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Manual de Biossegurança do Departamento de Química DQ-UA 2013 v 1.0 2 1. Introdução Nos últimos anos tem-se assistido a um desenvolvimento da área “Bio” dentro do Departamento de Química da Universidade de Aveiro (DQUA) tendo vindo a aumentar a manipulação de amostras biológicas no âmbito de aplicações e trabalhos diversos. Para além das regras de segurança associadas ao manuseamento de produtos químicos (ver Guia de Segurança do DQUA), é também fundamental definir regras e procedimentos que garantam o manuseamento seguro de amostras biológicas. Nesse sentido, a Comissão de Segurança do DQUA elaborou este manual, que introduz conceitos básicos de segurança biológica e define regras a adoptar para a realização de trabalho laboratorial envolvendo amostras biológicas, nomeadamente em termos de avaliação dos riscos inerentes, adopção de medidas de contenção e gestão de resíduos. Este manual deverá, pois, ser lido e adoptado por todos os estudantes, investigadores e grupos do DQUA que realizem trabalho laboratorial envolvendo amostras biológicas. Estas amostras incluem: - Culturas de microrganismos; - Culturas de células de origem animal; - Tecidos e fluídos biológicos de origem animal; - Amostras que possam conter toxinas, patogénicos ou outros agentes de risco para a saúde humana. 2. Biossegurança no laboratório A designação “Biossegurança laboratorial” é utilizada para descrever os princípios de contenção, as tecnologias e práticas que deverão ser implementadas para prevenir a exposição não intencional ou acidental a agentes patogénicos e toxinas. As medidas implementadas no laboratório deverão ser específicas das análises que aí são desenvolvidas e do potencial risco biológico que representam. Assim, primariamente dever-se-á avaliar o risco biológico que envolve o manuseamento de determinados agentes infecciosos ou amostras. Após a avaliação dos perigos inerentes dever-se-á implementar as medidas de protecção, as condições e práticas laboratoriais adequadas ao nível de risco. 2.1. Definições e classificação de amostras de acordo com o documento WHO/HSE/GCR/2012.12: 2.1.1 Amostras biológicas São substâncias de origem humana ou animal, isentos de agentes patogénicos, obtidas directamente de seres humanos ou animais, que incluem, entre outras coisas, excreções, secreções, sangue e seus componentes, tecidos, células, fluidos orgânicos e restos mortais transportados com fins de estudo, diagnóstico, investigação, tratamento e/ou prevenção de doenças, controle de qualidade, e outros. 3 2.1.2. Substâncias infecciosas Entende-se por substâncias infecciosas as substâncias a respeito das quais se sabe ou se suspeita de forma fundamentada que contenham agentes patogénicos. Os agentes patogénicos são microorganismos (tais como vírus, bactérias, parasitas e fungos) e outros agentes como priões, que podem causar doenças nos animais e nos seres humanos. Este grupo pode ser dividido em categoria A e categoria B. Substâncias infecciosas- categoria A: Uma substância infecciosa que se transporta de forma que, ao haver exposição a ela, possa ocorrer uma incapacidade permanente, perigo de vida ou constituir uma doença mortal para seres humanos ou animais previamente sadios (Anexo III). Todas as substâncias que não se enquadrem na categoria A são classificadas na categoria B. 2.1.3. Culturas As culturas são o resultado de um processo cujo objectivo é a reprodução de agentes patogénicos. Esta definição não inclui as amostras de pacientes humanos ou animais. As culturas podem ser classificadas na categoria A ou B, em função do microorganismo cultivado. 3. Manipulação de amostras num laboratório No manuseamento de amostras biológicas deve-se por norma utilizar recipientes vidro ou plástico, devendo estes serem resistentes e estanques quando fechados. Os recipientes devem estar devidamente rotulados de forma a facilitar a identificação. O local de armazenamento (frigoríficos e armários) de material biológico assim como o laboratório onde se manipulam as amostras deve estar devidamente assinalado com o símbolo: Todas as pessoas no laboratório devem ser instruídas sobre a manipulação de amostras e devem permanecer no local o tempo estritamente necessário para a preparação e análise das amostras. 4 Cuidados gerais a ter: 1. As pessoas devem lavar as mãos antes e após a manipulação de agentes de risco e antes de saírem do laboratório. 2. Não se deve levar qualquer objecto à boca no laboratório. 3. Luvas apropriadas devem ser utilizadas em todos os procedimentos que possam envolver contacto directo ou acidental com materiais infecciosos em potencial ou amostras. 4. Após a utilização, as luvas devem ser removidas e descartadas assepticamente e as mãos devem ser bem lavadas. Nota: é proibida a utilização de luvas em locais públicos do DQUA e DEVEM ser exclusivamente utilizadas quando necessário. 5. Não tocar nos olhos, cabelos, boca ou nariz com as mãos durante o trabalho (PRINCIPALMENTE quando estiver a utilizar luvas). 6. Óculos de segurança ou outros aparatos de protecção devem ser utilizados quando houver necessidade de proteger os olhos e a face de respingos e fonte artificial de radiação de ultravioleta. 7. Proteger qualquer tipo de ferimento exposto e não participar de actividades práticas se estas apresentarem risco de contaminação. 8. Trabalhar sempre de maneira organizada, tranquila e metódica, evitando movimentos rápidos desnecessários. 9. No final de cada experiência, o executante é responsável por deixar o local de trabalho limpo e arrumado. 