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sistema carcerário brasileiro

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FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044 
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O SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO 
 
 
Bruna Rafaela Fernandes1 
Luiz Eduardo Cleto Righetto2 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução; 1 Breve histórico do direito penal brasileiro e a função da pena; 2 O 
Sistema Penitenciário Brasileiro; 2.1 Regimes Prisionais; 2.2 A crise no sistema 
carcerário e a infraestrutura ofertada ao preso; 2.3 Assistência à saúde do preso 2.4 
As rebeliões; 2.5 O trabalho do preso 3. O princípio da Dignidade da Pessoa 
Humana; 4. A ressocialização do detento; Considerações Finais; Referências. 
 
RESUMO 
 
O presente Artigo Cientifico tem por objetivo discorrer sobre a atual situação do 
Sistema Penitenciário Brasileiro, analisando o contexto histórico e sua fase de 
evolução, bem como elencar as principais crises enfrentadas pelo País nos dias 
atuais. No primeiro momento da pesquisa, buscar-se-á identificar a evolução das 
penas e a função das mesmas. Enquanto na segunda parte do trabalho, procurar-
se-á abordar a falência do sistema e as causas que levam os presídios a se 
tornarem verdadeiros depósitos humanos, acrescentando o trabalho como motivo de 
incentivar o preso a resgatar a sua dignidade, uma vez que foi perdida quando da 
sentença. A seguir, será abordado o princípio da Dignidade da Pessoa Humana o 
qual está previsto da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, como 
princípio fundamental ao homem e o respeito a sua integridade física e moral. Por 
fim, na terceira e última parte da pesquisa, tratar-se-á de uma das funções da pena, 
qual seja, a ressocialização do detento, como forma de reeduca-lo a fim de que este 
volte a ser inserido na sociedade sem mais delinquir, e sim aprender a respeitar as 
normas e os interesses da população como um todo. Para o desenvolvimento da 
pesquisa, utiliza-se o método indutivo, como base lógica, e o cartesiano na fase de 
tratamento dos dados colhidos. Após a pesquisa, chega-se ao entendimento de que 
o Sistema Carcerário Brasileiro não cumpre a sua função, que é a ressocialização 
do detento. 
 
Palavras-chave: Sistema penitenciário brasileiro; Detento; Dignidade da Pessoa 
Humana; Constituição Federal; Ressocialização. 
INTRODUÇÃO 
O presente trabalho tem como objeto a “Falência do Sistema Carcerário 
Brasileiro”, e, como objetivos: institucional, produzir um Artigo Cientifico para a 
obtenção do grau de bacharel em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí – 
 
1 Acadêmica do 9º período do curso de Direito da Universidade do Vale de Itajaí – Campus de Balneário 
Camboriú, Santa Catarina. Endereço eletrônico: oiebru@hotmail.com. 
2 Advogado Criminalista; Mestre em Ciência Jurídica pela UNIVALI. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
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UNIVALI; como objetivo geral analisar a função da pena, verificando o seu 
desenvolvimento histórico, o conceito legal, e identificar o principal objetivo do 
Sistema Penitenciário que é a ressocialização do detento e tendo como fato 
relevante e de grande importância, o princípio da dignidade da pessoa humana. 
O tema é atual e relevante, uma vez que o País se encontra em crise 
quando o assunto é prisão, e vê-se cada vez mais a necessidade de o Estado e a 
sociedade incentivar a ressocialização e o trabalho dos detentos dentro das prisões, 
assim como oferecer a estes uma estrutura física sadia e necessária para garantir o 
cumprimento da Lei, bem como assistência médica, educacional, jurídica e 
psicológica, sem deixar de lado os direitos humanos dos presos como cidadãos, que 
atualmente foram esquecidos. 
Para desenvolver a presente pesquisa foi utilizado o método indutivo, por 
meio de pesquisa bibliográfica. 
Contudo, parte-se inicialmente da contextualização histórica da pena e sua 
evolução na história. Após uma sucinta explanação sobre o histórico das penas e 
sua função, a presente pesquisa cuida de analisar o sistema penitenciário brasileiro 
e as principais causas da sua ineficácia. 
No desenvolvimento da pesquisa, busca-se identificar as causas da falência 
do sistema carcerário brasileiro e analisar quais os motivos da revolta dos 
presidiários, bem como o reflexo desta crise na sociedade, e, por fim, a aplicação do 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, uma vez que a dignidade é atributo 
essencial ao ser humano, e a ressocialização do detento como forma de reintegra-lo 
no meio social e diminuir o número de reincidência no País. 
Posteriormente, passa-se a analisar o Princípio Da Dignidade Da Pessoa 
Humana como direito dos presos, uma vez que estes vivem em condições 
desumanas e com o mínimo necessário a sua sobrevivência dentro das prisões. 
Por fim, cuidará em abordar sobre a ressocialização como função principal 
da pena, destacando-se a sua importância tanto para os condenados como também 
para a sociedade, que fica à mercê destes criminosos. 
 
