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Tercerização

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Gustavo Henrique Silva 
Terceirização 
Londrina
2017
Gustavo Henrique Silva 
Terceirização 
 Trabalho apresentado à disciplina Teoria Geral do Processo, prof. Sandra Cristina Martins Nogueira Guilherme de Paula . 
Londrina
2017
1-Introdução
A terceirização é um tema bastante discutido e que divide diversas opiniões, principalmente nos últimos meses quando foi iniciado o processo de votação do Projeto de Lei 4330/2004, que visa regulamentar os contratos de terceirização.  Mas este não é um tema atual e os questionamentos também não são novos.
Desde a Revolução industrial que passou a ser utilizado o sistema de terceirização pelas empresas, visando o aumento da produtividade, qualidade dos produtos pela especialização da mão-de-obra, almejando a inclusão no mercado com maior competitividade e lucro, diante do sistema capitalista implantado que se alastrava pelo mundo.
No Brasil não seria diferente, por ser um País capitalista e as empresas aqui constantes quererem a sua inclusão no mercado, também passou a ser bastante utilizado o processo de terceirização.
Ocorre que a terceirização não se resume em questões econômicas, mas também incluem questões sociais, como a situação dos trabalhadores que prestam serviços nas tomados de serviço, mas não são empregados delas e sim da prestadora de serviço, os chamados “terceirizados”, os quais não têm classe regulamentada e tampouco legislação específica.   
Por anos existiram diversos entendimentos sobre o assunto, até que o TST editou a sumula 331, a qual informa quais as atividades que podem ser terceirizadas, que são somente atividade meio, e a responsabilidade do contratante.
A grande problemática é que terceirização ainda continua sem lei específica e, para sanar essa lacuna, em 2004, o então Deputado Sandro Mabel, apresentou o projeto de Lei, que posteriormente recebeu o número 4330/2004, trazendo novas regras para a terceirização, uma delas, e até agora a mais polêmica, é a possibilidade de terceirização da atividade-fim, a qual é considerada ilícita pela súmula 331 d TST, implicando diretamente na responsabilidade do contratante.
Vários são os argumentos contra e a favor da aprovação e da legalidade do Projeto de Lei, tendo como principal apoio para aprovação o sindicato patronal, por motivos óbvios e apresentados no trabalho, e como principal opositor o sindicato dos trabalhadores, motivos os quais também vêm apresentados.
Diante o exposto, esse trabalho traz a análise da terceirização como se encontra nos dias atuais e como seria se aprovado o Projeto de Lei 4330/2004, com enfoque no direito do trabalho e principalmente na responsabilidade do contratante.
2- Terceirização
A partir da terceira Revolução Industrial, na década de 70, o capitalismo ganhou grande força, com grandes escalas de produção e necessitando de maior organização.
Buscando essa reorganização produtiva, umas das medidas implantadas foi à terceirização de produção e de serviços, sistema o qual se difundiu na maior parte dos Países capitalistas e que perdura até os dias de hoje.
No Brasil, como um País também capitalista, esse processo de terceirização passou a ser mais visado um pouco mais tarde, no final da década de 80 e início na década de 90.
Nessa Época o Brasil passava por uma grande retração economia no governo Collor e a terceirização, bem com as outras mudanças, foram impulsionadas pela necessidade urgente de uma reestruturação produtiva para alcançar patamares de produtividade que garantissem a competitividade e pela longa recessão da economia brasileira.
Uma série de mudanças foram colocadas em prática, como as privatizações de diversas empresas públicas, a desregulamentação das relações de trabalho; as novas leis de proteção ao consumidor; a liberalização comercial e as novas regras para investimentos diretos, isso a título exemplificativo, entre elas o fenômeno da terceirização.
Hoje, a terceirização é um fenômeno mundial nas sociedades capitalistas e, apesar de conservar características gerais que se reproduzem em todos os países nos quais é adotada, apresenta particularidades nas diferentes localidades onde se desenvolve.
2.1 Conceito de terceirização.
A palavra terceirização utilizada no nosso País é uma tradução de outra palavra usada no Inglês chamada outsourcing, que significa, na literalidade da tradução, “fornecimento vindo de fora”, tendo a ideia de Trabalho realizado por terceiro, no sentido amplo em que se usa a expressão como referência a algo feito por outros.
