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Princípios Constitucionais Penais

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Princípios constitucionais penais
Garantismo na Constituição de 1988
Princípio da Legalidade
“ II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”
“ XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;”
Por que? 
Carta Inglesa de 1215
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. 
Fundamentos do princípio da legalidade
A magna Carta de 1215 buscava trazer limitações ao poder do governante. Conhecida como Magna Carta Libertatum de 1215, este foi o primeiro marco escrito constitucional. O Rei João I [sem terras], por ser hostil com a nobreza feudal e a Igreja, foi forçado pela a revolta de 1215 a reconhecer uma série de direitos ao povo inglês, limitando os seus próprios poderes.
 Fonte: Mourre, Michel, Dicionário da História Universal, vol.II, ASA, Lisboa, 1998, p.765.
João I era neto da Rainha Matilde, verdadeira herdeira do trono inglês, após a tomada de poder de Estavão I (Conde). O herdeiro primogênito seria Ricardo I, o coração de Leão, mas ele morreu na terceira cruzada. João I era chamado de João sem terras por ter perdido territórios nas regiões da Normandia e da França.
Desdobramentos: 
A Petition of Rights de 1628 trazia o direito de petição para peticionar contra abusos do poder soberano. 
O habeas corpus act de 1679 trazia a liberdade de locomoção no caso de ordem de prisão sem seguir o procedimento previamente estabelecido. 
O Bill of Rights de 1679 que estabeleceu o rule of law. Ele assegurou que somente o parlamento poderia criar a Lei e somente por ela se subjuga os indivíduos. 
O act of Settlement de 1701 estabelece as regras de sucessão do trono.
Revolução Francesa
“Estado como povo”
Quatro fases
Revolução urbana (1789-1792): Em 1789 a Assembléia Constituinte no Palácio de Versalhes e a Queda da Bastilha. Girondinos e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Afastamento da Igreja. Em 1791, A constituição francesa conformando três poderes. A Monarquia constitucional é instituída(1791-1792), mas Luis XVI tenta golpe. Há a Proclamação da República pelos jacobinos. 
Convenção nacional (1792-1794): jacobinos e guilhotina da família real. A revolta da Vendéia camponesa levou aos tribunais de julgamento entre 1793-1794 (período do terror ou tribunal revolucionário). O fracasso das reformas jacobinas levou ao golpe de 9 do Thermidor. 
Diretório (1795-1799): fim do grande terror, demandas econômicas e ascensão de Napoleão. 
Levante popular: primeira revlução socialista em 1796 - jornalista Graco Babeuf, propunham a tomada do poder à força e o fim da propriedade privada.. Paris tomada e ascenção do exército. 
Período Napoleônico (1799-1815): 18 de Brumário do ano 7. Divido entre período do consulado e período do Império.
Princípio da legalidade
Nullum crimen nulla poena sine lege previa
 
Nulllum crimen nulla poena sine lege scripta
Nullum crimen nula poena sine lege stricta
Nullum crimen nulla poena sine lege certa
Princípio da Legalidade
A legalidade, em que pese a reserva legal, pode precisar de complementação de seu conteúdo. Nesses casos, é chamada de norma penal em branco. Quando ela precisa de complementação em norma de mesmo status é norma penal em branco homogênea/imprópria; quando a norma penal em branco é de outro status é heterogênea/própria (ex. decreto, portaria); quando a norma penal em branco está em outra parte da mesma lei é norma penal em branco homogênea homologa. 
A legalidade pode ser formal ou material:
Formal: procedimento necessário para aprovação da norma. 
Material: o seu conteúdo deve estar de acordo com os preceitos constitucionais do modelo penal garantista. 
Art. 5º, inciso XL e 2º do CP: termo inicial da Lei é sua data de entrada em vigência, mas caso a lei anterior seja mais gravosa, ela deve retroagir para beneficiar casos anteriores.
Princípio da Intervenção Mínima
A Intervenção mínima implica em o direito penal ser a ultima ratio, logo os bens jurídicos tutelados devem ser escolhidos de forma estrita e em decorrência da ausência de outra possibilidade de solução. Envolve compreender: adequação social, subsidiariedade e fragmentariedade. 