1 BREVE HISTÓRICO DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E FUNÇÃO DA PENA 
 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
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A primeira parte da pesquisa dedicar-se-á à análise do brasileiro em suas 
fases históricas, bem como sua evolução, e a função da pena aos condenados. 
O Direito Penal brasileiro passou por inúmeras evoluções ao longo dos anos, 
onde as práticas punitivas eram mais severas e cruéis e o crime era confundido com 
o pecado e ofensa moral, sendo que a morte era a punição mais usada na época.3 
A evolução do Direito Penal se fez importante na história da humanidade, 
pois diante de tamanha reviravolta, as penas se tornaram mais humanitárias e com 
uma aplicação mais proporcional ao condenado.4 
A primeira fase da pena foi a chamada vingança privada, que fazia com que 
o homem fizesse justiça pelas próprias mãos em razão do direito violado, com 
tamanha brutalidade, violência e sem haver proporcionalidade entre a punição que 
iria ser aplicada e a conduta do indivíduo.5 
STEFAM e GONÇALVEZ6 explicam: 
As penas impostas eram a “perda da paz” (imposta contra um membro do 
próprio grupo) e a “vingança de sangue” (aplicada a integrante de grupo 
rival). Com a “perda da paz”, o sujeito era banido do convívio com seus 
pares, ficando à própria sorte e à mercê dos inimigos. A “vingança de 
sague” dava início a uma verdadeira guerra entre os agrupamentos sociais. 
A reação era desordenada e, por vezes, gerava um infindável ciclo, em que 
a resposta era replicada, ainda com mais sangue e rancor. 
Surge então o Talião, que foi uma grande conquista para o Direito Penal nos 
tempos passados, sendo que este visava equilibrar a pena aplicada ao individuo e o 
crime por ele praticado, evitando o excesso entre o crime e o castigo, com o intuito 
de obter “justiça” para ambas as partes.7 
Surge a vingança divina, onde as penas aplicadas aos indivíduos eram 
voltadas à religião, no qual o homem atribuía os acontecimentos como castigo 
imposto pelos Deuses, e tudo que acontecia na sociedade era em nome de Deus.8 
Com o passar dos anos, a Igreja aos poucos foi perdendo a sua força graças 
a uma maior organização social,
iniciando então o pensamento político, momento 
 
3 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 468. 
4 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 477. 
5 MARINHO, Alexandre Araripe; FREITAS, Guilherme Tavares. Manual de Direito Penal: parte geral. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 372. 
6 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. São Paulo: 
Saraiva, 2012. p. 67. 
7 MARINHO, Alexandre Araripe; FREITAS, Guilherme Tavares. Manual de Direito Penal: parte geral. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 372. 
8 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. p. 66. 
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em que o Estado passou a intervir na sociedade, instituindo a vingança pública, 
sendo que este ficou responsável pela integridade daqueles que praticavam algum 
crime, representando os interesses da comunidade em geral.9 
O Direito Penal na idade média foi caracterizado pela crueldade, tortura e 
intolerância para com os seres humanos, sendo que este período era formado pelo 
Direito Germânico, Romano e Canônico, tendo este último proclamado pela 
igualdade entre os homens, possibilitando ser a pena mais humana e coerente, no 
qual introduziu a pena privativa de liberdade que foi substituída pela pena de morte, 
possibilitando ao condenado cumprir pena em penitenciária, a fim de conservar a 
vida do mesmo.10 
A idade moderna no entendimento de ESTEFAM e GONÇALVEZ11 é de que: 
A idade moderna vivenciou uma transição fundamental em matéria de 
Direito Penal. Sob o império dos Estados Absolutistas, o Direito Penal 
persistia caracterizando-se pela difusão do terror, mas, com o passar dos 
tempos, tornou-se mais humano, convergindo para sua feição atual. 
Graças a influência de Cesare Beccaria, que se posicionava contrariamente 
à tortura, defendendo a ideia de injustiça e ineficácia da mesma, sob a ótica de que 
todos os homens são iguais e livres perante as leis, este exerceu influência decisiva 
na reformulação da legislação vigente na época, as quais se sucederam inclusive na 
Constituição Federal de 1988, que passou a condenar esta prática, fundamentada 
na dignidade da pessoa humana e nos direitos humanos.12 
Com efeito, após inúmeras mudanças e transformações, o Direito Penal 
brasileiro iniciou sua trilha para a humanização, no qual veio a ser regido pelo 
Código Penal, que depois de ser alvo de muitas críticas é utilizado até hoje.13 
MIRABETE14 ensina: 
Com a proclamação da República, foi editado em 11-10-1890 o novo 
estatuto básico, agora com a denominação de Código Penal. Logo, foi ele 
alvo de duras críticas pelas falhas que apresentava e que decorriam, 
evidentemente, de pressa com que fora elaborado. Aboliu-se a pena de 
morte e instalou-se o regime penitenciário de caráter correcional, o que 
 
9 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ; Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. São Paulo: 
Saraiva, 2012. p. 66. 
10 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. p. 71. 
11 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. p. 72. 
12 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ; Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. São Paulo: 
Saraiva, 2012. p. 73. 
13 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 5. 
14 MIRABETE Julio Fabbrini; FABRINNI, Renato N., Manual de direito penal, volume 1: parte geral, arts. 1º a 
120 do CP – 24. ed. rev. – São Paulo: Atlas, 2008. 
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constituía um avanço na legislação penal. Entretanto, o Código era mal 
sistematizado e, por isso, foi modificado por inúmeras leis até que, dada a 
confusão estabelecida pelos novos diplomas legais, foram todas reunidas 
na Consolidação das Leis Penais, pelo Decreto nº 22.213, de 14-12-1932. 
Em 1º-1-1942, porém, entrou em vigor o Código Penal (Decreto-lei nº 2.848, 
de 7-12-1940), que ainda é nossa legislação penal fundamental. Teve o 
código origem em projeto de Alcântara Machado, submetido ao trabalho de 
uma comissão revisora composta de Nelson Hungria, Vieira Braga, Narcélio 
de Queiroz e Roberto Lira. 
Assim, o surgimento do Código Penal Brasileiro, que delimita sanções a 
serem aplicadas ao individuo que praticou um delito, assume um papel 
importantíssimo na sociedade, pois deixou de aplicar punições corporais, visando 
então a humanização da mesma, dando poder ao Estado para punir o infrator e lhe 
dar como consequência a pena, que tem como finalidade a reeducação do mesmo, 
a fim de reparar o dano causado, e prevenir o cometimento de outra infração.15 
Segundo o entendimento de BITENCOURT16 
O Direito Penal se apresenta como um conjunto de normas jurídicas 
que tem por objeto a determinação de infrações de natureza penal e 
suas sanções correspondentes – penas e medidas de segurança. 
Esse conjunto de normas e princípios, devidamente sistematizados, 
tem a finalidade de tornar possível a convivência humana, ganhando 
aplicação prática nos casos ocorrentes, observando rigorosos 
princípios de justiça. 
 
