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DIREITO DE FAMILIA - UNICAP SEGUNDO GQ

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Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
1 
 
(arts. 1.694 – 1.710) 
 Base constitucional: solidariedade 
Os alimentos existem no Direito Civil, mas não apenas no direito de família, 
existem também no chamado “legado de alimentos no direito de sucessão”, por 
exemplo. Não é, portanto, restrito na esfera do direito de família, mas é muito mais 
difundido nele, e requer mais requisitos específicos do que nos demais. 
Os alimentos têm um termo, juridicamente falando, diferente do termo da 
linguagem comum. 
Juridicamente, fala-se em valor pecuniário destinado principalmente à manutenção 
de subsistência de uma pessoa, mas não em uma subsistência orgânica apenas, 
como também fatores que atendam necessidades de ordem psicológica e de 
aptidão (exercício de uma individualidade). São valores de subsistência, portanto, e 
não apenas referentes à comida. 
Quando se aprofunda nesses valores de subsistência, encontra-se degraus, umas 
são mais necessárias do que as outras, não se restringindo à educação; ninguém 
estuda com fome, por exemplo. Entra aí outro ponto, precisa-se de alimentos. Tem 
graus e dimensões dessa subsistência, que requer prioridades. 
No direito de família esses alimentos exigem uma legitimidade, que está na 
conjugalidade ou parentalidade, enquanto na esfera da responsabilidade civil, 
aquele que recebe os alimentos é necessariamente a vítima ou família de quem foi 
afetado pelo ato ilícito. 
Na esfera do direito de família, portanto, a legitimidade está restrita à esfera 
familiar na conjugalidade (amplo, englobando companheiros) e na 
parentalidade (linha reta infinita e colateral até SEGUNDO grau). 
Sempre, no polo obrigacional de crédito e débito, um desses estará precisando e o 
outro terá a disponibilidade, mas pode ocorrer de essa disponibilidade e 
necessidade se inverter, gerando a reciprocidade. 
A base constitucional dos alimentos está na solidariedade familiar (sentido 
de responsabilidade). 
Questionamentos de Maria Berenice: Se os parentes até o 4 grau podem ser 
herdeiros, por que não podem ter o bônus de ter o direito de alimentos, requerer 
alimentos, e/ou assumir esse ônus também? 
Do ponto de vista legal, não há divisões que admitem a flexibilização dessa 
questão. 
Outras questões: vulnerabilidade. Quando se envolve pessoas vulneráveis, a 
questão dos alimentos não fica restrita à esfera de decisão privada, recebe uma 
proteção Estatal maior. Problemas envolvendo criança e adolescente, por exemplo, 
se ninguém tomar iniciativa o MP tomará. A mesma coisa acontece quando se 
envolve os idosos e as pessoas com deficiência. A questão do sustento pela 
vulnerabilidade, embasado na solidariedade, torna esse direito mais 
amplo. O Regime estatutário de vulneráveis que podem trazer interseções na 
esfera familiar. 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
2 
 
Ex: Pessoa idosa acometida por limitações e que só conta com um primo (quarto 
grau colateral) que possa assumir os encargos em relação a ela. Rigorosamente, na 
letra de lei, ela não poderia acionar esse primo, mesmo ele tendo disponibilidade. A 
extensão da solidariedade precisa começar a ser pensada. A solidariedade é 
da família, sociedade e Estado. Havendo família, é possível que essa 
vulnerabilidade receba uma ponderação mais forte para a flexibilização dessa 
solidariedade. Esse regime estatutário faz uma releitura. 
→ Em suma, para refletir: Deveres parentais para além da questão alimentar e 
para além da vulnerabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
3 
 
 Tratamento legal sobre alimentos no Brasil: 
CC 1916 / Lei 6.515/77 / CC 2002 / Lei 5.478/68 
O CC16 só tinha uma forma de família (casamento). Toda vez que havia dissolução, 
aquela cláusula de alimentos era destinada sempre a um devedor certo (pai) e um 
credor certo (mãe) e os filhos enquanto menores dependentes. Hoje, esses créditos 
não são tão certos (história de superação e ganho de individualidades e 
emancipação). 
No CC16, o capítulo destinado a alimentos enquadrava o devedor e o credor de 
alimentos na parentalidade e conjugalidade (mesmas regras: a mulher estava como 
incapaz, sem discussão). 
Quando o casamento único passou a ser dissolúvel pelo divórcio, em 1977, passou 
a ter uma bifurcação no tratamento legal: a visão de emancipação, até aí, era 
concreta. A partir daí era possível que esse credor de alimentos renunciasse a esses 
alimentos (que não podia no CC16). A renúncia para o direito não é um exercício 
desse direito, tem que ser expressa, “que não precisa e que não quer exerce-lo”. 
No desquite (CC16), no âmbito no casamento indissolúvel, não podia haver essa 
renúncia; o divórcio inaugurou essa possibilidade de renúncia, pois estava num 
contexto social que poderia haver essa individualidade. 
De 1977 a 2002 toda jurisprudência havia se consolidado no sentido de que a 
irrenunciabilidade dos alimentos não se aplicava aos cônjuges (pois a lei 
determinava dessa forma). A CF88 traz a união estável, que foi tomando aos 
poucos a mesma situação de casamento, em termos de poder renunciar aos 
alimentos etc. 
Com a lei de divórcio, a irrenunciabilidade começou a ser aplicável para a 
CONJUGALIDE, e a regra do CC16, de renunciabilidade, continuou a regrar 
aos alimentos na PARENTALIDADE. 
O CC02 voltou a colocar tudo num capitulo só (conjugalidade + parentalidade) e 
inadvertidamente manteve a redação das regras do CC 16, principalmente quanto a 
regra da irrenunciabilidade. Quando se lê essa regra do CC02, não há clareza se o 
credor é parente, cônjuge, companheiro, aplicando-se a regra da renunciabilidade 
para todos, quando tudo já estava consolidado pela jurisprudência após a lei de 
divórcio. 
A jurisprudência continuou consolidando isso e ficou a cargo do intérprete restringir 
a aplicação dessa regra. Interpretando, ficou mais sensato “aplicar-se aos 
alimentos na parentalidade, e não na conjugalidade”. Dificuldade maior em saber 
na distribuição dessas regrais quais podem ser usadas para cada uma. 
Lei 5478/68: lei que trata da urgência do procedimento sumário nos alimentos. 
Provada a legitimidade, concede liminarmente a concessão, por presumir uma 
dependência econômica. Esse procedimento sumário se articula aos procedimentos 
do CC, e processualmente trata os alimentos em AÇÃO PRÓPRIA. Podem ser 
tratados, lembre-se, como cláusula de dissolução de divórcio ou em ação própria 
(por meio dessa lei) 
 
 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
4 
 
 Classificação dos alimentos 
A classificação dos alimentos retoma à discussão acerca da denominação. O que 
seria alimentos naturais e alimentos civis? 
Nessas terminações está implícito que os naturais seriam aqueles que atendem 
naturalmente ao que for de subsistência para a pessoa. Não se referem à 
classificação de forma de pagamento (in natura ou in pecúnia), não confundir. 
Estamos falando de classificação de CONTEÚDO. 
Por ser classificação de conteúdo, considera-se os naturais voltados à subsistência 
nos termos jurídicos (comida, educação, saúde, moradia, lazer, tratamentos 
gerais, dentro da disponibilidade do devedor). 
Não adianta um filho que nunca se movimentou exigir os alimentos e chegar aos 18 
anos contra o pai querendo que ele pague o atrasado, porque eles não retroagem. 
A obrigação se estabelece A PARTIR DA ORDEM JUDICIAL. 
E os alimentos civis seriam aqueles que estariam voltados também à manutenção 
de subsistência, mas tem um PLUS que seria a tentativa de manutençãodo 
PADRÃO DE VIDA. Seriam mais amplos, portanto, do que os naturais. 
Com base nisso, QUAL É A REGRA GERAL E QUAL É A EXCEÇÃO? 
Regra geral: ALIMENTOS CIVIS (!!!) está NA LEI, mas a jurisprudência diz que são 
os naturais. 
Ideias trazidas pelo entorno da relação CREDOR e DEVEDOR, é uma relação privada 
de crédito e débito, deve-se verificar a necessidade do credor e a disponibilidade do 
devedor, ainda que essa disposição e necessidade estejam fora dos parâmetros 
tidos como razoáveis pela sociedade. 
Ex: 130mil para duas crianças com base nos alimentos civis: a reação social é a de 
que esse valor é excessivo. “Não precisam desse valor para sobreviver”, mas 
precisam sim para manter o padrão de vida de antes. Quando se olha o pedido de 
crédito de 130mil você repudia, antes mesmo de olhar a disponibilidade do outro. 
As maiores fundamentações é que são pedidos acintosos, quando a maioria da 
sociedade é miserável, desestruturada etc. Quando olha para o outro lado e vê que 
esses 130mil equivale a 20% do devedor de alimentos, chega-se à conclusão de 
que quem está com enriquecimento ilícito é o DEVEDOR. 
Quando se convive você não contabiliza, não sai guardando todas as notas fiscais. 
É claro que não tem nenhum credor de alimentos que tenha convivido com o 
devedor e vá se sentir plenamente contemplado com o mesmo padrão de vida que 
tinha antes, mesmo com esses 20%, mesmo que o valor seja alto do ponto de vista 
da sociedade geral. 
Na medida em que se depara com uma decisão judicial que traz todos os 
argumentos sociológicos para reconhecer ser acintoso o valor, essa fundamentação 
não é JURÍDICA. Não tem motivo nenhum, a não ser o fato da maioria da sociedade 
não viver nesse padrão. É preciso se desprender disso para fundamentar esse 
pedido, pois é uma relação privada. 
As obrigações do representante do credor têm que ser sim proporcionais, mas 
muitas vezes esse representante também dependia daquele devedor. 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
5 
 
