entregar o produto do projeto em menos 
tempo com o mesmo orçamento. As partes interessadas no projeto podem ter ideias divergentes 
sobre quais fatores são os mais importantes, gerando um desafio maior ainda (PMI, 2013). 
PMI (2013 p. 6) afirma. “A equipe do projeto precisa ser capaz de avaliar a situação, 
equilibrar as demandas e manter uma comunicação proativa com as partes interessadas a fim 
de entregar um projeto bem-sucedido”. Devido ao potencial de mudanças, o desenvolvimento 
do plano de gerenciamento do projeto é uma atividade iterativa elaborada de forma progressiva 
ao longo do ciclo de vida do projeto. A elaboração progressiva envolve a melhoria continua e 
o detalhamento de um plano conforme informações mais detalhadas e especificas e estimativas 
mais exatas tornam-se disponíveis. 
 
2.2 Gerenciamento de Custos 
 O Guia PMI (2013) afirma que o gerenciamento dos custos do projeto inclui os 
processos envolvidos em planejamento, estimativas, orçamentos, financiamentos, 
gerenciamento e controle dos custos, de modo que, o projeto possa ter terminado dentro do 
orçamento aprovado. O gerenciamento de projeto é a aplicação de conhecimento, habilidades, 
21 
 
 
 
ferramentas e técnicas às atividades deste, a fim de atender aos seus requisitos. O gerenciamento 
de custos do projeto envolve quatro processos: 
1. Planejar o gerenciamento de custos: é o processo de estabelecer as políticas, os 
procedimentos e a documentação para o planejamento, gestão, despesas e controle dos 
custos do projeto; 
2. Estimar os custos: é o processo de desenvolvimento de uma estimativa de custos dos 
recursos monetários necessários para terminar as atividades do projeto; 
3. Determinar o orçamento: é o processo de agregação dos custos estimados de atividades 
individuais ou pacotes de trabalho para estabelecer uma linha de base dos custos 
autorizada. 
4. Controlar os custos: é o processo de monitoramento do andamento do projeto para 
atualização no seu orçamento e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base de 
custos. 
Em alguns projetos, especialmente aqueles com menor escopo, a estimativa e orçamento 
de custos estão tão firmemente interligados que podem ser vistos como um processo único que 
pode ser realizado por uma pessoa num período de tempo relativamente curto. A habilidade de 
influenciar o custo é maior nos estágios inicias do projeto, tornando crítica a definição inicial 
do escopo. 
 
2.2.1 Custo 
 Para Dias (2002), a palavra “custo”, que muitas vezes se confunde com as palavras 
“despesa” e “gasto”, é definida da seguinte forma: “A palavra “custo” é o termo genérico 
utilizado para referir-se a qualquer gasto, seja ou não monetário, aplicado na produção de um 
bem ou serviço. Pode-se definir também custo como sendo um esforço econômico despendido 
na consecução de um produto”. 
De forma ampla, os custos podem ser divididos em dois grandes grupos, segundo 
Trajano (1985 apud DIAS, 2002). Os custos empresariais dizem respeito à administração 
central da organização, e geralmente independem do volume de produção. Já os custos de 
produção são aqueles relacionados com a fabricação do produto, incluindo todos os recursos 
necessários à sua produção (DIAS, 2002). Para Trajano (1985), a classificação geral dos custos, 
pode ser demostrada conforme Figura 1. 
22 
 
 
 
 Figura 1: Classificação dos custos. 
 
 Fonte: Adaptado de Trajano (1985) apud DIAS (2002) p. 115. 
 
Já Mattos (2010), afirma que desde o ponto de vista de categorização, os custos podem 
ser agrupados em três grandes famílias com características próprias: 
• Custo Direto; 
• Custo Indireto; 
• Custo Casual; 
 
2.2.1.1 Custo Direto 
Denomina-se custo direto (CD) ou interno aquele diretamente associado à execução da 
atividade propriamente dita. Ele representa o custo do serviço de campo, englobando a mão de 
obra diretamente envolvida no serviço, o material aplicado e o equipamento utilizado. 
Normalmente, o CD é calculado a partir das composições de custo unitário dos serviços. 
(MATTOS, 2010) 
Uma conclusão importante é que o custo direto só é incorrido quando a tarefa se executa 
– quando não se executa qualquer m² de parede, não há o que se falar em custo direto. 
(BOITEUX, 1979). 
 
2.2.1.2 Custo Indireto 
 Mattos (2010), afirma que em toda obra há um sem-número de despesas que não 
pertencem a um serviço ou uma frente de serviço específica. São custos que ocorrem 
23 
 
 
 
independentemente das quantidades produzidas pela obra e não são incluídas nas composições 
de custos unitários dos serviços. Esse tipo de custo se denomina indireto (CI), porque o que 
gera o custo não está diretamente associado às atividades de produção do campo (custo direto). 
 O CI geralmente inclui despesas de mobilização, manutenção do canteiro de obras, 
despesas correntes (material de escritório, contas de água, luz, telefone, etc), equipe técnica 
(engenheiro, mestre de obras, encarregado etc) , equipe de suporte (almoxarife, técnico de 
segurança do trabalho, vigia, etc) e equipe administrativa (secretária, contínuo, copeira etc), 
entre outros itens que variam em funçãodo porte e da complexidade da obra. É complicado 
determinar o custo indireto de uma atividade isolada (MATTOS, 2010). 
 
“Normalmente o CI não é constante ao longo do tempo, pois apresenta 
maior concentração de despesas no início do projeto, quando há 
mobilização da obra. Nos meses seguintes, os valores aproximam-se 
mais ou menos da linearidade. Enquanto o custo direto é função direta 
da quantidade produzida, o mesmo não se pode dizer do custo indireto.” 
(MATTOS, 2010, p.325). 
 