Contudo, parti
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pena deve servir como reeducação do detento e prevenção de futuros delitos, tendo 
seu caráter pedagógico e sendo aplicada de maneira harmoniosa.18 
 
2 O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO 
 
2.1 Regimes Prisionais 
 
Na sentença penal condenatória, caso seja aplicada ao condenado uma 
pena de prisão (reclusão ou detenção), e o local do cumprimento da mesma, a fim 
de reprimir a ação delituosa, são observadas as circunstâncias previstas no art. 59 
do Código Penal, quais sejam: 
Art. 59: O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta 
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, 
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a 
substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de 
pena, se cabível. 
Todavia, em nosso ordenamento jurídico, existem três regimes a serem 
cumpridos quando cometido algum ilícito, os quais dependem da gravidade do 
mesmo, sendo que, em qualquer que seja esse regime estará sujeito às progressões 
e regressões, quais sejam: regime fechado, regime semi-aberto e regime aberto.19 
 A LEP (Lei de Execução Penal), traz para cada regime um estabelecimento 
diverso: 
As Penitenciárias são as casas que abrigam os condenados apenados por 
reclusão em regime fechado (art. 87 da LEP e art. 33, § 1º, a(?)). 
As colônias agrícolas,
industriais ou similares são destinadas ao 
cumprimento da pena em regime semi-aberto (art. 91 da LEP e art. 33, § 1º, b(?)). 
As casas de albergado são destinadas ao condenado que cumpre pena em 
regime aberto. (art. 93 da LEP e art. 33, § 1º, c(?)). 
 
18 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. p. 461. 
19 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 482. 
 
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Ainda, de acordo com o entendimento sumulado da Suprema Corte 
brasileira, sobre a imposição de um regime penitenciário mais gravoso: 
Súmula nº 718 do STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em 
abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de 
regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.” 
 
Súmula 719 do STF: “A imposição do regime de cumprimento mais severo 
do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea”. 
Vê-se, assim, que a intenção do legislador ao criar regimes diferenciados 
para o cumprimento da pena tem como razão maior a observância dos fatos 
objetivos e subjetivos que ocorreram na prática criminosa, devendo ainda ser 
executada de modo a permitir que o condenado progressivamente alcance a 
liberdade, conforme o tempo de pena cumprido e o mérito que apresente durante o 
cumprimento de sua pena.20 
 
2.2 A Crise no Sistema Carcerário e a Infraestrutura Ofertada ao Preso 
 
O Sistema Penitenciário Brasileiro, ou seja, a prisão é o local onde o 
condenado cumpre a pena imposta pela Lei e aplicada pelo Juiz e, é sabido que 
este é alvo de grandes discussões, críticas e muitos problemas, como a 
superlotação, a higiene e saúde, as rebeliões, a não aplicabilidade do princípio da 
dignidade da pessoa humana, os quais impossibilitam a ressocialização do detento 
ao convívio social, tendo em vista o descaso e a situação em que os mesmos estão 
submetidos dentro das prisões.21 
O Estado através das penitenciárias materializa o direito de punir todos 
aqueles que praticam um crime, porém, o sistema prisional não obtém êxito 
satisfatório no emprego de suas sanções, em virtude da falta de estrutura carcerária 
ofertada aos condenados, que na maioria das vezes são amontoados nas celas que 
não têm capacidade de suportar uma grande quantidade destes.22 
 
20 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 494. 
 
21RABELO, César Leandro de Almeida; VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo et al. A privatização do 
sistema penitenciário brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2960, 9ago. 2011 . Disponível em: 
<http://jus.com.br/revista/texto/19719>. Acesso em: 15 out. 2012. 
22 BENEVIDES, Paulo Ricardo, Advogado na área criminal e conciliador do Juizado Criminal, em Salvador/BA. 
Disponível em: http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogados-leis-jurisprudencia/59/superlotacao-x-penas-
alternativas-213023-1.asp. Acesso em: 28 out. 2012. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
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Tendo em vista a morosidade e a desorganização dos presídios, onde 
muitos detentos ficam presos por tempo superior às suas penas, diante da 
vulnerabilidade da segurança pública frente aos condenados há presos que a justiça 
não sabe sequer onde estão detidos.23 
SILVA ainda acrescenta: 
Estatísticas e pesquisas realizadas pelos mais variados órgãos e 
instituições não informam com precisão a quantidade de vagas necessárias 
para abrigar a população carcerária brasileira, já que os dados são 
díspares. Fala-se da necessidade de mais de 50.000 (cinquenta mil) novas 
vagas e que existem cerca de 2,5 presos por vaga atualmente distribuídos 
em presídios, cadeias públicas e estabelecimentos para menores infratores. 
Mas em um dado as pesquisas convergem: o Brasil enfrenta a mais séria 
crise de superlotação carcerária de sua história.24 
A superlotação das cadeias, a precariedade e as condições desumanas em 
que os presos vivem nos dias de hoje é a maior agravante da falência do 
sistema.25 
A Lei de Execução Penal em seu artigo 1º prevê que, além do objetivo da 
execução penal ser, efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal, a 
mesma tem como função proporcionar condições harmônicas ao condenado para a 
integração social do mesmo.26 
Deste modo, sabe-se que os presídios são verdadeiros depósitos humanos, 
seja por descaso do governo ou pela sociedade, que na sua grande maioria não 
mostra interesse em recuperar o cidadão para que este reaprenda a conviver no 
meio social.27 
É neste sentido que se passa a observar que o preso quando condenado e 
encaminhado ao encarceramento, é privado da sua saúde física, mental e 
alimentação, que não condiz com aquela que um ser humano necessita ter.28 
 
