Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Crise convulsiva Epiléptica Sem estímulo claro Não-epiléptica Provocada FÁRMACOS ANTICONVULSIVANTES Fármacos que controlam a crise convulsiva e a epilepsia. Epilepsia - Refere-se a um distúrbio da função cerebral caracterizado pela ocorrência periódica e imprevisível de convulsões O sítio de descarga e sua extensão são fatores determinantes da sintomatologia clínica apresentada. É um transtorno neurológico crônico que atinge 0,5 – 1% da população. Convulsão - Alteração transitória do comportamento decorrente do disparo rítmico, sincrônico e desordenado de populações de neurônios cerebrais. Fisiopatologia Alterações mais freqüentes: 1. Iônicas - aumento do potássio extracelular - diminuição do cálcio extracelular - aumento da liberação de neurotransmissores - aumento da liberação de neuropeptideos 2. Fisiológicas - aumento do fluxo sangüíneo cerebral - aumento da utilização de glicose - alteração do metabolismo oxidativo - pH local alterado 2 3 Mecanismos Neuroquímicos Exacerbação de fenômenos excitatórios Input excitatório X Input inibitório Aumento do Glutamato/aspartato Diminuição da ação do GABA Aumento do no de receptores pós sinápticos Aumento das correntes de cálcio Etiologia Primária: Não há causa anatômica específica Secundária: Tumores, hipoglicemia, lesões da cabeça, infecção meníngea, retirada de álcool 4 MECANISMOS DE AÇÃO DOS FÁRMACOS ANTICONVULSIVANTES 1. Fármacos que aumentam a ação do GABA - Benzodiazepínicos: Clonazepam (Rivotril), Clorazepato (Tratamento crônico), Diazepam (Tratamento agudo) - Barbitúricos: Primidona (pró-fármaco), Fenobarbital 2. Fármacos que aumentam a liberação do GABA: Gabapentina 3. Fármacos que diminuem a degradação do GABA: -vinil-GABA (Vigabatrina) 4. Bloqueadores de canais de Na+: Valproato, Carbamazepina, Fenitoína, Lamotrigina 5. Bloqueadores dos canais de Ca2+ do tipo T: Succimidas, trimetadiona 6. Bloqueadores do receptor NMDA para glutamato: Felbamato 5 1. Fármacos que aumentam a ação do GABA 1.1 Benzodiazepínicos Principais indicações – Todos os tipos. Diazepam usado por via I.V. Para controle do estado de mal epiléptico. Clonazepam e clobazam relativamente seletivos como antiepiléticos. 1.2 Barbitúricos - Os barbitúricos possuem atividade depressora não seletiva do SNC que produzem efeitos de sedação e redução da ansiedade. - Efeito dose-dependente. São medicamentos pouco seguros, uma vez que a administração de doses 10-100 vezes maiores que as usadas clinicamente causam inconsciência e morte por depressão respiratória e cardiovascular. - Continuam a ser utilizados como anestésicos (tiopental) e no tratamento da epilepsia (fenobarbital). Nem todos os barbituratos podem ser utilizados como drogas antiepilépticas, uma vez que muitos produzem sedação excessiva em doses antiepilépticas. 6 Fenobarbital (Gardenal®) - Potente indutor das enzimas hepáticas metabolizadoras de drogas, principalmente do sistema citocromo P-450, podendo causar importantes interações farmacológicas. - Atua facilitando as ações do GABA em múltiplos locais no SNC. Parecem aumentar a duração da abertura dos canais regulados por GABA. Em altas concentrações também podem ser GABA miméticos, ativando diretamente os canais de Cl-. Inibe o subtipo AMPA de receptores de glutamato (excitatórios). Efeitos indesejados Sedação, irritabilidade, nistagmo, ataxia, erupção cutânea, anemia megaloblástica, osteomalácia, hiperatividade em crianças, agitação paradoxal em idosos, tolerância e dependência. Tratamento da Intoxicação Não há antídoto específico. Descontaminação do TGI com lavagem gástrica. Não induzir vômitos. Carvão ativado em dose de ataque e uso seriado por até 72hs. Alcalinização da urina com bicarbonato de sódio. 