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AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANO MORAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE 	
 		NOME COMPLETO, brasileira, solteira, professora, portadora da Carteira de Identidade nº. , expedida pelo , inscrito no CPF nº , residente e domiciliado em,endereço eletrônico, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, c.c. artigos 186 e 187, 927 e seguintes, todos do Código Civil, c.c. artigos, 81 e 302, todos do Código de Processo Civil, c.c. Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor, ajuizar a presente AÇÃO _________________, em desfavor do site , inscrito no CNPJ sob nº.________________, localizado na________________, e inscrito no CNPJ sob nº.________________, localizado na________________, o fazendo pelas razões de fato e de direito que a seguir passa a expor.
DAS PUBLICAÇÕES
Inicialmente, com base no artigo 39, inciso I, do Código de Processo Civil, requer-se o envio de todas as intimações, notificações ou publicações em nome Dr. , inscrito na OAB/UF sob nº , com escritório localizado em, CEP: . Tel.: (xx) .
DOS FATOS
 
 A Autora fez uma compra no site no dia . O pedido foi no valor total de R$ sendo referente à compra de um guarda roupa no valor de R$ mais um serviço de montagem de móveis no valor de R$ . O móvel foi entregue em duas caixas de papelão fechadas no dia . 
 Na entrega, no site ou por email, em nenhum desses, foi informado a Autora como deveria proceder em relação à montagem de móveis. Por esse motivo ficou esperando tal montagem, achando que era automático (entrega/montagem). 
 No dia a Autora entrou em contato com o Réu pelo telefone e por email, nos dois meios de comunicação foi respondido que a Autora deveria entrar em contato com para agendar a montagem. 
 
DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
	Nosso ordenamento jurídico é farto em estabelecer regras e conceitos referentes à reparação de danos, todos eles, anote-se, indicando a obrigatoriedade de reparar o prejuízo moral ou material da vítima pela prática de ato ilícito.
	E ato ilícito, nas palavras de Maria Helena Diniz, é aquele que é “praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando direito subjetivo individual. Causa dano patrimonial ou moral a outrem, criando o dever de repará-lo (STJ, Súmula 37). Logo, produz efeito jurídico, só que este não é desejado pelo agente, mas imposto pela lei”.[1: Maria Helena Diniz. Novo Código Civil comentado – Coordenação Ricardo Fiuza. 1ª ed.. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 184. ]
	De outro lado, toda essa prejudicialidade, caracterizada sempre por culpa ou dolo, gera uma série de circunstâncias que, em cada caso, indicam a adoção de regras específicas ao que se discute, embora genericamente se achem originadas dos mesmos princípios e normas.
	Por essa razão, duas são as formas de responsabilidade civil: a objetiva - baseada na teoria do risco -, por meio da qual desconsidera-se a intenção do agente, apenas se exigindo a demonstração do nexo causal entre o ato praticado e o dano causado, e a subjetiva, que, ao contrário, procura mensurar a dita obrigação através do conteúdo da vontade do causador do ilícito – se doloso ou culposo.
Nesse sentido é a lição de Regina Beatriz Tavares da Silva:[2: Novo código civil comentado – Coordenação: Ricardo Fiuzza. São Paulo: Saraiva, 2002, pp. 819/820, comentários ao artigo 927.]
“Na teoria do risco não se cogita da intenção ou do modo de atuação do agente, mas apenas da relação de causalidade entre a ação lesiva e o dano (v. Carlos Alberto Bittar, Responsabilidade civil nas atividades nucleares, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1985). Assim, enquanto na responsabilidade subjetiva, embasada na culpa, examina-se o conteúdo da vontade presente na ação, se dolosa ou culposa, tal exame não é feito na responsabilidade objetiva, fundamentada no risco, na qual basta a existência do nexo causal entre a ação e o dano, porque, de antemão, aquela ação ou atividade, por si só, é considerada potencialmente perigosa”.
	Nosso Código Civil, acompanhando os mais salutares diplomas mundiais reguladores da questão, prestigiou a chamada responsabilidade objetiva, calcada na teoria do risco, desobrigando a vítima de demonstrar, em certos casos, se o agente pretendia ou não causar o dano.
	Em determinadas hipóteses havemos de convir pela necessidade de profunda análise do caso a fim de que se possa aplicar com segurança os princípios do citado instituto; em outras, no entanto, o próprio instrumento regulador da questão estabelece a observância e a dimensão daquele, restando apenas necessária a aplicação da norma.
É o que prevê o artigo 927, do Código Civil. Vejamos:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.
E tal regra, induvidosamente, estende-se às relações de consumo, conforme apregoa o artigo 14, caput, do Código de Defesa do Consumidor:
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação do serviço, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
A esse respeito comentam Pablo S. Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho:[3: Novo curso de direito civil – vol. III – Responsabibilidade civil. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, pp. 300/301.]
“Nota-se, da mesma forma, que a responsabilidade pelo acidente de consumo decorrente da prestação de um serviço defeituoso – quer por imperícia, quer por falta de informação ao consumidor, tem regramento semelhante àquele consagrado ao fato do produto, estudado supra, uma vez que a Lei n. 8.078/90 admitiu, expressamente, a responsabilidade civil objetiva (‘Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa...’). Mais uma vez registramos que o reconhecimento da responsabilidade civil objetiva harmoniza-se com sistema de proteção aos direitos do consumidor, inaugurado pela Constituição de 1988”.
Assim, diante de todo o exposto acima, é certo que independe de qualquer prova o direito à reparação deduzido pelo autor, bastando a este a simples notícia do dano causado, do que, aliás, já cuidamos.
DA OBRIGAÇÃO DE FAZER. DA CARACTERIZAÇÃO DOS DANOS
	O artigo 6º, do Código de Defesa do Consumidor, traz em seu bojo os chamados diretos do consumidor, direitos estes irrestritamente aplicados às relações de consumo. Os incisos IV e VI do mencionado dispositivo estabelecem:
		“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”.
	Desse modo, é garantida ao consumidor a proteção contras as chamadas práticas comerciais abusivas, bem a reparação dos danos sofridos quando da ocorrência das tais ilicitudes, evidenciadas na formalização da relação de consumo.
E pela natureza com que se insurgem dos nortes que os regulam e estabelecem, temos, mais profundamente, tratar-se de direito indisponível, já que de ordem pública, por isso garantido constitucionalmente.
No presente caso, no entanto, não notamos preocupação do réu em observar as tais disposição, restando nítida a ofensa às relações de consumo.
. 
		
