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APOSTILA PENAL III 2ª PARTE

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Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL III – RESUMO DE AULA 
Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO 
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Prof. MsC. Luciano costa 
Mestre em Direito do Estado; professor da Faculdade Estácio/FAP; professor convidado 
da UFPA no Curso de Mestrado e Especialização em Segurança Pública e Cidadania; 
professor da Escola de Governo – EGPA e professor do Instituto de Ensino de 
Segurança Pública do Pará – IESP. 
 
RESUMO DAS AULAS – 2ª PARTE 
LESOES CORPORAIS – ART. 129 
É a ofensa à integridade corporal ou à saúde (fisiológica ou mental) do ser humano. 
 
 
 
 
 
 
 
Ofensa `a 
integridade 
corporal: é a 
alteração 
anatômica 
prejudicial do 
corpo. Exemplos
1- fissuras
2-
escoriações
3- fraturas 
4- luxações 
5- equimoses e 
hematomas
6-
queimadura
s
OFensa à saúde: 
é a perturbação 
fisiológica ou 
mental da 
pessoa
1- perturbação mental: 
é a alteração 
prejudicial da atividade 
cerebral. Ex:
depressão, convulsão
1- perturbação fisiológica: 
é o desarranjo no 
funcionamento de algum 
órgão da pessoa. Ex: 
paralisia momento de 
algum órgão; vômitos; mal 
funcionamento da audição 
em razão de pancadas 
Meios de 
execução 
da lesão 
corporal: 
por ser 
crime de 
ação livre, 
pode ser 
praticado 
pelos 
seguintes 
meios:
1- Físicos: faca, socos, projeteis, queimaduras, equimoses, fissuras,
hematomas, etc;
2- Morais: lesão no sistema nervoso por meio de um susto;
3- Açao: desferir uma pesada na cabeça da vítima; 
4- Omissão: enfermeira que deixa de alimentar paciente, vindo
este a ter disfunções orgânicas.
5- Outros meios que acarretem transtornos psíquicos: pressões
psicológicas.
Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL III – RESUMO DE AULA 
Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO 
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DIFERENÇA ENTRE VIAS DE FATO E INJÚRIA REAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A lesão corporal pode ser praticado por ação e omissão, na forma do art. 13, § 2º CP. 
Exemplo: mãe, que pretendendo que o filho de pouca idade se lesione, o deixa na cama 
sem proteção. 
 
 
A AUTOLESÃO NÃO É PUNIDA, em razão do princípio da 
alteridade, exceto se o agente se autolesiona ou agrava as 
conseqüências da lesão ou doença para obter indevidamente 
indenização ou valor de seguro – art. 171, § 2º, V do CP e art. 184 
do CPM. 
Exemplos: Um jogador de futebol quebra a sua própria 
perna para receber o valor do seguro. 
 
 
Um jovem que não quer servir às forças Armadas, após ser convocado, um 
dedo para ser dispensado do serviço militar. 
Neste casos, os sujeitos passivos do crime de lesão corporal não são as pessoas que 
se autolesionaram, mas respectivamente, a seguradora e o Estado. 
 
 
A tentativa é possível por se tratar de crime de dano. Não será possível na forma 
culposa - § 6º, nem na forma preterdosola do § 3º do art. 129 do CP. 
 
 
Se o agente tem a intenção de apenas colocar em perigo a vida ou a saúde de outrem, não quer 
nem assume o risco de produzir o evento danoso, ele responde pelo crime de perigo – art. 
132; 
 
 
Diferença entre Contravenção penal de vias de fato (art. 21 do Decreto lei nº 3688/1941) e 
injúria real – art. 140,§ 2º do CP: VIAS DE FATO consiste em violência contra a vítima sem 
causar-lhe danos físicos, não havendo vestígios sensíveis de violência. Além disso, não há a 
intenção de humilhar – animus vulnerandi. 
Exemplos: um empurrão na vítima; um tapa no rosto em que apenas a face ficou 
avermelhada. 
 
 
Já o crime de INJÚRIA REAL – art. 140, § 2º, consiste em que a violência empregada 
tem a intenção de humilhar, envergonhar a vítima, ofender a sua dignidade. 
Exemplos: um tapa leve no rosto, mas com a intenção de envergonhar, humilhar, se 
trata de crime de injúria real. 
 
 
Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL III – RESUMO DE AULA 
Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO 
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CORTE DE CABELO OU BARBA À FORÇA 
Se uma pessoa tem cortado o seu cabelo ou barba contra a sua vontade, tal fato pode 
caracterizar: 
 
 
 
 
LESÃO CORPORAL E CONSENTIMENTO DA VÍTIMA 
 
As pessoas dispõem de sua integridade física, pois a CF veda que o Estado se intrometa na 
vida privada das pessoas. As pessoas podem permitir lesões corporais leves por meio das 
seguintes situações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CORTE DE CABELO OU 
BARBA À FORÇA: 3 
VERTENTES
1- Caracteriza injúria real quando o corte do 
cabelo ou barba for praticado com a intenção de 
humilhar e envergonhar;
2- Caracteriza vias de fato quando o corte do
cabelo ou barba não deixar vestígios de violência
e não tiver a intenção de humilhar e
envergonhar a vítima;
3- Caracteriza o crime de lesões corporais leves,
visto que os pelos e cabelos pertencem à
integridade corporal.
LESÕES C. LEVES 
CONSENTIDAS PELO 
OFENDIDO - art. 88 da 
lei 9099/95 - causa 
supralegal de exclusão 
da ilicitude:
1- situação de perigo, como por exemplo: 
prática de boxe e outros esportes violentos, 
etc; 
2- submetem-se a lesões consentidas, por
exemplo: tatuagens, colocação de piercing;
3- práticas de lesões consentidas decorrentes da
atividade sexual, por exemplo: ato sexual entre
adultos com certos fetiches, que podem causar
lesões no corpo.
Nestas situações, o Estado não pode intervir, pois a CF veda tal intromissão na vida 
privada das pessoas. O legislador até regulamenta essas atividades, quando se trata do 
crime de lesão corporal leve, o fazendo por meio da lei nº 9099/95, quando em seu 
art. 88, preceitua que em tal crime só se procede mediante ação penal condicionada à 
representação do ofendido. 
 
 
Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL III – RESUMO DE AULA 
Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO 
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Logo, a lesão corporal de natureza leve, o seu consentimento por parte do ofendido, trata-se de 
causa supralegal de exclusão da ilicitude, mas desde que se obedeça aos requisitos legais, 
tais como: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NÃO SE PUNE A AUTOLESÃO 
 
Pelo princípio da alteridade, a autolesão é impunível, exceto quando a conduta atinge um 
outro bem jurídico, caracterizando um crime autônomo. Exemplos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LESÃO CORPORAL E CIRURGIA DE EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
 
Requisitos para a 
prática de lesão 
corporal leve: 
causa supralegal 
de excludente de 
ilicitude 
1- vontade deve ser 
expressa;
5- quem consente a 
lesão deve ser maior de 
18 anos e ser 
mentalmente capaz.
2- não pode ser obtida por 
coação;
3- o ato permitido seja 
moral e respeite os bons 
costumes;
4- a vontade deve ser 
previamente autorizada;
Se da conduta resultar lesões corporais grave, gravíssima 
ou morte, o consentimento valido fica nulo, pois nestes 
crimes prevalece a indisponibilidade do bem jurídico 
protegido. 
 