23 BENEVIDES, Paulo Ricardo, Advogado na área criminal e conciliador do Juizado Criminal, em Salvador/BA. 
Disponível em: http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogados-leis-jurisprudencia/59/superlotacao-x-penas-
alternativas-213023-1.asp. Acesso em: 28 out. 2012. 
24 SILVA, Darlúcia Palafoz. O art. 5º, III, da CF/88 em confronto com o sistema carcerário brasileiro. Jus 
Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3145, 10 fev.2012 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/21053>. 
Acesso em: 15 out. 2012. 
25 SILVA, Darlúcia Palafoz. O art. 5º, III, da CF/88 em confronto com o sistema carcerário brasileiro. Jus 
Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3145, 10 fev. 2012 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/21053>. 
Acesso em: 15 out. 2012. 
26 LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984. 
27 DROPA, Romualdo Flávio. Direitos humanos no Brasil: a exclusão dos detentos. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 9, n. 333, 5jun. 2004 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/5228>. Acesso em: 29 out. 
2012. 
28 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. p. 100. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
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Em uma publicação da revista "The Economist" (de 22.09.12), transcrita por 
LUÍS FLÁVIO GOMES29, a mesma traz a seguinte crítica: 
Os prisioneiros não só são submetidos a tratamentos brutais frequentes em 
condições de miséria e superlotação extraordinária, e muitas cadeias são 
administradas por grupos criminosos, diz a publicação. 
Conforme nos remete o título do presente estudo, o sistema carcerário 
brasileiro, ou seja, os presídios não estão preparados para produzir efeitos positivos 
no preso, muito pelo contrário, eles pioram o encarcerado, sendo assim 
dessocializadores, por culpa do Estado e da sociedade, que são omissos em 
assumir suas responsabilidades.30 
 
 
2.3 Assistência Médica e Saúde 
 
Como parte do objetivo da ressocialização do detento, a Lei de Execução 
Penal determina que os mesmos tenham acesso a diversos tipos de assistência, 
inclusive assistência médica, porém, a questão relacionada
à assistência médica e 
saúde do preso é uma das grandes problemáticas do sistema carcerário, pois se 
sabe que na prática, este benefício não é oferecido de forma ampla e correta, tendo 
em vista que os detentos obtém assistência médica em nível mínimo.31 
Inúmeras doenças tomam conta do ambiente prisional, e, ao negar o 
tratamento adequado aos presos, o sistema além de ameaçar a vida destes, 
também facilita a transmissão de diversas doenças à população em geral, através 
das visitas conjugais e o livramento dos encarcerados, representando um grave 
risco à saúde pública.32 
MARCÃO acrescenta: 
Conforme é vontade da Lei e está expresso, a assistência ao preso e 
ao internado tem por objetivo prevenir o crime e orientar o retorno à 
convivência em sociedade. Até aqui, resta evidente que referidos 
objetivos ficaram apenas na frieza do papel, que tudo aceita. A Lei 
 
29 GOMES, Luiz Flávio. Presídios da América Latina: "jornada para o inferno". Jus Navigandi, Teresina, ano 
17, n. 3378, 30set. 2012 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/22715>. Acesso em: 02 nov. 2012. 
30 J. B. Libanio, Péssimas Condições Dos Presídios Brasileiros. Disponível em: 
http://www.jblibanio.com.br/modules/wfsection/article.php?articleid=1579 Acesso em: 19 mar. 2013. 
31 ESTEFAM, André. Direito Penal: parte geral. p. 294. 
32 DROPA, Romualdo Flávio. Direitos humanos no Brasil: a exclusão dos detentos. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 9, n. 333, 5jun. 2004 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/5228>. Acesso em: 29 out. 
2012. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
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não cumpre o seu destino; não se presta à sua finalidade; é inócua; 
uma simples "carta de intenções" esquecida, abandonada. O 
idealismo normativo é excelente; empolgante. A realidade prática 
uma vergonha.33 
Ainda, esclarece o art. 14 da LEP: 
Art. 14 - A assistência à saúde do preso e do internado, de caráter 
preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e 
odontológico. 
§ 1º - (Vetado). 
§ 2º - Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a 
assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante 
autorização da direção do estabelecimento. 
§ 3º Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente 
no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido. 
Dentre os fatores que favorecem a alta incidência de problemas de saúde 
entre os presos, está o estresse de seu encarceramento, as condições insalubres 
em que vivem dentro das prisões, com celas superlotadas e presos em contato físico 
contínuo, além dos diversos tipos de abusos sofridos pelos mesmos.34 
DROPA analisa acerca das condições insalubres nos presídio brasileiros: 
Sanitários coletivos e precários são comuns, piorando as questões de 
higiene. A promiscuidade e a desinformação dos presos, sem 
acompanhamento psicossocial, levam à transmissão de AIDS entre os 
presos, muitos deles sem ao menos terem conhecimento de que estão 
contaminados. Muitos chegam ao estado terminal sem qualquer assistência 
por parte da direção das penitenciárias.35 
Vê-se, contudo, que, tendo em vista à precariedade da situação de saúde 
em que se encontram os presos nos dias de hoje, as Regras Mínimas determinam 
que estes recebam assistência médica básica e, que presos doentes sejam 
examinados diariamente por um médico, porém, como as autoridades prisionais 
brasileiras geralmente não prestam serviços de assistência médica, sua ausência 
acaba se tornando uma das principais fontes de reclamações entre os presidiários.36 
 
33 MARCÃO, Renato. Crise na execução penal (II): da assistência material e à saúde. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 9, n. 204, 26jan. 2004 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/4771>. Acesso em: 02 set. 
2012. 
34 MARCÃO, Renato. Crise na execução penal (II): da assistência material e à saúde. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 9, n. 204, 26jan. 2004 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/4771>. Acesso em: 02 set. 
2012. 
35 DROPA, Romualdo Flávio. Direitos humanos no Brasil: a exclusão dos detentos. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 9, n. 333, 5jun. 2004 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/5228>. Acesso em: 29 out. 
2012. 
36 MARCÃO, Renato. Crise na execução penal (II): da assistência material e à saúde. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 9, n. 204, 26jan. 2004 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/4771>. Acesso em: 02 set. 
2012. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044 
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Conclui-se, portanto que, a assistência à saúde do condenado, é um 
trabalho de grande importância, uma vez que se tratam de pessoas que transgrediu 
a Lei, seja por má conduta, ou acidentalmente e que perderam sua liberdade, mas 
que merecem um tratamento adequado por se tratar de uma assunto tão sério como 
a saúde, pois a possibilidade de um acompanhamento médico adequado evitaria 
que certas situações de maus tratos, espancamentos e diversas outras violências 
contra os encarcerados ficassem sem a devida apuração e socorro.37 
 
