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CONFLITOS DE AGÊNCIA 2

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CONFLITOS DE AGÊNCIA 
 
GOVERNANÇA COORPORATIVA E CUSTOS DE AGÊNCIA NAS EMPRESAS COM 
INFLUÊNCIA GOVERNAMENTAL 
 
 
 A governança corporativa é um conjunto de práticas que tem por 
finalidade aperfeiçoar o desempenho de uma organização, ao proteger as 
partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores facilitando 
o acesso ao capital. Diante disto, a proposta deste trabalho é apresentar os 
benefícios e as dificuldades da implantação de boas práticas de governança 
corporativa em cooperativas de crédito. Através de uma pesquisa bibliográfica 
foi constatado que a governança corporativa se apresenta como um esforço por 
parte do Sistema Financeiro Nacional, de maneira a proporcionar uma gestão 
mais profissionalizada e transparente, reduzindo a assimetria informacional, os 
problemas de agência, conservando o equilíbrio entre as partes interessadas, 
de modo a maximizar a criação de valor e propiciar a sustentabilidade da 
instituição. No caso das cooperativas de crédito, são positivos os resultados até 
agora percebidos com o emprego de boas práticas de governança corporativa, 
que contribuem para que as cooperativas de crédito vençam os novos desafios 
que ora se impõem e possam aumentar sua participação no mercado financeiro 
de maneira sustentada. 
A Governança Corporativa surgiu para superar o "conflito de agência", 
em função da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. Nesta 
situação, o proprietário (acionista) delega a um agente especializado 
(executivo) o poder de decisão sobre sua propriedade. Todavia, os interesses o 
gestor nem sempre estarão alinhados com os do proprietário, resultando em 
um conflito de agência ou conflito agente-principal (IBGC, 2012). Ainda 
segundo o IBGC, nos últimos anos, a adoção das melhores práticas de 
governança Corporativa tem se expandido tanto nos mercados desenvolvidos, 
quanto em desenvolvimento, porém não existe um modelo padrão de 
Governança. Apesar disso, é possível afirmar que todos se baseiam nos 
princípios da transparência, independência e prestação de contas 
(accountability) como uma forma de atrair investimentos aos negócios e ao 
país. Neste sentido, visando conquistar a confiança dos investidores, empresas 
e países perceberam a importância de incorporar algumas regras fundamentais, 
tais como sistemas regulatórios e leis de proteção aos acionistas; conselho de 
administração que atenda aos interesses e valores dos shareholders; auditoria 
independente; processo justo de votação em assembleias; e a maior 
transparência nas informações. 
Azevedo (2000) destaca que “a implementação das boas práticas de 
governança não é uma tarefa fácil e tende a ser ainda mais complicada no 
Brasil”. A predominância do controle familiar, a reduzida pulverização do capital 
em bolsa e o reduzido percentual de acionistas com direito a voto são 
características que propiciam um cenário adverso à governança corporativa, e 
que abrem espaço para o desequilíbrio entre interesses de acionistas 
controladores e minoritários (VILELA, 2005). Em dezembro de 2000 a Bolsa de 
Valores – BM&FBOVESPA lançou os segmentos especiais de listagem do 
mercado de ações (Nível 1, Nível 2, Novo Mercado), com o objetivo de 
desenvolver o mercado de capitais brasileiro, de modo a criar um ambiente de 
negociação que estimulasse, simultaneamente, o interesse dos investidores e a 
valorização das companhias, atraindo novos investidores e novas empresas. 
Um artigo publicado pela revista eletrônica Sistemas&Gestão no ano de 
2015, dos autores Daniel de Freitas Gotaç(IBMEC-RJ), Roberto Marcos da Silva 
Montezano(CVM-RJ) e Valdir de Jesus Lameira, analisa a relação entre a 
influência governamental e custos de agências no Brasil. Esse artigo mostra 
dois indicadores principais: a taxa de eficiência dos ativos e a razão entre 
despesas administrativas e receitas de vendas. 
 A governança corporativa no Brasil surgiu como uma forma de 
modernizar as empresas e nas formas de administração, para que possam ser 
inseridas no mercado mundial, sua principal característica é a grande 
concentração das ações com direito a voto. A posse de ações e do controle das 
companhias em conjunto com a baixa proteção legal dos acionistas, faz com 
que o principal conflito de Agência do país aconteça entre acionistas 
controladores e minoritários, diferente de outros países. 