 
1- Um jogador de futebol quebra a própria perna para receber o valor de um 
seguro. 
Essa conduta caracteriza o tipo penal do art. 171, § 2º, V do CP. 
2- Uma militar, depois de convocado para irà guerra, não querendo ir, corta 2 
dedos. 
Neste caso, o militar responderá pelo crime de simulação de incapacidade física – art. 
184 do CPM. 
 
1-Nas cirurgias emergenciais em que há risco de morte do paciente, o médico pode 
proceder a cirurgia, mesmo sem autorização dele ou de seu representante legal, acha-
se amparado pela excludente do ESTADO DE NECESSIDADE DE TERCEIRO; 
 
2- Se ausente a situação de emergência, o médico não pode fazer a cirurgia sem 
autorização do paciente ou de seu representante legal. Neste caso, o médico está 
amparado pela excludente do exercício regular de direito. 
 
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Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO 
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LESÕES CORPORAIS QUALIFICADAS 
 
As lesões de natureza grave ou gravíssimas constituem crimes qualificados pelo resultado, mas 
não necessariamente preterdolosos. Nos crimes qualificados pelo resultado, podem ocorrer as 
seguintes situações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LESÃO CORPORAL GRAVE QUALIFICADA - § 1º 
 
INCAPACIDADE PARA AS OCUPAÇÕES HABITUAIS: 
abrange as ocupações laborais e as atividades costumeiras, tais como recreação, estudos, asseio 
corporal, etc. 
A ocupação tem de ser lícita, estando excluídos os criminosos profissionais. Nada impede que a 
ocupação habitual seja imoral, como por exemplo, a prostituição. 
A incapacidade de ser física ou psíquica. 
 
PERIGO DE VIDA: 
É a possibilidade grave, concreta e imediata da vítima falecer em razão da lesão corporal 
sofrida. O perigo deve ser concreto comprovado por perícia médica, indicando de modo preciso, 
em que consistiu o perigo de vida. Não basta o risco potencial causado pela lesão para 
caracterizar o perigo de vida. A perícia não pode ser substituída por prova testemunhal. 
 
 
 
 
 
DEBILIDADE PERMANENTE: 
é a diminuição ou enfraquecimento da capacidade funcional de membro, sentido ou função; 
Não é necessário que a debilidade seja perpétua, podendo ser duradoura, podendo também ser 
corrigido por cirurgia; 
 
 
 
 
 
DEBILIDADE 
PERMANENTE
1- MEMBROS SUPERIORES – braços, mãos e 
antebraços;
2-MEMBROS INFERIORES – pernas, coxas e pés.
2- SENTIDOS: audição, visão, paladar, olfato e tato. 
3- FUNÇÃO: atividade específica de cada órgão:
respiratória; secretora; reprodutora; digestiva;
locomotora, mastigatória.
Dolo no antecedente + culpa no conseqüente = crime preterdoloso. 
 
Exemplos: art. 129, § 1º, II, § 2º , V e § 3º 
 
 
Dolo no antecedente + dolo no conseqüente = crime doloso. 
 
Exemplos: art. 129, § 1º, I e III do CP. 
 
 
A perícia faz um diagnóstico, isto é, uma análise do perigo com visão para o 
passado. 
 
A perda de vários dentes caracteriza lesão grave, pois diminui a capacidade da função 
mastigatória. 
A perda de um dente caracteriza lesão corporal leve. 
 
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ACELERAÇÃO DE PARTO: 
Dá-se quando, ocorrendo lesão corporal na gestante, antecipa-lhe o termo final da gravidez, 
expulsando o feto do útero. Há um nascimento prematuro. 
O agente há de ter conhecimento da gravidez. Se não tem conhecimento, responderá por lesão 
corporal leve. 
 
 
 
 
 
 
 
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA QUALIFICADA - § 2º 
 
INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO: 
Significa que a pessoa fica incapacitada por longo periodo de exercer qualquer atividade 
remunerada, não somente a laboral. O ofendido fica privado da possibilidade física ou psíquica, 
de dedicar-se a qualquer atividade lucrativa. 
Não precisa que ela seja perpétua, mas duradoura. 
 
ENFERMIDADE INCURÁVEL: 
Aquela prejudicial à saúde por processos patológicos, físicos ou psíquicos que a ciência médica 
ainda não conseguiu meios para saná-la à época do crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A dolosa transmissão de doença incurável, se presente o animus necandi, caracteriza delito de 
homicídio, se ocorrer a morte da vítima. 
 
 
PERDA DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO: 
Perda é a destruição ou privação de membro, sentido ou função. Exemplos: 
 
 
 
 
 
 
Perda pode ocorrer por meio de mutilação ou amputação. 
Na mutilação o membro, sentido ou função é extirpado diretamente pelo agente criminoso; 
Já a amputação resulta da intervenção cirúrgica para salvar a vida da vítima. 
 
 
 
 
É necessário que o feto nasça com vida e sobreviva. Caso 
contrário, estará caracterizada a lesão qualificada pelo aborto – 
art. 129, § 2º, V. 
 
Não se exige a certeza da incurabilidade pela medicina, basta um juízo de 
probabilidade de que a doença não tenha cura. 
Também é incurável a doença que só pode ser enfrentada por procedimentos 
cirúrgicos complexos ou mediante tratamentos experimentais ou penosos, 
pois a vítima não pode ser obrigada a enfrentá-los. 
 
Não há qualificadora se há tratamento ou cirurgia simples e a vítima se recusa 
injustificadamente a fazer o procedimento. 
 
Perda de membro: decepar uma perna; 
Perda de sentido: destruição dos tímpanos com a eliminação da audição; 
Perda da função: extirpação do pênis, que extingue a função reprodutora. 
 
 
Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL III – RESUMO DE AULA 
Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO 
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INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO: 
Refere-se a inaptidão do órgão para sua função especifica. O membro ou órgão não é retirado 
do corpo, mas fica inapto para sua função. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEFORMIDADE PERMANENTE: é o dano estético de certa monta e irreparável, que não é 
passível de ser corrigida pelo transcurso do tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
ABORTO PROVOCADO PELA LESÃO CORPORAL: 
É punido a título de preterdolo, isto é, pune-se a lesão como dolo e o aborto como culpa. É 
necessário que o acusado tenha conhecimento da gravidez da vítima, pois caso ignore tal 
estado, constitui erro de tipo, que exclui o dolo. 
 
 
 
 
LESÕES CORPORAIS SEGUIDA DE MORTE – art. 129, § 3º 
Também chamado de homicídio preterdoloso ou preterintencional, o legislador exigiu dolo no 
crime antecedente (lesão corporal) e culpa no crime conseqüente (morte). Neste caso, o agente 
responde por homicídio culposo, mas se presente o dolo eventual, responderá por homicídio 
doloso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crime de lesão 
corporal 
seguida de 
morte: 
contem 3 
elementos
1- Lesão corporal dolosa – crime 
antecedente
2- Morte culposa – crime conseqüente
3- Nexo causal entre a lesão dolosa e a
morte culposa
Exemplo: Um homem teve um trauma físico nos testículos, não podendo reproduzir 
sexualmente. 
 
