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* Jean-Paul Sartre e a Filosofia Existencialista * Existencialismo Vários autores: Jaspers, Sartre, Camus, etc. Principais convergências: A “a existência precede a essência do homem”; Liberdade como fundamento ontológico do homem. * Existencialismo Não há a concepção de um “sujeito” (assujeitamento); O ser se constrói por si, ainda que coletivamente, um “ser-para-si”; Uma autocriação que se estende da concretude da vida coletiva. * Existencialismo Possibilidade do Ser vir à se tornar um indivíduo obedece à: 1-Suas escolhas e decisões; 2-Ser parte de um emaranhando coletivo e indeterminado onde a vida se dá; A vida como decisão contingencial – imprevisibilidade de prever certo ou errado. * “O Existencialismo é um Humanismo” Sartre se firmou como o pensador para o qual a natureza humana (determinada) não existe; É o próprio homem numa escolha livre, quem determina sua própria existência. Pensou sobre as manifestações particulares do comportamento, sobre os problemas da existência humana. * Principais Influências: Kierkegaard (1813-1855), Max Scheller (1874-1928), a fenomenologia de Husserl (1859-1938), as teorias existencialistas de Karl Jaspers (1883-1969) e Martin Heidegger (1889-1976). O conceito de “intencionalidade” da consciência é destacado por muitos pesquisadores como desencadeadora das pesquisas sartreanas. No entanto, para Sartre a consciência é colocada como relação, é assim que o “eu do homem” e do “outro” se constituem a partir do estar fora no mundo. * A transformação de suas posições pode ser constatada em três de suas grandes obras. Primeiramente em “O ser e o nada” abrange os aspectos negativos, paralisantes do homem. Sendo intensamente criticado. 1946, “O existencialismo é um humanismo”: demonstra os aspectos “éticos” do existencialismo apontando-os como positivos ao homem. * 1960: publicação de “Crítica da razão dialética” onde revê suas posições fundamentais; Tenta construir o existencialismo como uma teoria da “ação” e da “história”; Reinterpreta o marxismo e afirma que o marxismo e o existencialismo estudam o homem no mundo. * Em “O ser e o nada”, Sartre escreve uma ontologia fenomenológica que acentua a intencionalidade da consciência como “ser-no-mundo”. É assim que nos apresenta a ideia de dois seres: o ser-em-si (fenômeno) e o ser-para-si ou ser-por-si (consciência). * De caráter estático, o ser-em-si (fenômeno) é aquilo que aparece; é aquilo que apenas é: a cidade, o jardim, as arvores, realidade objetiva; Não derivando de nada, nem ativo, nem passivo. Preenchido por si mesmo, não tem qualquer relação fora de si e permanece fechado dentro de suas próprias fronteiras. * O “ser-para-si” (consciência) é presença em si mesma. Possui uma abertura que lhe dá condições de ultrapassar seus próprios limites, transcender, criar. É assim que, ao ser um “ser-no-mundo” relaciona-se com o fenômeno, transcendendo-o e fundando o homem. O “ser-para-si” é um ser para o futuro e tem nesta abertura a marca do “nada” no seu interior. Onde ela não está, está o nada enquanto fundamento do próprio homem. * O nada leva o homem a se projetar, se relacionar; Assim, o homem está em constante constituição. O “nada” é o possibilitador da relação da consciência com o mundo, onde então o homem se constitui; É o ser enquanto ser relacionado ao fenômeno. * Sartre coloca que é preciso que o homem exista em primeiro lugar para depois, em relação com o mundo, aprender o sentido da vida; O que coloca o homem em relação com o mundo é o seu corpo; Por ser permanente, o corpo pode ser o ponto de referência para onde as coisas se convergem, se organizam. * Ao mesmo tempo, dá a medida de que o homem não é um ser total, que é preciso que escolha, pois ele não é uma coisa (o em-si); É assim que, rejeitando uma maneira de ser, a consciência funda-se a si mesmo, procura sempre mais (possibilidades); Sartre demonstra assim o homem com o constante desejo de se completar. Esta é a realidade humana: a falta de ser, falta de qualquer coisa que a complete. * Ainda em “O ser e o nada”, Sartre fala da liberdade como destino, como própria existência, como condenação do homem. Nesta perspectiva, o existente livre não se deixa determinar, pois vive conforme seu projeto fundamental. O projeto fundamental do homem faz com que ele viva dentro de certos limites, que o remetem à sua escolha originária, sendo esta inerente a seu projeto. * A constante possibilidade de mudança – sempre presente, é causadora de angústia. A angústia vem dessa liberdade que temos a todo o momento de não sermos o que somos; O homem é então responsável por sua maneira de ser. As situações que vivemos são possíveis, porque as escolhemos. * Os principais pontos expostos em “O ser e o nada” são: A existência humana funda-se em um projeto fundamental; A escolha livre, destino do homem dá origem ao projeto fundamental que é totalitário e por isso fadado ao insucesso, já que o homem não é Deus; Escolher implica em responsabilidade de tudo que é ou acontece no mundo, mas escolher não diz de um poder infinito, podendo as alterações se dar a qualquer momento; Não há nada que oriente na escolha do projeto fundamental, assim todos se equivalem. * Sartre publica “O existencialismo é um humanismo” em 1946, onde esclarece que: os comunistas receberam o existencialismo como uma filosofia contemplativa de incitação ao imobilismo no desespero; os marxistas apontam para a pura subjetividade e negação da solidariedade humana e; os católicos viram na filosofia existencialista uma negação da realidade e elevação do tom gratuito da vida. * Nesta obra Sartre reafirma o “existencialismo como uma doutrina que torna a vida humana possível que, por outro lado, declara que toda verdade e toda a ação implica um meio e uma subjetividade humana”(Sartre, 1987, p3). O humanismo está no sentido de falar do humano da vida, não de forma negativa, e sim, otimista, pois o destino do homem está em suas próprias mãos, e isto, pode ser assustador. * Sartre defende que a existência precede a essência. O homem se define após surgir no mundo. De inicio, o homem é nada, será como se conceber e se quiser, assim não há natureza humana que diga de suas características básicas. O homem é o que se projeta ser e se vive a si mesmo subjetivamente, este é o primeiro principio do existencialismo. A subjetividade fundamenta o homem. * “O existencialista declara frequentemente que o homem é angústia” (Sartre, 1987, p7). No entanto, esta não o conduz a imobilização, uma vez que o existencialismo define o homem por sua ação, é o ato que permite ao homem viver; Esta é uma angústia de responsabilidade, perante si mesmo e os outros, de quem dá conta de seu ato individual enquanto engajador de toda a humanidade. Na verdade, a angústia leva à ação. * Ao falar do desamparo, relaciona-o à não existência de Deus, ao desaparecimento do “bem a priori” (Sartre, 1987, p.9); tudo passa a ser permitido e nada há para nos agarrarmos; É o homem que cria seus valores sem fundamentos sobrenaturais, o existencialismo sartreano é uma radical forma de humanismo. De acordo com Sartre o homem está lançado ao mundo e é sua tarefa se construir, uma vez que o nada o fundamenta. * O homem não pode apenas ser, é preciso que ele se invente, decifre sua vida. Angústia e desamparo caminham juntos e o desespero se dá por contarmos com o reino das possibilidades que nos atam aquilo que vemos. “As coisas serão como o homem decidir que elas sejam” (Sartre, 1987, p.13). Isto não implica em ficarmos imóveis, e sim, em não termos ilusões e fazermos o melhor que pudermos. Não nascemos prontos, fazemo-nos.
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