O custo indireto é proporcional ao prazo do projeto. Um atraso no projeto sempre gera 
aumento no CI, ainda que o CD permaneça mais ou menos constante (pois as quantidades de 
serviço não aumentam). Em contrapartida, uma antecipação do projeto propicia uma 
diminuição do CI. (MATTOS, 2010). 
 
2.2.1.3 Benefícios e Despesas indiretas (BDI) 
O custo total de um empreendimento é constituído por dois grandes grupos de custos ou 
despesas: os custos diretos e as despesas indiretas. 
Todos os custos de um empreendimento se classificam como diretos ou como indiretos, 
portanto, é válida a expressão: CD + DI= CT, sendo: 
• CD= custos diretos, 
• DI= custos indiretos (despesas indiretas) e, 
• CT= custo total. Dividindo os dois membros dessa expressão por CD, tem-se 
 1 + 𝐷𝐷𝐷𝐷
𝐶𝐶𝐷𝐷
= 𝐶𝐶𝐶𝐶
𝐶𝐶𝐷𝐷
 
 
24 
 
 
 
O primeiro membro é o fator que, multiplicado pelo custo direto nos dá o custo total. O 
benefício, ou lucro, é a remuneração do empreendimento, associada ao risco da sua realização. 
Não deve ser confundida com a remuneração do capital, pois esta é computada na forma de 
juros (PARISOTO, 2003). 
Segundo Mattos (2010) o BDI é o percentual que deve ser aplicado sobre o custo direto 
dos itens da planilha da obra para se chegar ao preço de venda. Portanto, dá-se a designação de 
Benefícios (ou Bonificação) e Despesas Indiretas (BDI) ao quociente da divisão do custo 
indireto (DI) - acrescido do lucro (B) - pelo custo direto da obra. O BDI, portanto, inclui: 
• Despesas indiretas de funcionamento da obra; 
• Custo da administração central (matriz); 
• Custos financeiros; 
• Fatores imprevistos; 
• Impostos; 
• Lucro. 
O custo direto, acrescido do BDI (despesas indiretas e lucro ou benefício), formam o 
preço de venda ou comercialização do empreendimento. 
 
𝐶𝐶𝐷𝐷 + 𝐷𝐷𝐷𝐷 + 𝐵𝐵 = 𝐶𝐶𝐷𝐷 + 𝐵𝐵𝐷𝐷𝐷𝐷 = 𝐶𝐶𝐶𝐶 + 𝐵𝐵 = 𝑃𝑃 ∗ 𝐴𝐴 
 
A incidência das despesas indiretas, pode, às vezes, ser questionada e considerada 
subjetiva, mas a observação, cuidadosa e a experiência podem conduzir a valores objetivos e 
confiáveis. 
 
2.2.2 Estimar custos 
 Estimar os custos tem como objetivo desenvolver uma estimativa dos custos dos 
recursos necessários para executar as atividades do projeto. Seu principal benefício é, 
justamente, a estimativa dos recursos financeiros necessários, pois tal estimativa primeiramente 
levará o patrocinador, ou grupo de patrocinadores, a definir se o projeto é viável ou não, além 
de possibilitar que a equipe de gerenciamento de projeto considere outros pontos, como, por 
exemplo, a definição se certas atividades são feitas internamente ou se são terceirizadas, ou se 
determinados equipamentos são comprados ou alugados, entre outros. (KHEMLANI, 2006). 
O guia PMI (2013) acrescenta que um ponto interessante a se destacar é que a estimativa 
de recursos financeiros necessários para execução do projeto pode variar com o decorrer do 
25 
 
 
 
projeto, ou seja, esta estimativa poderá ser refinada durante o ciclo de vida do projeto. A 
estimativa realizada no início do projeto pode ter a ordem de grandeza entre -25% e +50%, ou 
seja, com o decorrer do projeto o valor real, em comparação com a estimativa, pode ser até 25% 
menor ou atingir até 50% acima do previsto. Conforme o projeto evolui esta variação diminui 
e pode alcançar uma taxa de variação entre -5% e +10%. Algumas organizações tem diretrizes 
que determinam quando os refinamentos serão realizados e qual grau de exatidão esperado. 
A estimativa de custos para proposta de projetos de construção civil consiste em três 
grandes processos: classificar todos os produtos da construção que constituem uma edificação 
em itens; levantar quantitativos desses itens e processar os custos do projeto. Especificações 
para a padronização destes processos, como o UniFormat e Masterformat, necessitam ser 
rigorosamente cumpridas com a finalidade de desenvolver uma eficaz e rigorosa estimativa de 
custos (MA, 2013). Complementando esta afirmação se demonstra a necessidade de um sistema 
de classificação padronizado com as características da indústria AEC (Arquitetura, Engenharia 
e Construção) nacional. 
 
2.2.2.1 Custo Unitário Básico (CUB) 
O CUB (Custo Unitário Básico) é uma forma aproximada de orçamento, a qual 
geralmente é usada na fase de estudo de viabilidade de um empreendimento ou quando se está 
realizando o seu planejamento preliminar, para se obter o custo da obra por meio do produto 
das áreas de construção por custos unitários por m². De acordo com Mattos (2006), a utilização 
do Custo Unitário Básico não impede as construtoras de criarem outros índices baseados nos 
custos de obras anteriores, apesar de ser o parâmetro mais utilizado quando se trata de obras de 
edificações. 
 
