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Crianças e adolescentes em situação de rua e o Direito à Educação O Ministério da Educação (MEC) atua para garantir o direito constitucional à educação a todos os brasileiros. Criado em 1930, passou por uma série de remodelações e hoje é responsável por formular e avaliar a política de educação, financiar, orientar e apoiar os sistemas de ensino e velar pelo cumprimento da legislação referente à área. Os sistemas que fazem parte da estrutura educacional são autônomos, formando uma extensa rede descentralizada e capilarizada em todo o território brasileiro. Os sistemas públicos municipais de educação são representados pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e os estaduais pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), duas associações privadas de interesse público com as quais o MEC busca um diálogo contínuo visando à construção e o aprimoramento das políticas públicas. Outra instância, esta ligada à estrutura organizacional do ministério, é o Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão normatizador e deliberador das políticas de educação, que assessora o MEC no desempenho de suas atribuições, assegurando-se assim a participação da sociedade. Conselhos semelhantes estão presentes nos sistemas de ensino municipais e estaduais. Compreendendo o papel central da educação para a garantia dos direitos da criança e do adolescente, o MEC formula políticas públicas que visam à universalização do ensino básico (infantil, fundamental e médio), o acesso, a permanência e a conclusão dos estudos e a busca pela qualidade da educação oferecida aos meninos e meninas inseridos em escolas públicas e privadas. Até 2014, o MEC contava com uma rede de cerca de 192 mil escolas de educação básica, 51 mil matrículas de estudantes e 2,2 milhões de professores, distribuídos em escolas urbanas e no campo. As legislações específicas da educação que norteiam essa etapa de ensino são a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei nº 9.394), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (parecer CNE/CEB nº 7/2010) e o Plano Nacional de Educação (aprovado pelo Congresso Nacional em junho de 2014). Outras normativas fundamentais são a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 8.069/90). A universalização da educação básica, consubstanciada nas normativas específicas acima citadas, representou um significativo avanço nos últimos anos, com a matrícula obrigatória no ensino fundamental a partir dos 6 anos completos, ampliando a duração do ensino fundamental para 9 anos e a obrigatoriedade de matrícula/frequência escolar dos 4 aos 17 anos de idade. Para gerir e ofertar a escolarização para esse público, via sistemas de ensino, o MEC conta com a estrutura de secretarias que desenvolvem uma série de políticas, programas e ações. A Secretaria de Educação Básica (SEB) cuida da oferta de ensino para o público infantojuvenil, buscando assegurar-lhes formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir em trabalhos e estudos posteriores, contribuindo assim para a redução das desigualdades. Iniciativas importantes tem sido implementadas pela SEB, como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, que visam corrigir distorções idade/série, definir novas estruturas curriculares e assim garantir a permanência com qualidade dos estudantes na escola. Outra ação é o Programa Mais Educação (PME), uma estratégia do ministério para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular na perspectiva da Educação Integral. Já a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) busca contribuir para o desenvolvimento inclusivo dos sistemas de ensino, voltado à valorização das diferenças e da diversidade, a promoção da educação inclusiva, dos direitos humanos e da sustentabilidade socioambiental, visando à efetivação de políticas transversais e intersetoriais. A SECADI cuida do acompanhamento da frequência escolar de cerca de 18 milhões de estudantes cujas famílias estão inseridas no Programa Bolsa Família. Essa ação ocorre de forma intersetorial com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que faz a gestão do Bolsa. Outra iniciativa é o Escola que Protege, que promove formação continuada para profissionais do magistério, financia a elaboração e/ou distribuição de pesquisas e de material didático-pedagógico que abordem a garantia de direitos de crianças e adolescentes e a violência no contexto escolar. A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) oferta o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), que abrange o público adolescente e busca sua qualificação e preparação para o mundo do trabalho. Outras secretarias, institutos e órgãos compõem a estrutura do ministério e colaboram na oferta, avaliação, qualificação e articulação na perspectiva do ensino básico. Em relação ao direito a educação da criança e adolescente em situação de rua, a partir das diretrizes e programas existentes, o MEC tem como compromisso: - Incluir o tema População em Situação de Rua no contexto dos direitos humanos e das políticas públicas, de modo transversal, como componente curricular das escolas na rede pública, tendo em vista o enfrentamento de práticas discriminatórias, por meio da implementação das Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (Resolução CNE/CP nº01/2012) As Diretrizes, que devem ser efetivadas pelos sistemas de ensino e suas instituições, estabelecem que "todas as pessoas, independente do seu sexo; origem nacional, étnico-racial, de suas condições econômicas, sociais ou culturais; de suas escolhas de credo; orientação sexual; identidade de gênero, faixa etária, pessoas com deficiência, altas habilidades/superdotação, transtornos globais e do desenvolvimento1, têm a possibilidade de usufruírem de uma educação não discriminatória e democrática”. De acordo com o Art. 8º da Resolução, a Educação em Direitos Humanos torna- se componente curricular obrigatório nas licenciaturas da área educacional. O artigo 9º estabelece que a Educação em Direitos Humanos “deverá estar presente na formação inicial e continuada de todos/as os/as profissionais da Educação das diferentes áreas do conhecimento.