2.4 As Rebeliões 
 
As rebeliões constituem a rebeldia, revolta e insurreição dos encarcerados, 
resultantes da crise em que o país se encontra em se tratando de cárcere, onde os 
mesmos estão sujeitos a todo tipo de desigualdade, tais como, superlotação, maus 
tratos, brigas, assistência média e higiene precárias, fugas, entre muitas outras.38 
As rebeliões estão ligadas tanto às condições humilhantes em que os presos 
se encontram como às deficiências do Estaco em exercer o controle sobre o regime 
prisional, os quais de maneira subjetiva acabam permitindo que as organizações 
criminosas exerçam seu poder e influencia sobre a massa carcerária.39 
Muitas atividades dentro das prisões são organizadas pelos próprios presos, 
uma vez que o Estado detém o mínimo de controle sobre eles, os quais acabam se 
unindo e utilizando das rebeliões para mostrar sua força e o seu fortalecimento, não 
obedecendo às regras estabelecidas pela administração prisional.40 
RABELO41 esclarece: 
 
37 MARCÃO, Renato. Crise na execução penal (II): da assistência material e à saúde. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 9, n. 204, 26jan. 2004 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/4771>. Acesso em: 02 set. 
2012. 
38 RABELO, César Leandro de Almeida; VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo et al. A privatização do 
sistema penitenciário brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2960, 9ago. 2011 . Disponível em: 
<http://jus.com.br/revista/texto/19719>. Acesso em: 02 nov. 2012. 
39 RABELO, César Leandro de Almeida; VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo et al. A privatização do 
sistema penitenciário brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2960, 9ago. 2011. Disponível em: 
<http://jus.com.br/revista/texto/19719>. Acesso em: 04 nov. 2012. 
40 RABELO, César Leandro de Almeida; VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo et al. A privatização do 
sistema penitenciário brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2960, 9ago. 2011. Disponível em: 
<http://jus.com.br/revista/texto/19719>. Acesso em: 04 nov. 2012. 
41 RABELO, César Leandro de Almeida; VIEGAS, Cláudia Mara
de Almeida Rabelo et al. A privatização do 
sistema penitenciário brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2960, 9ago. 2011 . Disponível em: 
<http://jus.com.br/revista/texto/19719>. Acesso em: 04 nov. 2012. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044 
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As rebeliões, embora organizados pelos presos de forma violenta e 
destrutiva, nada mais são do que um clamor de reivindicação pelos seus 
direitos, chamando a atenção das autoridades e da sociedade para situação 
subumana à qual eles são submetidos dentro das prisões. 
Os grupos que lideram e organizam as rebeliões, também controlam o tráfico 
de drogas, comandam ações criminosas e o narcotráfico de dentro dos presídios, 
utilizam telefone celular para se comunicar com quem está fora, e, também, exercem 
poder sobre os demais presos, que muitas vezes são submissos e não têm outra 
alternativa senão participar da organização, sob pena de sofrerem torturas, 
agressões e maus tratos, prevalecendo a “lei do mais forte” e a “lei do silêncio.” 42 
Uma vez que as rebeliões causavam medo e desespero tanto para a 
população quanto aos funcionários dos estabelecimentos prisionais, que muitas 
vezes são feitos de refém pelos próprios sentenciados, surge então o Regime 
Disciplinar Diferenciado, que na visão dos doutrinadores STEFAM e GONÇALVES43 
nos traz a seguinte interpretação: 
O incontável número de rebeliões sangrentas, o surgimento de 
perigosíssimas facções criminosas dentro dos presídios, a existência de 
líderes de quadrilha comandando outros criminosos de dentro das 
penitenciárias, o tráfico de drogas de dentro das cadeias, dentre outros 
motivos, levaram o legislador a aprovar diversas leis que dizem respeito 
especificadamente ao cumprimento da pena, modificando, deste modo, 
alguns dispositivos da Lei de Execução Penal. Uma dessas providências 
surgiu com a Lei n. 10.792/2003, que alterou o art. 52 daquela Lei e criou o 
regime disciplinar diferenciado, aplicável aos criminosos tidos como 
especialmente perigosos em razão de seu comportamento carcerário 
inadequado. Consiste na adoção temporária de tratamento mais gravoso ao 
preso que tiver infringido uma das regras legais. 
Assim, o referido Regime é utilizado para combater a violência no país, e, 
diante desta Lei, os presos que provocarem rebelião, podem ser mantidos até 360 
dias em presídios ou alas especiais da cadeia, confinados 22 horas por dia em celas 
individuais, sem atividade e com restrições de visitas muito severas.44 
CABETTE45 salienta que: 
A curto prazo, as constantes rebeliões colocavam, dia a dia, em perigo a 
incolumidade dos próprios presos, dos funcionários, da população e do 
patrimônio público. 
 
42 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral., p. 475. 
43 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral., p. 475. 
44 BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de direito penal: parte geral. – 16. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011, 
p. 542. 
45 CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Uma questão penitenciária. Crimes hediondos e progressão de regime. 
Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2304, 22 out.2009 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/13721>. 
Acesso em: 10 out. 2012. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044 
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Porém, há inúmeros posicionamentos acerca da aplicação e da 
constitucionalidade do RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), já que deixar o preso 
à condições com estas características, constitui certamente um ato veementemente 
desumano, e, alguns pesquisadores acreditam ser o regime um processo cruel 
contra o apenado, o qual fere os princípios da dignidade humana e atinge a 
integridade física do mesmo, causando uma maior revolta e fazendo com que estes 
se tornem mais violentos, agressivos e hostis pela rigorosa privação no exercício 
dos seus direitos.46 
Sobre esse prisma, resta claro que o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) 
tem a pretensão de solucionar imediatamente os problemas da massa carcerária, 
porém, o mesmo impõe objetivos que na sua grande maioria ferem a essência do 
Direito Penal pela sua aplicação muito severa, afrontando diretamente o princípio 
constitucional da dignidade da pessoa humana como um todo, o qual ficou proibido 
pela Constituição Federal que, teoricamente nos traduz que todas as penas devem 
ter efeitos para a reeducação do preso, e não para sua condenação física e mental, 
entendendo ser este Regime inconstitucional na visão humanitária. 
 
