Buscar

Seguranca no LabBQ2011 v2

Prévia do material em texto

Manual de Biossegurança 
do 
Departamento de Química 
 
 
 
 
DQ-UA 2013 
 
 
 
 
 
v 1.0 
2 
 
 
1. Introdução 
 
Nos últimos anos tem-se assistido a um desenvolvimento da área “Bio” dentro 
do Departamento de Química da Universidade de Aveiro (DQUA) tendo vindo a 
aumentar a manipulação de amostras biológicas no âmbito de aplicações e trabalhos 
diversos. Para além das regras de segurança associadas ao manuseamento de produtos 
químicos (ver Guia de Segurança do DQUA), é também fundamental definir regras e 
procedimentos que garantam o manuseamento seguro de amostras biológicas. Nesse 
sentido, a Comissão de Segurança do DQUA elaborou este manual, que introduz 
conceitos básicos de segurança biológica e define regras a adoptar para a realização de 
trabalho laboratorial envolvendo amostras biológicas, nomeadamente em termos de 
avaliação dos riscos inerentes, adopção de medidas de contenção e gestão de resíduos. 
Este manual deverá, pois, ser lido e adoptado por todos os estudantes, 
investigadores e grupos do DQUA que realizem trabalho laboratorial envolvendo 
amostras biológicas. Estas amostras incluem: 
- Culturas de microrganismos; 
- Culturas de células de origem animal; 
- Tecidos e fluídos biológicos de origem animal; 
- Amostras que possam conter toxinas, patogénicos ou outros agentes de risco 
para a saúde humana. 
 
 
2. Biossegurança no laboratório 
 
A designação “Biossegurança laboratorial” é utilizada para descrever os 
princípios de contenção, as tecnologias e práticas que deverão ser implementadas para 
prevenir a exposição não intencional ou acidental a agentes patogénicos e toxinas. As 
medidas implementadas no laboratório deverão ser específicas das análises que aí são 
desenvolvidas e do potencial risco biológico que representam. Assim, primariamente 
dever-se-á avaliar o risco biológico que envolve o manuseamento de determinados 
agentes infecciosos ou amostras. Após a avaliação dos perigos inerentes dever-se-á 
implementar as medidas de protecção, as condições e práticas laboratoriais adequadas 
ao nível de risco. 
 
2.1. Definições e classificação de amostras de acordo com o documento 
WHO/HSE/GCR/2012.12: 
 
2.1.1 Amostras biológicas 
São substâncias de origem humana ou animal, isentos de agentes patogénicos, obtidas 
directamente de seres humanos ou animais, que incluem, entre outras coisas, excreções, 
secreções, sangue e seus componentes, tecidos, células, fluidos orgânicos e restos 
mortais transportados com fins de estudo, diagnóstico, investigação, tratamento e/ou 
prevenção de doenças, controle de qualidade, e outros. 
3 
 
 
2.1.2. Substâncias infecciosas 
Entende-se por substâncias infecciosas as substâncias a respeito das quais se sabe ou se 
suspeita de forma fundamentada que contenham agentes patogénicos. Os agentes 
patogénicos são microorganismos (tais como vírus, bactérias, parasitas e fungos) e 
outros agentes como priões, que podem causar doenças nos animais e nos seres 
humanos. Este grupo pode ser dividido em categoria A e categoria B. 
 
Substâncias infecciosas- categoria A: Uma substância infecciosa que se transporta de 
forma que, ao haver exposição a ela, possa ocorrer uma incapacidade permanente, 
perigo de vida ou constituir uma doença mortal para seres humanos ou animais 
previamente sadios (Anexo III). 
 
Todas as substâncias que não se enquadrem na categoria A são classificadas na 
categoria B. 
 
2.1.3. Culturas 
As culturas são o resultado de um processo cujo objectivo é a reprodução de agentes 
patogénicos. Esta definição não inclui as amostras de pacientes humanos ou animais. 
As culturas podem ser classificadas na categoria A ou B, em função do microorganismo 
cultivado. 
 
 
3. Manipulação de amostras num laboratório 
 
No manuseamento de amostras biológicas deve-se por norma utilizar recipientes vidro 
ou plástico, devendo estes serem resistentes e estanques quando fechados. Os 
recipientes devem estar devidamente rotulados de forma a facilitar a identificação. O 
local de armazenamento (frigoríficos e armários) de material biológico assim como o 
laboratório onde se manipulam as amostras deve estar devidamente assinalado com o 
símbolo: 
 
 
 
Todas as pessoas no laboratório devem ser instruídas sobre a manipulação de amostras e 
devem permanecer no local o tempo estritamente necessário para a preparação e análise 
das amostras. 
 
4 
 
Cuidados gerais a ter: 
 
1. As pessoas devem lavar as mãos antes e após a manipulação de agentes de risco 
e antes de saírem do laboratório. 
2. Não se deve levar qualquer objecto à boca no laboratório. 
3. Luvas apropriadas devem ser utilizadas em todos os procedimentos que possam 
envolver contacto directo ou acidental com materiais infecciosos em potencial 
ou amostras. 
4. Após a utilização, as luvas devem ser removidas e descartadas assepticamente e 
as mãos devem ser bem lavadas. 
Nota: é proibida a utilização de luvas em locais públicos do DQUA e DEVEM 
ser exclusivamente utilizadas quando necessário. 
5. Não tocar nos olhos, cabelos, boca ou nariz com as mãos durante o trabalho 
(PRINCIPALMENTE quando estiver a utilizar luvas). 
6. Óculos de segurança ou outros aparatos de protecção devem ser utilizados 
quando houver necessidade de proteger os olhos e a face de respingos e fonte 
artificial de radiação de ultravioleta. 
7. Proteger qualquer tipo de ferimento exposto e não participar de actividades 
práticas se estas apresentarem risco de contaminação. 
8. Trabalhar sempre de maneira organizada, tranquila e metódica, evitando 
movimentos rápidos desnecessários. 
9. No final de cada experiência, o executante é responsável por deixar o local de 
trabalho limpo e arrumado. 
10. O material que foi utilizado durante a experiência deve ser imediatamente limpo 
de acordo com os procedimentos gerais ou específicos para o tipo de amostras 
utlizadas. 
11. As pipetagens deverão sempre ser realizadas com dispositivos apropriados, 
nunca com a boca directamente. 
12. As pontas das micropipetas utilizadas no manuseamento de amostras biológicas 
suspeitas, assim como o material descartável utilizado devem ser descartados 
utilizando os recipientes de cor preta colocados nos respectivos laboratórios. Em 
caso de ausência de perigo de contaminação ou risco, os mesmos materiais 
deverão ser colocados em sacos plásticos, fechados e descartados pelo lixo 
comum. 
13. O uso de agulhas e seringas hipodérmicas deve ser limitado. Elas não devem ser 
utilizadas como substitutas para pipetas ou micropipetas ou para qualquer 
finalidade que não seja injecção ou aspiração de fluidos dos animais do 
laboratório. 
 