 
 
No caso de órgãos duplos, dá-se a perda quando houver a supressão de ambos (olhos, 
rins, pulmão, surdez). 
Quando houver a supressão de apenas um dos órgãos, temos uma debilidade – art. 129, 
par. Primeiro, III, pois a função não foi totalmente abolida. 
 
 
Exemplos: arrancar a orelha; lesão no olho; esmagamento da mão. 
A cirurgia plástica reparadora da deformidade do membro ou órgão, se houver sucesso, 
afasta a qualificadora. Entretanto, a vítima não está obrigada a fazê-la. 
 
 
 
 
Caso se prove que o agente queria provocar o aborto, ele responde poraborto qualificado. 
 
 
 
 
Um crime é preterdoloso ou preterintencional quando o resultado vai além da 
intenção do agente. 
Por se tratar de figura híbrida (dolo e culpa), este crime não admite a tentativa. 
Este crime, obrigatoriamente, tem por pressuposto a lesão corporal dolosa. 
 
Crime preterdoloso = dolo (lesão corporal) + culpa (homicídio) homicídio culposo 
 Crime antecedente crime consequente 
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PERICLITAÇAO DA VIDA E DA SAÚDE DE OUTREM 
Espécies de crime de perigo são: 
CRIME DE PERIGO CONCRETO: são aqueles cuja caracterização virá pela efetiva 
comprovação do dano. 
CRIME DE PERIGO ABSTRATO: é o perigo presumido, bastando a conduta típica 
do agente, sem demonstração do risco efetivamente trazido. Ex: crime de associação 
criminosa – art. 288 CP, em que se pune os agentes pelo fato de integrarem o grupo. 
 
 
CRIME DE PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – art. 130 DO CP 
 
Este crime tutela a incolumidade física e a saúde dos indivíduos. Ao estado interessa 
zelar pela saúde dos integrantes da sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUJEITO ATIVO: é a pessoa que transmite a moléstia. É crime de mão própria uma 
vez que sua ação não pode ser delegada a outra pessoa. Não admite coautoria, mas 
pode ocorrer participação. 
 
SUJEITO PASSIVO: é qualquer pessoa, inclusive prostitutas e prostitutos. 
O crime em questão pode ocorrer entre marido e mulher, sendo motivador da 
dissolução do casamento, com base na conduta desonrosa ou violação de deveres 
conjugais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O crime necessita do contato físico entre a vítima e o acusado, pois se ausente 
este contato pode-se implementar o crime dos arts. 131 ou 132.
Relações sexuais: é o vínculo sexual entre duas pessoas, de sexo diferente ou 
não, englobando sexo oral e anal. 
Conjunção carnal: é a introdução do penis na vagina. 
Ato libidinoso: é qualquer prática ligada ao desejo sexual. Ex: beijos lascivos; 
toques em partes íntimas 
Moléstia venérea: toda doença adquirida pelo contato sexual. Ex: sífilis, 
gonorréia, cancro, etc. 
 
Se a vítima não for contaminado por qualquer motivo (já possuir a doença ou for 
autoimune), caracteriza-se crime impossível. 
 
 
 
 
O uso de preservativo ou qualquer meio de impedir a transmissão de moléstia 
venérea exclui o crime, pois a vítima não é exposta a situação de perigo. 
 
 
Mesmo que a pessoa que se contaminou com o ato sexual soubesse que o 
outro estava contaminado e consentiu em praticá-lo, mesmo assim o agente 
responde pelo crime, pois o tipo penal tutela o interesse público. 
 
Prof. MsC. LUCIANO COSTA – DIREITO PENAL III – RESUMO DE AULA 
Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO 
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ELEMENTO SUBJETIVO do crime do art. 130 compreende: 
 
 
 
MOMENTO CONSUMATIVO: dá-se com a prática do ato sexual ou libidinoso, não 
bastando a efetiva transmissão da doença, mas a simples exposição a perigo. 
TENTATIVA: É admissível, o agente quer colocar alguém em situação de perigo, mas 
não consegue por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
A SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA 
Não é moléstia venérea, pois pode ser transmitida por outras formas, não somente por 
ato sexual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 
 
Elemento 
subjetivo do 
crime de perigo 
de contágio 
venéreo:
1- Dolo direto de perigo: está contido na expressão “sabe que 
está contaminado”, pois o agente tem conhecimento de que é 
portador da doença e cria uma situação concreta de perigo;
2- Dolo eventual de perigo: contido na expressão “deve saber que 
está contaminado”, pois se o agente mantém contato sexual ou ato 
libidinoso com outrem, ele assume o risco de contaminá-lo.
3- Dolo direito de dano: contido na expressão “se é intenção
do agente transmitir”. Aqui o agente tem realmente a
intençao de transmitir a molestia, não somente a exposiçao
a perigo de pegar a doença.
POSIÇÃO DA DOUTRINA 
Se um portador de AIDS, sabendo da contaminação, mantém relações sexuais 
com outra pessoa, contaminando-a, ele pode responder por homicídio doloso ou 
tentativa de homicídio. 
Não se fala em crime de perigo de contágio venéreo, pois o dolo do agente dirige-
se à morte da vítima. É a posição da maioria da doutrina e do STJ. 
 
 
 
POSIÇÃO DO STF 
Para o STF o agente que, sabendo ser portador de AIDS e deliberadamente 
mantém contato sexual sem preservativo, ocultando isso do seu parceiro, o 
entendimento do STF é no sentido de que o agente não pratica homicídio ou 
tentativa de homicídio. Mas a Corte Suprema (voto do Ministro Marco Aurélio) 
limitou-se a afastar o crime doloso contra a vida e não concluiu sobre a 
tipicidade da conduta, deixando subentendido que pode ser crime de perigo de 
contágio venéreo ou lesões corporais grave pela enfermidade incurável. 
 
 
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Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO 
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CRIME DE PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – 
ART. 132 CP 
O tipo penal tutela o direito a vida e saúde da pessoa. 
Pode ser praticado por conduta comissiva ou omissiva. 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
 
 
SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa 
SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa, desde certa e determinada. 
 
NÚCLEO DO TIPO: é o verbo expor, significando colocar uma pessoa à situação de 
dano à saúde. 
É crime de perigo concreto, pois não basta a prática da conduta, sendo preciso 
comprovar que a pessoa teve sua vida ou saúde submetida a risco de lesão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: é o dolo de perigo, pois o agente quer ou 
assume o risco de expor a vida ou a saúde de outrem a situação de perigo concreto. 
Exemplos: 
 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
 
O crime pode ser praticado também na forma omissiva. Exemplo 
 
 
 
 
 
 
Se da conduta de expor a perigo resulta lesão corporal culposa, o agente responde 
pelo artigo 132 e não pelo artigo 129, § 6º, pois a pena deste é menor. 
 
Se a exposição para a vida ou saúde for praticada na 
condução de veículo automotor, o agente responde 
por lesão corporal culposa prevista no art. 302 do 
código brasileiro de transito, por ser a pena mais grave. 
 