2.5 O Trabalho Do Preso 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 reconheceu 
expressamente o trabalho como um direito social, uma vez que este sempre esteve 
inserido na vida da sociedade, garantindo ao indivíduo dignidade dentro do seu meio 
social e familiar.47 
Não obstante, o trabalho do preso também se encontra inserido dentro desta 
ótica, vinculando o trabalho com a existência digna dos mesmos.48 
Assim, o art. 28 da Lei de Execução Penal nos traz o seguinte entendimento: 
Art. 28 - O trabalho do condenado, como dever social e condição de 
dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva. 
 
 
46 COSATE, Tatiana Moraes. Regime disciplinar diferenciado (RDD). Um mal necessário? Jus Navigandi, 
Teresina, ano 14, n. 2112, 13abr. 2009 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/12606>. Acesso em: 11 
out. 2012. 
47 MARINHO, Alexandre Araripe; FREITAS, André Guilherme. Manual de Direito Penal: parte geral. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 399. 
48 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 505. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
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§ 1º - Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as 
precauções relativas à segurança e à higiene. 
§ 2º - O trabalho do preso não está sujeito ao regime da 
Consolidação das Leis do Trabalho. 
 
Ainda, o art. 39 do Código Penal esclarece quanto à garantia do trabalho dos 
condenados: 
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe 
garantidos os benefícios da Previdência Social. 
 
Conforme previsto no art. 126 da LEP, é em decorrência do trabalho que 
alguns condenados conseguem diminuir a execução de suas penas, sendo que, a 
cada 3 (três) dias trabalhados, correspondem ao desconto de 1 (um) dia no 
cumprimento da pena, sendo que a jornada normal não pode ser inferior a 6 (seis) 
horas nem superior a 8 (oito) horas diárias, com repouso nos domingos e feriados, 
conforme previsão no art. 33 da mesma Lei.49 
Ainda, o preso provisório que não está obrigado a trabalhar, se vier a 
trabalhar também poderá reduzir parte da sua futura condenação.50 
GRECO51 destaca a importância do trabalho nas prisões: 
A experiência demonstra que nas penitenciárias onde os presos não 
exercem qualquer atividade laborativa o índice de tentativas de fuga é muito 
superior ao daquelas em que os detentos atuam de forma produtiva, 
aprendendo e trabalhando
em determinado ofício. 
Destaca ainda que, o trabalho do apenado é uma forma de resgata-los do 
meio criminoso e com isso buscar a diminuição da violência, a prática de novos 
crimes, com finalidade educativa e produtiva, resgatando a dignidade humana.52 
Portanto, vê-se o quão importante é o trabalho para o apenado, pois quando 
há falta de ocupação dentro das prisões, estas levam os presos a perderem sua 
nobreza e seu valor, dificultando o progresso ao convívio na sociedade da qual 
faziam parte.53 
Conforme diz o ditado popular, “o trabalho dignifica o homem, mas a mente 
vazia é oficina do diabo”, assim, é notório que o vagar dentro das prisões, 
 
49 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 505. 
50 MIRABETE Julio Fabbrini; FABRINNI, Renato N., Manual de direito penal, volume 1: parte geral, arts. 1º a 
120 do CP – 24. ed. rev. – São Paulo: Atlas, 2008. p. 260. 
51 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 504. 
52 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – 13. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 504. 
53 MARINHO, Alexandre Araripe; FREITAS, André Guilherme. Manual de Direito Penal: parte geral. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 400. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
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juntamente com outros condenados, possibilita que os condenados estejam sempre 
pensando em diversas outras perversidades, maldades, fugas, suicídios, bem como 
a prática de outros crimes.54 
Diante disso, o trabalho deve buscar o desenvolvimento do indivíduo, com 
caráter ressocializador, sendo um direito fundamental do homem, evitando 
transformar a cadeia em um mero local de cumprimento de pena e sim um lugar que 
motive a ocupação e, consequentemente a reconquista da dignidade dos 
encarcerados.55 
 
3 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 
O princípio da dignidade da pessoa humana é fruto das atrocidades e de 
violações aos seres humanos que ocorreram ao longo da história, e que, embora 
juridicamente garantido em nossa legislação como um princípio essencial, tais 
tratamentos se estendem até hoje.56 
O delinquente, qualquer que seja seu grau de decadência, não perdeu a sua 
dignidade, atributo essencial ao ser humano, que constitui o supremo valor que deve 
inspirar o Direito, bem como o apenado, que mesmo em situação de cárcere não 
perde seu status de cidadão, devendo ser respeitado como tal.57 
Nesta esteira, STEFAM e GONÇALVEZ58 dispõe sobre a atenção que deve 
ser dada ao princípio da dignidade da pessoa humana, por se tratar de um princípio 
constitucional muito importante para o ser humano. Senão vejamos: 
A dignidade da pessoa humana é, sem dúvida, o mais importante dos 
princípios constitucionais. Muito embora não constitua princípio 
exclusivamente penal, sua elevada hierarquia e privilegiada posição no 
ordenamento jurídico reclamam lhe seja dada a máxima atenção. 
A Constituição Federal de 1988, ao inserir em seu ordenamento a Dignidade 
da Pessoa Humana, busca garantir aos cidadãos uma existência digna. 
 