14. No descarte (Recipiente/contentor imperfurável), as agulhas usadas não devem 
ser dobradas, quebradas, reutilizadas, removidas das seringas ou manipuladas 
antes de serem desprezadas. 
15. Os materiais perfuro-cortantes devem ser manuseados cuidadosamente. 
5 
 
16. O descarte do material perfuro-cortante deve ser realizado em recipiente de 
paredes rígidas, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, com tampa, 
devidamente identificados, segundo normas legais e técnicas vigentes, 
localizado próximo à área de trabalho, sendo expressamente importante não 
esvaziar esses recipientes para o seu reaproveitamento. 
17. Qualquer derrame, acidente ou exposição potencial ou confirmada a materiais 
infecciosos deve ser reportado ao responsável. 
18. As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas frequentemente e sempre 
que ocorrer derrame de material biológico. 
19. Instruções por escrito de como limpar todos os derrames devemser 
desenvolvidas, afixadas no laboratório em local visível, informadas e seguidas. 
20. Líquidos contaminados devem ser devidamente descontaminados (química ou 
fisicamente) antes de serem descartados. 
21. A sinalização, contendo o símbolo internacional de risco biológico e advertência 
de área restrita, é obrigatória nas respectivas áreas e o acesso às mesmas deve 
ser limitado. 
22. Todos os contentores de material para descarte devem estar correctamente 
identificados, contendo inclusive o símbolo de biossegurança. 
23. Sempre que necessário, as amostras biológicas devem ser manipuladas nas 
câmaras de fluxo laminar e em zonas sinalizadas com o símbolo universal de 
risco biológico, com acesso restrito a pessoas autorizadas. 
24. Todos os procedimentos sejam administrativos, técnicos ou descontaminação 
devem estar descritos, ser de fácil acesso e do conhecimento das pessoas 
envolvidas durante a sua execução. 
 
 
3.1. Cuidados a ter na manipulação de amostras biológicas 
 3.1.1. Animais de laboratório 
As características lesivas dos agentes zoonóticos requerem que os procedimentos 
laboratoriais que envolvem a manipulação de animais sejam realizados com cuidados 
específicos. Segundo a Portaria nº 1005/92 de 23 de Outubro, esta deverá ser realizada 
em instalações adequadas às espécies animais utilizadas e às experiências realizadas. 
Mais ainda, a manipulação dos animais deverá ser efectuada por indivíduos competentes 
e autorizados para o efeito, isto é, com formação em Experimentação Animal e 
reconhecidos como tal pela Direcção Geral de Pecuária. 
 
 
3.1.2. Amostras humanas 
Os tecidos ou as células humanas ou de outros primatas devem ser manuseadas 
de acordo com as práticas BSL-2. O principal risco em trabalhar com amostras humanas 
é a hepatite B e, em alguma extensão o HIV. Estes vírus são inactivados por certos 
detergentes e álcoois (sendo o propanol mais efectivo do que o etanol). Os 
técnicos/investigadores que trabalham com material humano deverão ser vacinados 
6 
 
contra a hepatite B e devem ser medicamente assistidos após qualquer incidente que 
exponha o indivíduo a um agente patogénico. 
Algumas regras deverão ser tidas em consideração quando se manipula amostras 
humanas: (i) delimitar a área de trabalho; (ii) trabalhar preferencialmente numa BSC e 
utilizar luvas; (iii) utilizar preferencialmente material descartável (que deverá depois ser 
colocado em contentores adequados) e, caso não seja possível, desinfectar o material de 
vidro e limpar a área de trabalho com solventes adequado; (iv) ter consciência do risco 
de infecção ao lidar com material desconhecido. 
 
 3.1.3. Microrganismos 
A manipulação de microrganismos deverá ser realizada de acordo com as classes 
de biossegurança estabelecidas pela OMS, como descrito anteriormente. Todas as 
culturas bacterianas deverão ser consideradas patogénicas e deverão ser manuseadas 
como tal. Assim, o técnico/investigador (i) não deverá pipetar com a boca; (ii) deverá 
lavar sempre as mãos antes de sair do laboratório; (iii) as pipetas e o material de vidro 
contaminados deverão ser desinfectados antes de serem lavados; (iv) o material 
descartável contaminado deverá ser colocado em contentores adequados; (v) as 
bancadas com material derramado deverão ser limpas com 70% álcool ou outras 
soluções adequadas; (vi) o operador deverá ser particularmente cuidadoso com os 
bacteriófagos para evitar contaminação das culturas. 
 
 3.1.4. Células ou animais modificados geneticamente 
A manipulação de organismos geneticamente modificados deverá ser conduzida 
após a avaliação do risco biológico. As propriedades do organismo dador, a natureza da 
sequência do DNA a ser transferida, as propriedades do organismo receptor bem como 
do ambiente deverão ser analisadas. Estes factores deverão ajudar a determinar o nível 
de biossegurança e as medidas de contenção que deverão ser utilizados na manipulação 
dos organismos geneticamente modificados. 
 
 
Antes de iniciar qualquer experiência com amostras biológicas deve-se fazer uma 
avaliação do risco biológico no sentido de avaliar as condições do laboratório assim 
como as necessidades físicas associadas à manipulação e descarte. Assim, todos os 
elementos do DQUA que pretendam manipular e analisar amostras biológicas 
deverão seguir os seguintes procedimentos: 
 
1. Avaliação do risco 
Antes do início de cada plano de trabalhos deve-se realizar uma avaliação do 
risco da amostra (ver tabela I.1) e das condições do laboratório (ver tabela I.3) 
no que respeita, em caso de necessidade, aos contentores para os respectivos 
resíduos e procedimentos de descontaminação. 
2. Preencher o formulário presente no Anexo I e submeter à comissão de 
segurança. 
7 
 
3. Após a aprovação da comissão de segurança, o investigador responsável deve 
elaborar, informar e afixar as respectivas normas para o manuseamento e 
descontaminação das amostras biológicas. 
4. Deve ser enviada à comissão de segurança uma cópia dos procedimentos. 
 
