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FACULDADE DE MEDICINA DO ABC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE MESTRADO FLÓRIDO SAMPAIO NEVES PEIXOTO BIPOLARIDADE E SUICÍDIO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE SANTO ANDRÉ 2017 FLÓRIDO SAMPAIO NEVES PEIXOTO BIPOLARIDADE E SUICÍDIO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE Dissertação em formato de artigo científico apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina do ABC, como pré-requisito para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde. Área de Concentração: Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. Modesto Leite Rolim Neto SANTO ANDRÉ 2017 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que pediram demais pela minha coragem. E foram tantos os pedidos que do céu desceu minha força. Aprendi com os percalços da vida, que eu era e continuo sendo forte... Neste contexto, ratifico que força são instantes para salvá- lo do imprevisível. A bipolaridade e suicídio em crianças e adolescentes é um espaço volátil, carregado de surpresas. Aos olhos de quem possui a marca da doença, tudo se passa de forma imprevisível: “O que vi, vi tão de perto que não sei o que vi. Como se meu olho curioso se tivesse colado ao buraco da fechadura e em choque deparasse do outro lado com outro olho colado me olhando. O que era tão incompreensível como um olho. (...) Minhas costas forçaram desesperadamente a parede, recuei – era cedo demais para eu ver tanto. Era cedo demais para eu ver como nasce a vida.” RESUMO PEIXOTO, Flórido Sampaio Neves. Bipolaridade e suicídio em crianças e adolescentes: uma revisão sistemática com metanálise, 2017. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Medicina ABC, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, FMABC, Santo André, São Paulo, 2017. (INTRODUÇÃO) Os transtornos afetivos em crianças e adolescentes têm ganhado repercussão crescente no cenário mundial da saúde mental. Embora o transtorno bipolar freqüentemente acometa os indivíduos na fase adulta, pesquisas demonstram sua inserção nos espaços infanto-juvenis, a partir da faixa etária dos 04 anos de idade, particularmente interligado a priori a um episódio de depressão como primeira manifestação do transtorno, dificultando, dessa forma o seu correto diagnóstico. (OBJETIVO) Evidenciar através de uma revisão sistemática com metanálise os principais fatores de risco para o desenvolvimento de suicídio no transtorno bipolar em crianças e adolescentes. (MÉTODO) Trata-se de um método de síntese de evidências, através de uma revisão sistemática com metanálise em que foi utilizado o protocolo PRISMA (http://www.prisma-statement.org/). Incluem-se, neste estudo, dados secundários extraídos da Organização Mundial de Saúde - OMS, Departamento of Health and Human Services – UK, National Epidemiological Catchment Area Study – ECA/EUA, Ministério da Saúde. A busca por dados originais em saúde mental foram filtrados através do mapeamento de evidências oriundas das bases de dados eletrônicas: MEDLINE/PubMED, LILACS, SciELO e ScienceDirect no período de 2005 a 2015. (RESULTADOS) Foram encontrados nas bases de dados 1.418 registros dos quais foram selecionados 47 para compor a revisão. Obteve-se como resultado um risco conjunto entre os estudos de 2.94 IC [2.29 – 3.78]. Uma significativa correlação foi verificada entre os fatores de risco e o suicídio, tendo como resultado r (Pearson) 0,7103 e p-valor <0,001. (CONCLUSÃO) A pesquisa evidenciou que a população infanto-juvenil vivendo com transtorno bipolar apresenta maior vulnerabilidade a ideação e prática do suicídio. Associação transtorno bipolar versus suicídio se mostrou estatisticamente significante. Tais resultados fortalecem a necessidade de uma política pública mais efetiva voltada a esta população, no intuito de prevenir novos casos e reduzir danos. Palavras-Chave: Bipolaridade; Suicídio, Infanto-Juvenil ABSTRACT PEIXOTO, Flórido Sampaio Neves. Bipolarity and suicide in children and adolescents: a systematic review with meta-analysis, 2017. Thesis (Ma) - ABC School of Medicine, Post Graduate Program in Health Sciences, FMABC, Santo André, São Paulo, 2017. INTRODUCTION: Affective disorders in children and adolescents have received growing attention in the world scenario of mental health. Associated to this fact, there is crescent suicide prevalence in this population. OBJECTIVE: By means of a systematic review with meta-analysis, we aimed at showing the main risk factors for the development of suicide in the bipolar disorder. METHOD: This is a systematic review with meta-analysis, using the PRISMA protocol (http://www.prisma-statement.org/). This study included secondary data, and original data in mental health was filtered by mapping the evidence found in the following electronic databases: MEDLINE/PubMed, LILACS, SciELO, and ScienceDirect in the period from 2005 to 2015. RESULTS: We found 1,418 registrations in the databases and 46 of them were selected to comprise the review. The result was a joint risk between the studies of 2.94 CI [2.29 – 3.78]. A significant correlation was verified between the risk factors and suicide, and the result was r (Pearson) = 0.7103 and p-value <0.001. CONCLUSION: The population of children and adolescents living with bipolar disorder presented more vulnerability to ideation and practice of suicide. These results reinforced the need of a more effective public policy directed to this population. Keywords: Bipolar disorder; Suicide, Child; Adolescent. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Fluxograma de busca de estudos..................................................18 FIGURA 2 - Metanálise do risco de suicídio em crianças e adolescentes com Transtorno Bipolar.............................................................................................25 FIGURA 3 - Correlação Linear de Pearson.......................................................26 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Interfaces Conceituais ................................................................................................. 11 ....19 TABELA 2 - Fatores de risco para o suicídio .................................................................................. 11 191..23 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ECA National Epidemiological Catchment Area Study IC Intervalo de Confiança LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde OMS Organização Mundial de Saúde OR Odds Ratio MEDLINE Medical Literature Analysis and RetrievalSystem Online PRISMA Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyse PUBMED Recurso desenvolvido e mantido pela Biblioteca Nacional de Medicina (NLM®) dos Estados Unidos SCIELO Scientific Electronic Library Online TB Transtorno Bipolar TAB Transtorno Afetivo bipolar THB Transtorno de Humor Bipolar SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................11 2 OBJETIVOS...............................................................................................................14 2.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................................14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................14 3 MÉTODO....................................................................................................................15 4 RESULTADOS...........................................................................................................17 4.1 Transtorno Afetivo Bipolar: definição e consequências............................................19 5 DISCUSSÃO...............................................................................................................27 5.1 Pontos fortes e limitações do estudo..........................................................................28 6 CONCLUSÃO.............................................................................................................29 REFERENCIAS..............................................................................................................30 ANEXO A.......................................................................................................................35 11 1 INTRODUÇÃO Transtorno bipolar (TB) é caracterizado por uma perturbação mental de caráter crônico e recorrente e uma vez não tratado de forma eficaz pode levar a incapacidade funcional e cognitiva do indivíduo. Apresenta maior incidência em adultos, porém pode acometer crianças e adolescentes. No entanto, a manifestação nesta população se mostra de forma diferenciada dos adultos que geralmente exibe o padrão clássico da patologia 1 . O portador pode manifestar variações comportamentais, ora de mania (comportamento eufórico, destemido e hiperativo) ora de depressão (choroso, triste, isolado, dentre outras) 2 . Gilman et al., (2015) 3 , destacam que crianças que viveram adversidades e episódios estressores como, dificuldades financeiras, maus tratos e abuso sexual nesta fase da vida tem 1,5 a 3 vezes mais chances de desenvolverem TB. Tal associação foi estaticamente verificada pelos autores, demonstrando um Odds Ratio (OR) para o