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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
Layane Nobre Mangueira Vieira 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARDA COMPARTILHADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2015
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARDA COMPARTILHADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2015 
 
 
Layane Nobre Mangueira Vieira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARDA COMPARTILHADA 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Ciências 
Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como 
requisito parcial para obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
Orientadora: Profª Geórgia Sabbag Malucelli 
Niederheitmann. 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2015 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
Layane Nobre Mangueira Vieira 
 
 
 
GUARDA COMPARTILHADA 
 
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel em Direito no Curso de 
Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 
 
 Curitiba,________________________________ 
 
 
 Curso de Direito 
 Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 
Orientadora Professora Geórgia Sabbag Malucelli NIederheitmann 
 Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 Professor Dr _________________________ 
 Instituição e Departamento 
 
 Professor Dr __________________________ 
 Instituição e Departamento 
 
 Professor Dr __________________________ 
 Instituição e Departamento 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à Deus, criador de todo o 
universo, autor da minha vida, que mesmo não 
merecendo, me deu a oportunidade de iniciar este 
curso e forças para concluí-lo. Tenho certeza que 
sem Ele eu não estaria agora escrevendo estas 
palavras. Porque Dele, por Ele e para Ele são 
todas as coisas, inclusive minha vida. E também, 
as pessoas que direta ou indiretamente me 
apoiaram, se tornando especiais não apenas por 
sua maneira de ser ou agir, mas sim, pela 
profundidade com que tocou meus sentimentos. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado o dom da vida, por me conceder 
sabedoria e instrução do entendimento e por me ensinar a administrar essa longa 
caminhada, pois grandes são as lutas, porém maiores são as vitórias. 
 
Aos meus pais, Antônio Nobre da Silva e Layzeniti Mangueira Nobre da Silva, que 
se doaram inteiros e inúmeras vezes renunciaram a seus sonhos, para que eu 
pudesse realizar os meus. A vocês justa e merecidamente, agradeço por mais esta 
vitória. 
 
Ao meu amado esposo, André Luis Vieira, que me ofereceu um apoio incondicional 
e demonstrou o seu amor e sua compreensão nos meus momentos de estudo. 
 
As minhas irmãs Lidyane Mangueira Nobre e Elayne Mangueira Nobre, que não 
pouparam esforços para me auxiliar na colaboração deste trabalho. 
 
A todos que, direta e indiretamente, cooperaram para o desenvolvimento deste 
trabalho, principalmente à Drª Geórgia Sabbag Malucelli NIederheitmann, pela 
atenção e apoio que me prestou para a realização deste. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 
 CAPITULO 1: PODER FAMILIAR ........................................................................... 11 
1.1 - NOÇÃO HISTÓRICA E DENOMINAÇÃO. ........................................................ 11 
1.2 - CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA. ............................................................. 13 
1.3 - CARACTERÍSTICAS E CONTEÚDO DO PODER FAMILIAR. ......................... 16 
1.4 - SUSPENSÃO PERDA E EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR. ......................... 23 
 CAPITULO 2: GUARDA .......................................................................................... 33 
2.1 - CONCEITO E EVOLUÇÃO. .............................................................................. 33 
2.2 - A CISÃO DA GUARDA. ................................................................................ ... 36 
2.3 - CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO DA GUARDA. ............................................ 41 
2.4 - MODALIDADES DE GUARDA. ......................................................................... 43 
 CAPITULO 3: GUARDA COMPARTILHADA.. ........................................................ 46 
3.1 - EVOLUÇÃO DA GUARDA COMPARTILHADA. ............................................... 46 
3.2 - CONSEQÜÊNCIAS DA GUARDA COMPARTILHADA. .................................... 48 
3.3 - A GUARDA COMPARTILHADA NO DIREITO BRASILEIRO. .......................... 53 
3.4 - A VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MODELO. ....................................... 62 
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 64 
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 65 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho tem o objetivo de demonstrar que a guarda compartilhada é o modelo 
mais adequado para atender o interesse do menor. Uma vez que, garante a 
continuidade do exercício simultâneo e igualitário do poder familiar após a ruptura 
conjugal, minimizando os efeitos negativos que a separação dos pais provoca na 
vida dos filhos. Buscou-se apresentar a evolução do poder familiar tanto no direito 
comparado, quanto no direito brasileiro, pois a guarda é inerente ao instituto. 
Buscou-se demonstrar a evolução da guarda, as diversas modalidades de guarda, 
para enfim, apresentar a guarda compartilhada como uma solução para a nova 
realidade jurídica e social do Brasil. Foram utilizadas, para o desenvolvimento do 
trabalho, referências legislativas, principalmente a Constituição Federal Brasileira, o 
Código Civil Brasileiro e o Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como 
doutrinas especializadas. 
 
 
Palavras-Chave: Poder familiar; Guarda; Guarda Compartilhada. 
 
 
 
 
9 
INTRODUÇÃO 
 
A evolução da sociedade brasileira permitiu o surgimento de novas 
entidades familiares, as quais foram introduzidas na Constituição Federal Brasileira 
de 1988, com a finalidade de regulamentar o poder familiar de acordo com o 
princípio da igualdade. 
O novo conceito de poder familiar, estabelecido na Constituição Federal 
Brasileira, inspirou a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente na década 
de noventa e obrigou a alteração do Código Civil em 2002, adequando-se assim, o 
poder familiar com a nova realidade social e jurídica do Brasil. 
De acordo com a nova legislação civil, o poder familiar, que na antiga 
legislação era denominado de pátrio poder, passou a ser direito de ambos os pais de 
forma igualitária. Portanto, a figura paterna deixa de ser priorizada na relação 
familiar, e agora, ambos os pais possuem direitos e deveres sobre a pessoa e os 
bens dos filhos. Além disso, a inovação do instituto priorizou o melhor interesse do 
menor, ou seja, o interesse dos pais passou a ser condicionado ao interesse dos 
filhos. 
Devido a isso, a guarda também sofreu modificações na legislação 
brasileira, pois ela está vinculada ao poder familiar, na medida em que a guarda é 
um poder-dever natural dos pais de conviver com os seus filhos para exercer as 
funções parentais. 
A principal evolução da guarda diz respeito ao interesse do menor, que será 
preservado em qualquer modalidade de atribuição de guarda. 
Diante do novo panorama social e jurídico brasileiro, referente às relações 
familiares, surge uma nova modalidade de guarda, a guarda compartilhada. 
Com a inserção da mulher no mercado de trabalho de forma acentuada e 
com o aumento das rupturas conjugais, a guardaunilateral, que priorizava a figura 
materna, perde a preferência. Isso porque, não atende o princípio da igualdade 
preconizado na Constituição Federal Brasileira, e nem atende o melhor interesse do 
menor. Além disso, a guarda unilateral altera a estrutura familiar e a organização 
parental do menor. 
Devido a isso, a legislação civil implantou a Guarda Compartilhada no Brasil, 
por meio da Lei 11.698/2008, modificando os artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil. 
 
 
10 
Mas na verdade, a Guarda Compartilhada dentro desse molde legislativo, 
não atendeu de forma satisfatória e efetiva à igualdade parental, pois a expressão 
“sempre que possível”, possibilitou o surgimento de interpretações equivocadas 
advindos da jurisprudência. Isso proporcionou aos juízes a possibilidade de 
determinação da guarda unilateral nos casos de litígios, mesmo diante de reiteradas 
decisões do Superior Tribunal de Justiça garantindo a possibilidade da guarda 
compartilhada. 
Entretanto, com o advento da Lei 13.058/14, chamada de Lei de Igualdade 
Parental, a guarda compartilhada foi introduzida como uma determinação jurídica, 
mesmo nos casos de litígios, modificando os artigos 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 do 
Código Civil. 
Diante dessa nova legislação, a Guarda Compartilhada garante a igualdade 
entre homens e mulheres no exercício do poder familiar, além de minimizar os 
efeitos negativos que a ruptura conjugal provoca nos filhos, fazendo com que os 
mesmos deixem de ser usados como “massa de manobra” após a separação. 
 
 
 
 
11 
1. PODER FAMILIAR 
 
 
1.1 - NOÇÃO HISTÓRICA E DENOMINAÇÃO. 
 
O poder familiar anteriormente era denominado de pátrio poder, conforme a 
legislação civil de 1916. Isso porque, o instituto atribuía ao pai poderes sobre a 
pessoa e os bens de seus filhos, além de chefiar a família. Com efeito, dispunha o 
artigo 233 que “o marido é o chefe da sociedade conjugal” (COMEL, 2003, p. 26). 
Atribuindo-lhe formal e solenemente a função de cabeça do casal. 
Na verdade, verifica-se que no Código Civil de 1916 há vestígios da antiga 
legislação romana, onde o poder paterno era incontestável e praticamente absoluto. 
Nesta época, os filhos não possuíam bens próprios, pois eles eram considerados 
alieni júris, ou seja, não possuíam capacidade de direito, somente o pai era 
considerado sui iuris, ou seja, possuía plena capacidade de exercer atos jurídicos. 
Vale lembrar que o referido instituto foi inserido em nosso país por meio da 
Lei de 20 de Outubro de 1823 devido às Ordenações do Reino que trazia consigo os 
moldes da legislação romana. 
Como ressalta Lafayette Rodrigues Pereira: 
 
Entre nós prevalece ainda acerca deste grave assunto na antiga legislação 
portuguesa que não é senão a reprodução do Direito Romano, no estado 
em que o deixará o imperador Justiniano, com as modificações que o tempo 
e os costumes lhe foram fazendo (1910, p. 234). 
 
Ocorre que, com o passar do tempo, a sociedade modificou-se, permitindo 
assim, o surgimento de novos conceitos de família e, desta forma, o poder familiar 
foi evoluindo para atender a necessidade jurídica das “novas famílias” brasileiras. 
A primeira evolução do instituto surge com o Estatuto da Mulher Casada, 
que modificou o artigo 380 do Código Civil de 1916, atribuindo à mulher o papel de 
colaboradora no exercício do pátrio poder. 
 
Durante o casamento compete o pátrio poder aos pais, exercendo-o o 
marido com a colaboração da mulher. Na falta ou impedimento de um dos 
progenitores, passará o outro a exercê-lo com exclusividade. 
Parágrafo único: divergindo os progenitores quanto ao exercício do pátrio 
poder, prevalecerá a decisão do pai, ressalvado à mãe o direito de recorrer 
ao juiz, para solução da divergência (1916). 
 
 
 
12 
Além disso, a mulher que se casasse novamente teria os direitos do pátrio 
poder resguardados com relação aos filhos do leito anterior, com base no artigo 393 
do Código Civil/1916, pois anteriormente ao Estatuto da Mulher Casada, a viúva não 
poderia se casar novamente, para que fossem resguardados os direitos do pátrio 
poder com relação aos filhos do casamento anterior. 
 
A mãe que contraí novas núpcias não perde, quanto aos filhos de leito 
anterior, os direitos ao pátrio poder, exercendo-os sem qualquer 
interferência do marido (1916). 
 
A segunda evolução do instituto surge com a Lei do Divórcio, que por meio 
da admissão do desquite, preencheu as lacunas em que o Código Civil de 1916 era 
omisso, tal como a guarda dos filhos e do provimento alimentar. 
Porém, o que determinou a evolução do instituto de forma decisiva foi a 
promulgação da nova Constituição Brasileira de 1988, por meio do artigo 5º, inciso I, 
que diz, “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações” (1988). 
E do artigo 226, § 5º, que ressalta, “Os direitos e deveres referentes à 
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (1988). 
A Constituição Federal consagrou o princípio da igualdade na sociedade 
conjugal, além de igualar os direitos dos filhos adotivos, ilegítimos e legítimos, sem 
que houvesse qualquer discriminação conforme o que foi estabelecido no artigo 227, 
§ 6º, da Carta Magna. 
 
Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os 
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação. 
 
E para reforçar o princípio da igualdade na família surge o Estatuto da 
Criança e do Adolescente reconhecendo que “todo menor tem direito ao pátrio 
poder, qualquer que seja a situação do pai ou da mãe em relação ao casamento”. 
Diante deste quadro evolutivo na legislação brasileira, o Código Civil foi 
modificado em 2002 para acompanhar as transformações sociais e jurídicas que 
ocorriam na sociedade. E com isso, o Direito de família projeta uma nova 
denominação ao pátrio poder e atualiza seu conceito às demais legislações. 
Com o novo Código Civil, o pátrio poder passou a ser denominado de poder 
familiar. Isso para que houvesse uma maior coerência com a Constituição Federal 
que preconiza a igualdade entre os homens e mulheres dentro da sociedade 
 
 
13 
conjugal e para despir-se da arcaica legislação que priorizava a figura paterna nas 
relações familiares. 
Porém, alguns autores entendem que a expressão poder familiar não traduz 
de forma específica e atualizada a igualdade dos cônjuges, isso porque a palavra 
poder está ligada ao antigo direito romano e a terminologia familiar não concentra a 
idéia de pai e mãe, mas sim, da família em um todo. 
Com relação ao uso inapropriado da palavra poder na nova denominação, 
Waldy Grisard Filho esclarece: 
 
A questão terminológica esbarra na palavra poder a qual se resiste por 
guardar resquícios da pátria potestas romana. 
Mas este poder tem de ser exercido, única e exclusivamente, no superior 
interesse do menor e, por isso, deixa de ser um poder para constituir um 
dever, uma responsabilidade (FILHO, 2009, p. 42). 
 
Segundo Denise Comel, “A expressão familiar, a toda evidência, dá a idéia 
de que o encargo não é somente dos pais, senão da família, donde se poderia até 
pensar que também os avós, ou até mesmo os irmãos, estariam investidos na 
função (2003, p.59). 
Para Paulo Luiz Lobo, a expressão que melhor atenderia a relação de 
parentesco que há entre pais e filhos, seria autoridade parental, uma vez que, “O 
conceito de autoridade traduz melhor o exercício de função fundada na legitimidade 
e no interesse do outro, enquanto que o vocábulo parental quer dizer relativo ao pai 
e a mãe, de forma mais específica” (2002, p.142). 
Diante disso, percebe-se que o instituto evoluiu, não só por modificar sua 
denominaçãopara poder familiar, mas também por recepcionar em seu conceito o 
interesse dos pais condicionado ao interesse dos filhos e a igualdade do homem e 
da mulher dentro da sociedade conjugal. 
 
1.2- CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA 
 
A legislação brasileira não oferece um conceito específico acerca do instituto 
poder familiar, mesmo porque, o direito positivo geralmente apenas regulamenta, 
cabendo à doutrina conceituar e preencher as lacunas da legislação. 
Segundo a doutrina nacional, praticamente toda ela produzida na vigência 
do Código Civil de 1916, referindo-se, portanto, ao pátrio poder, de modo geral 
 
 
14 
“optava por definições relativamente lineares” (Comel, 2003, p.64). Porém, existiam 
conceitos singulares e diversos, como será analisado a seguir. 
Conforme Lafayette Rodrigues Pereira, “O pátrio poder é o todo que resulta 
do conjunto dos diversos direitos que a lei concede ao pai sobre a pessoa e bens do 
filho famílias” (1910, p. 234). 
Seguindo esta mesma linha de raciocínio, Clóvis Bevilaqua, conceitua, “O 
pátrio poder é o complexo dos direitos que a lei confere ao pai, sobre a pessoa e os 
bens dos filhos” (1960, p. 279). 
Diante desses dois conceitos, percebe-se claramente a presença marcante 
da figura paterna na relação familiar, que reflete de forma precisa o início do instituto 
na legislação brasileira e o vestígio do direito romano. 
Ao passo que o instituto evoluía, os conceitos divergiam como se pode 
verificar a seguir. 
De acordo com Sílvio Rodrigues, pátrio poder “É o conjunto de direito e 
deveres atribuídos aos pais em relação à pessoa e aos bens aos filhos não 
emancipados, tendo em vista a proteção destes” (1994, p. 349). 
Não muito diferente deste conceito, Caio Mario da Silva Pereira define o 
instituto como um “Complexo de direitos e deveres quanto à pessoa e bens do filho, 
exercidos pelos pais na mais estreita colaboração, e em igualdade de condições 
segundo o artigo 226, § 5º da Constituição” (2004, p.233). 
A conceituação mais elaborada e atualizada surge nas palavras de José 
Antônio de Paula Santos Neto que define: 
 
Pátrio poder é o complexo de direitos e deveres concernentes ao pai e à 
mãe, fundado no direito natural, confirmado pelo direito positivo e 
direcionado ao interesse da família e do filho menor não emancipado, que 
incide sobre a pessoa e patrimônio deste filho e serve como meio para o 
manter, proteger e educar (1994, p.55). 
 
O autor destaca o duplo aspecto do direito e do dever, também o 
fundamento da figura, o direito natural e inclui a circunstância de ser voltado ao 
interesse da família e do filho menor, esse último, aliás, que deve ser o norte do 
poder familiar. Aborda, também, “quem são os titulares – passivo e ativo – a 
amplitude de conteúdo (sobre a pessoa e patrimônio do filho), bem como a 
finalidade: manter, proteger e educar” (Comel, 2003, p. 65). 
 