Assim a Terceirização é o processo pelo qual uma empresa deixa de executar uma ou mais atividades realizadas por trabalhadores diretamente contratados e as transfere para outra empresa. Nesse processo, a empresa que terceiriza é chamada de contratante, enquanto a empresa terceirizada é denominada de contratada. Podendo-se terceirizar tanto bens como serviços, tanto nas ambientações da empresa como fora dela. 
Segundo Lívio Giosa, terceirização é:
“[...] um processo de gestão pelo qual se repassam algumas atividades para terceiros, com os quais se estabelece uma relação de parceria, ficando a empresa concentrada apenas em tarefas essencialmente ligadas ao negócio em que atua”. (GIOSA apud MORAES, 2003, p.64).
Alguns autores além de conceituar a terceirização, ainda a classificaram quanto a forma, objeto, estágio e a finalidade. Um desses autores foi Sérgio Pinto Martins (2005, p.25) que divide a terceirização quanto à forma e o estágio, e ainda subdivide a forma como interna ou externa.
Na Interna, a contratante e a contratada trabalham no mesmo ambiente, ou seja, o da tomadora, onde são divididas as responsabilidades, modalidade na qual é mais utilizada, tendo em vista que traz maior celeridade de produção e redução de custo com o seu compartilhamento, além de garantir maior interação. Na externa, a tomadora do serviço passa algumas etapas de produções que são realizadas foram do ambiente da empresa tomadora.
Sérgio também subdivide a terceirização por estágio, apresentando três subdivisões, podendo ser o estágio inicial, intermediário ou avançado, entendido respectivamente como aquele em que a empresa repassa a terceiros a atividades não preponderantes, a empresa repassa atividades ligadas indiretamente à atividade da empresa e a empresa repassa atividades ligadas diretamente à atividade da empresa (seria a terceirização na atividade-fim da empresa).
Na tradicional existe a transferência de serviços a terceiros. Nesta modalidade a questão preço é e bastante relevância para o fechamento da contratação, podendo acarretar na exploração da econômica da mão-de-obra, interferências na administração dos serviços visando economia no negócio.
A segunda modalidade a terceirização de risco ocorre à transferência de obrigações trabalhistas por meio de contratação intermediada por terceiros, com a mão de obra é administrada e supervisionada pela empresa contratante.
A terceira e última modalidade, por sua vez, é aquela em que ocorre a transferência da execução de atividades a parceiros com especialização na que foi contratada, estabelecendo parceria mútua entre as contratantes.
Diante o exporto, podemos entender por terceirização que uma empresa passa uma parcela das atividades que antes desenvolvia para uma terceira pessoa, a empresa contratante deixa de realizar gastos com parte de sua estrutura, otimizando tempo, recursos pessoais e financeiros. Isso permitirá que se concentre no foco do seu negócio, aproveitando melhor seu processo produtivo, investindo em tecnologia e desenvolvimento de novos produtos, obtendo ao final mais agilidade, flexibilidade e competitividade no mercado.
3- Projeto de lei 4330/2004
O Projeto Lei 4330/2004 é de autoria do Deputado Sandro Mabel e relatoria do Deputado Arthur Oliveira Maia. Segundo o próprio Sandro Mabel,
A justificativa utilizada pelo Ex
Deputado foi que nos ultimo 20 (vinte) anos houve grandes mudanças no sistema de produção, com necessidade de reformulação na organização da produção, e novas formas de reorganização do trabalho, uma dessas mudanças foi à utilização da terceirização. (PL 4330/2004)
Informa ainda que o Brasil não acompanhou o desenvolvimento da Terceirização, ignorando-a, deixando sem regulamentação e carentes de lei Milhões de trabalhadores.
De fato não há legislação que regulamente a terceirização, o que há é o entendimento doutrinário e jurisprudencial respaldado na súmula 331 do TST.
Vendo essa carência de legislação Sandro Mabel apresentou o projeto de lei visando sanar a lacuna legislativa com relação aos trabalhadores terceirizados.
 Assim, o PL 4330/2004 tem o fito de regular o contrato de prestação de serviço e as relações de trabalho decorrentes desse contrato, sendo o prestador de serviço, o qual se submete a norma, denominado de sociedade empresária, de acordo com o disposto no Código Civil Brasileiro, o qual contrata ou subcontrata empregados, até mesmo empresas, para prestação do serviço.
O projeto já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e Plenário, estando pendente apenas a apreciação das emendas antes de ir para o Senado.
3.1 Principais mudanças para os trabalhadores.
O projeto de Lei está cercado de várias mudanças e polêmicas. A mais discutida é acerca da possibilidade de terceirização de todas as atividades da empresa, atividade meio e atividade-fim, entretanto, o projeto traz inovações em diversas áreas do direito, todavia, apresentaremos somente ad que implicarão diretamente na justiça do trabalho.