Se da conduta de expor a perigo sobrevier morte da vitima, o agente responde por 
homicídio culposo – art. 121, § 3º. Jamais responde por lesão corporal seguida de 
morte, pois ele não agiu com dolo de lesionar. 
 
Pessoa joga uma pedra com o objetivo de que ela não passe na via pública. 
O dolo dela é apenas de causar perigo. 
Pessoa joga uma pedra com a intenção de causar um mal determinado (dolo de 
dano). 
Neste caso, o agente responde por lesões corporais ou tentativa de homicídio. 
Atirador de facas profissional de um circo, se não segue as normas de segurança, 
pratica o crime. 
 
Familiar que não autoriza a transfusão de sangue em pessoa com grave anemia, expõe 
a perigo a saúde de outrem; 
Um empregador que não fornece equipamentos de segurança individual para seus 
empregados,daí resultando perigo no exercício da função. 
 
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CONSUMAÇÃO: ocorre quando há a produção do perigo concreto para a vítima. 
 
TENTATIVA: é possível, mas só na forma comissiva. 
 
DISPARO DE ARMA DE FOGO EM VIA PÚBLICA OU LUGAR HABITADO 
 
 
 
 
 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 
CRIME DE ABANDONO DE INCAPAZ – ART. 133 DO CP 
Abandonar significa deixar a vítima sem assistência e sem amparo e à própria sorte no sentido 
físico. 
Núcleo do tipo: abandonar significa desamparar pessoa incapaz (abandono físico). Pode ser 
praticado por ação ou omissão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUJEITO ATIVO: é só a pessoa que tem o dever de zelar pela vida, saúde ou segurança da 
vítima (crime próprio). 
A vinculação jurídica entre a vítima e o agente pode decorrer de: 
 
 
 
VINCULAÇÃO 
JURÍDICA ENTRE 
VÍTIMA E 
AGENTE pode 
decorrer:
1- LEI : Exemplo: os filhos em relação aos pais; pais em 
relação aos filhos;
2- CONTRATO: Exemplo: médico e paciente;
3- CONDUTA LÍCITA: Exemplo: professor de mergulho e seu
aluno no mar;
4- CONDUTA ILÍCITA: Exemplo: seguestrador e seu 
sequestrado.
Esta conduta não caracteriza o crime do art. 132 do CP, 
mas o art. 15 do Estatuto do Desarmamento, com pena 
mais grave – de 2 a 4 anos de reclusão e multa, em razão do 
princípio da especialidade. 
 
 
E o pai ou mãe que deixa de dar alimentos ao filho? 
 Não se enquadra neste artigo. Tem que ser abandono físico, não material. 
 
 
Abandono por ação: levar um doente mental a lugar ermo e perigoso e lá o deixa; 
Abandono por omissão: Uma filha possui um pai idoso e doente, leva-o a certo interior e 
lá o abandona. 
Em qualquer caso, o crime só se consumará se ocorrer perigo concreto para o incapaz. 
 
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O tipo penal exige que o agente tenha especial vinculação a vítima, isto é,esteja sob seu 
cuidado, guarda, vigilância ou autoridade. 
 
CUIDADO: é a assistência eventual. Ex: enfermeira que zela por idoso ou criança; 
 
GUARDA: é a assistência duradoura. Ex: pais em relação aos filhos menores de 18; 
 
VIGILÂNCIA: é a assistência de cautela, que envolve pessoas capazes, mas que não podem se 
defender em certas situações excepcionais. Ex: instrutor de alpinismo e seu aluno; 
 
AUTORIDADE: é a relação de direito público ou privado, em que o superior hierárquico dá 
ordens para serem cumpridas pelo subalterno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUJEITO PASSIVO: é o incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono. 
Incapaz é qualquer pessoa, ainda que maior de idade e com a saúde física ou mental em ordem, 
que na situação concreta não possa se defender dos perigos. 
 
 
 
Qualquer um pode ser incapaz, porque o que é levado em conta é a vida ou a saúde colocada em 
risco. 
Ex.1: Na selva, um guia deixa o cliente inexperiente entregue à própria sorte. É crime de 
abandono de um incapaz. O perigo foi criado por quem tinha o dever de cuidar. 
 
Ex.2 : Uma babá larga a criança à beira de uma piscina e sai. A criança morre. Nexo causal 
– abandonou a menor; resultado – a morte. 
 
ELMENTO SUBJETIVO: é o dolo de perigo (direto ou eventual), pois basta colocar o 
incapaz em situação de perigo. Não admite a forma culposa. 
 
Ex: Mãe que que deixa filho pequena no carro fechado e vai fazer compras. Na volta, o 
filho está morto por asfixia. Ela responde por homicídio doloso. 
 
EXEMPLOS DE 
INCAPACIDADE
1- Incap. Física: 
sofrer um choque 
anafilático
2- Incap. 
Mental: 
sofrer um 
processo de 
amnésia;
3- Incap. 
Permanente: 
debilidade psiquica 
4- Incap. 
transitória: pessoa 
embriagada; 
cegos; idosos, 
paraliticos, etc
Se ausente essa especial vinculação entre a vítima e 
acusado, ele só responde pelo crime de omissão de 
socorro – art. 135 CP. 
Se se provar que a intenção não era de abandonar, 
mas de causar a morte, responde o agente por 
homicídio doloso, direto ou eventual. 
 
 
Se a intenção do agente for a de ocultar desonra própria e a vítima for um recém-nascido, 
o crime será o previsto no artigo 134 (“exposição ou abandono de recém-nascido”). 
 
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CONSUMAÇÃO: o crime se consuma no instante do abandono e desde que resulte perigo 
concreto para o incapaz. É crime instantâneo, mas de efeitos permanentes. 
Ex: Se um pai abandona um filho de 4 anos em local ermo pelo de 3 horas, arrepende-se e volta 
para pegar o filho, mesmo assim o crime se concretiza. 
 
TENTATIVA: é admissível somente na modalidade comissiva. 
 
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EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO – ART. 134 
Este crime tutela a vida e a saúde do recém-nascido, significando deixá-lo sem assistência. 
 
NÚCLEOS DO TIPO: expor e abandonar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUJEITO ATIVO: só pode ser praticado pela mãe, que concebeu o filho fora do matrimônio 
ou pelo pai, que abandono o filho aduterino. 
 
O pai que abandona filho adulterino concebido por sua esposa infiel pratica o crime de 
abandono de incapaz, pois a desonra não é sua, mas de sua esposa. 
 
SUJEITO PASSIVO: é o recém-nascido. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO: é o dolo. Exige-se ainda o especial fim de agir: para ocultar 
desonra própria. 
Não se admite a modalidade culposa. 
 
 
 
 
 
 
Expor o recém-nascido é conduta comissiva e significa removê-lo de local onde ele tinha 
assistência para outro onde não lhe prestam assistência. 
Abandonar o recém-nascido é conduta omissiva, significando que o agente não remove o 
recém-nascido para outro local, mas ali mesmo deixa de prestar-lhe assistência. 
 