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐵𝐵 = 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 + 𝑀𝑀ã𝑜𝑜 𝑑𝑑𝑀𝑀 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑀𝑀𝑀𝑀 + 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝑀𝑀𝐸𝐸𝑀𝑀𝐸𝐸𝑀𝑀𝐸𝐸𝑀𝑀𝑜𝑜𝑀𝑀Á𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 𝐶𝐶𝑜𝑜𝐸𝐸𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝐸𝐸í𝑑𝑑𝑀𝑀 
 
Para o cálculo do CUB despreza-se os custos relacionados à: 
• Terreno, ITBI, IPTU, custos notariais, registro de incorporação, escrituras, etc; 
• Projetos de arquitetura, paisagismo, estruturas, instalações, fundações, aprovação dos 
projetos, etc; 
• Fundações: fundações especiais, movimentação de terra, submuramentos, paredes-
diafragma, tirantes, rebaixamento de lençol freático, etc 
26 
 
 
 
• Equipamentos extras: elevadores, fogões, aquecedores, bombas de recalque, 
equipamentos de incineração, ar-condicionado, calefação, ventilação ou exaustão, etc; 
• Obras e serviços complementares: urbanização, recreação, playground, piscinas, 
campos de esporte, paisagismo, etc; 
• Despesas indiretas: cópias, orçamentos, emolumentos, equipe técnica, escritório 
central, seguros, serviços de proteção coletiva, etc; 
• Impostos; 
 
2.2.2.2 Sistema Nacional de Custos e índices da Construção Civil – SINAPI 
O SINAPI é um sistema de pesquisa mensal que informa custos e índices da construção 
civil. Este sistema foi implantado em 1969, pelo extinto Banco Nacional de Habitação (BNH), 
com o objetivo de fornecer ao governo federal e ao setor da construção civil um conjunto de 
informações mensais sobre custos e índices da construção civil de forma sistemática e de 
abrangência nacional (CEF, 2015). 
De acordo com a CEF (2015), o SINAPI foi criado em 1969, pelo Banco Nacional de 
Habitação (BNH), com delegação ao IBGE para a produção e divulgação de preços de insumos 
como mão de obra e materiais de construção, ocorrendo ao longo do tempo uma ampliação 
destas tarefas de forma a que houvesse a divulgação de índices para o setor, até que com a 
extinção do BNH, nos anos 80, os trabalhos que cabiam a si passaram para a Caixa. 
A LDO (Lei de diretrizes orçamentárias) da União incluiu o SINAPI como balizador 
para os órgãos públicos no orçamento de obras, especialmente, quando houver repasse de 
recursos federais por entes intervenientes, sendo aceito e usado também em orçamentos de 
obras públicas que não são objeto de repasses, determinação que foi mantida até a LDO de 2013 
(BRASIL, 2013). 
Com a edição do Decreto Presidencial nº 7.983 (BRASIL, 2013), o SINAPI passou a 
ser por ele regido, de sorte a dar-se caráterpermanente, reduzindo a sua dependência às 
definições da LDO, que variavam conforme suas versões anuais. No entanto, foram mantidas 
todas as atribuições e regras anteriormente atribuídas ao SINAPI. 
 A Figura 2 apresenta um resumo do histórico do desenvolvimento da tabela SINAPI. 
 
27 
 
 
 
Figura 2: Histórico do desenvolvimento da tabela SINAPI. 
 
Fonte: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (2015). 
 
O custo dos materiais, equipamentos e mão de obra são aferidos mensalmente nas 27 
capitais da federação e em seguida disponibilizados no site da Caixa Econômica Federal. Ao 
utilizar as composições do SINAPI, calcula-se os custos para projetos residenciais, comerciais, 
equipamentos comunitários e saneamento básico. Os dados são utilizados para a verificação e 
aferição dos custos em empreendimentos financiados pela Caixa Econômica Federal e pelo 
Governo Federal (SAKAMORI, 2015). 
Os dados utilizados foram os presentes na Tabela SINAPI sem desoneração. Devido às 
regulamentações dispostas nas Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013, considera-se que 
podem desonerar a folha de pagamentos da construção civil as empresas que optam pelo 
desconto de 2% sobre o faturamento. Nos demais casos é descontado 20% sobre a folha de 
pagamento a título de encargos sociais “padrão”. 
 
2.2.3 Levantamento de quantitativos 
O levantamento de quantitativos é a base de qualquer estimativa de custo. Estimar custos 
requer o conhecimento de cada propriedade de cada elemento de construção e como este pode 
ser quantificado (AZEVEDO, 2009). De acordo com Alder (2006) esta é a atividade mais 
importante em um levantamento de custos e é uma atividade que mais demanda recursos e 
tempo. 
O método utilizado para obter o custo da construção está relacionado com o estágio de 
detalhamento do projeto, com o tempo disponível para análise e com o uso a que se destina. 
Entretanto, os métodos invariavelmente compreendem análise dos dados históricos de projetos 
anteriores, os quais englobam as composições, os quantitativos e as relações entre as variáveis 
geométricas (PARISOTTO, 2003). 
28 
 
 
 
