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AFINAL, COMO ANDA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

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AFINAL, COMO ANDA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA?
Nathália Barros Silveira
A educação vem sendo tratada como “bicho de sete cabeças”, algo complicado para ser tratado de um modo mais descontraído, mas, afinal, em pleno século XXI o jeito de ensinar não mudou. O sistema esqueceu-se de algo muito importante: nem todos os alunos conseguem aprender somente ouvindo uma pessoa falar em sua frente e ficando sentados várias horas por dia com um livro. “Há questionamentos quanto à eficácia da educação brasileira, pois a mesma apresenta um histórico de inovações ao mesmo tempo em que expande os problemas, seja na aprendizagem, seja no convívio entre os estudantes na escola” (BRITO; GUEDES; SANTANA, 2016, p.1).
O objetivo das escolas hoje é que seus alunos passem em uma faculdade conceituada. O mundo escolar gira em torno do vestibular, porém esquecem-se de algo, que além do vestibular existe uma sociedade que precisa ser flexível, responsável e capaz de questionar. “Os países mais desenvolvidos valorizam a Educação e aqueles que pretendem crescer precisam investir nela, superar deficiências e expandir sua participação no mundo globalizado” (VALLE, 2003, p.1). O ensinar virou algo rotineiro, mecânico e ultrapassado, o mundo se desenvolveu menos o modo de ensinar, por isso que o jeito de aprender está cada vez mais precário, pois os jovens, os quais vivem em um mundo da tecnologia, com informação rápida não vão querer ficar sentados enfileirados.
Segundo Valle (2003, p.1) a situação escolar brasileira precisa de mudanças e muito esforço tem sido feito para diminuir a defasagem entre as regiões brasileiras. Porém a defasagem vem de uma hierarquia, onde as escolas públicas e particulares tem uma diferença de ensino, o principal problema atualmente é a falta de professores nas escolas públicas, é comum os professores entrarem em greve sendo assim os alunos ficam sem ninguém para ensina los, muitas vezes professores são colocados para dar aula de matérias que não são da sua área. Na Finlândia que costuma ficar bem colocado nas competições internacionais de estudante onde seu sistema básico é que todos tem o mesmo direito de ensino independentemente de sua renda, além de que os professores são bem preparados com treinamentos específicos para dar aulas e tem plano de carreira, além de precisar ser graduado e ter um mestrado, com isso o professor tem a palavra final dentro da sala de aula, sem tirar a liberdade do aluno para expor sua opinião, fazendo com que o profissional queira inovar e também tornando a profissão inspiradora. “O Brasil ocupa 53° lugar em educação, entre 65 países” (IBGE,2009 apud BRITO; GUEDES; SANTANA, 2016, p.4), com esse dado mostra que o país ainda tem muito o que melhorar, a taxa de crianças na escola aumentou, porém ainda existe uma grande taxa de analfabetos funcionais, levando em conta que o professor tem um piso salarial baixo e muitas vezes sem recursos para dar sua aula, seja por falta de material ou por inúmeros alunos nas salas.
Uma das maneiras de melhorar a educação é reestruturando-a. “Aspectos psicológicos que caracterizam uma personalidade sadia devem desenvolver operações que estimulem a autonomia, a eliminação de medo, a segurança, a flexibilidade, e o afã da busca, e é isso que o processo de ensino precisa” (VALLE, 2003, p.3). Alguns exemplos que revolucionaram o modo de ensinar:
A pedagogia Waldorf, criada pelo Rudolf Steiner em Estugarda, Alemanha, tem como base o conceito de que o desenvolvimento de cada ser humano é diferente entre si e assim o ensino deve levar em conta as diferentes características de cada pessoa. Umas das características marcante de Waldorf é o fato de não exigir do aluno ou cultivar precocemente o pensar intelectual. O objetivo é desenvolver indivíduos livres, integrados, socialmente competentes e moralmente responsáveis. As escolas e professores possuem grande autonomia para determinar o currículo, metodologia e governança. 