abuso em torno de 2,23; com 95% de intervalo de confiança (IC): 1,71-2,91; Odds Ratio (OR) para maus tratos: 2,10; CI: 1,55- 2,83; e quando efetuada tal associação para com a mania recorrente, apresentou significancia estatistica com Odds Ratio(OR) por abuso: 1,55; IC: 1,00-2,40; Odds Ratio (OR) de maus tratos: 1,60; IC = 1,00-2,55 3 . Braga e Dell‟Agio (2013), constataram como principais fatores de risco na adolescência, eventos estressores ou exposições a algum tipo de violência como abuso de substâncias lícitas ou ilícitas, problemas familiares sejam eles de ordem econômica ou emocional (perdas ou separações). No que se refere à questão de gênero, as meninas tentam mais o suicídio que os meninos, porém eles apresentam maior êxito, pois escolhem formas mais violentas para cometê-los 4 . Neste contexto, o transtorno bipolar na interface com o comportamento autodestrutivo humano é uma realidade que assola países em todo o mundo. É considerado um problema de saúde pública de alta complexidade de causas multifatoriais e de grande ímpacto socioeconomico e familiar 5 . Alves Junior et al., (2016), realizaram um estudo com 1.132 adolescentes com faixa etária entre 14 a 19 anos da rede pública de ensino da cidade de São José em Santa Catarina/Brasil. Foi encontrada uma prevalência de 13,8% para pensamento suicida, 10,5% para planejamento e 5,5% para tentativas de suícidio. Observou-se também um predomínio no sexo masculino (54,2%), 61,8% tinha pele branca e 70% apresentava alto nível socioeconômico. Outro fator em destaque foi com relação ao padrão de sono destes adolescentes, aproximadamente 75% apresentação padrão de sono perturbado, ou seja, não dormia bem. Nesta população foram encontradas as maiores prevalências de transtorno 12 bipolar, particularmente interligadas ao pensamento suicida (22,7%), planejamento (17,2%) e tentativa suicida (9,4%), se mostrando estatisticamente significante (p<0,01) 6 . Por sua vez, o mapa da violência divulgado em 2015, destaca que a taxa de suicídio de adolescentes de 16 a 17 anos no Brasil, apresentou aumento de 80,8 %. Foi um estudo retrospectivo que catalogou e analisou dados desde 1980 (156 casos) a 2013 (282 casos) 7 . São dados alarmantes que requerem ações efetivas por parte da sociedade e das políticas públicas, o suicídio infanto-juvenil é uma realidade e tem apresentado uma incidência crescente 8. É importante considerar que o TB é uma patologia que pode desencadear outras comorbidades psíquicas, como transtorno de ansiedade e os alimentares que acomete 42% e 17% desta população respectivamente 9 e físicas, como o diabetes mellitus 10 . Esse fato pode gerar emoções conflitantes ou alterações da percepção de si mesmo o levando a ideação suicida. Costa (2008), destaca que indivíduos que vivem com TB apresentam maior prevalência a comorbidades psíquicas e/ou físicas, consequentemente apresentando risco de suicídio aumentado 11 . Diante do exposto, percebe-se a necessidade de um aprofundamento acerca da temática, o que foi possível através de uma revisão sistemática com metanálise, com o objetivo de identificar a significância estatística dos fatores da associação entre transtorno bipolar e suicídio em crianças e adolescentes. Para alcançar o objetivo proposto, a etapa inicial de pesquisa envolveu a conversão de um encontro clínico em uma questão clínica. A abordagem útil para a formatação da questão clínica (ou pesquisa) foi à utilização do acrônimo PICO, onde cada letra representou um componente da questão, de acordo com os seguintes conceitos: P – adolescentes e crianças, I – transtorno bipolar, C – sem transtorno e O – suicídio. A pergunta norteadora fundamentou- se no questionamento sobre a significância estatística suscitada através dos fatores de associação entre transtorno bipolar e suicídio, quando analisado sob a perspectiva de crianças e adolescentes. P: Crianças e adolescentes I: Transtorno bipolar C: Sem transtorno O: Suicídio 13 Esta estratégia permitiu formular a seguinte questão de pesquisa: Os fatores de associação entre transtorno bipolar e suicídio em crianças e adolescentes apresentam-se estatisticamente significantes? 14 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Realizar uma metanálise com os dados de estudos selecionados em uma revisão sistemática da literatura sobre bipolaridade e suicídio em crianças e adolescentes, utilizando o protocolo internacional PRISMA (PreferredReporting Items for Systematic review and Meta- Analyses). 