Nota: Um laboratório para o BSL-1e BSL-2 (tabela I.2) não precisa de ser separado de 
todas as dependências do edifício e o trabalho pode ser realizado numa bancada. 
Enquanto no caso BSL-1 não necessita de equipamentos específicos, no caso de BSL-2 
é desejável possuir algum equipamento/material próprio. O laboratório onde são 
manipuladas amostras biológicas BSL-2 deve ser limitado. Seria desejável a utilização 
de batas descartáveis ou mesmo cotoveleiras no momento em que se processem 
amostras biológicas frescas (como por exemplo distribuir o soro colectado de pacientes 
em fracções para armazenamento, etc.). 
 
 
4. Determinação do Risco Biológico 
 
4.1 Fluxograma para avaliação do risco: 
 
1º Identificar os agentes perigosos: capacidade para infecção e doença, susceptibilidade 
do homem, a agressividade da doença e avaliar a disponibilidade de medidas de 
prevenção e tratamentos efectivos. 
2º Identificar os procedimentos perigosos da amostra: concentração (do agente), o 
volume da suspensão (no caso de culturas de células ou microorganismos), o 
equipamento onde será manuseada. 
3º Determinar o nível de biossegurança e adoptar as medidas adequadas pelo risco 
(tabela I.1). Não se deve menosprezar que na maioria das situações o trabalho é 
realizado num laboratório onde co-habitam outras pessoas que poderão evidenciar 
diferentes susceptibilidades. 
4º Descrever os procedimentos básicos de forma a salvaguardar as boas práticas e a 
integridade do equipamento que será utilizado. 
 
 
A determinação do risco biológico é da responsabilidade do 
coordenador/director do laboratório, nomeadamente de laboratórios de microbiologia, 
de biomedicina e dos que envolvem a manipulação de animais. A determinação do risco 
biológico significa que é necessário identificar: (i) as características lesivas de um 
determinado agente infeccioso ou potencialmente perigoso ou de um material; (ii) as 
actividades realizadas no laboratório que possam expor a pessoa ao agente e (iii) as 
consequências que poderão advir de tal exposição. Esta informação é fundamental para 
a selecção do nível de biossegurança e, consequentemente, do equipamento de 
segurança, das condições e práticas laboratoriais que deverão ser adoptadas. O nível de 
risco serve também para alertar a equipa de trabalho acerca dos perigos que poderão 
8 
 
advir da manipulação de determinadas amostras, da necessidade de implementação de 
práticas seguras e da utilização de equipamento de contenção. 
 
As principais características lesivas de um agente são: (i) a capacidade de 
infectar e causar doença num hospedeiroanimal, (ii) a sua virulência avaliada pela 
severidade da doença e (iii) a disponibilidade de medidas preventivas e tratamentos 
eficazes no tratamento da doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS) 
recomendou a classificação dos agentes de risco em grupos. Assim, são descritos 4 
grupos principais com base nas características principais dos agentes patogénicos e nas 
vias de transmissão da doença (Tabela I.1). Os NIH Guidelines estabelecem uma 
classificação comparável e classificam os agentes etiológicos humanos em 4 grupos de 
risco com base no perigo que representam (Tabela I.1). 
 
 
 
9 
 
Tabela I.1: Classificação de microrganismos infecciosos por grupo de risco. 
Classificação 
Grupo de 
Risco 
NIH Guidelines para a 
investigação envolvendo 
DNA recombinante (2002) 
Manual de biossegurança 
laboratorial OMS (2004) 
G. Risco 1 Agentes não associados a 
doença em humanos adultos 
saudáveis 
Microrganismo improvável de 
causar doença a humanos e 
animais. 
(Nenhum ou baixo risco 
individual e para a comunidade) 
G. Risco 2 Agentes associados a doença 
humana, que raramente é 
preocupante e para a qual estão 
disponíveis medidas 
preventivas e terapêuticas 
Agente patogénico que causa 
doença para o Homem ou outros 
animais mas que raramente 
constitui um perigo sério para os 
utilizadores do laboratório, para a 
comunidade ou para o ambiente. O 
tratamento efectivo e medidas 
preventivas estão disponíveis e o 
risco de disseminação da infecção é 
limitado. 
(Risco individual moderado; 
risco baixo para a comunidade) 
G. Risco 3 Agentes associados a doenças 
sérias e letais para o Homem e 
para as quais intervenções 
terapêuticas ou preventivas 
podem estar disponíveis 
(elevado risco individual mas 
baixo risco para a 
comunidade). 
Agente patogénico causador de 
doenças graves para o Homem ou 
outros animais mas que geralmente 
não se dissemina de um indivíduo 
infectado para outro. Estão 
disponíveis tratamentos efectivos e 
medidas preventivas. 
(Elevado risco individual; baixo 
risco para a comunidade). 
G. Risco 4 Agentes que potencialmente 
podem causar doenças graves 
ou letais ou para as quais não 
existem medidas preventivas 
ou intervenções terapêuticas 
adequadas (elevado risco 
individual e para a 
comunidade). 
Agente patogénico que usualmente 
causa doença grave no Homem ou 
em outros animais e que é 
facilmente transmitida de um 
indivíduo para o outro, directa ou 
indirectamente. Não estão 
usualmente disponíveis medidas 
preventivas ou tratamento efectivo. 
(Elevado risco individual; 
elevado risco para a 
comunidade). 
 
