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OAB 2011.1 – PENAL Prof. Geovane Moraes Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035.0105 1 Simulado 1 – OAB 2011.1 Caso Prático Cláudio, brasileiro, com 20 anos de idade, universitário, réu primário e sem antecedentes criminais, residente e domiciliado na cidade de Fortaleza, foi denunciado pelo Ministério Público, nos seguintes termos: “No dia 10 de janeiro de 2004, por volta das 15h00, na cidade de Fortaleza, situada no Estado do Ceará, o réu Cláudio, subtraiu para si, sem o emprego de violência ou grave ameaça, o automóvel de Júlia, brasileira, universitária, com 24 anos de idade, desempregada, quando o veículo se encontrava na Rua Z, conforme consta dos autos do inquérito policial, incorrendo nas penas do Art. 155, caput, do Código Penal.” A investigação policial do referido crime foi bastante complicada, tendo a polícia realizado inúmeras diligências para conseguir chegar a autoria do delito, razão pela qual o promotor de justiça competente somente ofereceu a denúncia no dia 01 de janeiro de 2009. O juiz da 10ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, situada no Estado do Ceará, recebeu a exordial em 05 de janeiro de 2009, acolhendo a imputação em seus termos, tendo a citação do réu sido efetivada em 10 de janeiro de 2009. Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) constituído(a) pelo acusado Cláudio, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de seu cliente. Em seu texto, não crie fatos novos, inclua a fundamentação legal e jurídica, explore as teses defensivas e date o documento no último dia do prazo para protocolo. Espelho Critério de Correção Pontuação 1. Apresentação, estrutura textual e correção gramatical. 1.1Endereçamento (1,0) 1. 2 Qualificação do acusado e nome da peça (1,0) 1.3 Exposição dos fatos (0,5) 2. Fundamentação e consistência 2.1 Alegar em preliminar a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva nos temos do Art. 107, IV, Art. 109, IV e Art. 115 do Código (0,5) OAB 2011.1 – PENAL Prof. Geovane Moraes Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035.0105 2 Penal. 2.2 No mérito explorar a tese de prescrição da pretensão punitiva, causa de extinção da punibilidade. (1,0) 3. Pedidos 3.1 Pedido de Absolvição Sumária com base no artigo 397, inciso IV, do Código de Processo Penal. Pedido Subsidiário de anulação do recebimento da peça acusatória em razão da existência de uma causa de extinção da punibilidade, tendo em vista a falta de justa causa para o exercício da ação penal, nos termos do Art. 395, III, do Código de Processo Penal. (0,25) (0.25) 4. Pedido de intimação de testemunhas, pedido de deferimento, colocação de comarca, data e assinatura do advogado, protocolo no dia 20 de janeiro de 2009 e apresentação do rol de testemunhas (0.5) 1. Apresentação, estrutura textual e correção gramatical. 1.1Endereçamento (1,0) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FORTALEZA CAPITAL DO ESTADO DO CEARÁ. Processo número: 1. 2 Qualificação do acusado e nome da peça (1,0) Cláudio, já qualificado nos autos do processo às folhas ( ), por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 396 e 396–A do Código de Processo Penal apresentar a sua RESPOSTA A ACUSAÇÃO pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 1.3 Exposição dos fatos (0,5) OAB 2011.1 – PENAL Prof. Geovane Moraes Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035.0105 3 1. Dos Fatos O réu Cláudio, foi denunciado pelo Ministério Público por ter supostamente cometido o crime de furto simples, Art. 155, caput, do Código Penal, tendo em vista que teria, no dia 10 de janeiro de 2004, por volta das 15h00, na cidade de Fortaleza, subtraído para si, sem o emprego de violência ou grave ameaça, o automóvel de Júlia, quando o veículo se encontrava na Rua Z, conforme consta dos autos do inquérito policial. Ocorreu que a investigação policial realizada contra o réu foi bastante complicada, tendo a polícia realizado inúmeras diligências para conseguir chegar a suposta autoria do delito, razão pela qual o promotor de justiça competente somente ofereceu a denúncia no dia 01 de janeiro de 2009. Por sua vez, o juiz da 10ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, situada no Estado do Ceará, recebeu a exordial acusatória em 05 de janeiro de 2009, acolhendo a imputação em seus termos, tendo a citação do réu sido efetivada em 10 de janeiro de 2009, mesmo tendo o réu menos de 21 anos de idade ao tempo do crime. 