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DIREITO EMPRESARIAL I PROFª MARIA ELCI MOREIRA GALVÃO elcigalvao@hotmail.com A Origem do comércio Em decorrência de algumas limitações impostas pelo escambo (economia de troca) ocorre a evolução para a economia de mercado e o uso da moeda, em sistema muito similar ao utilizado até hoje. Com esta atualização no comércio, o produtor de determinado insumo produz mais e com mais variedade, pois a produção deixou de ser unicamente para subsistência e troca do excedente, agora também para venda. A Origem do comércio A troca tornou-se um elemento fundamental para o convívio em sociedade desde os tempos mais remotos. Com a evolução dessa atividade e o nascimento da moeda, surgiram as pessoas que tinham por profissão não mais a produção para troca de uma mercadoria por outra, e sim a intermediação na troca de mercadorias. DIREITO EMPRESARIAL COMO TUDO COMEÇOU ... IDADE ANTIGA – NÃO EXISTIA INSTITUTO SISTEMATIZADO A Origem do comércio O comercio existe desde a idade antiga, no entanto mesmo existindo algumas regras esparsas disciplinando o comercio, ainda não se pode falar em direito comercial. Mesmo em Roma não se pode afirmar a existência de um direito comercial, uma vez que na civilização romana as eventuais regras comerciais existentes faziam parte do direito privado comum, ou seja, do direito civil. Noções históricas do Direito Empresarial • É na Idade Média, que se costuma apontar o surgimento das raízes do direito comercial, com a ascensão da classe burguesa, devido os comerciantes sentirem necessidade da criação de normas para disciplinar suas atividades de comércio. Noções históricas do Direito Empresarial • A classe burguesa, chamados de comerciantes ou mercadores, teve que se organizar e construir seu próprio direito. • Surgem nesse cenário as Corporações de Ofícios, que logo assumiram relevante papel na sociedade da época, conseguindo obter certa autonomia em relação a nobreza feudal. Noções históricas do Direito Empresarial O comerciante não podia exercer seu ofício livremente, deveria ser inscrito em uma corporação de ofício. A corporação tinha um estatuto disciplinando algumas normas, fundamentadas nos usos e costumes praticados por seus membros. Noções históricas do Direito Empresarial Cada Corporação tinha seus instrumentos normativos, e os aplicava por meio de cônsules eleitos pelos próprios associados, para reger as relações entre os seus membros. Nesse período surgem os primeiros institutos jurídicos, como: os títulos de créditos, (letra de câmbio), sociedade, contratos mercantis (contrato de seguro) e os bancos. Noções históricas do Direito Empresarial Essa primeira fase tem como característica o seu caráter subjetivista, corporativista e fechado, restritos aos comerciantes matriculados nas corporações de ofício, bastava que uma das partes de determinada relação fosse comerciante para que essa relação fosse disciplinada pelo direito comercial. 10 Noções históricas do Direito Empresarial • É nessa fase que começa a sedimentar o direito comercial, baseando-se das regras corporativas e dos assentos jurisprudenciais das decisões dos cônsules. Noções históricas do Direito Empresarial • O Estado começa a ocupar seu espaço dentro do direito comercial, onde a jurisdição mercantil deixa de ser prioritariamente para uma atividade privada, passando a ser assumida pelo Estado, na forma de Tribunais Especiais. 12 Noções históricas do Direito Empresarial • As Ordenações Francesas foram as primeiras codificações das normas comerciais. A primeira Ordenação Francesa foi em 1673, tratava do comércio terrestre. • Em 1681 surgiu a Ordenação da Marinha que disciplinava o comércio marítimo. 13 Noções históricas do Direito Empresarial • Em 1807 foi elaborado o Código de Comércio Napoleônico, considerando as atividades econômicas agrupadas em dois grandes conjuntos e qualificadas como civis ou comerciais. • o conceito objetivo, estruturando-se sobre a teoria dos atos de comércio. 