 	E não se diga que a questão, outrossim, deixa de gerar direito à reparação nas vias da responsabilidade civil.
O professor Aguiar Dias, a propósito da questão, ensina que “a culpa é a falta de diligência na observância da norma de conduta, isto é, o desprezo, por parte doagente, do esforço necessário para observá-la, com resultado, não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração das conseqüências eventuais da sua atitude".[4: Aguiar Dias. Da Responsabilidade Civil, vol. I, p. 138. ]
	Outra não é a lição do professor Washington de Barros Monteiro:[5: Washington de Barros Monteiro. Curso de Direito Civil, vol I. l3ª ed.,1975, pp. 274 e seguintes.]
“O direito à indenização surge sempre que prejuízo resulte da atuação do agente, voluntária ou não. Quando existe intenção deliberada de ofender o direito, ou de ocasionar prejuízos a outrem, há o dolo, isto é, pleno conhecimento do mal e o direto propósito de o praticar. Se não houver esse intento deliberado, proposital, mas o prejuízo veio a surgir, por imprudência ou negligência, existe a culpa (stricto sensu)".
E IMPROVIDO" (TJGO, RELATOR DR. JOAO UBALDO FERREIRA, 1ª CC, AC N.º 99473-0/188, DJ 14865 DE 25/10/2006).
 	Certo, portanto, é o dever de indenizar.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
 	Estabelece o artigo 6º, inciso VIII, do CDC:
		“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência”.
	Via de regra, como em todo o procedimento processual civil do ordenamento jurídico pátrio, cumpre a quem alega a prova dos fatos que quer ver reconhecidos em Juízo.
	Note-se, todavia, que toda a relação de consumo reveste-se de características especiais, dada a flagrante diferença de poderio econômico existente entre as partes negociantes.
	Por tais razões, nosso legislador, sabiamente, achou por bem estabelecer no CDC, estatuto que visa a proteger, sobretudo, os direitos do consumidor, a chamada inversão do ônus da prova, determinando verdadeira exceção ao princípio processual civil.
	Por esse instituto, tem o consumidor a prerrogativa de, após demonstrar o nexo causal exigido, deixar ao réu a obrigação de comprovar em Juízo sua isenção em relação ao evento danoso, visando-se a amainar a grande diferença econômica existente entre consumidor e fornecedor, colocando-os em pé de igualdade na relação firmada.
DO PEDIDO
		Diante de todo o exposto, é esta para requerer:
A procedência do pedido:
b.1) Declarando inoponível toda e qualquer cobrança de dívida existente em nome da autora e, por conseguinte, determinando-se à ré o cancelamento de eventuais pendências em nome deste, sob pena de multa equivalente a décuplo ao que vier a ser efetivamente cobrado;
b.2) Condenando-se o réu ao pagamento do equivalente a R$ como forma de reparação por danos morais;
a inversão do ônus da prova, nos termos do disposto no artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor.
 	Dá-se à causa o valor de R$ 
Nestes termos,
Pede deferimento.
LOCAL E DATA
ADVOGADO
OAB/UF

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