 
15 
Analisando os diversos conceitos que a doutrina brasileira apresenta, 
verifica-se que com a evolução do instituto, a definição do mesmo passa a ser mais 
equiparada. E, como destaca Waldyr Grisard Filho, o que existe, nas concepções 
atuais, é uma uniforme concepção filhocentrista, que desloca o seu fulcro das 
pessoas dos pais para as pessoas dos filhos, não mais como objeto de direito 
daqueles, mas ele próprio (o menor) é um sujeito de direitos e, consequentemente, 
com direito, dentre outros, ao seu integral desenvolvimento, a filiação, ao respeito, a 
diferença, a ser ouvido, à intimidade, à vida, enfim (2009, p. 36). 
A natureza jurídica do instituto baseia-se no direito natural, na medida em 
que os pais têm a obrigação de proteger e educar os filhos pelo simples fato de que 
os filhos dependem desses cuidados para sobreviver, até que eles alcancem a 
maturidade. 
Na verdade, se os pais são os responsáveis por dar a vida ao filho, cabe a 
eles cuidar da sua prole. 
Ocorre que os romanos, no século II, acreditavam que os pais deveriam ter 
um poder absoluto sobre os filhos, ao ponto de possuir o direito de matá-lo. 
Com o passar dos tempos, esse entendimento foi aniquilado, pois com o 
reconhecimento internacional de que tanto a criança como o adolescente devem ter 
seus direitos protegidos, a legislação mundial teve que se adaptar para fazer valer o 
interesse maior do menor no âmbito familiar. 
Tanto a convenção da ONU como a Convenção Internacional dos Direitos da 
Criança e a Convenção Européia resguardam a proteção da criança e do 
adolescente nas relações familiares. 
Seguindo os moldes internacionais, a Constituição Federal Brasileira protege 
os direitos da Criança e do Adolescente no seio familiar, tendo como suporte o artigo 
227, caput, o qual estabelece o que é dever da família, da Sociedade e do Estado, 
assegurar à Criança e ao Adolescente, com absoluta prioridade, não só os direitos 
inerentes à pessoa humana, os quais ali vão elencados, como também aqueles que 
lhes são reconhecidos levando em conta a situação peculiar de desenvolvimento. 
 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão (1988). 
 
 
 
16 
Diante deste panorama jurídico, surge a figura da paternidade responsável, 
como sugere José Afonso da Silva, para ele, “a paternidade deve ser consciente, 
não animalesca, como outrora” (2002, p.822). 
No direito contemporâneo, os direitos concedidos aos pais devem ser um 
instrumento de cumprimento de deveres com relação aos filhos, e não, deve ser 
visto somente como um exercício de autoridade. 
Conforme destaca Orlando Gomes, “os poderes outorgados aos pais têm 
como medida o cumprimento dos deveres de proteção do filho menor” (1987, p.283). 
Portanto, na doutrina atual, tem-se que a natureza jurídica do poder familiar 
é uma função. Segundo Paulo Luiz Lôbo Netto, “Converteu-se em múnus o ônus 
que a sociedade organizada atribuiu aos pais em virtude da circunstância da 
parentalidade no interesse dos filhos” (2002, p.144). 
Para Denise Comel o poder familiar é uma função não só familiar como 
também uma função social, uma vez que tal função tem por finalidade proteger o 
filho bem como promover seu desenvolvimento e sua capacitação (2003, p.64). 
 
 
1.3 - CARACTERÍSTICAS E CONTEÚDO DO PODER FAMILIAR 
 
O poder familiar possui como características intrínsecas a irrenunciabilidade, 
a intransmissibilidade e a imprescritibilidade. 
Conforme Jerônimo López Peréz, “O poder familiar é irrenunciável porque se 
trata de poder instrumental de evidente interesse público e social, de exercício 
obrigatório e de interesse alheio ao titular” (1982, p. 111). 
Sendo assim, não se admite que os pais desistam de assumir as 
responsabilidades conferidas a eles, por meio do direito natural e positivado, só por 
vontade própria ou por circunstâncias banais. 
Segundo o STJ, “o pátrio poder é irrenunciável ou indelegável, por ser um 
conjunto de obrigações, a cargo dos pais, no tocante à pessoa e bens dos filhos 
menores (...) Em outras palavras, por se tratar de ônus, o pátrio poder não pode ser 
objeto de renúncia”. (Resp. 158920 – SP – 4º T – J. 23.03.1999 – DJU 24.05.1999 – 
RT. 768/188). 
Porém, segundo Sílvio de Salvo Venosa, “no caso da adoção, os pais 
renunciam o poder familiar, e nos casos em que os pais praticam atos incompatíveis 
 
 
17 
com o instituto, eles também indiretamente renunciam ao poder familiar” (2008, 
p.300). 
Éintransmissível, pois não se pode transferir a terceiros a outorga do poder 
familiar, uma vez que a condição de pais, sejam eles naturais ou adotivos, é de 
caráter personalíssimo. 
E é imprescritível, pois na se extingue com o desuso. Por mais que o titular 
não exerça o direito outorgado pelo poder familiar, ele não perde o seu direito de 
exercê-lo a qualquer tempo. Assim, por exemplo, ainda que os pais não exerçam por 
longos anos a prerrogativa de nomear tutor ao filho, poderão sempre fazê-lo, a 
qualquer tempo, desde que investidos na função. Da mesma forma poderão sempre 
reclamar o filho de quem ilegalmente o detenha, ou exercer qualquer função típica, 
sem qualquer prejuízo por não tê-la exercido antes e independentemente de 
qualquer prazo preestabelecido (COMEL, 2003, p.76). 
Mas vale lembrar que se o titular causou prejuízo ao filho por não 
desempenhar o poder familiar a ele conferido, poderá ser punido conforme o artigo 
249 do ECA, o artigo 244 a 247 do CP e o artigo 1.638, II do CC. 
Dentre o conjunto de direitos e deveres que o ordenamento jurídico outorga 
aos pais, admitem-se dois tipos de relações, as quais se diferenciam quanto aos fins 
a que se destinam e quanto o bem jurídico que pretendem tutelar: uma está 
relacionada à pessoa dos filhos menores, enquanto que a outra está relacionada aos 
seus bens; sendo assim, pessoais e patrimoniais. 
As funções do poder familiar de conteúdo pessoal estão elencadas no artigo 
229 da Constituição Federal, no artigo 1.634 do CC; e no artigo 22 do ECA. 
Vale lembrar que o artigo 1.634 do CC foi alterado pela Lei 13.058/2014, 
portanto, além do dever de criar e educar, de exercer a guarda dos filhos e exigir 
que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios da sua idade e 
condições, outros deveres foram determinados de forma conjunta aos pais e que 
condizem com o exercício do poder familiar (CC 1.634 III, IV, V, VII): conceder-lhes 
ou negar-lhes consentimento para casarem; conceder-lhes ou negar-lhes 
consentimento para viajar ao exterior; conceder-lhes ou negar-lhes consentimento 
para mudarem sua residência permanente para outro Município; representá-los 
judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e 
 
 
18 
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento. 
Concretamente, portanto, e considerando esses três textos legais, tem-se 
que as funções do poder familiar do conteúdo pessoal consistem nas seguintes: 
dever de criar, no qual se inclui o de sustento; dever de educar; dever de exercer a 
guarda unilateral ou compartilhada, nos termos do artigo 1.584 do CC, no qual se 
inclui o dever de reclamar de detenção ilegal; dever de representação e assistência, 
no qual se incluem o dever de conceder ou negar consentimento para casar, para 
viajar ao exterior, mudar sua residência permanente para outro Município e a 
faculdade de nomear tutor; dever de exigir obediência, respeito e colaboração, e, 
enfim, dever de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. 
“Toda criança ou adolescente terá direito de ser criado e educado no seio da 
entidade familiar, seja ela natural ou substituta, que por ele zelará” (DINIZ, 1981, p. 
659). 
Sendo assim, o dever de criar e o dever de educar consistem na essência do 
poder familiar, e portanto, é de responsabilidade dos pais garantir ao filho o 
desenvolvimento e a boa formação, desde o nascimento até a maioridade. 
De forma mais específica, o dever de criar diz respeito à obrigação dos pais 
em assegurar o bem-estar físico do filho, o que engloba o sustento alimentar, o 
cuidado com a saúde e o que for necessário para a sua sobrevivência. 
Já o dever de educar consiste na obrigação de promover no filho o 
desenvolvimento intelectual e social, capacitando-o para a vida profissional, 
conforme o artigo 53, caput do ECA. 
 
A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno 
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e 
qualificação para o trabalho (1990). 
 
A educação pode ser proporcionada ao filho pelo meio informal ou formal. A 
educação informal é relativa à atuação direta e constante dos pais na vida diária do 
filho. Pelo meio informal os pais asseguram o desenvolvimento da personalidade do 
filho, os quais absorvem os valores importantes da vida, além de construir seus 
ideais no campo filosófico e religioso. Já a educação formal diz respeito a 
escolarização que se realiza em estabelecimento oficial de ensino, sendo os pais, os 
responsáveis em acompanhar o desenvolvimento e o seu rendimento escolar. 
Portanto, a escola tem por obrigação prestar as informações necessárias ao pai e à 
 
 
19 
mãe, sejam eles separados ou não, sobre a frequência e rendimento dos filhos. Se 
caso a escola descumprir com essa obrigação, estará sujeita ao pagamento de 
multa, conforme o artigo 1.584 § 6º do Código Civil. Além disso, no dever de 
alimentos está incluso, de forma expressa, a obrigação de atender às necessidades 
de educação, conforme o artigo 1.694 do Código Civil. 
O dever de exercer a guarda unilateral ou compartilhada, nos termos do 
artigo 1.584 do CC, é o complemento do dever constitucional de assistir os filhos e o 
complemento do dever de criar e educar. Portanto, mesmo se o filho estiver sob a 
guarda unilateral, ambos os pais possuem o direito de convivência para assegurar a 
criação e a educação devida ao filho, pois a separação dos pais não excluiu e nem 
modificou a responsabilidade parental. Então, mesmo se o filho não estiver na 
companhia de algum dos pais, estará sempre sob sua autoridade. 
Ao dever de guarda está relacionado o dever de vigilância e o dever de 
fiscalização, pois os pais devem ter o cuidado e a diligência de acompanhar o 
desenvolvimento dos filhos para que não ocorra um comprometimento na formação 
moral dos mesmos. 
Como os pais tem o direito da guarda e de convivência com filho, cabe a 
eles o dever de reclamá-lo em caso de detenção ilegal por meio da ação de busca e 
apreensão. 
 
Busca a apreensão – interposição de agravo de instrumento em fase de 
decisão que acolheu exceção de incompetência relativa e determinou a 
remessa do feito a Comarca de Vargem Grande do Sul – Acerto do 
decisório – criança que se encontra aos cuidados do agravado e de sua 
mulher desde outubro de 2001, sendo regularizada tal situação de fato em 
24 de junho próximo passado com a expedição de termo de guarda 
provisória pelo Juízo da Infância e da Juventude da citada Comarca – 
consta, ainda, que a menor desde então vem freqüentando escola local – 
Competência do Juízo na presente disputa que, nesse contexto, não pode 
ser definida pelo fato do ora agravante ainda deter o pátrio poder – hipótese 
em que foram atribuídos ao guardião designado no Juízo Especializado 
alguns dos deveres inerentes ao pátrio poder, cabendo então lançar-se mão 
do domicílio dele para fins de fixação do foro competente – Recurso não 
provido (Mascarette, 2001). 
 
Enquanto menores de idade, os filhos não possuem capacidade de exercer 
pessoalmente atos da vida civil. Essa incapacidade será absoluta até os 16 anos e 
torna-se relativa até a maioridade, e nesse período de incapacidade, a lei outorga 
aos pais a função de manifestar a vontade pelo filho por meio do dever de 
representação e assistência. Sendo assim, “Os pais representam os filhos desde a 
 
 
20 
concepção até os 16 anos em todos os atos jurídicos que devam praticar e os 
assistem a partir dessa idade até os 18 anos, suprindo-lhes o consentimento” 
(GRISARD FILHO, 2009, p. 49). 
O dever de conceder ou negar consentimento para o casamento está 
contido no dever de representação e assistênciado filho submetido ao poder 
familiar. Na verdade, a intervenção da vontade dos pais no casamento do menor 
justifica-se, pois o filho ainda é imaturo para entender os encargos da vida 
matrimonial, portanto, os pais podem proteger seu filho de um possível infortúnio. 
Vale salientar que essa função deve ser exercida obrigatoriamente pelo pai e pela 
mãe de forma conjunta. 
O dever de conceder ou negar consentimento para viajar ao exterior e para 
mudar sua residência permanente para outro Município, também estão contidos no 
dever de representação e assistência do filho submetido ao poder familiar. Porém, a 
autorização para viajar ao exterior só será descartada, se o filho viajar na companhia 
do pai e da mãe. Mas se o filho viajar apenas com um dos pais, será preciso a 
autorização do outro. Já no caso do filho viajar desacompanhado ou na companhia 
de terceiros maiores e capazes, será necessário a autorização de ambos os 
genitores. Essa autorização será feita por escritura pública ou por documento 
particular com reconhecimento de firma, ou suprida por autorização judicial. 
Para o filho mudar sua residência permanente para outro Município, 
precisará da autorização de ambos os genitores, caso haja divergência a respeito, o 
juiz determinará como residência permanente a cidade que melhor atenda os 
interesses dos filhos, com base no artigo 1.583, § 3º, do CC. 
A função de nomear tutor ao filho é inerente aos próprios pais que, de forma 
conjunta, escolhem determinada pessoa para cuidar dos interesses do filho após a 
morte. 
Os pais devem exigir dos filhos a obediência e o respeito, bem como a 
prestação de serviços próprios de sua idade e condição. Na verdade, não há uma 
subordinação hierárquica, mas sim uma reciprocidade com relação ao respeito. Para 
que exista um ambiente familiar saudável, todos devem cooperar nos serviços 
domésticos, inclusive os filhos, conforme suas possibilidades, além de haver 
respeito nas relações familiares. 
 
 
21 
Ao dispor a respeito do dever dos pais de cumprir determinações judiciais, “a 
norma singulariza aos detentores do poder familiar obrigação geral já existente e à 
qual também estão sujeitos, ou seja, o cumprimento de ordens judiciais” (COMEL, 
2003, p. 131). Sendo assim, cabe aos pais a obrigação de intervir no cumprimento 
judicial, de forma direta ou indireta para que haja a efetivação dessas decisões. 
As funções do poder familiar de conteúdo patrimonial estão reguladas no 
Código Civil no Título II – Do Direito Patrimonial, em subtítulo próprio – Do Usufruto 
e da Administração dos Bens de filhos menores, e em cinco artigos. 
Como os filhos menores são incapazes de gerir seus próprios bens, a lei 
protege o menor, responsabilizando os pais pela gerência do patrimônio do filho. 
O Código Civil, por meio do artigo 1.689, estabelece que os pais, enquanto 
no exercício do poder familiar, são usufrutuários dos bens dos filhos, ou seja, o 
usufruto legal dos pais está condicionado ao exercício do poder familiar. 
Sendo assim, “os frutos e rendimentos produzidos pelos bens dos filhos 
menores pertencem aos pais que exercerem a administração, podendo consumi-los, 
sem necessidade de prestação de contas” (VENOSA, 2008, p.306). 
A partir do momento que o filho atinge a maioridade, os pais entregam os 
bens ao filho, bem como os devidos acréscimos, sem que eles tenham direito a 
qualquer tipo de remuneração. 
A função de administração dos bens dos filhos está regulada no artigo 1.689, 
II do CC, e outorga aos pais, que possuem o exercício do poder familiar, o dever de 
administração dos bens dos filhos menores que estejam subordinados à autoridade 
parental. 
 
O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar: I – são 
usufrutuários dos bens dos filhos; II – têm a administração dos bens dos 
filhos menores sob sua autoridade (2002). 
 
Justifica-se a função de administração dos bens dos filhos outorgada aos 
pais, pois, embora o menor tenha capacidade de ser titular de um determinado 
patrimônio, ele não possui capacidade jurídica para administrá-lo, portanto, cabe aos 
pais assumir tal responsabilidade. 
A rigor, portanto, os pais devem exercer a gerência do patrimônio do filho de 
forma responsável e consciente, para que haja uma conservação e uma 
manutenção do patrimônio do filho. 
 
 
22 
O Código Civil define algumas restrições à regra geral da administração, 
prescritas no caput do artigo 1.691, tais como: a proibição aos pais de alienar ou 
gravar de ônus reais os imóveis dos filhos e a proibição de contrair em nome dos 
filhos obrigações que excedam os limites da simples administração, exceto por 
necessidade, ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz. 
 
Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, 
nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da 
simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da 
prole, mediante prévia autorização do juiz (2002). 
 