14 Noções históricas do Direito Empresarial Com o Código Napoleônico de 1807 nasce a segunda fase do direito comercial – fase objetiva - a teoria dos atos de comércio, passando a disciplinar uma série de atos da vida econômica e jurídica, que não eram exclusivos dos comerciantes, mas que necessitavam das mesmas características do direito mercantil: facilidade de prova, prescrição breve, rapidez processual e competência técnica dos juízes. Noções históricas do Direito Empresarial • Com a teoria francesa - teoria dos atos de comércio, a atividade comercial deixa de ser apenas para uma categoria profissional passando a ser definida pela prática dos atos de comércio enumerados na Lei. Fato marcante nesta fase é a extensão da jurisdição comercial a quaisquer pessoas que praticassem tais atos independentemente da sua qualificação pessoal. Noções históricas do Direito Empresarial O Código Civil Italiano de 1942, inseriu a Teoria da Empresa – fase subjetiva moderna, tendo como característica a não divisão das atividades econômicas em dois grandes regimes. Começa a terceira e atual fase do direito comercial. Noções históricas do Direito Empresarial Com a Teoria da Empresa, o Direito Comercial tem seu campo de abrangência ampliado, incorporando atividades até então excluídas pela Teoria dos Atos de Comércio. Não se divide mais as atividades econômicas em dois grandes grupos, civil e comercial. A Teoria da Empresa prevê de forma ampla as atividades econômicas, excluindo somente atividades específicas, que são, as atividades intelectuais, de natureza literária, artística ou científica. Noções históricas do Direito Empresarial • A concepção passa a ser centralizada em um sujeito, o empresário (que é aquele que exerce atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços para o mercado). • Ocorre a verdadeira mudança de paradigma. Daí falar-se em direito empresarial hodiernamente. Noções históricas do Direito Empresarial • Com a teoria da empresa, o gênero da atividade deixa de ser importante, pois a atenção dessa teoria é para o desenvolvimento da atividade praticada de forma organizada onde o empresário reúne os fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria-prima) para a produção e circulação de riquezas. 20 Noções históricas do Direito Empresarial Ao longo da evolução histórica, podemos considerar o desenvolvimento do Direito Comercial em três períodos: • 1º período - subjetivo e corporativista tendo como núcleo o comerciante matriculado na corporação, não tendo relação com uma sociedade com aspirações jurídicas igualitárias. 21 Noções históricas do Direito Empresarial 2º período - Iniciando-se com o Código de Comércio Napoleônico de 1807, tendo como núcleo os atos de comércio, onde qualquer cidadão pode exercer atividade mercantil. 3º e atual período inicia-se com o Código Civil Italiano de 1942 tendo como núcleo a empresa. • INSTITUTO NÃO SISTEMATIZADO • FASE SUBJETIVA •Nasce o Direito Comercial foco o comerciante • FASE OBJETIVA: Teoria dos atos de comércio • SUBJETIVA MODERNA: Teoria da Empresa CÓDIGO CIVIL EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL IDADE ANTIGA IDADE MEDIA IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA DIREITO EMPRESARIAL História do DireitoComercial no Brasil • Teve origem em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil e a abertura dos portos às nações amigas. As atividades de comercio no país eram disciplinadas pelas leis portuguesas, e quando havia lacuna na lei aplicava-se os códigos comerciais da Espanha e da França, tornando-se bastante confusa a solução dos conflitos. História do Direito Comercial no Brasil A evolução do Direito Comercial no Brasil se deu em duas fases: •I) Fase Luso-Brasileira.- conforme o Prof. Requião, indica o período em que o Brasil deixa de ser apenas uma colônia de exploração portuguesa e começa a adquirir contornos de Estado organizado. História do Direito Comercial no Brasil A 1ª Fase Luso-Brasileira - Tem como principais fatos históricos os seguintes: • a fuga da família real de Portugal, trazendo toda uma organização de corte; • a promulgação da Lei de Abertura dos Portos, que propiciou o livre estabelecimento de fábricas e manufaturas; • a criação da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, embrião das atuais, no campo do Direito Mercantil, Juntas Comerciais; História do Direito Comercial no Brasil A 1ª Fase Luso-Brasileira - Tem como principais fatos históricos os seguintes: • a criação do Banco do Brasil (1808), no Rio de Janeiro, "com programas de emissão de bilhetes pagáveis ao