“ - Incluir o tema População em Situação de Rua nos programas de formação continuada dos profissionais da educação. O referido tema será o fundamento teórico metodológico dos cursos de Educação em Direitos Humanos. Dentre os cursos de formação em andamento podemos destacar: Educação em Direitos Humanos, Escola que Protege, Gênero e Diversidade na Escola e de Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça - nos níveis extensão, aperfeiçoamento e especialização. Participam dos cursos profissionais da educação, gestores/as e servidores/as públicos/as, integrantes dos Conselhos de Direitos, dos Fóruns Intergovernamentais, dos Conselhos de Educação e de organizações não-governamentais ligadas à temática. Administrador Realce Administrador Realce Atenção especial deve ser dada para os cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização no âmbito da Escola que Protege: Enfrentamento às Violências e Promoção dos Direitos de Crianças e Adolescentes, cujo objetivo é qualificar a atuação dos profissionais da educação básica na promoção dos direitos de crianças e adolescentes, no desenvolvimento de ações de prevenção e na identificação e acompanhamento de casos de violações de direitos, compreendendo a escola como parte da Rede de Atenção e Proteção Integrale como uma das instâncias do Sistema de Garantia de Direitos. Um dos módulos do curso trata da garantia do direito à educação de grupos vulneráveis: crianças e adolescentes em situação de rua, em instituições de acolhimento institucional, entre outros. - Incentivar a realização de projetos de extensão universitária sobre População em Situação de Rua. O Programa de Extensão Universitária – ProExt financia ações de extensão e pesquisa- ação em universidades públicas, incentivando também a incorporação dessas temáticas na formação inicial. Na Linha temática 4.1.7 - Educação em Direitos Humanos – foi incluída a temática escolarização e profissionalização da população em situação de rua. Ainda nessa linha temática são discutidas questões gênero; orientação sexual e identidade de gênero; direitos de crianças e adolescentes;; enfrentamento ao tráfico de pessoas; acesso e permanência na escola de beneficiários de programas sociais e de transferência de renda; atendimento educacional a adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas; enfrentamento à violência na escola; educação em direitos humanos . Na Linha Temática 10: Direitos Humanos, foram incluída temática relacionada ao apoio à Centro de Referência em Direitos Humanos: a) atendimento jurídico, social, psicológico e antropológico; b) capacitação e formação de agentes públicos e populares oriundos da sociedade civil organizada; No que diz respeito aos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes são realizadas formação, pesquisa-ação e apoio a ações de proteção integral de crianças e adolescentes em situação de rua. Administrador Realce Administrador Realce Administrador Realce - Promover o acesso regular de pessoas em situação de rua à alfabetização de jovens e adultos e aos programas de elevação da escolaridade, através da inclusão do segmento “população em situação de rua” no cadastro do Programa Brasil Alfabetizado. - Desenvolver cursos de formação e qualificação profissional para o trabalho, com normas flexíveis para o acesso da população em situação de rua, favorecendo o resgate das relações sociais dessa população com outros trabalhadores. A partir de 2013, o referido segmento foi incluído como público prioritário do PRONATEC. Além das iniciativas acima, há necessidade de avaliarmos como essa temática pode ser inserida nas outras iniciativas em curso, conforme abaixo: Programa Mais Educação que consiste na indução à ampliação da jornada escolar e a organização curricular na perspectiva da Educação Integral e tem como finalidades prevenir violências contra crianças e adolescentes. Programa Mais Cultura nas Escolas que busca a potencialização dos processos de ensino e aprendizado por meio da democratização do acesso à cultura e da integração de práticas criativas e da diversidade cultural brasileira à educação integral. Programa Saúde na Escola que garante o fomento a ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos à saúde e atenção à saúde, visando o enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens da rede pública de ensino. Programa Atleta na Escola que incentiva a prática esportiva nas escolas; democratização do acesso ao esporte; desenvolvimento e difusão de valores olímpicos e paraolímpicos entre estudantes da educação básica; estimulo à formação do atleta escolar e identificação e orientação a jovens talentos. Portal do Professor: Trata-se de ambiente virtual com recursos educacionais que facilitam e dinamizam o trabalho dos professores, facilita a troca de experiências entre os profissionais do ensino fundamental e médio. O conteúdo inclui sugestões de aulas de acordo com o currículo de cada disciplina e recursos como vídeos, fotos, mapas, áudio e textos. Programa Salto para o Futuro: dirigido à formação continuada de professores e de gestores da educação básica que integra a grade da TV Escola (Televisão pública Administrador Realce Administrador Realce Administrador Realce do Ministério da Educação destinada aos professores e educadores brasileiros, aos alunos e a todos interessados em aprender). O MEC tem clareza dos desafios que ainda precisam ser superados para garantir o direito universal e social da educação para crianças e adolescentes, sobretudo para as crianças e adolescentes em situação de rua. Sua estrutura organizacional, políticas, programas e ações buscam responder a esses desafios na perspectiva da construção de princípios e práticas que reconheçam e valorizem o sujeito de forma integral e integrada. Assim, acredita que a educação prescinde de políticas públicas articuladas a outras políticas setoriais, capazes de oferecer respostas mais estruturantes e efetivas para a garantia integral dos direitos humanos de crianças e adolescentes e sua inclusão social. Apostando nessa perspectiva, o ministério tem envidado esforços para constituir estratégias e ações intersetoriais junto a demais ministérios, na busca por respostas mais amplas que possam colaborar para que nos territórios, onde de fato as políticas se concretizam no cotidiano da vida dos cidadãos, a educação consiga cumprir com o seu papel de formação integral das crianças e dos adolescentes brasileiros. Administrador Realce Administrador Realce
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