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MECÂNICA GERAL ESTÁTICA DOS CORPOS RÍGIDOS 1. Força Representa a ação de um corpo sobre o outro e é caracterizada pelo seu ponto de aplicação, sua intensidade, direção e sentido; A intensidade de uma força é expressa em Newton (N) no Sistema Internacional de Unidades (SI); A direção de uma força é definida por sua linha de ação, ou seja, é a reta ao longo da qual a força atua, sendo caracterizada pelo ângulo que forma com algum eixo fixo; O sentido da força é indicado por uma seta (vetor). 2. Equilíbrio de um ponto material Ponto material é uma pequena porção de matéria que pode ser considerada como se ocupasse um ponto no espaço; Quando a resultante de todas as forças que atuam sobre um ponto material é nula, este ponto está em equilíbrio. Este princípio é consequência da primeira lei de Newton: “se a força resultante que atua sobre um ponto material é zero, este ponto permanece em repouso (se estava originalmente em repouso) ou move-se ao longo de uma reta com velocidade constante (se originalmente estava em movimento)”. Para exprimir algebricamente as condições de equilíbrio de um ponto material, escreve-se: F = força R = resultante das forças A representação gráfica de todas as forças que atuam em um ponto material pode ser apresentada em um diagrama de corpo livre: �𝐹𝐹 = 𝑅𝑅 = 0 EXEMPLO: Verificar se o sistema de forças indicado está em equilíbrio. Solução: As condições necessárias e suficientes para o equilíbrio são: Resposta: O sistema de forças está em equilíbrio � Fx = 0 �Fx = 1500− 1000 sen 300 − 2000 sen 300 � Fx = 1500− 500− 1000 = 0 𝐎𝐎𝐎𝐎 � Fy = 0 �Fy = 2000 cos 300 − 1000 cos 300 − 866 � Fy = 1732− 866− 866 = 0 𝐎𝐎𝐎𝐎 3. Resultante de um sistema de forças Duas forças P e Q que atuam sobre um ponto material podem ser substituídas por uma única força R que tenha o mesmo efeito sobre esse ponto material. Essa força é denominada resultante de P e Q. Portanto: a resultante de um grupo de forças é a força que, atuando sozinha, produz ação idêntica à produzida pelo grupo ou sistema de forças. A resultante pode ser determinada por soluções gráficas ou analíticas. a) Soluções gráficas: quando um ponto material está em equilíbrio sob a ação de mais de três forças o problema pode ser resolvido graficamente pelo desenho de um polígono de forças, como indicado nas figuras: b) Soluções analíticas: os métodos analíticos utilizam a trigonometria e as equações de equilíbrio. EXEMPLOS Parte a: Determinar a resultante das duas forças P e Q que agem sobre o parafuso A. i. Soluções gráficas: força resultante ii. Solução analítica: trigonometria Cálculo da força resultante: Lei dos senos (cálculo do ângulo α): Cálculo do ângulo β : β α R P=40 N Q=60 N 150 Lei dos cossenos: 𝑅𝑅 = �𝑃𝑃2 + 𝑄𝑄2 − 2 𝑃𝑃.𝑄𝑄 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑅𝑅 = �602 + 402 − 2 𝑥𝑥 40 𝑥𝑥 60 𝑥𝑥 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐1550 β α R P=40 N Q=60 N 150 Parte b: Sabendo-se que o parafuso está fixo, portanto em equilíbrio, existem forças de reação que equilibram as forças Q e P. Este princípio é explicado pela terceira lei de Newton: “A toda ação corresponde uma reação, com a mesma intensidade, mesma direção e sentido contrário”. Portanto, o parafuso está reagindo por uma força de mesma intensidade da resultante de P e Q, mas em sentido contrário. A força de reação pode ser decomposta em duas forças Fx e Fy, que são suas projeções sobre os eixos (x e y). Fx = 97,7 cos 350 ∴ Fx = 80 N Fy = 97,7 sen 350 ∴ Fx = 56 N x y Parte c: Verificação do equilíbrio do ponto A. Para que o ponto A esteja em equilíbrio é necessário que o somatório de todas as forças que agem no ponto A seja nulo, ou seja: � Fx = 0 � Fx = 60 cos 450 + 40 cos 200 − 80 �Fx = 42,4 + 37,6− 80 = 0 𝐎𝐎𝐎𝐎 � Fy = 0 � Fy = 60 sen 450 + 40 sen 200 − 56 �Fy = 42,4 + 13,6− 56 = 0 𝐎𝐎𝐎𝐎 EXERCÍCIOS Determinar a força F e o ângulo α. F TB = 2,5 kN C α 200 50 0 TA = 2,5 kN Solução Diagrama de corpo livre: F C α 200 500 x y 2,5 kN 2,5 kN � Fx = 0 F cosα + 2,5 cos 500 − 2,5 cos 200 = 0 F cosα = −2,5 cos 500 + 2,5 cos 200 = 0 F cosα = 0,7422 (1) � Fy = 0 F sen α − 2,5 cos 700 − 2,5 cos 400 = 0 F sen α = 2,5 cos 700 + 2,5 cos 400 = 0 F sen α = 2,7702 (2) De (1) e (2): F sen αF cosα = 2,77020,7422 tgα = 3,7324 arc tgα = arc tg (3,7324) α = 750 Substituindo o valor de α em (2): F cos 750 = 0,7422 F = 0,7422cos 750 ∴ F = 2,87 kN 4. Momento de uma força (formulação escalar) Quando uma força é aplicada a um corpo, ela produz uma tendência de rotação do corpo em torno de um ponto que não está na linha de ação da força: torque, momento de uma força ou simplesmente momento. F - força que atua em um corpo rígido fixo no ponto 0. d - vetor distância perpendicular de 0 à linha de ação de F. 0 - eixo do momento Define-se o momento escalar da força F em relação a 0, como sendo: 𝑀𝑀0 = 𝐹𝐹 .𝑑𝑑 O momento M0 é sempre perpendicular ao plano que contém o ponto 0. O sentido de M0 é definido pelo sentido de rotação imposto pelo vetor F. Convenciona-se momento positivo se a força F tender a girar o corpo no sentido anti-horário e negativo, se tender a girar o corpo no sentido horário. 5. Momento de um sistema de forças coplanares Chama-se momento de um sistema de forças coplanares F1, ..., Fn em relação ao ponto 0, à soma algébrica dos momentos de cada força em relação ao mesmo ponto 0. 𝑀𝑀0 = �𝑀𝑀𝐹𝐹𝑖𝑖𝑛𝑛 𝑖𝑖=1 5.1 Teorema de Varignon Seja R a resultante do sistema de forças: “o momento da resultante de um sistema de forças em relação a um ponto é igual ao momento do sistema, ou seja, a soma algébrica dos momentos de todas as forças componentes em relação ao mesmo ponto O”. 𝑀𝑀𝑅𝑅,0 = �𝑀𝑀𝐹𝐹𝑖𝑖𝑛𝑛 𝑖𝑖=1 5.2 Momento de um binário Duas forças F e – F que tenham o mesmo módulo, linhas de ação paralelas e sentidos opostos formam um binário. A soma das componentes das duas forças em qualquer direção é zero. Entretanto, a soma dos momentos das duas forças em relação a um dado ponto não é zero. Apesar de as duas forças não transladarem o corpo no qual atuam, tendem a fazê-lo girar. EXEMPLOS 1. Uma força de 450 N é aplicada no ponto A como ilustrado nas figuras em seguida. Determinar: a) O momento da força em relação a D; b) A menor força que deve ser aplicada em B para que o valor do momento em relação a D seja igual ao da letra a); c) O módulo da força vertical que, aplicada em C, produza um momento em relação a D igual ao da letra a); d) A menor força que, aplicada em C, ocasiona um momento em relação a D igual ao da letra a); Solução a) O momento da força em relação a D. Utilizando o teorema de Varignon: 𝑀𝑀𝐷𝐷 = 450 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐300. 300− 450 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐600. 125 𝑀𝑀𝐷𝐷 = 88788 𝑁𝑁.𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑀𝑀𝐷𝐷 = 88,8 𝑁𝑁.𝑚𝑚 b) A menor força que deve ser aplicada em B para que o valor do momento em relação a D seja igual ao da letra a) Para se obter a menor força em B que dê o mesmo valor de momento em relação ao ponto D que o item a), deve-se utilizar o maior braço de alavanca:F d 𝑑𝑑 = �2252 + 3002 = 375 𝑚𝑚𝑚𝑚 = 0,375 𝑚𝑚 𝐹𝐹 = 𝑀𝑀𝐷𝐷 𝑏𝑏 ∴ 𝐹𝐹 = 88,80,375 ∴ 𝐹𝐹 = 236,8 𝑁𝑁 c) O módulo da força vertical que, aplicada em C, produza um momento em relação a D igual ao da letra a); F 𝐹𝐹 = 𝑀𝑀𝐷𝐷 𝑏𝑏 ∴ 𝐹𝐹 = 88,80,225 ∴ 𝐹𝐹 = 394,7 𝑁𝑁 d) A menor força que, aplicada em C, ocasiona um momento em relação a D igual ao da letra a); A menor força que, aplicada em C, ocasiona um momento em relação a D igual ao da letra a) é aquela cujo braço de alavanca é o maior possível: 𝑑𝑑 = �2252 + 2252 = 318,2 𝑚𝑚𝑚𝑚 = 0,3182 𝑚𝑚 𝐹𝐹 = 𝑀𝑀𝐷𝐷 𝑏𝑏 ∴ 𝐹𝐹 = 88,80,3182 ∴ 𝐹𝐹 = 279 𝑁𝑁 3. Determinar o momento em A devido ao binário de forças ilustrado na figura: 𝑀𝑀𝐴𝐴 = 𝐹𝐹.