 Passo preliminar ao estabelecimento do orçamento de uma obra, o levantamento de 
quantitativos (takeoff, no inglês) constitui-se em um processo demorado de contagem de 
componentes realizados da leitura e interpretação de conjuntos de desenhos impressos, ou mais 
recentemente, desenhos CAD (SABOL, 2008). 
Sabol (2008) ainda afirma que este processo (manual) de levantamento de quantitativos 
está sujeito a erros humanos, os quais tendem a propagar imprecisões nos orçamentos. 
Atualmente, a quantificação, da forma tradicionalmente feita, é demorada, podendo consumir 
de 50% a 80% do tempo de um de um engenheiro orçamentista em um projeto. 
Toenjes (2000) diz que métodos que fazem a estimativa de dados automaticamente 
podem diminuir o tempo e reduzir a possibilidade de erros e falhas no processo de estimativa 
de quantitativos. Uma estimativa de dados automatizada permite a compilação, padronização e 
integração dos dados em outros departamentos da empresa. 
O levantamento de quantitativos do projeto, quando realizado em um ambiente BIM, 
permite uma rápida avaliação sobre o impacto de uma decisão do projeto no custo da obra 
(SANTOS et al., 2009). De acordo com a Autodesk Inc. (2005), no modelo BIM são definidos 
os parâmetros que permitem uma extração de quantidade de materiais e qualquer outra 
informação da construção definida no escopo do projeto. 
Uma das grandes vantagens da utilização do BIM para a extração de quantitativos é que 
os atributos dimensionais são extraídos diretamente do modelo, eliminando os problemas 
causados por utilização incorreta da escala no projeto (ALDER, 2006). 
 
2.3 Orçamento 
Limmer (1997), define orçamento como sendo a determinação dos gastos necessários 
para a realização de um projeto. A preparação de um orçamento é imprescindível para um bom 
planejamento, pois é com base nele que advém o sucesso de qualquer empreendimento de 
construção predial. O orçamento é baseado na previsão de atividades futuras logicamente 
encadeadas e que acarretam custos, geralmente expressos em termos de uma unidade monetária 
padrão, e que se tornam uma previsão de ocorrências monetárias ao longo do prazo de execução 
do projeto. 
Ainda segundo Limmer (1997), a preparação de um orçamento é imprescindível para um 
bom planejamento, pois é com base nele que é construído o sucesso de qualquer 
empreendimento de construção predial. Para Coelho (2006), somente após a conclusão do 
orçamento pode-se determinar a viabilidade técnico-econômica do empreendimento, o 
29 
 
 
 
cronograma físico-financeiro da obra, o cronograma detalhado do empreendimento e os 
relatórios para acompanhamento físico-financeiro da obra. 
Para Mattos (2006), um grande número de variáveis influencia no custo de um 
empreendimento, e por isso, a técnica orçamentária envolve a identificação, descrição, 
quantificação, análise e valoração de um grande número de itens, o que requer, portanto, muita 
atenção e habilidade técnica do orçamentista. 
O orçamento pode se confundir com orçamentação, que é o processo de determinação 
do orçamento, pois este é um produto da orçamentação. Muitos estudos devem ser feitos para 
que se minimizem ao máximo as lacunas e considerações inapropriadas num orçamento, uma 
vez que o orçamento é elaborado antes da construção do produto (MATTOS, 2006). 
Verificando que os orçamentos são realizados antecipadamente às obras, deve-se buscar 
sempre um orçamento mais próximo da realidade, sendo que o ideal de 100% de acerto é 
inatingível antes da construção (SCHEER, 2009). O nível de precisão do orçamento está ligado 
diretamente ao estágio de desenvolvimento do projeto: quanto maior o nível de detalhamento 
maior será a precisão do orçamento. 
Para que um orçamento seja realizado, o orçamentista precisa considerar todos os detalhes 
que possam ter impacto em custos durante a execução de uma obra de construção civil (LOSSO, 
1995). Knolseisen (2003) afirma que o orçamento se inicia com a interpretação minuciosa de 
todos os projetos arquitetônicos, estrutural, fundação, elétrico, hidráulico e todas as 
especificações e memoriais para, em seguida, passar à definição da estrutura analítica do projeto 
(EAP). 
Um dos maiores problemas na execução de um orçamento é a visualização incorreta das 
informações contidas no projeto. Uma vez que um projeto é representado em uma série de 
desenhos, o conteúdo desses documentos pode não ser claro para todos os que o utilizam. Se 
não estiverem totalmente visualizados, compreendidos e comunicados, podem não ser 
corretamente representados no orçamento, criando, assim, problemas durante a construção 
(KYMMEL, 2008). 
De acordo com Andrade (1996) existem muitos tipos de orçamento de produto utilizados 
na construção civil. Os orçamentos mais utilizados são os seguintes: 
I. Convencional: feito a partir de composições de custos, dividindo os serviços em partes 
e orçando por unidade de serviço; 
30 
 
 
 
II. Executivo: preocupa-se com todos os detalhes de como a obra será executada, 
modelando os custos de acordo com a forma que eles ocorrem na obra ao longo do 
tempo; 
III. Paramétrico: é um orçamento aproximado, utilizado em estudos de viabilidade ou 
consultas rápidas de clientes. Está baseado na determinação de constantes de consumo 
dos insumos por unidades de serviço. 
 
Utilizando a adaptação realizada por Sakamori (2015) do estudo de Ávila et al. (2003) 
com a classificação desenvolvida por Andrade (1996) é possível verificar o nível de precisão 
de cada tipo de orçamento. Conforme apresenta o Quadro 1. 
 
Quadro 1: Comparativo das relaçõesdo projeto e orçamento 
Orçamento Margem de Erro* Elementos técnicos necessários 
Paramétrico 20 a 15% 
Anteprojeto ou projeto indicativo 
Preços unitários de serviços de referências 
Especificações genéricas 
Índices físicos e financeiros de obras semelhantes 
Convencional 15% a 5% 
Projeto Executivo 
Projetos complementares 
Especificações dos serviços e materiais 
Preços de insumos de acordo com escala de serviços 
Executivo 5% a 1% Todos os elementos necessários ao orçamento detalhado mais o planejamento da obra. 
*o erro diminui conforme o nível de detalhamento dos elementos técnicos 
Fonte: Adaptado por Sakamori (2015) (AVILA et al., 2003). 
 