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Caracterizar as evidências relevantes no determinar bipolaridade em crianças e adolescentes, extraindo os resultados mais utéis em torno dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de suicídio; Identificar a significância estatística dos fatores da associação entre transtorno bipolar e suicídio em crianças e adolescentes. 15 3 MÉTODO Trata-se de um método de síntese de evidências, através de uma revisão sistemática com metanálise em que foi utilizado o protocolo PRISMA (http://www.prisma- statement.org/). Alguns passos fundamentais foram estabelecidos no contemplar o desenho do estudo, tais como: a) formular e definir uma questão de pesquisa; b) identificar os estudos que abordam esta questão; c) selecionar estudos relevantes e avaliar criticamente as evidências; d) combinar os resultados e conduzir a meta-análise e, e) interpretar os resultados. Incluem-se, neste estudo, análises originais com base em dados secundários extraídos da Organização Mundial de Saúde - OMS, Departamento of Health and Human Services – UK, National Epidemiological Catchment Area Study – ECA/EUA, Ministério da Saúde. As informações contidas nesses sistemas estão disponíveis on line em bancos de dados eletrônicos. A busca por dados originais em saúde mental foi filtrada através do mapeamento de evidências oriundas das bases de dados eletrônicas: MEDLINE/PubMED, LILACS, SciELO e ScienceDirect no período de 2005 a 2015. O recorte temporal foi pontuado mediante o avanço significativo nos últimos 10 anos dos conhecimentos sobre transtorno afetivo bipolar na infância e na adolescência. Atualmente, são observados na grande maioria dos estudos, esforços para investigar o quadro clínico, assim como o mapeamento diagnóstico e formas de tratamentos naquilo que provoca interfaces com a ideação suicida e o suicídio. A análise envolveu os seguintes descritores (DeCS): “transtorno bipolar”, “suicídio”, “criança”, “adolescente”. Também foi utilizado os descritores (MeSH): “bipolar disorder” , “suicide”, “child”, “adolescent”. Foi utilizado os operadores Booleanos AND e OR . #1. “Transtorno bipolar” e #2. “Suicídio” e #3. “Adolescente ou #4. “Criança” #1 and #2 and #3 or #4 O acesso à literatura cinzenta foi efetuado por busca manual (handsearching), para ativamente identificar estudos elegíveis não recuperados pela estratégia de busca. Foi utilizada no sentido de provocar interfaces teóricas fidedignas àquilo que competem às informações pertinentes a relatórios e/ou documentos governamentais. 16 Foram incluídos estudos epidemiológicos de base populacional, observacional, longitudinais, seccionais e de caso controle, nos idiomas inglês e português, no período de 2005 a 2015. Foram excluídos estudos que se referiram ao suicídio apenas de maneira superficial sem citar seus possíveis fatores associados ou que a julgamento dos autores, não tinham um posicionamento claro sobre o referido assunto. Dois revisores avaliaram criticamente as evidencias científicas de modo independente de acordo com os critérios estabelecidos e quando houve discordância em determinado ponto um terceiro revisor foi consultado para tomada de decisão sobre inclusão dos estudos ou mesmo na interpretação fidedigna dos dados. Foi importante determinar nesta etapa, tanto a validade interna quanto a validade externa do estudo: a) validade externa: a extensão a partir da qual os achados dos estudos são encontrados ultrapassam, por generalização, os limites de interesse para a população-alvo do estudo; b) validade interna: garantir que o estudo foi realizado com cuidado e que o(s) efeito(s) observado(s) foi(oram) produzido(s) exclusivamente pela intervenção avaliada. Para análise estatística foi utilizado o programa BioEstat 5.0 em que foi calculado o risco da criança ou adolescente desenvolver o suicídio e foi efetuado o calculo de correlação de Pearson para verificação da força da relação estatística entre os fatores avaliados e o desfecho dos pacientes no desenvolvimento do suicídio. 17 4 RESULTADOS Foram encontrados nas bases de dados 1.418 registros, sendo 9 SciELO, 1.053 ScienceDirect e 356 PubMED/MEDLINE. Pela leitura rápida (triagem) do título e do resumo totalizaram uma triagem de 463 artigos. Através da leitura detalhada dos estudos, através de texto completo e pela confirmação de elegibilidade, foram filtrados 43 artigos que somado a 4 documentos da literatura cinzenta totalizaram um N= 47 evidências. Dentre esses registros, 16 artigos foram inseridos na metanálise (Tabela 2). A figura 1 demonstra o processo metodológico de busca de evidências para fundamentação da revisão sistemática e metanálise. 