Na jurisprudência isso é totalmente invertido, na lei os alimentos naturais são 
exceções que só podem se dar em duas situações. Atribuir a obrigação de prestar 
os alimentos naturais é quase que uma sanção, “vou deixar de receber os 
alimentos civis para receber apenas os naturais”. 
São as situações legais que admitem a obrigação de prestar alimentos naturais: 
1. Quando o próprio credor de alimentos dá causa a sua condição de 
miserabilidade. 
 
Ele já recebeu tudo que era para ter recebido para conquistar a sua 
individualidade, ter sua aptidão e jogou fora. Os alimentos não devem 
servir para o parasitismo de ninguém. Ex: pegar tudo que recebeu e 
gastar em jogos de azar, comprometendo até mesmo a sua própria 
subsistência. 
 
2. Cônjuge CULPADO na separação (Regina Beatriz). 
 
O cônjuge culpado tem direito a alimentos? A lei diz que tem, mas esses 
alimentos naturais só vão ser determinados se o culpado não tiver 
nenhum parente que possa arcar e se ele não tiver aptidão para o 
trabalho (desemprego não é inaptidão). Vê-se a inaptidão quando esse 
estiver acometido de alguma doença que lhe retira a aptidão + não tem 
parente. Essa pessoa não pode morrer. O inocente tem que pagar para 
sustentar. O cônjuge culpado pode ser credor de alimentos em situações 
excepcionais. 
Essas são as únicas exceções, na lei, em que os alimentos devem ser naturais. 
Todo o resto é alimento civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
6 
 
 Características dos alimentos 
 
1. 
 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos 
outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com 
a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua 
educação. 
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do 
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada 
 
2. 
 
3. 
 
→ Possibilidade de revisão de alimentos: Ainda que haja, ainda, a legitimidade do 
credor e do devedor, a modificação da situação de disponibilidade e necessidade 
pode acarretar na revisão da obrigação de prestar alimentos. 
 
→ Possibilidade de exoneração: Ocorre quando a necessidade não mais existe ou, 
embora exista, a pessoa não pode mais suprir. Aqui, há apenas a legitimidade do 
devedor. 
 
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação 
financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o 
interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, 
redução ou majoração do encargo. 
 
Algumas possibilidades são trazidas de forma presumida, como, por exemplo, a 
ocorrência de um novo casamento ou União Estável. A exoneração não é 
automática, precisa de uma posição ATIVA do devedor para demandar a 
exoneração. 
 
Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, 
cessa o dever de prestar alimentos. 
 
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a 
alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor. 
 
O art. 1.708 colocou o Concubinato equiparado ao Casamento e à União Estável. 
O(a) concubino(a) é dependente do marido/esposa casado(a). Exemplo: marido 
pode pedir, por lei, que se exonere da obrigação porque a mulher é concubina de 
outro. 
O parágrafo único acima também traz a hipótese de exoneração quanto ao 
procedimento indigno em relação ao devedor. É uma hipótese em que, também, se 
exonera moralmente. Inclusive tem relevância no direito sucessório, como causa de 
exclusão na sucessão, como os casos em que o credor tiver sido 
autores/coautor/partícipe de homicídio doloso, ou tentativa, contra a pessoa do 
devedor, houver acusado caluniosamente ou incorrerem em crime contra a sua 
honra etc. 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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 4. 
 
Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o 
direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, 
compensação ou penhora. 
 
A obrigação alimentar não permite o uso da compensação como forma de extinção 
de valores devidos a título de alimentos com outros pagos por mera liberalidade do 
devedor. 
 
→ Haver compensabilidade equivale a passar uma régua na disponibilidade e na 
necessidade, que podem ser diferentes. Não pode nem por acordo. Ex: “eu supro 
as necessidades do filho, e você supre as necessidades da filha”. Não pode, pois 
seria estabelecer um critério objetivo quando há características subjetivas a serem 
analisadas. 
 
→ Essa incompensabilidade está implícita na própria lógica dos alimentos. Há um 
credito intransferível, de caráter personalíssimo. A incompensabilidade se relaciona 
com o princípio da igualdade e isonomia. Lembrar das discriminantes naturais, que 
devem ser consideradas na hora de ponderar a igualdade (material) no direito. 
 
5. 
6. 
 
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver 
em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a 
concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar 
alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, 
intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a 
integrar a lide. 
 
Se o parente convocado não estiver habilitado a cumprir a obrigação totalmente 
poderá chamar outros parentes, de grau imediato, para concorrer no cumprimento 
da dívida alimentar. 
 
→ Complementação do crédito por parentes legítimos: todos em linha reta ou 
colaterais até segundo grau.É uma condição proporcional à disponibilidade deles. Os avós paternos, se 
chamados, podem chamar à lide os avós maternos. 
 
7. 
 
O princípio da irrepetibilidade é regra do direito alimentar que veda a devolução dos 
alimentos que já foram prestados. O entendimento doutrinário predominante nos 
demonstra que uma vez que os alimentos servem para garantir a vida e são 
destinados à aquisição de bens de consumo para assegurar a sobrevivência e não 
se permite se quer pretensão de que possam serem quaisquer momentos 
devolvidos. 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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8. 
 
9. 
 
A obrigação de prestar alimentos se dá com a fixação na decisão judicial 
definitiva. Não retroage à decisão provisória, nem para antes da demanda. 
 
10. 
 
Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o 
direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, 
compensação ou penhora. 
 
→ Como já dito anteriormente, a irrenunciabilidade só pode ser lida para a 
parentalidade. Quanto a conjugalidade, são renunciáveis (após a lei de divorcio). 
O código civil, nesse artigo, não fala qual credor seria, mas está pacificado que se 
refere à parentalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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Outras questões: 
- Lei de alimentos gravídicos 
Mãe: seria aquela que se utiliza do golpe da barriga; presunção de má-fé; 
sociedade imatura para encarar a liberdade sexual da mulher. A lei admite que ela 
tenha dúvidas, que possa indicar os possíveis supostos pais (se relacionou com 
mais de um). 
Alguns doutrinadores apresentam a hipótese de litisconsorte, supostos pais 
integrando a lide para assumirem solidariamente os encargos quanto a gestação, e 
após o exame de DNA, definida a paternidade, o pai desobrigado, por não ser pai, 
teria ação regressiva. 
Estão em jogo dois bens jurídicos: patrimônio do suposto pai e a vida do nascituro. 
A lei teve por foco exclusivo a vida do nascituro. O que se pode resolver por via 
secundaria no sistema, fica de lado. Se os alimentos já trazem um procedimento 
sumario + urgente, essa lei tem que ser mais urgente ainda. 
Ação de investigação de paternidade + pensão de alimentos, ao invés de alimentos 
gravídicos, é mais célere para viabilizar o nascituro mas é pouquíssimo usada. Os 
arts. vetados foram acertados. 
 
O instituto dos alimentos gravídicos foi introduzido no ordenamento jurídico 
brasileiro no ano de 2008 pela lei 11.804 e assim foi possível o início de uma nova 
era no que diz respeito a valorização da dignidade do nascituro. 
 
Alimento gravídicos se trata de verba de caráter alimentar, o qual valor destinam-
se as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, do 
momento da concepção ao parto, até mesmo as referentes à alimentação especial, 
assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, 
medicamentos e demais necessidades prescritivas e terapêuticas os quais são 
indispensáveis a gestante, de acordo com o que o médico julgue necessário e que o 
juiz considere adequado. 
 
É uma norma a qual visa proteger a mãe e o feto, uma vez que se tratava de tal 
assunto com certa discussão, pois se exigia comprovação do vínculo de parentesco 
ou de obrigação alimentar, o legislador por sua vez nunca se manifestava e 
consequentemente, acabava por gerar controvérsias, retardando assim o 
reconhecimento dos alimentos durante a vida embrionária. Mesmo que timidamente 
alguns Tribunais aceitassem a obrigação alimentar antes do nascimento 
consagrando a teoria concepcionista, hoje já se trata de fato da responsabilidade 
parental desde o feto, suprindo assim uma lacuna a qual se encontrava na vida 
prática, e que alguns juizes não aceitavam por não estar devidamente expresso na 
lei. 
 
