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Apostila e Plano de Ensino Psicomotricidade

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PLANO DE ENSINO
	
CURSO: PEDAGOGIA
PERÍODO: 1º CARGA HORÁRIA: 40 horas
TURNO: NOTURNO ANO: 2018.1
	
DISCIPLINA: PSICOMOTRICIDADE
PROFESSOR: Giorgio Lira Nunes
	
EMENTA: Aspectos conceituais da psicomotricidade que caracterizam o desenvolvimento e aprendizagem psicomotora da criança na construção do conhecimento. A psicomotricidade no contexto educativo atual, imagem do corpo, a tonicidade, o movimento, a comunicação corporal. O desenvolvimento psicomotor da criança. Formação das estruturas espaço-temporais. O problema da lateralidade. Principais perturbações psicomotoras na criança. Expressão corporal e educação. A reeducação psicomotora. Os distúrbios específicos da aprendizagem relacionados às causas psicomotoras
	
OBJETIVOS
1.1. Geral
Conhecer as origens dos estudos e definições de psicomotricidade com enfoque no âmbito educacional.
1.2. Específicos
Compreender os aspectos conceituais da psicomotricidade que caracterizam o desenvolvimento e aprendizagem psicomotora da criança na construção do conhecimento;
Estudar a psicomotricidade no contexto educativo atual, imagem do corpo, a tonicidade, o movimento, a comunicação corporal; 
Conhecer aspectos relacionados ao desenvolvimento psicomotor da criança e formação das estruturas espaço-temporais;
Identificar o problema da lateralidade;
Conhecer as principais perturbações psicomotoras na criança, assim como a reeducação psicomotora;
Estabelecer as relações entre os distúrbios específicos da aprendizagem e as causas psicomotoras.
	
	
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE I - (10 HORAS) 
 1. PSICOMOTRICIDADE
Conceitos básicos e metodologias
Linhas de atuação da psicomotricidade
Aspectos neuromotores 
Aspectos psicomotores 
Aspectos psicoafetivos 
Aspectos cognitivos
UNIDADE II - (10 HORAS)
2. AS PRINCIPAIS VERTENTES DA PSICOMOTRICIDADE
Reeducação psicomotora 
Terapia psicomotora 
Educação psicomotora 
Psicomotricidade funcional
Psicomotricidade relacional
UNIDADE III - (20 HORAS)
3. DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 
Distúrbios da aprendizagem
Coordenação motora ampla
Coordenação motora fina
Lateralidade
Percepção espaço-temporal
Percepção corporal
Práticas psicomotoras na escola
	METODOLOGIA DO ENSINO
A metodologia adotada pela disciplina, privilegiará atividades que propiciem ao acadêmico o maior alcance através dos conteúdos propostos, mediante exposições dialogadas da matéria, dinâmicas de grupo, seminários, exemplos práticos, etc. As aulas serão desenvolvidas adotando-se o princípio da problematização e contextualização dos assuntos, através de diferentes fontes, tais como: acervo bibliográfico, portal eletrônico, dentre outros.
	RECURSOS DIDÁTICOS
Livros / Quadro branco e acessórios;
Textos, periódicos, revistas, filme;
Data show.
	AVALIAÇÃO
O processo de avaliação será realizado de forma diagnóstica, sistemática e processual, através dos instrumentos: trabalho individual e de grupo (produção, apresentação e defesa das produções solicitadas), provas individuais e a auto avaliação, considerando os critérios de participação, interesse, responsabilidade, oralidade, aprendizagem e pontualidade em que os alunos deverão socializar suas produções, demonstrando conhecimento do conteúdo, coerência com os objetivos propostos no programa, e consciência crítica sobre os assuntos abordados, considerando os objetivos da disciplina e os critérios acordados com a turma. 
	BIBLIOGRAFIA BÁSICA
DUARTE, Adriana Falcão. Psicomotricidade e suas implicações na alfabetização. São Paulo: All Print, 2015.
LOVISARO, Martha. A psicomotricidade aplicada na escola. Rio de Janeiro: Wak, 2011.
MACHADO, Carmem. Atividades criativas e corporais para a educação infantil. Rio de Janeiro: Wak, 2012.
	BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ALVES, F. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro: Wak, 2003.
FERREIRA, Carlos Alberto de Mattos, et all. Psicomotricidade escola. Rio de Janeiro: Wak, 2010.
FONSECA, V. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artmed, 1995.
LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor. Porto Alegre: Artmed, 1992.
APOSTILA DE PSICOMOTRICIDADE
INtrodução
Conceitos da psicomotricidade segundos diversos autores:
Ajuriaguerra, médico psiquiatra, considerado pela comunidade científica como o “Pai da Psicomotricidade”, define assim: “ Psicomotricidade se conceitua como ciência da saúde e da educação, pois indiferentes das diversas escolas, psicológica, condutista, evolutista, genética, e etc, ela visa a representação e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental do indivíduo.”
Dalila M. M. de Costallat, “A Psicomotricidade como Ciência de Síntese, que com a pluralidade de seus enfoques, procura elucidar os problemas que afetam as inter-relações harmônicas, que constituem a unidade do ser humano e sua convivência com os demais.”
Germaine Rossel, “A Educação Psicomotora é a educação de controle mental e da expressão motora”. 
Giselle B. Soubiran “Psicomotricidade e Relaxação, bases fundamentais da estrutura psico corporal, estática e em movimento, precedente e condicionante a toda atividade psíquica”.
Vítor da Fonseca, “A psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança gravitacional e o controle postural, à noção do corpo, sua lateralização e direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante. Nela o corpo e a motricidade são abordados como unidade e totalidade do ser. O seu enfoque é, portanto, psico somático, psico cognitivo, psiquiátrico, somato-analítico, psico neurológico e psico terapêutico”. 
P. Vayer, “É a educação da integridade do ser, através do seu corpo”.
Beatriz Loureiro, “Psicomotricidade é a otimização corporal dos potenciais neuro, psico- cognitivo funcionais, sujeitos às leis de desenvolvimento e maturação, manifestadas pela dimensão simbólica corporal própria, original e especial do ser humano.”
Hurtado (1983), diz que a psicomotricidade é a educação dos movimentos, ou através dos movimentos, visando a melhor utilização das capacidades psicofísicas da criança. Neste caso utiliza-se o movimento como meio e não como fim a ser atingida. A Psicomotricidade é o suporte básico que auxilia a criança a adquirir tanto sensações e percepções como conceitos, os quais lhe darão o conhecimento de seu corpo e, através desse, do mundo que o rodeia.
Coste (1981), define a Psicomotricidade como uma técnica em que cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza numerosas ciências constituídas, entre a biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e lingüística. É considerada como uma terapia, “a terapia psicomotriz” a qual desenvolve a capacidade de expressão do indivíduo, fazendo com que haja um novo conhecimento do corpo. 
Schinca (1992), o controle e conhecimento do próprio corpo são essenciais para o estabelecimento da ligação entre o indivíduo e o meio externo. A relação entre cada ser e o exterior se manifesta através de atos e comportamentos motores, adaptados e ajustados mediante as sensações e percepções. 
Meur e Staes (1984), relatam que o estudo da psicomotricidade é recente sendo que só no início deste século abordou-o assunto ainda que superficialmente. Em uma primeira fase, a pesquisa teórica fixou-se, sobretudo no desenvolvimento motor da criança. Depois se estudou a relação entre o atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da criança. Seguiram-se estudos sobre o desenvolvimento da habilidade manual e aptidões motoras em função da idade. Hoje em dia os estudos ultrapassam os problemas motores, pesquisando também as ligações com a lateralidade, a estruturação espacial e a orientação temporal por um lado e, por outro, as dificuldades escolares de criançascom inteligência normal. Faz também com que se tome consciência das relações existentes entre o gesto e a afetividade.
Para De Meur (1984), a psicomotricidade quer justamente destacar a relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a abordagem global da criança por meio de uma técnica. A psicomotricidade baseia-se em princípios a partir da vivência do corpo no espaço e no tempo, desenvolvendo a consciência de si mesmo, como um ser capaz de sentir expressar e o mais importante, ser capaz de partilhar e comunicar-se com os demais.
O estudo da psicomotricidade envolve cinco temas distintos: tomada de consciência do corpo, a formação da personalidade da criança, isto é desenvolvimento do esquema corporal, através do qual a criança toma consciência do seu próprio corpo e das possibilidades de expressar-se por meio desse corpo; tomada de consciência da lateralidade, a criança percebe que seus membros não reagem da mesma forma, percebe uma maior dominância dos movimentos de um hemicorpo do que no outro (assimetria funcional); tomada de consciência do espaço, tomada de consciência da situação do seu próprio corpo em um meio ambiente, tomada de consciência da situação das coisas entre si, possibilidade do sujeito se organizar perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si; tomada de consciência do tempo, que diz respeito a como a criança se localiza no tempo, capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, durante, após), da duração dos acontecimentos (longo, curto), da seqüência (dias da semana, meses ano), caráter irreversível do tempo (ontem, hoje, amanhã) e renovação cíclica do tempo (orientação temporal); tomada de consciência da relação corpo-espaço-tempo, como a criança se expressa também através do desenho, completa com o domínio progressivo do desenho e do grafismo. 
Sociedade Brasileira de Psicomotricidade - “a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo”, a psicomotricidade é um assunto que todos os profissionais de Educação Física devem tomar conhecimento. O site da SBP vale uma visita com calma e atenção. A lista de cursos de formação, especialização e pós-graduação é bastante detalhada, assim como a programação de eventos que acontecem em todo o Brasil. 
Para quem se interessar pelo assunto, antes de ir à livraria adquirir as indicações da seção “publicações” deve visitar a seção “glossário”, para inteirar-se dos termos técnicos mais usados.
1. OS PRIMÓRDIOS DA PSICOMOTRICIDADE 
A história da Psicomotricidade nasce com a história do corpo.
(COSTE, 1978)
 