Princípio da adequação social (Welzel - década de 1930): limitar a interpretação do que é crime ao excluir condutas que são consideradas socialmente como adequadas e aceitas pela sociedade. Estipula que o legislador está vinculado ao princípio tanto para tipificar como para retirar crimes inadequados à nova realidade. 
Princípio da fragmentariedade (Muñoz Conde - 1970): o direito penal deve se limitar a punir somente as condutas mais graves e contra os bens jurídicos mais importantes. A fragmentariedade decorre, portanto, do recorte de algumas partes do ordenamento jurídico que são destacadas para tutela. 
Princípio da subsidiariedade: o direito penal só deve ser reclamado quando o conflito quando outros meios já se provaram insuficientes para solucionar a lesão ao bem jurídico tutelado. Decorre do princípio da especialidade no conflito aparente de normas. 
Cuidado! O princípio da subsidiariedade da atuação estatal possui outra vertente de consolidação no direito constitucional que indica os marcos de intervenção do Estado na economia somente quando necessário. Trata-se do marco neoliberal propulsionado por Margaret Thatcher.
Atenção! 1930 é o ano da depressão econômica devido a quebra da bolsa de valores de NY em 1929. O Brasil vivia a Revolução de 1930 e a Alemanha, contexto de Welzel, vivia a maior recessão econômica de sua curta história, o que levaria ao estado totalitário de Hitler em 1932. O fascismo de Mussolini já vigia desde 1924, pelo próprio do Rei Vítor Emanuel III tê-lo chamado para ocupar o cargo de primeiro-ministro.
Atenção! Muñoz Conde é Doctor Honoris Causa pela Universidade Católica de Porto Alegre e é internacionalmente reconhecido pela sua atuação como crítico do direito penal dos estados totalitários.
Princípio da lesividade
O Princípio da lesividade determina o sistema penal só se é justificável quando estritamente necessário, no intento de gerar o mínimo de lesão às garantias individuais possível. O expoente do princípio foi Nilo Batista: 
proibição de incriminação de uma atitude interna (princípio da materialização ou exteriorização). 
proibição da incriminação de uma conduta que que não exceda o âmbito do próprio autor. 
proibição de incriminação de simples estados ou condições existenciais.
 proibição de incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico. Problemática: contravenções penais e vadiagem. 
Princípio da Culpabilidade
O Princípio da culpabilidade é implícito no texto constitucional, pois decorre da ordem constitucional de que a responsabilidade penal é pessoal e subjetiva. Relaciona-se com esse princípio, assim:
Princípio da não-culpabilidade ou presunção de inocência: “ LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”;
Princípio da personalidade da pena: pelo art. 5º inciso XLV, a pena não passa da pessoa do apenado.
Responsabilidade penal subjetiva: consiste da máxima de que ninguém será punido se não for culpado pelo fato criminoso a ele imputado (dolo e culpa). Exceções: 
No caso de PJ, cuja constituição autoriza a responsabilidade penal objetiva em caso de crime ambiental e crimes econômicos.
No caso rixa, pois na briga generalizada quando alguém morre todos possuem o aumento de pena pela morte. 
Embriaguez incompleta, seja o uso de entorpecente intencional ou não, gera a responsabilidade por culpa ou dolo eventual. 
Princípio da proporcionalidade
O Princípio da proporcionalidade consiste, dentro da noção criminal, na máxima de que a pena deve ser na medida da infração do fato criminoso; ou seja, a pena adequada recai de acordo com o fato criminoso e não ao criminoso em si. Decorre desse princípio:
Proibição de excesso: a pena não pode ser mais intensa e violadora que o próprio fato criminoso. Assim, quando os resultados
são mais gravosos que a ação, dentro do permitido em Lei, o Estado-juiz pode deixar de aplicar a pena ou reduzi-la. 
Proibição de proteção deficiente: também chamado de princípio da inderrogabilidade/inevitabilidade da pena. Consiste no entendimento de que o Estado não pode ser furtar a punir quando identificado o crime punível. 
Princípio da individualização da pena: a pena deve ser individual quanto à cominação, aplicação e execução.
Complicações: STF julgou o RDD como constitucional e parte integrante da individualização da pena. 
