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Preparatório ABIN – Oficial de Inteligência. Atualidades : meio ambiente. 
Prof. Habib J. Fraxe Neto 
 
 
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MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO: 
 
 Marco regulatório: histórico internacional e doméstico 
 1972: Publicado “Os Limites do Crescimento”, por pesquisadores do MIT 
(Massachusetts Institute of Technology), com estimativas sobre efeitos do crescimento 
da população mundial considerando os recursos naturais limitados. 
 
 1972: Primeira Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, 
Suécia, resulta na Declaração de Estocolmo, com os princípios que norteiam o tema. 
 Desde então, observa-se uma divisão entre países desenvolvidos e em 
desenvolvimento sobre medidas a adotar. Brasil alinhou-se com nações que à época 
resistiram aos propósitos de controle ambiental global, proposto pelos países 
industrializados, considerando que poderiam minar seu potencial de desenvolvimento e 
sua soberania na exploração de seus próprios recursos naturais. Em linguagem mais 
direta, alinhou-se com países que defenderam maior responsabilização para as soluções 
ambientais a partir dos países desenvolvidos, que historicamente contribuíram mais com 
danos ao meio ambiente, devido à sua industrialização precoce. 
 
Conceito de desenvolvimento sustentável: 
Relatório Nosso Futuro Comum (Relatório Brundtland), da Comissão Mundial 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU, em 1987: 
Desenvolvimento por meio do qual as atuais gerações satisfazem as suas 
necessidades sem, no entanto, comprometer a capacidade de as gerações futuras 
satisfazerem suas próprias necessidades. 
 
Pilares do conceito: 
1) Desenvolvimento econômico 
2) Com justiça social (por exemplo, redução das desigualdades) 
3) E de forma a manter a integridade do meio ambiente (manutenção do capital 
natural) 
Atualmente, um quarto pilar para o conceito: Governança (subnacional, 
nacional e multilateral). 
 
Além disso, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – cujo foco 
era fundamentalmente social, e que devem ser renovados em 2015 – incorporarão 
parâmetros de desenvolvimento sustentável. Assim, em 2015, a ONU pretende unir, em 
uma só, as agendas de erradicação da pobreza, da equidade social e da sustentabilidade 
ambiental: os ODM serão substituídos pelos Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável. A solução para a questão ambiental depende da melhoria das condições 
sociais, em especial o combate à pobreza. 
 
1992: no Rio de Janeiro, realizou-se a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Meio Ambiente e o Desenvolvimento (a Rio-92 ou Cúpula da Terra), com a 
participação de mais de cem Chefes de Estado. Da Conferência resultaram alguns dos 
mais importantes tratados multilaterais em matéria ambiental, incluindo a Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a Convenção sobre Diversidade 
Biológica (CDB), a Agenda 21 e a Declaração do Rio. 
Sobre a Convenção-Quadro falaremos em tema específico, a seguir. 
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A CDB buscou proteger as espécies da fauna e da flora e incorporou princípios 
que direcionaram, desde então, a criação de áreas protegidas assim como políticas 
públicas para acesso e uso do patrimônio genético associado à riqueza biológica. 
A Agenda 21, um documento programático com 40 capítulos, buscou nortear 
ações globais, nacionais e locais, com o objetivo de construir sociedades sustentáveis, 
ao conciliar métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econônica. Em 
nosso País, após amplo processo de consulta popular, concluiu-se em 2002 a Agenda 21 
Brasileira, um instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento 
sustentável. 
Assim como a Declaração de Estocolmo, em 1972, a Declaração do Rio lista os 
princípios do desenvolvimento sustentável. Reforça o papel da mulher e estabelece que 
“medidas de política comercial para fins ambientais não devem constituir um meio de 
discriminação arbitrária ou injustificável, ou uma restrição disfarçada ao comércio 
internacional. Destaca-se o Princípio da Precaução: 
 
Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza 
científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas 
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. 
 