Na língua alemão ort (lugar) está no wort (palavra), ou seja, o lugar está na palavra e o corpo como lugar é falado. Mas o que é corpo? 
O verbete no Aurélio - do latim, corpus, corporis e p ode ser dentre muitas coisas: a parte central de um edifício, estrutura física de um anima l, um morto, um grupo de pessoas que trabalham juntas, parte de uma doutrina; corpo caloso, corpo cavernoso, corpo de baile, corpo estranho, corpo familiar, corporação... 
 
 Na Antiguidade (ARISTÓTELES- séc. IV a. C) – o dualismo corpo-alma: “... uma certa quantidade de matéria (corpo), moldada numa forma (alma) ” (MORIZOT,1982,p.54). O antropocentrismo grego era uma ação voltada para a construção do homem e do Estado ideal, sendo o humanismo, seu princípio espiritual. 
 O traço característico da Grécia do século IV a. C a dicotomia corpo e alma. No Mito da Caverna o corpo era o cárcere da alma, onde h abitava o maior valor. “Os olhos foram feitos para ver e a alma para conhecer” (PLATÃO, séc. IV a. C)
 Através da dialética, a alma via sua essência - eîdos - e tinha acesso ao objeto do conhecimento. Uma força libertadora desligava a alma do corpo, passando -a do mundo sensível ao inteligível. 
 Com o cristianismo, na Idade Média, a s crianças – “os oblati” – assim como os velhos eram o centro das atenções – “pia consideratio” – considerando suas fragilidades. Crianças e velhos eram corpo s frágeis. “Aos adolescentes, restavam duas opções, quando atingiam a idade de dezoito anos: o matrimônio ou a vida religiosa, momento marcado pelas vergonhas do corpo”. (Regula Benedicti - 540 d.C). 
 As mulheres eram consideradas seres imperfeito s. Só o homem tinha virtude. O domínio dos prazeres do corpo estava a serviço da moral religiosa. 
 Na Modernidade, o senso prático substituiu a inspiração humanista. Até Descartes, a verdade estava nas mãos de Deus – visão teocêntrica. 
 Com Descartes - valorização da razão em detrimento dos sentidos. 
 Penso: logo sou. A alma era distinta do corpo, mas não podia existir sem ele. 
 O movimento humano estava submetido à consciência. 
 A Psicomotricidade ultrapassa a abordagem cartesiana, corpo-alma. 
 Com Maine de Biran (1788 -1824) a ação passa a ter importância na consciência que o sujeito tem de si. 
1.1 COM A IDADE MODERN A NASCE A PSICOMOTR ICIDADE 
 Wernick em 1900 usa pela primeira vez o termo psicomotricidade e Dupré em 1907 introduz o conceito de debilidade motora, que segundo Ajuriaguerra (19 83) é um estado patológico do movimento. 
 Autores importantes: Claparéde, Montessori, Gessell, Walon, Piaget, Ajuriaguerra, Le Boulch, Ramain, Lapierre, P.Vayer, Bergès, etc. 
 A partir de 1950, organizou -se o primeiro ensino de psicomotricidade no hospital de La Salpêtrière, na França, depois no Institut Supérieur de Réeducation Psychomotrice, o qual só iria ser regularizado trinta anos após. 
1.2 A HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE
O termo ao surgir no discurso médico no séc. XX, com o trabalho de Dupré estabeleceu a relação radical entre motricidade e se u aspecto negativo: a relaxação. A partir dessa época aparecem os primeiros trabalhos sobre o movimento corporal. 
 Charcot se interessava pela função motora para fazer dela a base de patologia pragmática “O membro fantasma”. 
 Freud – o papel do corpo nas formações do inconsciente. As fontes corporais. 
 Os Behavioristas S. Hall e Skinner estudaram o s comportamentos condicionados pelo meio e, como Pavolv havia descrito. Por estímulos que produzam respostas. 
 A Gestalt, cujos representantes mais importantes foram: Whertheimer, Köhler, Kofka e depois Kurt Lewin, utiliza uma psicologia topo lógica d e interação de f orça s, da forma e da percepção. 
 Shultz e Jacobson desenvolveram técnicas de relaxação corporal e Claparède e Montessori e Piaget criaram as condições propiciais a uma compreensão cada vez mais precisa do desenvolvimento do corpo e do conhecimento. 
 Vygotsky com sua abordagem sócio-histórica, Luria e Leiontiev – a vertente russa que pesquisou o desenvolvimento humano. 
 Henri Wallon (1949 em Lãs Origens du caractere che z I’enfant) aprofundará as relações que unem o “tono”, o pano de fundo de todo ato motor, à trama sobre a qual este se tece, e a emoção. Mostrou que a toda emoção estão ligados, ao mesmo tempo, certos comportamentos tônicos, certas transformações características das atitudes e reações musculares e viscerais. Ele forneceu observações definitivas acerca do desenvolvimento neurológico do recém-nascido e da evolução psicomotora da criança. 
 Jean de Ajuriaguerra, com seu Manual de Psiquiatria Infantil, esclareceu alguns pontos obscuros na obra de Wallon, dentre eles, o “dialogo tônico”, aperfeiçoou uma técnica de relaxamento (Relaxação) em que os fatores relacionais utilizados e analisados com a ajuda de conceitos psicanalíticos desempenham um papel determinante na progressão da cura (reeducação psicotônica).A História da Psicomotricidade no Brasil
A história da Psicomotricidade no Brasil, segue os passos da escola francesa. Era clara e nítida a influência marcante da Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e da Psicologia na época da 1ª guerra em todo mundo. O Brasil foi também invadido, ainda que tardiamente, pelos primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos países europeus, pesquisadores se organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder as aspirações e necessidades da sociedade industrial, que levava as mulheres ao trabalho formal, deixando as crianças em creches.
Os franceses se conscientizavam sobre a importância do gesto e pesquisavam profundamente os temas corporais. André Thomas e Saint-Anné Dargassie, iniciavam suas pesquisas sobre tônus axial. A maturação, os reflexos tônicos arcaicos do nascimento dos primeiros anos de vida, produziram as primeiras palavras-chave da Psicomotricidade.
No entanto, Henri Wallon ousou falar em Tônus e Relaxamento e Dr. Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do tônus falada por Wallon em seus escritos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle Soubiran iniciou sua prática de relaxação psicotônica e fez seguidores. 	Empenhada cada vez mais em mostrar ao mundo, a importância do tônus no dia a dia, ela apontou aos pesquisadores, caminhos a serem seguidos e estudados e deixou clara a sintomatologia tônica corporal do século. No Brasil, Antonio Branco Lefévre buscou junto às obras de Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua formação em Paris, a organização da primeira escala de avaliação neuromotora para crianças brasileiras.
1.5 A evolução da Psicomotricidade
1790 – Maine de Brian, primeiro a valorizar o movimento como componente essencial da estruturação do “eu”. Para ele, é na ação que o EU toma consciência de si mesmo e do mundo. O “eu” não pensa, vive-se; 
1874 – C. Koupernik foi o principal indicador do que poderíamos chamar de Psicomotricidade do adulto; 
1885 – Jean M. Charcot a partir do estudo sobre o membro fantasma, histeria, evidência as interferências do psiquismo sobre o corpo e do corpo sobre o psiquismo, encaminhando uma mudança progressiva da visão dualista; 
1890 – Freud ressalta a noção do inconsciente, do corpo pulsão, do corpo relação, ou seja, o corpo passa a desempenhar um papel importante nas formações inconscientes; 
1900 – Karl Wernicke usou pela primeira vez o termo psico-motricidade; 
1901 – Phillipe Tisié falou que por Educação Física não se deve entender apenas exercício muscular do corpo, mas também e principalmente o treinamento dos centros psicomotores pelas associações múltiplas e repetidas entre movimento e pensamento; 
1906 – Dupré publicou na Revue de Neurologie o resultado dos estudos sobre a Psicomotricidade, nos quais define a síndrome da debilidade motora, para evidenciar o paralelismo psicomotor, ou seja, a associação estreita entre desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade; 
1909 – Ajuriaguerra foi considerado o iniciador da psicomotricidade da criança com o relatório sobre a debilidade motora. A psicomotricidade seria a experiência do corpo, como diálogo tônico, podendo ser lida como uma linguagem. Ajuriaguerra que afirmou que o papel da função tônica não é apenas o de servir de pano de fundo da ação corporal, mas é também um modo de relação com o outro; 
1925 – Dupré retoma o termo psicomotricidade na obra Pathologie de l’imagination et de l’émotivité, empregado, também, na mesma época, por Wernicke; 
 Henri Wallon apresenta a famosa classificação das síndromes psico-motoras e sustenta um paralelismo das manifestações motoras e psíquicas, impregnado do reducionismo neurológico, fruto do dualismo corpo-alma; 
1930 – H. Wallon distingue dois tipos de atividades motoras e faz uma escala de desenvolvimento da criança, além de relacionar diretamente o movimento com o desenvolvimento psíquico; 
1935 – E. Guillmain, além de montar um teste psicomotor, analisou o paralelismo entre o comportamento geral da criança e o teste psicomotor e descobre três funções essenciais: atividades tônica, relacional e intelectual; 
