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Marcadores Pancreáticos
Slide 1 – CAPA
Slide 2
Fisiologia do Pâncreas
O pâncreas é conhecido como uma glândula mista, pois tem atividade endócrina e exócrina.
Na porção endócrina: É secretado no sangue hormônios como a insulina e glucagon.
Na porção exócrina: É Liberado suco pancreático contendo enzimas digestivas no duodeno. Essas enzimas incluem tripsinogênio, quimotripsinogênio, proelastase, e procarboxipeptidase, que, uma vez ativadas, hidrolisam proteínas; lipase, que hidrolisa lipídeos e amilase, que hidrolisa amidos.
Slide 3 
Distúrbios do pâncreas exócrino 
Lesão do parênquima pancreático: provoca o extravasamento de enzimas pancreáticas no interstício do pâncreas e na cavidade peritoneal. Essas enzimas chegam à circulação sanguínea, conforme evidenciado pelo aumento de suas atividades no soro. A lesão pancreática mais comum é a inflamação do pâncreas (pancreatite). O extravasamento de enzimas pancreáticas para a cavidade peritoneal é acompanhado de lesão do tecido pancreático, exacerbando a gravidade e a extensão da inflamação.
Produção e secreção insuficientes de enzimas pancreáticas: ocorre devido à perda de células acinares (são responsáveis pela liberação de enzimas digestivas e outros componentes não enzimáticos – bicarbonato – no duodeno) do pâncreas. Esse distúrbio é denominado insuficiência pancreática exócrina e promove inadequada função digestiva (má digestão).
Slide 4 
Diagnóstico de lesão pancreática
O diagnóstico de pancreatite pode ser extremamente difícil. Os sinais clínicos e o histórico dos pacientes costumam ser sugestivos, mas há necessidade de testes laboratoriais e de exames radiográficos e/ou ultrassonográficos para confirmar o diagnóstico. Infelizmente, os exames laboratoriais muitas vezes não são indicadores específicos, nem sensíveis, de pancreatite. Os exames mais utilizados são os que determinam a atividade sérica das enzimas pancreáticas digestivas que extravasam das células acinares lesionadas do pâncreas. A medição da atividade sérica de amilase e lipase é o exame mais comum, porém, recentemente tem-se utilizado o teste de imunorreatividade semelhante a tripsina sérica.
Slide 5
Amilase sérica
A amilase está presente em vários tecidos. A maior concentração é verificada no pâncreas e na mucosa do intestino delgado. Em cães normais, a origem do fator indutor da atividade da amilase sérica é controversa. Alguns autores relatam que sua origem é pancreática em quanto outros dizem ser extrapancreática. Cães com azotemia (é a alteração bioquímica caracterizada laboratorialmente pela elevação sanguínea de compostos nitrogenados não proteicos (ureia e creatinina, normalmente eliminados pelos rins) por diminuição da taxa de filtração glomerular e consequente redução na excreção urinária desses compostos) comumente apresentam aumento da atividade sérica de amilase; os rins parecem exercer importante influência nessa atividade. Em cães, as causas de aumento da atividade sérica de amilase incluem disfunção renal, doença gastrointestinal, doença hepática, neoplasias e a lesão pancreática.
Slide 6
Causas de aumento da atividade sérica de amilase
Lesão Pancreática – Lesão ou morte de células acinares do pâncreas resulta no extravasamento de amilase dessas células. Pancreatite é sua causa mais comum. Em alguns casos, a obstrução de ducto pancreático também pode provocar aumento da atividade sérica de amilase devido à reabsorção da secreção pancreática pelo sistema de ductos pancreáticos.