Comparando o orçamento executivo e o orçamento convencional a diferença está na 
utilização do planejamento para a definição dos custos. Ao se executar um orçamento 
executivo, parte-se de uma programação prévia, analisando todo o processo construtivo para se 
chegar a uma estimativa de custo detalhada. Nesta última abordagem, apenas o custo dos 
materiais é proporcional à quantidade produzida, enquanto os custos de mão de obra e 
equipamentos são proporcionais ao tempo (GELDERMAN et al., 2005). 
Como visto anteriormente, a aplicação do BIM no projeto colaborativo pode contribuir 
tanto para aprimorar o processo de obtenção das quantificações dos elementos desenhados a 
partir da modelagem 4D, quanto o levantamento de custos e prazos para a execução (FLORIO, 
2007). 
31 
 
 
 
 
2.3.1 Orçamento Analítico 
Segundo Mattos (2006), o orçamento analítico constitui a maneira mais detalhada e 
precisa de se prever o custo da obra. Ele é efetuado a partir de composições de custos e 
cuidadosa pesquisa de preços dos insumos. Obtém-se um valor bem próximo do custo “real”. 
Vale-se de uma composição de custos unitários para cada serviço da obra, levando em 
consideração quanto de mão-de-obra, material e equipamento é gasto em sua execução. 
 Além do custo dos serviços, são computados também os custos de manutenção do 
canteiro de obras, equipes técnica, administrativa e de suporte da obra, taxas e emolumentos, 
entre outros, chegando a um valor preciso e coerente. (MATTOS, 2006). 
 
2.3.2 Atributos do orçamento 
Para Mattos (2006), uma composição de custos não pode ser vista como uma fria 
coleção de números que pode ser retirada de um livro ou de um manual. Ao contrário, ainda 
que o processo de elaboração dos custos seja regido por conceitos fundamentais de 
orçamentação, ele deve ser capaz de retratar a realidade do projeto. Por se tratar de um estudo 
feito a priori, há sempre uma margem de incerteza embutida no orçamento. Muitas são as 
premissas de cálculo adotadas e a defasagem de tempo entre o momento da orçamentação e o 
da realização da tarefa pode ser bastante dilatado. 
 
2.3.2.1 Aproximação 
Por se basear em previsões, todo orçamento é aproximado. Por mais que todas as 
variáveis sejam ponderadas, há sempre uma estimativa associada (MATTOS, 2006). 
Mattos (2006) também afirma alerta: o orçamento não deve ser exato, mas preciso. A 
prática da orçamentação, aliada aos cálculos e métodos adequados, deve fornecer um valor 
próximo ao custo real de um projeto. Quanto mais apurada e criteriosa for a orçamentação, 
menor será a margem de erro e as chances de desastres financeiros no decorrer das obras. A 
aproximação de um orçamento está presente em praticamente todos os itens, como mão de obra, 
materiais (incluindo as perdas, impostos e tributos) e até na produtividade dos equipamentos 
utilizados para a execução dos serviços. 
 
32 
 
 
 
2.3.2.2 Especificidade 
Segundo Mattos (2006), o orçamento para a construção de uma casa em uma cidade é 
diferente do orçamento de uma casa igual em outra cidade. Não se pode falar em orçamento 
padronizado ou generalizado. Por mais que um orçamentista se baseie em algum trabalho 
anterior, é sempre necessário adaptá-lo à obra em questão. 
Destaca também, que todo orçamento está intrinsecamente ligado a: 
• Empresa: o orçamento traz implícita a política da empresa na quantidade de cargos de 
supervisão previstos (engenheiros, mestres de obra, encarregados), no padrão do 
canteiro de obras, na quantidade de veículos disponibilizados para a equipe, no grau de 
terceirização de serviços, na taxa de administração central cobrada da obra para cobrir 
parte dos custos do escritório central da empresa, na necessidade de empréstimos para 
fazer a obra, entre outros.; 
• Condições locais: clima, relevo, vegetação, profundidade do lençol freático, tipo de 
solo, condições de estradas locais, facilidade de acesso às fontes de matérias-primas, 
qualidade da mão-de-obra, oferta de equipamento, qualidade dos subempreiteiros da 
região, diferentes alíquotas de impostos, entre outros fatores; 
 
2.3.2.3 Temporalidade 
Orçamentos acompanham tendências de mercado e perdem a validade com uma certa 
rapidez. Por isso, um orçamento realizado há um ano ou mais, por exemplo, já não é mais válido 
atualmente. Isso acontece porque o custo dos insumos pode aumentar ou diminuir ao longo do 
tempo, de acordo com a inflação e o próprio nível de atividade do setor no país. Além 
disso, encargos trabalhistas e impostos também sofrem modificações constantes – como o 
aumento anual do salário mínimo ou a criação de tributações específicas para determinados 
setores. (MATTOS, 2006). 
 
2.3.3 Análise ABC de custos 
A análise ABC é um estudo baseado na classificação das atividades, materiais e mão de 
obra, dos itens mais representativos para os menos representativos. Proposto por Robin Cooper 
e Robert Kaplan na década de 80, custeio baseado em atividades é um sistema que provê aos 
gestores de custos importantes informações estratégicas para a tomada de decisões. (KAPLAN 
e COOPER, 1998). 
33 
 
 
 
Este estudo é descrito no livro “Custo e desempenho: administre seus custos para ser 
mais competitivo”. Esta análise difere dos demais sistemas de custeio por organizar as 
informações por atividades e não por volume de produtos. Devido à facilidade, a praticidade e 
a eficiência deste estudo, o mesmo foi aplicado em outras atividades, dentre elas uma 
ferramenta melhorar o processo de controle dos custos. 
De acordo com Carvalho (2002), a análise ABC fornece uma visão dos processos que 
envolvem a execução do empreendimento e os custos são determinados a partir dos fatores que 
os provocam, ou seja, os direcionadores de custos. E se trata de uma forma sistemática de 
acompanhar os negócios a fim de sustentar o crescimento e manter a rentabilidade e otimizar a 
utilização dos recursos. 
 