1937 – Jean Piaget demonstra a importância do movimento, com base de toda a estruturação da inteligência humana. Reafirma que a atividade motora é o ponto de partida para o desenvolvimento das inteligências. A partir daí, a função tônica e a coordenação dos esquemas serão reconhecidos pelas psicologias como objeto de estudo; 
1948 – Heuyer fala da psicomotricidade como a associação estreita entre o desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade; 
1960 – 1º edição da obra “Educação Psicomotora e Retardo Mental” de Picq e Vayer, que significa o ponto em que a educação psicomotora ganha verdadeiramente uma autonomia, e se converte em uma atividade educativa original e com objetivos próprios; 
1963 – No quadro universitário do Hospital Salpétrière, na França, expediu-se um certificado de Reeducação da Psicomotricidade; 
1963-1973 –Institucionalização e dispersão das doutrinas e do método; 
1974 – Existe, na França, o diploma de Estado de Psicomotricista, obtido através dos Ministérios da 
 Saúde e da Família, envolvendo três anos de estudos, após o Bacharelado; 
1980 – Com o incentivo de Françoise Desobeau, foi criada a SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA PSICOMOTORA (SBTP), integrada à sociedade Internacional de Terapia Psicomotora (SITP), num encontro em Araruama, onde estiveram presentes 40 profissionais de oito profissões diferentes e de oito Estados do Brasil. 
1982 – I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade; 
 Foram iniciadas as primeiras publicações na área de Psicomotricidade através dos Anais do congresso, dos exemplares IPERA, da própria Sociedade, além de revistas como CONTINUIDADE, do CESIR e CORPO E LINGUAGEM, da Editora Jacobé, que era dirigida por um dos membros da Sociedade; 
1983 – Foram criados cursos de Pós-graduação de Psicomotricidade, na Universidade Estácio de Sá e no Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (IBMR), constituindo um passo importante na história da Psicomotricidade. 
1985 – Decreto 85.188, de 7.02.1985, rebatizou o diploma de Estado de Psicomotricidade. 
1989 – em Julho foi aberto, no IBMR, o curso de formação de Psicomotricidade com duração de 4 anos, a nível de graduação. 
	Sinopse do Reconhecimento da Psicomotricidade
	Primeiro com Tissié (1894), com Dupré (1925), depois com Janet (1928), e fundamentalmente com Wallon (1925, 1932 e 1934), a Psicomotricidade ganha definitivamente o reconhecimento institucional. 
2. Elementos da psicomotricidade
A psicomotricidade envolve os seguintes elementos: esquema e imagem corporal, coordenação global, equilíbrio, dominância lateral, orientação espacial e latero-espacial, orientação temporal, coordenação dinâmica das mãos. 
Estes elementos são considerados básicos para o desenvolvimento global da criança, são pré-requisitos necessários para a criança adquirir à aprendizagem da leitura e da escrita; vivenciar a percepção do seu corpo com relação aos objetos, saber discriminar partes do seu corpo e ter controle sobre elas e obter organização de espaço e tempo. 
2.1 Esquema corporal 
É um elemento básica indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação da imagem que a criança tem de seu próprio corpo. A criança se sentirá bem na medida em seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que pode utiliza-lo não somente para movimentar-se, mas também para agir. Uma criança cujo esquema corporal é mal constituído não coordena bem os movimentos, na escola a grafia é feia, e a leitura expressiva, não harmoniosa: a criança não segue o ritmo da leitura ou então para no meio de uma palavra. Segundo De Meur (1989), uma criança que se sinta à vontade significa que ele domina o seu corpo, utiliza-o com desenvoltura e eficácia, proporcionando-lhe bem estar, tornando fáceis e equilibrados seus contatos com os outros. 
2.2 A organização do corpo no espaço (organização espacial)É a capacidade de movimentar o próprio corpo de forma integrada, dentro de um ambiente contendo obstáculos, passando por eles. Movimentos com rastejar, engatinhar, e andar, irão propiciar a criança o desenvolvimento das primeiras noções espaciais: perto, longe, dentro, fora. 	Para De Meur (1989), os problemas quanto à orientação temporal e espacial, como por exemplo, com a noção “antes-depois”, acarretam principalmente confusão na ordenação dos elementos de uma sílaba. A criança sente dificuldade em reconstruir uma frase cujas palavras estejam misturadas, sendo a analise gramatical um quebra-cabeça para ela. Uma má organização espacial ou temporal acarreta fracasso em matemática. Com efeito, para calcular a criança deve ter pontos de referência, colocar os números corretamente, possuir noção de “fileira”, de “coluna”; deve conseguir combinar as formas para fazer construções geométricas. Diante de problemas de percepção espacial uma criança não é capaz de distinguir um “b” de um “d”, um “p” de um “q”, “21” de “12”, caso não perceba a diferença entre a esquerda e a direita. Se não se distingue bem o alto e o baixo, confunde o “b” e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o “on”. 
2.3 A dominância lateral 
Refere-se ao esquema do espaço interno do indivíduo, que o capacita utilizar um lado do corpo com melhor desembaraço do que outro, em atividades que requeiram habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional. A definição da lateralidade ocorre à medida que a criança se desenvolve. A lateralidade na criança não deve ser estimulada até que não tenha sido definida, quando a criança é forçada a usar um lado do corpo torna-se prejudicial para a lateralidade, devido a fatores culturais os mais antigos acham que não é correto a criança escrever com a mão esquerda, forçando-a a utilizar a mão direita par tal ação, os pais devem favorecer a escolha feita pelas crianças. Na idade onde ainda prevalece a bilateralidade, se ainda a criança tiver tendência para o sinestrismo e os pais tentar fazer algo para que impeça, pode levar a criança a apresentar danos na motricidade e contribuir para o surgimento de problemas de aprendizagem. 
2.4 O equilíbrio
É a função na qual os indivíduos mantém sua estabilidade corporal durante os movimentos e quando em estado de imobilidade (Masson,1985). Shinca (1992), relata que o bom equilíbrio é essencial para a conquista da locomoção assim como a independência dos membros superiores. A dificuldade de equilibrar-se produz estados de ansiedade e insegurança, pois a criança não consegue manter um estado estático ou de movimento e isto atrapalha a relação entre equilíbrio físico e psíquico. Picq e Vayer (1985), diz que na presença de algum distúrbio do equilíbrio pode-se observar uma indisponibilidade imediata dos movimentos, desequilíbrio corporal global, marcha não harmoniosa, tensões musculares locais, desalinhamentos anatômicos e imprevisibilidade de atitudes. Socialmente a criança pode apresentar tendência à inibição ou desejo de esconder, e falta de confiança em si mesmo.
2.5 A organização latero-espacial
Desenvolve da seguinte maneira, aos 6 anos a criança tem conhecimento do lado direito e esquerdo do seu corpo, aos 7 anos reconhece a posição relativa entre dois objetos, aos 8 anos reconhece o lado direito e esquerdo em outra pessoa, aos 9 anos consegue imitar movimentos realizados por outras pessoas com o mesmo lado do corpo no qual a pessoa realiza o movimento, isto é transpõe o lado da pessoa para o seu, aos 10 anos reproduz movimentos de figuras esquematizadas, e aos 11 anos consegue identificar a posição relativa entre 3 objetos.
2.6 A coordenação dinâmica
A coordenação dinâmica geral da a criança um bom domínio do corpo suprindo a ansiedade habitual, diminui as sincinesias e as tensões trazendo um controle satisfatório e confiança com relação ao próprio corpo. 
Com relação à coordenação dinâmica das mãos Le Boulch (1982) diz que a habilidade manual ou destreza constitui um aspecto particular da coordenação global. Reveste muita importância nas praxias, no grafismo, pelo que deve dar se muita atenção particular. A criança quando apresenta algum distúrbio no desenvolvimento da coordenação (tanto global como da dinâmica das mãos), poderá apresentar dificuldades escolares com disgrafia, ultrapassa linhas e margens do caderno, pode ter dificuldades na apreensão de dedos e nos gestos.
Os potenciais humanos, são apoiados nas áreas básicas da Psicomotricidade, seu estudo e pesquisa constantes do esquema e da imagem corporal, da lateralização, da tonicidade, da equilibração e coordenação, são enriquecidos instrumentalmente, estimulando o sentimento de competência, de auto-estima, entendendo o ser humano em constantes e complexas adaptações, fazendo-o concluir que é amado e aceito, tornando-o transformador e produtor social.
Sintetizando, a Psicomotricidade subtende uma concepção holística de aprendizagem e de adaptação do ser humano, que tem por finalidade, associar dinamicamente, o ato ao pensamento, o gesto à palavra, o símbolo ao conceito.
3 - DESENVOLVIMENTO MOTOR