54 MIRABETE Julio Fabbrini; FABRINNI, Renato N., Manual de direito penal, volume 1: parte geral, arts. 1º a 
120 do CP – 24. ed. rev. – São Paulo: Atlas, 2008. p. 264. 
55 MARINHO, Alexandre Araripe; FREITAS, André Guilherme. Manual de Direito Penal: parte geral. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 402. 
56 BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de direito penal: parte geral, 1– 16. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011, 
p. 47. 
57 BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de direito penal: parte geral, 1. – 16. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011, 
p. 
58 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. p. 100. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044 
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Logo, o artigo 1º da Constituição assim define: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
A prisão com certeza é uma forma de castigo, porém, castigar não significa, 
do ponto de vista do Estado de Direito vigente, humilhar, degradar, rebaixar, 
desmoralizar, diferenciar etc.59 
Portanto, ao observar o descaso do Estado no tocante à dignidade do preso, 
ou seja, aos seus direitos essenciais a vida, tais como saúde, paz social entre 
muitos outros, torna difícil o processo de ressocialização, deixando mais nítido que a 
prisão não conseguiu responder aos anseios pretendidos, tampouco conseguiu 
combater a criminalidade no país.60 
A prisão é o lugar do desespero e da precariedade, faltando dentro dela 
muitas coisas, mas principalmente a piedade e a humanidade.61 
No Brasil, o condenado não perde apenas a sua liberdade, perde também a 
sua dignidade, uma vez que fica sob o poder de punir do Estado, nos quais são 
deixados de lado os direitos que a Constituição garante a eles, sendo tratados de 
maneira abusiva e desumana, não atingindo o objetivo maior da pena que é a 
ressocialização, uma vez que tendo em vista a maneira com que são tratados nas 
prisões, acabam não reaprendendo a viver em sociedade.62 
Aprofundando ainda mais o assunto, MARINHO e FREITAS63, esclarecem: 
Por outro lado, especificamente no que tange ao Direito Penal, a Lei maior 
estabelece regras fundamentais, entre os direitos e garantias individuais, de 
que “ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante” (art. 5º, III) e de que “não haverá penas: a) de morte, salvo em 
caso de guerra declarada; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; 
 
59 MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABRINNI, Renato N., Manual de direito penal, volume 1: parte geral, arts. 1º a 
120 do CP – 24. ed. rev. – São Paulo: Atlas, 2008. p. 250. 
60 MARINHO, Alexandre Araripe; FREITAS, André Guilherme Tavares. Manual de Direito Penal: parte geral. Rio 
de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 44. 
61 MARINHO, Alexandre Araripe; FREITAS, André Guilherme Tavares. Manual de Direito Penal: parte geral. Rio 
de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 44. 
62 RABELO, César Leandro de Almeida; VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo et al. A privatização do 
sistema penitenciário brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2960, 9ago. 2011 . Disponível em: 
<http://jus.com.br/revista/texto/19719>. Acesso em: 02 out. 2012. 
63 MARINHO, Alexandre Araripe; FREITAS, André Guilherme Tavares. Manual de Direito Penal: parte geral. Rio 
de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 42. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044 
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d) de banimento; e) cruéis.” Trata-se, pois, de destacadas limitações ao 
exercício do direito de punir do Estado, ligadas diretamente ao respeito à 
dignidade humana. 
Neste contexto,
entende-se que a dignidade da pessoa humana não 
desaparece, ela é adquirida pelo ser humano quando nasce e caminha com ele 
durante toda a sua existência, sendo dever do Estado de garantir a eficácia do 
mesmo.64 
No entanto, devido ao estado precário em que se encontram os presos 
brasileiros, com a superlotação das cadeias, a falta de higiene, limpeza e assistência 
médica, a predisposição à doenças, a falta de estrutura dos estabelecimentos 
penitenciários, sem as mínimas condições necessárias, o Estado e o meio social 
não os respeitando como pessoas de direitos diante da omissão na concretização 
deste princípio fundamental, frente a uma sociedade que não perdoa, que não dá 
chances, que excluí quando deveria tentar incluir, ficando os mesmos a mercê do 
mais terrível e temido cárcere.65 
 
4 RESSOCIALIZAR PARA NÃO REINCI(N)DIR 
 
Como já visto, uma das principais funções da pena é a ressocialização do 
detento, procurando reduzir os níveis de reincidência e fazendo com que os mesmos 
reaprendam a viver no meio social não mais como delinquente, e sim de maneira 
proba e conforme os padrões estabelecidos pela sociedade.66 
A ressocialização vem no intuito de trazer a dignidade, resgatar a 
autoconfiança e autoestima dos presos, além de produzir e efetivar projetos que 
tragam proveito profissional, entre outras formas de incentivo e com ela os direitos 
básicos dos mesmos vão sendo aos poucos novamente priorizados.67 
Sabe-se que nos dias de hoje, os presídios brasileiros não trazem aos 
presos os efeitos da ressocialização, assim, a ausência desse amparo ao detento, 
 
64 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. p. 101. 
65 BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de direito penal: parte geral. – 16. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011, p. 
47. 
66 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. p. 464. 
67 ESTEFAM, André; GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal esquematizado: parte geral. p. 464. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044 
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ao internado e ao egresso pode fazer com que estes passem contínuas vezes pela 
penitenciária.68 
Embora grande parte da sociedade, bem como a Criminologia Crítica, 
acreditem que não há possibilidade de ressocializar o delinquente, esta questão 
pode ser resolvida com o amparo do Estado e a busca por presídios onde os presos 
possam trabalhar, conviver em harmonia, com assistência médica, em locais limpos 
e organizados, com alimentação, vestuário e necessidades básicas visando o estrito 
cumprimento do mau cometido e não o desrespeito em que estão submetidos nos 
dias de hoje, motivo de revoltas, rebeldia e a violação do princípio da dignidade da 
pessoa humana, um dos mais importante do nosso ordenamento jurídico.69 
Esclarece BITENCOURT70 acerca da criminologia crítica: 
Para a Criminologia Crítica, qualquer reforma que se possa fazer no campo 
penitenciário não terá maiores vantagens, visto que, mantendo-se a mesma 
estrutura do sistema capitalista, a prisão manterá sua função repressiva e 
estigmatizadora. Em realidade, a Criminologia Crítica não propõe o 
desaparecimento do aparato de controle, pretende apenas democratizá-lo, 
fazendo desaparecer a estigmatização quase irreversível que sofre o 
delinquente na sociedade capitalista. 
Porém, nos dias de hoje existem muitos grupos, organizações e instituições 
que lutam e acreditam que aquele que cometeu algum ilícito pode reaprender a 
conviver na sociedade sem voltar a delinquir, assim, através da arte, da cultura e do 
trabalho, buscam a transformação social, despertando nas pessoas o que ainda de 
bom existe, promovendo a ressocialização e a inserção dos ex-presidiários na 
comunidade, contribuindo para a redução da violência e da reincidência dos 
mesmos, dando a estes oportunidades de emprego, benefícios e resgatando a 
cidadania dos sentenciados.71 
PINHEIRO72 acerca da ressocialização: 
Nós, tentamos modificar o que é rotina em matéria de discriminação ao 
egresso do sistema prisional, para isso, utilizamos o prestigio alcançado 
pelo trabalho social que realizamos a mais de 20 anos. 
 