 
Entende-se que a restrição legal relativa à alienação ou gravame está 
voltada ao interesse da conservação do patrimônio do menor e para que não ocorra 
diminuição do mesmo. Nota-se que a restrição diz respeito tão somente ao imóvel, 
sem que se faça menção do valor deste, sendo assim, o critério é objetivo, devido ao 
caráter imobiliário dos bens. 
Do mesmo modo a lei restringe os pais de contraírem obrigações que não 
excedam os limites da simples administração, para que seja protegido o patrimônio 
do menor. 
Vale ressaltar, que sem autorização judicial, o ato é nulo devido à ausência 
de agente capaz. 
E quando entram em choque os interesses dos filhos com os dos pais, o 
menor deverá ser representado ou assistido por curador especial, a pedido do filho 
ou do Ministério Público, também como aplicação dos princípios gerais sobre 
conflitos entre representantes e representados. Lembrando que, sempre se levará 
em conta o interesse do menor. 
O Código Civil estabelece no artigo 1.693, hipóteses de exclusão do usufruto 
e administração dos pais sobre os bens dos filhos. 
 
Excluem-se do usufruto e dá administração dos pais: I – os bens adquiridos 
pelo filho havido fora do casamento antes do reconhecimento; II – os 
valores auferidos pelo filho maior de 16 (dezesseis) anos, no exercício de 
atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos; III – os bens 
deixados ou doados a filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou 
administrados, pelos pais; IV – os bens que aos filhos couberem na 
herança, quando os pais forem excluídos da sucessão (2002). 
 
 
 
23 
A primeira exclusão é relativa aos bens adquiridos pelo filho havido fora do 
casamento, antes do reconhecimento. A norma visa proteger o interesse do menor 
uma vez que se o pai não reconheceu o filho, não tem direito sobre ele. 
A segunda exclusão é referente aos valores e bens auferidos pelo filho 
menor, como produto de seu trabalho, sendo os bens próprios e reservados. 
A terceira exclusão esta relacionada ao doador ou testador que pode excluir 
os pais da administração ou usufruto dos bens. Há de ser obedecida a vontade do 
disponente, nesses negócios gratuitos. Se não for nomeado administrador, incumbe 
ao juiz fazê-lo, na hipótese de ambos os pais terem sido vedados para o encargo. 
Também não podem ser administrados ou usufruídos pelos pais os bens que 
couberem aos filhos na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão. A 
regra tem evidente cunho moral (VENOSA, 2008, p. 307). 
Vale lembrar que para exercer o poder familiar, tanto no âmbito pessoal 
quanto no âmbito patrimonial, os pais de forma conjunta, devem ser titulares dessedireito. Isso porque, a legislação civil determina que o pai e a mãe são, conjunta, 
igualitária e simultaneamente, os sujeitos ativos do exercício do poder familiar, como 
efeito da paternidade e maternidade, e não do matrimonio ou da união estável 
(GRISARD, 2009, p. 46). 
Enquanto que os filhos menores são sujeitos passivos, independentemente 
da existência de matrimônio, conforme o artigo 1.630 do CC, artigo 20 do ECA e 
artigo 227, § 6º da CF. 
Cabe, porém, ao Estado atuar de forma coercitiva e vigilante para 
complementar à boa e plena realização das funções do poder familiar (COMEL, 
2003, p. 93). 
 
 
1.4- SUSPENSÃO, PERDA E EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR 
 
Como o poder familiar é um instituto de ordem pública, o Estado tem como 
função controlar e fiscalizar a relação paterno-filial conforme a lei. Portanto, sempre 
que se verificar a existência de fato ou circunstância que não seja coerente com as 
responsabilidades dos pais, poderá ocorrer a possibilidade de suspensão ou perda 
do poder familiar. 
 
 
24 
A suspensão do poder familiar está elencada no artigo 1.637 do Código Civil, 
que estabelece que o pai ou a mãe poderá ter o poder familiar suspenso, por ato de 
autoridade competente, se ocorrer abuso de seu poder, falta aos seus deveres ou 
arruíno dos bens do filho. A hipótese de suspensão do poder familiar, se pai ou mãe 
fosse condenado por sentença irrecorrível em crime cuja pena ultrapasse dois anos 
de prisão, foi revogado por meio da Lei 12.962/14. 
 
Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a ele 
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum 
parente ou por Ministério Público adotar a medida que lhe pareça 
reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendo o poder 
familiar, quando convenha. 
Parágrafo Único: suspendesse igualmente o poder familiar ao pai ou à mãe 
condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena 
exceda a dois anos de prisão (2002). 
 
A suspensão consiste na privação temporária do exercício do poder, por 
determinação legal, tendo um procedimento próprio e sob os motivos elencados em 
lei. 
A suspensão pode ter como finalidade proteger os interesses do filho ou 
sancionar os pais por infração ao dever de exercer o poder familiar conforme as 
normas legais. O artigo 24 do ECA menciona de forma específica as modalidades de 
descumprimento dos deveres e obrigações dos pais para com os filhos. 
Dentre as causas de suspensão, está o abuso de autoridade, que está 
prescrito no caput do artigo 1.637 do CC. O abuso de autoridade há de ser 
entendido como uma exorbitância, um extrapolar ou um desvio nas funções 
inerentes ao poder familiar que implique omissão dos deveres paternos ou ruína dos 
bens do filho e coloque em risco a segurança pessoal do filho ou de bens dele 
(2002). 
O parágrafo único, do artigo 1.637, do CC, refere-se à suspensão do poder 
familiar em virtude de sentença criminal condenatória transitada em julgado, com 
pena privativa de liberdade superior a dois anos. Entretanto, tal dispositivo foi 
revogado pela Lei 12.962/14, garantindo a convivência dos filhos com os pais 
privados de liberdade, por meio da alteração dos artigos 19 § 4º, 23 § 1º e § 2º, 158 
§ 1º e § 2º, 159, parágrafo único, 161, § 5º, todos do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
Como a suspensão do poder familiar tem por finalidade atender os 
interesses dos filhos, o caso de suspensão devido à condenação do guardião, cuja 
 
 
25 
pena exceda a dois anos de prisão, conforme o parágrafo único do artigo 1637 do 
CC, é contraditório a isso. 
Para Maria Berenice Dias, desarrazoada a suspensão do poder familiar em 
face de condenação do guardião, cuja pena exceda a dois anos de prisão (CC 1.637 
parágrafo único). Tal apenação não implica, necessariamente, em privação de 
liberdade em regime fechado ou semiaberto, porquanto a lei penal prevê o 
cumprimento de pena igual ou inferior a quatro anos em regime aberto (CP 33 § 2º 
c), sem falar na possibilidade de substituição da pena por sanções restritivas de 
direito (CP 44). Ao depois, existem creches nas penitenciárias femininas, e as mães 
ficam com os filhos em sua companhia, ao menos enquanto forem de tenra idade. 
Como a suspensão visa atender ao interesse dos filhos, descabida a sua imposição 
de forma discricionária, sem qualquer atenção ao que mais lhe convém. (2015, p. 
471). 
Nesse sentido é o entendimento dos Tribunais: 
 
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA MENOR VISITAR PAI RECOLHIDO EM 
ESTABELECIMENTO PRISIONAL - DIREITO DE VISITA COMO FORMA 
DE GARANTIR A CONVIVÊNCIA FAMILIAR E A RESSOCIALIZAÇÃO DO 
PRESO - APLICAÇÃO DO ARTIGO 41, X, DA LEI Nº 7.210/84 - PRINCÍPIO 
DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA - AUSÊNCIA DE ELEMENTOS 
CAPAZES DE CARACTERIZAR O ALEGADO RISCO À SEGURANÇA E À 
INTEGRIDADE FÍSICA DOS MENORES - MANUTENÇÃO DA DECISÃO. 1 
- O direito de visitas previsto no art. 41, X, da Lei nº 7.210/84 configura 
importante instrumento para garantir a convivência familiar e o processo de 
ressocialização do reeducando, somente podendo ser restringido em 
hipóteses excepcionais, devidamente fundamentadas em fatos capazes de 
indicar a inconveniência do exercício da faculdade legal e que evidenciem 
riscos à integridade física e moral do visitante. 2 - Para deferimento da 
autorização judicial para os filhos menores visitar o pai recolhido em 
estabelecimento prisional deve-se levar em conta o princípio constitucional 
do melhor interesse da criança, que decorre do princípio da dignidade 
humana, centro do nosso ordenamento jurídico atual. 3 - Não evidenciado, 
em concreto, motivo suficiente a caracterizar risco à segurança e à 
integridade física dos menores, a autorização para os filhos visitarem seu 
genitor no estabelecimento prisional deve ser concedida, em razão da 
proteção constitucional da entidade familiar através do afeto e da garantia 
de convivência, ainda que no ambiente carcerário. (TJMG. 6ª Câmara Cível. 
Apelação Cível Nº 10521130036549001. Relator (a): Sandra Fonseca, 
julgado em 17/09/2013) 
 
No entanto, os pais reclusos podem perder o poder familiar, mesmo com a 
inovação da lei 12.962/14, se for observado o melhor interesse do menor. 
Nessa toada observa-se a ementa de decisão proferida em recurso de 
apelação Nº 5000920-76.2011.827.0000, da Comarca de Araguaína/TO, em ação de 
destituição do poder familiar, onde a mãe encontra-se em local incerto e não sabido 
 
 
26 
e o pai, apesar do manifesto desejo de ficar com o filho, cumpre pena em regime 
semiaberto pelo crime de homicídio, não possuindo nenhum parente para o qual 
possa manejar a guarda do menor, conforme exposto abaixo: 
 
O depoimento de VARTERGILDO, (evento 01, out.06, fl. 04), foi prestado 
nos seguintes termos: “Que não tem notícias de Eliane, genitora da criança. 
Que viveu em união estável com Eliane por dois anos e ambos tiveram dois 
filhos. Que foi preso no ano de 2008. Que já estava preso quando Eliane 
deu à luz de Walter Antônio. Que ficou sabendo que a requerida largou a 
criança no hospital. Que foi condenado a uma pena de 17 anos e 10 meses. 
Que não teve condições de entrar em contato com a família. Que 
atualmente se encontra no regime semiaberto. Que quer ter o filho na sua 
companhia.” 
O parecer do Ministério Público, (evento 07, promoção1, fls. 09-10), 
ressaltou que: “De plano, verifica-se que a primeira apelante, mãe do menor 
Walter Antônio de Araújo de Lima, agiu de maneira a cometer as ações 
previstas no art. 1.638 do Código Civil, capaz de ensejar a destituição do 
pátrio poder, razão pela qual se afigura a conveniência e a necessidade de 
se destituir o poder familiar. Quanto ao apelante VALTERGILDO, pai da 
criança, ressaltou que emboraafirme ter interesse em ter consigo o filho, 
“não possui condições de dar à criança respaldo financeiro nem psicológico, 
tendo em vista tratar-se de pessoa que se encontra na prisão, onde cumpre 
pena por homicídio qualificado, mostrando-se desaconselhável seu convívio 
com o menor. “Além do mais, não pode o infante aguardar indefinidamente 
que o pai saia do presídio e possa buscar condições de trabalhar para, 
então, cuidar do filho.” (TJTO. 1ª Câmara Cível. Apelação Cível Nº 
5000920-76.2011.827.0000. Relator: Juíza Adelina Gurak, julgado em 
13/12/2011) 
 
APELAÇÃO CÍVEL. DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR.PRELIMINAR 
DE NULIDADE DA CITAÇÃO EDITALÍCIA. NULIDADE INOCORRENTE. 
INAPTIDÃO DOS GENITORES PARA O DESEMPENHO DA FUNÇÃO 
PARENTAL. SITUAÇÃO DE ABANDONO. APELAÇÃO DESPROVIDA. 
1. É cabível a citação por edital quando, depois de exauridas as diligências 
para a busca do ré, ele é declarado em lugar incerto e não sabido. A citação 
ficta constitui medida excepcional, sendo admissível quando impossibilitada 
a localização do réu, cujo paradeiro é ignorado por todos. Preliminar 
rejeitada. 
2. O vínculo biológico não tem o condão de superar as necessidades da 
criança de afeto, saúde, educação e vida digna, de modo que, configurada a 
hipótese prevista no inciso II do art. 1.638 do Código Civil, outro caminho 
não pode ser trilhado a não ser o da destituição de poder familiar dos 
apelantes em relação ao filho, confirmando-se a sentença, possibilitando-lhe 
a chance de um futuro melhor, com possível adoção. 
3. Apelação conhecida. Provimento negado, mantendo-se intacta a 
sentença monocrática. 
(...) 
ACORDÃO: Sob a Presidência do Sr. Juiz Eurípedes do Carmo Lamounier, 
a 1ª Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, 
POR UNANIMIDADE DE VOTOS, conheceu do recurso de apelação, porém 
negou-lhe provimento. 
No caso em tela foi levado em consideração o princípio do melhor interesse 
da criança, defendido e propagado pela Constituição Federal de 1988 (art. 
227) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 3º). Neste sentido o 
Tribunal tomou sua decisão levando em consideração os interesses dos 
menores que devem ser protegidos acima de todos os demais, em respeito 
à doutrina da proteção integral. 
 
 
27 
Houve a destituição do poder familiar, pois a mãe não foi encontrada para 
responder a ação, apesar de devidamente citada via edital e o pai 
encontrar-se recluso em regime fechado, mesmo que tenha o genitor 
manifesto desejo de ficar com o filho, não pode fazê-lo e nem tem com 
quem deixar a guarda da criança. 
Por outra vertente, também deve ser levado em consideração o direito dos 
pais em manter a guarda do filho, mesmo que privados de sua liberdade, 
desde que tenham alguém para delegar a guarda do menor. 
Neste sentido, reza a jurisprudência: 
EMENTA: ECA. DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. MELHOR 
INTERESSE DAS CRIANÇAS. Impõe-se a destituição do poder familiar 
quando o genitor, cuja prisão possui término previsto em 2007, deixa de 
tomar providências para manter os filhos protegidos e acompanhados no 
período de cumprimento da pena, revelando total descaso com a prole. 
Injusto pretender que as crianças, cuja guarda se encontra com casal que 
pretende a adoção, vivam na mera expectativa de um dia vir a estar na 
companhia do pai, deixando de criar vínculos familiares em etapa 
importante na formação da personalidade. Apelo desprovido. (APELAÇÃO 
CÍVEL Nº 70008106213, SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO RS, RELATOR: MARIA BERENICE DIAS, JULGADO EM 
14/04/2004) (NLPM) 
 
Sendo assim, conforme a Lei 12.962/14, o direito dos filhos de conviverem 
com os pais privados de liberdade mantêm-se resguardado, mesmo quando os filhos 
permanecerem institucionalizados. Além disso, as visitas periódicas favorecem ao 
melhor interesse dos filhos, portanto, não será necessária autorização judicial, com 
base no artigo 19 § 4º do ECA. Dessa forma, como a condenação criminal não 
causa a destituição do poder familiar, não cabe a suspenção do poder familiar, a não 
ser que o crime seja doloso contra o próprio filho. 
A interdição ou a ausência de um dos pais acarretará a suspensão do poder 
familiar. Isso porque, no caso de interdição, o interditado é incapaz de reger sua 
própria vida e os seus bens, não tendo capacidade também de exercer o poder 
familiar. Já no caso da ausência, o desaparecimento do genitor é fato impeditivo 
para exercer o poder familiar, pois a sua presença física é imprescindível para 
exercer o seu direito. 
A suspensão no caso de interdição e ausência tem suporte no direito 
comparado. 
Vale ressaltar que a suspensão atinge somente o exercício do poder familiar, 
portanto, não compromete a titularidade em si da função paterna e materna, a qual 
continua intacta. Além disso, tal situação não tem caráter definitivo, portanto, a 
suspensão deve perdurar só até o momento em que permanecerem os motivos que 
a ensejaram. 
 
 
28 
Portanto, verifica-se que a suspensão do poder familiar não tem 
conseqüências tão drásticas e duradouras. 
Já a perda do poder familiar “é a medida mais grave imposta em virtude da 
falta aos deveres dos pais para com o filho, ou falha em relação à condição paterna 
ou materna” (PEREIRA, 2004, p. 345). Essa medida será imposta aos pais que não 
atingirem o objetivo do poder familiar, devido a isso, perderá o genitor faltoso a 
autoridade, retirando-se dele todo o direito com relação ao menor. 
A perda do poder familiar está regulada no artigo 1.638 do CC que 
estabelece que o pai ou mãe que deixar o filho em abandono, praticar atos 
contrários à moral e aos bons costumes e incidir, reiteradamente, em faltas 
anteriores, perderá o direito ao instituto. Vale lembrar que o inciso I, que se refere ao 
castigo imoderado foi revogado pela Lei 13.010 /14. 
 
Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe: I – castigar 
imoderadamente o filho; II – deixar o filho em abandono; III – praticar atos 
contrários à moral e aos bons costumes; IV – incidir, reiteradamente, nas 
faltas previstas no artigo antecedente (2002). 
 