Disfunção Renal – Cerca de 60% dos cães com insuficiência renal apresentam aumento da atividade sérica de amilase. Cães com azotemia pré ou pós-renal também podem exibir maior atividade sérica de amilase. Em animais normais, quantidade constante dessa enzima extravasa das células acinares do pâncreas e/ou de outros tecidos e atinge o sangue. Caso ela não seja excretada ou inativada numa taxa constante, sua atividade sérica aumenta. Considera-se a filtração glomerular uma importante via de excreção da amilase; sendo assim, é possível que a diminuição na taxa de filtração glomerular (TFG) ocasione um aumento na atividade sérica dessa enzima em animais normais (por exemplo, animais sem lesão pancreática). No entanto, estudos sobre excreção renal de amilase em cães mostram resultados conflitantes. Em pelo menos um estudo, os resultados sugerem fortemente que a amilase não passa pelos glomérulos normais de cães e que, portanto, a menor excreção glomerular não pode explicar o aumento da atividade sérica de amilase que ocorre na disfunção renal. Essa incapacidade de as pequenas moléculas de amilase (com peso molecular de 54.000 dáltons) passarem pelo filtro glomerular normal provavelmente se deve à formação de macroamilases. Geralmente elas representam moléculas de amilase combinadas com outras proteínas plasmáticas; podem, também, ser complexos compostos por moléculas de amilase polimerizadas. As moléculas resultantes são muito grandes para passar pelo filtro glomerular normal de cães. A falta de correlação entre a concentração sérica de uréia ou de creatinina, que dependem da taxa de filtração glomerular e a atividade sérica de amilase também depõe contra a tese de menor filtração glomerular como único mecanismo indutor de aumento da atividade sérica de amilase em cães com azotemia. O aumento da atividade sérica de amilase verificado na disfunção renal pode decorrer de lesão pancreática secundária à uremia. Isso ocorre em humanos, mas não está bem documentado em cães. Além disso, é possível que os rins inibam a amilase por um mecanismo que não depende da passagem de amilase pelo filtro glomerular. Até a presente data, não há evidência desse tipo de inativação renal da amilase. A inativação hepática é um importante mecanismo de excreção de amilase em cães. A diminuição na taxa de inativação hepática também pode contribuir para o desenvolvimento de hiperamilasemia em cães urêmicos; contudo, até o momento não há evidência que sustente tal afirmação. Independentemente do mecanismo que ocasiona aumento da atividade sérica de amilase em cães com disfunção renal, tal distúrbio (pré-renal, renal ou pós-renal) pode resultar em maior atividade sérica de amilase e esse aumento não se deve, necessariamente, à lesão pancreática.
Doença gastrointestinal – Há relato de aumento da atividade sérica de amilase em cães com enterite, obstrução de intestino delgado e perfuração intestinal. Esse aumento pode advir do extravasamento de amilase das células epiteliais da mucosa, nas quais normalmente ela está presente, dos linfáticos e dos vasos sanguíneos da mucosa intestinal. Em pacientes com ruptura intestinal, amilase do trato intestinal provavelmente extravase diretamente para a cavidade peritoneal e, em seguida, se difunda no sangue.
Doença hepática – A causa de aumento da atividade sérica de amilase em pacientes com doença hepática não é evidente. O sistema fagocítico mononuclear do fígado é a principal via de degradação de amilase e o comprometimento desse sistema, resultando em menor depuração da amilase no sangue, pode determinar aumento da atividade sérica dessa enzima. A amilase normalmente está presente nos hepatócitos e aumento na atividade sérica da enzima pode ser provocado pelo extravasamento de hepatócitos lesados. Contudo, em cães normais, a concentração de amilase nos hepatócitos é menor do que a concentração no sangue; esse extravasamento, sozinho, não pode responder pela hiperamilasemia. Não há relato de aumento da produção de amilase pelos hepatócitos.
Neoplasia – Há relato de aumento da atividade sérica de amilase em cães com linfoma ou hemangiossarcoma; contudo, não se sabe a causa desse aumento de atividade e a frequência de ocorrência em cães com essas neoplasias.
Conforme evidenciado em discussão anterior, o aumento da atividade sérica de amilase não é um indicador específico de lesão pancreática em cães, pois várias doenças podem redundar em maior atividade dessa enzima. Embora não definitivo, a magnitude do aumento da atividade sérica de amilase podeser útil para diferenciação entre aumento causado por lesão pancreática e aumento induzido por outras doenças. Uma “regra prática” muito empregada considera que atividade sérica de amilase três vezes maior que o limite superior da faixa de normalidade é muito sugestiva de lesão pancreática e menos típica de outras possíveis causas. No entanto, é comum notar lesão pancreática com atividade sérica de amilase inferior a três vezes o limite superior de normalidade, o que foi relatado em cães com azotemia. Em cães com pancreatite, a gravidade dos sinais clínicos não necessariamente se correlaciona à atividade de amilase.