O desenvolvimento motor é o resultado da maturação de certos tecidos nervosos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central, crescimento dos ossos e músculos. São, portanto comportamentos não aprendidos que surgem espontaneamente desde que a criança tenha condições adequadas para exercitar-se. Esses comportamentos não se desenvolverão caso haja algum tipo de distúrbio ou doença. Podemos notar que crianças que vivem em creches e que ficam presas em seus berços sem qualquer estimulação não desenvolverão o comportamento de sentar, andar na época adequada que futuramente apresentarão problemas de coordenação e motricidade.
As principais funções psicomotoras é um bom desenvolvimento da estruturação do esquema corporal que mostre a evolução da apresentação da imagem do corpo e o reconhecimento do próprio corpo, evolução de preensão e da coordenação óculo-manual que nos proporciona a fixação ocular e prensão e olhar e desenvolvimento da função tônico e da postura em pé e reflexos arcaicos da estruturação espaço-temporal (tempo, espaço, distância e retina).
Um perfeito desenvolvimento de nosso corpo ocorre não somente mecanicamente, mas sim que são aprendidos e vivenciados junto a família, onde a criança aprende a formar a base da noção de seu 'eu corporal'.
Não podemos esquecer de citar a importância dos sentimentos da criança na fase do conhecimento de seu próprio corpo, pois um esquema corporal mal estruturado pode determinar na criança um certo desajeitamento e falta de coordenação, se sentindo insegura e isso poderá desencadear uma série de reações negativas como: agressividade, mal humor, apatia que às vezes parece ser algo tão simples poderá originar sérios problemas de motricidade que serão manifestados através do comportamento.
5. ÁREAS e campos de atuação DA PSICOMOTRICIDADE 
Para fins didáticos subdividiremos a psicomotricidade em áreas que, embora citadas isoladamente, agirão quase sempre vinculadas umas às outras; entenderemos por "Prática Psicomotora" todas as atividades que visam estimular as várias áreas que mencionaremos a seguir: 
5.1. ÁREAS PSICOMOTORAS
5.1.1. COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
A linguagem é função de expressão e comunicação do pensamento e função de socialização. Permite ao indivíduo trocar experiências e atuar - verbal e gestualmente - no mundo. 
Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da respiração, incluem-se nesta área os exercícios fonoarticulatórios e respiratórios.
5.1.2. PERCEPÇÃO
Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos. A percepção está ligada à atenção, à consciência e a memória. Os estímulos que chegam até nós provocam uma sensação que possibilita a percepção e a discriminação. Primeiramente sentimos, através dos sentidos: tato, visão, audição, olfato e degustação. Em seguida, percebemos, realizamos uma mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim, discriminamos- reconhecemos as diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções. A discriminação é que nos permite saber, por exemplo, o que é verde e o que é azul, e a diferença entre o 1 e o 7. As atividades propostas para esta área devem auxiliar o desenvolvimento da percepção e da discriminação.
5.1.3. COORDENAÇÃO
A coordenação motora é mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento físico. Entendida como a união harmoniosa de movimentos, a coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso. Subdividiremos a coordenação motora em coordenação dinâmica global ou geral, visomanual ou fina e visual. A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabeça, ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse modo 'coloca grupos musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos". A coordenação visomanual engloba movimentos dos pequenos músculos em harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos.
A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos nas mais variadas direções. 
As atividades psicomotoras propostas para a área de coordenação estão subdivididas nessas três áreas.
5.1.4. ORIENTAÇÃO
A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em um dado momento. A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do meio e está ligada à consciência, à memória a às experiências vivenciadas pelo indivíduo.
5.1.5. CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE
A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro da relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos. O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco encaixar-se uns aos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal revela-se gradativamente à criança da mesma forma que uma fotografia revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a evolução está praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco anos. Isto é, ao lado da construção de um corpo 'objetivo', estruturado e representado como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados a qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento ulterior da imagem e da representação de si. O conceito corporal, que é o conhecimento intelectual sobre partes e funções; e o esquema corporal, que em nossa mente regula a posição dos músculos e partes do corpo. O esquema corporal é inconsciente e se modifica com o tempo. 
Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já que é a bússola de nosso corpo e assim possibilita nossa situação no ambiente. A lateralidade diz respeito à percepção dos lados direito e esquerdo e da atividade desigual de cada um desses lados visto que sua distinção será manifestada ao longo do desenvolvimento da experiência. Perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado do que o outro é o início da discriminação entre a esquerda e direita. De início, a criança não distingue os dois lados do corpo; num segundo momento, ela compreende que os dois braços encontram-se um em cada lado de seu corpo, embora ignore que sejam "direito" e "esquerdo". Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mão da outra e um pé do outro. Em seguida, passa a distinguir um olho do outro. Aos seis anos, a criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e noção dos órgãos pares, apontando sua localização em cada lado de seu corpo (ouvidos, sobrancelhas, mamilos, etc.). Aos sete anos, sabe com precisão quais são as partes direita e esquerda de seu corpo. As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço e lateralidade e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas e aos sinais gráficos.
Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como parte da orientação espacial e não como parte do conhecimento corporal.
5.1.6. HABILIDADES CONCEITUAIS
A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é expressar relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc.
A medida em que brinca com formas, quebra-cabeças, caixas ou panelas, a criança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de tamanho, número e forma. Ela enfia contas no barbante ou coloca figuras em quadros e aprende sobre seqüência e ordem; aprende frases: acabou, não mais, muito, o que amplia suas idéias de quantidade. A criança progride na medida do conhecimento lógico-matemático, pela coordenação das relações que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se construa o conhecimento físico (referente a cor, peso, etc.), a criança necessita ter um sistema de referência lógico-matemático que lhe possibilite relacionar novas observações com o conhecimento já existente; por exemplo: para perceber que um peixe é vermelho, ela necessita um esquema classificatório para distinguir o vermelho de todas as outras cores e outro esquema classificatório para distinguir o peixe de todos os demais objetos que conhece.
5.1.7. HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no processo de alfabetização. A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como:
• dominância manual já estabelecida (área de lateralidade);
• conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas voltas existem nas letras m e n, ou quantas sílabas formam uma palavra (área de habilidades conceituais); 
	• movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio de movimentos delicados adequados à escrita, acompanhamento das linhas de uma página com os olhos ou os dedos, preensão adequada para segurar lápis e papel e para folhear (área de coordenação visual e manual);
• discriminação de sons (área de percepção auditiva);
• adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das diferenças dos pares b/d, q/d, p/q etc., orientação da leitura e da escrita da esquerda para a direita, manutenção da proporção de altura e largura das letras, manutenção de espaço entre as palavras e escrita orientada pelas pautas (áreas de percepção visual, orientação espacial, lateralidade, habilidades conceituais);
• pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área de comunicação e expressão);
• noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e palavras (área de orientação têmporo-espacial);
• capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise);
• possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras (síntese). 
5.2 CAMPOS DE ATUAÇÃO 
 