Como informado acima, uma das primeiras mudanças trazidas pelo projeto de Lei é a possibilidade de terceirização da atividade fim. Hoje, de acordo com a súmula 331 do TST, a atividade fim não é passível de terceirização, quando isso ocorre é chamada de terceirização ilícita, comente sendo licita a terceirização da atividade meio. Assim, com a aprovação da PL, a atividade fim poderá ser terceirizada e deixará de ser ilícita.
Outro ponto polêmico é a responsabilidade do tomador do serviço, a qual também mudará com a aprovação da lei, contudo, este tópico será explicado mais detalhadamente no próximo capítulo. 
O projeto de lei não prevê a terceirização da atividade fim para Administração Pública sob o regime de direito público, como alguns estão apresentando, de acordo com o art. 1º, proposta de emenda apresentada pela CCJ, informa a não aplicabilidade da lei para Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional, somente recaindo sobre as empresas publicas e sociedade de economia mista, as quais tem um regime de direito privado, vejamos:
“Art. 1° Esta Lei regula os contratos de terceirização e as relações de trabalho dele decorrentes.
§ 1° O disposto nesta Lei aplica-se às empresas privadas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e a suas subsidiárias e controladas, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
§ 2º A disposição desta lei não se aplica aos contratos de terceirização no âmbito da administração pública direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.(...)” 
 Outra mudança é com relação ao recolhimento da contribuição sindical compulsória, a qual deverá ser feita  para  o sindicato da categoria correspondente à atividade do terceirizado e não da empresa contratante, o que, para muitos, irá facilitar à fiscalização e a negociação da prestação.
 O PL ainda responsabiliza a empresa contratante do serviço pelo cumprimento dos direitos trabalhistas do empregado terceirizado, como pagamento de férias e licença-maternidade, fiscalizar mensalmente o pagamento de salários, horas-extras, 13º salário, férias, entre outros direitos.
Também é previsto que o trabalhador terceirizado tem que trabalhar na função a qual foi contratado, não podendo desviá-lo da unção prevista no contrato com a empresa prestadora de serviços.
Há a exigência da empresa contratante de garantir as condições de segurança e saúde dos trabalhadores terceirizados, atendimento médico e ambulatorial, refeições, além de realizar treinamento adequado no início do trabalho, isso quando for necessário treinamento específico.
3.2 Entendimentos contra e favoráveis ao PL 4330/2004.
O Projeto de Lei, desde a sua apresentação, é gerado por grandes polêmicas, principalmente no que se refere ao dispositivo que torna licito a terceirização de qualquer atividade da empresa. 
“A proposta divide opiniões entre empresários, centrais sindicais e trabalhadores. Os empresários argumentam que o projeto pode ajudar a diminuir a informalidade do mercado. Segundo o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, a lei pode representar a geração, no futuro, de 700 mil empregos/ano em São Paulo e mais de 3 milhões no Brasil.
Já os sindicatos representantes dos trabalhadores acreditam que a aprovação do projeto de lei pode levar a uma precarização das condições de trabalho. Entre as queixas mais recorrentes daqueles que trabalham como terceirizados estão a falta de pagamento de direitos trabalhistas e os casos de empresas que fecham antes de quitar débitos com trabalhadores.
Entre as entidades que estão a favor do projeto de lei estão as Confederações Nacionais da Indústria (CNI), do Comércio (CNC), da Agricultura (CNA), do Transporte (CNT), das Instituições Financeiras (Consif) e da Saúde (CNS), além do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços e Instaladoras de Sistemas e Redes de TV por assinatura, cabo, MMDS, DTH e Telecomunicações (Sinstal) e Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing, Marketing Direto e Conexos (Sintelmark).
Entidades sindicais representantes dos trabalhadores como a CUT, a Força Sindical, sindicatos dos bancários de todo o país e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) também são contra a aprovação do PL 4330.
O referido PL, a pretexto de regulamentar a terceirização no Brasil, na verdade expande essa prática ruinosa e precarizante para todas as atividades econômicas, com risco de causar sérios danos aos trabalhadores brasileiros, caso aprovado, pela ruptura da rede da proteção trabalhista que o constituinte consolidou em 1988.  Entre os problemas do projeto estão a liberação da prática na atividade-fim da empresa, bem como a ausência da responsabilidade solidária do empregador de forma efetiva.
