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Cetoacidose diabética Fisiologia Humana II Professor Ms. João Gondim Camilla Moreira de Melo Enida Lane Oliveira Maria Aparecida Lira Gomes Lustosa Thaís Coelho Aguiar Tiago Cabeceiras Cavalcante Vanessa Cristina Ferreira Nogueira Acadêmicos: Liga Acadêmica de Endocrinologia e Metabologia Autores: Larissa Baracho Macena, Priscilla Mota Coutinho da Silva e Fernanda Barbosa Duarte. Orientador (a): Dra. Francielle Temer de Oliveira (Profa. de medicina da Universidade Tiradentes e Preceptora da Residência de Clínica Médica da Fundação de Beneficência Hospital de Cirurgia). Instituição: Universidade Tiradentes – UNIT/SE. Caso Clínico Adolescente de 16 anos, sexo masculino, procura o serviço de urgência com queixa de vômitos intermitentes com piora há 24 horas além de tontura e sonolência há 2 dias. Notou que tais sintomas surgiram associados a quadro de faringoamigdalite. Relata ainda que vem apresentando polifagia, polidipsia, poliúria e emagrecimento (não quantificado) há duas semanas. História Clínica Regular estado geral, sonolento, orientado, desidratado (++/4+), eupneico. FC: 80 bpm; FR: 12 ipm; Tax: 36,5 ºC; PA: 110x80 mmHg; Sat O2: 98% (em ar ambiente). Olhos encovados; linfonodos palpáveis bilateralmente em cadeia submandibular, orofaringe hiperemiada, aumento de tonsilas palatinas com presença de exsudato purulento. Exame Físico Exame Físico Sonolento e orientado. Tórax sem alterações sla inspeção. Murmúrio vesicular presente sem ruídos adventícios. Ritmo cardíaco regular, em dois tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros, cliques ou estalidos. Exame Físico Plano, ruídos hidroaéreos fisiológicos, flácido e indolor, sem visceromegalias palpáveis. Aquecidas, perfundidas, sem edemas. Ausência de sinais de artrite. Exame Físico Exames complementares Hemograma Bioquímica Urinálise Gasometria arterial Exames complementares Laboratório Valores obtidos Valores de referência Hematócrito 42% 36 – 50% Hemoglobina 13,5mg/dL 12 -17mg/dL Leucócitos 11.300 / mm3 5.000 – 10.000 /mm3 Neutrófilos 78 % 50 – 70% Bastões 0 % - Linfócitos 18,8 % - Eosinófilos 1,2 % - Plaquetas 166.000/mm3 150.000 – 400.000 / mm3 hemograma Laboratório Valores obtidos Valores de referência K+ 4,0mEq/L 3,5 – 4,5mEq/L Ca++ 9,6mg/dL 8,5 – 10,2mg/dL Mg++ 2,18mg/dL 1,5 – 2,5mg/dL Na+ 153mEq/L 135 – 145mEq/dL Cl- 122mmol/L 102– 109mmol/L Amilase 65U/L 28– 100 U/L Lipase 42U/L < 60 U/L Uréia 51mg/dL 10- 50mg/dL Creatinina 0,9mg/dL 0,7 – 1,4mg/dL Glicemia capilar 390mg/dL - Enida Lane BIOQUÍMICA Laboratório Valores obtidos Valores de referência Testeda fita reagente Cetonúria3+ - https://br.depositphotos.com/28330547/stock-photo-urine-test-strips.html URINÁLISE Laboratório Valores obtidos Valores de referência pH 7,2 7,35– 7,45 Bicarbonato 13,5mmol/L 22 -26mmol/L PCO2 22mmHg 35 -45mmHg PO2 107mmHg > 60mmHg Gasometria arterial CETOACIDOSE DIABÉTICA: É uma complicação aguda do Diabetes Mellitus (DM) causada pela deficiência absoluta ou relativa de insulina e da elevação dos hormônios contrarreguladores. Discussão HIPERGLICEMIA DESIDRATAÇÃO CETOSE ACIDOSE METABÓLICA Acomete principalmente pacientes com DM 1. Geralmente é precipitada: QUADROS INFECCIOSOS OMISSÃO DE INSULINOTERAPIA DESCONHECIMENTO DO DIAGNÓSTICO DE DM ESTRESSE AGUDO ( AVE, IAM, CHOQUES, TRAUMAS, ETC) CETOACIDOSE DIABÉTICA Redução da utilização periférica de glicose Produção de glicose por vias alternativas Lipólise, Proteólise, Glicogenólise CATABOLISMO FISIOPATOLOGIA DEFICIÊNCIA DE INSULINA HORMÔNIOS CONTRAREGULADORES (CORTISOL,GLUCAGON, GH,CATECOLAMINAS) CORPOS CETÔNICOS HIPERGLICEMIA Utilização periférica de insulina Secreção hepática de glicose Excreção DESIDRATAÇÃO Osmolaridade plasmática Glicosúria Diurese Osmótica FISIOPATOLOGIA ESQUEMA - PATOGÊNESE DA CAD. OMISSÃO DE INSULINA FATORES PRECPITANTES (INFEÇÕES,TRAUMAS,ETC) GLICONEOGÊNESE INSULINOPENIA (ABSOLUTA OU RELATIVA) HORMÔNIOS CONTRA REGULADORES (CORTISOL,GLUCAGON,GH,CATECOLAMINAS) CETOGÊNESE GLICOGENÓLISE LIBERAÇÃO DE CORPOS CETÔNICOS (BETA-HIDROXIBUTIRATO, ACETOACETATO,ACETONA) LIBERAÇÃO DE GLICEROL LIPÓLISE LIBERAÇÃO DE AGL PROTEÓLISE LIBERAÇÃO DE AMINOÁCIDOS HIPERGLICEMIA HIPERCETONEMIA CETOACIDOSE DESIDRATAÇÃO DIURESE OSMÓTICA GLICOSÚRIA FUNÇÃO RENAL HIPEROSMOLARIDADE 18 Poliúria, polidpsia, polifagia e astenia. Anorexia, náuseas e vômitos, cefaléia, mal estar, parestesias e dor abdominal. PRÉ PÓS Alteração do nível de consciência, coma. PROGRESSÃO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Mucosas desidratadas Turgor cutâneo diminuído Taquicardia Hálito cetônico Alterações no ritmo respiratório EXAME FÍSICO Suspeita clínica de CAD Hiperglicemia > 250mg/dl Acidose metabólica com ânion gap elevado (pH<7,2; bicarbonato< 15mEq/L e AG>14 mEq/L) Cetonemia (e/ou cetonúria ) Presente Ausente CONFIRMA CAD Descarta CAD (=hiperglicemia não cetôtica, não acidótica) Diagnóstico definitivo Diagnóstico definitivo Acidose metabólica parcialmente compensada por uma alcalose respiratória Parâmetros Valor Paciente pH 7,35 a 7,45 7,2 pCO2 35 a 45 mmHg 22 HCO3 22a 26 13,5 Ânion gap: SÓDIO – (CLORO + BICARBONATO) 18,5mEq/L (Normal: 7–9) Na+(154); Cl-(122); HCO3-(13,5) Diagnóstico definitivo Ureia e creatinina: Hematócrito: Leucocitose: Desidratação Proteólise Hemoconcentração(Desidratação) Intensa atividade adrenocortical > 25.000/30.000 sugere quadro infeccioso Outros achados laboratoriais: Sódio corporal total: Concentração plasmática de sódio: Amilase Perda urinária Diluição (efeito osmótico) Perda de água> perda de Na Redução de seu clearance (insuf. renal) Outros achados laboratoriais: Hipocalemia: Hipercalemia: Maior Risco (potencial de membrana) Perda urinária / vômitos Desloca K + do meio intra para o extracelular (efeito osmótico) Insulinopenia diminui a entrada de K + nas células Outros achados laboratoriais: TRATAMETO CAD leve CAD moderada CAD grave pH arterial 7,25–7,30 7,0–7,24 < 7,0 Bicarbonato sérico (mEq/L) 15–18 10 a 14,9 < 10 Aniongap (mEq/L) > 10 > 12 > 12 Nível sensorial Alerta Alerta/sonolento Estupor/coma pH arterial = 7,2 Bicarbonato sérico = 13,5 mEq/L Anion gap = 18,5mEq/L Nível sensorial = Sonolento e orientado Teatamento CAD Correção hidroeletrolítica Insulinoterapia Condições associadas Cuidados intensivos: Sinais vitais Glicemia capilar a cada 1h Gasometria e eletrólitos a cada 4h TRATAMETO Deve-se avaliar: Níveis de sódio plasmático 153 mEq/L Existência de hipotensão HIDRATAÇÃO Soro glicosado 5% Proporção 1:1 com SF Infusão: 150 a 250 mg/dL Soro fisiológico utilizado: 0,9% ou 0,45% Infusão: 4 a 14 mL/Kg ou 15 a 20 mL/Kg (choque) Glicemia < 250mg/dL 1) Administrada em bolus endovenos de 0,15 UI/Kg 2) Infusão em bomba de 0,1 UI/Kg/h INSULINOTERAPIA Potássio > 3,3mEq/L De acordo com FakiH (2000) essas infusões podem ser em: Bolus: é a administração intravenosa realizada em tempo menor ou igual a 1 minuto. Geralmente através de seringa. Infusão rápida: é a administração intravenosa realizada entre 1 e 30 minutos. Algumas podem ser realizadas com seringa, porém para infusões em tempo superior a 10 minutos recomenda-se a utilização de