7 Primidona (Desoxibarbitúrico - Mysoline®) Uso em associação com outros anticonvulsivantes – carbamazepina e fenitoína. Farmacocinética Absorção rápida (3 h) , t1/2 = 5 – 15 h, pouca ligação a proteínas plasmáticas Efeitos indesejados Sedação, ataxia, irritabilidade, náuseas e vômitos, diplopia, nistagmo, anemia megaloblástica, erupção cutânea 8 2. Fármacos que aumentam a disponibilidade do GABA 2.1. Gabapentina - Mecanismo de ação desconhecido. Foi planejada como um análogo do GABA, sufucientemente lipossolúvel para atravessar a BHE. Ainda não foi plenamente avaliada na clínica - Absorção saturável, dependente de sistema transportador de AA; relativamente livre de efeitos colaterais (sedação e ataxia). * Tratamento da dor neuropática 2.2. Vigabatrina (Sabril®) - Age inibindo GABA transaminase de forma irreversível, efeito prolongado apesar de meia vida curta. - Eficaz nos pacientes que não respondem aos medicamentos convencionais - Principais efeitos colaterais: sonolência, alterações comportamentais e no humor 2.3. Valproato (Depakene®) Múltiplo mecanismo de ação: - Inibição de enzimas metabolizadoras do GABA - Aumento do tempo de recuperação do canal de Na+ inativo - Inibição de correntes de Ca2+ do tipo T de baixo limiar 9 Usos terapêuticos Crises mioclônicas Diminui as crises de ausência Reduz a incidência e severidade das crises tônico clônicas Efeitos indesejados Náuseas e vômitos, sedação, hepatotoxicidade (mais grave em crianças pequenas), alopécia, tendência hemorrágica, pancreatite aguda, aumento de peso, teratogenicidade. Farmacocinética Absorção rápida, alta ligação a proteínas plasmáticas t1/2 = 15 h Metabolismo hepático, não estimula enzimas hepáticas 2.4. Tiagabina Um análogo do GABA que atua ao inibir a captação de GABA. Liga-se seletivamente ao transportador de GABA expresso nos neurônios e nas células gliais.. Prolonga e potencializa as respostas mediadas pelo GABA. Efeitos adjuvantes nas crises parciais refratárias e tônico-clônicas. Farmacocinética Rapidamente absorvida por via oral e liga-se extensamente a proteínas. É metabolizada principalmente no fígado pela CYP3A. t1/2 de 8h, podendo cair para 2-3hs quando administrada conjuntamente com indutores enzimáticos como fenobarbital, fenitoína e carbamazepina. Principais efeitos adversos consistem em sonolência, tontura e confusão. 10 3. Bloqueadores de canais de Na+ 3.1. Fenitoína (Hidantal®) Mecanismo de Ação 11 Usos terapêuticos Crises parciais simples e complexas, crises tônico-clônicas e estado epiléptico * Não é eficaz nas crises de ausência, podendo agravar o quadro Farmacocinética Bem absorvida por via oral Cerca de 80-90% do conteúdo plasmático estão ligados a albumina. Metabolismo hepático hidroxilação CYP seguida de conjugação com glicuronídio Possui metabolismo de saturação (ordem zero) com t1/2 (cerca de 20hs) aumentada com o aumento da dose. Pró-fármaco – uso IM e IV devido aos problemas de solubilidadee pH – fosfenitoína. Interações Farmacológicas - Salicilatos, fenilbutazona e o valproato inibem a ligação a proteínas plasmáticas aumentando a concentração livre do fármaco. - É indutora enzimática aumentando a taxa de metabolismo de outros fármacos (ex. Anticoagulantes orais, contraceptivos orais, quinidina, doxiciclina, ciclosporina, mexiletina, metadona, levodopa, barbitúricos). 