18 Figura 1: Fluxograma da busca dos estudos Registros identificados através de pesquisa de banco de dados (n =1.418) T ri ag em I n cl u sã o El eg ib ili d ad e Id en ti fi ca çã o Registros adicionais identificados através de outras fontes (n =11) Duplicatas removidas (n =8) registros selecionados (n =1.421) registros excluídos por não abordarem o assunto (n =958) artigos de texto completo avaliados para elegibilidade (n =463) artigos de texto completo excluídos não tinham posicionamento claro sobre o assunto ou que apenas citavam o fato sem discutir o assunto especificamente (n =412) Estudos incluídos na síntese qualitativa (n =47) Estudos incluídos na síntese quantitativa (metanálise) (n =16) Fonte: elaborado pelos autores 19 4.1 TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR: DEFINIÇÃO E CONSEQUÊNCIAS O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é uma patologia caracterizada por uma alternância de fases de depressão e de mania ou de hipomania. Na fase depressiva, a pessoa tem o humor deprimido, a auto-estima baixa e considerável déficit de atenção, enquanto na fase maníaca, o humor está exaltado, seja ele de alegria ou de irritação. Sentimento de indestrutibilidade, aumento do vigor físico e desinibição também são comuns nessa fase 1 . Embora o TAB frequentemente acometa os indivíduos na fase adulta, sendo o indicador potencial de seu surgimento dos primeiros sintomas circundado a faixa etária de 20 anos, pesquisas demonstram sua inserção nos espaços infanto-juvenis, a partir da faixa etária dos 04 anos de idade 11 . A comorbidade é um dos principais motivos de aumento da carga e custos associados ao TAB. Os principais danos relacionados a jovens acometidos por esta doença são: déficit na cognição social, uso abusivo de substâncias e suicídio. Estes têm forte carga negativa na adesão ao tratamento, maior frequência de exposição a situações de risco e morte. A cognição social é o processo neurobiológico que nos permite interpretar adequadamente os sinais sociais e conduzir de maneira apropriada o nosso comportamento perante a sociedade 12 . Considerando-se os avanços do conhecimento em torno do TAB, o uso conceitual explícito e sensato da melhor evidência atual, envolve diversas interfaces incorporando variadas interpretações (Tabela1). TABELA 1 – Interfaces Conceituais AUTOR DEFINIÇÃO Mason; Brown; Croarkin – 2016 (12)Espectro que destaca dois estados, o menor, melancolia, e a maior, mania. Koenders et al. – 2015 (13) Transtorno bipolar (TB) é uma doença crônica e altamente incapacitante que se caracteriza pelo constante risco de recorrência. 20 Kerner – 2014 (14) O transtorno bipolar é uma complexa desordem genética, mas o modo de transmissão continua a ser descoberto. Muitos pesquisadores assumem que variantes genômicas comuns carregam algum risco para a manifestação da doença. DSM-V - 2014 (15) Consiste de um ou mais episódios maníacos ou episódios mistos, com freqüente apresentação de um ou mais episódios depressivos maiores, no caso de TAB I, pelo menos um episódio de hipomania associada e, pelo menos, um episódio depressivo maior, no caso de TAB II. Meier et al. – 2012 (16) Condição psiquiátrica grave que se caracteriza por distorções fundamentais e distintivas de regulação da emoção e percepção. ALVAREZ- 2010 (17) O Transtorno Afetivo Bipolar caracteriza-se por alterações do humor, com alternâncias entre episódios maníacos e depressivos, que podem variar de intensidade e de duração de acordo com as características pessoais e situacionais envolvidas. Lee Fu-I – 2010(18) Mesmo persistindo discordâncias acerca de características clínicas e dúvidas sobre quais seriam os sintomas cardinais do transtorno em crianças e adolescentes, na última década, o mundo testemunhou um aumento espantoso de incidência de TB nessa população. Alguns estudos sugerem que a fenomenologia dos transtornos do humor pode variar de acordo com o funcionamento cognitivo, a habilidade social e o grau de desenvolvimento psicológico de cada indivíduo. National Institute of Mental Health – 2009(19) É um distúrbio que causa alterações não-usuais no humor, podendo também trazer prejuízos na escola e até nas relações interpessoais. 