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FORÇAS E POTÊNCIAS DE USINAGEM 5.1 - Generalidades As definições da norma DIN 6584 se aplicam a todos os processos de usinagem. Como simplificação consideram-se as forças atuantes num ponto, se bem que na realidade atuem sobre uma certa área. 5.2 – Forças durante a usinagem as forças de usinagem serão consideradas agindo em direção e sentido sobre a ferramenta. 5.2.1 – Força de usinagem Pu A força de usinagem é a força total que atua sobre uma cunha cortante durante a usinagem. No processo de usinagem por abrasão, a força de usinagem praticamente não pode ser referida a uma aresta cortante única, devendo portanto ser referida à parte ativa do rebolo num dado instante. 5.2.2 – componentes da força de usinagem A componente da força de usinagem num plano ou numa direção qualquer é obtida mediante a projeção da força de usinagem Pu sobre esse plano ou direção , isto é, mediante uma decomposição ortogonal. Praticamente assumem importância especial aquelas componentes que estão contidas no plano de trabalho e no plano de referência. Baseando-se na técnica empregada na medida dessas forças o plano efetivo de referência é freqüentemente confundido com o plano perpendicular à direção de corte. As componentes da força de usinagem que não são obtidas através de uma decomposição geométrica da força de usinagem Pu , e sim por intermédio de considerações tecnológicas e físicas da formação do cavaco, devem ser definidas numa norma especial. 5.2.2.1 – Componentes da força de usinagem no plano de trabalho Todas as componentes da força de usinagem no plano de trabalho contribuem para a potência de usinagem. Força ativa Pt : a força ativa Pt é a projeção da força de usinagem Pu sobre o plano de trabalho (figuras 5.1 e 5.2). Força ativa Pc : a força de corte Pc ( também conhecida por força principal de corte) é a projeção da força de usinagem Pu sobre a direção de corte (dada pela velocidade de corte). Força de avanço Pa : A força de avanço Pa é a projeção da força de usinagem Pu sobre a direção de avanço (figuras 5.1 e 5.2). Força de apoio Pap : A força de apoio Pap é a projeção da força de usinagem Pu sobre a direção perpendicular à direção de avanço, situada no plano de trabalho (figura 5.2). Entre a força ativa Pt, a força de apoio Pap e a força de avanço Pa vale a relação ‘No torneamento o ângulo f da direção de avanço é igual a 900C, logo a força de apoio Pap confunde-se com a força de corte Pc. nesse caso vale a relação: Força efetiva de corte Pe : A força efetiva de corte é a projeção da força de usinagem Pu sobre a direção efetiva de corte (figura 5.3). 5.2.2.2 – Componentes da força de usinagem situadas no plano efetivo de referência todas as componentes da força de usinagem situadas no plano efetivo de referência não contribuem na potência de usinagem. Força Passiva Pp : a força passiva é a projeção da força de usinagem Pu sobre uma perpendicular ao plano de trabalho. quando f = 900 (torneamento) ( )222 PaPcPuPp +−= Força de compressão Pn : A força de compressão é a projeção da força de usinagem Pu sobre uma direção perpendicular à superfície principal de corte. 7- Potências de usinagem São produtos resultantes das componentes da força de usinagem pelas respectivas componentes da velocidade de corte. 8- Potência de corte Nc É o produto da força de corte pela velocidade de corte. 7560× ×= vPcNc Nc em CV, Pc em kg e v em m/min. 9- Potência de avanço Na É o produto da força de avanço pela velocidade de avanço. 75601000 ×× ×= vaPaNa Na em CV, Pa em kg e va em m/min. 10- Potência efetiva de corte Ne É o produto da força efetiva de corte pela velocidade efetiva de corte. NaNcNe += 7560× ×= vePeNe Ne em CV, Pe em kg e ve em m/min. 11- Relação entre a potência de corte e de avanço vaPa vPc Na Nc × ××= 1000 Para operação de torneamento temos: na nd Pa Pc Na Nc × ×××= π Onde, d = diâmetro da peça (mm); a = avanço (mm/volta); n = rotação (rpm). Para Pc ≅ 4.5Pa e por exemplo d = 50 mm e a = 1mm/volta teremos: 770≅ Na Nc Para operação de fresamento com fresas cilíndricas tangenciais temos: Pa ≅ 1.2Pc va (mm/min) ≅ 5v (m/min) logo: 170≅ Na Nc A maior parcela da potência efetiva de corte é fornecida pela potência de corte. Para as demais operações de fresamento (e também furação e retificação), a relação Nc/Na deve ser considerada. Podemos admitir Ne ≅ Nc. Por isso Pc é chamada força principal de corte. 12- Potência fornecida pelo motor Para máquinas operatrizes constituídas de apenas um motor para o movimento de corte e avanço, a potência do motor vale: η NcNm = η - rendimento da máquina operatriz (entre 60% a 80%). Havendo um motor para cada operação, o cálculo parcelado das potências fornecidas pelos motores pode ser realizado com um rendimento maior. 