4- Responsabilidade do contratante antes e depois do pl. 4330/2004.
É sabida a existência de responsabilidade dos tomadores de serviços no contexto da terceirização hoje regulamentada pela Súmula 331 do TST, podendo esta ser solidária ou subsidiária. Entretanto, as situações revistas nas súmulas são diferentes da prevista no Projeto de Lei 4330/2014.
De acordo com o previsto na Súmula existe a terceirização lícita e a ilícita. A licita seria nos caso se contratação para prestação de serviço de atividade-meio, conforme apresenta o inciso III da súmula, ou seja, aquelas atividades que não são objeto social da empresa, como por exemplo uma empresa de prestadora de serviços de consultoria poderia terceirizar os serviços de limpeza, segurança, mas não poderia terceirizar o serviço de consultoria.
Assim, uma vez terceirizado o serviço da atividade-meio a empresa contratante responde de forma subsidiária, nas obrigações trabalhistas não adimplidas, ou seja, seria executada primeiro a empresa contratada, a qual tem o vínculo empregatício com o obreiro, e, caso essa não tenha como adimplir a obrigação, aí que cobra da empresa contratante.
Observe que no caso apresentado acima a terceirização foi da atividade-meio, sendo esta situação considerada lícita pela súmula 331, entretanto, caso a terceirização tivesse sido da atividade-fim, esse processo seria considerado ilícito e a responsabilidade da empresa contratante seria solidária, ou seja, poderia demandar para qualquer uma das duas indistintamente.
Ocorre que o projeto de Lei prevê a possibilidade
de terceirização de qualquer atividade da empresa, na existindo dessa forma terceirização lícita ou ilícita, podendo terceirizar atividade-meio bem como atividade-fim.
Diante dessa reação do PL, a responsabilidade irá ser sempre subsidiária. Somente sendo solidária nos casos de quarteirização do serviço, com relação a terceirizada e a contratada por ela, sendo a tomadora do serviço responsável sempre subsidiariamente e quando comprovada a não fiscalização do pagamento dos direitos trabalhistas e previdenciários.
Dessa forma, a ação deve ser ajuizada contra a empresa que contratou o trabalhador, ou seja, a prestadora do serviço, e caso esta não tenha o que ser executado é que a tomadora do serviço será responsabilizada, com exceção nos casos citados acima, de responsabilidade solidária, pois poderá executar tanto a tomadora como a prestadora do serviço, sem ordem.
Observando neste trabalho inexiste da análise com relação a administração publica direta, autárquica e fundacional, já que o PL não aplica para elas, e no que se refere a empresas públicas e sociedade de economia mista, estas são pessoas jurídicas de direto privado , sendo aplicada a elas as mesmas regras das empresas privadas.
5 -Conclusão
Milhões de trabalhadores no Brasil exercem suas atividades dentro do sistema de terceirização, no qual o tomador de serviço contrata uma prestadora de serviço para realizar algumas atividades da empresa, ainda hoje atividades-meio, sem vinculo empregatício com a tomadora.
Para esses tipos de empregados não há lei específica, somente, de acordo com a melhor doutrina, a súmula 331 do TST, que informa quais atividades podem ser terceirizada e a responsabilidade quando não observados os dispositivos lá constates.
Hoje, tramita no Congresso Nacional o projeto de Lei 4330/2004, o qual busca sanar essa omissão da legislação com relação aos trabalhadores terceirizados. Entretanto, tal projeto vem eivado de questionamentos, principalmente no que se refere à liberalidade da terceirização da atividade-fim.
De um lado o sindicato patronal que defende a aprovação do projeto, visando o aumento da produtividade, a melhoria dos produtos e a competitividade no mercado internacional. Do outro lado o sindicato dos trabalhadores argumentando a diminuição do salário, bem como a redução e até a supressão de vários direitos trabalhistas.
Neste trabalho não se entrou no mérito da legalidade ou não da terceirização, mas foram apresentados argumentos de ambos os lados e focando na responsabilidade do tomador de serviço, antes da aprovação do projeto de lei  e como ficaria caso fosse aprovado na redação atual.
6-Referências
Apresentação do projeto de Lei_______2004. Disponível em < http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid= 
GIOSA, Lívio A. Terceirização: uma abordagem estratégica. São Paulo: Ed. Pioneira de Administração e Negócios, 1997.
MARTINS, Sergio Pinto. Curso de direito do trabalho. 4ª ed. São Paulo: Dialética, 2005.

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