10. O material que foi utilizado durante a experiência deve ser imediatamente limpo de acordo com os procedimentos gerais ou específicos para o tipo de amostras utlizadas. 11. As pipetagens deverão sempre ser realizadas com dispositivos apropriados, nunca com a boca directamente. 12. As pontas das micropipetas utilizadas no manuseamento de amostras biológicas suspeitas, assim como o material descartável utilizado devem ser descartados utilizando os recipientes de cor preta colocados nos respectivos laboratórios. Em caso de ausência de perigo de contaminação ou risco, os mesmos materiais deverão ser colocados em sacos plásticos, fechados e descartados pelo lixo comum. 13. O uso de agulhas e seringas hipodérmicas deve ser limitado. Elas não devem ser utilizadas como substitutas para pipetas ou micropipetas ou para qualquer finalidade que não seja injecção ou aspiração de fluidos dos animais do laboratório. 14. No descarte (Recipiente/contentor imperfurável), as agulhas usadas não devem ser dobradas, quebradas, reutilizadas, removidas das seringas ou manipuladas antes de serem desprezadas. 15. Os materiais perfuro-cortantes devem ser manuseados cuidadosamente. 5 16. O descarte do material perfuro-cortante deve ser realizado em recipiente de paredes rígidas, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, com tampa, devidamente identificados, segundo normas legais e técnicas vigentes, localizado próximo à área de trabalho, sendo expressamente importante não esvaziar esses recipientes para o seu reaproveitamento. 17. Qualquer derrame, acidente ou exposição potencial ou confirmada a materiais infecciosos deve ser reportado ao responsável. 18. As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas frequentemente e sempre que ocorrer derrame de material biológico. 19. Instruções por escrito de como limpar todos os derrames devemser desenvolvidas, afixadas no laboratório em local visível, informadas e seguidas. 20. Líquidos contaminados devem ser devidamente descontaminados (química ou fisicamente) antes de serem descartados. 21. A sinalização, contendo o símbolo internacional de risco biológico e advertência de área restrita, é obrigatória nas respectivas áreas e o acesso às mesmas deve ser limitado. 22. Todos os contentores de material para descarte devem estar correctamente identificados, contendo inclusive o símbolo de biossegurança. 23. Sempre que necessário, as amostras biológicas devem ser manipuladas nas câmaras de fluxo laminar e em zonas sinalizadas com o símbolo universal de risco biológico, com acesso restrito a pessoas autorizadas. 24. Todos os procedimentos sejam administrativos, técnicos ou descontaminação devem estar descritos, ser de fácil acesso e do conhecimento das pessoas envolvidas durante a sua execução. 3.1. Cuidados a ter na manipulação de amostras biológicas 3.1.1. Animais de laboratório As características lesivas dos agentes zoonóticos requerem que os procedimentos laboratoriais que envolvem a manipulação de animais sejam realizados com cuidados específicos. Segundo a Portaria nº 1005/92 de 23 de Outubro, esta deverá ser realizada em instalações adequadas às espécies animais utilizadas e às experiências realizadas. Mais ainda, a manipulação dos animais deverá ser efectuada por indivíduos competentes e autorizados para o efeito, isto é, com formação em Experimentação Animal e reconhecidos como tal pela Direcção Geral de Pecuária. 3.1.2. Amostras humanas Os tecidos ou as células humanas ou de outros primatas devem ser manuseadas de acordo com as práticas BSL-2. O principal risco em trabalhar com amostras humanas é a hepatite B e, em alguma extensão o HIV. Estes vírus são inactivados por certos detergentes e álcoois (sendo o propanol mais efectivo do que o etanol). Os técnicos/investigadores que trabalham com material humano deverão ser vacinados 6 contra a hepatite B e devem ser medicamente assistidos após qualquer incidente que exponha o indivíduo a um agente patogénico. Algumas regras deverão ser tidas em consideração quando se manipula amostras humanas: (i) delimitar a área de trabalho; (ii) trabalhar preferencialmente numa BSC e utilizar luvas; (iii) utilizar preferencialmente material descartável (que deverá depois ser colocado em contentores adequados) e, caso não seja possível, desinfectar o material de vidro e limpar a área de trabalho com solventes adequado; (iv) ter consciência do risco de infecção ao lidar com material desconhecido. 3.1.3. Microrganismos A manipulação de microrganismos deverá ser realizada de acordo com as classes de biossegurança estabelecidas pela OMS, como descrito anteriormente. Todas as culturas bacterianas deverão ser consideradas patogénicas e deverão ser manuseadas como tal. Assim, o técnico/investigador (i) não deverá pipetar com a boca; (ii) deverá lavar sempre as mãos antes de sair do laboratório; (iii) as pipetas e o material de vidro contaminados deverão ser desinfectados antes de serem lavados; (iv) o material descartável contaminado deverá ser colocado em contentores adequados; (v) as bancadas com material derramado deverão ser limpas com 70% álcool ou outras soluções adequadas; (vi) o operador deverá ser particularmente cuidadoso com os bacteriófagos para evitar contaminação das culturas. 