68 MARINHO, Alexandre Araripe; FREITAS, André Guilherme Tavares. Manual de Direito Penal: parte geral. Rio 
de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 376. 
69 MIRABETE Julio Fabbrini; FABRINNI, Renato N., Manual de direito penal, volume 1: parte geral, arts. 1º a 
120 do CP – 24. ed. rev. – São Paulo: Atlas, 2008, p. 12. 
70 BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de direito penal: parte geral. – 16. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011, 
p. 136. 
71 PINHEIRO, Chinaider - Coordenador Projeto Empregabilidade do Grupo AfroReggae – GCAR. Rua: Da Lapa, 
nº 180 / SL.1205 - Centro - Rio de Janeiro. 
72 PINHEIRO, Chinaider - Coordenador Projeto Empregabilidade do Grupo AfroReggae – GCAR. Rua: Da Lapa, 
nº 180 / SL.1205 - Centro - Rio de Janeiro. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044 
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Temos tido um retorno maravilhoso e muitas pessoas estão sendo 
beneficiadas pelo projeto Empregabilidade. 
No meu ponto de vista, muita coisa tem mudado, temos desmoronado 
muitas opiniões a respeito do egresso, isso na pratica, quando mostramos 
que realmente é possível a transformação destas pessoas mediante a 
oportunidade dada. 
Partindo-se deste prisma, o estudo demonstra que estamos ainda muito 
longe de que a pena cumpra com sua função e que os presídios deixem de ser 
conhecidos como Universidades do Crime e local onde os que ali ingressam para 
serem reinseridos no convívio social e reeducados acabem ficando aperfeiçoados na 
prática de diversos delitos. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O presente trabalho teve como objeto investigar a triste realidade vivenciada 
pelos condenados dentro das prisões e, registrar a crise que se encontra o País a 
qual se fundamenta principalmente pela omissão em relação às principais funções 
da pena, quais sejam: reprimir e prevenir. 
O interesse pelo tema investigado deu-se em razão das discussões 
existentes sobre os motivos que levam os presos a delinquir quando saem da prisão, 
e também qual o motivo da revolta e rebeldia de maioria deles. 
Para o desenvolvimento harmonioso o trabalho foi dividido em três 
momentos: 
O primeiro tratou de abordar a evolução histórica da pena, bem como a sua 
função. 
A segunda parte da pesquisa foi destinada ao estudo do sistema carcerário 
como um todo, e, procurou-se fazer esta pesquisa, para investigar e assim melhor 
compreender as principais dificuldades enfrentadas pelos presos nos 
estabelecimentos prisionais. 
No terceiro momento buscou-se esclarecer a importância do Principio da 
Dignidade da Pessoa Humana, uma vez que a massa carcerária é totalmente 
desprovida de atenção e consideração, porém, em um Estado Democrático de 
Direito é fundamental a efetivação de tal princípio para todos os cidadãos, 
tendo em vista que o ordenamento jurídico brasileiro e a Lei de Execução Penal 
visam garantir um tratamento digno aos condenados. 
FERNANDES, Bruna Rafaela; RIGHETTO, Luiz Eduardo Cleto. O sistema carcerário brasileiro. Revista 
Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí,
Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.3, p. 115-
135, 3º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044 
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Já no quarto e último momento da pesquisa, procurou-se abordar a 
polêmica acerca da reintegração social do detento em um ambiente extremamente 
nefasto, e a preocupação em torno da reinserção, donde os esforços devem ser 
também direcionados para se enfrentar os problemas sociais mais graves que o país 
apresenta, como a crescente criminalidade, a desigualdade social e a má 
distribuição de renda, uma vez que a população vive se perguntando qual o grande 
motivo para a criminalidade tão acentuada no país, e, embora não tenhamos todas 
as respostas, não podemos deixar calar as perguntas, pois ainda há esperança de a 
prisão ser uma escola destinada ao bom aprendizado e um ambiente disciplinar 
satisfatório em que ofereça ao aluno entre outras, a possibilidade de construção da 
sua identidade e do resgate da cidadania perdida. 
Assim, conforme hipótese proposta na problemática restou comprovada que 
a deficiência do sistema carcerário advém das condições subumanas em que os 
presos se encontram dentro dos presídios, como a falta de estrutura ofertada aos 
mesmos, saúde e alimentação precárias, rebeliões, as quais são oriundas das 
revoltas dos presidiários em razão do descaso do governo em proporcionar aos 
mesmos um local harmonioso ao cumprimento da pena, como forma de reeduca-los, 
uma vez que são pessoas de direitos, embora estejam em situação de cárcere pelo 
mal cometido, sendo-lhes garantida a dignidade humana, direito fundamental que 
assegura à pessoa e deve caminhar com ela por toda a sua existência. 
 
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Paulo: Saraiva, 2011. 
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ano 16, n. 2960, 9ago. 2011. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/19719>. 
SILVA, Darlúcia Palafoz. O art. 5º, III, da CF/88 em confronto com o sistema 
carcerário brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3145, 10 fev.2012. 
Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/21053>.

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