Slide 7
Amilase Sérica em Outras Espécies
A utilidade e a interpretação da atividade sérica de amilase variam de acordo com a espécie. Em gatos com lesão pancreática, geralmente a atividade sérica de amilase não está elevada e, às vezes, está diminuída; portanto, esse teste não é indicador confiável de lesão pancreática. Em equinos com lesão pancreática, o aumento da atividade sérica de amilase, caso haja, geralmente é discreto. Relatos indicam que a atividade sérica de amilase aumenta mais de 50% em equinos com enterite proximal e em mais de 25% daqueles com outras causas de cólica intestinal. Nesses casos, a amilase sérica pode ser oriunda da mucosa intestinal. Vários desses equinos apresentam ainda azotemia pré-renal e, nesse caso, também é possível o aumento da atividade sérica de amilase em decorrência da disfunção renal.
Slide 8
Lipase Sérica
Em cães, a lipase aparece em vários tecidos, inclusive pâncreas, tecido adiposo, mucosa gástrica e mucosa do duodeno. A origem da atividade sérica de lipase em cães normais é controversa; resultados de alguns estudos sugerem que essa enzima seja de origem pancreática, enquanto outros consideram sua origem provavelmente extrapancreática. Os rins podem ter importante participação na excreção e/ou inativação da lipase sérica, pois tal atividade enzimática em geral está elevada em cães com azotemia. Em cães, as causas de aumento da atividade sérica de lipase são lesão pancreática, disfunção renal, doença hepática, terapia com corticosteróide, doença gastrointestinal e neoplasia.
Slide 9
Atividade sérica da lipase aumentada
Lesão pancreática – Lesão ou morte das células acinares do pâncreas promove extravasamento de lipase dessas células. Pancreatite é a causa mais comum dessas lesões. A obstrução de ducto pancreático também pode provocar aumento da atividade sérica de lipase devido a reabsorção da secreção pancreática pelo sistema de ductos pancreáticos.
Disfunção renal – Cerca de 50% dos cães com insuficiência renal apresentam aumento da atividade sérica de lipase. Cães com azotemia pré ou pós-renal também podem mostrar maior atividade sérica de lipase. Um possível mecanismo para esse aumento é a incapacidade de os rins excretarem lipase, normalmente presente no sangue e oriunda das células acinares do pâncreas e/ou de outros tecidos. A filtração glomerular pode ser uma importante via de excreção de lipase; no entanto, a participação dos rins na excreção dessa enzima não foi claramente demonstrada. A falta de correlação entre a magnitude da diminuição na TFG e o aumento da atividade sérica de lipase tem levado a especulações sobre o envolvimento de outros fatores na hiperlipasemia verificada em insuficiência renal. Menor degradação de lipase nos túbulos renais e lesão pancreática secundária à uremia podem proporcionar aumento da atividade sérica de lipase em cães com redução na TFG. Contudo, essas possíveis causas não foram documentadas. Independentemente do mecanismo, a atividade sérica de lipase pode aumentar em cães que tenham menor TFG e não apresentem lesão pancreática significativa.
Doença hepática – Não se conhece o mecanismo que induz a aumento da atividade sérica de lipase e à frequência do aumento dessa atividade em cães com doença hepática.
Terapia com corticosteróide – Em cães, a terapia com dexametasona pode ocasionar aumento de até cinco vezes na atividade sérica de lipase; o tratamento com prednisona pode provocar menor aumento. O mecanismo desse aumento não é conhecido e não ocorre aumento concomitante da atividade sérica de amilase em razão do uso desses medicamentos. Nem a dexametasona nem a prednisona causam lesão pancreática detectável em cães. Devido ao risco de aumento da atividade sérica de lipase induzido por corticosteróide, a atividade sérica de amilase é um indicador mais específico de lesão pancreática que a de lipase, em cães submetidos ao tratamento com corticosteróide.