 
 
 
 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
10 
 
- Tese da riqueza aparente 
Vem se construindo doutrinariamente como mecanismo de cercar o devedor de má-
fé, de se atribuir a verdadeira disponibilidade do devedor que, apesar da 
disponibilidade, tem capacidade de esconde-la. 
Você não pode presumir que uma pessoa que ande arrumada realmente detenha 
aquela condição, pois se essa aparência esteja por traz de uma situação bancaria 
muito comprometida. O dinheiro, aqui, está circulando para manter esse padrão 
ostentado sem grandes sacrifícios, deve se basear nisso, e não em uma riqueza que 
está por trás. 
Essa tese pode ser invocada na jurisprudência e pode ser bem trabalhada para 
suprir o devedor de má-fé que pode e tem disponibilidade. 
Para se apurar a verdadeira condição econômica do alimentante um dos remédios 
jurídicos utilizados é a aplicação da teoria da aparência, também conhecida como 
teoria dos sinais exteriores de riqueza, que consiste em analisar o modo de vida do 
pagador da pensão, e se este é compatível com sua renda declarada. Assim, 
havendo indícios que apontam para uma condição superior à que supostamente 
alega ter, estes servirão de elementos de convicção para o juiz quantificar os 
alimentos a serem pagos. 
A análise destes sinais exteriores de riqueza é possível pois a própria Lei de 
Alimentos - Lei 5.478/1961 - relativiza a apresentação de documentos para o 
pedido de fixação de pensão alimentícia. Na maioria dos casos, os documentos que 
comprovam a renda do alimentante são particulares e praticamente inacessíveis ao 
alimentário (pessoa que recebe a pensão). Portanto, não é justo exigir que esta 
documentação seja apresentada imediatamente para dar amparo a pretensão. Daí, 
a criação da teoria da aparência, que fornece mecanismos capazes de dimensionar 
o poder aquisitivo do alimentante, para que se forme uma equação mais justa entre 
quem paga e quem recebe pensão alimentícia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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- Alimentos compensatórios 
Alimentos compensatórios visam estabelecer equilíbrio patrimonial entre os 
cônjuges, por ocasião do divórcio, haja vista que o fim da relação impôs um novo 
estilo de vida diferente daquele ao longo do casamento, ficando esta nova realidade 
social e econômica como motivo ameaçador do cumprimento das obrigações 
materiais e subsistência pessoal. 
Em sua essência, a prestação compensatória tem a finalidade de indenizar, seja 
por tempo determinado, ou não, aquele cônjuge que se viu em desvantagem 
econômica em relação a seu consorte, passando a conviver com redução em seu 
padrão socioeconômico, desde que este tenha ficado privado de bens quando da 
partilha dos mesmos. Com isso, percebe-se que a finalidade do instituto é aplicar, 
indiretamente, a contribuição indireta do cônjuge. 
A pensão alimentícia compensatória surge e ganha força no ordenamento jurídico 
brasileiro em consequência do comando constitucional de reparação das 
desigualdades entre ex-cônjuges/companheiros, sob o manto de uma necessária 
principiologia para o Direito de Família. O desfazimento de um casamento ou união 
estável, especialmente aqueles que se prolongaram no tempo e tiveram uma 
história de cumplicidade e cooperação, não pode significar desequilíbrio no modo e 
padrão de vida pós-divórcio e pós-dissolução da união estável. As normas jurídicas 
que dão suporte e autorizam a pensão compensatória advêm dos princípios 
constitucionais da igualdade, solidariedade, responsabilidade e dignidade humana. 
Nas sociedades capitalistas e patriarcais, é comum atribuir-se valor apenasà força 
de trabalho que produz mercadorias e rendas. Em outras palavras, atribui-se valor 
apenas àquilo que traduz um conteúdo econômico. E, assim, o trabalho doméstico, 
historicamente desenvolvido pelas mulheres, nunca recebeu seu devido valor. 
Nunca se atribuiu a ele um conteúdo econômico. Entretanto, não é possível a 
existência de sociedades e famílias sem esse necessário trabalho doméstico. Mesmo 
que se delegue a empregados os cuidados e fazeres domésticos, a administração, o 
cuidado, o olhar, o afeto e a energia ali despendida para que se crie filhos 
saudáveis, é necessário que, ao menos um dos pais se dedique mais a essa função. 
Contudo, como isso não gera renda ou produz dinheiro, tal função ganhou uma 
importância inferior à de quem trabalha fora de casa. E, assim, a importância e o 
verdadeiro valor da força de trabalho para a criação e educação de filhos são 
invisíveis. E, assim, a pensão compensatória surge como uma ação afirmativa para 
diminuir essas desigualdades. 
A obrigação alimentar compensatória se extingue com a morte do alimentário ou 
com a ausência de necessidade compensatória, seja em razão de abrupta queda da 
possibilidade do alimentante, seja pelo repasse integral de numerário, tornando-se 
isonômicas as realidades, ou mesmo pela desnecessidade do alimentário decorrente 
de fator superveniente ao padrão posto em análise no momento da fixação. 
(Rodrigo da Cunha Pereira – Conjur https://www.conjur.com.br/2017-fev-
05/processo-familiar-alimentos-compensatorios-nem-pao-vive-homem) 
 