A Lei 13.010 /14, denominada como Lei da Palmada ou Lei do menino 
Bernardo tem como finalidade reprimir a violência por parte de quem tem a 
companhia e a guarda de crianças e adolescentes. Portanto, a referida lei garante as 
crianças e aos adolescentes o direito de ter uma criação e uma educação sem o uso 
de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante, por meio do acréscimo dos 
artigos 18-A, 18-B e 70-A e da alteração do artigo 13 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, bem como, pelo acréscimo do§ 8º do artigo 26 da Lei de Diretrizes. 
Conforme o artigo 1.638 inciso I do CC, o castigo imoderado era proibido, 
uma vez que este castigo tem a natureza brutal, agressiva e violenta, gerando no 
menor distúrbios psicológicos e físicos. Porém, segundo este dispositivo, o castigo 
moderado era lícito e tinha a finalidade de educar. 
Mas com a revogação desse dispositivo legal, os pais estão proibidos de 
castigar seus filhos, ainda que moderadamente. Sendo assim, quaisquer pessoas 
que tem o dever legal de proteger, cuidar e educar, que utilize a força física que 
cause sofrimento ou lesão física para disciplinar ou corrigir, caracterizando o castigo 
físico; ou utilize conduta que humilha, que ameaça de forma grave ou que mantenha 
postura que ridicularize, caracterizando o tratamento cruel e degradante; estão 
sujeitos a cumprir medidas de caráter psicossociais. 
 
 
29 
E se os genitores infringirem a lei, serão punidos conforme o artigo 1.637 do 
CC, por configurar falta aos deveres vinculados ao pode familiar. Vale lembrar, que o 
juiz avaliará o caso concreto e tomará a decisão sempre observando o melhor 
interesse do menor. Para CaioMario: 
 
Se é certo que os pais podem, e, devem mesmo castigar os filhos nos seus 
erros de conduta, certo é também que não podem abusar. Se o castigo 
exceder a moderação, pode o juiz destituir o pai ou a mãe, de seu poder 
(2004, p. 346). 
 
Os pais devem obedecer a prioridade constitucional de que toda a criança e 
adolescente deve ter direito a convivência familiar comunitária, conforme o artigo 
227 da CF. Portanto, o abandono do filho é ato que implica desatendimento direto 
dos deveres inerentes ao poder familiar. Além disso, “é ato que afronta um dos 
direitos mais caros do filho: o estar sob os cuidados e vigilância dos pais” (COMEL, 
2003, p. 288). 
Quando um filho é colocado em abandono pelo pai ou pela mãe, fica 
evidente o relaxo com a prole, além de colocar em risco a vida do filho, seja com 
relação à segurança e a integridade física, quanto à saúde e à moralidade. 
Outra situação que gera a perda do poder familiar é a prática dos atos 
contrários à moral e aos bons costumes, uma vez que o pai é o principal exemplo 
para o filho, já que é ele quem norteia a educação do menor. 
Os atos contrários à moral e aos bons costumes consistem em atos 
atentatórios ao menor, na proporção que ferem a integridade moral e o 
comportamento digno do mesmo. 
A perda do poder familiar devido a incidência reiterada em faltas anteriores, 
proporciona maior proteção ao menor, na medida em que coíbe a ação danosa dos 
pais faltosos num sentido mais amplo. 
Porém, o juiz deverá ter cautela para não decretar a perda do poder familiar 
quando tal medida não seja realmente necessária aos interesses e à proteção do 
menor. 
Conforme o artigo 24 do ECA, a suspensão e a perda do poder familiar 
serão decretadas judicialmente por meio do procedimento contraditório, para que 
seja resguardada a ampla defesa das partes envolvidas bem com a imparcialidade e 
a justiça da decisão. 
 
 
30 
O rito do procedimento para que ocorra a suspensão e a perda do poder 
familiar está estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente, nos artigos 155 
a 163. 
A autoridade judiciária competente para julgar os casos de suspensão e 
perda familiar será das varas de família, se a criança ou o adolescente estiver na 
companhia de algum familiar. Porém, se existir situação de risco ao menor, mesmo 
este estando sob a guarda de alguém da família, a competência será das varas da 
infância e juventude conforme o parágrafo único do artigo 148 do ECA. 
Tanto o pedido de suspensão quanto o pedido de perda do poder familiar, 
pode ser elaborado por algum parente ou quem tenha interesse legítimo, ou até o 
Ministério Público poderá formular o pedido de ofício. 
Caberá ao prudente critério do juiz estabelecer a suspensão e a perda do 
poder familiar, baseando-se pelos dispositivos legais, e principalmente, analisando 
com cautela o caso concreto. Isso porque, o que está em jogo é o interesse do 
menor, portanto, o juiz sempre deverá avaliar o que será melhor para o menor e não 
apenas punir aos pais. 
Ademais, tanto a suspensão quanto a perda do poder familiar são 
decretadas por sentença judicial, conforme as formalidades a ela inerentes, de forma 
a obter a força executiva para sua implementação. 
Vale lembrar que tanto a suspensão quanto a perda do pode familiar são 
situações personalíssimas, ou seja, atingem-se apenas o pai faltoso. 
No caso da extinção do poder familiar ocorre uma interrupção definitiva do 
instituto. 
A extinção poderá ocorrer de forma absoluta ou relativa. Sendo assim, nas 
situações de morte dos pais ou filho, de emancipação, de maioridade e de adoção, a 
extinção é absoluta; ao passo que, nos casos referentes à decisão judicial que diz 
respeito à perda do poder familiar, a extinção é relativa. 
No caso da extinção do poder familiar, o instituto tem seu fim em si mesmo, 
não tendo, portanto, caráter punitivo. Mesmo se a extinção ocorrer devido à decisão 
judicial, não se constata a conotação punitiva, uma vez que a decisão é relativa a 
fatos prescritos em lei que independem do cumprimento ou descumprimento dos 
deveres paternos, sendo portanto, alheia a vontade dos pais. 
 
 
31 
O artigo 1.635 do CC descreve como fatos causadores de extinção do poder 
familiar: a morte dos pais ou filho, a emancipação, a maioridade, a adoção, e a 
decisão judicial, na forma do artigo 1.638 do CC. 
 
Extingue-se o poder familiar: I – pela morte dos pais ou do filho; II – pela 
emancipação, nos termos do artigo 5º, parágrafo único; III – pela 
maioridade; IV – pela adoção; V – por decisão judicial, na forma do artigo 
1638 (2002). 
 
A morte dos pais é causa de extinção do poder familiar, pois devido a ela se 
tem o fim da existência da pessoa, desaparecendo assim, o sujeito ativo bem como 
o vínculo protetivo com o filho. 
Vale ressaltar que a morte de apenas um dos pais não é causa de extinção 
do poder familiar, pois caberá ao sobrevivente exercer o correspondente poder. 
A morte dos filhos também é causa de extinção do poder familiar, pelo 
mesmo motivo, uma vez que com o fim da existência da pessoa desaparece o 
sujeito passivo, e assim, extingue-se a relação jurídico-vinculativa com ambos os 
pais. 
A emancipação é causa de extinção do pode familiar, pois é por meio da 
mesma que o filho menor adquire a plenitude dos seus direitos civis, tornando-se 
independente dos pais. Sendo assim, extingue-se a proteção do incapaz, uma vez 
que o mesmo equipara-se ao maior, não havendo razão de existir o poder familiar. 
Com a maioridade extingue-se o poder familiar, pois o filho adquire plena 
capacidade para exercer os direitos civis, terminando o vínculo de subordinação aos 
pais. 
No caso de adoção, extingue-se o poder familiar dos pais biológicos, tendo 
portanto, os pais adotantes o pleno direito de exercer o poder familiar com relação 
ao menor. Este rompimento total e definitivo da função paterna com relação ao pai 
biológico é requisito indispensável à constituição da adoção, uma vez que por meio 
dela se vai inserir o adotado em outra família, colocando-o na situação de filho, sem 
qualquer diferença ou discriminação com relação à filiação biológica, com idênticos 
direitos e qualificação. Assim, portanto, “não é compatível com a adoção a 
manutenção do poder familiar relativamente aos pais biológicos, impondo-se a 
extinção de modo total e definitivo” (COMEL, 2003, p. 76). 
Por fim, extingue-se o poder familiar por decisão judicial na forma do artigo 
1.638 do CC. São os casos referentes aos castigos, abandono, prática de atos 
 
 
32 
contrários à moral e aos bons costumes, incidindo quaisquer dos genitores 
reiteradamente nos casos do artigo 1.637 do CC. 
Na verdade essa causa de extinção referida no inciso V do artigo 1.635 do 
CC levanta questionamentos importantes, tais como: a compatibilidade da norma 
com o princípio do melhor interesse do menor e se a extinção emerge da decisão 
judicial que decretou a perda ou se seria necessário outro procedimento judicial com 
tal finalidade. 
Com relação ao princípio do melhor interesse do menor, sabe-se que a 
perda do poder familiar levando a extinção do instituto, pode causar prejuízo ao filho, 
portanto, essa medida deve ser julgada com muita cautela, dependendo muito do 
caso concreto. 
Já com relação a necessidade de outro procedimento judicial, Denise Comel 
entende que se não há exceção ou juízo de valor a ser feito para decretar a 
extinção, ela se dará automaticamente, apenas em virtude de ter sido decretada a 
perda. Tal conclusão, por sua vez, não impede o restabelecimento, em caráter 
excepcional, como o melhor interesse do menor (2003, p. 308). 
Sendo assim, percebe-se que os efeitos da extinção do poderfamiliar estão 
relacionados com o término definitivo da função paterna devido ao rompimento do 
liame protetivo entre pais e filhos. 
 
 
 
33 
2- GUARDA 
 
2.1- CONCEITO E EVOLUÇÃO 
 
O vocábulo guarda, de acordo com De Plácido e Silva, é “derivado do artigo 
alemão Wargen (guarda, espera), de que proveio também o inglês Warden (guarda), 
de que formou o francês garde, pela substituição do w em g, é empregado em 
sentido genérico para exprimir proteção, observância, vigilância ou administração”. 
Sendo mais específico, a guarda de filhos “é locução indicativa, seja do direito ou do 
dever, que compete aos pais ou a um dos cônjuges, de ter em sua companhia ou 
protegê-los, nas diversas circunstâncias indicadas na lei civil. E guarda, nesse 
sentido, tanto significa custódia como a proteção que é devida aos filhos pelos pais” 
(1990, p. 365-366). 
Mas este não é o único conceito referente à guarda. Na verdade, há uma 
grande dificuldade em conceituar guarda, pois diversos fatores são levados em 
consideração pelos autores, e assim, cada um tem um enfoque diferente durante a 
conceituação do instituto. Portanto, têm-se os seguintes conceitos: 
 
De acordo com José Antonio de Paula Santos Neto: “Guarda é o direito 
consistente na posse de menor, oponível a terceiros e que acarreta o dever 
de vigilância em ampla assistência em relação a este” (1994, 138-139). 
Já Guilherme Gonçalves Strenger, conceitua assim: “A guarda de filhos é o 
poder-dever de mantê-los no recesso do lar” (2002, p. 31). 
E Mário Aguiar Moura, define a guarda como um controle objetivo do 
desenvolvimento do filho, portanto, para ele a guarda, “em sentido jurídico, 
representa a convivência efetiva dos pais ou responsável com o menor, sob 
o mesmo teto, com o dever de assistência material, para a sobrevivência 
física e moral, para o desenvolvimento psíquico” (1980, p. 15). 
 
Sendo assim, percebe-se que a guarda não é definida por si mesma, mas 
sim, por meio dos elementos que a asseguram. Isso porque a guarda está vinculada 
ao poder familiar, portanto, tem sua origem no direito-dever natural dos pais que 
está relacionado à convivência com seus filhos e é o instrumento que possibilita o 
exercício das funções parentais. 
O instituto da guarda sofreu muitas modificações na legislação brasileira, 
porém, o interesse do menor sempre foi a maior preocupação dos legisladores. 
O primeiro regulamento do instituto da guarda foi o artigo 90 do Decreto nº 
181, de 1.890, que estabelecia: 
 
 
 
34 
A sentença do divórcio mandará entregar os filhos comuns e menores ao 
cônjuge inocente e ficará a cota com que o culpado deverá concorrer para 
a educação deles, assim como a contribuição do marido para sustentação 
da mulher, se esta for inocente e pobre (1890). 
 
No Código Civil, de 1.916, o instituto foi regulado no capítulo que 
disciplinava a dissolução da sociedade conjugal e da proteção da pessoa dos filhos, 
fazendo a distinção nas hipóteses de separação amigável e litigiosa, estabelecendo 
o artigo 325, que no primeiro caso, seria observado o acordo entre os cônjuges 
referente à guarda dos filhos, e no segundo caso, conforme o artigo 326, seria 
levada em consideração a culpa de um ou de ambos os cônjuges, pela ruptura 
conjugal, pelo sexo e pela idade do menor. Sendo assim estabelecido: 
 
a) Existindo cônjuge inocente, com ele permaneceriam os filhos 
menores; 
b) Se ambos foram causadores da ruptura conjugal, as filhas e os 
filhos até os seis anos de idade permaneceriam com a mãe; 
c) Os filhos maiores de seis anos de idade seriam entregues ao pai; 
d) Existindo motivos graves, o magistrado poderia decidir de forma 
diferente o exercício da guarda, em prol do interesse do menor. 
 
Posteriormente, o artigo 16 do decreto-lei nº 3.200/41, regulou a guarda do 
filho natural, estabelecendo que o menor ficasse com o genitor reconhecente, e se 
ambos o fossem, ficaria sob a guarda do pai, exceto se o magistrado decidisse de 
maneira diferente, visando o interesse do menor. 
O Estatuto da Mulher Casada, que foi estabelecido pela Lei 4.121/1.962, 
promoveu modificações relevantes quanto à guarda dos filhos na separação litigiosa, 
tais como: 
 
a) Havendo cônjuge inocente, a este seria confiada à guarda; 
b) Sendo ambos os cônjuges culpados, via de regra, os filhos 
permaneceriam sob a guarda materna, salvo entendimento 
contrário do juiz, tendo em vista a prevalência do interesse da 
prole; 
c) Não devendo os filhos menores permanecer sob a guarda de 
nenhum dos pais, o juiz poderia conferi-la a pessoa idônea da 
família de qualquer dos genitores, assegurando o direito de visitas 
(AKEL, 2008, p. 77). 
 
Logo após, a lei 5.582/1.970, alterou-se o artigo 16 do Decreto-Lei 
3.200/1.941, estabelecendo que o filho natural, se fosse reconhecido por ambos os 
genitores, ficaria sob a guarda da mãe, exceto se tal solução acarretasse prejuízo ao 
menor. Estabeleceu, ainda, que os filhos menores poderiam estar sob a guarda de 
 
 
35 
pessoa idônea, dando preferência aos familiares de qualquer dos genitores, 
podendo o magistrado modificar a sua decisão, visando o interesse do menor. 
Esse cenário legislativo perdurou até a Lei do Divórcio, regulamentada pela 
Lei 6.515/1.977, que disciplinou os casos de separação conjugal e do casamento, 
combinando o princípio do desfazimento por culpa, pelo artigo 5º caput, com 
hipóteses de separação sem culpa, previstas no artigo 5º, parágrafo 1º e 2º, 
revogando os dispositivos anteriores do Código Civil vigente ao seu tempo. Assim 
era estabelecido: 
a) Na separação consensual, observar-se-á o que os cônjuges 
acordarem sobre a guarda dos filhos; 
b) Na separação litigiosa, o destino dos filhos menores obedecerá às 
particularidades de cada uma de suas formalidades: 
b. 1) Artigo 5º, caput - os filhos ficaram com o cônjuge que a 
ela não deu causa; 
b. 2) Artigo 5º, parágrafo 1º - os filhos ficaram com o cônjuge 
em cuja companhia estavam durante o tempo de ruptura da vida 
em comum. 
b. 3) Artigo 5º, parágrafo 2º - os filhos ficaram com o cônjuge 
que estiver condições de assumir, normalmente, a 
responsabilidade de sua guarda e educação. 
 
Conforme o artigo 10, parágrafo 1º, no caso de separação litigiosa, se 
ambos os cônjuges fossem responsáveis pela dissolução, os filhos menores 
permaneceriam com a mãe, independentemente de sexo e idade. 
O artigo 10, parágrafo 2º deixava a critério do juiz conceder a guarda a 
pessoa notoriamente idônea da família de um dos cônjuges, se caso os filhos não 
tivessem condições de permanecer sob a guarda da mãe e nem do pai. Além disso, 
o artigo 13 assegura ao juiz a possibilidade de afastar as regras ordinárias sobre 
guarda, podendo assim, decidir de forma diferente, se houver motivo grave, visando 
o interesse do menor (GRISARD, 2009, p. 60-61). 
Porém, foi a Constituição Federal de 1.988 que reforçou a importância do 
instituto, por meio do artigo 227 que estabelece sobre o direito à convivência 
familiar. 
A Carta Magna influenciou diretamente a promulgação do Estatuto da 
Criança e do adolescente que ressalta, sobretudo, a prioridade da família biológica 
de ter o menor consigo, sendo este somente colocado em família substituta se 
impossível e inviável a permanência com os genitores de sangue (AKEL, 2008, p. 
78). 
 
