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AULA 14: DIMENSÕES INTERATIVAS E PARTICIPATIVAS 
Cultura das mídias 
CULTURA DAS MÍDIAS 
Aula 14: Dimensões interativas e participativas 
AULA 14: DIMENSÕES INTERATIVAS E PARTICIPATIVAS 
Cultura das mídias 
Temas 
• Gênese da transpolítica; 
 
• Novas formas de participação do sujeito 
contemporâneo. 
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Transformações políticas na sociedade contemporânea 
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• Transpolítica 
Para Trivinho (2005), o cenário transpolítico surgiu, 
majoritariamente, em meados do século XX, e 
corresponde ao descompasso entre: 
 
• A velocidade dos acontecimentos e as tendências 
contemporâneas impulsionadas pela tecnociência; 
 
• O aparato político e institucional herdado pela 
modernidade. 
 
Trata-se de toda vivência além da polis e para além da 
metrópole, e implica a remodelação do espaço, 
incitando a reflexão de novas formas de atuação política 
e organização social. 
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Gênese da transpolítica 
• Transpolítica 
Trivinho (2007) trabalha extensamente os conceitos de transpolítica e dromocracia. 
 
Conforme enfatiza o autor, a transpolítica teve suas primeiras percepções apresentadas nos estudos de 
Baudrillard (1976) e Virilio (1977), com perspectivas epistemológicas e valorativas diferenciadas, mas 
contemplando as mesmas propriedades empíricas, relacionadas ao cenário transnacional da Guerra Fria. 
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Gênese da transpolítica 
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• Transpolítica 
Para Baudrillard (1976) e Virilio (1977), dentro de um 
cenário polarizado de poder, a transpolítica supunha: 
 
“[...] a superação do político como vetor de produção, 
organização e transformação (dialética ou não) das 
condições sociais de existência humana”. 
 
(TRIVINHO, 2006, p. 92) 
 
Baudrillard (1976) considerava que o conflito bélico 
transpolítico envolvia uma simulação da guerra e da 
destruição total por meio da violência simbólica mútua 
e permanente, que esvaziava o poder bélico político, 
gerando a suspensão do movimento da história. 
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Gênese da transpolítica 
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• Transpolítica 
Para Virilio (1977), a ameaça de aniquilação universal 
era real e envolvia não uma disputa por territórios, 
cultura ou mercados, mas: 
 
“[...] o domínio emergencial e absoluto da velocidade 
técnica e tecnológica, fonte de poder – vale enfatizar – 
tão antiga quanto a epopeia da espécie”. 
 
(TRIVINHO, 2006, p. 92) 
 
Tal disputa pela dromocracia no campo militar afetava a 
racionalidade política das decisões: a politização da 
transpolítica seria a única saída para a reversão do 
terror. 
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Gênese da transpolítica 
• Dromocracia 
Virilio (1977) também desenvolveu nas Ciências Humanas o 
conceito de dromocracia, enfatizando como o vetor 
dromológico é fator fundamental de organização e violência 
social. 
 
De acordo com o autor, esse vetor se intensifica com os 
avanços tecnológicos, que encurtam (e eliminam) tempo e 
espaço, transformando relações entre indivíduos e sociedade. 
 
Dromos (prefixo grego) = “rapidez”, “velocidade” 
 
A lógica da velocidade vincula-se à urbis por meio de interesses 
logísticos, estratégicos e táticos de uso, de posse e de proteção 
do espaço. 
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Dromocracia cibercultural 
• Conceito 
Refletindo sobre a dromocracia na contemporaneidade, em uma entrevista, Trivinho definiu a dromocracia 
cibercultural: 
 
“É um conceito que abrange a época em que vivemos. Trata-se de um regime invisível, articulado pelo uso 
diuturno das tecnologias digitais e interativas no espaço da produção e de lazer. Essas tecnologias e seus 
modos de utilização regram um mundo marcado pela lógica da velocidade. 
 
Nesse sistema, em que vivemos sem ter muita consciência do que se passa, ser veloz – e, portanto, dromoapto 
– é uma condição imperativa para se alcançar resultados que são apreciáveis pelo mundo ordenado segundo 
essa lógica”. 
 
(TONETTI, 2015, grifo nosso) 
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Produção e circulação de informação 
• Controle e poder 
Na cibercultura, a relação entre produção e circulação de informação 
envolve processos de controle que distinguem camadas de poder. 
 
Esses dois fatores básicos de controle e poder implicam: 
 
• A velocidade de produção; 
• A disseminação da informação e o acesso a ela; 
• A capacidade de produção e de circulação de mercadorias 
simbólicas. 
 