 
10 
 
As vias de transmissão de doença mais prováveis num laboratório são: (i) 
exposição directa da pele, olhos ou membranas mucosas a um agente patogénico; (ii) 
inoculação parental via agulha de seringa ou material cortante contaminado, por 
mordidelas de animais infectados ou ainda por vectores artrópodes; (iii) ingestão de uma 
suspensão líquida com um agente infeccioso ou colocação da mão contaminada na boca; 
(iv) inalação de aerossóis com agentes infecciosos. 
A consciência das potenciais vias de transmissão de doença é útil na 
identificação das vias prováveis de transmissão no laboratório e do potencial risco que 
representa para a saúde pública. Por exemplo, quando o trabalho laboratorial envolve 
manipulação de animais, as características perigosas dos agentes zoonóticos requerem 
uma avaliação cuidada do risco biológico. Evidências sugerem que os animais 
experimentais podem transmitir agentes zoonóticos e outros agentes infecciosos em 
estudo via saliva, urina ou fezes. Já os indivíduos que manipulam células ou tecidos 
animais encontram-se sob risco de exposição a agentes infecciosos latentes ou 
adventícios presentes nessas células ou tecidos. As linhas celulares humanas ou animais 
não caracterizadas ou obtidas de fontes secundárias podem introduzir um agente 
infeccioso perigoso no laboratório. Por exemplo, a manipulação de ratinhos nude 
inoculados com uma linha celular tumoral e que desconhecidamente se encontram 
infectados com vírus choriomeningitis linfocítico resultará em múltiplas infecções para 
os indivíduos que manuseiam estes animais. 
 
 
 
4.2. Perigos associados à prática laboratorial e medidas de contenção 
Os indivíduos que trabalham num laboratório constituem a primeira linha de 
defesa de si mesmos, dos outros indivíduos com quem partilham o local de trabalho e 
do público em geral contra a exposição a agentes lesivos. A protecção depende do uso 
consciente e eficaz das boas práticas laboratoriais e da utilização correcta do 
equipamento de segurança. O treino, a experiência, o conhecimento dos potenciais 
perigos que envolve determinados procedimentos laboratoriais, os bons hábitos, a 
atenção, a preocupação e respeito pela saúde dos colegas são pré-requisitos do pessoal 
de um laboratório de forma a reduzir os riscos inerentes ao trabalho que aí se 
desenvolve. Os responsáveis pelo laboratório devem treinar os investigadores e 
funcionários para a adopção correcta de técnicas assépticas e de procedimentos de 
segurança. Os procedimentos laboratoriais poderão exigir a utilização de equipamento 
de protecção individual especializado além de óculos de segurança, batas de laboratório 
e luvas. 
 
4.2.1. Equipamento laboratorial 
Nos laboratórios onde se manuseiam amostras biológicas são necessários 
equipamentos de segurança específicos, tais como câmaras de fluxo laminar ou cabines 
de segurança biológica (BSC), tubos de centrífuga específicos e rotores selados de 
forma a proteger os operadores da exposição a aerossóis e gotas que contenham 
potenciais agentes patogénicos. A não manutenção ou a manutenção inadequada deste 
11 
 
tipo de equipamento constitui um perigo. Por exemplo, a capacidade de contenção de 
uma BSC é comprometida por uma má localização da mesma, pela presença de 
correntes de ar no compartimento onde está colocada, fluxo de ar diminuído, filtros com 
fugas, isolamento deficiente, superfícies de trabalho cheias e má utilização técnica. Do 
mesmo modo, características de segurança das centrífugas modernas só são efectivas se 
o equipamento for utilizado correctamente. Neste sentido, é essencial treinar os 
operadores deste equipamento, realizar inspecções de rotina e corrigir potenciais erros 
de funcionamento e proceder à re-certificação periódica do equipamento. 
 
4.2.1.1. Câmaras de fluxo laminar ou Cabines de Segurança Biológica 
(BSCs) 
A BSC é o principal dispositivo de contenção utilizado na manipulação de 
amostras biológicas. Existem 3 tipos de BSCs: classe I, II e III (Figura I.1). As BSCs de 
classe I e II são abertas à frente e oferecem níveis de protecção significativos para o 
pessoal do laboratório e para o ambiente. As BSCs de classe II também protegem as 
amostras dos contaminantes externos (por exemplo, culturas de células, stocks 
microbiológicos) ao serem manipuladas dentro da cabine. As BSCs estanques (classe 
III) conferem o nível de protecção mais elevado para o pessoal técnico e para o 
ambiente. 
 
A 
 
B 
 
C 
A, abertura 
frontal; B, janela; 
C, filtro de 
exaustão HEPA; 
D, conduta de 
exaustão 
A, abertura frontal; B, 
janela; C, filtro de exaustão 
HEPA; D, conduta de 
exaustão; E, filtro HEPA; F, 
exaustor 
A, porta com luvas; B, janela; C, 
FIltro HEPA de exustão; D, filtro 
HEPA; E, autoclave de porta 
dupla ou caixa de entrada; F, 
colector de resíduos químicos. É 
necessária a ligação a um sistema 
de ventilação independente12 
 
Figura I.1: Diagramas esquemáticos de cabines de segurança biológicas das várias 
classes: A. Classe I; B. Classe IIA1; C. Classe III (com caixa de luvas) (adaptado de 2). 
 
 
4.2.1.2. Utilização de câmaras de segurança biológica 
1. A utilização e limitações das BSC devem ser explicadas a todos os 
utilizadores do laboratório que irão lidar directamente com amostras biológicas. Deve 
ser bem explicado que a câmara não protege o trabalhador de derrame, quebra ou 
técnica deficiente. 
2. A câmara só deve ser utilizada se estiver a funcionar correctamente. 
3. O painel de vidro não deve ser aberto quando a câmara estiver em 
funcionamento. 
4. Dentro da câmara deve ter-se o mínimo de aparelhos e materiais para não 
bloquear a circulação do ar no espaço do fundo. 
5. Os bicos de Bunsen não devem ser utilizados dentro da câmara. (O calor 
produzido desvia o fluxo de ar e pode danificar os filtros). 
6. Todas as operações devem ser realizadas no centro ou na parte de trás da área 
de trabalho e devem ser visíveis através do painel. 
7. A passagem de pessoal por trás do operador deve ser reduzida ao mínimo. 
8. O operador não deve perturbar o fluxo do ar introduzindo ou retirando os 
braços da câmara repetidamente. 
9. As grelhas de ar não devem ser obstruídas com papéis, pipetas ou outro 
material pois isso interrompe o fluxo do ar causando contaminação potencial do 
material e exposição do operador. 
10. Uma vez o trabalho terminado e no fim do dia, a superfície da câmara de 
segurança biológica deve ser limpa com um desinfectante apropriado. 
11. A desinfecção das câmaras com lâmpada UV deve ser realizada no final do 
dia, quando a presença de pessoal é reduzida. Deve-se tomar as devidas precauções no 
que respeita à lâmpada UV uma vez que o vidro não protege da radiação. 
12. O ventilador da câmara deve funcionar pelo menos durante 5 minutos antes 
do início do trabalho e outros 5 depois do trabalho terminado. 
13. Nunca se deve colocar documentos dentro das BSC. 
 