Doença gastrointestinal – Em cães com aumento da atividade sérica de lipase sempre deve se considerar a doença gastrointestinal no diagnóstico diferencial. Há relato de aumento da atividade sérica de lipase de duas a cinco vezes o valor do limite superior de normalidade em cães jovens com gastroenterite de provável origem viral, embora não tenha sido totalmente excluída a possibilidade de pancreatite nesses animais. Há relato de aumento da atividade sérica de lipase em cães com obstrução duodenal. Conforme já mencionado, há lipase nas mucosas gástrica e duodenal, que podem ter causado o aumento da lipase sérica nesses cães.
Neoplasia – Há relato de aumento da atividade sérica de lipase em cães com linfoma ou hemangiossarcoma; contudo, não se sabe a causa desse aumento de atividade e a frequência de ocorrência em cães que apresentam essas neoplasias.
Conforme evidenciado em discussão anterior, o aumento da atividade sérica de lipase não é um indicador específico de lesão pancreática, porque várias outras doenças podem produzir tais aumentos, em cães. Como na atividade sérica de amilase, a magnitude do aumento da atividade sérica de lipase pode ser útil para diferenciar entre o aumento induzido por outras doenças. Uma “regra prática” muito empregada considera que atividade sérica de lipase superior a duas vezes o limite superior de normalidade é muito sugestiva de lesão pancreática e menos típica em outras causas de aumento de atividade. No entanto, essa regra não se aplica aos cães que recebem tratamento com corticosteróide, especialmente dexametasona, pois oseu uso terapêutico pode ocasionar aumento da atividade de lipase de até cinco vezes. Atividade sérica de lipase inferior a duas vezes o limite superior de normalidade é notada em cães com lesão pancreática; a gravidade dos sinais clínicos não se correlaciona necessariamente à atividade de lipase.
Slide 10
Lipase Sérica em Outras Espécies
A utilidade e a interpretação da atividade sérica de lipase variam de acordo com a espécie. Assim como a amilase, a lipase não é um indicador confiável de pancreatite em gatos. Os gatos com pancreatite costumam apresentar atividade sérica de lipase dentro da faixa de normalidade. Não há relato da utilidade da atividade sérica de lipase para detecção de lesão pancreática em equinos.
Slide 11
Amilase Sérica versus Lipase Sérica em Cães
A ocorrência de pancreatite e, portanto, lesão pancreática, é mais comum em cães; nessa espécie, a validade da determinação da atividade enzimática sérica para diagnóstico de lesão pancreática tem sido minuciosamente avaliada. Vários estudos comparam a utilidade da medição da atividade sérica de amilase e lipase em cães. Há pesquisas a respeito da sensibilidade e da especificidade dessas enzimas, bem como das taxas nas quais aumentam e diminuem após a lesão pancreática.
Nem a atividade sérica de amilase nem a de lipase é sensível para detectar lesão pancreática de cães; as atividades séricas de amilase e lipase em cães com pancreatite podem ser normais. Além disso, elas não são específicas ao diagnóstico de lesão pancreática de cães. Conforme antes mencionado, pode haver aumento das atividades séricas de amilase ou lipase em cães com vários outros distúrbios não relacionados à lesão pancreática. Apesar do baixo grau de sensibilidade e especificidade desses testes enzimáticos, a atividade sérica de lipase parece ser mais sensível e específica à detecção de lesão pancreática do que a atividade de amilase.Estudos sobre taxas relativas nas quais as atividades séricas de amilase e lipase aumentam após lesão pancreática mostram resultados conflitantes. A opinião que prevalece considera que elas aumentem em taxas semelhantes. A atividade das duas enzimas geralmente aumenta nas primeiras 24h, com valor máximo de 4 a 5 dias após a lesão. As duas enzimas parecem ter meia-vida sérica curta (3 a 6h). A atividade sérica de lipase pode permanecer aumentada por um tempo mais longo do que a atividade da amilase. A meia-vida curta dessas enzimas explica, paralelamente, a ocorrência ocasional de atividade enzimática sérica normal em animais com lesão pancreática; a lesão pode ser aguda e o extravasamento pode ter parado no momento da coleta de amostra de sangue destinada à medição da atividade sérica da enzima. Com base em informações disponíveis a respeito dessas enzimas, as atividades séricas de amilase e lipase devem ser medidas quando houver suspeita de pancreatite. Caso haja aumento marcante da atividade sérica de amilase ou lipase (aumento de duas ou três vezes comparado ao limite superior de normalidade, respectivamente) e o cão não apresentar azotemia nem for tratado com corticoide, é provável que haja pancreatite. Em cães submetidos a tratamento com corticosteróides, especialmente dexametasona, a atividade sérica de amilase é um parâmetro mais confiável.