Trata-se de abandono físico, pois se for abandono moral, 
constitui o crime contra assistência familiar – art. 244 a 247. 
 
É crime próprio que somente pode ser cometido pela mãe para esconder a gravidez 
fora do casamento, ou pelo pai, na mesma hipótese, ou em razão de filho adulterino ou 
incestuoso. 
 
 
A prostituta não pode ser sujeito ativo do crime de exposição ou abandono de 
recém-nascido, devendo responder por abandono de incapaz, pois ela não honra. 
 
 
Ocultar desonra própria - a honra que o agente visa preservar é a de natureza sexual, a 
reputação etc.; se a causa do abandono for miséria, excesso de filhos ou outros ou se o 
agente não é pai ou mãe da vítima, o crime será o de “abandono de incapaz”. 
 
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CONSUMAÇÃO: Consuma-se com o abandono ou exposição do recém-nascido, mas desde 
que resulte perigo concreto. Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes, perdurando 
os efeitos no tempo. 
TENTATIVA: é admissível, mas só na forma comissiva. 
 
QUALIFICADORAS - §§ 1º e 2º 
São crimes preterdolosos, pois há dolo no crime antecedente (crimede perigo – expor ou 
abandonar) e culpa no crime conseqüente (lesão corporal grave ou morte). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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OMISSÃO DE SOCORRO – ART. 135 
Este crime protege a vida e a saúde do ser humano, além disso tutela a solidariedade humana em 
sociedade. 
 
 
 
 
 
 
ELEMENTO NORMATIVO: é a expresão “quando possível fazê-lo sem risco pessoal”, a 
lei não pode impor a obrigação de prestar socorro quando houver risco para a integridade 
corporal para quem socorre. 
O crime de omissão de socorro pode ser praticado de duas formas: 
 
 
OMISSÃO 
DE 
SOCORRO
: DUAS 
FORMAS
1- falta de socorro imediata: o agente pode socorrer sem risco pessoal,
mas não o faz.
Ex: Pedro caminha pela via pública e se depara com uma pessoa
atropelada e gravemente ferida e não presta-lhe socorro, mesmo sem
risco pessoal.
2- falta de socorro mediato: o agente não pode prestar socorro 
pessoalmente, mas também não não pede auxílio à autoridade pública.
Ex: João dirigindo seu veículo atropela alguém, vai socorrer e como 
percebeu que várias pessoas estavam lhe ameaçando de linchamento, ele 
sai do local, mas não pede auxílio da polícia ou hospital.
Ex: Mãe que abandona num lixeira filho recém-nascido, 
conduta da qual resulta lesão corporal grave, pois ratos 
causaram ferimentos graves na criança. 
Se se provar que a vontade da mãe era só abandonar, neste 
caso, ela responde pelo crime de lesão corporal grave. 
 
Se resulta lesão corporal leve, a mãe responde pelo crime de exposição ou abandona de 
recém-nascido, pois o crime de lesão leve fica absorvido pelo crime de maior pena. 
 
NÚCLEOS DO TIPO: “deixar” significa não prestar socorro a quem se acha em perigo. 
“Não pedir” quer dizer deixar de solicitar auxílio da autoridade pública para socorrer 
alguém em perigo. 
Trata-se de crime omissivo próprio, pois o tipo penal já traz a conduta omissiva (prestar 
assistência). 
 
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SUJEITO ATIVO: o crime pode ser cometido por qualquer pessoa, mesmo que não tenha o 
dever de prestar socorro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OMISSÃO DE MÉDICO 
 
O médico também pratica o crime de omissão de socorro ao não prestar assistência à vítima nas 
seguintes situações: 
 
 
 
ATENDENTE DE EMERGÊNCIA DE HOSPITAL 
Também comete o crime de omissão de socorro a atendente de emergência de hospital que 
recusa pronto atendimento médico sob a alegação de prévio preenchimento de ficha pessoal, 
pois ela não tem capacidade técnica de aferir a necessidade ou não de imediata análise clínica 
pelo médico de plantão. 
 
SUJEITO PASSIVO: só as pessoas indicadas no artigo podem ser vítimas desse crime. 
 
Criança abandonada: pessoa menor de 12 anos que foi intencionalmente deixada em algum 
lugar por quem tinha o dever de cuidado e vigilância, não podendo prover sua subsistência. 
 
Criança extraviada: é a pessoa menor de 12 anos que está perdida, não sabendo retornar á sua 
casa ou local onde possa encontrar abrigo. 
 
O médico pode 
cometer o crime 
de omissão de 
socorrer pelas 
formas 
seguintes:
1- quando de plantão exige prévio depósito em dinheiro por 
parte de pessoa pobre;
2- quando alega está de folga do trabalho;
3- quando não presta socorro sob a alegação de que a vítima
não é associada a nenhum plano de saúde;
4- quando alega a falta de vagas no hospital ou unidade de 
emergência.
Se houver vinculação jurídica entre a vítima e a pessoa que nega o socorro, o crime será o 
de abandono de incapaz – art. 133 ou de abandono material – art. 244. 
Ex: Chico é curador de Décio (interdito). Este sofre uma grave queda, ficando 
desmaiado. Chico presencia tal e não faz para socorro seu interdito. 
Neste caso, Chico responderá pelo crime de abandono de incapaz. 
 
Se várias pessoas se omitem no socorro a alguém, cada pessoa pratica o crime de omissão 
de socorro individualmente, sem concurso de pessoas. 
 
 
Se várias pessoas se omitem em prestar socorro a pessoa em situação de perigo, mas uma 
delas o faz, não há crime para ninguém, pois a solidariedade de uma exclui a conduta 
criminosa dos demais. 
 
 
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Pessoa inválida e ao desamparo: pessoa inválida é a que não pode praticar atos do seu dia a 
dia, podendo ser física ou mental. Pessoa ao desamparo é aquela que está impossibilitada de 
afastar o perigo por suas forças . 
 
Pessoa ferida e ao desamparo: aquela que sofreu lesão corporal, seja por acidente ou 
provocada por terceiro. Precisa também que ela se encontre ao desamparo, isto é, esteja 
impossibilitada de afastar o perigo por suas forças. 
 
Pessoa em grave e iminente perigo: exige-se perigo grave e iminente, não importando que 
tenha sido provocado ou não por terceiro, por fenômeno da natureza ou pela própria vítima. 
 
 
 
 
 
 
CRIME DE OMISSÃO DE SOCORRO E RESISTÊNCIA DA VÍTIMA 
 
Mesmo que a vítima não queira o socorro, subsiste o crime, por ser a vida ou integridade física 
bens indisponíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OMISSÃO DE SOCORRO EM CRIME DE TRÂNSITO 
 
Pessoa que, na direção de um veículo automotor, mata ou lesiona alguém e não presta socorro 
imediato, responde pelo crime do art. 302, § 1º, inc. III do CTB; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POSSIBILIDADE DE HAVER CRIME DE OMISSÃO DE SOCORRO EM CO-
AUTORIA 
 
 
 
 
Exemplos: 1- Pessoa presa em um incêndio gerado por outra pessoa; 
2- pessoa desmaiada na via pública por ter sido atingida por um raio; 
3- pessoa que está nadando em um rio e começa a se afogar. 
 