 
36 
O novo Código Civil, promulgado em 2.002, não modificou as normas 
referentes ao instituto, apenas manteve a preservação do interesse do menor que 
direcionava as normas interiores. Porém, pôs um fim no antigo regime de perda da 
guarda do filho devido à culpa do cônjuge na separação e na preferência da mãe 
pela guarda, em caso de culpa recíproca. 
Com o adventoda Lei 13.058 /14, ocorreram alterações no Código Civil, e 
devido a isso, nos casos litigiosos o juiz determinará a guarda compartilhada. Sendo 
assim, a preferência legal é pelo compartilhamento, assegurando aos pais a 
participação conjunta na criação dos filhos e eliminando a ideia de posse e 
garantindo a continuidade da relação dos filhos com ambos os genitores. 
Sendo assim, percebe-se que o novo Código Civil, juntamente com as 
devidas mudanças, advindas por meio da Lei 13.058 /14, apenas reafirmou o que 
estava estabelecido na legislação precedente, o interesse do menor. 
 
2.2- A CISÃO DA GUARDA 
Durante a convivência conjugal os genitores desfrutam dos mesmos direitos, 
como já foi visto. Devido a isto, a guarda dos filhos menores é exercida por ambos 
os pais em igualdade de condições. 
Ocorre que a convivência conjugal pode ser abalada, causando a cisão da 
guarda comum, e assim, apenas um dos genitores passará a conviver com os filhos 
e restabelecerá um vínculo maior com eles. E quanto ao genitor que não exercerá a 
guarda, será assegurada a manutenção do poder familiar por meio do dever de 
visitas e fiscalização, para limitar a guarda do outro. 
Agora será analisada a guarda na vigência da sociedade conjugal, na 
separação de fato, na separação e no divórcio consensuais, na separação e no 
divórcio litigiosos, na união estável, na invalidade do casamento e a guarda de filhos 
extramatrimoniais. 
A guarda na vigência da sociedade conjugal é atribuída aos pais de forma 
isonômica. Ocorre que, na falta ou impedimento de algum deles passará o outro a 
exercer a guarda de forma exclusiva. Havendo divergência com relação à guarda, 
qualquer deles poderá recorrer ao juiz para que se resolva a divergência, isso com 
base no artigo 1.631 do CC, uma vez que a guarda constitui uma pequena parcela 
do poder familiar. Além disso, se ambos os pais forem impedidos de permanecer 
 
 
37 
com os filhos, o juiz deferirá a guarda a terceiros, se existir motivos graves e prejuízo 
ao interesse do menor, perdendo assim, os pais o direito de guarda. 
Na separação de fato, a guarda pertence a ambos os pais, pois nesse caso, 
os cônjuges rompem com o vínculo conjugal sem que haja uma regulamentação 
jurídica, permanecendo assim, o poder familiar de ambos os genitores, e inerente a 
ele, a guarda dos filhos. 
Conforme o julgado de Edgard de Moura Bittencourt: 
 
Estabelecendo a lei que ambos os pais cabe igualmente o direito de ter o 
filho sob sua guarda e zelar pelo seu bem-estar, cumpre, em fase da 
separação de fato existente entre os cônjuges, declarar com qual deles 
deve o menor ficar”, que ainda prevalece (1984, p. 41). 
 
Na separação e no divórcio consensuais, o juiz decidirá a guarda com base 
no acordo dos pais, porém decidirá de forma diversa, se verificar que o acordo não 
atende o interesse do menor, conforme o artigo 1.583, § 1º do CC. 
Essa norma se justifica pois os pais possuem maior discernimento para 
decidirem o que será melhor para seus filhos. Porém, deve-se levar em conta a 
fragilidade emocional dos pais devido à separação, sendo assim, é recomendado ao 
juiz mostrar as vantagens da guarda compartilhada. Nesta hipótese de separação e 
de divórcio, os pais devem dispor em petição inicial o acordo estabelecido entre 
eles, disciplinando sobre os alimentos, a guarda e o direito de visitas. 
Na separação e no divórcio litigiosos, em que a pretensão dos pais não 
atende aos interesses dos filhos, o juiz deverá instituir a guarda compartilhada, 
conforme determinação constante no artigo 1.584, § 2º do CC. 
Além disso, é facultado ao juiz não homologar a separação com base no 
artigo 1.574, parágrafo único. 
Antes da Lei 13.058/14, em caso de litígio, em regra o juiz determinava a 
fixação da guarda de forma unilateral para o genitor que revelasse melhores 
condições para exercê-la e, sempre que possível, seria aplicada a guarda 
compartilhada. No entanto, a guarda compartilhada não era muito adotada, pois 
dependia dos acordos firmados entre os pais, não podendo ser imposta pelo juiz, 
portanto, o instituto não teria efetividade se permanecesse no antigo molde jurídico. 
Segundo a nova legislação civil, no caso de separação e de divórcio 
litigiosos, não há mais nenhum vínculo com culpa, com a posse e nem com a 
prevalência materna sobre a guarda, pois há um compartilhamento da mesma. Além 
 
 
38 
disso, se um dos cônjuges contrair novas núpcias, este não perderá a guarda dos 
filhos, conforme o artigo 1.579 do CC. 
No caso da união estável, a guarda será regulamentada por analogia, com 
base nos artigos 1.583 a 1.590 do CC. Isso porque, o artigo 2º, inciso III da Lei 
9.278/1.996 estabelece aos companheiros os direitos e deveres relacionados à 
guarda, ao sustento e à educação dos filhos comuns, conforme o inciso IV do artigo 
1.566 do CC. Além disso, conforme o artigo 226, parágrafo 3º da CF, o estado 
reconheceu a união estável como um novo modelo de entidade familiar equiparada 
ao casamento. 
Com relação à invalidade do casamento, a guarda será regulada conforme 
os princípios estabelecidos para os filhos de um casamento válido que resultou em 
separação judicial litigiosa de seus pais. Sendo assim, no caso de invalidade do 
casamento, a guarda será determinada com base nos artigos 1.584 e 1.586 do CC, 
por expressa determinação do artigo 1.587 do CC. 
No caso da filiação extramatrimoniais, a guarda será determinada conforme 
o reconhecimento dos genitores, o qual pode ocorrer por parte de ambos os pais ou 
por parte de apenas um deles. O regulamento da guarda de filhos extramatrimoniais 
está disposto nos artigos 1.611, 1.612 e 1.633 do CC e nos artigos 15 e 16 do 
Decreto-Lei 3.200/1.941. 
Vale lembrar que os filhos havidos fora do casamento não poderão sofrer 
qualquer tipo de discriminação e terão os mesmos direitos que os filhos legítimos, 
conforme o artigo 227, parágrafo 6º da CF, se for reconhecidos como filhos pelo 
genitor. 
Com a cisão da guarda, conforme a nova redação dos artigos 1.583, 1584, 
1.585 e 1.634 do CC devido à Lei 13.058/14, o genitor guardião e o genitor não 
guardião, exercem de forma conjunta as seguintes funções: dever de criar e educar, 
de exercer a guarda dos filhos e exigir que lhes prestem obediência, respeito e os 
serviços próprios da sua idade e condições, outros deveres foram determinados de 
forma conjunta aos pais e que condizem com o exercício do poder familiar (CC 
1.634 III, IV, V, VII): conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajar ao exterior; conceder-lhes ou 
negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro 
Município; representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, 
 
 
39 
nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, 
suprindo-lhes o consentimento. 
Além disso, tanto o genitor guardião como o genitor não guardião possuem 
a responsabilidade civil por atos danosos que o filho menor venha praticar. 
Assim, estabelece o artigo 932, inciso I do CC “São também responsáveis 
pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua 
autoridade e em sua companhia. 
Trata-se, aqui, da responsabilidade por fato de outrem, ou indireta, quando 
“desborda da pessoa causadora do dano e alcança outra pessoa, à qual o agente 
ativo esteja ligado por uma relação jurídica; no caso, a guarda” (GRISARD, 2009, p. 
109). 
Sendo assim, como os pais exercem conjuntamente a responsabilidade 
parental, independentemente da guarda ser unilateral ou compartilhada, conforme o 
artigo 1.634, II, do CC, ambos respondem solidariamentepelos atos danosos do 
filho. Isso porque, a reponsabilidade parental não advém da guarda, mas sim do 
poder familiar que os pais conjuntamente exercem. Vale ressaltar que, durante a 
separação de fato a responsabilidade civil por atos danosos praticados pelo filho 
menor recai sobre os pais de forma solidária. Isso porque, a guarda ainda pertence a 
ambos os pais. 
O dever de vigilância é de ambos os genitores, devido a responsabilidade 
parental, portanto, quando há falta de vigilância por parte de algum deles, origina-se 
a culpa in vigilando, recaindo a responsabilidade civil sobre os mesmos. 
Os genitores poderão eximir-se da responsabilidade se provarem: a 
inexistência de dependência material; que se trata de caso de força maior, caso 
fortuito ou culpa de terceiros; que não houve falta na educação ou na vigilância do 
menor. 
As funções do genitor não guardião estão vinculadas ao direito de visita, ao 
direito de fiscalização e ao dever de alimentos. 
O direito de visita surge com a definição da guarda, seja pelo acordo dos 
pais ou por decisão judicial. 
Funda-se o direito de visita em elementares princípios de direito natural, na 
“necessidade de cultivar o afeto, de firmar os vínculos familiares, a subsistência real, 
efetiva e eficaz” (GRISARD, 2009, p. 102). 
 
 
40 
O direito de fiscalização consiste no cuidado e na diligência dos genitores 
ao completo desenvolvimento dos filhos. Ao genitor não guardião é assegurado esse 
direito como forma de exercer, indiretamente, a sua responsabilidade parental, uma 
vez que, cabe a ele denunciar ao juiz, os atos irregulares, abusivos, omissos, ou 
negligentes do genitor guardião. Isso porque, esse direito é latente ao genitor 
guardião, sendo ele atribuído ao genitor não guardião de maneira subsidiária. 
Sendo assim, o direito de fiscalização é exercido pelo genitor não guardião 
como um instrumento de controle sobre a maneira que o outro exerce os seus 
direitos e deveres com relação ao filho. 
E conforme a nova redação do artigo 1.583, § 5º do CC, o genitor não 
guardião tem por obrigação supervisionar o interesse dos filhos, como também, 
requerer informações e prestação de contas. Caso lhe sejam negadas as 
informações, o estabelecimento público ou privado terá como pena, o pagamento de 
multa que varia de R$200, 00 à R$500,00 por dia por não atender ao requerimento 
do genitor, conforme a nova redação do artigo 1.584 § 6º do CC. 
O dever de alimentos possui um caráter patrimonial da separação, porém 
consiste no sustento, na guarda e na educação do filho, conforme o inciso IV do 
artigo 1.566 do CC, originando-se não com o casamento, mas sim com 
parentalidade que se legitima por meio dos laços sanguíneos. 
Conforme o artigo 1.696 do CC, o dever de prestar alimentos aos filhos no 
caso de separação, é referente a ambos os genitores, na possibilidade de seus 
recursos. 
A entrega dos filhos a parentes ou a estranhos não exime os pais do dever 
de prestar alimentos, pois o dever de alimentos está vinculado ao fato biológico da 
paternidade e da maternidade. 
Caso a obrigação de prestar alimentos seja descumprida, o devedor de 
alimentos poderá ser preso, conforme o artigo 244 do CP, 733, parágrafo 1º, do CPC 
e artigo 5º, inciso LXVII, da CF. 
Os genitores só estão dispensados da obrigação alimentar, em caso de 
sentença de adoção. 
 
 
 
 
 
 
41 
2.3 – CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO DA GUARDA 
 
Com a ruptura conjugal, cabe ao juiz determinar a guarda dos filhos 
menores, seja nos casos de separação e divórcio consensuais, ou seja, nos casos 
de separação e divórcio litigiosos, a última palavra sempre será do juiz. Isso porque 
será o juiz que avaliará se o acordo dos pais atende o interesse do menor, no caso 
das dissoluções consensuais, e será o juiz que determinará a guarda compartilhada, 
nos casos de dissoluções litigiosas. E ainda de forma excepcional, o juiz poderá 
determinar a guarda a terceiros, de preferência aos familiares dos cônjuges, se 
verificar que os pais não devem permanecer com a guarda dos filhos. 
Diante disso, o juiz deve avaliar de forma cautelosa cada caso, pois o que 
está em jogo é o bem estar do menor, portanto, em cada decisão, o magistrado 
levará em conta os critérios de determinação de guarda que estão vinculados a um 
critério maior, que é o interesse do menor. 
Durante a avaliação dos critérios de determinação de guarda, o juiz 
verificará a idade e o sexo do menor, verificará a possibilidade dos irmãos 
permanecerem unidos, verificará a opinião do menor e o comportamento dos pais, 
sempre visando o interesse do menor. 
O interesse do menor é um critério pautado na avaliação do juiz do caso 
concreto, ou seja, a análise do caso concreto determinará que o interesse dos filhos 
deva sobressair sobre o interesse do pai ou da mãe. 
O artigo 1.586 do CC faculta ao juiz determinar a guarda conforme julgar 
pertinente: 
 
Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos 
filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos 
antecedentes a situação deles para com os pais (2002). 
 
De acordo com Eduardo de Oliveira Leite, a jurisprudência tem permitido 
precisar algumas tendências: o desenvolvimento físico e moral da criança, a 
qualidade de suas relações afetivas e sua inserção no grupo social, a idade, o sexo, 
a irmandade, o apego ou a indiferença manifestada pela criança a um de seus pais, 
a estabilidade da criança, como também as condições que cercam os pais, materiais 
ou morais. Todos esses elementos são caminhos que servem ao juiz para descobrir, 
caso a caso, o que lhe parece ser o “interesse do menor” (LEITE, 2003, p. 199). 
 
 
42 
Portanto, diante da determinação da guarda o juiz deve ter como primazia 
na decisão, o interesse do menor, conforme destaca o Supremo Tribunal Federal: 
 
O que prepondera é o interesse do menor e não a pretensão do pai e da 
mãe (2008, p. 4.405), pois o fundamento desse critério é o caráter de 
sujeito de direito que tem o menor, que não é objeto de direito dos pais, 
senão uma pessoa que tem o direito à proteção, assistência e educação 
(2002, p. 106). 
 
O critério da idade e do sexo do menor não é um fator determinante para o 
juiz determinar a guarda. Na verdade, o magistrado verificará o caso concreto para 
julgar se a idade ou o sexo do menor será um fator importante para determinação da 
guarda. 
Sendo assim, se o menor ainda necessitar dos cuidados maternos, cabe ao 
juiz deferir a guarda para mãe. Pois, a criança nos primeiros meses de vida tem um 
vínculo muito forte com sua genitora, portanto, não é conveniente retirar o filho de 
seus cuidados. 
A esse respeito decidiu o Tribunal de Justiça do Paraná: 
 
A criança disputada pelos pais está com tenra idade e a sua mãe é que 
tem melhores condições para dirigir-lhe a criação nesta fase (2002, p. 254). 
 
Já com relação ao sexo do menor, o juiz deverá verificar se há necessidade 
da presença imediata do genitor do mesmo sexo, pois a períodos na vida do menor 
que para a resolução de seus conflitos será importante a presença do genitor do 
mesmo sexo. 
Com relação à irmandade, não é conveniente separar os irmãos, pois isso 
poderá quebrar o vínculo entre eles, além de provocar uma ruptura mais profunda do 
restante da família. Porém se a separação dos irmãos for inevitável, é aconselhável 
manter um regime freqüente de visitas. 
Com relação à ouvida do menor, a legislação civil silenciou a respeito, porém 
segundo a Convenção dos Direitos da Criança, o menor pode ser ouvido em 
determinados casos para que o juiz certifique-se de que não há interferência dos 
pais na opinião da criança referente à guardaexclusiva. 
Conforme o artigo 12 da Convenção Internacional dos Direitos da Criança: 
 
1. Os Estados Partes assegurarão à criança que estiver capacitada a 
formular seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões 
livremente sobre todos os assuntos relacionados com a criança, levando-se 
 
 
43 
devidamente em consideração essas opiniões, em função da idade e 
maturidade da criança. 
 
Vale lembrar que, as crianças devem ser ouvidas, porém não devem 
escolher sobre a preferência da guarda, pois isso acarretaria um conflito muito 
doloroso para elas. Além disso, ressalta-se que a utilização da opinião do menor, 
para formulação da decisão do juízo, é facultativa. 
Com relação ao comportamento dos pais, o juiz deve verificar se as atitudes 
de algum dos genitores contrariam a ordem e a moral familiar. Portanto, na 
avaliação do juiz levar-se-á em conta as condições que cercam os pais, seja no 
aspecto material ou no aspecto moral, para que prevaleça o interesse do menor. 
Quando o juiz verifica, no caso concreto, conduta reprovável, imoral ou ilícita dos 
pais, deve ser limitada ao máximo a convivência com os filhos, pois estes estão em 
fase de desenvolvimento físico e psíquico. 
 