 
 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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- Alimentos transitórios 
Por alimentos transitórios, tem-se um verdadeiro provimento destinado a assegurar 
temporariamente aquele que não pode garantir sua própria subsistência, até que 
venha a se inserir no mercado de trabalho e passe a auferir renda própria. Há, 
portanto, flagrante natureza alimentar até que parte que deles necessite consiga 
prover seu sustento, ressalvando-se que a leniência na procure de trabalho não 
poderá servir de motivo para se punir o alimentante. 
Os alimentos transitórios, entendidos como aqueles fixados ao ex-cônjuge ou ex-
companheiro, a prazo certo, são aceitos como lícitos por parte da jurisprudência e 
da doutrina. 
Conquanto inexista lei específica sobre a possibilidade de concessão de alimentos a 
termo, segundo a doutrina e a jurisprudência, conforme aludido, eles são lícitos na 
hipótese de o alimentando ser pessoa com qualidades que possibilitem a aquisição 
de trabalho. 
Com efeito, sendo o ex-cônjuge ou ex-companheiro apto a conseguir autonomia 
financeira, em razão de condições pessoais favoráveis (idade, saúde, qualificação 
profissional etc), o alimentante poderá propor que a obrigação alimentar seja por 
tempo determinado, por exemplo, alguns anos, extinguindo-se automaticamente, 
transcorrido esse tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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 
- Interdisciplinaridade, principalmente quanto a origem biológica da filiação por 
conta dos princípios da bioética e biodireito. Elementos na biologia, medicina e 
biotecnologia que fazem uma interface que trazem uma complexidade. 
Estado de filiação depende de um conceito relacional, precisa-se de pai e filho; mãe 
e filho, esse conceito relacional é defendido por Paulo Lobo, não há filiação com 
uma pessoa só, mas dela em relação a outra pessoa. Filiação SEMPRE diz respeito a 
duas pessoas. 
Existência de uma família padrão, pai-mãe-filho, a relação não existe de um para 
com outro pai→mãe→filho, mas sim pai→filho e mãe→filho, sendo o ponto de 
interseção em uma pessoa: FILHO, criando dois vínculos, mãe→filho e pai→filho. 
Todas as regras são BINARIAS, trabalham o limite máximo de dois pares. 
Independentemente de gênero, sempre dois, podem ser dois pais, duas mães, um 
pai e uma mãe, mas sempre dois. Todo o nosso sistema é estabelecido dessa 
forma. 
Repercussão geral que admitiu a possibilidade de quebra desse sistema binário pela 
multiparentalidade (STF), mas por enquanto vamos estudar as complexidades da 
binariedade e jogar essa complexidade na multiparentalidade para buscar soluções. 
São pressupostos para o estabelecimento do estado de filiação. O critério biológico 
pode criar um estado de filiação, assim como o socioafetivo que vem sendo 
valorizado para esse estabelecimento, e o critério jurídico que se baseia em 
PRESUNÇÕES de cojugalidade, presunções essas que independe de haver origem 
biológica e socioafetiva. No passado filhos seriam filhos se adviessem do 
casamento, fora dele não havia estado de filiação. No passado origem biológica e 
convivência familiar era de pouca importância para o mundo jurídico. 
FILIAÇÃO
BIOLÓGICA
RHN
RHA
CONSANGUINEA
GENÉTICAJURIDICA (presunções)
art. 1.597 (biológica e 
socioafetiva)
SOCIOAFETIVA
ADOÇÃO
ADOÇÃO À BRASILEIRA
POSSE DO ESTADO DE 
FILIAÇÃO
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Manteve-se o critério das presunções da conjugalidade (jurídico) e fez-se uma 
releitura, ampliando outras possibilidades de filiações independente dessa 
presunção. Gera-se uma complexidade, na medida em que tinha critérios objetivos 
(casou? Sim? É filho, pronto). Era tão objetivo que o marido só poderia contestar a 
paternidade dentro de um prazo prescricional de 2 meses. Se não contestasse, 
seria pai e pronto. 
A ampliação começou pelos avanços da tecnologia, ampliação na filiação 
BIOLOGICA, trazendo uma verdade real mais aceitável do que a própria 
convivência familiar. Traz-se um dado real que não se pode renunciar. 
Analisando o nosso sistema: um homem que engravida uma mulher, pela nossa lei 
ele não pode simplesmente não querer ser pai, ele pode tentar se esquivar, mas 
podemos forçar o estado a força-lo à paternidade. Ainda que não haja casamento, 
pode ser voluntário e até mesmo involuntário. 
A mulher nem fugir pode dessa responsabilidade. O direto sempre houve essa 
certeza: mãe é aquela que gera e que vai parir. A maternidade é visível e aparente, 
a paternidade não. Por ser aparente, a maternidade sempre foi presumida como 
certa. Essas presunções sempre serviam para a paternidade, o direito não tinha 
como aferir objetivamente, então presumia. 
O direito sabia que aquele marido poderia não ser aquele pai biológico, mas como 
não podia aferir, simplesmente dizia que é o pai. 
O critério biológico, para a mulher, sempre foi mais oneroso, pois era para a mulher 
que está a proibição do aborto, não tem mais o direito de não ser mãe pela sua 
vontade, pois existe um outro ser que ela deve respeitar pelo nosso sistema 
jurídico, recebendo até mesmo sanções. Hoje imagina-se a possibilidade de não 
querer exercer, de forma legitima, quando admite-se que possa entregar em 
adoção. Essa entrega não pode ser feita a outro particular nem dentro da sua 
escolha, tem que ser feita ao Estado em circunstancias excepcionalíssimas. 
A mulher só tem direito de não ser mãe antes de engravidar; depois ela não tem 
direito, tem que assumir. Quando não quer assumir, tem o abandono como forma 
de extraviar ou pior. É uma descriminante natural. 
Na origem biológica, portanto, tem que imaginar o que ocorreu após as técnicas de 
reprodução humana assistida. Como que o filho é gerado biologicamente, 
naturalmente? Relação sexual [...]. O percurso é ininterrompível quando começa, a 
não ser pela pílula do dia seguinte. Interrompe o percurso fecundação → nidação 
etc. Esse caminho segue as etapas um atrás do outro, não tem como escolher. 
A complexidade da reproduçãoassistida (assistência medica, intervenção medica) 
começou a ser procurada quando surgiu um maior grau de infertilidade. No passado 
não havia? Talvez sim, mas talvez haja condições exógenas na atualidade que 
favoreça essa infertilidade. 
A reprodução assistida transferiu para o médico a possibilidade de manipulação 
de gametas. Com essa possibilidade, um poder inimaginável com relação a várias 
outras coisas questionáveis eticamente. É como se passasse uma procuração com 
amplos poderes para alguém e acreditasse que ela só fosse utilizar parte desses 
poderes, mas certamente ele teria poderes para utilizar tudo o que está disposto. 
A reprodução humana assistida está sujeita a limites éticos que foram construídos 
pelos próprios conceitos das sociedades e profissionais. Quais seriam e por quem 
são definidos? 
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Dificuldade: nossos centros de reprodução humana são livres, atuam sobre 
princípios éticos que eles mesmo escreveram, segundo os conselhos federais de 
medicina, eles têm um discurso ético e um discurso de limites, mas nós sabemos 
que essa força de Resolução não é uma força normativa imperativa, pois a sua 
fonte não adveio do Estado. Não há mecanismo de controle nesses centros, por isso 
ocorrem os extravios. 
 
 Classificação dos sistemas jurídicos em matéria de reprodução assistida 
1. Fechado 
2. Aberta, que permite quase tudo, inclusive a mercantilização. 
3. Semiaberto, ou semifechado, que autoriza umas e proíbe outras, proíbe aquilo 
que não pode controlar nem definir. 
Se o brasil fosse adotar, aposta-se que seria o semiaberto. 
Curiosamente, já houve inciativa de projeto de lei para isso, 15 projetos, sem 
definição. Porque há o interesse corporativista, não é interessante a classe medica 
ter controle e limites, e é uma atividade lucrativa, um viés nobre por um lado (aux. 
na perpetuação da humanidade) mas que é excessivamente cara. 
O sus possui esferas de auxilio, mas nos procedimentos mais simples, nos mais 
elaborados só quem tem acesso é quem tem dinheiro. 
Preocupante pois só há um parâmetro constitucional limitativo e por ANALOGIA, 
que é proibir a onerosidade nessas relações, pois há uma lei de transplante de 
órgãos que proíbe essa onerosidade, não pode vender órgãos, mas sim doar. Com 
base nessa analogia e limites, e também limites constitucionais em que o ser 
humano seja coisificado e objeto de contrato, há parâmetros constitucionais que 
ajudam a refletir sobre esses eles. 
Aparece a figura de uma terceira pessoa, envolvendo um material genético de 
terceiro, mas NÃO ENVOLVE ESSA PESSOA. Quando se fala de envolver outras 
pessoas, há dúvidas entre quem será a mãe: será a dona do óvulo ou a gestante? 
Mãe é a pessoa que teve a intenção de exercer a maternidade x característica 
igualmente biológica, que é a consanguínea. 
A reprodução humana assistida foi capaz de fazer a bifurcação do critério biológico, 
1. pode ter filho consanguíneo, mas que não é geneticamente meu; 2. pode ter 
filho geneticamente meu, mas não consanguíneo. Nessa bifurcação, que está ligada 
ao critério biológico, qual prevalece? 
Questionamentos: Se a gestante consentiu em ceder o seu útero solidariamente 
para um projeto parental alheio ela não tem direito de ser mãe? Por que nesse caso 
pode entregar a um particular, e na questão da adoção não? Qual é o objeto desse 
contrato? Quais as obrigações assumidas? 
A gestante assume obrigações de não exercer direitos fundamentais, de não fumar, 
não beber, não tomar café, não se locomover, não sair do Estado sem autorização 
do outro contratante. Ao final assume a obrigação maior, objeto do contrato, 
entregar a CRIANÇA. Qual o objeto? O ser humano, seria um objeto ilícito, segundo 
os padrões. Tudo isso acontece sob a ótica positiva da mídia. 
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Realidade: gestantes pobres que recebem vantagem que não é dinheiro, mas sim 
uma moradia (que é um direito fundamental). O que isso significa? As mulheres 
que gestam não são parentes como sugestiona a resolução, mas sim pessoas do 
interior que DO NADA decide ser “SOLIDARIAS”. 
TECNICAS COMO DOACAO DE ORGAO OU DE MATERIAL GENETICO E GESTAÇÃO 
SUBRGADA (ou maternidade de substituição, barriga de aluguel etc.). não tem lei 
no Brasil. 
Regime fechado: países que não admitem essa técnica. Ex: países da Europa. 
Aberto: Índia. 
Semiaberto: Brasil. Nem quer proibir, pois tem alguém ganhando com isso, e não 
admite que isso se dê em larga escala, de autonomia plena e de forma onerosa. 
“Vamos fazer pois o que não é proibido é permitido”. 
A adoção dessas manipulações não vem com analises de que podem advir conflitos 
sociais. E se a gestante se arrepender e não quiser entregar? E se quiser entregar e 
os “pais” não quiserem receber? Entra-se numa seara que se permite e não sabe 
solucionar. Tem que ver o que isso significa no nosso contexto social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 
(art. 1.597) 
 
(03/05/2018) – Falta o começo da aula 
 
→ Capítulo da filiação 
 
Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por 
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação. 
 
Preceito constitucional de igualdade de filiação – repetição. 
 
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: 
 
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a 
convivência conjugal; 
 
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade 
conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; 
 
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o 
marido; 
 
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões 
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; 
 
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia 
autorização do marido. 
 
Artigo das presunções. Mais importante. O caput e os dois primeiros incisos vieram 
do CC16. Os demais foram inseridos no CC02. 
 
Antes x o que continuou. 
 
No CC16, essas presunções estavam sujeitas a prazos prescricionais restritos de 60 
dias. O marido era o pai, mas se ele não arguisse no prazo de 60d, não podia mais 
negar. Qual era o propósito? Valorização da filiação socioafetiva, se enxergarmos 
esse art. hoje em dia. Poderia ser lido com a valorização dessa. 
 
Argumento que se baseia para negar essa paternidade = critério biológico. Hoje há 
teste de dna. Quando não tinha, tinha-se que dizer que não é pai pois não estava 
com a pessoa na época da concepção, porque era infértil, traz o exame etc. Tinha 
que buscar esses argumentos que demonstrassem ser impossível ele ser o pai 
biológico, hoje tem uma busca direta para descobrir. 
 
