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José Salgado Nº112435 M.I. Ciências Farmacêuticas ISCSEM Caracterização cinética da fosfatase ácida 2016/2017 1 Resumo Na introdução vou explicar os conteúdos teóricos que tive por base para a realização da atividade experimental para poder fundamentar na discussão de resultados. Nos métodos vou identificar os materiais e reagentes utilizados e o procedimento da atividade experimental. Apresentarei posteriormente os resultados e a respetiva discussão. Farei por fim a conclusão, onde concluirei os conhecimentos adquiridos ao longo da feitura do relatório. 2 C a ra c te ri za ç ã o c in é ti c a d a f o s fa ta s e á c id a | [E s c o lh a a d a ta ] Introdução Os enzimas são proteínas que têm como funcionalidade aumentar a velocidade com que se atinge o estado de equilíbrio da reação, não interferindo no próprio equilíbrio da reação. As estruturas tridimensionais dos enzimas, são muito complexas, sendo que esta estrurura resulta do enrolamento espontâneo de uma ou mais cadeias polipeptídicas, permitindo-lhes assim uma elevada eficiência e especificidade. Os enzimas, catalisadores, são eficazes em quantidades mínimas em relação à quantidade dos reagentes e permanecem inalterados após a libertação dos produtos. As reações enzimáticas, ocorrem a uma velocidade de 104 − 1017 superior a velocidade correspondente da reação na ausência da enzima. Os enzimas são mais específicos em relação aos reagentes, sendo designados por substratos. Uma reação enzimatica pode ser representada por: 𝐸 + 𝐴 ↔ 𝐸𝐴 ↔ 𝐸𝑃 ↔ 𝐸 + 𝑃 A ligação do substrato ao centro ativo do enzima conduz à formação de complexos EA intermediários EA e EP que originam produtos. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA REAÇÃO COM E SEM ENZIMA (IMAGEM RETIRADA DO MOTOR DE BUSCA GOOGLE) 3 O mecanismo que leva os enzimas a ligarem-se aos substratos pode ser determinado com base na velocidade da reação em função da concentração de substrato e enzimas utilizados. Isto é representado pela equação de Michaelis-Menten: 𝑉 = 𝑉𝑚á𝑥.×[𝑆] 𝐾𝑚 + [𝑆] Este trabalho consiste na na determinação dos parâmetros cinéticos da fosfatase ácida, catalisadora da hidrólise de monoésteres de fosfato produzindo fosfato inorgânico. O pnpp vai ser utilizado como substrato, que será convertido em fosfato inorgânico. Os inibidores são moléculas com estrutura semelhante ao substrato que diminuem a atividade de uma enzima, quando se associam, sendo possível distinguir diversos tipos de inibição reversível, diferenciados pelos gráficos Lineweaver-Burk. Os inibidores competitivos são aqueles que competem com o substrato pelo centro ativo, formando complexos enzima-inibidor. Este tipo de inibição é o mais frequente. Os inibidores anticompetitivos são aqueles que se ligam em exclusivo ao complexo enzima- substrato, num local que não é o centro ativo. Os inibidores mistos, são aqueles que se ligam tanto à enzima livre como como ao complexo enzima-substrato ou num local onde a enzima apresenta duas formas estruturais diferentes, uma ativa e uma inativa. É exemplo de uma inibição mista, a inibição competitiva, uma vez que os valores de Ki são iguais tanto na enzima livre como substrato. 