Mas quando a resistência da vítima impossibilitar a prestação do 
socorro por terceiro, a conduta é atípica penalmente. 
 
Pessoa que gravemente ferida, ao ser socorrida por outra 
recusa a ajuda, dizendo que deseja morrer, aquela que socorre 
tem que continuar o socorro, mesmo contra a vontade daquela, 
sob pena de configurar o crime. 
 
Pessoa que, na direção de veículo automotor, mata ou lesiona e não presta socorro, 
responde pelo crime do art. 304 do CTB, mesmo que a sua omissão seja suprida por 
terceiro ou mesmo que a vítima tenha falecido instantaneamente ou com 
ferimentos leves; 
 
 Pessoa que, na direção de veículo automotor ou não, 
não tenha qualquer envolvimento na morte ou lesões 
corporais da vítima, e deixar de prestar socorro 
podendo, responderá pelo crime do artigo 135 do CP. 
 
 
Exemplos 1: Duas mulheres A e B estão se afogando e só A é socorrida por um 
homem, com o auxílio de outro, que poderiam ter salvado A e B sem risco 
pessoal. Os dois homens previamente acertaram só salvar a mulher A. 
Em relação à mulher B, que se afogou, aquele homem que socorreu atua como autor 
na omissão de socorro, e outro como co-autor (auxilia nessa conduta). Houve 
coautoria no crime de omissão de socorro por que houve vínculo subjetivo (prévio 
ajuste entre os homens). 
 
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HOMICÍDIO REALIZADOPOR CONDUTA IMPRÓPRIA E CRIME DE OMISSÃO 
PRÓPRIA QUALIFICADA PELO RESULTADO MORTE - DIFERENÇAS 
 
A diferença está no dolo. No primeiro exemplo, há vontade de matar. No segundo não há, mas a 
morte vem a título de culpa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ELEMENTO SUBJETIVO: é dolo de perigo, não admitindo a modalidade culposa. 
 
CONSUMAÇÃO: consuma-se o crime no instante da omissão. 
 
TENTATIVA: não admite a tentativa, pois é crime unissubsistente. 
 
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CRIMES CONTRA A HONRA 
Crimes contra a honra são todos aqueles que atingem o conjunto de atributos intelectuais, físicos 
e morais de uma pessoa, desmerecendo o seu apreço pela coletividade e despromovendo a sua 
auto-estima. 
HONRA: conjunto de qualidades físicas, morais e intelectuais de um ser humano, que o fazem 
merecedor de respeito no meio social. É patrimônio moral que merece proteção do Estado, 
sendo um direito fundamental – art. 5º, inciso X da CF. 
A doutrina distingue duas formas de honra: 
 
 
 
A HONRA PODE 
SER:
HONRA OBJETIVA
CRIME DE CALÚNIA
CRIME DE DIFAMAÇÃO
HONRA SUBJETIVA CRIME DE INJÚRIA
Exemplo do primeiro caso: Uma mãe não gosta do filho de 1 ano de idade, e quer matá-lo, 
mas não tem coragem. Deixa-o sem alimento e com tal conduta provoca a morte da criança, 
por inanição. 
 
 
Exemplo do segundo caso: Uma criança está extraviada, e uma pessoa que está por 
perto sabe disso e se omite em ajudá-la. Horas depois foi atropelada por um carro, 
morrendo (ânimus omitenti). 
 
 
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A HONRA OBJETIVA: representa o que os outros pensam de determinada pessoa, 
considerando suas qualidades físicas, morais e intelectuais; é o conceito que uma pessoa possui 
no meio social em que vive. É a reputação da pessoa. 
Os crimes de calúnia e difamação atacam a honra objetiva. 
É a imputação a outra pessoa de fato descrito na lei como crime (calúnia) ou ofensa à sua 
reputação (difamação). 
 
A HONRA SUBJETIVA: abrange o juízo que a pessoa faz de si mesma em razão de suas 
qualidades físicas, morais e intelectuais, isto é, a auto-estima. 
Não há atribuição de fato, mas imputação de qualidades negativas à outra pessoa 
 
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CRIME DE CALÚNIA – ART. 138 
 
A calúnia consiste em atribuir falsamente, a alguém, fato definido como crime. Se acaso o 
fato for definido como contravenção penal deverá ser configurada como difamação. Na sua 
caracterização a calúnia exige os seguintes requisitos: 
 
 
 
 
 
 
Exemplo: Pedro acusa Beto de ter furtado o celular de Carmem, sendo tal acusação 
falsa, está configurado o crime de calúnia. 
Tutela a honra objetiva da pessoa – reputação 
Pode ser praticado por meio de mímicas ou palavras (escrita ou oral). 
SUJEITO ATIVO: aquele que atribui falsamente fato definido como crime a outra pessoa. 
Aquele que propala ou divulga a imputação somente responde pelo crime, se ele tiver 
consciência de que o fato incriminado é falso. 
SUJEITO PASSIVO: é a pessoa que sofreu a calúnia, incluindo os desonrados e os 
inimputáveis (menores de idade e doentes mentais). 
 
 
 
 
Se o fato imputado for verdadeiro, não há a calúnia. 
 
 
 
 
Somente se tipifica o crime quando há o animus injuriandi. Exemplos: 
 
 
1- imputação de fato determinado qualificado como crime; 
2- a pessoa ou pessoas devem ser certas e determinadas; 
3- fato imputado é falso. 
 
 
Pessoa jurídica não está tutelada pelo tipo penal. Pessoa jurídica no direito brasileiro só 
pode ser vítima de difamação, mas não de calunia ou injúria. 
 
1- Xisto é o sujeito que a polícia está procurando pela prática de vários estupros nesta 
área. 
2- O promotor Bento deixou de denunciar um indiciado porque foi por ele 
subornado. 
 
 
 
Para configurar a calunia é preciso que a imputação do fato seja certa e determinada, 
pois a acusação aleatória de ladrão, receptador, estelionatário, amigo do alheio, 
indébito apropriador, não tipifica o crime. 
 
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ELEMENTO SUBJETIVO: é o dolo, vontade de ofender e denegrir a honra da vítima. 
O caluniador deve ter plena consciência de que a imputação não é verdadeira. 
Não admite a modalidade culposa. 
CONSUMAÇÃO: o delito consuma-se quando outra pessoa toma conhecimento do fato 
imputado falsamente, bastando apenas uma pessoa, pois é crime formal. 
 
 
 
TENTATIVA: é admissível na forma por escrito (crime plurissubsistente). Não é admissível a 
calúnia na forma verbal, pois esta se consuma no instante em que é verbalizada 
(unissubsistente). 
 
CALÚNIA CONTRA OS MORTOS 
 
 
 
 
 
 
EXCEÇÃO DA VERDADE 
 
É o fato do agente que proferiu a calunia contra a honra da vítima, provar que o que ele 
afirmou é verdade. Provado que a suposta ofensa é verdadeira, ou seja, é crime – a pessoa 
não responde por calúnia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EXCEÇÃO DA 
VERDADE:
1- é um incidente processual que deve ser julgado antes da 
causa principal;
2- é uma medida facultativa de defesa indireta do acusado;
3- deve ser apresentada na primeira oportunidade em que a
defesa se manifestar nos autos;
É irrelevante se a vítima tomou ou não conhecimento da falsa imputação. 
 