2012: a Rio + 20 
Vinte anos após a realização da Rio 92, ocorreu a Conferência das Nações 
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), novamente no Rio de Janeiro. O 
documento final, acordado por 188 países, pretendeu ditar o caminho para a cooperação 
internacional sobre desenvolvimento sustentável. Perdura uma divisão virtualmente 
irreconciliável entre os interesses dos países desenvolvidos e dos em desenvolvimento, 
dessa vez agravada pela recente crise econômica mundial. 
Contudo, não há como negar o vínculo já estabelecido entre proteção do meio 
ambiente, melhoria da qualidade de vida e economia, o que se constata pela 
significativa participação de diversos grupos da sociedade civil e do setor empresarial 
na conferência e nos seus eventos paralelos. Nesse sentido, segundo a ONU, alguns dos 
maiores legados da Rio+20 foram os compromissos voluntários para implantar os 
princípios preconizados na Conferência, com a mobilização de mais de 500 bilhões de 
dólares e de compromissos voluntários por diversos grupos, incluindo a sociedade civil, 
as empresas, os governos e as universidades. 
As nações representadas na Rio + 20 concordaram em implementar os princípios 
da economia verde (que inclui novos padrões de produção e consumo, bem como o uso 
de energias limpas), da segurança alimentar sustentável, assim como em estabelecer os 
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). 
Em comparação à Rio 92, que estabeleceu os mais importantes tratados na 
matéria, a Rio + 20 teve parcos resultados, na visão dos críticos . Contudo, a ONU e o 
Governo, que organizaram o evento, argumentam que, em termos normativos, até 1992 
praticamente não havia quaisquer acordos multilaterais e, portanto, havia muitas lacunas 
– em termos de marcos regulatórios – a serem preenchidas, o que explicaria os avanços 
obtidos na Rio-92. 
 
Conceitos fundamentais: 
 
1. No âmbito doméstico, meio ambiente como bem de uso comum (art. 225 da 
Constituição), direito fundamental e difuso. No internacional, questões ambientais não 
respeitam fronteiras, daí a importância de concertos multilaterais. 
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2. Meio ambiente como base das economias. Conceito legal para meio 
ambiente: conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química 
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas 
 
3. Capital natural 
O conceito econômico de capital refere-se ao estoque real de bens que possui o 
poder de produzir mais bens (ou utilidade) no futuro, de modo a prover riqueza e bem-
estar. O capital natural é constituído pelos recursos ou ativos do meio ambiente 
geradores de uma série de bens e de serviços que as sociedades humanas podem 
transformar em produtos úteis, para melhoria do seu bem estar. Reforça que a qualidade 
ambiental é condição para a vida humana e para sustentar as atividades econômicas. 
O valor do capital natural é integrado na construção das políticas públicas 
nacionais. Um exemplo é a destinação de parte dos recursos da exploração de 
combustíveis fósseis para o Fundo Social, criado pelo marco regulatório do Pré-sal. Os 
recursos, oriundos da comercialização de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos 
fluidos, serão direcionados para programas e projetos em áreas que incluem meio 
ambiente emitigação e adaptação às mudanças climáticas. 
 
4. Externalidades ambientais 
 Positivas: fonte de recursos genéticos, proteção do solo e do regime 
hídrico, lazer. 
 Negativas: poluição, mudanças do clima, extinção de espécies, perda e 
degradação de ambientes naturais 
 
5. Cerne da questão ambiental: regulação do uso de recursos naturais 
 Para garantir sua perpetuidade às próximas gerações, por meio de 
políticas públicas que incorporem uma combinação de fatores (comando e controle; 
instrumentos econômicos como incentivos fiscais e pagamentos por serviços 
ambientais; conscientização - no Brasil, prioriza-se a educação ambiental). 
 