21 ABREU et al. – 2009(20) É um distúrbio fortemente associado à ideação suicida, tentativas de suicídio e o suicídio em si. MIASSO – 2008(21) Transtorno crônico caracterizado pela existência de episódios agudos e recorrentes de alteração patológica do humor. COSTA – 2008(22) Doença recorrente, crônica e grave, que causa impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, além de grande carga para família e para a sociedade em geral. CID-10 – 2006(23) Transtorno caracterizado por dois ou mais episódios nos quais o humor e o nível de atividade do sujeito estão profundamente perturbados, sendo que este distúrbio consiste em algumas ocasiões de uma elevação do humor e aumento da energia e da atividade (hipomania ou mania) e em outras, de um rebaixamento do humor e de redução da energia e da atividade (depressão). ROCCA & LAFER – 2006 (24) É um dos mais graves tipos de doença mental e se caracteriza pela presença de episódios alternados de humor (mania/hipomania e depressão), os quais variam em intensidade, duração e freqüência. Além dos episódios clássicos de mania, hipomania e depressão, há ainda aqueles mistos, ou seja, episódios nos quais ocorrem sintomas tanto característicos das fases de mania/hipomania como da depressão. VIEIRA et al. – 2005(25) O transtorno de humor bipolar (THB) é uma doença grave, de distribuição cosmopolita. É considerada uma doença complexa, apresentando diversos quadros clínicos e vários modelos neurobiológicos e etiológicos que visam a explicar o surgimento e a manifestação da doença. 22 MORENO et. al – 1999 (26) Transtorno do humor de longa duração, episódico, potencialmente grave e que algumas vezes pode cursar com sintomas psicóticos. É uma condição médica contínua, para a vida toda, com episódios recorrentes que trazem grande impacto na vida do paciente reduzindo seu funcionamento e sua qualidade de vida. As estruturas cerebrais envolvidas no controle das condutas sociais são: córtex pré- frontal ventromedial, responsável pelo raciocínio social e pelas tomadas de decisão; amídala, estrutura responsável pelo reconhecimento de emoções em faces; córtex somatosensorial direito, o qual regula o comportamento empático e a simulação; ínsula, responsável pela resposta autonômica 27 . Em algumas patologias mentais, há indícios de alterações no volume de algumas dessas estruturas 28 . A harmonia entre estas regiões cerebrais possibilita condutas adequadas e de valor adaptativo, proporcionando ao indivíduo uma condição livre de patologia e, consequentemente, permitindo o convívio social satisfatório. Quando o crescimento da criança ocorre da maneira esperada, ele aprende a interpretar e manipular suas emoções conforme as normas e expectativas da sociedade, desenvolvendo uma correta cognição social 27 . No entanto, em crianças e adolescentes portadores do TAB percebe-se o comprometimento da evolução de seus espaços cognitivos, pois as alternâncias de humor interferem de forma negativa na adaptação psicossocial, sinalizando comprometimento na interface entre o “eu” e o “mundo”. Pesquisas destacam déficits na tomada de decisões, ocasionando uma exposição mais frequente nas crianças e adolescentes a situações de risco como o uso de drogas, comportamento infrator e de oposição às autoridades. É importante ressaltar também que a redução na capacidade de reconhecimento de emoções ocasiona na criança problemas importantes na modulação do comportamento provocador e agressivo, gerando situações de violência ou exclusão 28 . Nesse sentido, o prejuízo na tomada de decisões aliado à criança, acarreta oscilações entre a impulsividade e visão imediatista das coisas, bem como acomodação e repetição de comportamentos na fase depressiva 29 . Segundo o National Epidemiological Catchment Area Study (ECA), a prevalência ao longo da vida de abuso ou dependência de substâncias entre pacientes com TAB é de 56% 30 . Quanto aos adolescentes, foi encontrada prevalência de 16% entre os bipolares 31 . Em outro estudo, realizado com adolescentes que buscaram tratamento 23 para uso de substâncias no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, transtornos de humor estavam presentes antes do início do uso de drogas em 44% das meninas e em 12% dos meninos 32 . A partir da observação dos dados apresentados anteriormente é possível inferir que a presença de TAB em crianças e adolescentes é fator de risco para uso de substâncias psicoativas. Estas contribuem para piora do quadro de desordem mental pela alteração do humor, seja durante a intoxicação ou na fase de abstinência ou ainda pela diminuição de adesão ao tratamento 31 . A tabela 2 contém os principais fatores de risco para o desenvolvimento de suicídio no transtorno bipolar, identificados a partir da filtragem de dados, assim como avaliados em sua elegibilidade. Tabela 2: Fatores de risco para o suicídio Autor (ano) Fatores de risco Holtzman et al., (2015) (32) Antecedentes familiares e uso