3.1.4. Células ou animais modificados geneticamente A manipulação de organismos geneticamente modificados deverá ser conduzida após a avaliação do risco biológico. As propriedades do organismo dador, a natureza da sequência do DNA a ser transferida, as propriedades do organismo receptor bem como do ambiente deverão ser analisadas. Estes factores deverão ajudar a determinar o nível de biossegurança e as medidas de contenção que deverão ser utilizados na manipulação dos organismos geneticamente modificados. Antes de iniciar qualquer experiência com amostras biológicas deve-se fazer uma avaliação do risco biológico no sentido de avaliar as condições do laboratório assim como as necessidades físicas associadas à manipulação e descarte. Assim, todos os elementos do DQUA que pretendam manipular e analisar amostras biológicas deverão seguir os seguintes procedimentos: 1. Avaliação do risco Antes do início de cada plano de trabalhos deve-se realizar uma avaliação do risco da amostra (ver tabela I.1) e das condições do laboratório (ver tabela I.3) no que respeita, em caso de necessidade, aos contentores para os respectivos resíduos e procedimentos de descontaminação. 2. Preencher o formulário presente no Anexo I e submeter à comissão de segurança. 7 3. Após a aprovação da comissão de segurança, o investigador responsável deve elaborar, informar e afixar as respectivas normas para o manuseamento e descontaminação das amostras biológicas. 4. Deve ser enviada à comissão de segurança uma cópia dos procedimentos. Nota: Um laboratório para o BSL-1e BSL-2 (tabela I.2) não precisa de ser separado de todas as dependências do edifício e o trabalho pode ser realizado numa bancada. Enquanto no caso BSL-1 não necessita de equipamentos específicos, no caso de BSL-2 é desejável possuir algum equipamento/material próprio. O laboratório onde são manipuladas amostras biológicas BSL-2 deve ser limitado. Seria desejável a utilização de batas descartáveis ou mesmo cotoveleiras no momento em que se processem amostras biológicas frescas (como por exemplo distribuir o soro colectado de pacientes em fracções para armazenamento, etc.). 4. Determinação do Risco Biológico 4.1 Fluxograma para avaliação do risco: 1º Identificar os agentes perigosos: capacidade para infecção e doença, susceptibilidade do homem, a agressividade da doença e avaliar a disponibilidade de medidas de prevenção e tratamentos efectivos. 2º Identificar os procedimentos perigosos da amostra: concentração (do agente), o volume da suspensão (no caso de culturas de células ou microorganismos), o equipamento onde será manuseada. 3º Determinar o nível de biossegurança e adoptar as medidas adequadas pelo risco (tabela I.1). Não se deve menosprezar que na maioria das situações o trabalho é realizado num laboratório onde co-habitam outras pessoas que poderão evidenciar diferentes susceptibilidades. 4º Descrever os procedimentos básicos de forma a salvaguardar as boas práticas e a integridade do equipamento que será utilizado. A determinação do risco biológico é da responsabilidade do coordenador/director do laboratório, nomeadamente de laboratórios de microbiologia, de biomedicina e dos que envolvem a manipulação de animais. A determinação do risco biológico significa que é necessário identificar: (i) as características lesivas de um determinado agente infeccioso ou potencialmente perigoso ou de um material; (ii) as actividades realizadas no laboratório que possam expor a pessoa ao agente e (iii) as consequências que poderão advir de tal exposição. Esta informação é fundamental para a selecção do nível de biossegurança e, consequentemente, do equipamento de segurança, das condições e práticas laboratoriais que deverão ser adoptadas. O nível de risco serve também para alertar a equipa de trabalho acerca dos perigos que poderão 8 advir da manipulação de determinadas amostras, da necessidade de implementação de práticas seguras e da utilização de equipamento de contenção. As principais características lesivas de um agente são: (i) a capacidade de infectar e causar doença num hospedeiroanimal, (ii) a sua virulência avaliada pela severidade da doença e (iii) a disponibilidade de medidas preventivas e tratamentos eficazes no tratamento da doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou a classificação dos agentes de risco em grupos. Assim, são descritos 4 grupos principais com base nas características principais dos agentes patogénicos e nas vias de transmissão da doença (Tabela I.1). Os NIH Guidelines estabelecem uma classificação comparável e classificam os agentes etiológicos humanos em 4 grupos de risco com base no perigo que representam (Tabela I.1). 9 Tabela I.1: Classificação de microrganismos infecciosos por grupo de risco. Classificação Grupo de Risco NIH Guidelines para a investigação envolvendo DNA recombinante (2002) Manual de biossegurança laboratorial OMS (2004) G. Risco 1 Agentes não associados a doença em humanos adultos saudáveis Microrganismo improvável de causar doença a humanos e animais. (Nenhum ou baixo risco individual e para a comunidade) G. Risco 2 Agentes associados a doença humana, que raramente é preocupante e para a qual estão disponíveis medidas preventivas e terapêuticas Agente patogénico que causa doença para o Homem ou outros animais mas que raramente constitui um perigo sério para os utilizadores do laboratório, para a comunidade ou para o ambiente. O tratamento efectivo e medidas preventivas estão disponíveis e o risco de disseminação da infecção é limitado. (Risco individual moderado; risco baixo para a comunidade) G. Risco 3 Agentes associados a doenças sérias e letais para o Homem e para as quais intervenções terapêuticas ou preventivas podem estar disponíveis (elevado risco individual mas baixo risco para a comunidade). Agente patogénico causador de doenças graves para o Homem ou outros animais mas que geralmente não se dissemina de um indivíduo infectado para outro. Estão disponíveis tratamentos efectivos e medidas preventivas. (Elevado risco individual; baixo risco para a comunidade). G. Risco 4 Agentes que potencialmente podem causar doenças graves ou letais ou para as quais não existem medidas preventivas ou intervenções terapêuticas adequadas (elevado risco individual e para a comunidade). Agente patogénico que usualmente causa doença grave no Homem ou em outros animais e que é facilmente transmitida de um indivíduo para o outro, directa ou indirectamente. Não estão usualmente disponíveis medidas preventivas ou tratamento efectivo. (Elevado risco individual; elevado risco para a comunidade). 