Nélio imputa a Maria o fato dela ter se apropriado de um 
celular pertencente ao órgão público onde os dois 
trabalham (crime de peculato). 
Maria então processa Nélio pelo crime de calúnia, pois teve a 
sua reputação afetada. Na primeira oportunidade, Nélio entrou 
com a exceção da verdade, para provar que o fato que ele 
divulgou é verdadeiro. 
 
 
Admite-se somente a imputação referente ao período em que o ofendido estava vivo. 
A lei tutela a honra das pessoas mortas relativamente à memória da boa reputação e o 
interesse dos familiares em preservar a dignidade do falecido. 
 
 
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CRIME DE DIFAMAÇAO – ART. 139 
Difamar consiste em imputar à alguém fato ofensivo a sua reputação, ou seja, o autor do crime 
profere fatos ofensivos, com a intenção de desacreditar a vítima publicamente, não importando 
se os fatos são falsos ou verdadeiros. Atinge a honra objetiva da vítima. 
 
Para caracterizar o crime em questão são necessários os seguintes requisitos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A reputação diz respeito a opinião de terceiros no tocante aos atributos físicos, intelectuais e 
morais de alguém. É o conceito que a pessoa goza no meio social. 
 
 
 
SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa 
SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa, inclusive menores de idade, doentes mentais e 
desonrados. Os mortos não podem ser difamados. 
CONSUMAÇÃO: concretiza-se o crime quando a ofensa chega ao conhecimento de terceira 
pessoa. É crime formal. 
TENTATIVA: na forma escrita é possível a tentativa. 
 
 
 
 
EXCEÇÃO DA VERDADE NA DIFAMAÇÃO 
Só é admitida a exceção da verdade na difamação contra PF no exercício da função, pois o 
fundamentoé o interesse coletivo em fiscalizar o exercício da atividade funcional. Se o ofensor 
do FP demonstra a veracidade da imputação que fez, será absolvido. 
1- imputação de fato determinado, diferente de crime; 
2- pessoa ou pessoas determinadas; 
3- fato ofensivo (desonroso) à reputação da vítima, podendo ser ele verdadeiro ou falso. 
 
 
Exemplos: Carlos espalha no trabalho que Pedro é um assíduo freqüentador de 
prostíbulos. 
Sendo este fato verdadeiro ou falso, constitui crime de difamação, pois as pessoas não 
devem tecer comentários desabonadores à respeito de qualquer que seja a pessoa, sendo 
eles verdadeiros ou não. 
 
Para caracterização da difamação é irrelevante a veracidade ou não das afirmações 
proferidas pelo agente, pois ainda que estas sejam verdadeiras o delito persiste, já que o 
tipo penal fala em imputar fato ofensivo, não se referindo em ser verdadeira ou não a 
imputação. 
 
Ex: João escreve um bilhete para um amigo imputando a Pedro fato que denigre a sua 
reputação. Antes de Pedro tomar conhecimento do conteúdo do bilhete, fora extraviado. 
 
Na forma verbal não admite o conatus, pois é crime unissubsistente. 
 
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CRIME DE INJÚRIA – ART. 140 
A injúria consiste em tutelar a honra subjetiva, que é constituída pelo sentimento de cada 
pessoa acerca de seus atributos morais (honra dignidade), intelectuais e físicos (honra decoro), 
mediante o uso de xingamento ou atribuição de qualidade negativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Insultos pessoais sistemáticos e apelidos pejorativos podem caracterizar o crime de injúria, 
mais conhecido por bullying (lei 13.185/2015) 
São os requisitos do crime de injúria: 
 
 
 
 
 
NÚCLEO DO TIPO: injuriar significando insultar, ofender ou falar mal de modo que atinge o 
conceito que a pessoa possui dela própria. 
 
 
 
Ex: Décio comenta na frente de três amigos em um bar, que foi 
ajuizar uma ação penal no Foro de certa cidade do interior e 
ao adentrar o gabinete do juiz, encontra-o embriagado e na 
companhia de três mulheres que estavam ao seu lado em trajes 
íntimos. O juiz impetrou ação penal pelo crime de difamação, 
sob a alegação de fato ofensivo à sua reputação. 
 
Décio poderá, na primeira manifestação no processo, entrar com 
uma exceção da verdade, objetivando provar a veracidade dos 
fatos comentados. 
 
Exemplo 1: chamar uma mulher de desonesta. Neste caso, o 
ofensor responderá pelo crime de injúria, pois atingiu uma qualidade 
moral da pessoa. 
Exemplo 2: Pedro afirmou que Maria é horrorosa. Pedro cometeu o 
crime de injúria por que atentou contra as qualidades físicas de 
Maria (decoro). 
Exemplo 3: Jonas diz para outras pessoas que Lucas é burro, pois 
pronuncia as palavras de forma errada. Jonas praticou o crime de 
injúria, pois violou as qualidades intelectuais de Lucas. 
 
 
 
1- imputação de qualidade negativa; 
2- pessoa ou pessoas certas e determinadas; 
3- qualidade negativa pode ser verdadeira ou falsa. 
 
Exemplo: A diz que B é um idiota e um imbecil. 
Se são verdadeiras ou não as qualidades negativas imputadas a B, isto não interessa 
para o legislador, pois a depreciação da auto-estima de B já foi atingida, 
configurando assim crime de injúria. 
 
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SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa. A injúria pode ser praticado por palavras, gestos, pinturas, 
outdoors, escritos, etc 
SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa, desde que tenha consciência de que está sendo atacada 
a sua honra. Logos, os menores de idade e os desonrados podem ser vítimas . 
CONSUMAÇÃO: concretiza-se o crime quando a ofensa chega ao conhecimento da vítima. É 
irrelevante que a ofensa seja dita na presença da vítima ou se ela tomou conhecimento por 
terceiro, independente dela sentir-se ofendida. É crime formal. 
TENTATIVA: é possível somente na forma escrita, por ser crime plurissubsistente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIFERENÇA 
ENTRE CALÚNIA 
E DIFAMAÇÃO
CALÚNIA : há imputação de fato definido como crime e o fato 
imputado deve ser necessariamente falso;
DIFAMAÇÃO: o fato imputado não é criminoso, mas ofensivo a
reputação do indivíduo. Pode ou não ser falso, pois a falsidade da
imputação não é exigida neste crime.
DIFERENÇA 
ENTRE CALÚNIA 
E DENUNCIAÇÃO 
CALUNIOSA
CALÚNIA : há imputação de fato definido como crime e o fato 
imputado deve ser necessariamente falso;
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – art. 339 – o agente, além de
atribuir à vítima falsamente um crime, também o leva ao
conhecimento da autoridade – policial ou judicial – gerando a
instauração de inquérito policial ou ação penal.
DIFERENÇA 
ENTRE CALÚNIA 
E INJÚRIA
CRIME DE CALÚNIA : há imputação de fato definido como crime,
que atinge a honra objetiva da vítima; além disso, o crime se
consuma quando terceiro toma conhecimento da imputação;
CRIME DE INJÚRIA: há a atribuição de qualidade negativa, que
atinge a honra subjetiva da vítima. Além disso, o crime se
consuma quando a própria vítima toma conhecimento da
imputação.
Há crime de tentativa de injúria verbal na seguinte situação: 
Pedro pede para Beto que fale para Carlos, que ele é um covarde e imbecil. Pedro, 
não dá o recado a Carlos. 
Neste caso, a execução do crime de injúria se iniciou, mas não se consumou por 
circunstâncias alheias à vontade de Pedro. 
 