6. Grande dificuldade: insuficiência de incentivos para que indivíduos ou grupos 
protejam o meio ambiente. Além disso, os serviços ambientais são comumente 
prestados de forma gratuita, a exemplo da ciclagem de nutrientes e da consequente 
fertilização dos solos. Assim, a perda ou degradação desses serviços com frequência não 
é assimilada pelo sistema vigente de incentivos econômicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA (Lei nº 6.938, de 1981) foi um 
marco em termos de legislação, devido às suas avançadas previsões. Ainda hoje é o 
esteio das leis ambientais. 
Ainda que seja norma ambiental, objetiva garantir condições ao 
desenvolvimento socioeconômico, destacando-se como princípios: 
- meio ambiente como patrimônio público a ser protegido, para o uso coletivo; 
- racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; 
- planejamento e fiscalização do uso desses recursos; 
- educação ambiental a todos os níveis do ensino, para capacitar a comunidade 
na defesa do meio ambiente. 
 
Em síntese, o principal objetivo da Política Nacional é compatibilizar 
desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e 
do equilíbrio ecológico. 
Bem antes da definição formulada em 1987, pela ONU, essa lei, em 1981, 
conceituou o que viria a ser chamado de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. 
 
 
 
A Política define ainda como objetivos: 
 
- estabelecer critérios e padrões de qualidade ambiental; 
- desenvolver e difundir pesquisas e tecnologias para o uso racional; 
 -impor, ao poluidor e ao predador, a obrigação de recuperar e/ou indenizar os 
danos causados (poluidor-pagador). E, ao usuário de recursos naturais, a obrigação de 
contribuir pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos (usuário-
pagador). 
 Ou seja, há uma distinção importante: o poluidor é aquele causa dano 
ambiental e deve recuperar/ indenizar. O usuário apenas utiliza o recursos e deve 
contribuir – inclusive financeiramente – pelo uso. 
 
 Instrumentos da PNMA: 
- o zoneamento ambiental; 
Comentário: um dos tipos é o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), 
que foi regulamentado por um decreto federal. É o zoneamento mais cobrado 
em questões de concurso. 
 
- a avaliação de impactos ambientais; 
- o licenciamento ambiental. 
 
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é o tipo mais conhecido de avaliação de 
impactos ambientais, exigido pela própria Constituição, art. 225, quando a obra ou 
atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente. 
O EIA deve informar as espécies da fauna e da flora na região do 
empreendimento, as características dos ecossistemas, do meio socioeconômico 
(populações atingidas, por exemplo), do relevo, de cursos hídricos. 
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Deve propor medidas mitigadoras para os impactos. É um documento público – 
Constituição exige a publicidade do EIA – que guiará o órgão licenciador na decisão de 
autorizar ou não o empreendimento. 
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é uma versão simplificada do EIA, 
com linguagem acessível ao público. 
A partir da análise do EIA/ RIMA, se a obra for ambientalmente viável, o órgão 
componente do SISNAMA emitirá as licenças ambientais. 
Os estudos de avaliação ambiental são custeados pelo empreendedor (e não pelo 
Poder Público), que contrata profissionais habilitados para realizá- los. 
 
 
Quanto ao licenciamento ambiental, é um dos mais importantes instrumentos da 
Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) e caracteriza-se pela atuação preventiva 
do Poder Público para compatibilizar a preservação ambiental com o desenvolvimento 
socioeconômico, ambos direitos garantidos pela Constituição. 
 
No âmbito do processo de licenciamento, serão emitidas as seguintes licenças, a 
partir da análise da avaliação de impacto ambiental. Como regra, seguirão a seguinte 
sequência mas deve-se ressaltar que há procedimentos de licenciamento simplificado, 
em que não se exigem todas estas licenças: 
 
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do 
empreendimento. Essa licença aprova sua localização e concepção e atesta a viabilidade 
ambiental da obra; 
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento, ou 
seja, o início das obras, conforme planos, programas e projetos aprovados pelo órgão 
licenciador; 
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou 
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças 
anteriores. Essa licença estabelecerá medidas de monitoramento para a operação. 
 