de substâncias como álcool Breen et al., (2015) (33) Abuso infantil e gene HPA Lan et al., (2015) (34) Sintomas como pouco controle e pensamentos acelerados Weinstein et al., (2015) (35) Sintomas de depressão, qualidade de vida, desesperança, auto-estima, e rigidez família Monfrim et al., (2014) (36) Disfunção imunológica Moor et al., (2012) (37) Mais prevalente acima de 15 anos de idade e associado a síndrome do pânico Goldstein (2009) (38) Sexo feminino,história pregressa de transtorno bipolar, outros transtornos psicológicos, genética familiar Goldstein et al., (2005) (39) História familiar de tentativa de suicídio, história de hospitalização, e história de abuso físico e / ou sexual Bernegger et al., (2015) (40) Sexo feminino, negligência emocional, física e abuso sexual, bem como emocional 24 Rajewska-Rager, Sibilski P e Lepczyńska (2015) (41) Nível de comprometimento da doença Ellis et al., (2014) (42) Adaptabilidade e coesão familiar Park et al., (2013) (43) Sintomas depressivos como desânimo e pessimismo Goldstein et al., (2012) (44) Sexo feminino, sintomas depressivos e história familiar de suicídio Singh e Coffey (2012) (45) A partir de 5 anos de idade já é passível de ocorrência Goldstein (2009) (46) Estresse familiar Jolin, Weller, Weller (2007) (47) Curso clínico, comorbidades psiquiátricas, comportamento suicida familiar e fatores psicossociais Fonte: Elaborado pelos autores Fundamentado nos estudos evidenciados acima, foi realizado um cálculo adaptado de risco conjunto de todos os estudos para avaliar estatisticamente o risco que uma criança ou adolescente praticar o suicídio quando os fatores estão presentes. A Figura 2 evidencia o resultado obtido de acordo com análise e na ordem dos estudos da Tabela 2. 25 Figura 2: Metanálise do risco de suicídio em crianças e adolescentes com transtorno bipolar Amostra Risco IC Inferior IC Superior Peso 01 1.1430 0.6410 2.0380 11.4870 02 3.3290 2.6070 4.2510 64.3140 03 6.2090 5.0570 7.6230 91.2570 04 1.0200 0.6280 1.6580 16.2750 05 0.9200 0.4570 1.8540 7.8280 06 0.9800 0.5300 1.8120 10.1700 07 0.8440 0.4520 1.5770 9.8530 08 1.6550 1.1890 2.3010 35.2720 09 1.0560 0.7610 1.4660 35.7120 10 0.7330 0.4120 1.3040 11.5650 11 1.0470 0.5540 1.9780 9.4910 12 7.1850 5.0810 10.1600 31.9910 13 0.4000 0.2490 0.6420 17.1640 14 1.2600 0.7240 2.1910 12.5420 15 8.2110 5.1920 12.9870 18.2790 16 0.2940 0.1550 0.5600 9.2920 Combinado 2.9480 2.2960 3.7810 Fonte: Elaborado pelos autores 26 Analisando os 16 estudos, obteve-se como resultado um risco conjunto de 2.94 IC [2.29 – 3.78] o que significa um risco de quase 3 vezes em desenvolver o suicídio na população infanto-juvenil com transtorno bipolar. Para a mesma análise obteve-se um p-valor de 0,001 o que fica evidenciado estatisticamente o risco de uma criança ou adolescente que apresente os fatores relatados em desenvolver o suicídio. Na Figura 3, foi realizado um cálculo de correlação estatística (Pearson) para avaliação do grau de relação estatística entre os fatores de risco e o fenômeno do suicídio. O teste pode ter como resultado um valor que varia de -1 a +1 sendo – 1 uma correlação negativa perfeita, 0 sem correlação e +1 uma correlação positiva perfeita. Figura 3: Correlação de Pearson Fonte: Elaborado pelos autores O teste obteve como resultado uma significativa correlação entre os fatores de risco e o suicídio r (Pearson) 0,7103 e p-valor <0,001. Esse fato vem a corroborar ainda mais com a premissa de vulnerabilidade de crianças e adolescentes com transtorno bipolar ao suicídio. 27 5 DISCUSSÃO Muitos fatores encontram-se presentes em crianças e adolescentes com maiores chances de desenvolvimento de suicídio. Entre os principais, a presença de sintomas depressivos predispõe mais intensamente o paciente desenvolver o fenômeno 35 . Esses sintomas quando relacionados a características tais como desânimo e pessimismo e na presença de transtorno bipolar mostram uma associação com o suicídio com p<0,05 sendo estatisticamente significativo 43 . Quando o transtorno bipolar é associado a déficit de atenção e hiperatividade os indivíduos apresentam 2,38 mais chances de desenvolver o suicídio em relação a quem não tem os sintomas 34 . Características como história de comportamento auto prejudicial apresenta Odds Ratio (OR) de 2,45; internações psiquiátricas com OR de 2,48; episódios mistos com OR de 2,08 e psicose com OR de 1,75 são algumas características estatisticamente significativas para desenvolvimento do suicídio 39 . Geralmente o início precoce do transtorno bipolar em crianças e adolescentes está