5.2.1 TERAPI A PSICOMOTORA 
 
A terapia psicomotora implica uma concepção radicalmente nova do corpo e obriga a pensar as estruturas “psicossomáticas” em novos termos, como por exemplo: o lugar do corpo imaginário, do corpo simbólico (linguagem do corpo) e do corpo real (matéria). A terapia pressupõe que o homem é antes de tudo um ser falante, ao denominar -se ele fala do seu corpo. Em contrapartida o corpo fala por ele, por vezes, à sua revelia. 
“A abordagem terapêutica consisteem um trabalho que não aponta a eliminar o sintoma corporal, m as a trabalhar sobre a organização do corpo, o qual provoca uma modificação do sintoma”, como afirma Calmens (2003, p. 27). 
 
5.2.2 REEDUCAÇÃO PSICOMOTOR A 
 
Tem por objetivo desenvolver o aspecto comu nicativo do corpo, o que equivale a dar ao indivíduo a possibilidade de dominar seu corpo, economizar sua energia, pensar seus gestos e aperfeiçoar seu equilíbrio. 
“A reeducação visa uma reorganização de engramas através d o trabalho psicomotor que objetive o maior equilíbrio da relação psiquismo / motricidade. Na reeducação observamos a existência de alterações consequentes no nível relacional e no afetivo, seja qual for o distúrbio (psicomotor) neurológico, senso rial ou mesmo psíquico.”, como afirma M. Daher (1998) in Lorenzon (1995, p.27). 
 