 
A competência para o licenciamento ambiental é, em regra, dos Estados e dos 
municípios. Só será da União – por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e 
dos Recursos Naturais Renováveis, o IBAMA – em casos específicos. 
 
 
Conceito: impacto ambiental 
Pela definição do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), é 
considerado impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e 
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a 
segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as 
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. 
Comentário: literalmente, é o conceito normativo de impacto ambiental. Resulta 
de atividades humanas e afeta não apenas fauna, flora e recursos naturais, como 
também atividades sociais e econômicas e até aspectos estéticos ligados ao meio 
ambiente. 
 
 
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Alguns pontos adicionais sobre licenciamento ambiental: 
- o porte do empreendimento determina a exigência do estudo ambiental e sua 
abrangência (se local, regional ou nacional); 
- quanto maior o porte, maior o potencial de degradação e, portanto, pode 
haver a necessidade de EIA; 
- as externalidades socioambientais negativas (desmatamentos, remoção de 
populações, etc.) podem se concentrar na proximidade do empreendimento. 
É possível, inclusive, que o nível local (Município) receba pouco impactos 
positivos e que as externalidades positivas sejam exportadas para regiões 
bem distantes da obra. Um exemplo: as hidrelétricas nos rios amazônicos – 
Jirau e Santo Antônio (Porto Velho/ RO) e Belo Monte (Altamira/ PA) - 
cuja principal função é fornecer energia para os centros de maior consumo e 
produção, no Centro-Sul, que serão beneficiados com uma fonte renovável. 
 
 Conforme apresentamos, a PNMA, de 1981, trouxe previsões modernas que 
antecederam a Constituição, art. 225. 
Contudo, a Carta Magna é o fundamento jurídico para todo o ordenamento da 
matéria, conforme textoconstitucional e respectivos comentários, a seguir apresentados. 
 
Primeira Constituição do País com capítulo dedicado ao meio ambiente – 
Título da Ordem Social. 
 
Capítulo VI – Do Meio Ambiente 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê- lo e preservá- lo para as presentes e futuras 
gerações. 
Comentários: 
Conceito de desenvolvimento sustentável alçado a nível constitucional. 
Meio ambiente como bem de uso comum do povo. Ou seja, como direito difuso, 
direito coletivo. Exemplo: ar puro, biodiversidade, qualidade de vida urbana, 
manutenção de florestas nativas, como direito intergeracional. 
Meio ambiente como direito intergeracional. Uma frase retrata bem esse 
Princípio: a natureza não nos foi dada por nossos pais ou avós mas sim tomada de 
empréstimo a nossos filhos e netos. 
Equilíbrio do meio ambiente como condição para uma boa qualidade de vida 
 
 
Cabe à coletividade e ao Poder Público sua preservação. Porém, ao Poder 
Público cabem maiores responsabilidades, conforme a seguir. 
 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo 
ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão 
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
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Comentário: 
A implantação de unidades de conservação, o controle do desmatamento e 
políticas públicas para preservação da vegetação nativa em propriedades e posses 
rurais integram as principais medidas do Poder Público para atender os incisos I a III. 
 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto 
ambiental, a que se dará publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e 
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
 
Comentário: 
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA ou EIA) integra o processo de 
licenciamento ambiental, instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (a lei a 
que se refere o inciso IV). A Constituição exige a publicidade do EIA e que seja 
realizado sempre que a obra ou atividade seja potencialmente causadora de 
significativa degradação ambiental. Quem avalia o grau dessa degradação é o órgão 
licenciador do empreendimento, no âmbito do processo de licenciamento. 
A realização de audiência pública, convocada pelo órgão ambiental licenciador 
do empreendimento, conforme exige uma Resolução do CONAMA, vincula-se a essa 
exigência constitucional de publicidade. Busca expor aos interessados o conteúdo do 
EIA, para dirimir dúvidas e recolher dos presentes críticas e sugestões a respeito do 
estudo. 
 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da le i, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais a crueldade. 
 