4 C a ra c te ri za ç ã o c in é ti c a d a f o s fa ta s e á c id a | [E s c o lh a a d a ta ] Métodos Materiais: • Micropipetas de 20, 100, 200, 1000 µL, Labnet; • Caixa de pontas amarelas para as respetivas micropipetas; • Caixa de pontas azuis para as respetivas micropipetas; • Espectrofotómetro (visível), Thermo Scientific; • Banho térmico, Precisterm; • Cuvettes de plástico; • Vortex, VELP Scientific; • Tubos de ensaio; • Gobelés; Reagentes: • Fosfatase ácida 0,1 U/ml em PBS; • KOH a 0,5M; • pNPP a 4,5mM; • Tampão acetado de sódio 1M,pH=5.7; • Água destilada; 5 Procedimento 1. Ligar o banho térmico a 37ºC; 2. Preparar os seguintes ensaios enzimáticos; Solução (ml) Tubo nº 1 2 3 4 5 6 7 8 Tampão de acetato de Sódio 1M pH 5.7 0,250 0,250 0,250 0,250 0,250 0,250 0,250 0,250 pNPP 10 4,5mM - 0,0125 0,025 0,0625 0,125 0,250 0,625 1,250 Água destilada 2,15 2,1375 2,125 2,0875 2,025 1,9 1,525 0,9 3. Iniciar o ensaio através da adição da enzima Fosfatase ácida 0,10 U/ml 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 4. Incubar os tubos a 37ºC, durante um intervalo de tempo indicado Tempo de inicio de ensaio (min) 0 1 2 3 4 5 6 7 Tempo de incubação (min) 10 Tempo final do ensaio (min) 10 11 12 13 14 15 16 17 6 C a ra c te ri za ç ã o c in é ti c a d a f o s fa ta s e á c id a | [E s c o lh a a d a ta ] 5. Parar a reação através da adição de KOH KOH 0,5M 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 6. Medir a absorvância de cada um dos tubos de ensaio preparado a 405nm, fazendo o zero com o espectrofotómetro com a solução do tubo de ensaio 1; 7. Repetir todo o processo, substituindo a fosfatase ácida (solução de enzima), por água destilada; Resultados: Valores registados da absorvância medida a 405nm Tubo de Ensaio Ensaio com Fosfatase Ácida 0,1U/ml Ensaio com Água destilada Absorvância 1 0,000 0,000 2 0,013 0,002 3 0,024 0,003 4 0,044 0,010 5 0,066 0,012 6 0,115 0,037 7 0,223 0,060 8 0,367 0,160 7 • Cálculo da concentração de produto dos vários tubos de ensaio, recorrendo a equação de Lambert-Beer 𝐴𝑏𝑠 = 𝜀×𝐿×𝐶 Sendo o coeficiente de extinção molar da metabolização do pNPP (produto) de 18000 𝑀−1𝑐𝑚−1 • Cálculo da velocidade da reação de cada tubo de ensaio, com recurso a seguinte formula 𝑣 = 𝑐𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 ∆𝑡 Considerando ∆t=10 Resultados Obtidos: Tubo de ensaio Ensaio com Fosfatase Ácida 0,1U/ml Ensaio com Água destilada Concentração de produto (𝑀) Velocidade da reação (𝑀. 𝑚𝑖𝑛−1) 𝟏 𝒗 Concentração de produto (𝑀) Velocidade da reação (𝑀. 𝑚𝑖𝑛−1) 𝟏 𝒗 1 0 0 0 0 0 0 2 7,22×10−7 7,22×10−8 1,39×107 1,111×10−7 1,111×10−8 9,0×107 3 1,33×10−6 1,33×10−7 7,52×106 1,667×10−7 1.667×10−8 5,99×107 4 2,44×10−6 2,44×10−7 4,09×106 5,556×10−7 5,556×10−8 1,8×107 5 3,667×10−6 3,667×10−7 2,73×106 6,667×10−7 6,667×10−8 1,5×107 6 6,389×10−6 6,389×10−7 1,57×106 2,0556×10−6 2,0556×10−7 4,86×106 7 1,238×10−5 1,238×10−6 8,08×105 3,333×10−6 3,333×10−7 3,0×106 8 2,0389×10−5 2,0389×10−6 4,9×105 8,889×10−6 8,889×10−7 1,12×106 8 C a ra c te ri za ç ã o c in é ti c a d a f o s fa ta s e á c id a | [E s c o lh a a d a ta ] • Cálculo da concentração de substrato dos vários tubos Sendo que a concentração de pNPP se encontra em mM tem de ser convertida para M de modo a ficar todos os valores com as mesmas unidades, sendo que: 4.5𝑚𝑀 = 4.5×10−3𝑀 Calculando então depoisa concentração de substrato em cada tubo com recurso a seguinte equação: 𝐶𝑖×𝑉𝑖 = 𝐶𝑓×𝑉𝑓 ↔ 𝐶𝑓 = 𝐶𝑖×𝑉𝑖 𝑉𝑓 0 0,0000005 0,000001 0,0000015 0,000002 0,0000025 0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 V e lo c id ad e d a R e aç ão [s] Tubo de ensaio Concentração de Substrato 𝟏 𝑪 1 0 0 2 0.000015 66666,7 3 0.00003 33333,3 4 0.000075 13333,3 5 0.00015 6666,67 6 0.0003 3333,33 7 0.00075 1333,33 8 0.0015 666,67 Gráfico 1 ( Fosfatase ácida ) – Representação da velocidade da reação em função da concentração de substrato 9 y = 199,41x + 810574 R² = 0,9884 0 2000000 4000000 6000000 8000000 10000000 12000000 14000000 16000000 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 1/ V 1/[S] 0 0,0000001 0,0000002 0,0000003 0,0000004 0,0000005 0,0000006 0,0000007 0,0000008 0,0000009 0,000001 0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016 V e lo c id ad e d a R e aç ão [S] Gráfico 2 (Fosfatase ácida) – Representação do inverso da velocidade de reação em função do inverso da concentração de substrato Gráfico 3 (H20 destilada) - Representação da velocidade da reação em função da concentração de substrato 10 C a ra c te ri za ç ã o c in é ti c a d a f o s fa ta s e á c id a | [E s c o lh a a d a ta ] • Cálculo da velocidade máxima (𝑣𝑚á𝑥.) e da constante de Michaelis (𝐾𝑚), para o ensaio com fosfatase ácida Utilizando a seguinte equação conseguimos calcular a velocidade máxima (𝑣𝑚á𝑥.): • Ensaio da fosfatase ácida 1 𝑣0 = 1 𝑉 + 𝐾𝑚 𝑉 . 1 [𝐴] ↔ 𝑦 = 810574 + 199,41. 1 [𝐴] 1 𝑉 = 810574 ↔ 𝑉 = 1 810574 ↔ 𝑉 = 0.00000123 𝑚𝑖𝑛. 𝑀−1 • Ensaio da água destilada 1 𝑣0 = 1 𝑉 + 𝐾𝑚 𝑉 . 1 [𝐴] ↔ 𝑦 = 10000000 + 274,12. 1 [𝐴] 1 𝑉 = 10000000 ↔ 𝑉 = 1 10000000 ↔ 𝑉 = 0,0000007 𝑚𝑖𝑛. 𝑀−1 Sendo que 𝐾𝑚 corresponde à concentração de substrato com a qual a velociade inicial da reação enzimática atinge a metade da sua velocidade máxima: • Ensaio da fosfatase ácida 𝐾𝑚 𝑉 = 𝑚 ↔ 𝐾𝑚 𝑉 = 199,41 ↔ 𝐾𝑚 = 0,000245𝑀 y = 274,12x + 1E+07 R² = 0,1068 0 10000000 20000000 30000000 40000000 50000000 60000000 70000000 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 1/ V 1/[S] Gráfico 4 (H2O destilada) – Representação do inverso da velocidade de reação em função do inverso da concentração de substrato 11 • Ensaio da água destilada 𝐾𝑚 𝑉 = 𝑚 ↔ 𝐾𝑚 𝑉 = 274,12 ↔ 𝐾𝑚 = 0,000192 𝑀 Discussão Numa preparação de ensaios enzimáticos com a fosfatase ácida estamos perante uma reação enzimática, enquanto que quando substituímos por H2O destilada estamos perante uma reação química. Como o tubo 1 foi usado como branco, desprezei-o na feitura das tabelas. Ao ser efetuado o gráfico de velocidade da reação vs. concentração de substrato vê-se que o 𝑟2 no ensaio com a fosfatase ácida é muito superior ao do gráfico correspondeste ao ensaio com água. O 𝑟2 no ensaio com a água destilada tinha apresenta um valor muito distante de 1, ou por erro de pipetagem ou medição das absorvâncias. Comparando os ensaios e as velocidades calculadas, percebemos que a velocidade da reação com enzima presente é muita mais rápida, que no ensaio sem a presença desta, sendo a produção de produto mais alta. Posso ainda constatar que na atividade experimental, o fator de maior dependência é a concentração do substrato. A H2O destilada não pode ser considerada um inibidor visto que não compete com o substrato pelo centro ativo. Conclusão Após a conclusão da atividade experimental pude comprovar que os resultados foram os esperados, ou seja, foi concluída com sucesso. Durante a atividade experimental e o seu respetivo relatório, pude adquirir mais conhecimentos àcerca da atividade enzimática e dos cálculos a ela associados. 12 C a ra c te ri za ç ã o c in é ti c a d a f o s fa ta s e á c id a | [E s c o lh a a d a ta ] Bibliografia HALPERN, Manuel Júdice; FREIRE, Ana Ponces; QUINTAS, Alexandre. Bioquímica- Organização molecular da vida. Lidel. 2008. Protocolo experimental fornecido pelo professor.
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