2. Fundamentação e consistência 2.1 Alegar em preliminar a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva nos temos do Art. 107, IV, Art. 109, IV e Art. 115 do Código Penal. (0,5) 2. Da Preliminar Preliminarmente é mister destacar que a ação penal sequer deveria ter iniciada, haja vista a ocorrência manifesta da prescrição da pretensão punitiva, causa extintiva da punibilidade, nos termos do Art. 107, IV, Art. 109, IV e Art. 115 do Código Penal, não existindo justa causa para o exercício da ação penal, prevista no Art. 395, III, do Código de Processo Penal. 2.2 No mérito explorar a tese de prescrição da pretensão punitiva, causa de extinção da punibilidade. (1,0) 3. Do Mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que a prescrição da pretensão punitiva é um instituto pelo qual o Estado, por não ter tido capacidade de fazer valer o seu direito de punir em determinado tempo previsto em lei, faz com que ocorra a extinção da punibilidade. Ou seja, ainda que o réu supostamente tivesse praticado um fato típico, ilícito e culpável, o Estado está impedido de fazer valer o seu direito de punir em decorrência da existência manifesta de uma causa de extinção da punibilidade. OAB 2011.1 – PENAL Prof. Geovane Moraes Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035.0105 4 Conforme consta dos autos, o réu teria cometido o crime de furto simples, Art. 155, caput, do Código Penal, com a idade de 20 anos na data do crime, no dia 10 de janeiro de 2004. Ocorreu que a denúncia somente foi recebida no dia 05 de janeiro de 2009, ou seja, quando o crime já estava prescrito. Pode-se chegar a tal conclusão pelo fato de o réu ser menor de 21 anos ao tempo do crime, razão pela qual o seu prazo prescricional é reduzido a metade, nos termos do Art. 115 do Código Penal. Desta forma, como o crime de furto simples tem uma pena máxima em abstrato de 4 anos, o seu prazo de prescrição da pretensão punitiva que seria de 8 anos, nos termos do Art. 109, IV, do Código Penal, foi reduzido a metade, passando a ser de 4 anos. Assim, como o crime foi cometido no dia 10 de janeiro de 2004, a denúncia somente poderia ser recebida até 10 de janeiro de 2008. Entretanto como a denúncia foi recebida após o lapso temporal da prescrição, mais precisamente no dia 05 de janeiro de 2009, ocorreu a extinção da punibilidade do crime. 3. Pedidos 3.1 Pedido de Absolvição Sumária com base no artigo 397, inciso IV, do Código de Processo Penal (0.25) e Pedido Subsidiário de anulação do recebimento da peça acusatória em razão da existência de uma causa de extinção da punibilidade, tendo em vista a falta de justa causa para o exercício da ação penal, nos termos do Art. 395, III, do Código de Processo Penal. (0,25). 4. Dos Pedidos. Ante o exposto, pleiteia-se a decretação da absolvição sumária do réu, nos termosdo Art. 397, IV, do Código de Processo Penal, em virtude da ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, causa extintiva da punibilidade. Apenas por cautela, no caso de não ser acolhida a tese de absolvição sumária, o que não se espera, requer que seja decretada a anulação do recebimento da peça acusatória em razão da existência manifesta da prescrição da pretensão punitiva, causa extintiva da punibilidade, nos termos do Art. 107, IV, Art. 109, IV e Art. 115 do Código Penal, tendo em vista a falta de justa causa para o exercício da ação penal, nos moldes do Art. 395, III, do Código de Processo Penal. 