13- Variação das componentes da força de usinagem com as condições de trabalho A força de usinagem Pu deve levar em conta diversos fatores, dentre eles: Material da peça, área da seção de corte, espessura de corte h, geometria da ferramenta e ângulo de posição, estado de afiação da ferramenta, material da ferramenta, lubrificação e velocidade de corte. Relações da força de corte com a força de profundidade e avanço, segundo Schlesinger Material Seção de corte s = 5 mm2 Seção de corte s = 15 mm2 Pc/Pp Pc/Pa Pc/Pp Pc/Pa VCN 35 St 42.11 St18.91 2,1 3,0 3,4 4,0 7,1 6,6 1,9 2,9 3,8 3,1 5,9 8,3 Estas relações variam, porém, com o ângulo de posição e com os ângulos da ferramenta. 14- Força principal de corte. Pressão específica de corte A força de corte é expressa por: Pc = Ks x S Onde, S = área da seção de corte, Ks = pressão específica de corte (força de corte por unidade de área da seção de corte). O produto da profundidade ou largura de corte p com o avanço ac é a área da seção de corte. Para ferramentas sem arredondamento da ponta da aresta de corte tem-se: S =p x ac = b x h Para aplainamento e torneamento ac = a. 15- Fatores que influem sobre a pressão específica de corte Ks Depende dos seguinte fatores: Material da peça - a composição química do material influencia consideravelmente o valor de Ks; o aumento da porcentagem de carbono acarreta um aumento da pressão específica de corte para os aço carbono e aços de corte fácil. Porém com um aumento da porcentagem de fósforo á uma diminuição no valor de Ks. Entre a tensão de cisalhamento na ruptura do material τr, o grau de recalque Rc, e a pressão específica de corte Ks , existe uma relação aproximada igual a: Ks ≅ K. x τr x Rc, onde K é uma constante. Podemos verificar que o aumento de Ks não é diretamente proporcional ao aumento de τr. Aumentando a resistência do material, sua plasticidade diminui e o valor de Rc se torna menor. O recozimento do material não apresenta influência que signifique alguma coisa sobre o valor de Ks. Seção de corte - a pressão específica de corte diminui com o aumento da área de seção de corte. Ë devida principalmente ao aumento do avanço a. Este avanço diminui o grau de recalque resultando uma diminuição de Ks. O aumento da profundidade de corte praticamente não altera o valor de Ks, a não ser para pequenos valores de p. Tomamos na prática relações p/a superiores a 5, fazendo com que a influência da aresta lateral de corte sobre a aresta principal seja pequena. Somente para pequenos valores de p se verificam influências do tipo: influência do atrito entre peça e a superfície de folga da ferramenta, influência da aresta lateral de corte, etc. O arredondamento da ponta da aresta cortante, quando é considerada, acarreta uma variação dos valores das componentes da força de usinagem. Geometria da ferramenta – o ângulo de saída influencia a pressão específica de corte. Quanto maior o valor de γ, tanto menor o valor de Ks, porém diminui a resistência da ferramenta e aumenta a sua sensibilidade aos choques. Quanto menor o ângulo de folga α maior o valor de Ks, acarretando um aumento de atrito entre a peça e a superfície de incidência da ferramenta. Porém se α for muito grande, causará um enfraquecimento desnecessário do ângulo de cunha β, enfraquecendo a ferramenta. A influência do ângulo de inclinação λ só é considerável para valores negativos elevados. Neste caso a força em profundidade Pp aumenta consideravelmente, podendo acarretar flexão da peça usinada ou deslocar transversalmente a ferramenta. Ângulo de posição - a força principal de corte diminui como aumento de χ, se não houver interferência da aresta lateral de corte com a superfície trabalhada da peça, isto é, para χ > 5º. Geralmente χ é tomado entre 45º e 75º, sendo ângulo de ponta ∈ normalizado para 90º; valores inferiores enfraquecem a ferramenta. Afiação da ferramenta – exerce grande influência sobre o valor de Ks. Desde que a ferramenta não se desgaste muito, a força de corte pode chegar a valores 25% maiores. O acabamento das superfícies de saída e de folga influi também sobre os valores iniciais das forças de usinagem. Velocidade de corte – a pressão específica de corte diminui com o aumento da velocidade de corte para a faixa de velocidades de vários metais com ferramenta de metal duro. Nas velocidades de corte muito baixas, os valores médios das forças de usinagem permanecem inicialmente constantes e posteriormente diminuem com o aumento de v, tendo-se formação de cavaco lamelar, passando a cavaco contínuo com aresta postiça de corte. Para uma determinada velocidade de corte, as forças de usinagem chegam a um valor mínimo. A amplitude da variação da força de usinagem, em torno do valor médio, é relativamente alta, enquanto que a freqüência é baixa. O aumento