10 As vias de transmissão de doença mais prováveis num laboratório são: (i) exposição directa da pele, olhos ou membranas mucosas a um agente patogénico; (ii) inoculação parental via agulha de seringa ou material cortante contaminado, por mordidelas de animais infectados ou ainda por vectores artrópodes; (iii) ingestão de uma suspensão líquida com um agente infeccioso ou colocação da mão contaminada na boca; (iv) inalação de aerossóis com agentes infecciosos. A consciência das potenciais vias de transmissão de doença é útil na identificação das vias prováveis de transmissão no laboratório e do potencial risco que representa para a saúde pública. Por exemplo, quando o trabalho laboratorial envolve manipulação de animais, as características perigosas dos agentes zoonóticos requerem uma avaliação cuidada do risco biológico. Evidências sugerem que os animais experimentais podem transmitir agentes zoonóticos e outros agentes infecciosos em estudo via saliva, urina ou fezes. Já os indivíduos que manipulam células ou tecidos animais encontram-se sob risco de exposição a agentes infecciosos latentes ou adventícios presentes nessas células ou tecidos. As linhas celulares humanas ou animais não caracterizadas ou obtidas de fontes secundárias podem introduzir um agente infeccioso perigoso no laboratório. Por exemplo, a manipulação de ratinhos nude inoculados com uma linha celular tumoral e que desconhecidamente se encontram infectados com vírus choriomeningitis linfocítico resultará em múltiplas infecções para os indivíduos que manuseiam estes animais. 4.2. Perigos associados à prática laboratorial e medidas de contenção Os indivíduos que trabalham num laboratório constituem a primeira linha de defesa de si mesmos, dos outros indivíduos com quem partilham o local de trabalho e do público em geral contra a exposição a agentes lesivos. A protecção depende do uso consciente e eficaz das boas práticas laboratoriais e da utilização correcta do equipamento de segurança. O treino, a experiência, o conhecimento dos potenciais perigos que envolve determinados procedimentos laboratoriais, os bons hábitos, a atenção, a preocupação e respeito pela saúde dos colegas são pré-requisitos do pessoal de um laboratório de forma a reduzir os riscos inerentes ao trabalho que aí se desenvolve. Os responsáveis pelo laboratório devem treinar os investigadores e funcionários para a adopção correcta de técnicas assépticas e de procedimentos de segurança. Os procedimentos laboratoriais poderão exigir a utilização de equipamento de protecção individual especializado além de óculos de segurança, batas de laboratório e luvas. 4.2.1. Equipamento laboratorial Nos laboratórios onde se manuseiam amostras biológicas são necessários equipamentos de segurança específicos, tais como câmaras de fluxo laminar ou cabines de segurança biológica (BSC), tubos de centrífuga específicos e rotores selados de forma a proteger os operadores da exposição a aerossóis e gotas que contenham potenciais agentes patogénicos. A não manutenção ou a manutenção inadequada deste 11 tipo de equipamento constitui um perigo. Por exemplo, a capacidade de contenção de uma BSC é comprometida por uma má localização da mesma, pela presença de correntes de ar no compartimento onde está colocada, fluxo de ar diminuído, filtros com fugas, isolamento deficiente, superfícies de trabalho cheias e má utilização técnica. Do mesmo modo, características de segurança das centrífugas modernas só são efectivas se o equipamento for utilizado correctamente. Neste sentido, é essencial treinar os operadores deste equipamento, realizar inspecções de rotina e corrigir potenciais erros de funcionamento e proceder à re-certificação periódica do equipamento. 4.2.1.1. Câmaras de fluxo laminar ou Cabines de Segurança Biológica (BSCs) A BSC é o principal dispositivo de contenção utilizado na manipulação de amostras biológicas. Existem 3 tipos de BSCs: classe I, II e III (Figura I.1). As BSCs de classe I e II são abertas à frente e oferecem níveis de protecção significativos para o pessoal do laboratório e para o ambiente. As BSCs de classe II também protegem as amostras dos contaminantes externos (por exemplo, culturas de células, stocks microbiológicos) ao serem manipuladas dentro da cabine. As BSCs estanques (classe III) conferem o nível de protecção mais elevado para o pessoal técnico e para o ambiente. A B C A, abertura frontal; B, janela; C, filtro de exaustão HEPA; D, conduta de exaustão A, abertura frontal; B, janela; C, filtro de exaustão HEPA; D, conduta de exaustão; E, filtro HEPA; F, exaustor A, porta com luvas; B, janela; C, FIltro HEPA de exustão; D, filtro HEPA; E, autoclave de porta dupla ou caixa de entrada; F, colector de resíduos químicos. É necessária a ligação a um sistema de ventilação independente12 Figura I.1: Diagramas esquemáticos de cabines de segurança biológicas das várias classes: A. Classe I; B. Classe IIA1; C. Classe III (com caixa de luvas) (adaptado de 2). 4.2.1.2. Utilização de câmaras de segurança biológica 1. A utilização e limitações das BSC devem ser explicadas a todos os utilizadores do laboratório que irão lidar directamente com amostras biológicas. Deve ser bem explicado que a câmara não protege o trabalhador de derrame, quebra ou técnica deficiente. 