 No caso dos custos de agência, surgem quando um ou mais indivíduos 
contratam uma terceira pessoa ou organização, denominados agentes, para a 
realização de algum serviço os repassando a tomada de decisões podendo 
muitas vezes ocasionar conflitos de interesses entre os acionistas, surgindo o 
conflito de agência que são entre os acionistas e os administradores e entre os 
acionistas e credores que por consequência irá gerar o custo de agência. Para 
amenizar a situação os acionistas arcam com o custo de agência, na intenção 
de aumentar o preço das ações da empresa. Existem situações que os gestores 
não coloquem seus interesses à frente dos interesses dos fornecedores de 
financiamento, havendo o aumento da segurança do investidor, mecanismos 
esses que podem ser legais, estatutários e de gestão. 
A Lei Sarbanes-Oxley criada em 2002 nos Estados Unidos, tem como 
objetivo restaurar o equilíbrio dos mercados através de mecanismos da 
responsabilidade da administração de uma empresa sobre a confiabilidade da 
informação fornecida, é importante ressaltar que essas medidas geram custos e 
não irá garantir que o gestor atuará em favor do interesse dos proprietários, 
mas contribuem para redução de custo de agência. 
 No artigo, outra situação a ser compreendida é que os acionistas 
minoritários têm seus direitos protegidos quando há uma presença de um 
controlador poderoso na gestão da empresa, não apenas pensando em 
proteger o interesse dos acionistas, mas em evitar que os acionistas 
controladores excluam os minoritários. Essa governança corporativa deve 
minimizar os custos de agência e separando os interesses entre investidores e 
administradores ou entre os acionistas controladores e minoritários como citado 
acima. 
 Segundo os autores considera-se uma empresa com influência 
governamental aquela que: possui controle direto do Estado, é controlada por 
fundos de pensão de empresas estatais ou pelo BNDES e atua em setores 
influenciados por agências reguladoras. Utilizando como critério a NAICs(North 
American Industry Classification) além de empresas controladas pelo Estado, 
foram consideradas as que sofrem influência estatal, as que pertencem aos 
setores de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, gás, água, 
entre outros sistemas. 
Shleifer e Vishny (1997) conceituam a governança corporativa como uma 
forma dos fornecedores de recursos financeiros às organizações se 
assegurarem de que obterão retorno por seus investimentos. O Instituto 
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) considera que a governança 
corporativa se trata de um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e 
monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas, conselho de 
administração, auditoria independente e conselho fiscal (IBGC, 2015). Os 
sistemas de governança corporativa dos países, em geral, diferem-se a partir 
dos tipos de instituições que atuam como principais financiadores das 
organizações. Sendo possível dividir os sistemas de governança corporativa 
centrados no mercado, e os centrados em bancos (SILVEIRA, 2002). Silveira 
(2002) explicam que no Brasil o aumento da competitividade em função de 
uma maior estabilidade econômica e abertura de mercado, além da maior 
dificuldade de obtenção de financiamento estatal, têm feito com que as 
empresas brasileirastenham uma necessidade crescente de acesso aos 
mercados de capitais nacionais e internacionais, de forma a obterem recursos 
ao menor custo possível, motivando as empresas a adotarem novas práticas de 
governança corporativa. 
Em relação a influência do governo nas atuações empresariais, se supõe 
que a relação da governança muda e afeta os custos de agência, obtendo 
assim custos de agência maiores para empresas privadas sem influência 
governamental. 
O artigo retrata que através do modelo de regressão, os custos de 
agência relacionados ao índice de giro aumentam quando a empresa sofre 
influência estatal, quando participa dos segmentos diferenciados de governança 
da BM&FBOVESPA, e quando possuem conselhos de administração maiores e 
são reduzidos em empresas maduras. 
 
 
Lohanne Angelo de Oliveira aluna do curso de MBA em Gestão 
Financeira e Controladoria na Estácio. 
Matrícula: 201805013777 
 
http://www.eumed.net 
https://economia.estadao.com.br/blogs/descomplicador/os-desafios-da-
governanca-corporativa-no-brasil/

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