2.4 – MODALIDADES DE GUARDA 
Na doutrina brasileira há várias modalidades de guarda, dentre as quais se 
destacam: a guarda comum, a guarda desmembrada, a guarda delegada, a guarda 
originária, a guarda derivada, a guarda de fato, a guarda provisória, a guarda 
definitiva, a guarda única, a guarda peculiar, a guarda por terceiros, a guarda por 
instituições, a guarda para fins previdenciários, a guarda jurídica, a guarda material, 
a guarda alternada, a guarda jurídica compartilhada e a guarda material 
compartilhada. Sendo que cada espécie de guarda possui uma origem e um fim 
particular. 
A guarda comum origina-se naturalmente na constância do casamento, 
independente da entidade familiar, onde os genitores dividem o exercício da guarda 
por meio da autoridade parental. Sendo assim, a guarda comum consiste na 
convivência e na comunicação diária entre pais e filhos, elementos indispensáveis 
para a educação e formação do menor. Lembrando que, a guarda comum é 
decorrente da paternidade e da maternidade, portanto, ela não é concedida pelo 
Estado, o qual apenas regulamenta o seu exercício. 
Já a guarda desmembrada é originária da cisão familiar, onde há 
intervenção do Estado para a concessão da guarda por meio do juizado da Infância 
e da Juventude. É também uma guarda delegada, uma vez que é exercida em nome 
 
 
44 
do Estado por meio da autoridade oficial, a qual possui a devida representação legal 
do menor. 
A guarda originária é vinculada ao poder familiar, portanto, corresponde aos 
pais, os quais exercem suas funções parentais devido ao direito-dever de integral 
convivência com o menor proporcionado pela guarda. 
Já a guarda derivada é originada da Lei e diz respeito a quem exerce a 
tutela do menor, que pode ser um particular, de forma dativa, legítima ou 
testamentária, como pode ser um organismo oficial, obedecendo ao Estado sua 
função social, de acordo com o artigo 30 do ECA. 
A guarda de fato é estabelecida por decisão própria de alguém que toma 
para si o menor e se responsabiliza por ele, sem nenhuma atribuição legal ou 
judicial. Nesse caso, a pessoa não terá nenhum direito de autoridade sobre o menor, 
mas terá as obrigações inerentes à guarda desmembrada, tais como assistência e 
educação. 
A guarda provisória consiste em uma medida provisória que se torna 
definitiva com a sentença que decreta a dissolução do vínculo conjugal. 
A guarda definitiva, no entanto, poderá ser modificada conforme a 
necessidade do menor ou visando o seu interesse. Na verdade, a sentença referente 
à guarda definitiva só será imutável na medida em que a situação fática se mantiver 
a mesma. 
A guarda única consiste na atribuição da guarda ao genitor mais apto, sendo 
assim, apenas um dos pais permanecerá com a guarda do menor. 
A guarda peculiar está regulada no artigo 33, parágrafo 2º, do ECA e ela 
objetiva sanar uma eventual falta dos pais, assegurando a um guardião à 
representação do menor em uma situação peculiar e determinada, tal como: fazer 
uma matrícula escolar em data certa pelo fato dos pais se encontrarem em outra 
cidade. 
A guarda por terceiros é originária na família substituta. Com base no artigo 
1.584 do CC, pode ser o terceiro um parente, ou até mesmo um estranho, que 
estará obrigado a prestar assistência material, moral e educacional ao menor, 
podendo opor-se a terceiros, até mesmo aos pais. Porém aos pais, permanece a 
obrigação de prestar assistência e alimentos, conforme o artigo 33, § 4º do ECA, 
pois não perdem o poder familiar. 
 
 
45 
A guarda por instituições se constitui na medida em que não há parentes e 
nem estranhos que tenham condições de assumir a guarda do menor, cabendo à 
instituição governamental assumir o papel da guarda, conforme o artigo 30 do ECA, 
cumprindo o Estado o dever de proteger os direitos do menor. 
A guarda para fins previdenciários garante ao menor a condição de 
dependente para todos os fins e efeitos de direitos, especialmente, os 
previdenciários, conforme o artigo 33, parágrafo 3º, do ECA, assegurando a 
proteção à saúde. 
A guarda jurídica é aquela designada ao genitor não guardião que exerce a 
guarda a distância. 
Já a guarda material é aquela designada ao genitor guardião que exerce de 
forma integral a guarda, conforme o artigo 33, parágrafo 1º do ECA. 
Segundo Orlando Gomes, o genitor que possui a guarda, tem tanto a guarda 
material quanto a guarda jurídica. Para o autor a guarda material consiste em ter o 
filho em companhia, vivendo com ele sob o mesmo teto, em exercício de posse e 
vigilância. Já a guarda jurídica implica o direito de reger a pessoa dos filhos, 
dirigindo-lhe a educação e decidindo todas as questões do interesse superior dele, 
cabendo ao outro o direito de fiscalizar a delibação tomada pelo genitor a quem a 
guarda foi atribuída (1987, p. 281). 
A guarda alternada consiste na atribuição da guarda jurídica e material para 
ambos os genitores, porém de forma alternada e em períodos determinados. 
Portanto, cada um dos genitores poderá exercer de maneira integral o poder familiar 
durante o período de tempo determinado a eles. 
A guarda jurídica compartilhada consiste na atribuição da responsabilidade 
legal a ambos os genitores que tomarão as decisões relevantes aos filhos de forma 
conjunta e isonômica. Sendo assim, ambos os genitores poderão exercer o poder 
familiar para decidirem a respeito do que será importante aos filhos. 
A guarda material compartilhada, geralmente, acompanha a guarda jurídica 
compartilhada. 
 
 
 
 
46 
3- GUARDA COMPARTILHADA 
 
3.1- EVOLUÇÃO DA GUARDA COMPARTILHADA 
 
Na união conjugal, os pais desfrutam da guarda dos filhos de forma 
isonômica e harmônica. Porém quando ocorre a separação, o conflito a respeito da 
guarda dos filhos surge de forma latente, pois ambos os pais gostariam de 
permanecer com a guarda dos filhos, o que geralmente não acontece, isso porque, 
seja por consenso do casal ou por decisão judicial, apenas um dos pais, na maioria 
das vezes, a mãe, permanece com a guarda exclusiva dos filhos. 
No entanto, esse panorama jurídico, com relação à guarda, vem mudando. 
Uma vez que, a redistribuição dos papéis na comunidade familiar, como exigência 
da evolução dos costumes nas sociedades modernas, decretou a impropriedade da 
Guarda Exclusiva, impondo a reconsideração dos parâmetros vigente, que não 
reservam espaço à atual igualdade parental (GRISARD, 2009, p. 158). Além disso, o 
númerode rupturas vem aumentando cada vez mais, e a guarda exclusiva que 
prioriza a figura materna vem sendo criticada, pois a mulher tem assumido o seu 
papel no mercado de trabalho da mesma forma que o homem, perdendo assim a 
melhor condição de atender o interesse do menor. E como a ruptura conjugal afeta 
diretamente a vida do menor, na medida em que altera a sua estrutura familiar e a 
sua organização parental, invoca-se um novo modelo de guarda, a guarda 
compartilhada. 
A guarda compartilhada surgiu com a finalidade de atender a igualdade entre 
homens e mulheres, com relação ao poder familiar após a ruptura conjugal, e visa 
principalmente, minimizar o sofrimento dos filhos após a separação dos pais. 
Nesse sentido, Jacqueline Rubellin Devichi entende que “A perenidade do 
casal parental deve sobreviver à fragilidade do casal conjugal (1990, p. 83).” 
Sendo assim, o novo modelo de guarda proposto pela legislação civil 
brasileira objetiva manter, apesar da ruptura, o poder familiar de ambos os pais para 
que os filhos tenham a continuidade da participação de seus genitores em sua 
criação como se estivessem em uma família intacta. 
A guarda compartilhada surgiu pela primeira vez na Inglaterra no século XIX, 
onde as decisões inglesas privilegiaram o interesse maior da criança e a igualdade 
parental, repercutindo francamente nas províncias canadenses da common law e, 
dali, alcançando os Estados Unidos, onde hoje a noção de guarda compartilhada é 
 
 
47 
aplicada na maioria de seus Estados, colimando o equilíbrio dos direitos do pai e da 
mãe (GRISARD, 2009, p. 140-141). A França também assimilou a noção de guarda 
compartilhada em 1976, com a finalidade de amenizar as injustiças que a guarda 
exclusiva provoca, assim como na Inglaterra. E, por isso da Lei Malhuret, o código 
civil francês implantou o novo modelo de guarda no país. 
No Brasil, a guarda compartilhada surgiu por meio da lei 11.698/2008, que 
passou a priorizar o novo modelo de guarda e determinou que a guarda exclusiva 
fosse a exceção. 
Antes da Lei 11.698/2008, a guarda compartilhada era possível e lícita em 
nosso país com base no princípio da igualdade e na paternidade responsável 
reclamados pela Constituição Federal, na proteção integral do menor, determinada 
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, e na discricionariedade do juiz em 
atender o melhor interesse do menor, conforme o novo Código Civil. 
No entanto, a guarda compartilhada era uma exceção, antes da vigência da 
nova Lei, e a guarda exclusiva que priorizava geralmente a mãe, era regra. Isso 
porque, a guarda compartilhada era facilmente confundida com a guarda alternada, 
e por não ser admitida de forma expressa na legislação civil, a sua aplicação era 
restrita ao acordo entre os pais e raramente era aplicada por determinação judicial. 
A lacuna que existia na legislação civil referente à guarda compartilhada 
permitia o surgimento de críticas infundadas, tais como a de Segismundo Gontijo e 
de Eliana Riberti Nazareth. 
Segundo Segismundo Gontijo, a guarda compartilhada é prejudicial para os 
filhos, pois ela resulta em verdadeiras tragédias, uma vez que a sua prática 
transforma os filhos em iô-iôs, ora com a mãe apenas durante uma semana, ora com 
o pai noutra; ou, com aquela nalguns dias da semana e com este nos demais. Para 
o autor, em todos os processos ressaltam os graves prejuízos dos menores, pois 
perdem o referencial de lar, ficam perplexos no conflito das orientações 
diferenciadas dos pais e passam a ter uma vida escolar desordenada por falta de 
sistematização do acompanhamento dos trabalhos e do desenvolvimento 
pedagógico (1997, p. 563-564). 
Neste mesmo sentido, Eliana Riberti Nazareth, argumentava: 
 
Quando as crianças são muito pequenas... Até os quatro, cinco anos de 
idade, a criança necessita de um contexto o mais estável possível para 
delineamento satisfatório de sua personalidade. Conviver ora com a mãe, 
 
 
48 
ora com o pai em ambientes físicos diferentes, requer uma capacidade de 
adaptação e de codificação-decodificação da realidade só possível em 
crianças mais velhas (1997, p. 83). 
 
Essas críticas são infundadas, pois se baseavam no conceito da guarda 
alternada, que como já foi visto, era confundida com a guarda compartilhada. Essa 
confusão ocorria por existir pouca jurisprudência e pelo fato da doutrina ser incomum 
em nosso país. 
Vale ressaltar que, a guarda alternada consiste na atribuição da guarda dos 
filhos aos pais de forma alternada, sendo que a visitação será feita de maneira que o 
tempo de convivência dos pais com os filhos seja igual, portanto, não é preciso que 
haja uma residência fixa. Sendo assim, a guarda alternada não é recomendável pela 
jurisprudência, na medida em que provoca prejuízos na formação do menor, pois 
não há uma constância de hábitos, de valores, padrões e idéias na mente da criança 
e do adolescente. 
Já a guarda compartilhada consiste na possibilidade dos filhos serem 
assistidos por ambos os pais após a ruptura conjugal, e assim, os pais poderem 
participar conjuntamente das decisões importantes quanto ao bem-estar de seus 
filhos, de forma que ambos exercem de forma igualitária a guarda jurídica dos filhos. 
Porém, apenas um dos pais exerce a guarda material dos filhos, pois os menores 
terão residência fixa, onde serão domiciliados juridicamente para que tenham um 
referencial, uma disponibilidade de desenvolver a sua personalidade e possam 
desenvolver suas atividades do cotidiano de forma sistematizada. 
Mas, a guarda compartilhada passou a ter maior efetividade na legislação 
brasileira e nos casos concretos, após a Lei 13.058/14, que estabeleceu a 
determinação do compartilhamento mesmo em caso de litígio, e assim, proporcionou 
a evolução jurídica do instituto do poder familiar que determina a participação de 
ambos os pais na assistência dos filhos, uma vez que mantêm a autoridade parental 
após a ruptura conjugal, amenizando assim, os efeitos negativos que a separação 
provoca aos filhos. 
 
 
3.2 – CONSEQÜÊNCIAS DA GUARDA COMPARTILHADA 
A guarda compartilhada tem como finalidade manter os laços entre pais e 
filhos, por meio da autoridade parental exercida por ambos os pais, mesmo após a 
 
 
49 
ruptura conjugal. Portanto, quando ocorre o conflito na sociedade conjugal e 
desaparece o casal conjugal, a principal conseqüência da guarda compartilhada é 
manter o casal parental para benefício dos filhos. 
O primeiro pressuposto a considerar na operacionalização da guarda 
compartilhada é sobre a residência do menor, pois a residência fixa garantirá ao 
menor um referencial, onde será juridicamente domiciliado para que desenvolva as 
suas atividades habituais e tenha uma formação de princípios e valores. Conforme 
ressalta Guilherme Gonçalves Strenger, a fixação da residência do menor 
proporciona “A estabilidade que o direito deseja para o filho” e “ não excluí que sua 
vida cotidiana seja vinculada a um ponto fixo” (2006, p. 71). 
A residência do menor será o foro do domicílio de quem exerce a guarda 
material, conforme o artigo 147, I, do ECA. 
Os critérios para determinação da guarda serão estabelecidos de maneira a 
atender o melhor interesse do menor, e dependerá da discricionariedade juiz, a 
escolha do genitor que tem melhores condições para permanecer com a guarda. 
A visitação do genitor não-guardião ocorrerá no local onde o menor reside 
de forma livre e sem restrições. Vale ressaltar que, o termo “visitação” é inadequado, 
uma vez que na guarda compartilhada os filhos podem passar um período tanto com 
o pai quanto com a mãe, sem que haja qualquer restrição ou tempo determinado. 
Outro aspecto a levar em consideração,é a possibilidade dos pais decidirem 
conjuntamente a respeito do programa geral de educação dos filhos, incluindo o 
desenvolvimento físico e psíquico do menor. 
O dever de educar consiste na assistência, tanto moral quanto material, 
vinculado à obrigação alimentar, que tem como fonte a relação de parentesco, e no 
dever de sustento. 
O dever de educação na guarda compartilhada é uma obrigação de ambos 
os genitores, uma vez que o exercício conjunto da autoridade parental depende de 
um acordo constante entre os pais. 
Outra questão a considerar, é referente aos alimentos parentais, que são 
estabelecidos tanto no âmbito civil, por meio dos arts. 1.696 do CC e 22 do ECA, 
quanto na âmbito constitucional por meio do art. 229 CF, que expressa: “Art. 229 - 
Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores (...).” 
 
 
50 
O termo alimentos, conforme Luiz Edson Fachin, “não se esgota no sentido 
físico quando tomado na acepção jurídica. No ordenamento jurídico, compreendem 
universo de prestações de cunho assistencial que, evidentemente, tem conteúdo 
mais elástico no plano do direito que na percepção coloquial”. (1999, p.268). 
“É bem conhecida a advertência de Pontes de Miranda, reproduzindo em 
quase toda parte, de que a palavra alimento, conforme a melhor acepção técnica, e, 
conseguintemente, podada de conotações vulgares, possui o sentido amplo de 
compreender tudo quanto for imprescindível ao sustento, à habitação, ao vestuário, 
ao tratamento de enfermidades e às despesas de criação e educação. Ensinamento 
análogo se encontra nas fontes do direito luso-brasileiro. Hoje em dia, ao catálogo 
mencionado se acrescenta o lazer, fator essencial ao desenvolvimento equilibrado e 
a sobrevivência sadia da pessoa humana.” (ASSIS, 1.985, p.88). 
Portanto, a pensão alimentícia vai além de dar só a educação aos filhos, 
como muitos pais entendem, ela abrange uma ampla assistência aos menores 
oriundos do divórcio, pois, se antes da ruptura conjugal os pais contribuíam na 
proporção dos seus ganhos para o sustento, guarda e educação ao filho, o mesmo 
deve ocorrer após a separação. Isso por ser uma obrigação primária, natural mesma 
do homem, persistindo ainda quando os filhos são entregues a terceiros, conforme o 
art. 33 do ECA. 
Sendo assim, os efeitos pensionários alcançam os filhos legítimos ou 
naturais, e os filhos de pais unidos ou separados. 
Nossa legislação civil não possui um artigo que defina obrigação alimentar, 
mas com base nos artigos 1.568 e 1.579 do CC, entende-se que a obrigação dos 
pais em contribuírem, na proporção dos seus bens e ganhos para o sustento da 
família e educação dos filhos, decorre do casamento e esses deveres não se 
extinguem com a separação. 
Devido a isso, o fundamento da obrigação alimentar é, sem dúvida, o dever 
de solidariedade entre os homens, mas acentuado entre pais e filhos, pessoas que 
se encontram em um grau extremo de proximidade, e muito mais presente quando 
dissociada a família. Assim a obrigação de contribuir para a manutenção dos filhos 
pesa sobre ambos os genitores, não obstante a guarda seja exercida de forma 
exclusiva (GRISARD, 2009, p. 179). 
 
