Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Estácio de Sá Polo: Parangaba Curso: Direito Disciplina: Direito Penal IV Docente: Antônio Augusto Discente: Rubens Melo da Silva Matrícula: 2016.01.66.887-2 Caso Concreto Semana 5 (Crimes Hediondos) Enilton, brasileiro, com 23 anos de idade, casado, previamente combinado com Lúcia, brasileira, solteira, com 19 anos de idade, e tendo contado com o apoio efetivo desta, enganou Sofia, brasileira, com 13 anos de idade, dizendo-se curandeiro, e, a pretexto de curá-la de uma suposta sincope, com ela manteve conjunção carnal consentida, o que acarretou a perda da virgindade da adolescente. Ao contínuo, enquanto Lúcia segurava a adolescente, Enilton, contra a vontade da garota, praticava vários atos libidinosos diversos da conjunção carnal, o que provocou, embora inexistente a intenção de lesionar, a incapacidade de Sofia, por mais de 30 dias, para as ocupações habituais. Considerando a situação hipotética apresentada, tipifique a(s) conduta(s) de Enilton e Lúcia. As práticas delitivas de tanto de Enilton quanto Lúcia estão tipificadas na figura penal de Estupro de vulnerável. O dispositivo em questão encontra-se positivado no art. 217-A, in verbis: “Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2º (Vetado) § 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4º Se da conduta resulta morte: Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Primeiro destaque tratamos na compreensão desse ato vil e horrendo é condição do sujeito passivo ser uma menor de 14 (quatorze) anos. Conforme demonstra Greco (2016, p. 86): “(...)As condutas previstas no tipo penal do art. 217-A são as mesmas daquelas constantes no art. 213 do Código Penal, sendo que a diferença existente entre eles reside no fato de que no delito de estupro de vulnerável a vítima, obrigatoriamente, deverá ser menor de 14 (quatorze) anos de idade”. Encontra-se aqui afasta a possibilidade de argumentação jurídica de erro de tipo por desconhecer a idade da vítima. Conforme demonstrado nos autos do processo os agentes agiram sabendo da condição etária. Esse é componente de extrema relevância para fortalecimento da tese acusatória. Segundo Greco (2016, p. 86): “No que diz respeito à idade da vítima, para que ocorra o delito em estudo o agente, obrigatoriamente, deverá ter conhecimento de ser ela menor de 14 (catorze) anos, pois, caso contrário, poderá ser alegado o chamado erro de tipo que, dependendo do caso concreto, poderá conduzir até mesmo à atipicidade do fato, ou à sua desclassificação para o delito de estupro, tipificado no art. 213 do Código Penal”. Além disso, ressalta-se que a condição da vítima enquanto acometida de enfermidade, conforme demonstrado nos autos. Portanto, enquanto previsão normativa temos a conjugação de atos e condutas que levam a classificação de Estupro de Vulnerável na modalidade qualificada presente no § 3º do art. 217-A do Código Penal. Notadamente, a vítima sofreu sequelas identificadas como lesão corporal de natureza grave. Conforme Greco (2016, p. 93): “A Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009, diz, claramente, que lesão corporal de natureza grave, ou mesmo a morte da vítima, devem ter sido produzidas em consequência da conduta do agente, vale dizer, do comportamento que era dirigido finalisticamente no sentido de praticar o estupro”. Convém destacar que teremos também o aumento de pena para esse caso, em especial, seguindo orientação do inciso I do art.226 do Código Penal, com a redação que lhe foi conferida pela Lei nº 11.106, de 28 de março de 2005, in verbis: “Art. 226. A pena é aumentada: I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas”; Sobre a possibilidade de argumentação jurídica da defesa sobre a impossibilidade de estupro de vulnerável executada por mulher, no caso acusada Lucia, destaca-se que a mesma enquadra-se na condição de sujeito ativo do delito, independente, da condição de gênero. Portanto, ressalta-se que o texto legal do artigo 217-A do Código Penal cita “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso”, ressalta-se que a conduta da acusada enquadra-se na ativa participação do estupro e, particularmente, naquilo que legislador tratou como “(...) ou praticar outro ato libidinoso”. Em termos doutrinários, apresentamos citação de Greco (2016, p. 91) para que não reste dúvida sobre impossibilidade de exclusão da possibilidade de tipificação do crime perpetrado pela acusada Lúcia. Assim nos ensina o renomado doutrinador: “Tanto o homem quanto a mulher podem figurar como sujeito ativo do delito de estupro de vulnerável, com a ressalva de que, quando se tratar de conjunção carnal, a relação, obrigatoriamente, ser heterossexual; nas demais hipóteses, ou seja, quando o comportamento for dirigido a praticar outro ao libidinoso, qualquer pessoa poderá figurar nessa condição”. Segundo Cunha (2015, p. 450), estamos diante de um crime preterdoloso (dolo no antecedente e culpa no consequente). Destaca-se, por fim, que estamos punido uma conduta delitiva que deve ser entendida como sendo (CUNHA, 2015, p. 450): “A conduta de praticar com menor atos libidinosos abrange tanto o ato sexual tendo a vítima um comportamento passivo (permitindo que com ela se pratiquem os atos) ou ativo (praticando os atos de libidinagem no agente) (...)”. Conforme demonstrado acima e confirmado através das provas, Requer a punição dos acusados segundo estabelecido em nosso ordenamento jurídico para reestabelecimento da paz social e resposta jurídica para um crime de tamanha gravidade e repulsa. CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte especial, volume único, 7ª. Ed. Salvador, BA: Juspodivm, 2015. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: volume III: parte especial. 13 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2016. VADE MECUM RT. 14 ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista do Tribunais, 2017.
Compartilhar