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Faculdade Estácio/FAP – CURSO DE DIREITO 
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PERDÃO JUDICIAL NA INJÚRIA 
É causa de extinção da punibilidade e fundamenta-se no fato de que, embora a conduta seja 
típica e ilícita, não é necessário punir o agente. A sentença que o concede é declaratória de 
extinção da punibilidade – súmula s18 do STJ. 
No caso do crime de injúria, admite-se o perdão judicial nos incisos I e II do § 1º do art. 140. 
No inciso I, o ofendido provocou diretamente a injúria e na presença do ofensor. Exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
NO CASO DE RETORSÃO IMEDIATA – art. 140, § 2º, II 
RETORSÃO é a injúria dita pelo ofendido contra quem antes o injuriou. Logo após ser 
ofendida, imediatamente a vítima ataca a honra do seu agressor. 
 
 
 
 
 
Só existe a retorsão imediata no crime de injúria. Se a resposta da injúria consistir em 
difamação, o agente responderá pelo crime de difamação – art. 139 CP. 
CRIME DE INJURIA REAL 
 Consiste no emprego, não de palavras, mas de violência ou vias de fato para a prática da 
ofensa e se considera aviltante (humilhante, desprezível). 
Se da violência empregada resulta lesão corporal ou morte, o agente responderá pelos crimes de 
injúria real em concurso material com o crime de lesão corporal ou morte. Exemplos de injúria 
real: 
 
 
 
CRIME DE INJÚRIA RACIAL OU QUALIFICADA 
É o ato de atribuir qualidade negativa à determinada pessoa que seja ofensiva à sua honra 
subjetiva e que esteja constituída de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou 
origem. Exemplos: 
 
João dirigiu gracejos indecorosos contra Madalena e esta chama João de 
vagabundo e sem-vergonha.João entra com ação penal contra Madalena pelo crime 
de injúria. 
Neste caso, não há motivos para o juiz punir Madalena, pois primeiro ela foi injuriada 
por João. 
Assim, aquele que provoca outra pessoa ilegalmente a injuriando, pode ser vítima de 
injúria. 
 
A retorsão é admitida tanto na injúria verbal quanto na escrita. Nesta última, a 
retorsão deve ocorrer no momento em que o injuriado tomar conhecimento da 
ofensa. 
Quem primeiro lança injúrias contra outra pessoa, não pode agir em retorsão 
imediata. E sobre ela não incide o perdão judicial. 
 
Bater no rosto da vítima com as luvas retiradas das mãos; jogar fezes ou urina na vítima; 
cortar cabelo ou barba com intuito de humilhar; rasgar roupas, jogar comida ou bebida no 
rosto da vítima. 
 
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A injúria racial pode ser praticada por qualquer meio, sendo em tese comissiva e havendo a 
necessidade de chegar ao conhecimento da vítima, mesmo que através de terceiros. 
 
CRIME DE RACISMO 
Constante do artigo 20 da Lei nº 7.716/89, somente será aplicado quando as ofensas não tenham 
uma pessoa ou pessoas determinadas, e sim venham a menosprezar determinada raça, cor, 
etnia, religião ou origem, agredindo um número indeterminado de pessoas. Exemplos: 
 
 
 
Entre as peculiaridades de cada crime encontram-se as seguintes diferenças: 
 
 
EXEMPLOS DE CRIME 
DE INJÚRIA RACIAL -
xingar alguém de:
1- Negro 
fedorento
2- judeu 
safado
3- baiano 
vagabundo
4- alemão 
azedo
5- goleiro 
macaco
EXEMPLOS DE CRIME 
DE RACISMO :
1- negar empregos a 
judeus em empresa, 
alegando raça;
2- impedir acesso de 
índios a determinado 
estabelecimento, sob 
alegação de etnia 
3- impedir entrada de 
negros em um shopping, 
alegando cor de pele
4- todos aqueles que 
professam a religião 
protestante são corruptos
6- impedir que um 
praticante da religião 
muçulmana ingresse em 
cargo público;
DIFERENÇAS 
ENTRE INJÚRIA 
RACIAL E CRIME 
DE RACISMO
1- crime de racismo: é imprescritível e inafiançável; 
crime de injúria racial: é afiançável e tem sua prescrição
ocorre em oito anos;
2- crime de racismo: é de ação pública incondicionada; crime de
injúria racial: é de ação penal privada;
3- crime de racismo: há a lesão ao Princípio da Dignidade da
Pessoa Humana; crime de injúria racial: há a lesão à honra
subjetiva da vítima.
4- crime de racismo: possui penas superiores às do crime de
injúria racial;
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 INJÚRIA ETÁRIA 
O estatuto do idoso – lei n 10.741/2003 que conferiu nova redação ao § 3 do art. 140 do CP, 
tipificou a injúria etária, que ocorre quando a ofensa consiste no emprego de elementos 
referentes à condição de pessoa idosa – aquela com idade igual ou superior a 60 anos. 
Para caracterizar a injuria etária não basta que tenha sido praticada contra o idoso, mas é preciso 
que o agente queira atingir a honra subjetiva dele, e para tal utiliza elementos referentes à sua 
condição de pessoa idosa. Exemplos: 
 
 
 
 
A nova redação do § 3º também prevê o crime de injúria em razão de deficiência física ou 
mental, sendo esta condição ressaltada pelo sujeito com o objetivo de ofender a honra 
subjetiva da vítima. Exemplos: 
 
 
 
 
DISCRIMINAÇÃO CONTRA PORTADOR DO VIRUS HIV E DOENTES DE AIDS 
A lei 12.984/2014 incrimina a conduta de quem pratica atos discriminatórios contra portadores 
do vírus HIV e doentes de AIDS, quando se usa essas condições para atingir a honra subjetiva 
dessas pessoas nas seguintes situações: 
 
CONDUTAS 
DISCRIMINA
TÓRIAS NA 
LEI 
12.984/2014
I - recusar, procrastinar, cancelar ou segregar a inscrição ou impedir 
que permaneça como aluno em creche ou estabelecimento de 
ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado;
II - negar emprego ou trabalho;
III- exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego;
IV- segregar no ambiente de trabalho ou escolar;
III
V- divulgar a condição do portador do HIV ou de doente de aids, 
com intuito de ofender-lhe a dignidade;
V
VI - recusar ou retardar atendimento de saúde.”
chamar a vítima de “velha caduca”, idoso esclerosado, velho gagá, idoso decrépito, 
dentre outras depreciações. 
 
João é um debiloide; empregada retardada; você é uma aberração; monstro; multilado; 
aleijado;

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