A escola da Ponte, situada distrito do Porto em Portugal , é uma colégio não convencional que o objetivo é desenvolver que cada ser humano é diferente e assim o ensino deve levar em conta as diferentes características de cada pessoa, onde os alunos são iguais aos professores um exemplo é a assembleia de alunos, atividade que reúne todos os alunos, na qual são discutidas, analisadas e votadas medidas para o dia a dia na escola, e também tem, a auto avaliação onde o objetivo é desenvolver a autonomia dos alunos, pois quando o mesmo se sente preparado para ser avaliado ele solicita a mesma.
A escola sueca Vittra Telefonplan quase não tem parede e sala. O novo projeto se esforça em apoiar métodos pedagógicos da escola e oferece aos professores e alunos a oportunidade de trabalhar em diferentes configurações, dependendo da situação de aprendizagem em um ambiente inspirador que reúne educação e lazer. O ambiente de design moderno busca incentivar a criatividade e o desenvolvimento de diferentes habilidades, onde os alunos se organizam em grupos para discutir temas e resolver problemas em conjunto. A escola é formada por espaços de convivência, que reúnem conforto e acesso a ferramentas tecnológicas.
O modelo revolucionário da Escola da Ponte, referência mundial em educação, foi a inspiração para o Projeto Âncora, ONG em Cotia, São Paulo, com 17 anos de atuação na área social, lança sua escola de educação básica. Assim como a portuguesa, a Escola Projeto Âncora não tem séries; alunos de 6 a 10 anos estudam juntos, desenvolvem projetos de pesquisa de acordo com suas afinidades e são orientados por professores e pedagogos. Na escola, os alunos são colocados em contato com diferentes atividades: música, informática, esportes, circo, artes e culinária. Para se matricular, é necessário cumprir algumas exigências, como morar em um raio de até 3 km de distância da escola e ter renda familiar de até três salários mínimos, mas não há custo algum para os pais.
Todas as escolas citadas são públicas e seu público alvo são crianças. “A criança é o elo mais fraco e exposto da cadeia social. Nenhuma nação conseguiu progredir sem investir na infância. A viagem pelo conhecimento da infância é a viagem pela profundeza de uma nação. A situação da infância é um fiel espelho de nosso estágio de desenvolvimento econômico, político e social” (DIMENSTEIN,1994 apud VALLE,2003, p.1). Além de que todas são desenvolvidas para formar seres humanos preparados para a vida, levando em conta o desenvolvimento das qualidades necessárias para que os jovens saibam lidar com as constantes e velozes mudanças do mundo, com criatividade, responsabilidade, flexibilidade e capacidade de questionamento. Segundo Brito; Guedes; Santana (2016, p.1-2) desenvolvimento educacional acontece não somente pela educação escolar, mas também através da relação desses indivíduos com o meio social, ou seja, leva a crer que sozinho o sujeito não sobreviverá, restando a ele a interação com meio para melhorar seu desempenho, desenvolver suas potencialidades e promover o processo de autonomia.
	A forma de educação atual no Brasil não está colhendo bons frutos e, portanto, precisa ser mudada. Mudar um sistema que está sendo seguidos a anos será uma tarefa difícil, porém não impossível, pois afinal se podemos mandar o homem à lua, por tanto podemos mudar o sistema educacional. “Para alterar radicalmente resultados negativos, há necessidade de um esforço social, principalmente por parte daquele a quem cabe o papel de especialista na problemática da escola, o psicólogo escolar” (VALLE,2003, p.2). O psicólogo escolar deve, entre outras atribuições, investigar melhor o processo de construção do conhecimento, enfocando os tipos de conhecimento trazidos pela criança ao iniciar sua aprendizagem formal na escola e o que ocorre durante o processo (BRAMBILLA,1997 apud VALLE,2003,p.5) .O psicólogo escolar tem a função também de motivar pois é a falta de motivação do corpo discente para os estudos, a violência entre os estudantes, professores lutando por melhores condições de trabalho, precariedadena estrutura física de alguns estabelecimentos de ensino, dentre outros fatores que comprometem o sistema educacional brasileiro.