da força de corte é atribuído ao aumento da dureza do material do cavaco na mudança de fase α-γ e ao aumento do grau de recalque rc, proveniente da variação do coeficiente de atrito e do ângulo de saída γ. As forças de usinagem caem progressivamente com o aumento da velocidade de corte, devido a diminuição do grau de recalque e da dureza do material do cavaco com a temperatura. A variação das forças de avanço Pa e de profundidade Pp com a velocidade é bem maior que a da força de corte Pc. Fluido de corte – contribuem para o abaixamento da força de usinagem em velocidades de corte baixas, sendo maior caso a penetração do fluido na zona de contato cavaco-ferramenta seja grande. Melhores resultados são obtidos com lubrificação sobre pressão. Para velocidades de corte altas a penetração do fluido na zona de contato torna-se muito difícil. Lubrificação e refrigeração são mais comumente utilizadas para diminuir o desgaste da ferramenta e permitir maiores velocidades de corte. Rigidez da ferramenta - quando pequena, acarreta um aumento da força de usinagem. 16- Cálculo da pressão específica de corte Para um determinado material a ser usinado com uma certa ferramenta, geralmente os ângulos efetivos de trabalho já se acham tabelados. Como já visto anteriormente, a influ6encia da velocidade de corte sobre a pressão específica Ks, é pequena, de maneira que para um dado par ferramenta-peça resta saber com varia Ks em função da área e da forma da seção de corte. Para Taylor a dependência acima seria: 07,025,0 88 pa Ks ×= Para fofo cinzento, 07,025,0 138 pa Ks ×= Para fofo branco, 07,0 200 a Ks = Para aço semidoce. Merecem particular interesse a: - ASME (American Society of Mechanical Enginieers) Para cálculo de Ks na CaKs = Ca – constante do material a - avanço n – 0,2 para aços e 0,3 para ferro fundido. - AWF (Associação de Produção Econômica) Para cálculo de Ks 477,0a CwKs= Cw - constante do material a – avanço Para Hucks (baseado na teoria da plasticidade) a dependência seria: KrKs ×=τ Onde, τr ≅ tensão de cisalhamento na ruptura do material γ γ γ γγ cos sen 1 cos sencot22º90 1 2 −+ ⎟⎟ ⎟⎟ ⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜⎜ ⎜⎜ ⎝ ⎛ +⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −×−×+ = Rc Rcgarctg K Para Kronenberg (baseado em ensaios experimentais de diferentes pesquisadores) a dependência seria: fs gs qsps S GCks pa CKs ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛× =×= 5 Onde, G = P/a = índice de esbeltez, S = área da seção de corte, C, Cks, ps, qs, gs e fs são constantes que dependem do material da peça e da ferramenta. Os valores da força de corte Pc se obtém multiplicando-se Cks pelos coeficientes corretivos F1 e F2. Kronenberg classifica os aços somente pela tensão de ruptura. Para Kienzle, Na sua fórmula Ks figura como função da espessura de corte h e não como função de do avanço a. O aumento de Ks com a diminuição de h é uma propriedade geral, que vale para todas as operações de usinagem. O valor de Ks, em função de h (sistema de coordenadas bilogarítimicas) para um determinado par ferramenta-peça é: Y = b + mx, ou seja Log Ks = Log Ks1 – zLog h, Ou ainda, zh KsKs 1= Onde: Ks1 – constante específica do metal para uma seção de corte de 1 mm de espessura por 1 mm de largura; z – coeficiente angular da reta. Para a força principal de corte Pc resulta a expressão: Pc = Ks.h.b = Ks1.h1-z.b Para uma espessura de corte h constante, e para uma relação P/a >4 tem-se Pc diretamente proporcional com b. Os valores de Ks1 e z dos materiais ensaiados por Kienzle obedecem as condições abaixo: • velocidade de corte variando de 90 a 125 m/min; • espessura de corte variando de 0,1 a 1,4 mm; • extrapolação permissível até h = 0,05 mm e h = 2,5 mm) • ferramenta de metal duro sem fluido de corte Geometria da ferramenta αº βº γº λº ∈º χº r (mm) Usinagem em aço 5 79 6 -4 90 45 1 Usinagem em fofo 5 83 2 -4 90 45 1 • ferramenta afiada (para ferramentas com desgaste, no fim da vida, considerar um aumento de Ks1 até 30%) Com relação à influência da velocidade de corte sobre Ks, temos que a força de corte diminui lentamente com a velocidade, para faixa de trabalho com metal duro. No trecho admite-se v = 50 a 150 m/min para um Ks aproximadamente constante. Utilizando ferramenta de aço rápido na usinagem e velocidade de corte v = 10 a 30 m/min o valor médio de Ks é sensivelmente maior, podendo-se tomar um patamar superior ao de Ks para metal duro (5 a 30% maior, dependendo do material). Bibliografia FERRARESI, Dino. Fundamentos da Usinagem dos Metais. Editora Edgard Blücher Ltda. Material Pc/Pp A força de corte é expressa por: Pc = Ks x S S =p x ac = b x h - ASME (American Society of Mechanical Enginieers) Cw - constante do material
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