 
4.2.2. Equipamento de Protecção Individual 
No laboratório deverão estar disponíveis sistemas de protecção individual 
adequados ao tipo de análises que aí se realizam, como por exemplo luvas, protectores 
de sapatos, respiradores, escudos faciais, óculos de protecção que, na maioria das vezes, 
devem ser utilizados em combinação com BSCs e outros sistemas de contenção. 
As luvas devem estar disponíveis para a realização de todos os procedimentos 
que envolvam o contacto directo ou acidental com fluidos biológicos e materiais 
potencialmente infecciosos ou animais infectados. Após a sua utilização, as luvas 
devem ser removidas assepticamente. Os técnicos/investigadores devem sempre lavar as 
mãos antes de abandonarem o laboratório. 
13 
 
Os óculos de protecção, visores ou outros dispositivos protectores devem ser 
sempre utilizados quando é necessário proteger os olhos e a face de salpicos, do impacto 
com objectos e de fontes de radiação UV artificial. 
O pessoal do laboratório deve sempre utilizar batas ou outro vestuário de 
protecção mas este nunca deve ser usado fora do local de trabalho como, por exemplo 
no bar, gabinetes, biblioteca e casas de banho. O vestuário de protecção também não 
deverá ser guardado juntamente com outro tipo de vestuário. 
 
4.2.3. Instalações 
O desenho e construção das instalações de um laboratório condiciona a 
segurança dos indivíduos que aí trabalham e constitui uma barreira de protecção para as 
pessoas fora do laboratório. Relativamente às infra-estruturas do laboratório, alguns 
aspectos devem ser tidos com consideração, tais como: (i) a disposição do espaço do 
laboratório deve favorecer a boa execução das práticas previstas; (ii) as paredes, o tecto 
e o pavimento devem ser lisos, fáceis de limpar, impermeáveis a líquidos e resistentes 
aos químicos e desinfectantes normalmente utilizados; (iii) o pavimento deve ser 
antiderrapante; (iv) as bancadas devem possuir tampos lisos, não corrosíveis, 
desinfectáveis, impermeáveis a líquidos, resistentes aos desinfectantes e químicos; (v) a 
iluminação deve ser adequada a todas as actividades; (vi) o mobiliário deverá ser 
robusto e fácil de limpar; (vii) os locais de armazenamento de reagentes, matérias-
primas e consumíveis deverão estar separados dos locais de trabalho e à temperatura 
adequada; (viii) o fornecimento de água de boa qualidade é essencial; (ix) deverão 
existir estabilizadores de corrente eléctrica para os equipamentos; (x) deverá existir 
sinalização eléctrica de emergência com indicação dos pontos de saída; (xi) o 
fornecimento de gás deverá ser adequado e seguro; (xii) poderão ser necessários 
sistemas de ventilação específicos que assegurem um fluxo de ar direccionado; (xiii) 
poderão ser também necessários sistemas de tratamento do ar para descontaminação ou 
remoção de agentes dos sistemas de exaustão do ar (por exemplo, com utilização de 
filtros high-efficiency particulate air (HEPA)); (xiv) deverão ser previstas zonas de 
acesso condicionado. Estas são algumas das disposições gerais a considerar no 
planeamento de um laboratório que preveja a manipulação de amostras com risco de 
infecção. 
 
 
4.2.4. Gestão dos resíduos 
Um dos problemas que se coloca no dia-a-dia de um laboratório é a eliminação 
dos resíduos ou “lixo”. Por “resíduo” entende-se qualquer substância ou objecto que o 
detentor se desfaz ou tem intenção ou obrigação de se desfazer. A eliminação de 
resíduos deverá ser efectuada conforme à legislação em vigor, deverá ser conduzida de 
forma a não colocar em risco a saúde do pessoal do laboratório ou do pessoal 
encarregue da sua recolha e não deverá ser fonte de poluição ambiental. De acordo com 
a legislação em vigor, a responsabilidade da gestão de resíduos perigosos é atribuída ao 
seu produtor. No entanto, esta responsabilidade poderá ser transferida para uma 
14 
 
entidade devidamente autorizada para o efeito, mediante a celebração de um contrato de 
prestação de serviços. 
Nos laboratórios de investigação onde são utilizadas amostras humanas produz-
se um tipo particular de resíduos designados de “resíduos hospitalares”. Por definição, 
resíduos hospitalares são resíduos produzidos em unidades de prestação de cuidados de 
saúde, incluindo as actividades médicas de diagnóstico, prevenção e tratamento da 
doença, em seres humanos, e ainda as actividades de investigação relacionadas. Estes 
resíduos deverão ser separados selectivamente em 4 grupos para tratamento 
diferenciado. Os quatro grupos provêem do Catálogo Europeu de Resíduos e da Lista de 
Resíduos Perigosos 
(Decisões 94/37/CEE da Comissão e 94/904/CEE do Conselho) e são: 
 Grupo I – Resíduos equiparados a urbanos; 
 Grupo II – Resíduos hospitalares não perigosos, podendo ser equiparadas 
a urbanos; 
 Grupo III – Resíduos hospitalares de risco biológico; 
 Grupo IV – Resíduos hospitalares específicos, de incineração obrigatória. 
As peças anatómicas, os cadáveres de experimentação laboratorial, o material 
cortante e perfurante constituem exemplos de resíduos do Grupo IV. 
 