“A educação é considerada um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de um país e especificamente do ser humano. É através dela que são repassados os conhecimentos necessários que levam os indivíduos a melhorar a qualidade de vida e consequentemente elevar o índice de crescimento de uma nação” (BRITO; GUEDES; SANTANA, 2016, p.4). Portanto que as aulas sejam um preparo para vida, levando em conta o desenvolvimento das qualidades necessárias para que os jovens saibam lidar com as constantes e velozes mudanças do mundo, com criatividade, responsabilidade, flexibilidade e capacidade de questionamento. Os alunos precisam aprender a articular e ser capaz de se comunicar claramente tanto se abrindo para o que os outros tem a dizer como encontrar a melhor forma para expressar seus pensamentos ao mundo, mas para isso precisa ser mudado o jeito de ensinar. Porém, para que isso aconteça a sociedade tem de sair da sua zona de conforto e manifestar suas vontades sobre a mudança. Tudo isso é possível, basta querer e crer, pois se pode conversar com pessoas do outro lado do planeta podemos transmitir a mudança para o mundo.
Mas, afinal, qual a diferença entre as escolas públicas e privadas?
A fala negativa sobre o ensino público começou na segunda meado dos anos 60, com a democratização do acesso à Educação, fazendo com que o aumento na quantidade de matriculas exigisse que a rede se adaptasse à nova realidade, porém não foi eficiente já que continuou a oferecer um serviço no mesmo molde elitista, como consequência, houve uma redução na qualidade do atendimento e quem tinha melhor poder aquisitivo começou a recorrer ao ensino privado. Ao comparar a qualidade de escolas púbicas e privadas, temos respectivamente, a instituição com salas sucateadas, professores mal pagos e malformados e crianças deixadas completamente de lado, e d o outro lado melhor infraestrutura, professores de ponta e, por consequência, alunos com aprendizagem garantida.
Com a ida das elites para colégios de ponta, surgiu a falsa ideia de que toda escola privada é boa e foram criadas centenas de instituições pagas de má qualidade, mesmo a escola pública vivenciando mudanças importantes e melhorias consideráveis, mas a imagem negativa persistiu. Dados das avaliações externas mostram que há instituições públicas e particulares dividindo tanto as primeiras como as últimas posições nos rankings de desempenho, como as escolas particulares de ponta que abrigam as elites e as escola públicas de ponta (os colégios federais e os de aplicação ligados às universidades). Com isso é preciso olhar o ensino público com uma nova perspectiva, mas negar a possibilidade de melhoria faz com que isso não aconteça, os pais acreditam que ensino de qualidade é somente em escolas particulares, isso faz com que desembolse valores altos sem garantia de um retorno concreto, enfraquece a luta por um ensino gratuito e de qualidade.
A escola pública é um direito, além de ser uma instituição de extrema importância para o fortalecimento da democracia, países que possuem um sistema democrático bastante amadurecido, têm um ensino público extremamente forte, como França, Estados Unidos e Alemanha, isso porque é na escola que as crianças aprendem a conviver e respeitar as diferenças, além de que é lá que a comunidade pode vivenciar um cotidiano mais democrático, por meio da participação direta de todos na gestão da instituição.
As escolas pagas com recursos superiores muitas vezes não investem em qualidade de professores, pois afinal muitos dos que trabalham na rede privada também costumam ter carga horária na escola pública, ou seja, o corpo docente não seria muito distinto em uma rede ou outra. A questão da infraestrutura também é questionada, os estabelecimentos gastam no visual, naquilo que é aparente para os pais que vão contratar o serviço, mas aplicam pouco na educação propriamente dita. Pagam mais do que a escola pública pela hora-aula, mas não investem para que o professor faça um planejamento das atividades.