12 - Inibição do metabolismo da fenitoína: Cloranfenicol, dicumarol, cimetidina, sulfonamida, isoniazina - Estímulo do metabolismo da fenitoína: Carbamazepina, fenobarbital Efeitos indesejados - Tóxicos: nistagmo, ataxia, sonolência, náuseas, vômitos, desordens do movimento, arrítmias cardíacas, hipotensão - Idiossincrásicos: dermatites, leucopenia, trombocitopenia, febre, agranulocitose, anemia aplásica, eosinofilia, hiperplasia linfóide, lúpus eritematoso sistêmico, hepatite - Efeitos do uso crônico: hiperplasia gengival, hirsutismo, disfunção cerebelar crônica, polineuropatia, distúrbio de funções cognitivas, hipocalcemia e osteomalácia, anemia megaloblástica por deficiência de folato e vitamina B12 “Síndrome hidantoínica fetal” Lábio leporino, Alterações cardíacas, Diminuição do crescimento, Deficiência mental 3.2. Carbamazepina (Tegretol®) Usos terapêuticos Crises parciais simples e complexas, crises tônico-clônicas, Neuralgia do trigêmio, pacientes maníaco depressivos 13 Farmacocinética Bem absorvida por via oral, t1/2 de cerca de 30hs, como trata-se de potente indutor a t1/2 cai para 15hs com o uso repetido. Pode-se usar preparação de liberação lenta. Interações medicamentosas • Estímulo do metabolismo da fenitoína • Metabolismo inibido por: Diltiazem, cimetidina,eritromicina, propoxifeno, isoniazida Efeitos indesejados Sedação, ataxia, reação cutânea, desconforto grastintestinal, anemia aplásica (rara), leucopenia, vertigem, diplopia, nistagmo, tremor, mioclonia, icterícia 3.3. Lamotrigina (Lamictal®) - Atua sobre os canais de sódio e inibe a liberação de aminoácidos excitatórios. - Ainda não foi plenamente avaliada na clínica - É semelhante à fenitoína, mas parece exercer menos efeitos colaterais, com eficácia significativa nas crises de ausência. - Terapia complementar a indivíduos refratários a uma medicação 4. Fármacos que bloqueiam canais de Ca2+ do tipo T 14 4.1. Etossuximida (Zarotin®) Reduz a propagação da atividade elétrica anômala no cérebro Uso terapêutico 1a escolha nas crises de ausência Importante -Pode aumentar outras formas de epilepsia (convulsões tônico – clônicas) Farmacocinética Absorção rápida Pouca ligação a proteínas plasmáticas T1/2 = 40 – 50 h Metabolismo hepático Não estimula síntese de enzimas hepáticas Efeitos indesejados Distúrbios gastrintestinais, sedação, soluços, pancitopenia, alteração da função hepática, cefaléia, tontura, reação extrapiramidal, alterações de comportamento, discrasias sangüíneas, lúpus eritematoso sistêmico 5. Fármacos bloqueadores do receptor NMDA Felbamato - Reduz input excitatório, as evidências sugerem bloqueio dos receptores NMDA através do local de ligação da Glicina. - Não plenamente avaliado na clínica - Indicado para tratamento de epilepsia refratária em crianças - Provoca anemia aplásica e hepatite grave em uma taxa inesperadamente alta sendo relegada para casos refratários. (3ª linha) 15 Indicações dos Anticonvulsivantes 1. Convulsões tônico-clônicas (grande mal) Carbamazepina, fenitoína, valproato, fenobarbital, primidona Os fármacos mais recentes são: vigabatrina, lamotrigina, felbamato, gabapentina. 2. Convulsões parciais (focais) Carbamazepina, valproato. Clonazepam ou fenitoína são alternativos. 3. Crises de ausência (pequeno mal) Etossuximida ou valproato. 4. Crises Mioclônicas: Valproato ou clonazepam 5. Estado de mal epiléptico Deve ser tratado como uma emergência: Diazepam + fenitoína IV Em lactantes sem veias acessíveis usar via retal 16 17 18
Compartilhar