A triagem e o acondicionamento dos resíduos deverão ser realizados de modo a 
permitir uma identificação clara da sua origem e do seu grupo, em consonância com a 
legislação em vigor (Despacho 242/96 de 13 de Agosto; Despacho 761/99 de 31 de 
Março): 
 Recipiente de cor preta: resíduos dos grupos I e II; 
 Recipiente de cor branca, com indicativo de risco biológico: resíduos do 
grupo III; 
 Recipiente de cor vermelha: resíduos do grupo IV (com excepção dos 
materiais cortantes e perfurantes); 
 Recipiente/contentor imperfurável: materiais cortantes e perfurantes; 
 Recipientes/contentoresadequados: resíduos líquidos; 
 
A recolha dos resíduos deverá ser feita com periodicidade adequada às 
necessidades do produtor. Como já referido acima, o laboratório/instituição deverá 
possuir um contrato com uma empresa idónea de gestão de resíduos e cumprir os 
procedimentos decorrentes da legislação em vigor relativamente aos mesmos. 
 
4.2.5. Localização dos contentores de resíduos 
 
O DQUA possui contentores para resíduos biológicos do grupo III e para 
material cortante. Os contentores para resíduos encontram-se nos laboratórios 15.1.12 
(Responsáveis: Rui Vitorino, Rita Ferreira), 29.3.12, 29.3.13 (Responsáveis: Iola 
Duarte, Ana Gil), 15.1.15.1 (Responsáveis: Luisa Helguero). Os contentores para 
15 
 
material cortante encontram-se nos laboratórios 15.1.12 (Responsáveis: Rui Vitorino, 
Rita Ferreira), 15.2.8 (Responsáveis: Amparo Faustino, Diana Pinto). 
 
No entanto, outro material utilizado no descarte ou descontaminação (sacos para 
autoclave) pode ser adquirido nas empresas como a Fisher Scientific ou VWR. A 
compra deste material é da responsabilidade de cada grupo de investigação sendo todos 
os custos suportados pelos mesmos. 
 
 
4.2.6. Descarte de resíduos biológicos 
 
1. Todos os resíduos biológicos provenientes de BSL1 e BSL2 devem ser 
descontaminados antes do seu descarte sendo a descontaminação e descarte da 
responsabilidade das pessoas que geram os resíduos. 
2. A descontaminação de material sólido, material de vidro e pedaços de vidro 
partido deve ser realizada por autoclave (ver na secção 5). A descontaminação de 
líquidos contendo agentes biológicos deve ser realizada pela adição de desinfectantes 
químicos como por exemplo soluções de hipoclorito ou iodo ou mesmo pela 
autoclavagem de líquidos. 
3. O material reutilizável que foi ou esteve em contacto com amostras biológicas 
(frascos de cultura, tubos de centrifuga) deve ser descontaminado (por autoclave ou 
química) antes da sua lavagem. 
4. As amostras de fluidos biológicos (saliva, sangue, plasma, soro, etc.) (excluindo 
material cortante e de vidro) deverão ser descontaminadas com desinfectantes e 
colocadas em sacos fechados dentro dos contentores de resíduos disponíveis nos 
laboratórios (secção 4.2.5.). 
5. Todo o material cortante e seringas devem ser descartados no contentor para 
material cortante disponível nos laboratórios (secção 4.2.5.). Estes contentores não 
devem ser sobrelotados. As agulhas não podem ser reaproveitadas nem entortadas. 
Todo o material cortante e seringas devem ser protegidos antes do seu descarte. 
6. Pipetas de Pasteur e material de vidro devem ser descartados nos respectivos 
contentores (disponíveis em cada laboratório) após a sua descontaminação (química ou 
por autoclavagem). 
7. Deve-se evitar a mistura de vários tipos de resíduos biológicos assim como na 
descontaminação (química ou por autoclavagem). 
8. O descarte de tecidos animais ou carcaças deve ser realizado colocando os 
resíduos em sacos de plástico duplos, congelados e descartados no dia em que a 
empresa responsável recolhe os resíduos biológicos. 
 
 
4.3. Relação entre os grupos de risco e os níveis de biossegurança 
São geralmente considerados laboratórios com 4 níveis de biossegurança (BSL) 
que prevêem combinações de práticas e técnicas laboratoriais, equipamento de 
segurança e instalações. Cada combinação é específica para os procedimentos técnicos, 
16 
 
para as vias de transmissão de agentes infecciosos suspeitos, para a função do 
laboratório ou actividade. 
Os laboratórios podem ser básicos (Nível de biossegurança 1; BSL1), básicos 
(Nível de biossegurança 2, BSL2), de contenção (Nível de biossegurança 3, BSL3) e de 
contenção máxima (Nível de biossegurança 4, BSL4) (Tabela 2). 
 
Tabela I.2. Relação entre os grupos de risco e os níveis de biossegurança, práticas 
laboratoriais e equipamento (adaptado de 2). 
Grupo 
de 
Risco 
Nível de 
Biossegurança 
Tipo de 
Laboratório 
Práticas 
laboratoriais 
Equipamento 
de segurança 
específico 
1 Básico – nível 1 Ensino; 
Investigação 
Boas práticas 
laboratoriais 
Nenhum; 
bancada de 
trabalho aberta 
2 Básico – nível 2 Cuidados de 
saúde 
primários; 
Serviços de 
diagnóstico; 
Investigação 
Boas práticas 
laboratoriais e 
vestuário 
protector; sinal 
de perigo (Figura 
1) 
Bancada aberta 
e BSC para 
potenciais 
aerossóis 
3 Contenção – nível 3 Serviços de 
diagnóstico 
especiais; 
Investigação 
Como no nível 2 
mais vestuário 
específico, acesso 
controlado, fluxo 
de ar 
direccionado 
BSC e/ou 
dispositivos 
primários para 
todas as 
actividades 
4 Contenção máxima 
– nível 4 
Unidade de 
agentes 
patogénicos 
perigosos 
Como no nível 3 
mais entrada de 
câmara, chuveiro 
à saída, 
dispositivos 
especiais para 
resíduos 
BSC classe III 
ou fatos de 
pressão 
positiva em 
conjunto com 
BSCs classe II, 
autoclave com 
duas entradas 
(separadas 
fisicamente), ar 
filtrado 
 
 
 
17 
 
 
 
Figura I.2: Sinal de aviso de perigo que, segundo a OMS (2), deverá ser colocado na 
porta dos laboratórios de nível de biossegurança 2, 3 ou 4. 
 
A tabela I.3 resume as necessidades especiais, ao nível das instalações, 
requeridas nos 4 níveis de biossegurança. 
 