5.2.3 EDUC AÇÃO PSICOMOTOR A 
 
A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta a s possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a expandir -se e a equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano. 
Procura fazer com que cada criança possa inserir-se e m seu meio (familiar, escolar, social), sem que para isso tenha que renunciar a sua singularidade. Desta forma, desenvolverá suas possibilidades de troca e de comunicação com o exterior sabendo conhecer e dominar o seu corpo através de trocas possíveis. 
A educação psicomotora tem como referência fundamental o professor Le Boulch, que inovou ensino da Educação Física ao transformá-la em prática voltada para o desenvolvimento humano. Criador da Psicocinética – ciência transdisciplinar do movimento humano que conjuga o desenvolvimento funcional e relacional. 
6. Distúrbios Psicomotores
"O que não percebeu, negais que exista; o que não calculastes, é mentira; o que vós não pensastes, não tem peso, metal que não cunhais, dizeis que é falso." (Goethe) 
Que há com ela? O que acontece com essa criança desajeitada? Porque, apesar de sua aparência cheia de torpor e inabilidade, quando consegue aproximar-se, mostra-se com encanto e interesse?
O que há com ela? Andou tarde, caiu quantas vezes... precipitava-se pelas escadas ao invés de desce-las, ou morria de medo como se fosse um grande empreendimento... escalá-las e não apenas subi-las. E vestir-se... O que seria a manga, onde estariam os braços, as pernas das calças? 
Enfiam-se pela cabeça? Por que existem laços de sapato? Para atormentar crianças? Ou talvez, a sua mãe que, desoladamente, contempla sua dificuldade? E um caderno? Começa-se de que lado? Por que as coisas são assim? Que estranho é este mundo de lados que não tem lados... O que há com esta criança?
Seus movimentos são desajeitados, lentos e pesados. Quando andam, apoiam duramente o calcanhar no solo. Quando crianças custam a aprender a subir e descer escadas, nas escolas, evitam participar de jogos, nas quais geralmente são ridicularizadas e afastadas: tê-las como parceiras é perder na certa.
Tal ser é uma questão e uma dificuldade para seus pais, para seus mestres, para todos nós. Como entendê-lo. Como ajudá-lo?
6.1 DEFINIÇÃO DE DISTÚRBIO PSICOMOTOR
A criança descrita na história acima apresenta um distúrbio de motricidade: uma dispraxia. 
Praxias: São sistemas de movimentos coordenados em função de um resultado ou de uma intenção. Não são nem reflexos, nem automatismos, nem movimentos involuntários. O estudo sobre os distúrbios das praxias foram primeiramente, sistematizados em adultos. Estas perturbações consistiam em perda ou alterações do ato voluntário, como de lesão no sistema nervoso central. São as apraxias.
Pesquisas foram desenvolvidas com crianças que mostraram serem algumas delas portadoras de um determinado distúrbio cujos sintomas assemelhavam-se aos adultos. Por outro lado mesmo existindo a lesão, ela incidia sobre um cérebro ainda em desenvolvimento e portanto em condições diferentes a dos adultos. 
A partir destas considerações e da preocupação em estabelecer-se uma psicopatologia diferencial da criança e do adulto passa-se a encontrar, na literatura, a denominação de dispraxia ou apraxia de evolução quando se trata de distúrbios das praxias na criança. 
Apraxia aparece referindo-se ao distúrbio infantil.
Classificação das apraxias. Distinguem três variedades:
a) Apraxia sensório-cinética - que se caracteriza pela alteração da síntese sensório-motora como a desautomatização do gesto. Não há nela distúrbios de representação do ato. 
b) Apracto-somato-gnosia espacial - caracterizada por uma desorganização do esquema corporal e do espaço.
c) Apraxia de formulação simbólica que se caracteriza por uma desorganização da atividade simbólica e da compreensão da linguagem. 
A finalidade é de estabelecer os diferentes tipos de distúrbios. 
6.2 ESTUDOS INICIAIS SOBRE O DISTÚRBIO PSICOMOTOR
	
Debilidade Motora é uma condição patológica da mobilidade, às vezes hereditária e familiar, caracterizada pela exageração dos reflexos tendinosos, uma perturbação do reflexo plantar, um desajeito dos movimentos voluntários intencionais que levam a impossibilidade de realizar voluntariamente a ação muscular.
Distúrbio Psicomotor: significa um transtorno que atinge a unidade indissociável, formada pela inteligência, pela afetividade e pela motricidade.
Paratonia: É a possibilidade que apresentam certas crianças de relaxar voluntariamente um músculo. 
Sincinesias: São fenômenos normais em crianças. 
Catalepsia: É uma aptidão anormal para a conservação de uma atitude. 
Outros sinais são marcados como certas epilepsias, espasmos dos músculos lisos, alguns estados de excitação e de agitação e a instabilidade. 
Assim muitos anos, os distúrbios de psicomotricidade e portanto, as dispraxias, foram vistos sob o nome de debilidade motora que é uma insuficiência de imperfeição das funções motoras consideradas do ponto de vista da sua adaptação.
Os distúrbios da Psicomotricidade é definido sob o nome de Disfunções Psicomotoras. 
Pesquisas feitas com crianças deficientes mentais focalizando os processos que estariam na base das deficiências da aprendizagem. Adotaram a classificação das deficiências mentais, proposta por Straus (1933) em endógenas aquelas crianças com antecedentes familiares de distúrbios mentais; em exógenas as crianças portadoras de lesão cerebral. 
7. Teorias e Exercícios em Psicomotricidade
ESQUEMA CORPORAL
	Conhecimento intuitivo imediato que a criança tem do próprio corpo, conhecimento capaz de gerar as possibilidades de atuação da criança sobre as partes do seu corpo, sobre o mundo exterior e sobre os objetos que a cercam. 
	Exercício 1 : Reconhecendo as partes essenciais do corpo - O profissional diz os nomes das seguintes partes do corpo: cabeça, peito, barriga, braços, pernas, pés, explorando uma parte por vez. 	A criança mostra em si mesma a parte mencionada pelo profissional, respeitando o nome que designa. Primeiramente o trabalho deverá ser realizado de olhos abertos, e a seguir de olhos fechados.
	Olhos abertos: Aprendizado.
	Olhos fechados: Quando dominar as partes do corpo. 
	Exercício 2: A criança deverá reconhecer também as partes do rosto: nariz, olhos, boca, queixo, sombrancelhas, cílios, trabalhar também com os dedos com a mão apoiada sobre a mesa a criança deverá apresentar o pulso, o dedo maior e o dedo menor, os nomes dos dedos são ensinados a criança pedindo que ela levante um a um dizendo os respectivos nomes dos dedos. 
	Exercício 3: Trabalhar com os olhos - Em pé ou sentado a criança acompanha com os olhos sem mexer a cabeça, a trajetória de um objeto que se desloca no espaço. 
	Exercício 4: Sentir os rins - Deitada com as pernas estendidas e as mãos sobre os rins a criança dobra os joelhos e encosta-os no peito. Comentar com a criança que a partedo corpo que se apoia com força sobre suas mãos chama-se rins. 
	Exercício 5: Automatizando a noção de direita e esquerda
	Conhecendo a direita e a esquerda do próprio corpo mostrar a criança qual é a sua mão direita e qual é a sua mão esquerda. Dominando este conceito, realizar o exercício em etapas:
	- fechar com força a mão direita;
	- depois a esquerda;
	- Levantar o braço direito;
	- depois o esquerdo;
	- bater o pé esquerdo;
	- depois o direito;
	- mostrar o olho direito;
	- depois o esquerdo;
	- mostrar a orelha direita;
	- depois a esquerda;
	- levantar a perna esquerda;
	- depois a direita.
	Trabalhar com os olhos abertos, e quando a criança estiver dominando o exercício trabalhar com os olhos fechados. 
	Exercício 6: Localizando elementos na sala de aula. A criança deverá dizer de que lado está a porta, a janela, a mesa da sala de aula, etc. em relação a si mesma. Durante a realização do exercício, não deixar a criança cruzar os braços, pois isso dificulta sua orientação espacial. 
COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL
	A finalidade dos exercícios de coordenação óculo-manual têm como finalidade o domínio do campo visual, associada a motricidade fina das mãos.
	Exercício - Realizar este jogo em duas etapas:
	A criança bate a bola no chão, apanhando-a inicialmente com as duas mãos, e depois ora com a mão direita, ora com a mão esquerda. No início a criança deverá trabalhar livremente. Numa segunda etapa o professor determinará previamente com qual das mãos a criança deverá apanhar a bola. 
	A criança joga a bola para o alto com as duas mãos, apanhando-a com as duas mãos também. Em seguida, joga a bola para o alto com uma só mão, apanhando-a com uma só mão também. 
	Variar o uso das mãos. Ora com a direita ora com a esquerda.
	Jogo de Pontaria no Chão - Desenhar um círculo no chão ou utilizar um arco. As crianças deverão jogar a bola dentro do círculo. Aumentar gradativamente à distância. Variar jogando a bola na frente, atrás, do lado esquerdo, do lado direito do círculo. 
	