 
Será que esse teste é suficiente? O teste dizendo que não é pai é suficiente 
para não reconhecer a filiação? Não. Pode negar a paternidade quando a 
criança era recém-nascida ou quando já tiver convivido com a criança 10 anos? 
 
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O judiciário lida com um dilema: deferir o pedido de negatória diante da 
negatividade do dna ou indeferir, apesar da negativa do DNA pois já há 
vinculo socioafetiva. 
 
Jurisprudência: negatórias de paternidade que as promovidas pelo pai 
registral com o argumentoda negativa biológica, para ter que ser julgado 
procedente tem que vir acompanhada da declaração da ausência de 
convivência. 
Pode acontecer de o marido casar com a mulher sem saber que ela estava gravida 
de outro, e pensar que era o filho dele. Foi levado a erro. Mas pode ser o marido, 
saber que estava gravida de outro e querer assumir essa paternidade mesmo 
assim. Nesse caso, não há erro. Tudo isso tem que ser ponderado. 
No caso de ser recém-nascido, que não houve convivência, mas ele sabia que não 
era dele mas reconheceu, também tem desfavoráveis a procedência, pois não há 
erro. Se for estabelecer um critério objetivo a intensidade de convivência não se 
mede por tempo. Pode ser que tenha convivido intensamente por 2 anos, menos do 
que um que conviveu há 10. Tem que estar sujeito à perícia. 
Quando o legislador 2002 tornou imprescritível desvalorizou o critério 
socioafetivo, pois permitiu que ele possa contestar a qualquer tempo. 
Juridicamente, origem genética não se confunde com estado de filiação 
(Paulo Lobo). Origem biológica é importante, mas não exclusiva. 
Quando julgam improcedente, apesar da negação de dna, não está considerando 
origem biológica como critério absoluto para a definição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: 
 
III - Havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o 
marido; 
 
Fecundação | homologa | pós mortem 
 
Criopreservar. Casal que quer prevenir doença da prole etc. Congelou os 
óvulos/sêmen. Fala-se em patrimônio genético separado, seres que ainda vão 
ser fecundados; vai haver a união de gametas. Filhos nascidos que venham a ser 
unidos mesmo após a morte do marido, é filho desse mesmo assim. 
 
Quando se fala homologa significa material genético pertencente ao casal. Por que 
se presume algo tão evidente, biologicamente falando? Não há certeza biológica? 
Por que precisou presumir se há certeza biológica? Resposta: PORQUE NÃO É UMA 
PRESUNÇÃO (incoerência do legislador adicionar isso no rol das presunções). Há 
uma verdade biológica, material genético meu e do meu marido, o filho só pode ser 
nosso. 
 
Problemas: interesse da esposa viúva em dar andamento ao projeto parental que 
tinha com o marido. Juridicamente, traz alguns problemas: 
 
1. Como vai acessar o material genético dele se é um material genético pessoal do 
que morreu? O que lhe dá o direito, enquanto viúva, de ter esse acesso? Ela não é 
herdeira desse material, muito menos esse é disposto pelo regime de bens. É 
preciso que haja um consentimento prévio escrito para isso, mas isso não é 
disposto nesse artigo. Essa elaboração é exterior à literalidade da lei. Para haver 
essa filiação é preciso que ele tenha autorizado. 
 
2. Se a esposa tem a autorização, pode fazer isso a qualquer tempo após da morte 
do marido. Fala-se em um ser que, na época da morte, sequer estava concebido. É 
um filho que não tem direito sucessório, pois a capacidade para herdar na 
sucessão legitima a partir da concepção. São herdeiros as vivas ou ao menos 
concebidas. Na sucessão testamentaria, prole eventual que venha a surgir tem 
direito. Esse testamento só seria eficaz se, com a morte, esse neto viesse a ser 
concebido nos dois anos consequentes. Passou de dois anos, caduca a disposição 
testamentaria. Poderia até trazer esse prazo por analogia para esse artigo. 
 
3. Essa viúva pode casar ou viver em união estável. Vai ter durante a nova 
vigência, um filho do ex marido? E as presunções do inc I e II? 
 
4. Produção independente. Pode dar um pai registral para essa criança que não vai 
conviver com ela. Não é muito diferente da produção independente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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IV - Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões 
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; 
 
Concepção| embrião extraordinário | homologa| a qualquer tempo 
 
É material genético único, já está fecundado, quer saber quando pode haver a 
concepção (colocar no útero), diz-se que a qualquer tempo. Nem aquele prazo de 
dois anos pode-se trazer. 
 
Aqui foi onde suscitaram dúvidas sobre: 
 
1. O embrião fecundado criopreservado tem o mesmo status do nascituro? Se sim, 
considera-se a possibilidade de herdar e requerer alimentos. Pode nunca vir a ser 
colocado em um útero. Possibilidade de pagar alimentos que sequer nunca venha a 
ser concebido. Obvio que é uma insegurança jurídica. Não pode ter o mesmo status 
do nascituro, pois pode vir a se tornar inviável, a nunca ser implantado, não tem 
expectativa de vida que o nascituro tem. 
 
2. Por que é presunção se é material genético meu e do meu marido? Há casos em 
que o casal quer partilhar os embriões no divórcio. São bens? É patrimônio 
genético, ligado ao direito de personalidade, está unindo dois direitos de 
personalidade, logo um não pode utilizar se o outro não autorizar. 
 
V - Havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia 
autorização do marido. 
 
Inseminação heteróloga | autorização do marido 
 
Traduz a filiação socioafetiva. O marido autoriza que a mulher fecunde material 
genético que não é dele e, está, por lei, assegurado. 
 
Jus et jure. Não há erro. Não admite prova em contrário, admitir que o marido 
possa negar após autorizar é venire contra factum proprium. 
 
TESE DE REPERCUSAO GERAL STF 622. A parentalidade socioafetiva, declarada 
ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação 
concomitante baseado na origem biológica com os efeitos jurídicos próprios. 
(Não se aplica na adoção) 
Não resolveu nada, retornou para o judiciário. “Não impede” não significa que é 
obrigado, mas sim que “é permitido”, facultado. Permite a ponderação do 
magistrado a aplicar ou não, pois “não impedir não é obrigar”. 
Caso: uma criança tem um pai biológico e um socioafetivo (conflito positivo). 
Pela redação, parece que valoriza mais o biológico do que o socioafetivo, pois 
mesmo que não tenha convivido, pode ter o registro pelo simples fato de ser 
biológico. 
 
 
 
 
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Caso que ocasionou essa tese: ação de investigação de paternidade cumulada com 
alimentos, de uma filha contra o pai biológico. Essa filha já não era menor de idade, 
tinha sequer interesse de criança e adolescente envolvido. Em razão de ser o pai 
biológico, mas era registrada e conviveu durante todo o temo com o pai 
socioafetivo registrado por mais de 20 anos. Entrou com ação pois esse socioafetivo 
não tinha como sustenta-la. Ela descobriu que o biológico era rico. Negado em 
primeira instancia pois nunca tinha convivido, seria uma demanda mercenária, na 
segunda instancia entrou na decisão na repercussão geral o stf decidiu que mesmo 
que não tenha convivido mas tem dna é o pai. Desvirtua o propósito da filiação e 
coloca em duvidas tudo o que estava muito claro na jurisprudência. (O STF é doido) 
Na inseminação heteróloga não pode ir atrás do pai biológico, pois o pai biológico 
sequer queria ser pai quando doou. Outra coisa: se esse registro do pai registral 
socioafetivo era um pai adotante, como o pai vaifazer parte se a lei de adoção diz-
se que há desvinculação jurídica do filho com os pais biológicos? 
Se quiser inverter pode? Se disser que a paternidade biológica declarada ou não em 
registro não impede o reconhecimento baseado na origem socioafetiva. Ai estaria 
valorizando a socioafetiva. Mas a redação original escrita daquela forma não quer 
dizer que pode se inverter a redação original. 
Há quem olhe diferente para essa tese, dizendo que valoriza a socioafetiva pois 
pela primeira vez o STF não desfez a socioafetiva para incluir a biológica. Mas o 
caso foi desastroso, e o critério que foi adotado foi igualmente desastroso. Estamos 
revalorizando o critério biológico. 
 