A questionamentos que a vantagem da escola privada sobre as redes públicas se deve a fatores socioeconômicos, a escola particular tem a liberdade, por exemplo, de expelir alunos que se comportam mal ou que têm mau desempenho, o que a escola pública não pode fazer. Um fator adicional que ajudaria a explicar as limitações da escola particular brasileira estaria na própria sociedade, pois não há uma demanda clara por qualidade – falta cobrança e falta critério, a única exigência é por bons resultados no Enem.
Uma ética de esforço e de respeito ao conhecimento, presente no passado, não existe mais, faltam a concentração e a disciplina indispensáveis para que crianças e adolescentes alcancem as metas de desempenho traçadas pelo Ministério da Educação, no lugar disso, estabeleceu-se a expectativa de alcançar o sucesso profissional e financeiro sem ter de se dedicar. De repente, estudar não importa, isso tem relação com como as famílias se organizam, mas também tem a ver com a tecnologia, com a ideia de que você põe no Google e a resposta vai estar lá, de que você aperta coisas e tem um retorno imediato. As pessoas dizem: "Sem educação não tem futuro". Mas a sociedade brasileira não dá valor à educação. Os pais dedicam cada vez menos tempo ao tema dos filhos, acham que é responsabilidade da escola. É uma mudança de postura que tem efeito maior na rede privada, porque o aluno da escola pública talvez já não fosse chegar a um determinado nível de interações.
Negar os problemas da Educação pública não é o caminho para melhorá-la. Fugir dela, dirigindo-se a escolas particulares, tampouco. A melhoria só é possível quando a comunidade escolar - educadores, funcionários, pais e alunos - deixa de lado o discurso derrotista e passa a valorizar as boas ações, encarar os problemas e lutar para que sejam resolvidos.
REFERÊNCIAS
Texto
BRITO, Francisco Robson Gonçalves de; GUEDES, Jose Demontier; SANTANA, Mary Delane Gomes de. A qualidade do ensino público no Brasil. Disponível em: < https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/a-qualidade-do-ensino-publico-no-brasil >. Acesso em: 14 de outubro de 2017.
BRIZA, Lucita. Escola particular e pública tem a mesma meta: qualidade. Disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/986/escola-particular-e-publica-tem-a-mesma-meta-qualidade >. Acesso em: 14 de outubro de 2017.
Gauchazh. Afinal, escola privada é melhor que a pública? Disponível em: < https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2016/11/afinal-a-escola-privada-e-melhor-do-que-a-publica-8240055.html >. Acesso em: 14 de outubro de 2017.
NOGUEIRA,Paulo. Por que o sistema de educação da Finlândia é tão reverenciado. Disponível em: <http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-a-finlandia-esta-fascinando-o-mundo-com-seu-sistema-de-educacao/ >. Acesso em: 14 de outubro de 2017.
NONO, Maévi Anabel. Breve Histórico da educação infantil no Brasil. Disponível em: < http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u2_breve_historico_da_educacao_infantil_no_brasil.pdf >. Acesso em: 14 de outubro de 2017
Nova Escola. Em favor da escola pública. Disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/2858/em-favor-da-escola-publica >. Acesso em: 14 de outubro de 2017.
MATHIAS, Elaine Cristina Bio; PAULA, Sandra Nazareth de. A educação infantil no Brasil: avanços, desafios e políticas públicas. Disponível em: < http://www.revistainterfaces.com.br/downloads/edicao-1/artigo-1.pdf >. Acesso em: 14 de outubro de 2017.
SETZER, Valdemar W. Pedagogia Waldorf. Disponível em: < http://www.sab.org.br/portal/pedagogiawaldorf/27-pedagogia-waldorf >. Acesso em: 14 de outubro de 2017.
VALLE, Luiza Elena Leito Ribeiro do. Psicologia escolar: um duplo desafio. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932003000100004 >. Acesso em: 14 de outubro de 2017.
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