 
51 
No entanto quando a lei expressa “na proporção dos seus bens”, não 
significa que será uma igualdade numérica de contribuição econômica, mas sim que 
podem contribuir de várias formas, onde um só contribui ou ambos contribuem, um 
contribui com mais recursos, outro com menos. Como por exemplo: o pai contribui 
com as despesas escolares e a mãe com as despesas relativas ao vestuário, lazer e 
saúde. 
A guarda compartilhada, como meio de manter os estreitos laços afetivos 
entre pais e filhos estimula o genitor não guardião ao cumprimento do dever de 
alimentos. A recíproca, neste caso, é verdadeira, pois “Quanto mais o pai se afasta 
do filho, menos lhe parece evidente o pagamento da pensão (LEITE, 2003, p. 281).” 
A guarda compartilhada pode conter condições diferentes em cada caso, 
estabelecidas através de cláusulas constantes do acordo homologado judicialmente. 
Podem os pais fixar os períodos em que os filhos ficarão sob a guarda física de cada 
genitor, cabendo a ambos as decisões sobre aspectos essenciais da vida das 
crianças. Mesmo havendo a guarda física compartilhada, as condições 
estabelecidas poderão incluir, inclusive, formas diferentes de fixar a pensão 
alimentícia em atenção às particularidades de cada caso. (AZAMBUJA, LARRATÉA 
e FILIPOUSKI, 2010, p.23). 
No Brasil, a legislação é bastante flexível, podendo ser ajustadas 
combinações diferentes que incluam a divisão de compromissos, como pagamento 
das despesas de educação, saúde, lazer, vestuário. Possível também o pagamento 
da pensão in natura. Neste caso, o devedor de alimentos, ao invés de fornecer um 
valor mensal, contribui com hospedagem e alimentação, por exemplo (art. 1.701 
Código Civil). Cabível, ainda, o pagamento da prestação alimentícia com uma parte 
in natura e outra parte em dinheiro, para custeio das despesas em geral. 
(AZAMBUJA, LARRATÉA e FILIPOUSKI, 2.010 , p. 23 e 24). 
Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do 
Sul: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. GUARDA COMPARTILHADA E 
ALIMENTOS. INEXISTÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADE. Em princípio e em 
tese, a fixação de alimentos não é incompatível com o estabelecimento de 
guarda compartilhada. No caso dos autos, tanto o estabelecimento da 
guarda compartilhada, quanto a fixação de alimentos, são resultados da 
vontade convergente dos genitores, que estão de acordo com tudo, através 
de avença que atende aos interesses prevalentes da criança. Hipótese em 
que inexiste razão para obstar a homologação do acordo entabulado entre 
 
 
52 
os genitores. DERAM PROVIMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 
70061150199, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui 
Portanova, Julgado em 02/10/2014). 
No entanto, é errôneo pensar que com atribuição da guarda compartilhada 
cessa-se a obrigação alimentar, pois embora as decisões sejam tomadas em comum 
acordo, apenas um dos genitores possuirá a guarda fática do filho, sendo assim, 
cabe ao genitor que não permaneceu com a guarda a obrigação de contribuir 
financeiramente, da mesma forma que ocorre na guarda unilateral e tendo as 
mesmas punições pela inadimplência. 
Conforme, Waldyr Grisard Filho em entrevista ao IBDFAM, “Para a 
manutenção dos filhos, independentemente de permanecerem juntos ou não, ambos 
devem contribuir na proporção de seus haveres e recursos, como lhes impõe o 
artigo 1.703 do Código Civil. Por isso, não há dispensa ou exoneração da obrigação 
alimentar.” (Assessoria de comunicação do BDFAM, Entrevista: Guarda 
Compartilhada e obrigação alimentar, 2013) 
Sendo assim, segundo Waldyr Grisard Filho, “se o descumprimento se 
verificar na satisfação da obrigação alimentar, o inadimplente poderá sofrer 
execução até com a possibilidade de ver sua prisão decretada, além de outras 
medidas como a inscrição de seu nome no cadastro de devedores de pensão 
alimentícia, em empresas de proteção ao crédito como SERASA e SPC”. 
(Assessoria de comunicação do BDFAM, Entrevista: Guarda Compartilhada e 
obrigação alimentar, 2013). 
Portanto, no regime de compartilhamento não se exime o estabelecimento 
da obrigação alimentar, até porque nem sempre os genitores gozam das mesmas 
condições econômicas. (DIAS, 2015, 527). 
Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça do Distrito Federal: 
DIVÓRCIO CONSENSUAL. FILHOS MENORES. GUARDA 
COMPARTILHADA. FIXAÇÃO DO LAR REFERENCIAL. NECESSIDADE. 
PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS IN NATURA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A 
GUARDA COMPARTILHADA OU CONJUNTA EXIGE O 
ESTABELECIMENTO DE UM LAR DE REFERÊNCIA PARA OSMENORES. 2. O PAGAMENTO IN NATURA DA PENSÃO ALIMENTÍCIA, 
EMBORA ADMITIDO, RESERVA-SE A SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS, 
QUANDO NÃO RECOMENDÁVEL O PAGAMENTO EM PECÚNIA, POR 
EXEMPLO, SE COMPROVADA A MÁ-FÉ NA ADMINISTRAÇÃO DOS 
RECURSOS PELO DETENTOR DA GUARDA DO ALIMENTANDO, OU 
MESMO INCAPACIDADE DO ALIMENTANTE PARA PRESTÁ-LOS EM 
PECÚNIA. 3. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA 
MANTIDA. (TJDF, AI 20140020087080/DF(008758-11.2014.8.07.0000), 5ª. 
T.CÍv., rel. Gislene Pinheiro, j. 11/06/14). 
 
 
53 
A Desembargadora Liselena Schifino Robles Ribeiro, do Tribunal de Justiça 
do Rio Grande do Sul assevera que se o pai e mãe trabalham, não é preciso fixar a 
pensão alimentícia na guarda compartilhada: 
AGRAVO. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE ALIMENTOS. GUARDA 
COMPARTILHADA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. ALIMENTOS 
PROVISÓRIOS. Não obstante a fixação de alimentos não seja incompatível 
com o estabelecimento da guarda compartilhada, no caso, exercendo 
ambos os genitores atividade laborativa, e não sendo extraordinário os 
gastos da filha, cabe a ambos os genitores arcar com as despesas da 
menina no período em que a infante se encontra sob seus cuidados. 
RECURSO DESPROVIDO. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Agravo Nº 
70062253836, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: 
Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 29/10/2014). 
 
Vale lembrar que, a guarda compartilhada atribui a ambos os pais, a guarda 
jurídica, ou seja, tanto pai como a mãe são titulares do dever de guardar seus filhos, 
preservando a autoridade parental de forma isonômica aos pais. 
Em relação ao direito de visita, o Código Civil atual silenciou a respeito, 
porém, é obvio que o filho que não conviva com o pai possui o direito de desfrutar de 
uma comunicação adequada com ele, para um melhor desenvolvimento psíquico e 
sentimental. 
Outra questão a ser abordada é em relação à responsabilidade civil por 
danos causados pelos filhos menores. No caso da guarda compartilhada os pais 
serão solidariamente responsáveis, na medida em que ambos os genitores 
participam de forma ativa e direta na educação e formação dos filhos. Em ocorrendo 
dano, a presunção de erro na educação da criança ou falha na fiscalização de sua 
pessoa recai sobre ambos os genitores (LEITE, 2003, p. 275). 
 
3.3 – A GUARDA COMPARTILHADA NO DIREITO BRASILEIRO. 
No direito brasileiro, anterior à Lei 11.698/2008, a guarda compartilhada era 
pouco aplicada, por não existir legislação específica, e por ausência de doutrina e 
jurisprudência suficientes. Porém, com as exigências socioeconômicas da vida 
moderna, especialmente com a atuação efetiva da mulher no mercado de trabalho, 
modificou-se o panorama familiar referente à convivência entre os pais, entre eles e 
seus filhos. 
 
 
54 
Devido a isso, a guarda compartilhada passou a ser necessária para a 
adequação das mudanças na sociedade brasileira, surgindo o conceito de 
autoridade parental no novo código civil. 
No entanto, para que a guarda compartilhada tivesse uma aplicação mais 
ampla no Brasil, fez-se necessário preencher a lacuna legislativa referente à 
matéria. E para atender essa necessidade, precisaria ocorrer uma modificação dos 
artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil, e assim, implantar de forma mais especifica a 
nova modalidade de guarda no país. 
Nesse sentido, o Deputado Tilden Santiago apresentou ao Congresso 
Nacional o PL 6.350/2002, com o objetivo de alterar os artigos 1.583 e 1.584 do 
Código Civil, para instituir por acordo ou decisão judicial, a guarda compartilhada, 
reconhecendo que o exercício equilibrado do pai e da mãe na criação dos filhos é a 
melhor forma de garantir não só o melhor interesse da criança como também a 
plena igualdade entre o homem e a mulher na responsabilização dos filhos. Em sua 
justificativa, o autor do Projeto lembra que a guarda compartilhada busca reorganizar 
as relações entre pais e filhos no interior da família desunida, diminuindo os traumas 
do distanciamento de um dos pais. O equilíbrio dos papéis, valorizando a 
paternidade e a maternidade, traz um desenvolvimento físico e mental mais 
adequado para os casos de fragmentação da família (GRISARD, 2009, p. 191). 
O Projeto de Lei foi aprovado na Câmara dos Deputados, e logo após foi 
encaminhado ao Senado da República, retornando para apreciação do Substitutivo 
ao Projeto da Câmara dos Deputados 58/2006, oferecido pelo Senador Demóstenes 
Torres. Depois, retornou à casa de origem onde a Relatora da matéria, Deputada 
Cida Diogo, manifestou-se pela aprovação do Projeto nos termos do Substitutivo, 
reconhecendo significativo avanço e aperfeiçoamento na legislação de família, ao 
disciplinar de maneira mais minuciosa as diversas situações que surgem na 
atribuição da guarda, tratando não só da guarda compartilhada como também da 
unilateral. Diz a Deputada em seu parecer que o Substitutivo do Senado Federal é a 
opção que mais bem atende aos ditames constitucionais de proteção integral a 
crianças e adolescentes, no interesse da família brasileira. Aprovado na Câmara, o 
Projeto foi sancionado pelo Presidente da Republica no dia 13 de junho de 2008, 
convertendo-se na Lei 11.698, assim ementada: 
 
 
55 
Altera os artigos 1.583 e 1.584 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – 
Código Civil, para instituir e disciplinar a guarda compartilhada (GRISARD, 
2009, p. 191-192). 
 
A regulamentação legal implantada pela Lei 11.698/2008 entrou em vigor 
após sessenta dias de sua publicação. 
A Lei 11.698/08 permitiu uma mudança significativa no Código Civil 
brasileiro, instituindo e priorizando a guarda compartilhada como um sistema de 
corresponsabilidade dos pais no exercício da autoridade parental após a ruptura 
conjugal, visando atender a necessidade dos filhos de manter a estrutura familiar 
sem perder a referência dos pais, sendo assim, a guarda unilateral deixa de ter a 
preferência. Além disso, guarda passou a ser determinada a quem revelasse 
melhores condições para atendê-la, e garantiu ao genitor não guardião o direito de 
visitar os filhos e fiscalizar sua criação e educação. 
A lei também introduziu o dispositivo de natureza processual, que impôs ao 
juiz o dever de informar aos pais o significado da guarda compartilhada e da guarda 
unilateral, porém ressaltando a importância e a prioridade do compartilhamento, 
conforme artigo 1.584 § 1ºe § 2º do CC. 
Ocorre que, o uso da expressão: “sempre que possível”, favoreceu ao 
surgimento de interpretações equivocada advindas da jurisprudência. Portanto, 
quase sempre, os juízes concediam a guarda unilateral cedendo a vontade de quem 
não desejava dividir a guarda, pois na maioria dos casos de litígio, os genitores não 
aceitavam a guarda compartilhada. Mesmo diante de reiteradas decisões do 
Supremo Tribunal de Justiça aceitando a possibilidade do compartilhamento, os 
juízes insistiam em não conceder a guarda compartilhada. 
Devido a isso, a guarda compartilhada foi perdendo sua eficácia legal e seus 
efeitos quase não surgiram nos casos concretos. Sendo assim, permaneceu o 
movimento dos pais que desejavam garantir o direito de convivência com seus 
filhos. 
Diante dessas circunstâncias, surge a Lei 13.058 /14, por meio do Projeto de 
Lei 117/2013 de autoria do Deputado Arnaldo Faria de Sá, conhecida como Lei da 
Igualdade Parental, que altera os artigos 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 do CC, porém 
mantêm o significado de guarda unilateral e guarda compartilhada. 
A lei proporcionou as seguintes mudanças para o instituto: o modo de 
compartilhamento, onde garante a convivência com ambos os pais de forma 
 
 
56 
equilibrada, sempre atendendo as condições fáticas e os interesses dos filhos; a 
base de moradia, que será aquelaque melhor atender aos interesses dos filhos, no 
caso dos pais mudarem de cidade; a obrigação do juiz de determinar a guarda 
compartilhada em caso de litígio; a obrigação dos estabelecimentos privados ou 
públicos a prestarem informações para ambos os pais sobre os filhos, sob multa 
diária de R$ 200,00 a R$ 500,00; e o direito do genitor não guardião de 
supervisionar o interesse dos filhos, podendo solicitar informações e prestação de 
contas, se caso o casal optar pela guarda unilateral. 
A nova lei causou muitas divergências de opiniões devido à imposição do 
Estado para que a guarda seja compartilhada, mesmo nos casos de litígio. 
Alguns se manifestam a favor, como Rodrigo da Cunha Pereira, que acredita 
que a lei beneficia os filhos, pois criar filhos com responsabilidade não é nada 
simples, nem mesmo quando os pais vivem juntos ou se entendem. Esta lei vem 
exatamente para os pais que não conseguem conversar entre si. Para os que 
dialogam, obviamente, não precisa de lei alguma. A lei externa (jurídica) é para 
colocar limites e estabelecer parâmetros para quem não os tem internamente. Neste 
caso a lei vem “barrar o gozo” dos pais, que muitas vezes usam os filhos como 
moeda de troca do fim da conjugalidade, e fazem disto um jogo de poder. (Em 
benefício dos filhos, 2014). 
Mas é claro que a aplicação da medida dependerá de muita cautela do juiz, 
pois ele observará o melhor interesse dos filhos, pois aplicar a medida aos pais que 
permanecem em situação de conflito poderá aumentar ainda mais os problemas e 
os conflitos, ocasionando traumas e provocando prejuízos ao filho. 
Neste sentido, autores como Maria Berenice Dias, Álvaro Villaça e Aurélia L. 
Barros Czapski, aludem que para o pleno exercício da guarda compartilhada os 
genitores deverão estar alinhados em prol do bem do menor, ultrapassando 
questões pessoais e rusgas que possam restar do fim do lapso 
matrimonial.(ATENCIO, A falaciosa determinação da aplicação da guarda 
compartilhada, 2.014). 
Sendo assim, percebe-se que a nova lei visa atender o interesse dos filhos 
estabelecendo a convivência com ambos os pais, retirando a ideia de posse, e 
assim, os pais deixam de usar os filhos como moeda de troca. 
 
 
57 
Segundo a Lei 13.058 /14, o artigo 1.583 do Código Civil, passou a ter a 
seguinte redação: 
Artigo 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. 
§ 1º Compreende-se por guarda unilateral atribuída a um só dos genitores 
ou a alguém que o substitua (artigo 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada 
a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da 
mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos 
filhos comuns. 
§ 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser 
dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em 
vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. 
I – ( Revogado); 
II – ( Revogado); 
III – ( Revogado). 
§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos 
filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. 
§ 4º (Vedado). 
§ 5º A guarda unilateral obriga pai ou mãe que não a detenha a 
supervisionar os interesses dos filhos, e para possibilitar tal supervisão, 
qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar 
informações e /ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em 
assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e 
psicológica e a educação dos filhos. 
 