2. A câmara só deve ser utilizada se estiver a funcionar correctamente. 3. O painel de vidro não deve ser aberto quando a câmara estiver em funcionamento. 4. Dentro da câmara deve ter-se o mínimo de aparelhos e materiais para não bloquear a circulação do ar no espaço do fundo. 5. Os bicos de Bunsen não devem ser utilizados dentro da câmara. (O calor produzido desvia o fluxo de ar e pode danificar os filtros). 6. Todas as operações devem ser realizadas no centro ou na parte de trás da área de trabalho e devem ser visíveis através do painel. 7. A passagem de pessoal por trás do operador deve ser reduzida ao mínimo. 8. O operador não deve perturbar o fluxo do ar introduzindo ou retirando os braços da câmara repetidamente. 9. As grelhas de ar não devem ser obstruídas com papéis, pipetas ou outro material pois isso interrompe o fluxo do ar causando contaminação potencial do material e exposição do operador. 10. Uma vez o trabalho terminado e no fim do dia, a superfície da câmara de segurança biológica deve ser limpa com um desinfectante apropriado. 11. A desinfecção das câmaras com lâmpada UV deve ser realizada no final do dia, quando a presença de pessoal é reduzida. Deve-se tomar as devidas precauções no que respeita à lâmpada UV uma vez que o vidro não protege da radiação. 12. O ventilador da câmara deve funcionar pelo menos durante 5 minutos antes do início do trabalho e outros 5 depois do trabalho terminado. 13. Nunca se deve colocar documentos dentro das BSC. 4.2.2. Equipamento de Protecção Individual No laboratório deverão estar disponíveis sistemas de protecção individual adequados ao tipo de análises que aí se realizam, como por exemplo luvas, protectores de sapatos, respiradores, escudos faciais, óculos de protecção que, na maioria das vezes, devem ser utilizados em combinação com BSCs e outros sistemas de contenção. As luvas devem estar disponíveis para a realização de todos os procedimentos que envolvam o contacto directo ou acidental com fluidos biológicos e materiais potencialmente infecciosos ou animais infectados. Após a sua utilização, as luvas devem ser removidas assepticamente. Os técnicos/investigadores devem sempre lavar as mãos antes de abandonarem o laboratório. 13 Os óculos de protecção, visores ou outros dispositivos protectores devem ser sempre utilizados quando é necessário proteger os olhos e a face de salpicos, do impacto com objectos e de fontes de radiação UV artificial. O pessoal do laboratório deve sempre utilizar batas ou outro vestuário de protecção mas este nunca deve ser usado fora do local de trabalho como, por exemplo no bar, gabinetes, biblioteca e casas de banho. O vestuário de protecção também não deverá ser guardado juntamente com outro tipo de vestuário. 4.2.3. Instalações O desenho e construção das instalações de um laboratório condiciona a segurança dos indivíduos que aí trabalham e constitui uma barreira de protecção para as pessoas fora do laboratório. Relativamente às infra-estruturas do laboratório, alguns aspectos devem ser tidos com consideração, tais como: (i) a disposição do espaço do laboratório deve favorecer a boa execução das práticas previstas; (ii) as paredes, o tecto e o pavimento devem ser lisos, fáceis de limpar, impermeáveis a líquidos e resistentes aos químicos e desinfectantes normalmente utilizados; (iii) o pavimento deve ser antiderrapante; (iv) as bancadas devem possuir tampos lisos, não corrosíveis, desinfectáveis, impermeáveis a líquidos, resistentes aos desinfectantes e químicos; (v) a iluminação deve ser adequada a todas as actividades; (vi) o mobiliário deverá ser robusto e fácil de limpar; (vii) os locais de armazenamento de reagentes, matérias- primas e consumíveis deverão estar separados dos locais de trabalho e à temperatura adequada; (viii) o fornecimento de água de boa qualidade é essencial; (ix) deverão existir estabilizadores de corrente eléctrica para os equipamentos; (x) deverá existir sinalização eléctrica de emergência com indicação dos pontos de saída; (xi) o fornecimento de gás deverá ser adequado e seguro; (xii) poderão ser necessários sistemas de ventilação específicos que assegurem um fluxo de ar direccionado; (xiii) poderão ser também necessários sistemas de tratamento do ar para descontaminação ou remoção de agentes dos sistemas de exaustão do ar (por exemplo, com utilização de filtros high-efficiency particulate air (HEPA)); (xiv) deverão ser previstas zonas de acesso condicionado. Estas são algumas das disposições gerais a considerar no planeamento de um laboratório que preveja a manipulação de amostras com risco de infecção. 4.2.4. Gestão dos resíduos Um dos problemas que se coloca no dia-a-dia de um laboratório é a eliminação dos resíduos ou “lixo”. Por “resíduo” entende-se qualquer substância ou objecto que o detentor se desfaz ou tem intenção ou obrigação de se desfazer. A eliminação de resíduos deverá ser efectuada conforme à legislação em vigor, deverá ser conduzida de forma a não colocar em risco a saúde do pessoal do laboratório ou do pessoal encarregue da sua recolha e não deverá ser fonte de poluição ambiental. De acordo com a legislação em vigor, a responsabilidade da gestão de resíduos perigosos é atribuída ao seu produtor. No entanto, esta responsabilidade poderá ser transferida para uma 14 entidade devidamente autorizada para o efeito, mediante a celebração de um contrato de prestação de serviços. Nos laboratórios de investigação onde são utilizadas amostras humanas produz- se um tipo particular de resíduos designados