Comentário: 
Educação ambiental e proteção à biodiversidade alçados a nível constitucional. 
Destaca-se a vedação a práticas que provoquem extinções das espécies ou crueldade 
contra animais. 
 
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio 
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público 
competente, na forma da lei. 
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão 
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o 
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização 
far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio 
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por 
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização 
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 
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É fundamental conhecer art. 225, CESPE cobra-o literalmente. Idem art. 170, a 
seguir:. 
 
Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social, observados os seguintes princípios: (…) 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de 
elaboração e prestação; 
 
 
A promulgação da Constituição de 1988 não está à origem, em realidade, de 
evoluções importantes no processo de gestão ambiental do Brasil uma vez que a Lei de 
Política Nacional de Meio Ambiente, de 1981, já definia os elementos essenciais, hoje 
observados, para formulação e para implementação da gestão ambiental no País. 
 Comentário: Ainda que PNMA tenha sido o esteio inicial da legislação 
ambiental, com a Constituição nascem os preceitos fundamentais (essenciais) para a 
gestão. Ainda, a Constituição iniciou evoluções muito importantes, como a 
responsabilização penal, administrativa e civil (§ 3º do art. 225) e a classificação de 
alguns biomas como patrimônio nacional, cujo uso só pode ocorrer sob condições que 
garantam sua preservação, na forma da lei (§ 4º). 
 
Mudanças climáticas: 
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima foi um dos 
principais acordos que resultaram da Conferência Rio 92, com o objetivo de enfrentar o 
quadro crescente de efeitos negativos associados a alte rações do clima, devido à 
emissão de gases de efeito estufa decorrentes da ação antrópica. 
Esses gases são dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), 
clorofluorcarbonetos (CFCs), hidrofluorcarbonetos (HFCs), e hexafluoreto de enxofre 
(SF6). O CO2 é o principal causador do efeito estufa, devido à sua grande emissão pela 
geração de energia a partir de combustíveis fósseis e por mudanças no uso da terra 
(queimadas e desmatamento). Quase 80% das emissões de CO2 relacionam-se a 
atividades humanas. 
 
Protocolo de Quioto: 
Em 1997, como resultado da 3a. Conferência das Partes da Convenção (COP), 
firmou-se o Protocolo de Quioto, o primeiro acordo a prever metas de redução da 
emissão de GEE, pelos países desenvolvidos (denominados Anexo I, em referência a 
um dos documentos da Convenção-Quadro). Por outro lado, os países em 
desenvolvimento (não Anexo I) não assumiram obrigações de reduzir suas emissões. 
Hoje, esse é um dos pontos mais discordantes e deve ser resolvido com um novo acordo 
climático, previsto para ser firmado até 2015, em que países emergentes se 
comprometerão a também reduzir emissões. 
Mas o fato é que os desenvolvidostêm uma contribuição histórica muito maior, 
já que iniciaram suas emissões com a Revolução Industrial. Isso fundamenta o princípio 
das responsabilidades comuns porém diferenciadas, e com base nessa contribuição, os 
em desenvolvimento deveriam ter menores obrigações. 
 
 
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As metas para as nações Anexo I: reduzir em torno de 5% suas emissões, com 
base nos níveis de 1990. Contudo, os EUA, maior emissor então (hoje é a China), não 
ratificou o Protocolo. Os compromissos de Quioto passaram a valer a partir de 2005, 
com a ratificação pela Rússia. A maior parte dos países do Anexo I não cumpriu suas 
metas. 
 
Mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL): 
Um dos instrumentos criados para fomentar o desenvolvimento de tecnologias 
mais eficientes (com menor emissão) pelos países em desenvolvimento foi o 
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Assim, os países não Anexo I 
desenvolvem projetos de MDL e a redução correspondente de emissões, proporcionada 
pelo projeto, é convertida em reduções certificadas de emissões (RCEs ou créditos de 
carbono) que são compradas pelas nações Anexo I. Em suma, em vez de reduzir suas 
próprias emissões, esses países podem comprar créditos de carbono, que são 
convertidos em metas de redução. 
Por exemplo, digamos que um projeto de MDL aproveite dejetos da suinocultura 
para geração de energia. Assim, graças ao projeto, em vez de serem emitidos GEE, 
como metano, esse gás é aproveitado para gerar eletricidade. Cada tonelada de 
equivalente de carbono decorrente do projeto será convertido na correspondente 
tonelada de crédito de carbono. Se um país do Anexo I adquire esse crédito, terá 
cumprido a meta de redução de uma tonelada de carbono equivalente. 
Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono corresponde a uma RCE, 
que pode ser negociada no mercado de carbono. 
 
Cenários para o Brasil: 
Entre os cenários de alteração climática que apontam maiores prejuízos 
socioambientais e econômicos ao Brasil, listam-se: i) o agravamento da escassez de 
oferta hídrica no Nordeste semiárido, no bioma Caatinga; ii) na Amazônia: perda de 
biodiversidade (extinção de espécies), substituição de florestas tropicais por savanas, 
desertificação e sanilização de terras agriculturáveis; iii) o aumento do nível do mar, 
com prejuízos às cidades costeiras. As estimativas constaram do quarto relatório do 
Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, de 2007. 
No último relatório divulgado pelo IPCC, em 2014, mantém-se a previsão de 
agravamento das secas no Nordeste. Além disso, o relatório prevê que importantes 
culturas, como cana e café, deverão migrar para áreas agrícolas mais aptas ao cultivo, na 
região Sul. 
 
Política Nacional sobre Mudança do Clima: 
A Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, instituiu a Política Nacional sobre 
Mudança do Clima, que estabeleceu o compromisso voluntário de reduzir de 36,1% a 
38,9% as emissões de GEE, até 2020, com base nos valores emitidos em 2005. 
Nesse sentido, o Brasil é um dos únicos países em desenvolvimento que 
assumiu, inclusive por meio de uma lei nacional, um ambicioso compromisso voluntário 
de redução. Para cumpri- lo, foram elaborados planos de mitigação e adaptação para os 
seguintes setores: energia, agricultura, indústria da transformação, mineração, transporte 
e mobilidade urbana e saúde. 
Comentário: 
Mitigação diz respeito a mudanças e substituições tecnológicas que reduzam o 
uso de recursos e as emissões de gases de efeito estufa e aumentem a absorção desses 
gases. 
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Adaptação, por sua vez, trata de ações que diminuam a vulnerabilidade dos 
sistemas diante dos cenários previstos para alterações climáticas. 
 
Planos de combate ao desmatamento como medidas de mitigação: 
Destacamos os Planos de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento 
na Amazônia Legal e no Cerrado, já que a Segunda Comunicação Nacional à 
Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima, feita em 2010 (com 
base em dados de 2005), informou que 77% de suas emissões originaram-se de 
mudanças no uso da terra e florestas, com destaque para desmatamentos na Amazônia e 
no Cerrado. Uma das principais ações dos Planos mencionados é a redução sustentada 
das taxas de desmatamento, em sua média quinquenal, em todos os biomas brasileiros, 
até que se atinja o desmatamento ilegal zero. O foco é reduzir o índice de desmatamento 
anual da Amazônia em 80%, até 2020. Na seção biomas, acrescentaremos dados acerca 
desse tema. 
Deve-se destacar, contudo, que de 2005 a 2010, segundo estimativas do 
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Brasil reduziu 76,1% de suas 
emissões de gases de efeito estufa em mudança de uso da terra (desmatamentos, 
conversão de áreas para agricultura, queimadas). Essa alteração relaciona-se a menores 
taxas de desmatamento na Amazônia, a partir de ações de controle e prevenção de 
desmatamentos. 
Os gráficos a seguir, elaborados pelo MCTI, indicam a variação das fontes de 
emissões brasileiras. Observa-se que, a partir de 2010, as contribuições dividem-se de 
forma muito semelhante entre os setores de mudanças do uso da terra (desmatamentos), 
energia e agricultura – em torno de 30% para cada um desses setores. 
No passado, até 2005, preponderavam as emissões por desmatamento. 
 