(07/05/2018) 
Ex: registro como pai de uma pessoa há 10 anos, pode presumir uma 
socioafetividade, mas pode-se estar nesse registro sem ter convívio. Há 
possibilidade de quebra. Muitas vezes o registro civil pode presumir essa 
afetividade, mas pode ser quebrada. 
Essa avaliação de verdade biológica e verdade socioafetiva, esses são elementos 
que vem a ser provados no caso concreto, não é o oficial de registro que deve 
verificar essa verdade; deve-se verificar na esfera da jurisdição em que pode ser 
aferido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 
Ex: prova de estado de filiação. A prova do estado de filiação se prova pelo registro 
civil. Se distingue da posse do estado de casado. 
A doutrina pegou essa posse de filiação e passou a trabalhar não como 
uma forma de provar esse estado, mas como CONSTITUIÇÃO desse estado. 
Posse do est de filiação = forma de filiação socioafetiva. Pode vir a ser constituída, 
mesmo que não tenha registro antes. 
No casamento, não há dúvidas de que o casamento houve. 
Aqui, pode-se afirmar que nunca houve registro, mas invoca-se os elementos que 
consolidam o est de convivência a ponto de estabelecer o est de filiação. O 
elemento intencional é irrelevante, o que vai configurar são os elementos 
da convivência familiar e não o fato de a pessoa ter adotado ou não. É uma 
situação de fato como a união estável, nessa você pode conviver com uma pessoa e 
entre uma tem certeza que só está namorando e a outra não, se não chegarem a 
um acordo o que se considera da existência ou não, o que confirma são os 
elementos externos independentemente da vontade. 
Nas hipóteses de filiação socioafetiva tem-se filiação a brasileira [...outro] e posse 
do estado de filiação. 
O fato do direito passar a conhecer a socioafetividade como uma realidade empírica 
não tira a existência do vínculo biológico, que também existe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Qual a funcionalidade do capitulo de reconhecimento dos filhos? 
 
Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos 
pais, conjunta ou separadamente. 
 
Maria Helena Diniz: o adultério da mulher é mais grave do que o do homem, pois o 
primeiro traz para o homem o ônus da obrigação do marido. Traz para o marido 
uma filiação que não é dele. O filho tido pelo marido de uma relação adulterina fica 
lá, o ônus fica fora. 
 
Esse filho desse capitulo é esse que pode vir de qualquer dessas relações. Em 
conjunto ou separadamente. 
 
Vem a ideia de que para a lei a maternidade é sempre certa, exige para a mãe a 
prova da gestação/parto. A mãe pode facilmente ser solteira, viúva ou divorciada, e 
chegar com a prova e registrar o filho só no nome dela. 
 
É possível que o pai biológico reconheça essa filiação e vá junto com ela registrar. 
Diferente da mulher casada que para isso só precisa mostrar o registro de 
casamento. 
 
→ Procedimento de averiguação oficiosa = faz de tudo para que esse 
reconhecimento seja voluntário. Notifica-se a pessoa e, se confirmar “sou eu 
realmente o pai”, há reconhecimento voluntário. 
 
Momento em que instaura esse procedimento de averiguação; se tem dúvida tem 
que abrir o processo e remeter para o juiz ligado aquele oficio. 
 
Manda chamar a pessoa, jurisdição administrativa. Se continuar apresentando 
duvidas, o juiz remete ao MP, que tem legitimidade para propor a ação de 
investigação de paternidade. O MP judicializa, forma compulsória de 
reconhecimento, nesse processo faz-se a perícia etc. para confirmação ou não por 
parte do critério biológico. 
 
→ Ação de investigação de paternidade = fala-se em uma investigação de 
paternidade biológica; não se investiga paternidade socioafetiva. Na socioafetiva há 
reconhecimento, há uma prova pós constituída, declaração de que há, não busca 
investigar. Só se investiga a verdade real biológica. 
 
Todas as ações declaratórias de maternidade e paternidade tem por fim a fixação 
da filiação registral por base na socioafetiva, de forma que esse reconhecimento for 
posterior ao da mulher não importa, o próprio artigo diz que pode ser em conjunto 
ou separadamente. 
 
 
 
 
 
 
Juliana Aguiar Leal – Unicap 
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O reconhecimento da filiação fora do casamento não se dá apenas pelo oficial de 
registro, é possível que outros instrumentos sejam legítimos para reconhecer o est 
de fil. Art. 1609. 
 
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é 
irrevogável e será feito: 
 
Vimos atrás que a pessoa só pode modificar o registro se houver erro ou falsidade. 
Não pode mudar porque quer. Por isso que está o “caráter irrevogável”. Se 
reconheceu o filho, não pode simplesmente negar posteriormente. 
 
Por isso que a adoção à brasileira, registro que se faz mediante a falsidade com 
relação a origem biológica, tem recebido tratamento jurisprudencial negativo 
quando o pai registral promove a ação negatória de paternidade. 
 
É uma via de mão dupla: o pai pode vir a ação negatória de paternidade e o filho 
também poderá impugnar. 
 
I - no registro do nascimento; 
 
Prova, por excelência, da filiação. Na doutrina e jurisprudência essa verdade 
pode ser uma verdade socioafetiva. Segundo a lei, essa verdade é uma 
verdade biológica. 
 
Pode-se chegar em um oficial e solicitar o registro porque é filho socioafetivo. 
Ponto: qual seria a diferença disso para à adoção a brasileira? No ponto de vista 
social, sistêmico, é como se o CNJ estivesse admitindo a adoção a brasileira com 
registro, enquanto o código penal tipifica como crime. Pode ter uma boa intenção 
mas pode trazer consequências graves. 
 
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; 
 
O pai pode deixar por escrito desde que seja documento autentico, ou deixar em 
cartório que pode servir a qualquer momento como documento para esse 
reconhecimento. Serve para qualquer fim. O legislador quis informalizar mais a 
possibilidade de reconhecimento. 
 
Esse escrito particular ou público não altera o registro, apenas é uma forma 
autentica de reconhecimento que pode levar ao oficial e ele é obrigado a aceitar, 
basta ele aferir a autenticidade. 
 
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; 
 
O testamento, por natureza, é um negócio unilateral revogável. Reconhecer o filho 
dentro do testamento é o mesmo que definir como um ato irrevogável 
(reconhecimento) dentro de um outro ato revogável (testamento). Ainda que 
depois revogue o testamento e chegue no novo e diga que o filho não é mais o 
filho, não vai ser revogado, pois há uma distinção do documento do 
testamento para disposiçõestestamentarias. Para revogar tem que ver se 
todas as disposições testamentarias são revogáveis. 
 
Observar Art. 1.610: O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo 
quando feito em testamento. 
 
 
 
 
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IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o 
reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o 
contém. 
 
Presta declaração de determinado processo judicial que não tinha essa finalidade 
mas, no correr, eu reconheço. É uma prova como instrumento público qualquer e 
se levar a registro. 
 
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou 
ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes. 
 
 
Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu 
consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro 
anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação. 
 
O reconhecimento é ato a ser praticando pelos pais, enquanto menor não tem vez 
para consentir, a não ser que a mãe, o representando, impugne dizendo que não é 
pai (se fora do casamento, se dentro ela não pode dizer isso). Se reconhecer um de 
maior tem que haver consentimento, ainda que haja prova de dna. 
 
Prazo: “maior pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem 
à maioridade”, ou “à emancipação” (nesse último não se exige o prazo). 
 
Entendimento pacificado: Embora o artigo determine o prazo, da mesma forma que 
o pai não tem prazo para impugnar a paternidade, o filho não tem prazo também, 
está pacificado. É o reverso da negativa de paternidade, chance que o outro tem 
para negar também. 
 
Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos 
cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o consentimento do outro. 
 
Artigo com constitucionalidade questionada. Presunção genérica. Direito à 
convivência prevalece. As vezes pode ser mais prejudicial para a criança, mas deve 
ser resolvido no caso concreto. A anuência não pode ser uma condição sine qua 
non. A vontade do legislador era falar dos filhos adulterinos, mas com a mudança 
do contexto social, desde o CC16, essa interpretação é mais ampla: enteados etc. 
A pessoa pode optar por continuar ou não a conjugalidade, mas não pode 
interferir na parentalidade do outro cônjuge com o filho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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(08/05/2018) 
Evolução Histórica 
A influência da civilistica romana no nosso sistema é um elemento importante. Na 
antiguidade do direito romano, a filiação socioafetiva era muito mais valorada do 
que a biológica, tinha um lugar de destaque com relação a biológica, pois a família 
romana se caracteriza pelo culto doméstico, que era uma família que se reunia em 
casa passando seus valores e influencias, delegando ao primogênito o poder de 
repassar esse fruto doméstico para os demais descendentes. 
Problema: quando a família não tinha descendentes primogênito masculino, pois a 
mulher não se investia desse poder legitimado pela família. Era comum adotarem o 
primogênito, para que ocupasse aquele lugar. Esse, por sua vez, exercia uma 
hierarquia sob os demais; a questão não era a origem, mas o sui generis 
masculino. 
Reflexão: adoção como um pacto entre o Estado falido e a sociedade. 
→ CC/1916: atendimento ao interesse do adotante, maiores de 50 
anos, s/ prole 
A legislação civil em 1916 assume dentro do critério de que a família ideal era a 
biológica, e que a adotiva seria uma supletiva, família a ser buscada apenas SE a 
família biológica não pudesse se propagar, servia como um consolo, atender o 
interesse não do adotado, mas dos adotantes que não puderam ter filhos. 
No primeiro formato a adoção se servia a isso, atender interesses dos adotantes e 
só poderia ser promovida por casais que estavam +50 anos (um deles, não 
precisava que ambos tivessem essa idade) e não tivesse prole. Era uma presunção 
de que não terão mais filhos a partir dali pela queda da fertilidade. 
Essa adoção era uma permissibilidade do adotante exercer seu projeto parental e o 
Estado não tinha interesse em supervisionar isso, era ADOÇÃO SIMPLES a 
denominação, feita por escritura pública no cartório de notas no interesse do 
adotante. Se deixasse de ser interesse do adotante podia ser revogada. Tinha uma 
essência de ordem privada muito grande. 
 