Tabela I.3: Resumo dos requisitos necessários para cada nível de biossegurança 
(adaptado de 2). 
 Nível de biossegurança 
 1 2 3 4 
 Isolamentoa do laboratório 
 Selar o compartimento para 
descontaminação 
 Ventilação: 
 - pressão negativa 
 - sistema de ventilação controlado 
 - exaustão de ar filtrado com HEPA 
 Duas portas de entrada 
 Câmara de pressurização 
 Câmara de pressurização c/ chuveiro 
 Antecâmara 
 Antecâmara com chuveiro 
 Tratamento de efluentes 
 Autoclave: 
 - no local 
 - no laboratório 
 - com duas entradas fisicamente 
separadas 
 BSC 
 Capacidade de monitorização da segurança 
pessoal
d
 
 Não Não Sim Sim 
 
 Não Não Sim Sim 
 
 Não Desejável Sim Sim 
 Não Desejável Sim Sim 
 Não Não Sim/Não
b
 Sim 
 Não Não Sim Sim 
 Não Não Não Sim 
 Não Não Não Sim 
 Não Não Sim -- 
 Não Não Sim/Não
c
 Não 
 Não Não Sim/Não
c
 Sim 
 
 Não Desejável Sim Sim 
 Não Não Desejável Sim 
 
 Não Não Desejável Sim 
 Não Desejável Sim Sim 
 
 Não Não Desejável Sim 
 
a
 Isolamento funcional do trânsito geral; 
b
 Depende da exaustão do local; 
c
 Depende dos 
agentes utilizados no laboratório; 
d
 Por exemplo, janela, circuito de tv fechado, 
comunicação em dois sentidos 
 
 
 
 
18 
 
 
5. Descontaminação e procedimentos de emergência 
 
 
A esterilização, a desinfecção e anti-sepsia são formas de descontaminação 
largamente utilizadas nos laboratórios. A esterilizaçãoimplica a morte de todos os 
organismos e a desinfecção refere-se à utilização de agentes antimicrobianos de forma a 
destruir todas as formas de organismos não esporoladas. No caso da anti-sepsia reside 
na aplicação de um líquido antimicrobiano num tecido vivo. Os desinfectantes químicos 
podem ser classificados como: 
Esterilizantes: destruição de todos os microorganismos incluindo bactérias, 
esporos de fungos e superfícies inanimadas; 
Desinfectantes: destruição ou inactivação irreversível de determinados vírus, 
bactérias, fungos patogénicos, mas não esporos de bactérias; 
Desinfectantes hospitalares: agentes eficientes contra S. aureus, S. choleresis, P. 
aeruginosa, M. tuberculosis, fungos patogénicos ou alguns tipos de vírus; 
Anti-séptico: não é considerado desinfectante e pode ser utilizado na pele. 
 
Os desinfectantes químicos utilizados nos laboratórios podem ser constituídos por: 
 
5.1. Iodo e iodoforos: 
Devem ser utilizados numa diluição de 75 ppm e em situações que envolvam bactérias 
vegetais, fungos e vírus. Apresentam pouca eficiência na matéria orgânica quando 
comparados com os hipocloritos. Devem ser armazenados em ambiente refrigerado e 
sem luz. 
 
5.2. Hipocloritos: 
Devem ser utilizados numa diluição de 1:10 a 1:100 com água e em situações que 
envolvam bactérias vegetais, fungos e a maioria dos vírus (sendo neste caso a diluição 
efectiva de 1:100). No caso de esporos de bactérias a diluição efectiva é de 1:10. 
São bastante corrosivos e são rapidamente inactivados pela matéria orgânica. Devem ser 
sempre preparadas soluções frescas uma vez que se decompõem rapidamente. 
 
5.3. Álcoois (etanol e isopropanol): 
Devem ser utilizados numa diluição de 70-85% e apresentam elevada eficiência num 
largo espectro de bactérias e vírus. Apresentam uma actuação rápida sem deixar resíduo. 
Apresentam pouca eficiência contra esporos de bactérias. 
 
5.4. Formaldeído e gluteraldeído 
O formaldeído (HCHO) e o gluteraldeído (OHC(CH2)3CHO) apresentam eficácia na 
inactivação de bactérias vegetativas, esporos, fungos e vírus lipídicos e não lipídicos. 
Enquanto que o formaldeído actua lentamente e necessita de um nível de humidade 
relativa de cerca de 70% o gluteraldeído actua mais depressa. No entanto, leva várias 
horas a matar esporos bacterianos. 
19 
 
 
5.5. Descontaminação por autoclave 
Neste caso, a esterilização é realizada pela aplicação de vapor saturado sob pressão 
sendo o meio mais eficaz e seguro de esterilizar materiais de laboratório. 
 
(qualquer procedimento que envolva o autoclave deve ser comunicado e seguir as 
instruções da pessoa responsável: Dra Ana Xavier). O autoclave encontra-se localizado 
na sala 29.1.1. 
 
1. Verificar se a torneira do esgoto está fechada. 
2. Verificar se o nível da água está pelo menos 2cm acima da resistência. Caso 
não possua água suficiente adicionar sempre água destilada. 
3. Colocar o cesto com o material, devidamente preparado, dentro do autoclave. 
4. Fechar bem o autoclave. 
5. Abrir um pouco a válvula de secagem (do lado direito) e verificar se a válvula do 
condensador está fechada. 
6. Marcar o tempo (22 minutos). 
7. Ligar o autoclave girando o botão para a posição “Ligado”. 
8. Quando o autoclave ligar o alarme girar o botão para a posição “0” (zero). 
9. Esperar que o autoclave arrefeça até 80ºC, pelo menos, para abrir em 
segurança. 
10. Se a pressão estiver um pouco abaixo de “0” (zero), girar o botão para a posição 
“arejo” até a pressão chegar novamente a 0. Nunca se coloque do lado 
esquerdo do autoclave quando se liga o arejo devido à saída de vapor. Se a 
pressão estiver muito abaixo de 0 falar com o responsável. Retirar o material 
com os devidos cuidados, devido à elevada temperatura. 
11. Fechar a válvula de secagem após 15min do fim do programa (depois de retirar 
o cesto). Nunca deixar esta torneira aberta. 
12. Verificar se o autoclave e/ou respectiva água ficaram sujos. Caso tenha 
acontecido alguma destas situações falar com o responsável do equipamento e 
proceder à limpeza. 
 