	COORDENAÇÃO DINÂMICA GERAL
	Estes exercícios possuem a função de equilíbrio que é a base essencial da coordenação dinâmica geral que possuem a finalidade de melhorar o comando nervoso, a precisão motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no tempo e no espaço. Constituem-se de exercícios de marchas e saltos. Apresentamos exercícios em que a criança a nível de experiências vividas, manipula conceitos espaciais importantes para o seu preparo para a alfabetização.
	Os conceitos espaciais: direita, esquerda, atrás, na frente, entre, perto, longe, maior, menor; são vivenciados através de movimentos específicos. A partir daí propomos exercícios com maior intensidade. Se coloca a medição de um raciocínio, de uma reflexão sobre os dados vivenciados no primeiro nível. Dessa forma permite a criança passar para a etapa de estruturação temporal requerida para o aprendizado da leitura e da escrita. 
	Exercício: Andando, saltando e equilibrando-se.
Andando de cabeça erguida 
A criança anda com um objeto sobre a cabeça ( pode ser um livro de capa dura). Dominada esta etapa a criança para, levanta uma perna formando um angulo de noventa graus e coloca-se lentamente no chão. O mesmo trabalho deverá ser feito com a outra perna.
Quem alcança ?
O professor segura um objeto a uma determinada altura (pode ser um lápis, uma bola ) a criança deverá saltar para alcança-lo . Inicialmente fazer o exercício em pé, depois de cócoras. 
	MOTRICIDADE FINA DAS MÃOS E DOS DEDOS
	Os exercícios de motricidade fina são muito importantes para a criança, na medida em que educam é gesto requerido para a escrita, evitando a apreensão e a prisão inadequados que tanto prejudicam o grafismo, tornando o ato de escrever uma experiência aversiva a criança. 
	CUIDANDO DAS MÃOS
Exercício de Motricidade Fina :
	Trabalhando só com os braços - Este exercício tem como objetivo desenvolver a independência segmentar do braço em relação ao tronco, o que beneficia e facilita o trabalho da mão no ato de escrever. Apresentamos uma série de gráficos (traçados) que o professor deverá reproduzir em tamanho grande no quadro de giz ou programá-los em cartões. As crianças por sua vez deverão reproduzí-los com gestos executados no ar. 
	
	AMASSANDO A MASSA
	Fazendo Bolas de Massa - O professor distribui a classe bolas de massa de tamanhos variados (usar massa para modelar) sentada, com o cotovelo apoiado sobre a carteira, a mão para o alto, a criança aperta as bolas de massa com força, amassando-as. Orientar a criança para que trabalhe com dois dedos por vez. Trabalhar primeiro uma das mãos, depois com a outra e, finalmente, com as duas juntas.
	Fazendo as bolas de massa - Realizar o mesmo trabalho do exercício anterior, neste caso, porém a massa é apresentada em forma de disco, com a qual a criança deverá fazer uma bola. 
	
	ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL
	Esse mediador trabalha com noções importantes para o aprendizado da escrita e particularmente da leitura, favorecem o desenvolvimento da atuação da memória. A estruturação temporal fornecerá as possibilidades de alfabetizar-se.
	Exercício: Reproduzindo ritmos com as mãos. O professor executa um determinado ritmo, seguindo algumas estruturas rítmicas (.. ... ...) por exemplo, batendo a mão sobre a carteira, durante um certo tempo, a criança apenas escuta, depois reproduz o rítmico executado pelo professor, batendo a mão sobre a carteira também. Variar o ritmo. Lento, normal e rápido. 
	Fazer o exercício inicialmente com os olhos abertos e em seguida, de olhos fechados. 
EXERCÍCIO DE ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL
	Deslocando um objeto no espaço, a criança coloca um objeto qualquer ora a sua frente, ora atrás, ora a direita, ora a esquerda, segundo o comando do professor.
ESTEBAN LEVIN ''O corpo ajuda o aluno a aprender''
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/896/esteban-levin-o-corpo-ajuda-o-aluno-a-aprender
Psicomotricista argentino sugere que os movimentos corporais sejam incluídos nas atividades de todas as disciplinas
Por: Paola Gentile
Ao colocar o corpo e os gestos no centro do desenvolvimento infantil, os estudos sobre psicomotricidade estão ajudando a pedagogia a renovar-se e a definir novos princípios para o ensino. Suas primeiras linhas começaram a ser traçadas pelo psicólogo e filósofo francês Henry Wallon (1879-1962) em meados dos anos 1920, quando ele introduziu a idéia de que o movimento do corpo tem caráter pedagógico, tanto pelo gesto em si quanto pelo que a ação representa. Na década de 1950, a psicomotricidade ganhou um campo definido de pesquisa. O psiquiatra Julián de Ajuriaguerra, considerado o pai dessa nova área do conhecimento, definiu-a como sendo a ciência da saúde e da educação, visando a representação e a expressão motora. 
Hoje, o psicólogo e professor de Educação Física argentino Esteban Levin é um dos pesquisadores que mais contribuem com seus estudos nesse campo. O corpo, os movimentos e a imagem que se tem desse corpo são fundamentais na aprendizagem e na formação geral do adulto, afirma. Nesta entrevista à ESCOLA concedida durante o 9º Congresso Brasileiro de Psicomotricidade, realizado em outubro do ano passado em Olinda (PE) , Levin explica como o educador pode explorar a agitação natural da criança para ensiná-la a ler e a escrever, para alfabetizá-la matematicamente e também para que ela aprenda as mais diversas disciplinas escolares. 
ESCOLA: Por que o movimento corporal é importante no processo de aprendizagem? 
LEVIN: O corpo e os gestos são fundamentais para a formação geral do ser humano. Desde que nasce, a criança usa a linguagem corporal para conhecer a si mesma, para relacionar-se com seus pais, para movimentar-se e descobrir o mundo. Essas descobertas feitas com o corpo deixam marcas, são aprendizados efetivos, incorporados. 
Na verdade, são tesouros que guardamos e usamos como referência quando precisamos ser criativos em nossa profissão e resolver problemas cotidianos. Os movimentos sãosaberes que adquirimos sem saber, mas que também ficam à nossa disposição para serem colocados em uso. 
ESCOLA: A escola costuma considerar o corpo no processo de aprendizagem? 
LEVIN: Durante a Educação Infantil, a necessidade de movimentar-se é mais respeitada pela escola: o corpo é usado em brincadeiras, em atividades de arte, de música etc. A criança pode correr, pular, espreguiçar-se sem censura alguma. O problema é na passagem para a 1ª série. Geralmente, os professores exigem uma postura totalmente diferente da que era permitida até então. Com 7 anos, os alunos são colocados em carteiras, precisam ficar quietos, supostamente prestando atenção no mestre -- forma pela qual estaria incorporando os conteúdos. Ele chega ao absurdo de, muitas vezes, pedir que eles desenhem a si mesmos dançando ou subindo em árvores! Ele deveria, antes disso, deixá-los experimentar essas atividades. Os momentos de usar o corpo ficam restritos à hora do recreio e às aulas de Educação Física. É como se a escola dissesse ao aluno: na pré-escola, você brinca; na 1a série, começa a estudar. Mas o estudo deveria estar totalmente ligado ao movimento corporal. 
ESCOLA: O que pode acontecer a uma criança que é obrigada a ficar sentada muito tempo? 
LEVIN: A obrigação de deixar o corpo estático, sem movimento, pode ser uma das causas da hiperatividade - um dos distúrbios de aprendizagem mais comuns hoje em dia --, de manias e de comportamentos repetitivos sem significado. Pode ser também um dos componentes de quadros de anorexia, de bulimia e de depressão infantil. Isso sem falar das dores corporais que a falta de atividade às vezes traz. 
ESCOLA: Como o corpo deve ser usado durante a aula? 
LEVIN: É muito mais fácil para os pequenos aprender, por exemplo, as letras A, B ou C brincando com o corpo, representando-as deitados no chão em grupos de dois ou três, do que sentados em frente ao quadro-negro. 
E isso é possível acontecer com palavras, conceitos, teorias... Em Matemática, por que o professor não propõe brincadeiras do tipo caça ao tesouro ou esconde-esconde de folhas? Com elas, a criança vai ter de encontrar as plantas escondidas na escola, enumerá-las, manipulá-las e classificá-las. Se a turma gosta de futebol, por que não formar times para disputar um torneio, fazer tabelas, calcular resultados, ler e escrever histórias interessantes sobre esse esporte? 
ESCOLA: Os movimentos corporais devem ser valorizados pelos professores de todas as séries? 
LEVIN: Incentivar uma relação saudável com o próprio corpo e o uso dele na aprendizagem são práticas que deveriam ser cultivadas por toda a escolaridade. Mas até o início da puberdade, por volta dos 12 ou 13 anos, elas são determinantes. Até essa fase a criança vive pela primeira vez as mais diversas experiências: ela vai conhecer os números, a regra de três, a leitura, a escrita, o ensino de História... Quando alguma coisa acontece pela primeira vez, precisa ser marcante e positiva, para deixar boas recordações, ainda que inconscientes. O uso do corpo permitirá que essas lembranças sejam prazerosas e a pessoa vai associar o aprendizado a sensações gostosas. 
ESCOLA: A necessidade de movimento coloca a Educação Física em destaque entre as disciplinas escolares? 
LEVIN: Com certeza, desde que o professor especialista preste atenção no desenvolvimento psicomotor da garotada. O perigo é esse profissional olhar somente para a eficácia do corpo, o seu desempenho em esportes e nas atividades propostas. 
ESCOLA: O que os professores de todas as disciplinas podem fazer para ajudar no bom desenvolvimento psicomotor? 
LEVIN: Como não existe apenas uma forma de aprender, é obrigação dos educadores oferecer várias opções para a criança adquirir conhecimento. Por isso, eles devem abrir-se para o uso do movimento corporal como um recurso eu diria muito eficiente de ensino e de aprendizagem. O melhor seria que o docente de Matemática, por exemplo, pudesse trocar experiências com o colega de Educação Física: tanto o primeiro aprenderia sobre o corpo quanto o outro sobre números e raciocínio matemático. Tenho certeza de que ambos teriam idéias fantásticas e desenvolveriam exercícios e materiais reunindo as duas áreas do conhecimento. 
ESCOLA: Deficientes físicos também podem usar o corpo para aprender? 
LEVIN: Portadores de deficiência constroem a imagem do próprio corpo como qualquer outra pessoa. Eles têm dificuldades em usar o corpo, mas, se tiverem consciência disso, conseguem superá-las e aprender com as restrições. O que não pode é fingir que o problema não existe. O ideal seria conversar sobre as limitações e que juntos, aluno e professor, criassem atividades inclusivas. 
ESCOLA: Hoje a televisão e o computador ocupam mais o tempo da criança do que as brincadeiras em grupo. Isso é prejudicial? 
LEVIN: A experiência da infância mudou. Hoje existem esses novos brinquedos, que estão à disposição 24 horas. No meu país, a Argentina, calcula-se que as crianças fiquem entre cinco e oito horas por dia na frente da televisão ou na internet, em chats ou em jogos eletrônicos. E se freqüentarem uma escola que as obriguem a ficar sentadas em carteiras mais quatro ou cinco horas? Quando vão usar o corpo? O problema é que a televisão e o computador não propiciam a interação física nem com pessoas nem com objetos. Uma coisa é reconhecer um cachorro, pesquisar sobre sua espécie etc. Outra é brincar com o animal. No primeiro caso pode até existir um certo conhecimento, mas não há experiência corporal. O contato direto com os objetos e a interação com o outro promovem brincadeiras que geram curiosidade, inquietação, necessidade de movimentar-se e, no final, um aprendizado mais efetivo. 
ESCOLA: A infância, enquanto período de brincadeira, está acabando? 
LEVIN: Há quem defenda esse ponto de vista afirmando que cada vez mais as crianças estão tendo preocupações que deveriam ser dos mais velhos, como ter sucesso e bom desempenho. Pessoalmente, acredito que a infância não acabou, mas está mudando radicalmente. As crianças de hoje não são as mesmas estudadas por Jean Piaget ou qualquer outro teórico da educação ou da pediatria. 
ESCOLA: As teorias sobre a infância precisam ser revistas? 
LEVIN: É necessário repensar teorias e práticas, sim. Um bebê que com 10 meses mexe com controle remoto e, quando mais velho, passa horas na frente da televisão certamente vai ser um adulto com características bem diferentes daquele que cresceu brincando com amigos e manipulando objetos. Como será esse adulto sem a experiência do brincar corporal? Ainda não sabemos, mas precisamos começar a nos preocupar com isso. 
ESCOLA: A sociedade valoriza a criança que amadurece mais rápido? 
LEVIN: Tanto valoriza que os próprios pais exigem da escola atividades de gente grande. Crianças de 2 anos têm aulas de língua estrangeira e de computação. É um absurdo! 
ESCOLA: Que tipo de conhecimento o professor precisa ter para unir com eficiência o uso do corpo ao processo de aprendizagem? 
LEVIN: Basta colocar a busca pelo saber acompanhada de movimento. É importante também que o docente recupere a sua história, os seus desejos infantis. Ele pode perguntar-se, por exemplo, qual o motivo que o levou a querer dedicar sua vida ao trabalho com crianças. Com certeza algo de sua infância foi marcante para ele optar por ensinar os pequenos. Assim, resgata alguns de seus desejos infantis, e isso vai ajudá-lo a compreender muito melhor as necessidades da turma.
A obrigação de deixar o corpo estático pode ser uma das causas da hiperatividade, da depressão e da anorexia.
ESTEBAN LEVIN é psicólogo, psicomotricista e professor de Educação Física. É orientador dos cursos de pós-graduação na Universidade de Psicologia de Buenos Aires, da Universidade de Lomas de Zamora, também na capital argentina, e da Universidade Federal de Fortaleza. Como supervisor de equipes clínicas e hospitalares, realiza diversas pesquisas nas áreas de psicomotricidade, estimulação precoce, psicopedagogia, psicologia e terapiaocupacional. 
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