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Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III TEORIA GERAL DOS RECURSOS Para Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Dinamarco, O princípio do duplo grau de jurisdição indica a possibilidade de revisão, por via de recursos, das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau. Garante, assim, um novo julgamento, por parte dos órgãos da “jurisdição superior”. as nomenclaturas quanto “primeiro/segundo grau”, “jurisdição inferior/superior” diz respeito apenas à competência da instância revisora poder julgar novamente as causas já decididas. O juiz, qualquer que seja o grau de jurisdição exercido, tem independência jurídica, julgando em obediência ao direito e à sua consciência jurídica. Isso quer dizer que a existência de órgãos superiores e da garantia do duplo grau de jurisdição não interfere nem reduz as garantias de independência dos juízes. Esse princípio funda-se na possibilidade de a decisão de primeiro grau ser injusta ou errada, decorrendo a necessidade de permitir a sua reforma em grau de recurso. Há uma corrente reduzidíssima que se manifesta contrariamente ao princípio, invocando os seguintes argumentos: a. não só os juízes de primeiro grau, mas também os de segundo grau poderiam cometer erros e injustiças b. a decisão em grau de recurso é inútil quando confirma a sentença de primeiro grau, infringindo o principio da economia processual c. a decisão que reforma a sentença de primeiro grau é sempre nociva, pois aponta uma divergência de interpretação, que da margem a duvidas quanto a correta aplicação do direito, produzindo incertezas nas relações jurídicas e o desprestigio do Poder Judiciário. Ao contrário desse entendimento, tem-se por certo que é mais conveniente ao ordenamento e à sociedade dar ao vencido uma oportunidade para o reexame da sentença com a qual não se conformou. Os tribunais de segundo grau, formados, em geral, por juízes mais experientes e constituindo-se em órgãos colegiados, oferecem maior segurança; além do mais, está psicologicamente comprovado que o juiz de primeiro grau se cerca de maiores cuidados no julgamento quando sabe que sua decisão poderá ser revista pelos tribunais de jurisdição superior. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Mas, o principal fundamento para a manutenção do principio é de natureza política: nenhum ato estatal pode ficar imune aos necessários controles. O poder judiciário, principalmente onde seus membros não são sufragrados pelo povo é, dentre todos, o de menor representatividade. Não o legitimam nas urnas, sendo o controle popular sobre o exercício da função jurisdicional ainda incipiente em muitos ordenamentos, como o nosso. É preciso, portanto, que se exerça ao menos o controle interno sobre a legalidade e justiça das decisões judiciarias. Esse princípio não é garantido constitucionalmente de modo expresso, entre nós, desde a república; mas a própria constituição incumbe-se de atribuir a competência recursal a vários órgãos da jurisdição (art. 102, II, art. 105, II e art. 108, II), prevendo expressamente, sob a denominação de tribunais, órgãos judiciários de segundo grau. Ademais, o CPP, CPC, CLT, leis extravagantes e leis de organização judiciaria preveem e disciplinam o duplo grau de jurisdição. Há casos, porem em que inexiste o duplo grau de jurisdição, como nas hipóteses de competência originaria do STF, art. 102, I da CF, mas trata-se de exceções constitucionais ao princípio. A lei maior pode excepcionar as suas próprias regras. Assim, o que seria um recurso? → É um meio voluntário capaz de ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, invalidação, integração ou esclarecimento da decisão impugnada. Há quem, em nome da celeridade, defenda que todas as decisões se tornem inimpugnaveis. Porém, se isso ocorresse, seria em absoluto detrimento da segurança jurídica. Porém, multiplicar ad infinitum os meios de impugnação judicial produziriam efeitos igualmente danosos, porque sempre haveria um recurso e nunca se chegaria a uma solução. As legislações buscam, então, uma posição intermediaria. Antes de entrar no assunto, é importante ter em mente os PRONUCIAMENTOS JUDICIAIS, para saber quais os recursos podemos interpor, pois deve-se procurar um meio de impugnação adequado para cada caso concreto. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III DOS PRONUNCIAMENTOS JUDICIAIS Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o. § 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. Portanto: 1. SENTENÇA: pronunciamento por meio do qual o juiz, com base nos arts. 485 e 487 (SRM e CRM) extingue a fase de conhecimento do procedimento comum, bem como extingue a execução. Pouco importa se incursionou ou não sobre o mérito. Crítica ao termo “extingue a fase de conhecimento do procedimento comum”, pois há possibilidade da SENTEÇA ILÍQUIDA. Quando isso ocorre, vai ter que ir para a fase de liquidação, que ainda é fase de conhecimento. Portanto seria uma sentença que nem extingue a fase de conhecimento, nem extingue a execução. 2. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA: todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não é sentença, ou seja, que não põe fim ao processo. Pode ser decisão interlocutória de mérito ou não. OBS: Nem toda decisão interlocutória caberá agravo de instrumento. Sempre que quiser saber se contra uma DI cabe agravo de instrumento a resposta será DEPENDE! Tem que ir no rol exaustivo do art. 1.015 e procurar as hipóteses de cabimento. 3. DESPACHO: ato não-decisório por meio do qual o juiz impulsiona o processo. Segundo o art. 1.001, “Dos despachos não cabe recurso”, pois não causam gravame para nenhuma das partes. 4. ATOS PROFERIDOS PELOS TRIBUNAIS: são os acórdãos (julgamentos colegiados) e as decisões monocráticas unipessoais do relator. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III <<OBS>> O que importa para um ato não é a sua denominação “sentença, decisão interlocutória, despacho...” mas sim o seu CONTEÚDO. Se o conteúdo é constritivo de um direito, é uma decisão, mesmo que seja nomeado de despacho de forma inapropriada. → Qual é a diferença entre RECURSO e AÇÕES AUTONOMAS DE IMPUGNAÇÃO? Os recursos ensejam, dentro de um mesmo processo, a reforma da decisão (se houve erro de julgamento do juiz), a invalidação (se houve erro de procedimento) ou esclarecimento/integração. As ações autônomas impugnam atos judiciais e não se confundem com recurso, pois rendem ensejo ao surgimento de um novo processo. São eles: MS, ação rescisória, etc. → Quais são os atos passiveis de recurso? R: Sentenças, algumas decisões interlocutórias, acórdãos e decisões unipessoais do relator. - - - - Alguns pontos: - Os tribunais não têm competência apenas recursal, mas também competência originaria para alguns materiais, como ação rescisória e incidente de arguição deinconstitucionalidade. - Humberto Theodoro Junior diz que no primeiro grau de jurisdição vigora o principio da dualidade de jurisdição, segundo a qual as decisões são passiveis de reexame por um novo órgão colegiado. Esse principio deixa claro a possibilidade de ser reexaminado, porém, esse deve ser mediante uma DECISÃO VOLUNTÁRIA da parte. Assim, entende-se o por que de o DUPLO GRAU NECESSÁRIO DE JURISDIÇÃO ou REEXAME NECESSÁRIO não ser tido como recurso. O reexame necessário diz respeito ao juiz, quando condena a fazenda pública, ter que remeter os autos para a instancia superior, como condição de eficácia da decisão, independentemente de recurso pela parte interessada. Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III <<OBS>> - Contra decisão interlocutória pode caber tanto agravo de instrumento, quanto apelação. Exemplo: o autor entra com o processo e pede A e B; o juiz, no curso do processo, entende que o pedido A já está maduro para julgamento e prolata uma decisão interlocutória de mérito. Contra essa decisão, cabe agravo de instrumento, pois segundo o art. 1.015, uma das possibilidades de caber agravo de instrumento é a decisões interlocutórias ter versado sobre o mérito do processo. Se, porém, no curso do processo o juiz der uma decisão interlocutória que não conste no rol do art. 1.015, não caberá agravo de instrumento, mas isso não quer dizer que a decisão é irrecorrível pois poderá a parte, em eventual apelação, alegar preliminarmente essa matéria. Portanto, em uma sentença, se você for o apelante, poderá impugnar, nas preliminares, a decisão interlocutória que foi exarada no curso do processo e que era insuscetível de agravo de instrumento. Só tem a ver com o fato de estar ou não no art. 1.015; se a matéria não estiver lá, poderá sim insurgir, mas não naquele momento. Devera aguardar o juiz prolatar aa sentença de apelação, para impugnar tão decisão interlocutória. Se você for o apelado, você impugnará nas contrarrazões do recurso. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III DA ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS Art. 929. Os autos serão registrados no protocolo do tribunal no dia de sua entrada, cabendo à secretaria ordená-los, com imediata distribuição. Parágrafo único. A critério do tribunal, os serviços de protocolo poderão ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau. Art. 930. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal, observando-se a alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade. Parágrafo único. O primeiro recurso protocolado no tribunal tornará prevento o relator para eventual recurso subsequente interposto no mesmo processo ou em processo conexo. Art. 931. Distribuídos, os autos serão imediatamente conclusos ao relator, que, em 30 (trinta) dias, depois de elaborar o voto, restitui-los-á, com relatório, à secretaria. A primeira providencia que se tem quando o recurso chega no tribunal é o seu protocolo. O ato subsequente é o da distribuição. Todos os eventuais recursos subsequentes da mesma causa serão distribuídos por prevenção para aquele mesmo relator. Antes, os advogados pediam desistência do recurso quando caia nas mãos de um relator que eles não queriam. Hoje, feita a distribuição, o juízo colegiado e o relator para qual foi distribuído ficarão preventos. Para ter um parâmetro: A apelação não é protocolada diretamente no tribunal, mas sim no juízo de primeiro grau, para dar a oportunidade do juiz se retratar. Além disso, o primeiro grau abre prazo para que o recorrido ofereça contrarrazões. Após isso, o processo será enviado para o tribunal, com tudo bonitinho, mas independentemente de juízo de admissibilidade. O processo sobe e vai para a distribuição no tribunal. Essa distribuição deve respeitar a observância da publicidade e da alternatividade. Se já tiver ocorrido algum agravo no curso do processo em primeira instância, a apelação será distribuída por dependência: recurso anterior, aquele tribunal/relator/câmara/turma se torna prevento para todos os demais recursos que houver nesse processo. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Enfim, o processo vai cair na mão de um relator. O CPC atribui ao relator a possibilidade/tarefa de julgar monocraticamente. Em regra, será colegiadamente, mas o CPC dispõe as possibilidades em que poderá fazer sozinho. O relator é aquele que toma conhecimento do recurso, que estuda o processo, prepara um relatório de tudo que aconteceu e determina o encaminhamento para a pauta de julgamento (caso não seja a hipótese de ele julgar monocraticamente). Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Art. 932. Incumbe ao relator: Dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; O relator será o dirigente; ira dirigir inclusive a respeito da produção de provas no tribunal (pode ocorrer). Ele também será o responsável por homologar acordo entre as partes, visto que esse pode ocorrer em qualquer fase do processo. Quando essa apelação chega no tribunal, é comum que o apelante alegue que houve cerceamento de defesa; provas que eu pretendia produzir não foram permitidas em primeiro grau e eu preciso fazer agora. Seria o caso de o relator conhecer do recurso e dar provimento, anulando a sentença e restituindo para o juiz de primeiro grau, para que agora as provas sejam produzidas? Essa nova sentença, agora com as novas provas produzidas, será novamente apelada, para o mesmo tribunal, para o mesmo relator, e, agora, admitindo o recurso, devera novamente julgar, agora com aquele vicio sanado. Mas isso dura muito tempo. A ideia do CPC foi que o relator, ele mesmo, sane esses vícios e produza essas provas. Apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; Muitas vezes, quando se interpõe um recurso, o recorrendo pede ao relator que ele conceda uma tutela provisória, seja ela de urgência ou de evidência. O relator, para quem foi distribuído o recurso, decidirá sozinho se concede ou não. A urgência exige do relator uma atividade unipessoal. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; → O JUIZO DE ADMISSIBILIDADE FOI NEGATIVO Se o recurso é “inadmissível” (= o relator “não conhece” dele e decide monocraticamente). Isso acontece quando o ele não enfrenta o mérito da postulação recursal, apenas em juízo de admissibilidade diz que não tem como enfrentar o mérito. Recebido o recurso, o relator vai observar se ele tem vícios. Se houver, tentará, primeiro de tudo, sanear. Não sendo possível o saneamento, ele poderá prolatar juízo de admissibilidade, que pode ser negativo (932, III). O que é essa tentativade saneamento? Art. 932 parágrafo único. Tenta dar a chance ao apelante para corrigir eventuais vícios, em 5 dias (art. 10, proibição da decisão surpresa). Se forem corrigidos, admite-se o recurso, juízo de admissibilidade positivo. Se inadmitir, está dizendo que houve deserção, intempestividade... Tem prevalecido na doutrina o entendimento do STJ de que esse vício diz respeito aos VICIOS FORMAIS e não substanciais (materiais). Assim, por exemplo, um vício quanto a não-impugnação especificada dos fundamentos da decisão era simplesmente inadmitida, pois considera-se um vício substancial. Esse entendimento deve ser olhado com ressalvas, visto que o legislador disse SANE O VICIO, não disse quais, não se pode interpretar restritivamente. Dessa decisão de relator, cabe recurso? Sim! Agravo interno (art. 1021.). Monocraticamente, o juiz atua como porta-voz de um órgão colegiado; logo, é razoável dar a parte interessada a possibilidade de buscar a colegiação. Art. 932. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. Portanto, contra a decisão que inadmite a apelação, cabe agravo interno. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; → O JUIZO DE ADMISSIBILIDADE FOI POSITIVO → O JUIZO DE MÉRITO FOI NEGATIVO Se o relator admite o recurso no juízo de admissibilidade, vai para o juízo de mérito, quando vai aplicar o art. 932 IV e V. ou seja vai dar uma decisão monocrática, dizendo que “nega seguimento/provimento” (IV) ou que “dá seguimento/provimento” (V) ao seu recurso. Em outras palavras, quando o texto legal fala em NEGAR PROVIMENTO, quer dizer que ele CONHECE O RECURSO para enfrentar o mérito e dizer que o recurso NÃO TEM PERTINENCIA. Ou seja, já foi superado a fase do artigo anterior: aqui, não há vícios formais (e se chegaram a existir, já foram sanados). Depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; O relator também poderá dar provimento sozinho a um recurso, desde que ouça o recorrido pois, caso contrário, estará ferindo o contraditório. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III - - - - Decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; Determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; Exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. - - - - - Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. § 1o Se a constatação ocorrer durante a sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes se manifestem especificamente. § 2o Se a constatação se der em vista dos autos, deverá o juiz que a solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as providências previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em pauta para prosseguimento do julgamento, com submissão integral da nova questão aos julgadores. Art. 934. Em seguida, os autos serão apresentados ao presidente, que designará dia para julgamento, ordenando, em todas as hipóteses previstas neste Livro, a publicação da pauta no órgão oficial. Termo JUIZO DE ADMSSIB. MÉRITO NÃO CONHECER NEGAR PROVIMENTO DAR PROVIMENTO Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Art. 935. Entre a data de publicação da pauta e a da sessão de julgamento decorrerá, pelo menos, o prazo de 5 (cinco) dias (((ÚTEIS))), incluindo-se em nova pauta os processos que não tenham sido julgados, salvo aqueles cujo julgamento tiver sido expressamente adiado para a primeira sessão seguinte. § 1o Às partes será permitida vista dos autos em cartório após a publicação da pauta de julgamento. § 2o Afixar-se-á a pauta na entrada da sala em que se realizar a sessão de julgamento. Art. 936. Ressalvadas as preferências legais e regimentais, os recursos, a remessa necessária e os processos de competência originária serão julgados na seguinte ordem: I - Aqueles nos quais houver sustentação oral, observada a ordem dos requerimentos; II - Os requerimentos de preferência apresentados até o início da sessão de julgamento; III - Aqueles cujo julgamento tenha iniciado em sessão anterior; e IV - Os demais casos. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III SUSTENTAÇÃO ORAL Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do art. 1.021: I - no recurso de apelação; II - no recurso ordinário; III - no recurso especial; IV - no recurso extraordinário; V - nos embargos de divergência; VI - na ação rescisória, no mandado de segurança e na reclamação; VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência; IX - em outras hipóteses previstas em lei ou no regimento interno do tribunal. § 1o A sustentação oral no incidente de resolução de demandas repetitivas observará o disposto no art. 984, no que couber. § 2o O procurador que desejar proferir sustentação oral poderá requerer, até o início da sessão, que o processo seja julgado em primeiro lugar, sem prejuízo das preferências legais. § 3o Nos processos de competência originária previstos no inciso VI, caberá sustentação oral no agravo interno interposto contra decisão de relator que o extinga. § 4o É permitido ao advogado com domicílio profissional em cidade diversa daquela onde está sediado o tribunal realizar sustentação oral por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que o requeira até o dia anterior ao da sessão. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Freddie Didier diz que as atividades e funções de gestão exercitáveispelo relator não estão apenas previstas no art. 932, devendo também ser levado em consideração o art. 139. CAPÍTULO I DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela duração razoável do processo; III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III <<<FINALMENTE: RECURSOS>>> Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. PRINCIPIO DA TAXATIVIDADE Dentro do CPC, esse rol que elenca os recursos é taxativo; porém, pode haver outros recursos em outras leis, ex: na lei de execução fiscal há o embargo infringente, e na lei dos JECS há o recurso inominado. Mas não é qualquer lei que pode criar recursos, mas sim LEI FEDERAL, pois o art. 22, I, CF, dispõe que apenas a União tem atribuição para dispor sobre direito processual. → Ponto: O reexame necessário é recurso? R= Não, pois, além de não estar nesse rol, além de não ter o elemento volitivo. Para Fredie Didier, são instrumentos de impugnação de decisão judicial: os recursos, as ações autônomas de impugnação e os sucedâneos recursais. Sucedâneo recursal, por sua vez, é todo meio de impugnação de decisão judicial que nem é recurso nem é ação de impugnação. Trata-se de categoria que engloba todas as outras formas de impugnação da decisão. São exemplos: pedido de reconsideração, pedido de suspensão da segurança, a remessa necessária e a correição parcial. → No processo de conhecimento, toda decisão interlocutória é recorrível via agravo de instrumento? R= No processo de conhecimento, não, pois o rol desse artigo é taxativo. Essas di não agraváveis podem ser recorridas, lá na frente, como preliminar de apelação. Porém, no cumprimento de sentença, liquidação e execução de titulo extrajudicial, essas decisões, sim, são agraváveis de instrumento. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III PRINCIPIO DA SINGULARIDADE, UNIRRECORRIBILIDADE, UNICIDADE Para cada ato judicial recorrível, há um único recurso admitido pelo ordenamento jurídico. <<OBS>> O princípio da singularidade possui uma exceção: acórdão sendo recorrido simultaneamente por RE e RESP. Há entendimentos de que embargo de declaração + outro recurso também trata-se de uma exceção a esse princípio. Outro entendimento, porém, diz que não se trata de uma exceção, tendo em vista que o princípio requer simultaneidade. PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO Uma vez interposto o recurso, não pode a parte recorrente variar, mudar, substituir o recurso, ou mesmo complementar as suas razoes recursais, ainda que o prazo legal para a sua interposição não tenha transcorrido por inteiro. Caso: A parte interpôs um recurso e apelação ao invés de agravo de agravo de instrumento. Preocupada, ela pensa: vou desistir desse recurso, pois para desistir do recurso eu não preciso do consentimento do réu e, além disso, os efeitos dessa desistência não dependem de homologação judicial. Além do mais, ainda estou dentro do prazo para interpor o agravo de instrumento. Isso não pode, pois para cada decisão, só cabe um recurso e, ao recorrer, consuma-se o ato de recorrer. Esse princípio, porém, foi mitigado no NCPC, pois esse previu a possibilidade de os embargos de declaração interpostos serem substituídos pelo agravo interno, bem como na possibilidade de o recurso especial – recurso extraordinário. Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. § 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1o. Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE Se a parte interpuser o recurso errado, o tribunal aceitará o recurso errado, processando-o como se certo fosse. No código de 1973, a fungibilidade poderia ser aplicada se houvesse a dúvida objetiva, ou seja, uma dúvida doutrinaria e jurisprudencial sobre qual seria o recurso cabível para aquela decisão; não era uma dúvida do recorrente em si. Se o relator, vendo que o recurso está errado, mas que esse erro é escusável, ele poderá, de oficio, processar como se certo fosse. Trata-se do princípio da fungibilidade sendo aplicado de oficio. No NCPC, esse princípio ganha ainda mais força, com os exemplos citados no princípio anterior. Art. 1.032. que trata do RESP/RE. Se o STJ entender que se trata de uma questão constitucional, dará um prazo de 15 dias para suprimir os requisitos, quando então subirá para o STF. O STF poderá devolver ao STJ, se entender que não é competente para tal, e o STJ terá que julgar como RESP. Caso que ilustra a regra de tolerância, reflexo do princípio da fungibilidade. Art. 1.024. Embargos de declaração como se agravo interno fosse. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III PRINCIPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS Princípio que proíbe reformar a situação do único recorrente. Porém, deve-se atentar para os casos em que há SUCUMBÊNCIA RECIPROCA, esse princípio não incidirá, pois, aqui, tudo por acontecer, tanto o recurso do autor quanto o do réu pode ser promovido e, assim sendo, um prejudicará o outro. Exemplo: o autor pede R$100 e o juiz concede R$50 e o réuse conforma. O autor recorre pedindo os outros R$50. Nesse caso, apenas o autor recorreu. Incidirá o princípio, pois o tribunal não poderá reduzir os R$50 para R$20. Porém, pode haver o caso de o réu também apelar, dizendo que não quer pagar nem os R$50. Ora, se ambos recorrem, é possível que o juiz dê provimento ao pedido do réu para afastar os cinquenta e também é possível o contrário. Ambos poderão obter êxito, porque ambos recorreram, e o êxito de um implicará prejuízo ao outro. Aqui não incide o princípio. Quando isso acontece, quando ambas as partes ganham e perdem, utilizando-se cada uma de um recurso, chama-se de RECURSO INDEPENDENTE. DETALHE IMPORTANTE: As matérias de ordem pública podem ser conhecidas de oficio pelo juiz e não dependem da provocação da arte, podem ser conhecidas, desde que o magistrado respeite a regra fundamental do art. 10 (proibição da decisão não surpresa). São elas: Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; § 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Portanto, o juiz pode conhecer qualquer dessas matérias em grau de recurso, mesmo que haja um único recorrente. Outra questão importante: O tribunal poderá piorar a situação da fazenda publica em reexame obrigatório? Parte da doutrina diz que não, visto que a fazena publica sempre foi privilegiada no processo civil, pois sempre tem prazos dobrados etc. a outra parte da doutrina diz que o reexame obrigatório propicia ao tribunal o reexame de toda e qualquer matéria versada naquele processo, portanto, sera possível prejudicar. Porem, o STJ, diferente desse último entendimento, editou a sumula 45. Súmula 45/STJ: No reexame necessário é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública - - - - - - A sucumbência reciproca abre parêntese para a figura do RECURSO ADESIVO. O primeiro requisito para viabilizar o recurso adesivo é a sucumbência reciproca; o segundo é que haja interposição do recurso independente pela parte adversa. APELAÇÃO ADESIVA. 997. No mesmo prazo que tem pra contrarrazoar, poderá oferecer essa apelação adesiva. Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. (DESVANTAGEM) Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Não há vantagem em apelar adesivamente; esse recurso fica condicionado à admissão do recurso dependente. Os doutrinadores tratam esse como RECURSO SUBORDINADO, porque impõe que o recurso adesivo só será conhecido se o independente também for. Os mesmos requisitos do recurso dependente serão exigidos na apelação adesiva. Se oferecida, haverá um DESPACHO de intimação do apelante para agora oferecer contrarrazões de apelação adesiva. Colhidas essas contrarrazões, o processo sobe independentemente de juízo de admissibilidade. Se a apelação principal for INADMITIDA, não se analisará o recurso adesivo. Se não quer correr esse risco, é melhor oferecer apelação normal. Caso: Houve uma audiência de conciliação e mediação. O autor é José e o réu Pedro. José está pedindo um carro e não compareceu a essa audiência. Nessa audiência (334), como José não compareceu, foi aplicada uma multa de 2% por decisão interlocutória. Essa decisão não é agravável de instrumento pois não está no rol. No final da ação, a sentença reconheceu procedente o pedido (bom pra José), mas nesse processo ele foi condenado àquela multa que não pôde agravar. Ele pode apelar? Se sim, ele estaria apelando da sentença? Não! Estaria apelando de uma decisão interlocutória não agravável de instrumento. Pode isso?... Se Pedro apelar, José poderá falar da multa nas contrarrazões do recurso, encaixa perfeitamente. Mas José poderia apelar apenas contra uma decisão interlocutória não agravável, visto que ele não foi o sucumbente na sentença? O melhor entendimento é o que SIM, é possível. O melhor seria, se tivesse certeza que o réu apelou, deixar de apelar por si só e colocar a questão em preliminar de contrarrazões, visto que não precisaria pagar as custas. Tem tribunal entendendo que essas petições de contrarrazões deverão ter custas. Perceba: Se João entrar com a ação pedindo A + B, e o juiz na sentença só der A, a sentença foi de parcial procedência. José poderia apelar para pedir B, se ele não pedir nessa apelação, ele pode pedir numa apelação adesiva. Houve sucumbência reciproca: Pedro apela, e João oferece uma apelação adesiva no mesmo prazo das contrarrazões (paralelamente), duas peças distintas. No caso da multa, essa condenação não veio na sentença, mas numa decisão interlocutória. Poderia ter atacado isso tanto em uma apelação normal, quando nas contrarrazões, pois o código permite isso ao permitir que se ataque as decisões interlocutórias não apeláveis na contrarrazão. José não poderia falar de B, pois para falar de B precisa apelar. Não teria pra quê falar em apelação adesiva, já que pode falar em contrarrazões. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III PRINCIPIO DA RETRATAÇÃO É o princípio que autoriza o órgão judiciário a quo, inferior, a rever a sua própria decisão, tem o poder de ele próprio, reexaminar e se retratar aquela decisão. Será melhor visto no tópico de EFEITO REGRESSIVO. PRINCIPIO DA DIALETICIDADE Diz respeito à necessidade de o recorrente motivar o recurso no ato de interposição do mesmo. Nada mais é do que um ônus daquele que está recorrendo, de expor os fatos e os fundamentos jurídicos de impugnar especificamente os fundamentos da decisão, explicitar as razoes pelas quais ele pede a reforma da decisão ou invalidação daquela decisão. Sem a observância desse princípio, não há como o recorrido contrariar, não tem o que dizer nas contrarrazões, pois não haveria a explicitude do recorrente na peça recursal. Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:I - a exposição do fato e do direito; II - a demonstração do cabimento do recurso interposto; III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida. PRINCIPIO DA COMPLEMENTARIEDADE Todo e qualquer recurso tem que ser motivado, sendo vedado a retificação ou complementação ulterior das razoes recursais. O NCPC, todavia, admitiu a sanação de vícios (art. 932, parágrafo único), bem como a complementação das razoes recursais (art. 1.024 § 3 e § 4; art. 1.032, caput). Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III - - - - DESISTENCIA DO RECURSO x DESISTENCIA DA AÇÃO Há uma regra no NCPC de que o recorrente poderá pedir a desistência do recurso, por ato unilateral, não precisando, para isso, da autorização do recorrido, nem de homologação judicial, diferentemente da desistência da demanda, em que os dois são necessários (nesse caso, a autorização do réu será necessário se ele já tiver contestado; se antes, não precisa). Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. A desistência, porém, não será um entrave para o julgamento de RESP/RE repetitivos, pela razão de que o que importa aqui não é a vontade exclusiva do recorrente, e sim das centenas de recursos que envolvem aquela questão. Digamos que José interpôs um recurso e esse foi escolhido para ser o recurso paradigma, aquele que vai ser julgado para que a tese aplicada nele seja pulverizada para todas as demandas idênticas que estão sobrestadas no Brasil. Jose poderá desistir, mas, ainda que faça isso, a analise não é impedida. O tribunal estaria julgando um recurso FrankStein, segundo Daniel de Assunção. Por isso, o ideal seria selecionar mais de um recurso como paradigma. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III CLASSIFICAÇÃO Quanto a extensão da matéria, os recursos podem ser: 1. Parciais: quando impugna-se apenas um capitulo ou parcela da decisão. 2. Total: quando impugna-se a decisão na sua integralidade. Quanto a fundamentação, os recursos podem ser: 1. Fundamentação livre: meio pelo qual o recorrente pode atacar o ato judicial livremente, sem qualquer limitação, alegando todo o tipo de vicio ou defeito que achar necessário. 2. Fundamentação vinculada: o recorrente poderá apontar apenas determinados vícios previstos em lei. Exemplo: embargos de declaração. No artigo 1.022, diz-se que só cabe contra vicio de omissão etc. o recurso extraordinário também, visto que só pode-se arguir questão constitucional. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III JUIZO DE ADMISSIBILIDADE São sete pressupostos: Pressupostos intrínsecos: 1. Cabimento. 2. Legitimidade para recorrer. 3. Interesse em recorrer. 4. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer. Pressupostos extrínsecos: 5. Tempestividade. 6. Preparo. 7. Regularidade formal. Os pressupostos intrínsecos levam em consideração a decisão. Os pressupostos extrínsecos levam em consideração o recurso. A depender do autor, a “inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer” pode ser considerado como pressuposto extrínseco. O juízo de admissibilidade diz respeito aos verbos CONHECER e ADMITIR. Esses pressupostos são cumulativos: se faltar um deles, o recurso será inadmitido. Não confundir com os verbos “proceder” e “dar provimento”, pois esses estão relacionados ao juízo de mérito recursal. O juízo de mérito recursal não quer dizer, necessariamente, o mérito da demanda. Ex: um agravo de instrumento contra decisão que nega a perícia. Pode-se conhecer um recurso para negar-lhe provimento. “Conhecer” significa apenas preencher os pressupostos de admissibilidade. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III PRESSUPOSTOS INTRINSECOS 1. CABIMENTO → Princípio da taxatividade. Para ilustrar: “Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso”. Fala-se em cabimento, pressuposto de admissibilidade. De uma decisão, PODE caber ou não recurso. - As decisões que têm função apenas resolver uma questão incidental ou principal, mas SEM extinguir a fase cognitiva do procedimento comum, será uma decisão interlocutória. - As decisões que extinguem a fase cognitiva do procedimento comum será uma sentença. Seção IV Dos Pronunciamentos do Juiz Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Tendo isso em vista: Contra decisão interlocutória CABE o Agravo de instrumento o Embargos de declaração o Apelação*: cabe apelação contra aquelas decisões não agraváveis de instrumento, que serão objeto de apelação ou contrarrazões de apelação. Contra sentença CABE o Apelação o Embargos de declaração o Contra decisão monocrática, unipessoal, de relator, do precidente ou vice- presidente do tribunal CABE o Agravo interno o Embargos de declaração o Agravo em RESP/RE Contra acórdão, decisão colegiada CABE o Recurso ordinário o Recurso especial o Recurso extraordinário o Embargos de divergência o Embargos de declaração - - - - - Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III 2. LEGITIMIDADE PARA RECORRER Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. Logo, os legitimados são: 1. Parte vencida. 2. Terceiro prejudicado. 3. Ministério público. O ministério público, ao recorrer, atua como parte e como fiscal da ordem jurídica, ainda que inexista recurso das partes. Súmula 99/STJ - 18/12/2017. Ministério Público. Fiscal da lei. Recurso. Legitimidade. CPC, art. 499, § 2º. «O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.» O parágrafo único do artigo traz o nexo causal como sendo necessário para que o terceiro possa recorrer. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III 3. INTERESSE EM RECORRER O interesse está conjugado pela necessidade + utilidade. Utilidade: quando a decisão do recurso puder me colocar em uma situação mais vantajosa. A utilidade, porém, é diferente da sucumbência formal. Utilidade não é ter sido condenado, mas é o fato de o julgamento do recurso pudercolocar a parte em uma situação de maior vantagem do que agora. Sucumbência material ≠ Sucumbência formal = A sucumbência material pode ocorrer quando a parte não obteve tudo o que o processo poderia lhe render. Exemplo: José entrou com uma ação contra Pedro e esse processo foi extinto SRM. Pedro, embora não tenha perdido (sucumbência formal), poderá recorrer, pois, para ele, talvez fosse melhor chegar ao mérito para julgar improcedente (CRM) e formar a coisa julgada material. – Sucumbência Material: é fenômeno processual referente a aspecto material do processo, ocorrendo sempre que a parte deixe de obter no mundo dos fatos a totalidade do que poderia ter conseguido com o processo (Ex: condenação em extensão menor da que for requerida na petição inicial). – Sucumbência Formal: é a situação processual na qual a frustração da parte ocorre apenas em termos processuais. A parte deixa de obter com o processo tudo aquilo que ela pretendia obter em virtude do pedido que formulou na sua pretensão (Ex: parte ré que na contestação reconhece um dos pedidos e requer a improcedência dos demais. Se for proferida uma sentença de total procedência o réu sucumbiu formalmente, visto que a sua posição processual restou frustrada – pretendia a procedência parcial). Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Necessidade: para alcançar a utilidade, para alcançar aquele resultado, só é possível através do recurso. Sem a necessidade, ainda que útil, o recurso será inadmitido. Caso: Petição inicial (João – autor x Pedro – réu) → Audiência de conciliação, João não comparece (incide aquela multa de 2%) → Sentença Procedente. Essa decisão da multa é uma di não recorrível por agravo, pois não consta no rol do art. 1.015. O apelante será Pedro, que vai recorrer da sentença. João não quer recorrer da sentença, mas sim da multa. Pode a parte vitoriosa apelar de uma decisão interlocutória que, na época, não era agravável de instrumento? Ou seja, Pedro (parte vencida) apelar da sentença e João apelar da decisão interlocutória que estabeleceu a multa? Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. O § 1o trata das questões resolvidas na fase de conhecimento que não comportarem da interposição de agravo de instrumento, que não possuem recorribilidade imediata. Por conta da supressão do recurso de agravo retido, previsto no código de 1973, as questões resolvidas na fase cognitiva, que não comportem a interposição de agravo de instrumento, não ficam cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação ou de contrarrazões. Quando a impugnação das decisões interlocutórias não agraváveis estiver sendo realizada pela parte vencida/perdedora, o momento correto é em preliminar de apelação, juntamente impugnando a própria sentença. Já a parte vencedora não tem interesse recursal, mesmo assim, poderá impugnar decisão interlocutória não passível de agravo nas contrarrazões. Sendo contrarrazões um tipo de resposta a apelação do recorrente e por essa possibilidade de impugnar uma decisão interlocutória, adquire características de recurso. Por conseguinte, o apelante (a parte vencida) também pode se manifestar sobre as contrarrazões, é a chamada contrarrazões das contrarrazões. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III A impugnação com as contrarrazões servirá para a manifestação defensiva do vencedor sobre o recurso em si, com as devidas argumentações, contra à apelação interposta, bem como também sobre a decisão interlocutória não agravável. Porém, está condicionada/subordinada pelo provimento da apelação do vencido. Ou seja, a análise das contrarrazões do vencedor depende de que apelação do adversário seja provida, ocorrendo o efeito recursal diferido [1], que é a dependência do julgamento de um recurso para o exame de outro.). Para Vinícius Silva Lemos, em seu livro “Recursos e Processos nos Tribunais no Novo CPC”, esta subordinação tem exceção caso o objeto da decisão interlocutória não influencie na sentença (multa por ato atentatório a dignidade da justiça, por ex). Obs: Efeito diferido é a relação de dependência do recurso para com outro. Por exemplo, a própria contrarrazões da apelação que permanece condicionada ao conhecimento da apelação do vencido para ser analisada o mérito. Outro exemplo é o recurso adesivo que vincula ao principal, aguardando este ser conhecido e julgado o mérito. Princípio da voluntariedade A parte, terceiro ou MP recorre SE quiser e DO QUE quiser. - Juiz não recorre de ofício. - Reexame necessário não é recurso pois o juiz não manda subir porque quer, mas por saber que, se não mandar, não produzirá efeitos. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III 4. INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DE RECORRER Variantes: 1. Desistência. Art. 998. 2. Renúncia. Art. 999. 3. Aquiescência. Art. 1.000. Lembrar que a desistência diz respeito não à demanda, mas sim ao recurso. A desistência da demanda é aquela do art. 200, que depende da homologação do juiz e do consentimento do réu, se esse já tiver contestado. Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Portanto, a desistência pode ser a qualquer tempo e independentemente de consentimento e homologação para produzir efeitos. Alguns defendem que esse “a qualquer tempo” tem a limitação de ser antes do relator proferir o voto. Ser até o início do julgamento (e não da sessão de julgamento) desse recurso seria o ideal. Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. Quanto a renúncia ao direito de recorrer, independe da aceitação da outra parte. Desistência ≠ renúncia, visto que a primeira pressupõe um recurso já interposto, enquanto o segundo ainda não teve recurso interposto. Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. O artigo acima trata da aquiescência. Ocorre uma preclusão lógica. Ex: sentença que manda fazer. Se você não aceitar, tem que recorrer, pois, se fizer o que a sentença manda, o ato de apelar será incompatível com o ato de fazer/pagar. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III PRESSUPOSTOS EXTRINSECOS 1. TEMPESTIVIDADE ((NCPC)) Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. § 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder- lhes é de 15 (quinze) dias. Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal. ((Lei 9.099/95)) Recurso inominado. Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. - - - - -De acordo com o art. 1.003: 1. Advogados 2. Sociedade de advogados 3. Defensoria pública 4. Ministério público Terão os prazos contados a partir da sua intimação. Considera-se intimado em audiência, quando nessa for proferida a decisão. § 2o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação. O art. 231 trata da contagem dos prazos, referindo-se ao dia de começo de acordo com o modo como a citação foi feita. Dessa forma, identifica-se o dia do começo, depois o excluí, para começar a contar a partir do dia útil subsequente. § 3o No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III § 4o Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. A sumula 216 STJ determinava que “A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no protocolo da secretaria e não pela data da entrega na agência do correio”. Em outras palavras, as petições eram aferidas, para termos de tempestividade, não pela data da postagem, mas sim da data de chegada da petição no protocolo do tribunal. Com o NCPC, o art. 1.003, § 4º, mata essa sumula, considerando como data de interposição a data de postagem. § 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. - - - Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III 2. PREPARO Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. A expressão destacada significa que o preparo é imediato (recolhimento + comprovação). → PREPARO = PREPAGO. A sanção pelo não-pagamento é a deserção. <<OBS>> Insuficiência de preparo ≠ Inexistência de preparo. Na insuficiência, o recorrente recolheu e comprovou, mas recolheu a menos. Na insuficiência, só ocorrerá a deserção se a parte não suprir a falta em 05 dias. Art. 1.007. § 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. Na inexistência, o recorrente não comprova (pagou, mas não demonstra). Terá de pagar o dobro. Art. 1.007. § 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. § 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III <<OBS>> Insuficiência ≠ Inexistência ≠ Isenção A isenção pode ser objetiva ou subjetiva. • A isenção objetiva leva em consideração o recurso interposto, ou seja, recursos que não tem preparo, são eles: - Agravo interno: alguns tribunais preveem a isenção, outros não. - Embargo de declaração. - Agravo em RESP/RE. • A isenção subjetiva diz respeito às “pessoas” que gozam de isenção legal do pagamento de preparo. Art. 1.007. § 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. - - - - - § 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. § 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. § 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III 3. REGULARIDADE FORMAL Diz respeito aos requisitos de cada recurso. Os requisitos de admissibilidade são exigências legais, exigências de que o recurso seja apresentado dentro da forma prevista em lei, observando os requisitos formais. Há as exigências de que recurso seja apresentado em forma de petição, redigido em português, tenha fundamentação, dentre outros. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III EFEITOS RECURSAIS 1. DEVOLUTIVO O efeito devolutivo significa o encaminhamento do recurso para o tribunal (“devolução” ao tribunal) para que ocorra a reforma/modificação do julgado. Está presente em todos os recursos, embora a doutrina venha a afirmar que não cabe nos embargos de declaração. Há o efeito devolutivo em extensão (horizontal) e o efeito devolutivo em profundidade (vertical). Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. → Extensão: o tribunal está limitado àquilo que foi devolvido. - Princípio da proibição da reformatio in pejus. → Profundidade: o tribunal não está restrito ao que foi debatido. Pode se aprofundar, dentro do ponto que foi devolvido. - Teoria da causa madura. - Entra as questões de ordem pública (efeito translativo). Então, se eu pedi A, B e C no primeiro grau, mas só devolvi C ao tribunal, ele não pode se manifestar acerta de A e B, mas pode se aprofundar na análise de C, sem ficar limitado ao que foi discutido em C no primeiro grau. Ex: no primeiro grau analisou C apenas com base no CPC, poderá no segundo grau analisar sob os olhos do CDC, CC, etc. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. Exemplo: você formula o pedido de despejo, por duplo fundamento falta de pagamento soa aluguéis e uso próprio. O juiz de primeiro grau julga apenas com base no primeiro argumento; mesmo assim, os demais fundamentos poderão ser devolvidos ao tribunal para que ele julgue. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III § 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada no art. 485; Não precisa, como ocorria antes, retornar os autos para o juiz de primeiro grau caso o tribunal julgasse pela nulidade de sentença. Agora, na hipótese de sentença terminativa, ao invés de retornar, ele mesmo resolve. É preciso, para isso, que o processo esteja maduro para julgamento. Não pode haver, portanto, necessidade de produção de provas testemunhais, sem haver necessidade de perícia, de depoimento das partes. as provas já devem estar produzidas, ou a matéria ser unicamente de direito. II - decretar a nulidade da sentençapor não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá- lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. Quando o tribunal observar qualquer das hipóteses, quais sejam: a sentença de primeiro grau ser extra-petita/ultra-petita, a sentença se omitir quando ao exame de um dos pedidos, a sentença ser nula foi falta de fundamentação, o tribunal não mandará retornar: ele mesmo vai consertar e julgar. Principio da celeridade. Quanto a hipótese do inciso III, tem-se o exemplo de cumulação eventual de pedidos. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III 2. OBSTATIVO Toda vez que eu recorro, a decisão não transitará em julgado. Impede a execução definitiva, pois essa parte da premissa que houve o trânsito em julgado da sentença que pretende-se executar. 3. SUSPENSIVO Impede a produção de efeitos daquela decisão. Impede a execução provisória. ______ APELAÇÃO_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Acórdão _ _ _ _ _ _ T/J No efeito devolutivo No efeito suspensivo Nesse período entre a apelação e o acórdão, não poderá haver a execução definitiva, pois essa depende do trânsito em julgado, e está ocorrendo o efeito obstativo, nem a execução provisória, pois essa depende da produção de efeitos da decisão. Se estivesse apenas no efeito devolutivo, não poderia ocorrer a execução definitiva, mas poderia haver a execução provisória, pois não houve o efeito suspensivo. O efeito suspensivo pode ser típico ou atípico. Será típico quando a interposição do recurso automaticamente produzir o efeito suspensivo. Diz-se que a decisão já estava suspensa, e que o recurso irá prolongar esse efeito. Será atípico quando a interposição não gerar automaticamente esse efeito. Esse efeito dependerá, portanto, de requerimento. EF. SUSPENSIVO TÍPICO = Ope legis; imposto por lei. EF SUSPENSIVO ATÍPICO = Ope judicis; depende de requerimento. Sentença Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III REGRA GERAL DO EFEITO SUSPENSIVO NOS RECURSOS: Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. Ou seja, a REGRA GERAL é a de que o recurso, uma vez interposto, NÃO IMPEDE A PRODUÇÃO DE EFEITOS, a regra é que NÃO TENHA EFEITO SUSPENSIVO. Poderá haver, porém, disposição legal dizendo o contrário, ou pode ocorrer o caso de o relator, a requerimento do recorrente, emprestar efeito suspensivo ao recurso. Observa-se que o relator concederá o efeito suspensivo ope judicis se verificar que: 1. Da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, difícil ou impossível reparação. 2. Ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. <<<SÃO REQUISITOS CUMULATIVOS>>> - - - - - - Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III DEMAIS CASOS: Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. Na apelação, o efeito suspensivo é ope legis, então, como a sentença, por sua natureza, já tem o condão de estar suspensa, a apelação prolonga esse efeito. Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias: I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; No agravo de instrumento interposto contra decisão interlocutória, há efeito ope judicis. Então, a pessoa tem que cumprir tal decisão, pois o simples fato de recorrer não suspenderá ela. Cabe ao relator resolver se suspende ou não. Assim, esse efeito suspensivo não é automático. Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso. § 1o A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação. Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente (IRDR) caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o caso. § 1o O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão constitucional eventualmente discutida. O efeito suspensivo típico é raro, estando disposto apenas: - na apelação; - no embargo de declaração que ataca sentença; - no RE/RESP que ataca decisão que julga IRDR. - - - - - - Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III EFEITO SUSPENSIVO NA APELAÇÃO A apelação tem efeito suspensivo ope legis. Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. § 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I - Homologa divisão ou demarcação de terras; II - Condena a pagar alimentos; III - Extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - Julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - Confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI - Decreta a interdição. Se a sentença fixou alimentos, por exemplo, ou se a tutela provisória é confirmada na sentença, ela produzira efeitos imediatamente após publicada. Não é a apelação que gera a suspensão, pois não estando nas hipóteses do 1012 § 1, a decisão não está produzindo efeitos. Existem outras hipóteses, para além dessas do § 1, em que a sentença não terá efeito suspensivo. A lei de locação (8.245/1998) diz que a sentença que decretar o despejo produzirá os seus efeitos imediatamente. Se apelar, apenas terá o efeito devolutivo e não o suspensivo; não impedirá o despejo da parte. A sentença em Mandado de Segurança, igualmente, não possui efeito suspensivo. As hipóteses do §1, as sentenças produzirão efeitos; a contrário senso, as que não estiverem ali e nem em outra lei, não irão produzir efeitos