2.3.3.1 Parâmetros da curva ABC 
Segundo Carvalho (2002), a análise ABC consiste na divisão de itens de estoque de 
acordo com três grupos. Eles se organizam de acordo com o valor de demanda, quando são 
produtos acabados, e valor de consumo, quando os produtos fazem parte do processo produtivo. 
Ou seja, quando se tratam de matérias primas ou insumos. 
Tanto o valor de consumo quanto o de demanda são determinados a partir da 
multiplicação do preço ou custo unitário de cada item pelo seu consumo ou sua demanda. 
Como resultado, Carvalho (2002) classifica a Curva ABC conforme Quadro 2. 
 
Quadro 2: Classes da análise ABC. 
Classe Importância 
Quantidade 
dos insumos 
ou serviços 
Valor dos 
insumos ou 
serviços 
Planejamento de 
respostas ao risco 
A Muito importante 20% 65% Evitar ou mitigar 
B Importância intermediária 30% 25% Mitigar ou transferir 
C Pouco importante 50% 10% Transferir ou aceitar 
 Total 100% 100% 
Fonte: Adaptado por Sakamori (2015) (Carvalho, 2002). 
 
Os itens da classe A abrangem os itens mais importantes e que merecem um grau de 
controle especial por parte da equipedo gerenciamento de obras, enquanto os itens da classe C 
apresentam menor impacto sobre o sucesso do projeto, onde os riscos podem ser transferidos 
ou aceitos. Os itens da classe B, por fim, apresentam uma classificação de impactos 
intermediários e seus riscos devem ser mitigados ou transferidos. Sendo assim, a análise ABC 
34 
 
 
 
permite concluir quais os itens devem ser controlados e o respectivo grau de controle sobre os 
mesmos a fim de evitar superação dos custos estimados para o projeto. 
Simões e Ribeiro (2007) citam em seu trabalho que uma forma prática e eficiente de 
visualizar a análise ABC é plotar os dados obtidos em uma curva onde o eixo “x” corresponde 
aos itens e o eixo “y” ao custo acumulado destes itens. 
O termo utilizado na prática do gerenciamento de projetos para denominar a 
classificação ABC é Diagrama de Pareto. Como o termo mais utilizado na indústria AEC é a 
análise ABC, esta será a denominação utilizada nesta dissertação. Os subprodutos analisados 
são a classificação ABC e a curva ABC. 
 
2.3.3.2 Benefícios da Curva ABC 
Simões e Ribeiro (2007) destacam que quando a Curva ABC é aplicada na gestão de 
uma empresa, ela permite ao gestor se dedicar de forma mais direcionada às suas atividades. 
Com isso, a Curva ABC cria a possibilidade de gerar mais lucratividade, melhorar o 
relacionamento com clientes e utilizar de maneira mais consciente o dinheiro da empresa. 
Entre as inúmeras vantagens que a Curva ABC oferece para sua construtora, estão: 
• Organização de estoque: identificação de quais materiais ainda estão disponíveis e quais 
precisam ser comprados. Isso determina a frequência de consumo e as quantidades a 
serem solicitadas junto ao fornecedor; 
• Redução de Desperdícios: com o estoque e o planejamento de obras organizado, é 
possível verificar a quantidade de materiais ou insumos necessários em cada serviço; 
• Investimentos: com todas as informações sobre os gastos de materiais, serviços e 
insumos organizados, o gestor tem a possibilidade de utilizar o capital de giro de 
maneira mais eficiente; 
• Lucratividade: com a redução de desperdícios e a organização do planejamento, é 
possível afirmar que a Curva ABC pode garantir maior lucratividade para sua 
construtora. 
 
35 
 
 
 
 Figura 3: Curva ABC 
 
 Fonte: SAKAMORI (2015). 
 
2.4 Building Information Modeling (BIM) 
A modelagem da informação da construção, também conhecida pelo termo BIM 
(Building Information Modeling) é uma ferramenta com reconhecido potencial para aumentar 
significativamente a qualidade dos processos e dos produtos da indústria da construção civil 
(AYRES FILHO, 2009). 
Na tecnologia BIM um modelo virtual é construído digitalmente. Quando completado, 
o modelo gerado pelo computador contém informações de geometria e dados relevantes 
necessários para o apoio na construção, fabricação e aquisições necessárias para a realização da 
construção (EASTMAN et al., 2008). 
O BIM deve ser entendido como um novo paradigma de desenvolvimento de 
empreendimentos de construção envolvendo todas as etapas do seu ciclo de vida, desde os 
momentos iniciais de definição e concepção, passando pelo detalhamento e planejamento, 
orçamentação, construção até o uso com a manutenção e mesmo as reformas ou demolição. É 
um processo baseado em modelos paramétricos da edificação que visa a integração de 
profissionais e sistemas com interoperabilidade de dados e que fomenta o trabalho colaborativo 
entre as diversas especialidades envolvidas no processo como um todo (CAMPESTRINI, 
2015). 
 
2.4.1 Definição 
EASTMAN, et al (2014, p. 1) define Modelagem da Informação da Construção (em 
inglês, Building Information Modeling – BIM), como: 
 
36 
 
 
 
[...] é um dos mais promissores desenvolvimentos na indústria relacionando à 
arquitetura, engenharia e construção (AEC). Com a tecnologia BIM, um 
modelo virtual preciso de uma edificação é construído de forma digital. 
Quando completo, o modelo gerado computacionalmente contém a geometria 
exata e os dados relevantes, necessários para dar suporte à construção, à 
fabricação e ao fornecimento de insumos necessários para a realização da 
construção. 
 