Em resumo, a medição das atividades de amilase e de lipase no soro sanguíneo pode ser útil para definir o diagnóstico de lesão pancreática em cães, caso interpretada juntamente com o histórico do paciente, os sinais clínicos e os resultados de outros testes laboratoriais.
Slide 12
Atividades de Amilase e de Lipase no Fluido Peritoneal
Caso seja possível obter fluido peritoneal de animais com suspeita de lesão pancreática, a medição das atividades de amilase e lipase nesse fluido pode ser um parâmetro útil para o diagnóstico. Na lesão pancreática ativa, essas enzimas extravasam para a cavidade e sua atividade no fluido peritoneal pode estar aumentada. Atividade de lipase ou amilase no fluido peritoneal superior à do soro sugere lesão pancreática, cujas atividades enzimáticas no soro sanguíneo indicam, confiavelmente, a presença de lesão. O emprego desse teste também deve ser considerado para qualquer gato ou equino com suspeita de lesão pancreática, pois a atividade sérica pode não ser indicador confiável dessa lesão nessas espécies. No entanto, a perfuração de duodeno também pode causar aumento das atividades de lipase e de amilase no fluido peritoneal. A sensibilidade e a especificidade das atividades dessas enzimas no fluido peritoneal para detectar lesão pancreática não foram determinadas.
Slide 13
Imunorreatividade semelhante à tripsina sérica
A imunorreatividade semelhante a tripsina sérica (IST) é proporcional aos teores séricos de tripsinogênio e tripsina. O tripsinogênio é sintetizado apenas pelo pâncreas, sendo convertido em tripsina, uma enzima proteolítica ativa no intestino delgado. A medição de IST por radioimunoensaio permite detectar tripsinogênio e tripsina (por isso o termo imunorreatividade semelhante à tripsina). Em animais normais, pequena parte de tripsinogênio, principal forma de IST produzida pelas células acinares do pâncreas, extravasa no compartimento extracelular e, por via linfática, chega ao sangue. A atividade sérica normal de IST é um bom indicador de produção adequada de tripsinogênio pancreático.
Lesão às células do parênquima pancreático resulta em extravasamento de grande quantidade de tripsinogênio das células acinares para o compartimento extracelular. O tripsinogênio é rapidamente ativado para originar tripsina, a qual se difunde até chegar à corrente sanguínea onde, apesar de se ligar aos inibidores de protease, é detectada como aumento da IST sérica. Portanto, a determinação da IST sérica é muito útil para diagnóstico de lesão pancreática. No entanto, seu teste é espécie-específico e apenas se encontra facilmente disponível para cães e gatos.
A validação da superioridade da IST sérica para diagnóstico de pancreatite, em comparação com as atividades de amilase e lipase no soro sanguíneo, aguarda avaliação de pesquisas clínicas. Como o tripsinogênio e a tripsina são produzidos apenas no pâncreas, a IST é um exame muito mais específico para diagnóstico de lesão pancreática em cães do que a medição da atividade sérica de amilase e lipase. Em cães com lesão pancreática induzida pela ligadura do ducto pancreático, a IST sérica aumentou e diminuiu mais rapidamente que a atividade sérica de amilase e lipase; portanto, a IST sérica também é um indicador muito mais sensível de pancreatite em fase inicial. O tripsinogênio é excretado por filtração glomerular, desse modo, o prejuízo à função renal pode causar aumento da IST sérica, exatamente como causa aumento da atividade sérica de amilase e lipase. Por outro lado, a tripsina ativada é rapidamente complexada com inibidores de protease do sangue; esses complexos não passam pelos glomérulos, mas não são removidos pelo sistema fagocítico mononuclear.