de “resíduos hospitalares”. Por definição, resíduos hospitalares são resíduos produzidos em unidades de prestação de cuidados de saúde, incluindo as actividades médicas de diagnóstico, prevenção e tratamento da doença, em seres humanos, e ainda as actividades de investigação relacionadas. Estes resíduos deverão ser separados selectivamente em 4 grupos para tratamento diferenciado. Os quatro grupos provêem do Catálogo Europeu de Resíduos e da Lista de Resíduos Perigosos (Decisões 94/37/CEE da Comissão e 94/904/CEE do Conselho) e são: Grupo I – Resíduos equiparados a urbanos; Grupo II – Resíduos hospitalares não perigosos, podendo ser equiparadas a urbanos; Grupo III – Resíduos hospitalares de risco biológico; Grupo IV – Resíduos hospitalares específicos, de incineração obrigatória. As peças anatómicas, os cadáveres de experimentação laboratorial, o material cortante e perfurante constituem exemplos de resíduos do Grupo IV. A triagem e o acondicionamento dos resíduos deverão ser realizados de modo a permitir uma identificação clara da sua origem e do seu grupo, em consonância com a legislação em vigor (Despacho 242/96 de 13 de Agosto; Despacho 761/99 de 31 de Março): Recipiente de cor preta: resíduos dos grupos I e II; Recipiente de cor branca, com indicativo de risco biológico: resíduos do grupo III; Recipiente de cor vermelha: resíduos do grupo IV (com excepção dos materiais cortantes e perfurantes); Recipiente/contentor imperfurável: materiais cortantes e perfurantes; Recipientes/contentoresadequados: resíduos líquidos; A recolha dos resíduos deverá ser feita com periodicidade adequada às necessidades do produtor. Como já referido acima, o laboratório/instituição deverá possuir um contrato com uma empresa idónea de gestão de resíduos e cumprir os procedimentos decorrentes da legislação em vigor relativamente aos mesmos. 4.2.5. Localização dos contentores de resíduos O DQUA possui contentores para resíduos biológicos do grupo III e para material cortante. Os contentores para resíduos encontram-se nos laboratórios 15.1.12 (Responsáveis: Rui Vitorino, Rita Ferreira), 29.3.12, 29.3.13 (Responsáveis: Iola Duarte, Ana Gil), 15.1.15.1 (Responsáveis: Luisa Helguero). Os contentores para 15 material cortante encontram-se nos laboratórios 15.1.12 (Responsáveis: Rui Vitorino, Rita Ferreira), 15.2.8 (Responsáveis: Amparo Faustino, Diana Pinto). No entanto, outro material utilizado no descarte ou descontaminação (sacos para autoclave) pode ser adquirido nas empresas como a Fisher Scientific ou VWR. A compra deste material é da responsabilidade de cada grupo de investigação sendo todos os custos suportados pelos mesmos. 4.2.6. Descarte de resíduos biológicos 1. Todos os resíduos biológicos provenientes de BSL1 e BSL2 devem ser descontaminados antes do seu descarte sendo a descontaminação e descarte da responsabilidade das pessoas que geram os resíduos. 2. A descontaminação de material sólido, material de vidro e pedaços de vidro partido deve ser realizada por autoclave (ver na secção 5). A descontaminação de líquidos contendo agentes biológicos deve ser realizada pela adição de desinfectantes químicos como por exemplo soluções de hipoclorito ou iodo ou mesmo pela autoclavagem de líquidos. 3. O material reutilizável que foi ou esteve em contacto com amostras biológicas (frascos de cultura, tubos de centrifuga) deve ser descontaminado (por autoclave ou química) antes da sua lavagem. 4. As amostras de fluidos biológicos (saliva, sangue, plasma, soro, etc.) (excluindo material cortante e de vidro) deverão ser descontaminadas com desinfectantes e colocadas em sacos fechados dentro dos contentores de resíduos disponíveis nos laboratórios (secção 4.2.5.). 5. Todo o material cortante e seringas devem ser descartados no contentor para material cortante disponível nos laboratórios (secção 4.2.5.). Estes contentores não devem ser sobrelotados. As agulhas não podem ser reaproveitadas nem entortadas. Todo o material cortante e seringas devem ser protegidos antes do seu descarte. 6. Pipetas de Pasteur e material de vidro devem ser descartados nos respectivos contentores (disponíveis em cada laboratório) após a sua descontaminação (química ou por autoclavagem). 7. Deve-se evitar a mistura de vários tipos de resíduos biológicos assim como na descontaminação (química ou por autoclavagem). 8. O descarte de tecidos animais ou carcaças deve ser realizado colocando os resíduos em sacos de plástico duplos, congelados e descartados no dia em que a empresa responsável recolhe os resíduos biológicos. 4.3. Relação entre os grupos de risco e os níveis de biossegurança São geralmente considerados laboratórios com 4 níveis de biossegurança (BSL) que prevêem combinações de práticas e técnicas laboratoriais, equipamento de segurança e instalações. Cada combinação é específica para os procedimentos técnicos, 16 para as vias de transmissão de agentes infecciosos suspeitos, para a função do laboratório ou actividade. Os laboratórios podem ser básicos (Nível de biossegurança 1; BSL1), básicos (Nível de biossegurança 2, BSL2), de contenção (Nível de biossegurança 3, BSL3) e de contenção máxima (Nível de biossegurança 4, BSL4) (Tabela 2). Tabela I.2. Relação entre os grupos de risco e os níveis de biossegurança, práticas laboratoriais e equipamento (adaptado de 2). Grupo de Risco Nível de Biossegurança Tipo de Laboratório Práticas laboratoriais Equipamento de segurança específico 1 Básico – nível 1 Ensino; Investigação Boas práticas laboratoriais Nenhum; bancada de trabalho aberta 2 Básico – nível 2 Cuidados de saúde primários; Serviços de diagnóstico; Investigação Boas práticas