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O LUGAR NA GEOGRAFIA HUMANISTA

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O LUGAR NA GEOGRAFIA HUMANISTA
WERTHER HOLZER
	Hoje o “lugar” é um conceito fundamental para o estudo da geografia. No entanto, ele só ganhou importância para a disciplina a partir dadécada de 1980. Desde a implantação da geografia como disciplina acadêmica – a partir de uma ideia positivista da ciência – o lugar foi eventualmenteestudado pelos geógrafos, mas sempre em um plano secundário.
	A geografia é a ciência dos lugares e não dos homens (LA BLACHE, 1913; citado por RELPH, 1976) Definição essa que perdurou por 50 anos.
	Sauer talvez tenha sido o primeiro a desvincular o lugar deste sentido estritamente locacional. Isto porque ele via a disciplina geográfica como algo que estava “além da ciência”, ou seja, que não devia necessariamente trilhar os caminhos preconizados pelos positivistas.
	“Os fatos da Geografia são fatos do lugar; sua associação origina o conceito de paisagem” (SAUER, 1983)
	Outro autor, este um simples professor secundarista, ao propor um estudo fenomenológico da geografia, se referia à geografia vivida em ato, a partir da exploração do mundo e à ligaão do homem com sua terra natal, “a relação do homem com a Terra […] como modo de sua existência e de seu destino.” (DARDEL, 1990)
	“A situação de um homem supõe um espaço onde ele se move; um conjunto de relações e de trocas; direções e distâncias que fixam de algum modo o lugar de sua existência.” (DARDEL, 1990)
	“O ponto culminante do estudo geográfico é a descrição da Terra em ordem geográfica. A chave para tal ordem está no conceito locacional de lugar. Enfatizar o relativo, o cultural, a experiência histórica da humanidade, em relação aos atributos físicos da área, é fazer o estudo completo da geografia – o estudo dos lugares.” (LUCKERMANN, 1964)
	“[...] a percepção é sempre percepção da coisa total, compreendida num campo mais amplo, o qual, por sua vez, é abrangido em um horizonte de significados mais distantes. O conjunto desse complicado sistema de sempre mutáveis significados 'próximos' e ' longínquos' ligados aos sempre mutáveis momentos de atualidade e potencialidade da percepção, eis o que se chama 'mundo' na fenomenologia.” (LUIJPEN, 1973)
	BUTTIMER (1976) nos forneceu uma ponte entre a geografia e afenomenologia. Segundo a autora, a fenomenologia vê cada pessoa como tendo um “lugar natural” considerado como ponto inicial de seu sistema de referências pessoais. Este “lugar natural” é definido pela “associação de espaços circundantes (surrounding)”, uma série de lugares que se fundem em “regiões significativas”, cada qual com uma estrutura apropriada e orientada em relação a outras regiões.
	“Todos os lugares são pequenos mundos: o sentido do mundo, no entanto, pode ser encontrado explicitamente na arte mais do que na rede intangível das relações humanas. Lugares podem ser símbolos públicos ou campos de preocupação (fields of care), mas o poder dos símbolos para criar lugares depende, em última análise, das emoções humanas que vibram nos campos de preocupação.”
	Tuan proporia definições semelhantes às de Luckermann para discutir os significados do lugar. Para ele, a geografia estuda os lugares sob duas óticas: a do lugar como localização (location) e a do lugar como um artefato único (TUAN, 1975)
	A preocupação dos geógrafos humanistas, seguindo os preceitos da fenomenologia, foi de definir o lugar enquanto uma experiência que se refere essencialmente, ao espaço como é vivenciado pelos seres humanos. Um centro gerador de significados geográficos, que estáem relação dialética com o constructo abstrato que denominamos “espaço”.
	“Lugares são os contextos ou panos de fundo para a intencionalidade definir objetos ou eventos, ou seja, eles podem ser objetos da intenção em seu sentido primordial […] [pois] todaconsciência não é meramente consciência de algo, mas de algo em seu lugar, e […] esses lugares são definidos geralmente em termos dos objetos e de seus significados. Como objetos, no seu verdadeiro sentido, lugares são essencialmente focos de intenção, que têm usualmente uma localização fixa e traços que persistem em uma forma identificável.” (RELPH, 1976)
	“Ao mesmo tempo que procura tornar as coisas próximas, o homem necessita se dirigir, por sua vez, para se reconhecer no mundo circundante, para aí se encontrar, e para manter reta sua caminhada e para abreviar as distâncias.” (DARDEL, 1990)
BIBLIOGRAFIA
HOLZER, Werther (1998):O Lugar na Geografia Humanista(Revista Território, Rio de Janeiro, ano IV, nº 7, p. 67/78, Jul/Dez.1999)
Licenciatura em Geografia – 1º Período
Professor:Eli Fernando Tavano Toledo
Alunos:João Luiz Rezende
	Marlei Cristina dos Santos

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