bureta. Infusão lenta: é a administração intravenosa realizada entre 30 e 60 minutos. Infusão contínua : é a administração realizada em tempo superior a 60minutos, ininterruptamente. Administração Intermitente: não contínua, por exemplo de 6 em 6 horas. Para este tipo de terapia é importante a preocupação com a manutençãoda permeabilidade do cateter que permanecerá com dispositivo tipo tampinha nos intervalos da medicação. A bomba infusora ou bomba de infusão, é um dos mais práticos recursos hoje em dia disponíveis em Unidade de Terapia Intensiva, Salas de Emergência e até mesmo em algumas ambulâncias modernas. Através dela, podemos administrar de maneira totalmente confiável as drogas, fármacos mais delicados e de que precisam de mais atenção, de acordo com as vazões ou dosagem em mg/min ou ml/h. Queda dos níveis glicêmicos de 50 a 70 mg/dL/h Se os níveis de glicose não forem alcançados: Dobrar a dose de insulina nas horas subsequente Ajustar a insulina em bolus a cada 1h INSULINOTERAPIA Outra opção: via intramuscular ou subcutânea Bomba de infusão INSULINOTERAPIA Glicemia = 250mg/dL Reduzir a taxa de infusão pela metade Manter a glicemia entre 150 e 200mg/dL Glicemia entre 150 e 200mg/dL + Bicarbonato sérico > 15mEq/L + pH > 7,3 Aplicar insulina regular SC 0,1UI/Kg Após 1h: interromper a insulina venosa Iniciar dieta oral Reposição de: Potássio insulinoterapia causa influxo de K+ Bicarbonato de sódio se pH < 7 Fosfato pode acontecer que os valores retornem à níveis adequados com normalização do pH e aumento da utilização periférica de glicose Magnésio se Mg + for < 1,8 mEq/L ou houver tetania Correção de eletrólitos Complicações do tratamento Edema cerebral Ocasionado por: Rápida redução da glicemia Infusão excessiva de soro hipotônico Consequência do quadro Resposta de um tratamento inadequado CAD é tratável mortalidade de 4% Cetoseem jejum História clínica do jejum Não cursa com níveis de bicarbonato<18mEq/l Cetoacidose alcóolica Abuso alcóolico Acidoselática Lactato sérico>5mmol AcidoseUrêmica Ureia(>200mg/dl)e creatinina(>10mg/dl),com glicose normal Pancreatite Determinara lipase sérica Síndromesde intoxicação (salicilato, metanol,etilenoglicol) Consumo de tóxicos sem hiperglicemiae sem cetose Diagnóstico diferencial Síndrome HiperglicêmicaHiperosmolar Glicemia>600 Ausência de cetoacidose Diagnóstico diferencial Conhecer as complicações agudas do DM; Reconhecer o quadro clínico e entender a fisiopatologia da CAD Conhecer a conduta mais adequada diante de um caso de CAD Entender a importância de um diagnóstico precoce de CAD devido as complicações Objetivos DE Aprendizado/Competências Hiperglicemia CAD Acidose metabólica Cetonúria Fatores precipitantes: Quadros infecciosos (infecções em VAS) e supressão da dose de insulina Pontos importantes Dor abdominal que melhora após acidose deve ser investigada Bipasha Mukherjee, Nirav Dilip Raichura, Md. Shahid Alam; Fungal infections of the orbit; Indian Journal of Ophthalmology ;2016; Vol. 64 No. 5 Após a resolução do quadro agudo CAD: Complicações :trombose venosa profunda, trombose venosa cerebral) e infecções como mucormicose Pontos importantes Pontos importantes Edema cerebral pode ser uma complicação da CAD em si ou da reposição rápida de fluidos durante o tratamento Prevenir CAD: identificar e tratar os fatores precipitantes e orientar sobre o uso correto da insulina e a importância de não interromper o tratamento “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.” Carlos Drummond de Andrade
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