laboratoriais e vestuário protector; sinal de perigo (Figura 1) Bancada aberta e BSC para potenciais aerossóis 3 Contenção – nível 3 Serviços de diagnóstico especiais; Investigação Como no nível 2 mais vestuário específico, acesso controlado, fluxo de ar direccionado BSC e/ou dispositivos primários para todas as actividades 4 Contenção máxima – nível 4 Unidade de agentes patogénicos perigosos Como no nível 3 mais entrada de câmara, chuveiro à saída, dispositivos especiais para resíduos BSC classe III ou fatos de pressão positiva em conjunto com BSCs classe II, autoclave com duas entradas (separadas fisicamente), ar filtrado 17 Figura I.2: Sinal de aviso de perigo que, segundo a OMS (2), deverá ser colocado na porta dos laboratórios de nível de biossegurança 2, 3 ou 4. A tabela I.3 resume as necessidades especiais, ao nível das instalações, requeridas nos 4 níveis de biossegurança. Tabela I.3: Resumo dos requisitos necessários para cada nível de biossegurança (adaptado de 2). Nível de biossegurança 1 2 3 4 Isolamentoa do laboratório Selar o compartimento para descontaminação Ventilação: - pressão negativa - sistema de ventilação controlado - exaustão de ar filtrado com HEPA Duas portas de entrada Câmara de pressurização Câmara de pressurização c/ chuveiro Antecâmara Antecâmara com chuveiro Tratamento de efluentes Autoclave: - no local - no laboratório - com duas entradas fisicamente separadas BSC Capacidade de monitorização da segurança pessoal d Não Não Sim Sim Não Não Sim Sim Não Desejável Sim Sim Não Desejável Sim Sim Não Não Sim/Não b Sim Não Não Sim Sim Não Não Não Sim Não Não Não Sim Não Não Sim -- Não Não Sim/Não c Não Não Não Sim/Não c Sim Não Desejável Sim Sim Não Não Desejável Sim Não Não Desejável Sim Não Desejável Sim Sim Não Não Desejável Sim a Isolamento funcional do trânsito geral; b Depende da exaustão do local; c Depende dos agentes utilizados no laboratório; d Por exemplo, janela, circuito de tv fechado, comunicação em dois sentidos 18 5. Descontaminação e procedimentos de emergência A esterilização, a desinfecção e anti-sepsia são formas de descontaminação largamente utilizadas nos laboratórios. A esterilizaçãoimplica a morte de todos os organismos e a desinfecção refere-se à utilização de agentes antimicrobianos de forma a destruir todas as formas de organismos não esporoladas. No caso da anti-sepsia reside na aplicação de um líquido antimicrobiano num tecido vivo. Os desinfectantes químicos podem ser classificados como: Esterilizantes: destruição de todos os microorganismos incluindo bactérias, esporos de fungos e superfícies inanimadas; Desinfectantes: destruição ou inactivação irreversível de determinados vírus, bactérias, fungos patogénicos, mas não esporos de bactérias; Desinfectantes hospitalares: agentes eficientes contra S. aureus, S. choleresis, P. aeruginosa, M. tuberculosis, fungos patogénicos ou alguns tipos de vírus; Anti-séptico: não é considerado desinfectante e pode ser utilizado na pele. Os desinfectantes químicos utilizados nos laboratórios podem ser constituídos por: 5.1. Iodo e iodoforos: Devem ser utilizados numa diluição de 75 ppm e em situações que envolvam bactérias vegetais, fungos e vírus. Apresentam pouca eficiência na matéria orgânica quando comparados com os hipocloritos. Devem ser armazenados em ambiente refrigerado e sem luz. 5.2. Hipocloritos: Devem ser utilizados numa diluição de 1:10 a 1:100 com água e em situações que envolvam bactérias vegetais, fungos e a maioria dos vírus (sendo neste caso a diluição efectiva de 1:100). No caso de esporos de bactérias a diluição efectiva é de 1:10. São bastante corrosivos e são rapidamente inactivados pela matéria orgânica. Devem ser sempre preparadas soluções frescas uma vez que se decompõem rapidamente. 5.3. Álcoois (etanol e isopropanol): Devem ser utilizados numa diluição de 70-85% e apresentam elevada eficiência num largo espectro de bactérias e vírus. Apresentam uma actuação rápida sem deixar resíduo. Apresentam pouca eficiência contra esporos de bactérias. 5.4. Formaldeído e gluteraldeído O formaldeído (HCHO) e o gluteraldeído (OHC(CH2)3CHO) apresentam eficácia na inactivação de bactérias vegetativas, esporos, fungos e vírus lipídicos e não lipídicos. Enquanto que o formaldeído actua lentamente e necessita de um nível de humidade relativa de cerca de 70% o gluteraldeído actua mais depressa. No entanto, leva várias horas a matar esporos bacterianos. 19 5.5. Descontaminação por autoclave Neste caso, a esterilização é realizada pela aplicação de vapor saturado sob pressão sendo o meio mais eficaz e seguro de esterilizar materiais de laboratório. (qualquer procedimento que envolva o autoclave deve ser comunicado e seguir as instruções da pessoa responsável: Dra Ana Xavier). O autoclave encontra-se localizado na sala 29.1.1. 1. Verificar se a torneira do esgoto está fechada. 2. Verificar se o nível da água está pelo menos 2cm acima da resistência. Caso não possua água suficiente adicionar sempre água destilada. 3. Colocar o cesto com o material, devidamente preparado, dentro do autoclave. 4. Fechar bem o autoclave. 5. Abrir um pouco a válvula de secagem (do lado direito) e verificar se a válvula do condensador está fechada. 6. Marcar o tempo (22 minutos). 7. Ligar o autoclave girando o botão para a posição “Ligado”. 8. Quando o autoclave ligar o alarme girar o botão para a posição “0” (zero). 9. Esperar que o autoclave arrefeça até 80ºC, pelo menos, para abrir em segurança. 10. Se a pressão estiver um pouco abaixo de “0” (zero), girar o botão para a posição “arejo” até a pressão chegar novamente a 0. Nunca se coloque do lado esquerdo do autoclave quando se liga o arejo devido à saída de vapor. Se a pressão estiver muito abaixo de 0 falar com o responsável. Retirar o material com os devidos cuidados, devido à elevada temperatura. 