O capitalismo e toda a organização social passam a funcionar sob o 
imperativo dromológico – componente que sempre tutelou a vida 
humana, mas nunca com tamanha legitimidade e autonomia. 
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Produção e circulação de informação 
• Dromoaptidão cibercultural 
“A capacidade de ser veloz abrange: 
 
• A competência econômica orientada para a posse privada plena (isto é, a partir do domo) das senhas 
infotécnicas de acesso à época (objeto infotecnológico e rede digital à frente); 
 
• A competência cognitiva e pragmática no trato da sociossemiose plena da interatividade (isto é, o 
domínio das linguagens informáticas sempre em mutação); 
 
• A capacidade (econômica e cognitiva) de acompanhamento da lógica da reciclagem estrutural 
daquelas senhas (vale dizer, do movimento progressivo de otimização da mais potência de 
hardwares, softwares e demais fatores informáticos, que compromete o que é anterior em nome do 
que vem depois, ideologicamente valorado como sendo melhor).” 
 
(TRIVINHO, 2005, p. 72) 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
• Controle e poder 
Tal dinâmica condiciona a partilha de informações a dois tipos 
de acesso – domínio do: 
 
• Capital infotecnológico – equipamento conectado ao 
ciberespaço; 
 
• Capital – conhecimento pragmático e utilitário sobre 
linguagens, produtos e redes digitais, incluindo língua 
inglesa. 
Para Trivinho (2006), o processo de socialização cibercultural inclui uma dinâmica de reafirmação 
silenciosa em discursos publicitários pantópicos (corporativos, governamentais e acadêmicos) de 
promoção da interatividade como padrão comportamental. 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
• Neodarwinismo social da cibercultura 
A possibilidade e o modo de acesso ao mundo 
informacional acelerado acarreta um neodarwinismo 
social da cibercultura, no qual o homem lento, física ou 
psiquicamente, é marginalizado. 
 
Pertencer ao maisntream predominante envolve uma 
série de fatores relacionados ao tipo de acesso, ao objeto 
infotecnológico, ao capital cognitivo e à dromoaptidão 
requerida. 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
• Neodarwinismo social da cibercultura 
Castells (2003) afirma que a organização societária, suas 
estruturas e seus fenômenos constituem-se em torno das redes. 
 
Tal configuração ocasiona uma série de exclusões, 
marginalizando os que não têm acesso, os que possuem acesso 
limitado ou os que não dispõem da habilidade para usá-las de 
forma eficaz. 
 
A possibilidade democráticatrazida pela internet só pode 
concretizar-se por meio do acesso universal às tecnologias e às 
redes. 
 
A inclusão digital seria um caminho para começar a minimizar 
as diferenças. 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
• Neodarwinismo social da cibercultura 
Diante deste cenário, é importante entender as relações 
de poder simbólico no fluxo informacional, que: 
 
• Determinam comportamentos; 
 
• Modificam perspectivas no mercado de trabalho; 
 
• Aumentam ou diminuem a exclusão social; 
 
• Contribuem para a formação de uma sociedade 
mais justa, com a criação de oportunidades de 
atuação política e sociocultural. 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
• Organização em rede 
Castells (2003) enfatiza que, a partir da década de 1970, 
a sociedade estadunidense passou a viver um novo 
paradigma baseado na Tecnologia da Informação, 
interagindo com a economia global e a geopolítica 
mundial. 
 
Assim, a população americana concretizou um novo estilo 
de produção, comunicação e gerenciamento da vida. 
 
Marcado pela cultura da liberdade, da inovação individual 
e da iniciativa empreendedora, tal processo propagou-se 
para diversas culturas, organizações e esferas do mundo. 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
• Organização em rede 
O paradigma da organização em rede proporcionou uma 
reestruturação da economia global, que requer maior 
flexibilização e descentralização. 
 
A rede interconectada de comunicação permite maior 
participação e conhecimento dessa dinâmica de integração 
global, na qual os comportamentos, as aspirações e as 
expectativas também derivam de referências globais. 
 
Dessa possibilidade de convivência no espaço virtual, 
surgiram novas formas de sociabilidade e participação 
política, marcadas pela interação e pela produção de 
signos por meio de sons, de imagens e de textos. 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
• Informacionalismo 
Castells (2003) chama de informacionalismo o processo de 
estruturação global do capitalismo, cujas fontes de 
produtividade consistem nas tecnologias de: 
 
• Geração de conhecimentos; 
• Processamento de informação; 
• Comunicação de símbolos. 
 