Em gatos, pancreatite é a doença pancreática mais prevalente, mas muitas vezes não é diagnosticada. Isso se deve, em parte, a ausência de sinais clínicos típicos, como ocorre em cães; também se deve à baixa sensibilidade da atividade sérica de amilase e lipase para pancreatite felina. A medição de IST sérica tem sido pesquisada em gatos com suspeita de lesão pancreática. Estudos preliminares sugerem que a IST sérica seja indicador muito mais sensível e específico de pancreatite em gatos que a atividade sérica de amilase e lipase.
Slide 14
Outras anormalidades laboratoriais associadas à lesão pancreática
Como as atividades de amilase e de lipase no soro sanguíneo não são muito sensíveis e específicas para lesão pancreática, os resultados desses testes devem ser interpretados com base nas anormalidades verificadas ao exame físico do animal e me outros exames laboratoriais, comumente notadas quando há tal lesão. A observação de várias dessas anormalidades torna maior a confiança no aumento da atividade sérica de amilase e lipase como indicador de lesão pancreática. As anormalidades laboratoriais que podem acompanhar a lesão pancreática serão discutidas a seguir.
Leucocitose – Geralmente, em lesão pancreática, nota-se leucocitose e neutrofilia, muitas vezes resultantes de inflamação (pancreatite) concomitante. Verifica-se um desvio à esquerda inconsistente, dependente do grau de demanda de neutrófilos pelo tecido. Como a pancreatite causa muita dor, a neutrofilia também pode ser induzida pela epinefrina (excitação) e por corticosteróides (estresse). Também é possível ocorrer linfopenia quando o estresse for o principal fator implicado.
Hemoconcentração – Nota-se aumento do hematócrito, do teor de hemoglobina e da contagem de eritrócitos quando o animal apresenta desidratação significante. Vômito e ingestão inapropriada de fluido podem induzir à desidratação e, consequentemente à hemoconcentração.
Anemia – Anemia de origem desconhecida tem ocorrência rara. A causa da anemia pode ser hemólise e/ou hemorragia no pâncreas.
Azotemia – Azotemia, quase sempre pré-renal, é comum em casos graves de pancreatite; é causada por vários fatores, inclusive desidratação e hipovolemia, que ocasionam menor TFG. Geralmente, a capacidade tubular em concentrar urina é normal e a densidade urinária é alta.
Hipertenúria – A determinação da densidade urinária auxilia na diferenciação entre doença extra-renal associada à azotemia pré-renal, como pancreatite e azotemia renal decorrente de insuficiência renal. Essa diferenciação é importante, pois pode ocorrer aumento da atividade sérica de amilase e lipase em insuficiência renal, com intensidade semelhante àquela induzida por pancreatite. Além disso, às vezes os sinais clínicos de pancreatite e de insuficiência renal podem ser semelhantes. Em animais com azotemia e aumento da atividade sérica de amilase e lipase, a densidade urinária pode ser o exame laboratorial mais importante paraa detecção de insuficiência renal primária. A análise de urina coletada no momento da obtenção de amostras de sangue é importante em animais com suspeita de pancreatite e/ou insuficiência renal. No entanto, a medição de densidade urinária não é um parâmetro útil para a avaliação da capacidade de concentração da urina caso a amostra seja obtida após administração de fluidos.
Hiperglicemia – Hiperglicemia é um achado comum em animais com lesão pancreática aguda; o aumento agudo da glicemia se deve à maior concentração de corticosteróides, epinefrina e glucagon no sangue. Em pacientes com pancreatite crônica ou recorrente, a hiperglicemia pode ser causada por diabetes melito resultante de lesão das células das ilhotas.
Hipocalcemia – Hipocalcemia é um achado inconsistente em animais com lesão pancreática, variando de discreta a moderada. A patogênese exata dessa hipocalcemia não é conhecida, mas pode estar relacionada à deposição de cálcio na gordura intra-abdominal saponificada. A saponificação da gordura se deve à metabolização da gordura peripancreática pela lipase pancreática. Em cães com hipoproteinemia marcante, a hipoalbuminemia, acarretando diminuição no teor de cálcio ligado à proteína, também pode contribuir para a hipocalcemia.