associado ao aumento do risco de suicídio se comparado a quando é desenvolvida na fase adulta 47 . Quando comorbidades estão presentes conjuntamente com o transtorno bipolar em crianças e adolescentes, aumenta significativamente o risco de desenvolvimento de suicídio 37 . Comorbidades psiquiátricas fazem parte dos principais fatores de risco para desencadeamento do fenômeno, as quais devem ser consideradas na avaliação de saúde do indivíduo 47 . História familiar de transtorno bipolar configura importante fator de risco para suicídio perfazendo uma taxa superior a 57% 32 . Essa relação com a história familiar fundamenta a teoria de associação entre a presença de genes já que pessoas com antecedentes familiares e características genéticas como o gene HPA possuem uma probabilidade de 0,47 para desenvolvimento do suicídio 33 . Outras relações importantes são associações entre o suicídio no transtorno bipolar e a presença de relações familiares frágeis 42 . Taxas mais elevadas de suicídio encontram-se em jovens que estão inseridos em ambiente familiar desfavorável. Em razão desse fato o foco de tratamento não é mais direcionado somente ao paciente, mas incluindo a família de um modo integral 46 . Quando analisado sob a ótica do gênero, o sexo feminino apresenta uma maior predisposição principalmente quando associado a sintomas depressão apresentando uma 28 significância com p<0,005 38 . As mulheres têm chances superiores a 1,03 para desenvolvimento de suicídio em relação a homens e mais frequentemente quando estão em episódios mistos da doença 44 . Analisando conjuntamente as características encontradas nos estudos obteve-se um risco de 2,94 com IC [2.29 – 3.78] e p-valor de 0,001, além de 0,7103 e p-valor <0,001 para a correlação entre as características analisadas e o suicídio. Dessa forma, os fatores de associação entre transtorno bipolar e suicídio em crianças e adolescentes apresentam-se estatisticamente significantes. 5.1 PONTOS FORTES E LIMITAÇÕES DO ESTUDO VANTAGENS DESVANTAGENS Utilizar revisão sistemática com metanálise forneceu a melhor estimativa possível sobre o efeito real que se procurava descobrir mediante o objeto de investigação. Exigiu um esforço consideravelmente maior do que a revisão tradicional Diminui o intervalo de tempo na filtragem de dados sobre a prática da pesquisa e a implementação de novas descobertas na prática clínica As questões clínicas decorrentes dos estudos foram, muitas vezes, demasiadamente estreitas, reduzindo, assim, a captura de resultados mais aprofundados. Relativamente mais rápida e menos dispendiosa Às vezes, as intervenções revisadas não refletiam a prática corrente. Grandes quantidades de informações foram criticamente avaliadas e sintetizadas Houve um número moderado de estudos de alta qualidade disponíveis para revisão, suscitando a necessidade de complementação da busca manual (handsearching), para ativamente identificar estudos elegíveis não recuperados pela estratégia de busca A metanálise tem alto poderde detectar os efeitos da exposição e de estimá-los com maior precisão. Houve dificuldade na escolha do programa estatístico que melhor se adequasse ao objeto em estudo. 29 6 CONCLUSÃO Muitos estudos relacionam o risco de desenvolvimento de suicídio a presença de fatores de risco que podem estar presentes ou não nesses pacientes. Esses fatores incluem características genéticas, características do transtorno bipolar como sintoma depressivo, além de aspectos familiares e sociais. Todas essas características devem ser consideradas na avaliação mental do indivíduo. Crianças e adolescentes com transtorno bipolar são estatisticamente vulneráveis ao desenvolvimento do suicídio e vários fatores como fator genético, uso de substâncias, comorbidade, idade, sexo feminino, negligência emocional, física, abuso sexual, bem como emocional e físico e fatores familiares podem influenciar no fenômeno. Crianças com fatores associados ao transtorno bipolar tem quase 3 vezes mais chances de desenvolver o suicídio com um nível de relação acima de 70%, o que se mostra estatisticamente significativo. Esforços contínuos ainda são necessários para compreender adequadamente os fatores de associação entre transtorno bipolar e suicídio em crianças e adolescentes 30 REFERENCIAS 1. MORAES RGA., GON MCC., ZAZULA R. Transtorno bipolar em crianças e adolescentes: critérios para diagnóstico e revisão de intervenções psicossociais. 2. GRANDE I., BERK M., BIRMAHER B., VIETA E. Bipolar disorder. The Lancet (in press). 2015. 3. 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