4. Pedido de intimação de testemunhas, pedido de deferimento, colocação de comarca, data e assinatura do advogado, protocolo no dia 20 de janeiro de 2009 e apresentação do rol de testemunhas (0.5) Por fim, requer, desde logo, que sejam intimadas e inquiridas as testemunhas ao final arroladas. OAB 2011.1 – PENAL Prof. Geovane Moraes Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035.0105 5 Nestes termos, Pede deferimento. Fortaleza, comarca do Estado do Ceará, 20 de janeiro de 2009. Advogado, OAB Rol de testemunhas: 1- 2- 3- 1. Marcus, no dia 10.05.2005, destruiu um aparelho celular no valor de R$ 600,00 reais, pertencente a Fábio, após uma discussão sobre futebol, estando incurso nas penas do Art. 163, caput, do Código Penal. No dia 10.06.2007 foi oferecida denúncia contra Marcus, imputando ao réu o crime referido, tendo esta sido recebida no dia 11.06.2007. Ocorreu que o réu não foi encontrado, razão pela qual foi citado por edital, bem como também não constituiu advogado, tendo o juiz suspendido o processo e o curso do prazo prescricional, nos termos do Art. 366 do CPP. Diante da situação apresentada pergunta-se: a) Qual é o tempo máximo que o curso do prazo prescricional pode ser suspenso e como se dá a sua contagem ? b) Qual é a natureza jurídica da norma prescrita no Art. 366 do CPP ? Justifique a sua resposta indicando os dispositivos legais respectivos. Critério de Correção Pontuação OAB 2011.1 – PENAL Prof. Geovane Moraes Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035.0105 6 O tempo máximo que o curso do prazo prescricional pode ser suspenso é o período máximo do prazo prescricional da pena em abstrato do crime, nos termos da Súmula 415 do STJ, que no caso apresentado será de 3 anos, nos temos do Art. 109, inciso VI, do Código Penal, uma vez que a pena máxima cominada do crime de dano é 6 meses, como prevê o Art. 163, caput, do Código Penal. Por sua vez, a contagem da suspensão do prazo prescricional será feita nos moldes da contagem de prazo de direito penal, ou seja, incluindo o dia do início e excluindo o dia do vencimento, nos termos do Art. 10 do Código Penal, tendo em vista que a prescrição é um instituto de direito penal. (1,0) A natureza jurídica da norma prescrita no Art. 366 do CPP é de norma de natureza mista, tendo em vista que tem uma feição de direito processual penal, quando refere-se a possibilidade de suspensão do processo e uma feição de direito penal, quando refere-se a suspensão da prescrição. (0,25) 2. Júlio possui uma sogra, a Senhora Josefina, que é alérgica a qualquer tipo de crustáceo, de tal forma que, caso venha a ingerir uma pequena quantidade do alimento referido, pode ter sérias complicações em sua saúde. Em um certo dia, Júlio foi assistir a um jogo de futebol na casa de sua sogra e esta não tinha comprado cerveja para acompanhar a partida. Por este motivo, Júlio resolveu fazer uma surpresa para esta. No mesmo dia foi a um supermercado, comprou camarão, processou este em um liquidificador e fez uma salada misturando muitos molhos diferentes, de tal forma que o gosto do camarão ficasse imperceptível. No período da noite ofereceu a referida salada a Senhora Josefina, que ficou muito grata e acabou comendo uma grande quantidade da comida. Por esta razão começou a ter alergia ao alimento e acabou vindo a falecer. Considerando que Júlio tinha pleno conhecimento da alergia que sua sogra possuía e que esta poderia vir a falecer com a ingestão de qualquer crustáceo, pergunta-se: a) Qual foi o crime cometido por Júlio? Tipifique-o de forma fundamentada. Gabarito Comentado Critério de Correção Pontuação O crime cometido por Júlio foi o de homicídio qualificado OAB 2011.1 – PENAL Prof. Geovane Moraes Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035.0105 7 por motivo fútil e emprego de veneno, nos termos do Art. 121, §2°, incisos II e III, do Código