Aumento da atividade sérica de enzimas – Pode ocorrer aumento da atividade sérica de enzimas hepáticas de extravasamento ou de indução (alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase, fosfatase alcalina y-glutamiltransferase). O aumento da atividade sérica das enzimas de extravasamento é causado por lesão isquêmica ou tóxica de hepatócitos, secundária à lesão do pâncreas e liberação de enzimas pancreáticas. O aumento da atividade sérica das enzimas de indução se deve à obstrução do ducto biliar comum, decorrente da inflamação do tecido vizinho ao pâncreas e ao ducto biliar. Gatos com anorexia podem desenvolver lipidose hepática e pancreatite, com o aumento da atividade sérica de enzimas hepáticas de extravasamento e de indução.
Hiperbilirrubinemia – Ocasionalmente nota-se aumento da concentração sérica de bilirrubina em cães com lesão pancreática. A causa mais provável é colestase secundária à obstrução do ducto biliar comum. Hiperbilirrubinemia é verificada em mais de 50% dos gatos com pancreatite e pode advir de lesão de hepatócitos secundária.
Hiperlipidemia – Hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia são achados comuns em pacientes com pancreatite, quase sempre acompanhadas por hiperlipemia macroscópica. A mobilização de lipídeos pela ação da lipase pancreática na gordura abdominal pode provocar tais aumentos. A maior concentração sérica de colesterol também pode ser causada por colestase, que ocasiona menor excreção hepática de colesterol. Hiperlipemia com hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia pode preceder a manifestação de pancreatite e predispor os animais a essa inflamação do pâncreas.
Hipoproteinemia ou Hiperproteinemia – Em pacientes com pancreatite, os teores de proteína ao plasma e no soro sanguíneo são variáveis. A exsudação de fluido com alto teor de proteína na cavidade peritoneal, como um componente da peritonite, pode diminuir a concentração sérica de proteína; entretanto, a desidratação tende a aumentar o teor sérico de proteína. Em alguns casos, essas alterações se contrabalançam.
Hemostasia Anormal – A coagulação intravascular disseminada pode ser uma sequela de pancreatite aguda.
Slide 15
Considerações sobre os marcadores pancreáticos
A amilase e a lípase sérica são usadas como indicadores de afecção pancreática, porém, seus valores não possuem especificidade ou sensibilidade no diagnóstico da doença em gatos. Segundo Williams e Steiner, aproximadamente 50% dos pacientes com amilase e lipase sérica, ou ambas, elevadas não apresentam pancreatite, sendo que em gatos os níveis séricos de lipase e amilase permanecem dentro do padrão de referência na maior parte dos casos. O teste TLI (trypsin like imunnoreactivity) é um teste de sensibilidade e especificidade alta para o diagnóstico da insuficiência pancreática exócrina canina, e seu aumento pode ocorrer em casos de pancreatite aguda em cães. Porém, o jejum alimentar tem influência nos resultados, e em alguns casos os valores não são suficientes para o diagnóstico conclusivo.
Slide 16
A mensuração da lipase imunorreativa canina cPLI (canine pancreatic lipase immunoreactivity) demonstrou ser um teste de alta especificidade (97,5%) e alta sensibilidade (70-95%) para pancreatite canina, e o teste não é influenciado pelo jejum alimentar. Segundo Foreman et al., o teste lipase imunorreativa felina fPLI (feline pancreatic lipase immunoreactivity) possui alta especificidade (91%) e moderada sensibilidade (67%). 
Slide 17
RERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOREIRA, T. de A.; GUNDIM, L. F.; MEDEIROS-RONCHI, A. A. Patologias pancreáticas em cães: revisão de literatura. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 20, n. 2, p. 109-115, abr./jun. 2017.
SANTOS, I. F. C.; MAMPRIM, M. J.; SARTOR, R. Características e medidas ultrassonográficas do pâncreas de cães e gatos filhotes. Veterinária e Zootecnia. Dez. 2014.
THRALL, M. A; BAKER, D. C.; CAMPBELL, T. W. Hematologia e bioquímica clínica veterinária. Roca Ltda. SP. 2007.

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