Tendo este conceito, a partir do uso do BIM, monitora-se todas as fases de uma 
construção, compreendendo: projeto, compatibilização, orçamentação, planejamento e 
gerenciamento da execução, encerramentos e finalizações, ciclo de vida do edifício. 
A nomenclatura BIM, foi criada pelo arquiteto Phil Bernstein, estrategista da empresa 
norte americana Autodesk nos anos 1990 para a realização da promoção do novo e 
revolucionário software da empresa o Revit®. A real ideia para este termo era reunir em um 
único conceito um conjunto de funcionalidades integradas fornecidas pelo software. Com o 
passar dos tempos, o termo BIM tornou-se um componente de apelo comercial forte o que fez 
com que houvesse uma adoção quase que unanime pelas demais fornecedoras de software 
concorrentes no mercado como estratégia de divulgação de seus próprios programas com 
modelagem paramétrica (EASTMAN et al., 2011). 
Definir o BIM como um tipo de software, porém, reduz muito o seu significado, que é 
derivado da longa tradição de pesquisas sobre a utilização do computador como suporte para a 
produção de edifícios. Na indústria da manufatura, a modelagem de produtos surgiu para 
integrar a informação em todos os processos do ciclo de vida do produto e o seu campo 
específico de estudo. Portanto, abrange tudo que está relacionado com qualquer atividade entre 
a concepção e a disposição final deste (EASTMAN et al., 2011). 
Visto como evolução quase que natural do processo de construção, o BIM, possui em 
sua base um modelo virtual do empreendimento, abrange e pode englobar todas as etapas 
necessárias para a construção de um empreendimento. Dentro do BIM, pode-se acompanhar as 
etapas de concepção, uso, manutenção, e realizar simulações por meio de seu modelo 
paramétrico. (CAMPESTRINI, 2015). 
Como visto, várias possibilidades de uso do BIM são ampliadas mais ainda por se tratar 
de uma tecnologia que propicia suporte a todo o ciclo de vida de um empreendimento. O BIM 
permite a atuação desde os estudos de concepção e viabilidade de um empreendimento e sua 
orçamentação até a fase de operação, manutenção e reforma do empreendimento, sendo apenas 
necessário que se atualize as informações conforme real situação e modificações no período de 
construção da obra. (CAMPESTRINI, 2015). 
37 
 
 
 
O uso estratégico da tecnologia da informação e do BIM, mediante integração de dados, 
informação, controle e processo deve ser analisado dentro do sistema gerencial inserido. Não 
se trata apenas do uso de novas ferramentas de software, mas de uma abordagem 
transformacional dos negócios e da missão organizacional que compreende uma nova forma de 
trabalhar com várias pessoas juntas em um tempo real (WITICOVSKI, 2011). 
A Figura 4 apresenta um diagrama BIM com os dados que são inseridos no modelo, os 
produtos gerados a partir do modelo e a divisão nos respectivos estágios de modelagem (nD 
Modeling). 
 
 Figura 4: Ciclo de modelagem BIM. 
 
 Fonte: Revista Obra Prima, 2015. 
 
2.4.2 Modelagem Paramétrica 
Ao longo do ciclo de vida de um projeto, é comum a revisão e modificação de 
características específicas de partes já desenhadas. Para solucionar tal problema, foi 
desenvolvida uma estrutura embutida em programas gráficos computacionais, baseada em 
parâmetros e hierarquias: as variações paramétricas. Os softwares BIM utilizam a modelagem 
38 
 
 
 
paramétrica para atribuir parâmetros, determinar o comportamentode objetos e estabelecer o 
relacionamento entre as partes do modelo. Desta forma, ao realizar uma modificação no 
modelo, todos os valores relacionados são automaticamente atualizados. 
Segundo Azevedo (2009), o BIM é uma criação paramétrica, inteligente, de modelos 
tridimensionais, em vez de modelos bidimensionais “não inteligentes”. A modelagem 
paramétrica é uma representação computacional que representa objetos constituídos por 
atributos fixos e variáveis, a depender de suas utilizações e propriedades, explanados por 
parâmetros e regras que determinam a sua geometria, propriedades e características não 
geométricas. 
A modelagem paramétrica não representa os objetos como estáticos, ou seja, sem 
variação de geometria ou com propriedades estáticas. Segundo Eastman et al., (2011), os 
atributos das modelagens paramétricas são informações relativas às diversas características do 
objeto. Os parâmetros e regras permitem que objetos se atualizem automaticamente conforme 
os novos valores estabelecidos pelo usuário (EASTMAN et al., 2011). 
Por meio da parametrização incorpora-se propriedades não geométricas e 
características, como o custo, aos objetos estudados. Segundo Andrade e Ruschel (2009), 
modelos de construção baseados em parâmetros permitem que sejam possíveis a extração de 
relatórios, verificação de inconsistências entre objetos e a incorporação de conhecimentos de 
projeto a partir de modelos gerados. 
No modelo 3D, um edifício é feito por montagem de formas geométricas primitivas que 
se transformam em formas complexas, referentes aos elementos arquitetônicos. Além disso, 
funções de renderização permitem a aplicação de imagens realistas a superfícies, simulando 
características reais dos materiais da construção, como textura e cor, se aproximando bastante 
da realidade (BIAGINI, 2007). 
Entretanto, o modelo 3D mostra suas limitações quando se trata de associar as 
características geométricas dos vários elementos que formam o modelo às relações geométricas 
e posicionais que possam existir entre estes elementos. Em contraposição, a modelagem 
paramétrica supera está dificuldade, ao permitir que qualquer mudança dimensional ou 
geométrica que ocorra em um único elemento de um modelo 3D, possa ser repassada para todos 
os elementos relacionados ao elemento modificado e configurá-los de acordo com as novas 
formas e dimensões introduzidas (BIAGINI, 2007). 
Quando o projeto é feito no BIM, ao invés de inserir ou modificar um elemento 
separado, como uma parede, ou uma porta, o projetista irá definir uma família de componentes. 
39 
 