Os artefatos tecnológicos tornam-se os novos produtos de 
consumo, impondo-se como condição de integração social. 
 
(SORJ, 2003, p. 15) 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
• Informacionalismo 
Para o desenvolvimento industrial, a principal fonte 
de produtividade do modo informacional também é o 
conhecimento, que proporciona melhorias no 
desenvolvimento e no uso de tecnologias. 
 
Entre as características da revolução tecnológica, 
oriundas da aplicação do conhecimento, estão: 
 
• A geração de inovações; 
 
• A capacidade de criar signos com as 
habilidades de programação, tradução, 
decodificação e disseminação em rede. 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
• Exclusão digital 
A inovação originada de procedimentos mais flexíveis, 
cooperativos e interativos, decorrentes das tecnologias 
digitais, não é acessível a todos. 
 
De fato, a internet gerou o compartilhamento de informações 
bem como a construção colaborativa de conhecimento, de 
leis e de conteúdos informacionais. 
 
Mas não há como negligenciar a exclusão tecnológica de uma 
grande parcela da população, o que gera exclusão social. 
 
Para Sorj (2003, p. 15): 
 
“[...] a exclusão digital veio somar mais uma nova dimensão 
às diversas desigualdades preexistentes [...]”. 
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Condições da transpolítica na cibercultura 
Exclusão digital 
 
Ainda que consiga acesso ao ambiente digital, a capacidade de interação influencia o modo de utilização desse 
espaço e participação neste, escalonando socialmente o indivíduo. 
 
Vale lembrar as gradações de interatividade apresentadas por Primo (2007). De acordo com o autor, tanto um 
clique na interface quanto uma conversa em um chat são interações. Assim, ele diferencia: 
INTERAÇÕES MÚTUAS X INTERAÇÕES REATIVAS 
Aquelas caracterizadas por um 
processo dialógico, no qual os 
interagentes se afetam mutuamente 
e transformam o processo. 
Aquelas constituídas de um universo 
fechado de relações determinadas por 
estímulo e resposta. O que está em jogo é a 
autonomia na construção dessas relações. 
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Cibercultura 
Ágora virtual 
 
Para Lévy (1999), a análise dos sistemas sócio e técnico-globais devem partir do técnica, uma vez que 
seu uso reelabora o sentido do homem. 
 
Mais do que qualquer momento do passado, na contemporaneidade, cultura, técnica e sociedade estão 
entrelaçadas. 
Para Lemos (2004), a cibercultura é essa relação entre a técnica 
e a vida social, ou seja: 
 
• O resultado da convergência entre a sociabilidade 
contemporânea e as novas tecnologias, com base na 
microeletrônica; 
 
• Um novo lugar para essas trocas, esses fluxos e essas 
mediações sociais; 
 
• A ágora virtual na cidade digital. 
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Saiba mais 
Assista à animação Este lado para cima. 
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Referência 
BAUDRILLARD, J. L’échange symbolique et la mort. Paris: Gallimard, 1976. 
 
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2003. 
 
LEMOS, A. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2004. 
 
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: 34, 1999. 
 
PRIMO, A. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 
2007. (Coleção Cibercultura). 
 
SORJ, B. Brasil@ povo.com: a luta contra a desigualdade na Sociedade da Informação. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 2003. 
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Referência 
TONETTI, M. A ditadura da velocidade e a dromocracia cibercultural. Folha de Dourados – verdade, trabalho e 
vigilância, Dourados, fev. 2015. Disponível em: <http://www.folhadedourados.com.br/noticias/brasil-mundo/a-
ditadura-da-velocidade-e-a-dromocracia-cibercultural>. Acesso em: 2 maio 2017. 
 
TRIVINHO, E. Introdução à dromocracia cibercultural: contextualização sociodromológica da violência invisível da 
técnica e da civilização mediática avançada. Revista FAMECOS – mídia, cultura e tecnologia, Porto Alegre, v. 12, 
n. 28, p. 63-78, dez. 2005. 
 
______. A condição transpolítica da cibercultura. Revista FAMECOS – mídia, cultura e tecnologia, Porto Alegre, 
v. 13, n. 31, p. 91-101, dez. 2006. 
 
______. A dromocracia cibercultural: lógica da vida humana na civilização mediática avançada. São Paulo: 
Paulus, 2007. 
 
VIRILIO, P. Vitesse et politique. Paris: Galilée, 1977. 
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VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? 
 
 
Redes e comunidades virtuais; 
 
Redefinição dos espaços público 
e privado. 
AVANCE PARA FINALIZAR 
A APRESENTAÇÃO.

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