Conforme o caput do artigo 1.583 do Código Civil, tanto a guarda unilateral 
quanto a guarda compartilhada, podem ser uma opção de proteção aos filhos após a 
ruptura. 
De acordo com a primeira parte do § 1º do artigo 1.583, conforme a nova lei, 
define-se a guarda unilateral, a qual será atribuída a um dos genitores ou a alguém 
que substitua, que pode ser um terceiro que não detenha sobre a criança o poder 
familiar. Na guarda unilateral, apenas uma pessoa detém a guarda enquanto que a 
outra tem o favor da visitação regulamentada. 
Já a segunda parte desse mesmo parágrafo define a guarda compartilhada 
como um sistema de corresponsabilidade dos pais no exercício da autoridade 
parental após a ruptura conjugal, visando atender a necessidade dos filhos de 
manter a estrutura familiar sem perder a referência dos pais. 
Apesar da dualidade do sistema contido no caput do artigo 1.583, não se 
exclui a possibilidade de aplicação de outros modelos de guarda, porém a guarda 
alternada não está disciplinada na lei brasileira. 
Conforme o § 1º do artigo 1.583, a guarda compartilhada consiste na 
responsabilização conjunta e no exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que 
não vivam sob o mesmo teto. A norma, na verdade, é bem mais ampla, pois ela é 
relativa não só aos pais que mantiveram uma relação familiar, mas também aos pais 
 
 
58 
que mantiveram uma única e episódica relação sexual, resultando no nascimento do 
filho comum, e desejam conservar os laços paternos. 
No § 2º do artigo 1.583 ficou estabelecida a igualdade parental, uma vez que 
determina a convivência com ambos os pais de forma equilibrada, sempre 
atendendo as condições fáticas e os interesses dos filhos. Vale salientar que, é bem 
diferente da guarda alternada, pois na guarda compartilhada existe o desfrutar de 
dois lares, em harmonia, favorecendo a permanência dos vínculos afetivos e da 
responsabilidade, que garantem o perfeito desenvolvimento dos filhos. Já na guarda 
alternada, há um desempenho exclusivo da guarda, conforme um período já 
estipulado, sendo anual, semestral, mensal entre outros. 
De acordo com o § 3º do artigo 1.583, a base de moradia será aquela que 
melhor atender aos interesses dos filhos, no caso dos pais mudarem de cidade. Vale 
ressaltar que a discricionariedade do juiz não retira a responsabilidade de conservar 
o melhor interesse do menor. 
Porém, para Maria Berenice Dias, não há necessidade de ser definido o lar 
de um dos pais como referência, mas para que não fique a mercê da vontade do 
outro, principalmente quando não existir acordo, cabe ao juiz estabelecer as 
atribuições de cada um e o período de convivência de forma equilibrada. (2015, 
p.527). 
O § 4º do artigo 1.583, de acordo com a nova lei, foi vetado, pois a guarda, 
unilateral ou compartilhada, poderá ser originada tanto por consenso entre os pais 
devidamente homologado pelo juiz ou por determinação legal, bem como poderá ser 
modificada em favor do melhor interesse do menor, em caso de haver motivo grave 
ou alterar os fatores que determinam a guarda. Devido a essa imprecisão contida no 
dispositivo, o Presidente da República vetou o § 4º do artigo. 
O § 5º do artigo 1.583 estabelece o direito do genitor não guardião de 
supervisionar o interesse dos filhos, podendo solicitar informações e prestação de 
contas, se caso o casal optar pela guarda unilateral. Percebe-se que este dispositivo 
tem por finalidade ressaltar a responsabilidade parental, bem como, o exercício de 
direitos e deveres inerentes ao poder familiar para que haja uma maior efetividade. 
A nova lei também modificou o artigo 1.584 do Código Civil, que passou a ter 
a seguinte redação: 
 
 
 
 
59 
Artigo 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: 
I – Requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, 
em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união 
estável ou em medida cautelar; 
II – Decretada pelo juiz, em atenção as necessidades específicas do filho, 
ou em razão da distribuição de tempo, necessário ao convívio deste com o 
pai e com a mãe. 
§ 1º Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o 
significado da guarda compartilhada, a sua importância,a similitude de 
deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo 
descumprimento de suas cláusulas. 
§ 2º Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do 
filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, 
será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar 
ao magistrado que não deseja a guarda do menor. 
 
§ 3º Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de 
convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento 
do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional 
ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar a divisão equilibrada de 
tempo com o pai e com a mãe. 
§ 4º A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula 
de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução de 
prerrogativas atribuídas ao seu detentor. 
§ 5º Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai 
ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a 
natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e 
as relações de afinidade e afetividade. 
§ 6º Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar 
informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de 
multa de R$200,00 (duzentos reais) à R$ 500,00(quinhentos reais) por dia 
pelo não atendimento da solicitação. 
 
O caput do referido artigo confirma a dualidade do sistema de guarda, 
unilateral e compartilhada. Os incisos I e II do artigo citado diz respeito às formas de 
estabelecimento de guarda, que poderá ser por consenso ou por determinação 
judicial. Quando há acordo entre os pais, esse acordo poderá ser submetido à 
homologação do juiz, ou senão qualquer dos pais poderá propor uma ação 
autônoma com a finalidade de solucionar a questão da guarda, ou de separação, de 
divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar. 
O § 1º do artigo 1.584 estabeleceu ao juiz o dever de, na audiência de 
conciliação, informar ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, sua 
importância, a igualdade de direitos e deveres que competem aos pais e as sanções 
pelo descumprimento de suas cláusulas. Esse dispositivo diz respeito à 
conscientização da permanência dos laços afetivos entre pais e filhos como direito 
do menor. 
Caso não haja acordo entre os pais, conforme o § 2º do artigo 1.584, a 
guarda unilateral só será determinada a um dos genitores, quando o outro declarar 
 
 
60 
ao juiz que não deseja a guarda do menor, ou seja, se ambos os genitores 
concordarem com a guarda unilateral. Sendo assim, o juiz não pode determinar o 
compartilhamento. Mas se apenas um dos genitores não concordar com a guarda 
compartilhada, poderá o juiz determiná-la por meio de ofício ou requerimento do 
Ministério Público. 
No entanto, segundo José Fernando Simão, apesar da modificação 
legislativa, não acontecerá a citada obrigatoriedade. Para ele, "no caso da guarda 
compartilhada, em situações de grande litigiosidade dos pais, assistiremos às 
seguintes decisões: 'em que pese a determinação do CC de que a guarda deverá 
ser compartilhada, no caso concreto, a guarda que atende ao melhor interesse da 
criança é a unilateral e, portanto, fica afastada a regra do CC que cede diante do 
princípio constitucional'. A lei não é, por si, a solução do problema como parecem 
preconizar os defensores do PL 117/03. A mudança real é que o Magistrado, a partir 
da nova redação de lei, precisará invocar o preceito constitucional para não segui-la. 
Nada mais".( Guarda compartilhada obrigatória. Mito ou realidade? O que muda com 
a aprovação do PL 117/2013, 2014). 
E esse é o entendimento do TJ-RG, pois mesmo após a implementação da 
nova lei, as decisões estão baseadas no consenso dos genitores para a 
determinação da guarda compartilhada para atender o interesse do menor, 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. 
GUARDA COMPARTILHADA. DESCABIMENTO. Para a instituição da 
guarda compartilhada mostra-se necessária a existência de consenso entre 
os genitores, o que não se verifica no caso dos autos. Apelação desprovida. 
(Apelação Cível Nº 70064016876, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça 
do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 07/05/2015). 
 
Sendo assim, independente da obrigatoriedade da lei, o que sempre irá 
prevalecer nas decisões dos magistrados será o interesse do menor, pois verifica-se 
que em determinados casos de litígios, a guarda compartilhada só aumentará o 
conflito, prejudicando o menor. 
O § 3º do artigo 1.584 estabelece poderes ao juiz para, de ofício ou 
requerimento do Ministério Público, buscar em trabalho técnico-profissional ou de 
equipe interdisciplinar subsídios à sua decisão. Conforme esses elementos, o juiz 
estabelecerá a guarda compartilhada, determinando as atribuições dos pais e os 
períodos de convivência com os filhos de forma equilibrada. Tais procedimentos 
também são aconselháveis quando o juiz optar pela guarda unilateral. 
 
 
61 
Conforme o § 4º do artigo 1.584 do Código Civil, na audiência de 
conciliação, o juiz informará as partes sobre as sanções que lhes podem ser 
impostas pelo descumprimento de suas atribuições, advertindo-as quanto à 
necessidade de estrita obediência ao que foi homologado ou decretado. 
Conforme o § 5º do artigo 1.584, sempre que se verificar a inconveniência 
dos filhos permanecerem na companhia do pai ou da mãe, o juiz poderá atribuir à 
guarda a terceira pessoa que demonstre aptidão com a natureza da medida. Porém, 
observando-se a preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade entre 
o guardião e o menor. Vale lembrar que, tanto na guarda unilateral quanto na guarda 
compartilhada, o terceiro poderá dividir as responsabilidades com o pai ou a mãe do 
menor, como entre um dos pais e os avós, um avô materno e uma avó paterna, 
entre ambos os avós paternos e os avós maternos, um dos pais e um parente ligado 
ao menor por laços de afinidade e afetividade, um dos pais e seu companheiro. A 
ratio do instituto é ampliar a proteção dos interesses dos filhos (GRISARD, 2009, p. 
207). 
O § 6º do artigo 1.584 estabelece a obrigação dos estabelecimentos 
privados ou públicos a prestarem informações para ambos os pais sobre os filhos, 
sob multa diária de R$ 200,00 a R$ 500,00. 
A nova lei também modificou o artigo 1.585 do Código Civil, que passou a ter 
a seguinte redação: 
 
Artigo 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos, em 
sede de medida cautelar de guarda ou em outra sede de fixação liminar de 
guarda, a decisão sobre a guarda de filhos, mesmo provisória, será 
proferida preferencialmente, após a oitiva de ambas as partes perante o 
juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos exigir concessão de 
liminar sem a oitiva da outra parte, aplicando-se as disposições do art. 
1.584. 
 
Conforme o artigo 1.585, por meio de medida cautelar de separação de 
corpos, de guarda ou em outra sede em que é buscada fixação de guarda, a 
decisão, mesmo que provisória, deverá ser provida preferencialmente após a oitiva 
de ambas as partes perante o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos 
exigir a concessão de liminar sem a oitiva da outra parte. (DIAS, 2015, p. 524). 
Sendo assim, excepciona a regra da prévia oitiva da parte contrária, antes de 
concessão de liminar de guarda, se a proteção aos interesses dos filhos exigir. 
(DIAS, 2015, p. 530). 
 
 
62 
3.4 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MODELO. 
Como qualquer modelo de guarda, a guarda compartilhada possui 
vantagens e desvantagens, as quais serão analisadas a seguir. 
A principal vantagem da guarda compartilhada é a atribuição da guardajurídica a ambos os genitores, o que garante aos pais a possibilidade de exercer 
igualitária e simultaneamente todos os direitos e deveres relativos à pessoa dos 
filhos. Portanto, há uma cooperação entre os pais, que passam a dar uma 
continuidade das relações de pais e filhos, reduzindo-se assim, a exposição dos 
filhos aos seus conflitos, além de minimizar os desajustes e a probabilidade dos 
filhos desenvolverem problemas emocionais, escolares e sociais. 
Além disso, a guarda compartilhada possibilita uma maior interação entre o 
pai que não possui a guarda material com o filho, uma vez que não há restrição 
quanto à visitação. Isso também, proporciona um elevado grau de satisfação de pais 
e filhos, pois elimina os conflitos de lealdade, que é a necessidade de escolher um 
dos pais, e possibilita que o pai não guardião cumpra com a obrigação alimentar, por 
ter uma intimidade maior com o filho. 
Na guarda compartilhada, os pais elevam os seus padrões éticos, pois 
entendem que, para o filho, ambos os pais possuem a mesma importância, além de 
haver um respeito mútuo entre o casal de pais, apesar da ruptura do casal conjugal. 
Outro aspecto vantajoso da guarda compartilhada é que a vida dos filhos 
oriundos do divórcio permanece intacta, ou seja, o relacionamento próximo e 
amoroso com ambos os pais terá uma continuidade, favorecendo o desenvolvimento 
emocional e psicológico de menor. 
Além disso, a guarda compartilhada reafirma a igualdade parental almejada 
pela Constituição Federal e destaca seu argumento principal no melhor interesse do 
menor, que é válido e defensável, já que o interesse da criança é o critério 
determinante da atribuição da guarda (LEITE, 2003, p. 278). 
Nesse novo paradigma, pais e filhos não correm o risco de perder a 
intimidade e a ligação potencial. Ele é o plano mais útil de cuidado, e justiça, aos 
filhos do divórcio, enquanto equilibra a necessidade do menor de uma relação 
permanente e ininterrupta com seus dois genitores, trazendo como corolário a 
limitação dos conflitos parentais contínuos. Ele recompõe os embasamentos 
emocionais do menor, atenuando as marcas negativas de uma separação. Resulta 
 
 
63 
em um maior compromisso dos pais nas vidas de seus filhos depois do divórcio 
(GRISARD, 2009, p. 224). 
Da mesma forma que ocorre em outros modelos de guarda, a guarda 
compartilhada também tem suas desvantagens, pois todo cuidado parental está 
sujeito a problemas adicionais. 
Isso porque, cada família possui uma estrutura, e nem toda família se adapta 
à guarda compartilhada, especialmente aquelas em que os pais permanecem 
sempre em conflitos, sabotando um ao outro, contaminando a educação dos filhos. 
Para essas famílias, a guarda compartilhada será muito lesiva aos filhos, devendo-
se então, optar pela guarda única e sendo a guarda atribuída ao genitor menos 
contestador e mais disponível aceitar o direito amplo de visita do outro genitor. 
Além disso, outro aspecto negativo da guarda compartilhada está 
relacionado aos arranjos de tempo igual, que são prejudiciais ao menor devido ao 
grande número de mudanças e a falta de uniformidade na vida cotidiana do menor. 
Há muitas críticas a respeito do novo modelo, as quais não podem ser 
absolutas, pois muitas delas surgem devido à falta de conhecimento sobre a guarda 
compartilhada que é confundida facilmente com a guarda alternada. Tais como a do 
Desembargador Bady Cury, citado por Segismundo Gontijo: 
 
Não é preciso ser psicólogo ou psicanalista para concluir que acordo 
envolvendo a guarda compartilhada dos filhos não foi feliz, pois eles 
ficaram confusos diante da duplicidade de autoridade a que estão 
submetidos quase que diariamente, o que não é recomendável (1997, p. 
563-564). 
 
Na verdade, na guarda compartilhada será fixada apenas uma residência, 
diferente da guarda alternada que possibilita a fixação de duas residências, 
respectivas aos pais. Esse equívoco é comum entre alguns críticos, portanto, tais 
críticas não podem ser absolutas, pois o que está sendo levado em consideração na 
guarda compartilhada é o interesse do menor, o que não mais se prossegue com a 
guarda única. 
 
 
64 
CONCLUSÃO 
 
A legislação civil brasileira referente às relações familiares sofreu 
modificações consideráveis, principalmente com relação ao instituto do poder 
familiar. 
Com isso, a figura paterna deixa de ser reverenciada na sociedade conjugal, 
passando a ser priorizado o princípio da igualdade entre os cônjuges. Além disso, o 
interesse dos filhos se sobrepõe ao interesse dos pais, os quais desempenham o 
papel de responsáveis pelos filhos, possuindo direitos e deveres sobre a pessoa e o 
patrimônio do menor. Porém, se algum dos pais ou ambos, negligenciar a tais 
obrigações, poderão ser penalizados com a perda do exercício do poder familiar. 
A evolução do instituto do poder familiar acarretou a modificação da guarda, 
na medida em que a guarda é inerente ao poder familiar. Sedo assim, a guarda, 
como direito natural dos pais de conviver com os filhos para o exercício do poder 
familiar, passou a preconizar o interesse do menor para atribuição de qualquer 
modalidade de guarda. 
Visando atender o melhor interesse do menor, a legislação civil brasileira 
passou a estabelecer a guarda compartilhada como mandamento para o juiz, se 
caso os pais possuam condições de criar seus filhos, sendo assim, a guarda 
compartilhada é automática. Com isso, retirando a ideia de posse dos filhos, e 
assim, os pais deixam de usar os filhos como “massa de manobra”. 
Diante disso, percebe-se que a guarda compartilhada foi introduzida na 
legislação civil brasileira com a finalidade de recepcionar os princípios de igualdade 
e de proteção ao menor, reclamados pela Carta Magna, nas relações paternais e 
filiais após a ruptura conjugal. Dessa forma, a nova modalidade de guarda surgiu 
para dar continuidade ao casal parental e as relações entre pais e filhos, garantindo 
aos pais exercício simultâneo e igualitário do poder familiar e minimizando o 
sofrimento dos filhos. 
 
 
65 
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