 
 
Cada família conterá regras que controlarão as características paramétricas, ou seja, os dados a 
serem inseridos são específicos para cada conjunto de itens da biblioteca do projeto, estes dados 
também poderão variar conforme o âmbito de trabalho. A Figura 5 mostra em conceito um 
exemplo do princípio de modelagem de objetos paramétricos. (EASTMAN, et al, 2014). 
 
 Figura 5: Estrutura conceitual de uma família de objeto parede. 
 
 Fonte: (EASTMAN, et al, 2014, p.30.). 
 
Alguns componentes, tal como a porta, só precisam ser contados. Isso requer uma 
simples consulta ao banco de dados. Outros componentes, no entanto, precisam ser 
identificados, têm comprimento, área, volume ou massa determinada para depois terem 
agregados os dados. Componentes discretos sólidos, tais como rodapés, acabamentos de pisos, 
paredes de concreto cabem neste grupo. Para isso, o conhecimento dos produtos do fabricante 
é necessário. Isto significa que a geração de descrições de item tem de ocorrer em quatro fases 
- identificar os componentes relevantes, extrair as quantidades necessárias, gerar a descrição do 
item e, em seguida, contar o número de ocorrências (DROGEMULLER et al., 2003). 
 
2.4.3 Interoperabilidade 
Interoperabilidade é a capacidade de dois ou mais sistemas ou componentes trocarem 
informações e usarem as informações que foram trocadas. Um modelo que incorpora todos 
40 
 
 
 
esses recursos caminha para a verdadeira definição do BIM e a sua desejada capacidade de 
fornecer resultados (AZEVEDO, 2009). 
Segundo Azevedo (2009), por conta de as informações em um projeto serem 
provenientes de diversas fontes diferentes é de importância significativa o fato de poder 
compartilhar de forma aberta com grande facilidade as informações necessárias, em formatos 
genéricos sem haver restrições impostas por fabricantes de software. 
A interoperabilidade surge como elemento de suma importância em um cenário em que 
cada vez mais é exigido que que se elimine a necessidade de replicação de dados de entrada já 
gerados, onde desperdiçar energia com retrabalhos é cada vez menos aceitável. De forma rápida 
e automatizada, a interoperabilidade possibilita o fluxo de informações para diferentes 
aplicativos durante o processo de execução e acompanhamento de projeto. 
Andrade e Ruschel (2009) mostram que um projeto requer grande troca de informações 
ao longo de seu ciclo de vida pelo fato de abranger muitas fases e vários participantes diferentes, 
e que cada especialidade normalmente requer diferentes aplicativos computacionais, o que 
reforça a necessidade de interoperabilidade. 
Segundo Jacoski (2003), para que um software seja considerado interoperável, deve 
apresentar as seguintes características: 
• Possibilidade de os usuários construírem aplicações que possam ser integradas aos 
componentes de software para qualquer tipo de usuário; 
• Capacidade de troca de dados livremente entre sistemas, já que cada sistema terá o 
conhecimento do formato ou linguagem dos outros sistemas.; 
• Uniformidade de interação com o usuário, com o objetivo de utilizar o mesmo padrão e 
formato dos moldes já familiarizados ao usuário.; 
• Simplificação das complexas coleções de formatos e padrões existentes na indústria de 
software, de forma que o progresso na interoperabilidade seja constatado na diminuição 
do tempo de ensino e na facilidade do aprendizado; 
• Transparência de modo a reduzir o modelo de informação a apenas um formato, 
podendo ser utilizável por qualquer um; 
• Similaridade, permitindo que dois tipos de dados, ou sistemas, ou usuários, utilizem as 
mesmas convenções, aproveitando as vantagens da interoperabilidade. 
Para Eastman et al. (2011), a transmissão de dados deve ser baseada em arquivos de 
formatos específicos pois nenhuma aplicação pode suportar sozinha todas as possíveis tarefas 
associadas ao projeto e a produção de um empreendimento. A interoperabilidade é baseada 
41 
 
 
 
tradicionalmente em trocas de dados em formatos de arquivos, como por exemplo os 
conhecidos DXF (Drawing eXchange Format). 
Os dois principais formatos de dados ou modelos de troca de dados adotados para 
construção civil são o CIMsteel Integration Version 2 (CIS/2) e o Industry Foundation Classes 
(IFC). O CIS/2 é um formato desenvolvido para projetos e fabricação de estruturas em aço, ou 
seja, possui maior foco em estruturas de aço. Por outro lado, o IFC é tido como um formato 
aberto, neutro e com especificações padronizadas para o Building Information Modeling 
(ANDRADE; RUSCHEL, 2009). 
Para Andrade e Ruschel (2009), o IFC é um modelo de dados que pode ser utilizado no 
planejamento, nos projetos, na construção e no gerenciamento para um empreendimento. O IFC 
é o principal instrumento pelo qual é possível se estabelecer a interoperabilidade dos diferentes 
aplicativos disponíveis para o mercado. 
A Figura 6 abaixo mostra um exemplo de formatos de arquivos que podem ser 
integrados por meio de um software compatível BIM. 
 
 Figura 6: Formatos digitais que podem ser interligados

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