portador, operações de descontos, comissões, depósitos pecuniários, saques de fundos por conta de particulares e do Real Erário, para a promoção da indústria nacional pelo giro e combinação de capitais isolados". História do Direito Comercial no Brasil II – Fase do Período Brasileiro. • Proclamada a independência comercial e convocada a Assembleia Constituinte de 1823, por algum tempo, ainda, se fez uso da legislação portuguesa. • A promulgação do Código Comercial (1850) História do Direito Comercial no Brasil II - O Período Brasileiro. A aprovação dos Regulamentos nº 737 – tratava do processo comercial e foi considerado o mais perfeito dos códigos processual da América do Sul e nº 738- que tratava dos Tribunais de comércio e do processo das quebras, em vigor em relação a falência até 1890. Os dois regulamentos, estabeleciam, os Atos de Comércio e o Processo Comercial (este último substituído pelo CPC/1939); História do Direito Comercial no Brasil II - O Período Brasileiro. A Teoria da Empresa começa a surgir no direito brasileiro a partir de 1960 em contraposição à defasada Teoria dos Atos de Comércio, especialmente pela não inclusão de atividades de extrema importância ao desenvolvimento econômico nacional, como a prestação de serviços, atividades rurais e negociação de imóveis História do Direito Comercial no Brasil II - O Período Brasileiro. Registra-se os seguintes fatos como mais relevantes: • as leis especiais sobre Sociedades por Cotas de Responsabilidade Ltda. (1919), • Convenção de Genebra (Lei Uniforme) sobre letras de câmbio e Nota Promissórias (1966), Títulos de Crédito, a Lei das Sociedades Anônimas, etc.; História do Direito Comercial no Brasil II - O Período Brasileiro. • O Código das Obrigações, que pretende unificar todo o direito privado (Civil e Comercial), em um só texto - Projeto de Lei 634/75, que tramitou pelo Congresso Nacional por quase 30 anos (Novo Código Civil). História do Direito Comercial no Brasil II - O Período Brasileiro. Deixamos o direito que regulava a mera prática de atos, (teoria francesa) e entramos no direito da atividade econômica organizada, que tanto pode abranger objeto anteriormente civil quanto mercantil, desde que a atividade seja feita de forma estruturada, organizada, articulando os fatores de produção, (teoria italiana da empresa) História do Direito Comercial no Brasil A Teoria da Empresa, aos poucos se propagou pela nossa legislação, como na edição do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.069/1990) e, mais recentemente, com a edição do Código civil de 2002 (Lei n. 10.406), vigorando a partir de 2003. Revogando expressamente o Código Civil ( Lei 3.071, de 1º de janeiro de 1916 ) e parte primeira do Código Comercial ( Lei 556 de 25 de junho de 1850), que trata do “comércio em geral “. COMERCIANTE: ATOS DE COMÉRCIO ATOS DE INTERMEDIAÇÃO + HABITUALIDADE + FINALIDADE LUCRO DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO : TEORIA DA EMPRESA PRODUÇÃO ou CIRC. BENS ou CIRC. SERVIÇOS DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADE ECONOMICAMENTE ORGANIZADA EMPRESÁRIO OU SOCIEDADE EMPRESÁRIA ATIVIDADE FIM MÃO DE OBRA MATÉRIA PRIMA TECNOLOGIA CAPITAL DIREITO EMPRESARIAL EMPRESA x EMPRESÁRIO EMPRESA - é o objeto da atividade do empresário EMPRESÁRIO - é o sujeito que exerce a atividade de empresa, seja individual ou coletivamente, no caso de sociedade empresária. Artigos: 966, 967 e 981 do Código Civil. O QUE É EMPRESA? Segundo Asquini, para quem ela compreende quatro perfis. 1º. perfil subjetivo. A empresa é o empresário, pois empresário é quem exercita a atividade econômica organizada, de forma continuada. Nesse sentido, a empresa pode ser uma pessoa física ou uma pessoa jurídica, pois ela é titular de direitos e obrigações. Quando se diz "arrumei um emprego em uma empresa", temos a palavra empresa empregada com esse significado. O QUE É EMPRESA? Segundo Asquini, para quem ela compreende quatro perfis. 2. perfil funcional. A empresa é uma atividade, que realiza produção e circulação de bens e serviços, mediante organização de fatores de produção (capital, trabalho, matéria prima etc). Quando se diz "a empresa de estudar será proveitosa", temos a palavra empresa empregada com esse significado. O QUE É EMPRESA? 