DESCONTAMINAÇÕES: APENAS SE EFECTUA ESTE PROCEDIMENTO ÀS SEXTAS-FEIRAS A 
PARTIR DAS 14H COM ABERTURA DO AUTOCLAVE A PARTIR DAS 17H. DEIXAR 
ARREFECER ATÉ 50ºC ANTES DA ABERTURA DO AUTOCLAVE. 
 
 
5.6. Procedimentos de emergência 
 
5.6.1. Derrames no laboratório 
 
No laboratório onde se manipulam amostras biológicas deve existir o seguinte material: 
- desinfectante concentrado (por exemplo lixivia); 
- material absorvente (toalhas de papel, rolos de papel…); 
- luvas de látex e nitrilo; 
- sacos de autoclave; 
- pinças e outro material para recolher pedaços de vidro partido e material cortante. 
20 
 
 
Em situações gerais de derrames, deve-se colocar por cima do derrame toalhas de papel, 
adicionar o desinfectante diluído em quantidade suficiente que permita a inativação dos 
microrganimos, remover todo o material utilizado na limpeza e coloca-lo no respectivo 
contentor para resíduos biológicos. Neste processo devem ser utilizadas luvas. No final, 
as mãos devem ser lavadas com sabão e água. 
No caso de fluidos biológicos, o desinfectante a utilizar deve ser hipoclorito na diluição 
de1:10. 
 
5.6.2. Derrames dentro de uma CSB 
 
1. A pessoa responsável deve calçar luvas e vestir uma bata e pulverizar com 70% de 
etanol todas as superficies da câmara. Em situações extremas, molhar todas a área de 
trabalho com a solução e deixar durante 20 minutos. 
2. Limpar todo o desinfectante com toalhas de papel e deixar secar todas as superfícies. 
3. Descartar todo o material de limpeza nos respectivos contentores para resíduos 
biológicos. 
4. Lavar as mãos e toda a área de pele exposta com sabão e água. 
 
 
6. Bibliografia recomendada: 
1. U.S. Department of Health and Human Services – Public Health Services, 
Center for Disease Control and Prevention and National Institutes of Health 
(2007) Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories - 5
th
 edition, 
U.S. Government Printing Office, Washington. 
2. World Health Organization (2004) Laboratory biosafety manual - 3rd edition, 
Geneva. 
3. Domingues P, Simões M. (2001) Guia de Segurança, Departamento de Química 
da Universidade de Aveiro. 
4. Kimman T., Smit E., Klein M. (2008) Evidence-based Biosafety: a review of the 
principles and effectiveness of microbiological containment measures, Clinical 
Microbiology Reviews, 21(3): 408-425. 
5. Despacho nº 399/2009 de 7 de Janeiro de 2009 – Estabelece o Manual de Boas 
Práticas Laboratoriais de Anatomia Patológica. 
6. Despacho nº 8835/2001 de 28 de Fevereiro de 2001. 
7. Despacho nº 242/96, de 5 de Julho – Estabelece normas de gestão e classificação 
dos resíduos hospitalares 
21 
 
8. Portaria nº 174/97, de 10 de Março – Estabelece as regras de instalação e 
funcionamento de unidades ou equipamentos de valorização ou eliminação de 
resíduos perigosos hospitalares, bem como o regime de autorização da 
realização de operações de gestão de resíduos hospitalares. 
9. Despacho nº 761/99, de 31 de Agosto – Aprova o plano estratégico de gestão 
dos resíduos hospitalares (PERH 99). 
10. Decreto-Lei nº 239/97 de 9 de Setembro – Estabelece o plano de gestão de 
resíduos. 
11. Portaria nº 1005/92 de 23 de Outubro – Protecção dos animais utilizados para 
fins experimentais e outros fins científicos. 
22 
 
Anexo I 
Formulário a ser preenchido pelo Investigador Principal/Docente e submetido à 
Comissão de Segurança do DQUA 
 
Título: 
 
Data prevista para o início do 
projecto (mês/ano): 
 
Data prevista para conclusão: 
(mês/ano): 
 
Financiamento: 
Referência doProjecto: 
 
Investigador Principal 
 
Nome: 
E-mail: Telefone: Ext: 
Tipo de amostras (NOTA: No caso de bactérias devem anexar a informação referente 
ao seu tipo) 
 
 
 
 
 
Classificação do Grupo de Risco 
Classe 1 Classe 2 
 
Classificação do Nível de Biossegurança do Laboratório 
BSL – 1 BSL - 2 BSL – 3 BSL – 4 
 
 
 
 
23 
 
 
Laboratório onde vai ser desenvolvido o trabalho 
 
Pessoas que irão lidar directamente com as amostras 
Nome Autorizo 
 
 
Pessoas que irão lidar directamente com as amostras 
Nome Autorizo 
 
 
Condições do laboratório para a execução e manuseamento das amostras 
biológicas 
 
 
 
 
Equipamentos necessários que serão utilizados durante o manuseamento das 
amostras biológicas 
 
 
 
Procedimentos de limpeza, desinfecção, descontaminação e descarte de 
materiais/resíduos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
Termo de Responsabilidade do 
Investigador Principal 
 
 
 
A comissão de segurança 
25 
 
Anexo II 
Procedimentos de descontaminação 
 
 
 
26 
 
 
 
27 
 
Anexo III 
Exemplos de algumas substâncias infeciosas incluídas na Categoria A (proibidas 
no DQUA) 
 
Bacillus anthracis 
Brucella abortus 
Brucella melitensis 
Burkholderia mallei – Pseudomonas mallei – glanders 
Burkholderia pseudomallei – Pseudomonas pseudomallei 
Chlamydia psittaci – avian strains 
Clostridium botulinum 
Crimean-Congo haemorrhagic fever virus 
Dengue virus 
Eastern equine encephalitis virus 
Escherichia coli, verotoxigenic 
Ebola virus 
Flexal virus 
Francisella tularensis 
Guanarito virus 
Hantaan virus 
Hantaviruses causing haemorrhagic fever with renal syndrome 
Hendra virus 
Hepatitis B virus 
Human immunodeficiency virus 
Highly pathogenic avian influenza virus 
Japanese Encephalitis virus 
Junin virus 
Kyasanur Forest disease virus 
Lassa virus 
Machupo virus 
Marburg virus 
Monkeypox virus 
Mycobacterium tuberculosis

Continue navegando