11. Fechar a válvula de secagem após 15min do fim do programa (depois de retirar o cesto). Nunca deixar esta torneira aberta. 12. Verificar se o autoclave e/ou respectiva água ficaram sujos. Caso tenha acontecido alguma destas situações falar com o responsável do equipamento e proceder à limpeza. DESCONTAMINAÇÕES: APENAS SE EFECTUA ESTE PROCEDIMENTO ÀS SEXTAS-FEIRAS A PARTIR DAS 14H COM ABERTURA DO AUTOCLAVE A PARTIR DAS 17H. DEIXAR ARREFECER ATÉ 50ºC ANTES DA ABERTURA DO AUTOCLAVE. 5.6. Procedimentos de emergência 5.6.1. Derrames no laboratório No laboratório onde se manipulam amostras biológicas deve existir o seguinte material: - desinfectante concentrado (por exemplo lixivia); - material absorvente (toalhas de papel, rolos de papel…); - luvas de látex e nitrilo; - sacos de autoclave; - pinças e outro material para recolher pedaços de vidro partido e material cortante. 20 Em situações gerais de derrames, deve-se colocar por cima do derrame toalhas de papel, adicionar o desinfectante diluído em quantidade suficiente que permita a inativação dos microrganimos, remover todo o material utilizado na limpeza e coloca-lo no respectivo contentor para resíduos biológicos. Neste processo devem ser utilizadas luvas. No final, as mãos devem ser lavadas com sabão e água. No caso de fluidos biológicos, o desinfectante a utilizar deve ser hipoclorito na diluição de1:10. 5.6.2. Derrames dentro de uma CSB 1. A pessoa responsável deve calçar luvas e vestir uma bata e pulverizar com 70% de etanol todas as superficies da câmara. Em situações extremas, molhar todas a área de trabalho com a solução e deixar durante 20 minutos. 2. Limpar todo o desinfectante com toalhas de papel e deixar secar todas as superfícies. 3. Descartar todo o material de limpeza nos respectivos contentores para resíduos biológicos. 4. Lavar as mãos e toda a área de pele exposta com sabão e água. 6. Bibliografia recomendada: 1. U.S. Department of Health and Human Services – Public Health Services, Center for Disease Control and Prevention and National Institutes of Health (2007) Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories - 5 th edition, U.S. Government Printing Office, Washington. 2. World Health Organization (2004) Laboratory biosafety manual - 3rd edition, Geneva. 3. Domingues P, Simões M. (2001) Guia de Segurança, Departamento de Química da Universidade de Aveiro. 4. Kimman T., Smit E., Klein M. (2008) Evidence-based Biosafety: a review of the principles and effectiveness of microbiological containment measures, Clinical Microbiology Reviews, 21(3): 408-425. 5. Despacho nº 399/2009 de 7 de Janeiro de 2009 – Estabelece o Manual de Boas Práticas Laboratoriais de Anatomia Patológica. 6. Despacho nº 8835/2001 de 28 de Fevereiro de 2001. 7. Despacho nº 242/96, de 5 de Julho – Estabelece normas de gestão e classificação dos resíduos hospitalares 21 8. Portaria nº 174/97, de 10 de Março – Estabelece as regras de instalação e funcionamento de unidades ou equipamentos de valorização ou eliminação de resíduos perigosos hospitalares, bem como o regime de autorização da realização de operações de gestão de resíduos hospitalares. 9. Despacho nº 761/99, de 31 de Agosto – Aprova o plano estratégico de gestão dos resíduos hospitalares (PERH 99). 10. Decreto-Lei nº 239/97 de 9 de Setembro – Estabelece o plano de gestão de resíduos. 11. Portaria nº 1005/92 de 23 de Outubro – Protecção dos animais utilizados para fins experimentais e outros fins científicos. 22 Anexo I Formulário a ser preenchido pelo Investigador Principal/Docente e submetido à Comissão de Segurança do DQUA Título: Data prevista para o início do projecto (mês/ano): Data prevista para conclusão: (mês/ano): Financiamento: Referência doProjecto: Investigador Principal Nome: E-mail: Telefone: Ext: Tipo de amostras (NOTA: No caso de bactérias devem anexar a informação referente ao seu tipo) Classificação do Grupo de Risco Classe 1 Classe 2 Classificação do Nível de Biossegurança do Laboratório BSL – 1 BSL - 2 BSL – 3 BSL – 4 23 Laboratório onde vai ser desenvolvido o trabalho Pessoas que irão lidar directamente com as amostras Nome Autorizo Pessoas que irão lidar directamente com as amostras Nome Autorizo Condições do laboratório para a execução e manuseamento das amostras biológicas Equipamentos necessários que serão utilizados durante o manuseamento das amostras biológicas Procedimentos de limpeza, desinfecção, descontaminação e descarte de materiais/resíduos 24 Termo de Responsabilidade do Investigador Principal A comissão de segurança 25 Anexo II Procedimentos de descontaminação 26 27 Anexo III Exemplos de algumas substâncias infeciosas incluídas na Categoria A (proibidas no DQUA) Bacillus anthracis Brucella abortus Brucella melitensis Burkholderia mallei – Pseudomonas mallei – glanders Burkholderia pseudomallei – Pseudomonas pseudomallei Chlamydia psittaci – avian strains Clostridium botulinum Crimean-Congo haemorrhagic fever virus Dengue virus Eastern equine encephalitis virus Escherichia coli, verotoxigenic Ebola virus Flexal virus Francisella tularensis Guanarito virus Hantaan virus Hantaviruses causing haemorrhagic fever with renal syndrome Hendra virus Hepatitis B virus Human immunodeficiency virus Highly pathogenic avian influenza virus Japanese Encephalitis virus Junin virus Kyasanur Forest disease virus Lassa virus Machupo virus Marburg virus Monkeypox virus Mycobacterium tuberculosis
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