𝑏𝑏 𝑀𝑀𝐴𝐴 = 500 . 0,12 ∴ 𝑀𝑀𝐴𝐴 = 60 𝑁𝑁.𝑚𝑚 4. Substituir o binário da figura por uma força F vertical aplicada no ponto B. F B B 𝐹𝐹1 = 𝐹𝐹2 = 500 N 𝑀𝑀𝐴𝐴 = 𝐹𝐹 . 𝑏𝑏 𝐹𝐹 = 𝑀𝑀 𝑏𝑏 ∴ 𝐹𝐹 = 600,15 ∴ 𝐹𝐹 = 400 N 4.4 Equilíbrio de corpos rígidos Um corpo rígido está em equilíbrio quando todas as forças externas que atuam sobre ele formam um sistema de forças equivalente a zero, isto é, quando todas as forças externas podem ser reduzidas a uma força nula e a um binário nulo. As expressões acima definem as equações fundamentais de Estática. �𝐹𝐹 = 0 �𝑀𝑀0 = 0 Decompondo cada força e cada momento em suas componentes cartesianas, encontram-se as condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido no espaço: x y z �𝐹𝐹𝑥𝑥 = 0 �𝐹𝐹𝑦𝑦 = 0 �𝐹𝐹𝑧𝑧 = 0 �𝑀𝑀𝑥𝑥 = 0 �𝑀𝑀𝑦𝑦 = 0 �𝑀𝑀𝑧𝑧 = 0 Equilíbrio ou em duas dimensões (equilíbrio no plano): As condições de equilíbrio de um corpo rígido simplificam-se consideravelmente no caso de uma estrutura bidimensional. Escolhendo os eixos x e y no plano da estrutura, as seis equações de equilíbrio no espaço reduzem-se a: A é um ponto qualquer no plano da estrutura. Estas 3 equações podem ser resolvidas para um máximo de 3 incógnitas. x y 0 �𝐹𝐹𝑥𝑥 = 0 �𝐹𝐹𝑦𝑦 = 0 �𝑀𝑀𝐴𝐴 = 0 5. Apoios Para o estudo do equilíbrio dos corpos rígidos não basta conhecer somente as forças externas que agem sobre ele é necessário conhecer como este corpo rígido está apoiado. Apoios ou vínculos são elementos que restringem os movimentos das estruturas e recebem a seguinte classificação: Apoio móvel: Impede movimento na direção normal (perpendicular) ao plano do apoio; Permite movimento na direção paralela ao plano do apoio; Permite rotação. Apoio fixo: Impede movimento na direção normal ao plano do apoio; Impede movimento na direção paralela ao plano do apoio; Permite rotação. Engaste: Impede movimento na direção normal ao plano do apoio; Impede movimento na direção paralela ao plano do apoio; Impede rotação. 6. Tipos de Estruturas As estruturas são classificadas em função do número de reações de apoio ou vínculos que possuem. Cada reação constitui uma incógnita a ser determinada. Para as estruturas planas, a Estática fornece três equações fundamentais: �𝐹𝐹𝑥𝑥 = 0 �𝐹𝐹𝑦𝑦 = 0 �𝑀𝑀𝐴𝐴 = 0 6.1 Estruturas hipostáticas Estruturas hipostáticas são aquelas cujo número de reações de apoio ou vínculos é inferior ao número de equações fornecidas pelas condições de equilíbrio da Estática. No exemplo apresentado na figura, as incógnitas são duas: RA e RB. Esta estrutura não possui restrição a movimentos horizontais. 6.2 Estruturas isostáticas Estruturas isostáticas são aquelas cujo número de reações de apoio ou vínculos é igual ao número de equações fornecidas pelas condições de equilíbrio da Estática. No exemplo da estrutura da figura, as incógnitas são três: RA, RB e HA. Esta estrutura está fixa; suas incógnitas podem ser resolvidas somente pelas equações fundamentais da Estática. 6.3 Estruturas hiperestáticas Estruturas hiperestáticas são aquelas cujo número de reações de apoio ou vínculos é superior ao número de equações fornecidas pelas condições de equilíbrio da Estática. No exemplo apresentado na figura, as incógnitas são quatro: RA, RB, HA e MA. As equações fundamentais da Estática não são suficientes para resolver as equações de equilíbrio. São necessárias outras condições relativas ao comportamento da estrutura, como, p. ex., a sua deformabilidade para determinar todas as incógnitas. 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