3.perfil objetivo (patrimonial). A empresa é um conjunto de bens. A palavra empresa é sinônima da expressão estabelecimento comercial. Os bens estão unidos para uma atividade específica, que é o exercício da atividade econômica. Como exemplo desse significado, podemos dizer "a mercadoria saiu ontem da empresa". O QUE É EMPRESA? 4.perfil corporativo. A empresa é uma instituição, uma organização pessoal, formada pelo empresário e pelos colaboradores (empregados e prestadores de serviços), todos voltados para uma finalidade comum. Este perfil, é criticado pela doutrina por não corresponder a qualquer significado jurídico, mas apenas por estar de acordo com a ideologia fascista, que controlava o Estado italiano por ocasião da positivação da teoria da empresa: TEORIA DA EMPRESA No art. 966,do CC a palavra empresa tem como significado o perfil funcional. Pois Empresa, portanto, é a atividade econômica organizada. A organização é a união de vários fatores de produção, com escopo de realização de bens ou serviços. A noção jurídica de atividade econômica organizada exige o concurso de atividade profissional alheia. Se alguém exercer uma atividade econômica individualmente, não será considerado empresário, à luz do art. 966 do CC. EXERCÍCIO 01- O Código Comercial de 1850: a) ( ) foi parcialmente revogado, mantendo-se vigentes os dispositivos que tratam da compra e venda mercantil. b) ( ) foi totalmente revogado c) ( )não foi revogado d)( ) foi parcialmente revogado, mantendo-se vigentes os dispositivos referentes aocomércio marítimo EXERCÍCIO 02- Assinale a alternativa correta: a)( ) O Direito Empresarial brasileiro atual toma como base a teoria italiana da empresa para conceituar o empresário e a sociedade empresária, sendo certo que a mesma leva em conta o modo como a atividade é exercida; b)( ) O Direito Empresarial brasileiro atual toma como base a teoria alemã da empresa para conceituar o empresário e a sociedade empresária, sendo certo que a mesma leva em conta o modo como a atividade é exercida; c) ( )O Direito Empresarial brasileiro atual toma como base a teoria italiana dos atos do comércio para conceituar o empresário e a sociedade empresária, sendo certo que a mesma leva em conta o modo como a atividade é exercida; d) ( )O Direito Empresarial brasileiro atual toma como base a teoria francesa da empresa para conceituar o empresário e a sociedade empresária, sendo certo que a mesma leva em conta o modo como a atividade é exercida; EXERCÍCIO 03- Do estudo da formação histórica do Direito Comercial, e antes de sua transformação para o que hoje se denomina Direito Empresarial, é de se concluir que esse ramo do direito surgiu na Idade Média, pela imposição do desenvolvimento do tráfico mercantil. A partir daí, desde sua cristalização, sofreu o Direito Comercial uma evolução conceitual, amparada em teorias próprias que delimitavam o conceito de matéria do comércio. Indaga-se: a) Que teorias foram formuladas durante esses períodos? Explique. b) Qual o conceito de Comerciante e de Atos de Comércio durante a aplicação dessas teorias? Explique. CASO CONCRETO – AULA 01 01- O novo código civil trouxe várias inovações no que diz respeito ao Direito Empresarial e seus princípios. Uma das principais alterações se refere à substituição de conceitos adotados anteriormente pela teoria dos "atos de comércio" que passam a ser regulados agora pela teoria "da empresa" instituída na Itália. Nesse sentido, com fulcro no novo Código Civil, defina e diferencie "empresa" de "empresário", trazendo as características de cada um. Resposta: QUESTÃO OBJETIVA 02-Cláudio e Roberto, artistas plásticos, INSCRITOS no CNPJ, prestam serviços de restauração de obras de arte nas praças localizadas nas proximidades de seu bairro, cobrando quantias irrisórias pelos serviços prestados aos moradores da região. Esta sociedade não possui elemento de empresa, embora estes serviços sejam cobrados e os sócios, apesar de lucrarem muito pouco, vivem dos valores cobrados por suas restaurações. A atividade desenvolvida por eles constitui de acordo com o Código Civil a) ( ) Uma atividade empresária. b) ( ) Uma sociedade simples.(art. 996§Único do CC) c) ( ) Uma sociedade personificada simples. d) ( ) Uma sociedade civil. e) ( ) Uma associação
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