Princípio da Insignificância
O Princípio da insignificância consiste na máxima de que o Estado não deve punir pela desnecessidade face à lesão causada. Em que pese as bases teóricas de Welzel, a nomenclatura foi atribuída por Roxin. Está relacionado à noção de proporcionalidade. Pode ser própria ou imprópria:
Própria: atinge a tipicidade material, pois afasta os fatos que, em que pese atingirem os elementos da tipicidade formal, já nascem na ação como de pouca ou nenhuma importância para o ordenamento jurídico (bagatela). 
Imprópria: conforma-se a relevância da incidência da norma penal, mas ante a desnecessidade de punição, afastam a culpabilidade do agente. Confunde-se com a noção de proibição de excesso. 
STF: HC 84412/2004: a) a mínima ofensividade da conduta do agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Principais interpretações decorrentes: 
STF/STJ: não se aplica a tráfico ilícito de drogas.
STJ: não se aplica em caso de reiteração delitiva. 
STJ: não se aplica a crimes militares. 
STJ: não se aplica ao Estatuto do Desarmamento. 
STJ: se aplica a crimes ambientais. 
Súmula 599 STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
Princípio da limitação das penas ou da humanidade
O Princípio da limitação das penas decorre da Carta da ONU de 1945, pela qual não se pode retroceder em termos de cominação de pena. Em termos simples, não pode se intensificar punições, sendo vetado a pena de morte, fora dos tempos de guerra, de caráter perpétuo, trabalhos forçados, banimento ou cruéis. O Estado que já aboliu penas dessa natureza não pode voltar a cominá-las e os que possuem tais penas, comprometem-se a reduzi-las. 
O princípio da dignidade humana possui correlação direta com essa limitação, pois as limitações decorrem do dever de não estabelecer penas de caráter degradante ou que desrespeitem as condições mínimas de vida saudável. 
Dignidade da pessoa humana: fundamento da constituição de 1988.
Art 5º: XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Questões
Concursos
Ano: 2017 - Banca: CESPE - Órgão: TRF - 5ª REGIÃO - Prova: Juiz Federal Substituto
Assinale a opção que apresenta princípios que devem ser observados pelas leis penais por expressa previsão constitucional.
a)legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, economicidade, individualização da pena
b)legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da inocência, eficiência da pena
c)legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da inocência, individualização da pena
d)legalidade, irretroatividade, moralidade, presunção da inocência, individualização da pena
e)legalidade, impessoalidade, irretroatividade, presunção da inocência, individualização da pena
Resposta: letra C
Ano: 2017 - Banca: CESPE - Órgão: MPE-RR - Prova: Promotor de Justiça Substituto 
No direito penal, o princípio da
 a)fragmentariedade informa que o direito penal é autônomo e cuida das condutas tidas por ilícitas penalmente, sendo aplicável a lei penal independentemente da solução do problema por outros ramos do direito.
 b) irretroatividade da lei se aplica absolutamente.
 c) insignificância, segundo o entendimento do STF, pressupõe apenas três requisitos para a sua configuração: mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social e reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
 d) proporcionalidade fundamenta a declaração de inconstitucionalidade de parte do art. 44 da Lei Antidrogas, que veda a concessão de liberdade provisória em crimes relacionados às drogas.
Resposta: letra D
Ano: 2011- Banca: CESPE - Órgão: TJ-ES - Prova: Juiz Substituto
Acerca dos princípios aplicáveis ao direito penal, assinale a opção correta. 
 a)O princípio da adequação social, dirigido ao julgador, e não ao legislador, objetiva restringir a abrangência do tipo penal, limitando sua interpretação e dele excluindo as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade.
 b) Dada a necessidade de observância do princípio da legalidade, a tipicidade penal resume-se ao mero exercício de adequação do fato concreto à norma abstrata.
 c) O princípio da lesividade busca evitar a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico, não cuidando de condutas que não excedam o âmbito do próprio autor.
 d) A jurisprudência do STJ é firme no sentido da aplicabilidade do princípio da insignificância ao delito de moeda falsa, caso o valor das cédulas falsificadas não ultrapasse a quantia correspondente a um salário mínimo.
 e) A aplicação do princípio da insignificância, que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado, objetiva excluir ou afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material.
Resposta: E
Bibliografia
Bittencourt. Tratado de Direito Penal . V. 1 Capítulo 2.

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