Penal, respectivamente. A qualificadora do motivo fútil relaciona-se a existência de um motivo desproporcional a ação praticada pelo sujeito, que no caso foi o fato de a sogra do réu não ter comprado uma cerveja para que este acompanhasse uma partida de futebol. Por sua vez, a qualificadora do emprego de veneno restou configurada em virtude de o sujeito ter utilizado, de forma insidiosa, ou seja, às escondidas, um alimento que se fosse ingerido pela sua sogra, poderia causar-lhe a morte, qual seja, qualquer tipo de crustáceo, como o camarão. Desta forma, Júlio assumiu o risco de produzir o resultado morte, agindo com dolo eventual. (1,25) 3. Hugo, funcionário público da prefeitura da cidade X, ficou extremamente irritado com o fato de seu colega de trabalho Clodoaldo ter conseguido um cargo de chefia na repartição. Em razão disso, começou a divulgar no local de trabalho que tinha visto Clodoaldo, no dia 01.02.2011, por volta das 10.00 horas subtraindo um computador da repartição. O fato foi apurado administrativamente, verificando-se que a alegação de Hugo era inverídica. Diante de tal situação, o superior hierárquico de Hugo, o Senhor Ubirajara procurou a autoridade policial competente. O delegado de polícia ficou indignado com a situação e resolveu instaurar inquérito policial contra Hugo para investigar a prática do crime de calúnia praticada contra funcionário público em razão de suas funções, Art. 138, c/c Art. 141, II do CPP. Diante da situação hipotética acima pergunta-se: a) O delegado de polícia procedeu de forma correta ? Justifique a sua resposta indicando os dispositivos legais respectivos. Gabarito Comentado Critério de Correção Pontuação O delegado de polícia procedeu de forma errada, tendo em OAB 2011.1 – PENAL Prof. Geovane Moraes Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035.0105 8 vista que a calúnia praticada contra funcionário público em razão de suas funções, Art. 138, c/c Art. 141, II do CP, é motivador de ação penal pública condicionada a representação do ofendido, nos termos do Art. 145, parágrafo único do Código Penal. Por esta razão o inquérito policial somente poderia ter iniciado mediante a representação do ofendido, nos termos do Art. 5º, § 4º, do Código de Processo Penal. (1,25) 4. Judas possui uma filha de 12 anos de idade, chamada Bia. Após uma notícia proveniente dos vizinhos de Judas, houve a instauração de um inquérito policial contra sua pessoa visando apurar algumas condutas. No decorrer do inquérito policial constatou-se que Judas tinha submetido sua filha à prostituição com o intuito de obter vantagem econômica, entretanto, esta ainda não tinha praticado qualquer ato sexual com algum “cliente”.Diante do caso acima apresentado pergunta-se: a) Júlio cometeu algum crime ? Responda de forma fundamentada. Gabarito Comentado Critério de Correção Pontuação O crime cometido por Judas foi o de favorecimento de prostituição de vulnerável, com aplicação de multa e com aumento de metade da pena, nos termos do Art. 218-B, § 1º e Art. 226, II, do Código Penal. Há a configuração do crime de favorecimento de prostituição de vulnerável uma vez que Judas submeteu sua filha menor de 18 anos a prostituição, sendo irrelevante para a configuração do crime o fato de a adolescente não ter praticado ato sexual com algum cliente, uma vez que o tipo penal não traz tal previsão, restando configurado o crime do Art. 218-B do Código Penal. Por sua vez, como Judas praticou tal ato com intuito de obter vantagem econômica, deve ser aplicada também multa ao acusado, nos termos do § 1º, do Art. 218-B do Código penal. (1,25) OAB 2011.1 – PENAL Prof. Geovane Moraes Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035.0105 9 Por fim, a pena de Judas deve ser aumentada da metade, tendo em vista que Judas é o pai da vítima, ou seja, é ascendente desta, sendo aplicado o inciso II do Art. 226 do Código Penal.
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