imediatamente. Nos casos em que irão produzir efeitos imediatamente (as que não estão no §1) já pode pedir a execução? Não. Já apelei? Não. Então não é a apelação que gera o efeito suspensivo. Na verdade, a decisão quando publicada já estava suspensa, pois não produzia efeitos imediatos. A apelação contra essa sentença apenas prolongara de forma automática esse efeito suspensivo. NÃO POSSUIRÁ EFEITO SUSPENSIVO Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Nos casos em que a sentença não tem efeito auto suspensivo, a apelação pedirá: preciso do efeito suspensivo. § 2o Nos casos do § 1º (casos em que a sentença não tem efeito auto suspensivo), o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença. Publicou a sentença, já produzindo efeitos nesses casos do parágrafo primeiro, o APELADO (parte vitoriosa) já poderá requerer de imediato o cumprimento provisório da sentença. A apelante (parte que perdeu) está satisfeito com o risco de já ser executado? Não. Então ele tem que pedir o efeito suspensivo ope judicis, pois nessecaso a apelação não vai ter o efeito suspensivo ope legis. Quem concede o efeito suspensivo é o relator. Se pedir esse efeito na apelação, oferece embaixo, o apelado vai contrarrazoar, quando chegar na mão do relator ele vai analisar o pedido de efeito suspensivo. Mas isso demora muito, o apelante não tem 1 ano para esperar. O apelado já pode pedir desde logo. § 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá- la; II - relator, se já distribuída a apelação. Do momento de interposição do recurso até a distribuição no tribunal, poderei formular um pedido de efeito suspensivo diretamente no tribunal. Se já tiver ocorrido a distribuição no tribunal, pede ao relator. Não é na apelação que pede, mas sim em uma petição para pedir efeito suspensivo ope judicis. Fazendo esse pedido, essa petição, um requerimento, no tribunal, haverá uma distribuição e um relator será “escolhido” para decidir isso. Se ainda não tiver subido, o relator que foi distribuído para analisar essa petição se tornará prevento para analisar a futura apelação. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Art. 932. Incumbe ao relator: II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; Tutela provisória é um pedido de efeito suspensivo, vai pedir diretamente ao relator. Se ocorrer, esse relator se tornara prevento. Quando a apelação subir, irá para esse relator. Ele deverá analisar se há a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. § 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. Na regra geral do art. 995 (não haver efeito suspensivo como sendo regra aos recursos) o legislador usa a conjunção “E”, soma, entre os dois requisitos. Aqui, usou a conjunção alternativa “OU”. Se você for interpretar literalmente, vai dizer que qualquer outro recurso (que não apelação) que não tenha efeito suspensivo, para poder requerer, precisará dos dois requisitos cumulativamente; por outro lado, se requerer efeito suspensivo na apelação, precisara apenas de um dos requisitos. O mais viável é interpretar ao pé da letra mesmo, visto que se restringir o ultimo caso, estará dificultando a concessão do efeito suspensivo. É um dos entendimentos. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III 4. REGRESSIVO Trata-se da possibilidade, pelo juízo, de se retratar. Nas apelações contra sentenças terminativas (SRM), o efeito regressivo é regra. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] § 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. Contra sentença definitiva (CRM), a regra é não poder se retratar, exceto no caso de improcedência liminar do pedido. Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: [...] § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. Quando trata-se de agravo de instrumento, há a necessidade de informar a interposição ao juízo de primeiro grau, para que ele possa se retratar, caso queira. Se assim o fizer, o recurso perderá o seu objeto. Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso. § 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento. O recurso de agravo interno também possibilita a retratação pelo relator, não precisará nem levar para o colegiado, ele poderá se retratar monocraticamente também. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Há também os casos de RE/RESO. Quando há um recurso envolvendo questões repetitivas, o relator afeta aquele recurso e determina a suspensão de todos os outros recursos, para que uma vez julgado, possa ser firmada a tese jurídica e que essa seja reproduzida para os juízos inferiores. Se, eventualmente, algum tribunal julgar de forma diferenciada daquela cuja a tese foi firmada, interposto o reuso especial contra aquela decisão, abre a possibilidade do presidente do tribunal ou vice- presidente retornar o processo ao órgão colegiado de origem, dizendo ue essa matéria já foi julgada em IRDR pelo STJ e que deveria ser reexaminada. O órgão jurisdicional, então, que fixou a decisão contraria à tese, poderá se retratar. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III 5. EXPANSIVO A regra é que a decisão sobre o mérito do recurso esteja limitada à matéria impugnada pelo recorrente e apenas em relação a este. No entanto, podem ocorrer exceções a esta regra, havendo decisão que ultrapasse a abrangência do reexame da matéria impugnada. Dessa forma o recurso expande seus efeitos iniciais, abarcando matéria que não foi objeto de impugnação recursal. Nelson Nery Jr dá a este efeito o nome de efeito expansivo, o qual poderá ser objetivo ou subjetivo, interno ou externo. 1. Efeito expansivo objetivo Como efeito expansivo objetivo, temos o seguinte exemplo: apelar da sentença, reclamando de um vício na citação. Se provido, tal acórdão atingirá não só a sentença, mas também as demais decisões interlocutórias eventualmente proferidas anteriormente, mesmo que essas não tenham sido especificadas como objeto do recurso. O efeito expansivo objetivo recebe tal nomenclatura, segundo Cassio Scarpinella Bueno, porque “os efeitos acarretados pelo julgamento do recurso – e não pela sua interposição – fazem-se sentir no plano processual, interferindo na manutenção de determinados atos processuais”. a. Efeito expansivo objetivo interno Será interno quando o julgamento acarretar modificação da própria decisão recorrida, se relacionar ao mesmo ato impugnado. Trata-se de um julgamento que irá se referir a capítulos da decisão que não foram impugnados, mas que serão atingidos pelo recurso. Ocorre em função da prejudicialidade entre o capítulo impugnado e os que serão atingidos, até por questão de lógica interna da decisão. Exemplo: o réu é condenado por ato ilícito a pagar indenização por danos morais e danos materiais, e recorre apenas em relação aos danos morais, mas o recurso é acolhido reconhecendo a inexistência do ato ilícito ou a ilicitude do ato, julgando por completa improcedência dos pedidos. Assim, o provimento do recurso para julgar a improcedência dos pedidos, além de excluir os danos morais, estende-se internamente para afastar também a condenação por danos materiais. Aluna: Juliana Aguiar Leal Unicap – 2018.I – Processo Civil III Outro exemplo: o tribunal, ao apreciar apelação interposta contra sentença de mérito que tratava unicamente de indenização por danos morais, dá provimento ao único pedido recursal, que buscava o reconhecimento
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