→ Lei 3.313/57: finalidade assistencial em prol do adotado; maiores 
de 30 anos, c/ ou s/ prole. 
Começou a ter certa finalidade assistencial para a adoção. Voltou os olhares para o 
adotado, ainda que não fosse o principal, a ideia de ajudar uma pessoa carente, 
projeto de caridade começou a permear a adoção. Não seria mais só para dar filhos 
a quem não tinha, mas para ajudar uma pessoa que precisava. A idade foi 
modificada para 30 anos. A maioridade era 21 anos, mas só quem podia era 30. 
Flexibilização em relação a prole também, podendo adotar quem já tinha filhos e 
quem não tinha. O direito sucessório era desigual, o adotado tinha direito à metade 
do quinhão hereditário e o biológico 100%. 
 
 
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Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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→ Lei 4.655/65: legitimação adotiva - igualdade 
Estabeleceu critérios de igualdade. Já que pode adotar, que tenha os mesmos 
direitos. Note que isso ocorreu antes de 1988. A igualdade de filiação chegou antes 
do que a igualdade de gênero e igualdade conjugal. 
 
→ Lei 6.697/79: Código de Menores – adoção plena 
Inaugurou-se um microssistema. Não houve alteração do CC, mas sim a instalação 
de um microssistema, codificação à parte com preocupação apenas com os 
menores. Esse código era muito mais voltado a caracterizar os aspectos infracionais 
e estabelecer critérios de recolhimento de menores infratores do que propriamente 
com a criança ou adolescente. Entende-se que essa terminologia “menor” é 
pejorativa. Didaticamente ficou tão entranhado que o menor era sempre o “menor 
infrator”. 
Em relação a adoção, esse código trouxe uma modificação importante, trazendo a 
ADOÇÃO PLENA. Não excluiu a adoção simples, mas introduziu outra. Seria 
realizada com uma maior intervenção do Estado, e esse estava finalmente 
intervindo no arrependimento, determinando a irrevogabilidade. A pessoa vai entrar 
no seio da família para sempre, de forma plena. Estabeleceu que os vínculos com a 
família de origem se rompesse. Começa a retirar a autonomia do adotante. 
Começou uma publicidade de incentivo à adoção. 
Começou a surgir os projetos de apadrinhamento, um clamor do Estado para que a 
sociedade “ajudasse o Estado incompetente, que não pode assumir a 
responsabilidade com seus cidadãos”. Tendo em vista a responsabilidade trinaria 
(família, sociedade, Estado), na prática a propaganda era do tipo “apadrinhe uma 
criança para passar o natal/férias com você”. Nesse contexto, era uma escolha do 
Estado falido, a ideia de que era “menos ruim”: crianças que saem do abrigo, se 
enchem de esperanças e vão voltar para a dura realidade. Não seria ruim? Sim! 
Mas essa “ruindade” foi ponderada, pois a estatística na época falava que, de dez 
crianças apadrinhadas, duas resultavam na adoção. Isso seria o “menos ruim”, os 
oito que voltaram foi ruim, mas pelo menos dos dez, alguém escapou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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JulianaAguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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→ CF/88 – Art. 227 §6 
A CF88, depois do Código de Menores, representou a total intervenção do Estado 
nos interesses da adoção e apresentou o lado de ordem pública da adoção. 
Não é apenas uma forma de filiação, mas uma estratégia pública: o Estado 
admite ao particular uma responsabilidade que não pôde assumir. 
Por isso ocorre turismo de adoção nos países de baixa estrutura onde tem crianças 
para serem adotadas. Na prática, apenas países subdesenvolvidos e em 
desenvolvimento têm grande índice de adoção. 
É isso que justifica o estado intervir com regra própria para adoção. Não posso te 
sustentar, mas como é o particular que vai fazer isso, preciso garantir que esse 
cumpra essa função. Não posso permitir que o particular te trafique e venda seus 
órgãos e lucre com você. Tento garantir nessa intervenção que a coisa seja feita de 
forma a atender de forma máxima possível os critérios de dignidade da pessoa 
humana. 
O Estado começou a entrar realmente nessa questão particular, pois era muito 
frouxo até então. 
A adoção simples ainda não foi revogada. Até 2002, ficou com adoção simples 
e adoção plena. Porém, a adoção plena era apenas para a criança e adolescente. 
Em outras palavras, se fosse criança ou adolescente, a adoção só poderia ser na 
modalidade plena. 
A adoção simples era usada pra pessoas maiores, ainda feita por escritura pública, 
a lei civil ainda permitia. Somente o CC02 revogou totalmente o CC16. Caiu em 
desuso, mas do ponto de vista formal só foi revogado em 2002. 
Até então, se adotava com o costume da adoção, a adoção à brasileira é um desvio 
de comportamento, uma fuga da burocracia que muitas vezes tem intenção nobre, 
mas o Estado não está supervisionando se a intenção é nobre ou não, o Estado 
começou a fechar. Além de ter capacidade para adotar, tem que estar apto, e o 
Estado que decide se está ou não, aí que está a habilitação. 
 
→ Lei 8.069/90 – ECA 
Acabou a adoção simples. Toda adoção é plena, seja para maior ou para 
criança/adolescente. A competência jurisdicional é distinta: vara da infância e da 
juventude, para crianças e adolescentes, e vara de família, para maiores de idade. 
Os maiores têm que consentir para que a adoção ocorra, e em ambas tem que 
haver processo judicial, não pode ser feito diretamente no cartório, como ocorria na 
adoção simples. 
A adoção à brasileira, decorrente de um costume que é só brasileiro, começou a 
ganhar força na esfera familiar, em razão da nobreza, mas não pode esquecer que 
toda vez que uma criança ou adolescente estiver sendo negociada entre 
particulares, o Estado deixa de exercer seu papel de proteção para evitar o tráfico. 
Há uma razão de ser para que a lei começasse a fechar os caminhos. 
Habilitação = atribuir mais do que capacidade, mas também aptidão material e 
imaterial para adotar. 
 
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Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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→ Lei 12.010/2009 
Essa lei começou a valorizar a paternidade responsável, a família e a origem. 
Trouxe um conceito diferente de família: FAMÍLIA EXTENSA. Era uma família que 
sai da esfera nuclear e vai para os parentes. 
A criança, antes de ingressar no cadastro, tem que ser ofertada a parentes. Mais do 
que isso, essa família tem um conceito para além do parentesco. O ECA diz que a 
família extensa engloba toda aquela pessoa que guarda convivência e 
afinidade, mesmo que parentesco não haja, tudo em prol de não mudar tanto 
a realidade da criança e de que se mantenha perto de pessoas que conhecem, mas 
pessoas que tenham tal aptidão. Ex: padrinho, madrinha etc. 
Deu uma valorização ao parentesco de origem. 
O foco da adoção mudou de foco, não quer saber se não tem filho, mas sim que 
essa criança precisa de uma família e você é a pessoa mais adequada. Não deve 
ser feito friamente com uma decisão judicial, por isso tudo na esfera da criança 
cabe o centro de apoio psicossocial. 
 
→ Lei 13.509/2017 
Como se o Estado tivesse saído da política de “adote uma criança” e chegar e dizer: 
“crie seus filhos, por que você quer adotar? ”. 
Acaba por desestimular a paternidade responsável. Tem que criar um elemento de 
responsabilidade, uma ponderação que o estado sentiu falta. Só vai para o 
cadastro de adoção aquela criança que não pode ficar de forma alguma na 
esfera da família extensa. 
Houve uma queda na curva de adoção. Pode ter sido ruim pois pode implicar no 
acumulo de menores em abrigo, nem na família extensa, nem entrar no cadastro. A 
lei estabeleceu prazos para que houvesse apoio psicossociais. 
Na pratica, pode até mesmo resultar em uma vulneração maior da criança, ao 
preferir que ela fique na família biológica/extensa, pois muitas vezes a realidade 
dessas famílias é muito cruel: adolescentes grávidas, dependência química, sem 
família para criar. Presunção de que essa criança pode ser abandonada, morta, 
possa sofrer um dano maior do que ser entregue à adoção etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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(10/05/2018) 
A lei de 2017 veio detalhando bem o procedimento, como deve ser. Observa-se que 
exige do estado uma não tem: acompanhamento da gestante, equipe 
multidisciplinar, entrar em contato com a família extensa, ir atrás do pai. Na 
pratica, não é feito dessa forma na maioria dos casos, principalmente no interior 
dos Estados. 
→ Parto anônimo: figura da idade medieval. As mulheres solteiras engravidavam, 
as famílias as colocavam no convento durante a gestação para que não fossem 
vistas. Ao final, colocavam a criança em uma roda de madeira, na frente do 
convento, para que as pessoas pudessem passar para pegar as crianças. A mãe 
ficava anônima. Aqui no Brasil há um projeto de lei para que ocorra isso: ter o filho, 
deixar no berço e sair sem deixar o nome, para que o Estado assuma. Nesse caso, 
não poderia a mãe ser criminalizada por abandono, e mais uma vez estamos no 
preceito do “menos ruim”. 
 
Lei 13.509/2017. Art. 19-A. § 5o Após o nascimento da criança, a vontade 
da mãe ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, 
deve ser manifestada na audiência a que se refere o § 1o do art. 166 desta 
Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. 
§ 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento, respeitado o 
disposto no art. 48 desta Lei. 
 
OBS: Essa lei de 2017 esvazia o projeto de lei do parto anônimo, pois esmiuçou 
mais a questão da entrega da gestante para o Estado. O artigo, ao definir que “é 
garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento [...]” ocorre uma 
relativização do parto anônimo, que é definido pelo completo anonimato, sem 
qualquer registro dos dados da genitora. Aqui, a criança terá o nome da mãe em 
sua certidão de nascimento, a qual será retificada em caso de adoção. 
 
Essa lei altera alguns dispositivos do ECA. A ressalva feita ao final, acerca do art. 
48, diz respeito ao direito que o adotado tem de conhecer sua origem biológica, 
bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e 
seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. Esse artigo se explica 
pois, ainda que naturalizemos a adoção, a curiosidade sobre de onde viemos é 
inerente ao ser humano, por isso não há a proibição disso. 
 
Essa lei de 2017, com relação à gestante, veio a dar uma força maior à 
regulamentação do “parto anônimo”, mas manteve o paradigma da adoção 
excepcional. Essa lei alterou uma série de prazos, ainda, para dar caráter de 
urgência, dentre eles havia um prazo em que ojuiz aplicava e que, agora, passou a 
ser determinado pela lei: o prazo de Estado de convivência. 
 
Então. O primeiro requisito para adoção: só pode adotar se tiver cadastrado. No 
momento em que é encaminhado o perfil, vou pegar a criança, iniciado o processo 
judicial, inicio o processo de convivência. Esse estágio tinha um prazo relativizado 
pelo juiz. Hoje, a lei diz que o prazo é de NO MÁXIMO 90 DIAS, observado a 
idade da criança e peculiaridades do caso concreto. É um prazo limitado. 
 
 
 
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Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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Na adoção nacional, os pretendentes estão domiciliados no território nacional. 
Ainda que uma pernambucana queira um perfil, e só encontre essa criança no 
Paraná, ela terá que ser direcionada para o Paraná para ver a criança na instituição. 
 
Na adoção internacional, o pretendente é domiciliado fora do território nacional. O 
rigor é maior. Aquele que mora fora é obrigado a cumprir o estado de convivência 
aqui no território nacional. A lei dizia, antes, que esse estágio era de no mínimo 30 
dias, não estabelecendo o máximo. Trazia uma variação enorme de caso para caso. 
Agora, a lei estabelece o MÍNIMO DE 30 DIAS de estágio de convivência para a 
internacional, estabelecendo, também, o MÁXIMO DE 45 DIAS, podendo ser 
prorrogado por igual período 1x. 
 
O estado diz “agora isso tem que acabar, tem que ter um fim”. Essa lei determina a 
celeridade, o processo de adoção não pode ser infinito, O PROCESSSO DEVE 
DURAR NO MÁXIMO 120 DIAS, prorrogável por igual período 1x apenas. 
 
Se for um casal que tiver adotando, a convivência tem que ser por ambos. Uma 
pessoa com conjugalidade não pode adotar sozinho, sem que o outro seja avaliado, 
pois essa pessoa adotante pode ter toda a idoneidade do mundo e o outro não. 
 
Uma coisa que se modificou, também, foi a ordem de cadastro de perfil. Qual a 
ordem do cadastro? Como essa ordem vai ser atendida? Quem está em primeiro 
lugar? R: Não é uma ordem cronológica, pois depende do perfil. Pois se meu 
perfil é diferente do seu, estamos em ordens distintas. 
 
A adoção internacional é excepcionalíssima, pois a adoção, por si só, já é 
excepcional; a internacional, portanto, é excepcional da excepcional. 
 
Antes da criança ir para a opção de cadastro internacional, todos os pretendentes 
do cadastro nacional tinham que ser consultados sobre aquela criança que estava 
sobrando, ainda que não fosse no perfil indicado por elas. O Estado tinha que 
esgotar todas essas consultas. Agora, essa consulta não é necessária, tem que ser 
feita apenas se encaixar no perfil. Se o estrangeiro não indica perfil difícil, basta 
verificar se esse se encaixa em algum dentro do cadastro nacional. Se não, não vou 
consultar mais ninguém. Ao invés de consultar os pretendentes, já faz um 
remanejamento presumindo isso. 
 
No ingresso do cadastro dos adotados, quem é a criança que vai entrar? R: É 
aquela criança que já se tentou de todas as formas manter na família extensa. Ela 
tem prioridade se tiver deficiência. Tem várias crianças para entrar, mas só tem 
vagas para x crianças. Entra as que tem algum problema de saúde. 
 
Uma coisa importante que se alterou na adoção internacional foi que, antes, não 
fazia diferença no país de origem. O processo de habilitação do pretendente 
internacional é feito pela autoridade central, secretaria do ministério da justiça, a 
comissão é responsável por analisar a documentação, que tem que ser expedida no 
país de origem através de instituições que são cadastradas pela autoridade do 
Brasil. O adotante precisa apresentar atestado de sanidade física e mental, 
comprovando a idoneidade, emitido por instituição credenciada à autoridade 
central. Toda essa documentação tinha que ser oriunda de instituições legitimadas, 
traduzida por tradutor juramentado. Essa comissão tinha que estudar a legislação 
do país de destino e a daqui para ver se não tem incompatibilidade, e se o menor 
vai ter o mesmo tratamento. 
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Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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Essa lei de 2017 determinou que só pode adotar os que são de países 
signatários da Convenção de Haia, países que em que, em seu território, já 
houve aderência aos mesmos valores e preceitos. Não houve a dispensa da análise 
da legislação. 
 
Modificou-se em 2017, também, a terminologia. De “família substituta” para 
“família adotiva”. Quis se acabar com a ideia de que substituir é suprir, é 
supletivo. 
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros 
referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação para a adoção feita 
de acordo com ordem cronológica de habilitação e conforme a 
disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis. 
§ 1o A ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser 
observada pela autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 
50 desta Lei, quando comprovado ser essa a melhor solução no interesse do 
adotando. 
§ 2o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo 
trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. 
§ 3o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, será dispensável 
a renovação da habilitação, bastando a avaliação por equipe 
interprofissional. 
§ 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à adoção de 
crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil escolhido, haverá 
reavaliação da habilitação concedida. 
§ 5o A desistência do pretendente em relação à guarda para fins de adoção 
ou a devolução da criança ou do adolescente depois do trânsito em julgado 
da sentença de adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção. 
 
A redação anterior do § 2o era: “A recusa sistemática na adoção das crianças ou 
adolescentes indicados importará na reavaliação da habilitação concedida”. 
No mais, o pretendente não pode escolher a criança. Ele indica o perfil, é 
direcionado à criança que tem esse perfil. Pode olhar e dizer que não quer. Nessas 
hipóteses, antes da nova redação, a habilitação iria ser reavaliada. Agora não, ele 
tem que renovar a habilitação de qualquer jeito, que não depende da 
recusa, tem que ser de três em três meses. Quando o adotante se candidata a 
uma nova adoção, será dispensável a “renovação” da habilitação. Já a “reavaliação” 
só vai ocorrer quando houver essas três recusas. 
Quanto ao § 5o, até então, tínhamos a ideia de que a adoção é irrevogável. Quando 
a redação dispõe que “ou a devolução da criança ou do adolescente depois do 
trânsito em julgado da sentença de adoção importará na sua exclusão dos 
cadastros de adoção” está admitindo a revogação, está dizendo que é revogável. A 
única sanção que se está dando é que não pode mais adotar. 
 
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Juliana Aguiar Leal – Unicap 
Direito de Família – 2018.1 
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 
1. Adoção nacional 
a. Adoção Unilateral x Adoção Singular 
Pode ter a unilateral, que são os casos de padrastos e madrastas com relação ao 
filho do companheiro; pode ser singular, feita por uma única pessoa, 
necessariamente solteira, viúva ou divorciada. 
b. Adoção póstuma 
Há também a adoção póstuma, são aquelas que tiveram início durante a vida e, no 
curso do processo, o adotante veio a falecer. Surge algumas polêmicas: a lei faculta 
que esse processo vá a termo final. Como a adoção é plena, insere o adotado em 
todo o seio da família do adotante. A morte não vai

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