Obs.: CO2eq = equivalentes de gás carbônico. Refere-se a uma medida representada pela quantidade 
equivalente de gás carbônico, ou seja, todos os gases de efeito estufa emitidos são convertidos a um valor 
equivalente em CO2. 
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Principais Conferências da Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações 
Unidas Sobre Mudanças do Clima: 
 
- COP-15 (Copenhague, Dinamarca, em 2009): havia grande expectativa para a 
celebração de um novo acordo climático devido à expressiva presença de Chefes de 
Estado, incluindo Barack Obama – em seu primeiro mandato – e, pelo Brasil, Lula, que 
levou à Conferência um novo marco legal doméstico com ambiciosas metas de redução 
voluntárias de emissões de GEE; 
 
- COP-16 (Cancun, México, em 2010): celebrados os Acordos de Cancun, que 
representam um dos mais abrangentes compromissos assumidos pelos gvernos para 
ajudar as nações em desenvolvimento a lidar com a alteração do clima; 
 
- COP-17 (Durban, África do Sul, em 2011): Governos reconhecem a 
necessidade de um novo acordo multilateral legalmente vinculante, lançando assim uma 
nova plataforma de negociações para formulação desse novo acordo até 2015, com 
obrigações a serem cumpridas a partir de 2020. Decidiu-se também pela continuação 
dos compromissos do Protocolo de Quioto, em um segundo período, a partir de 2012; 
 
- COP-18 (Doha, Catar, em 2012): Reforçado o compromisso e elaborado o 
cronograma para formulação de um novo acordo vinculante; 
 
- COP-19 (Varsóvia, Polônia, em 2013) e a vindoura COP-20 (Lima, Peru, 
2014) têm como objetivo avançar ao máximo na formulação do novo acordo climático, 
para ser celebrado na COP-20 (Paris, França, 2015). 
 
- Próximas COPs: 
COP-20 (Lima, Peru): objetiva avançar na formulação do novo acordo a ser 
firmado na COP-20, em Paris. É uma negociação muito difícil pois os países 
desenvolvidos posicionam-se no sentido de exigir que países em desenvolvimento como 
China, Índia e Brasil – atualmente entre os maiores emissores mundiais – também 
assumam compromissos de redução de emissões. Contudo, as nações em 
desenvolvimento reforçam posição de que as maioresobrigações devem ser dos 
desenvolvidos, devido à sua contribuição histórica, com base no princípio das 
responsabilidades comuns porém diferenciadas. 
 
Algumas observações gerais sobre o tema das mudanças climáticas, conforme já 
cobrado pelo CESPE: 
- emissões de GEE causadas por desmatamento estão em torno de 1/3 do total 
emitido pelo Brasil. Energia (incluindo emissões pelo setor de transportes) e agricultura 
respondem, cada um, por aproximadamente 1/3 das emissões; 
- até muito recentemente (em torno de 2008), a maior parte das emissões 
brasileiras originava-se do desmatamento, quadro que se alterou a partir de medidas de 
controle do desmate na Amazônia, incluindo a criação de grandes áreas protegidas; 
- árvores renovam naturalmente o ar que respiramos ao retirar da atmosfera o gás 
carbônico e liberar oxigênio. Ainda, a vegetação atua como um “sumidouro” de 
carbono, ao estocá-lo nos tecidos vegetais localizados na parte aérea e nas raízes; 
- práticas agrícolas adequadas podem resultar em menores emissões de GEE, a 
exemplo do plantio direto; da recuperação de pastagens degradadas; da integração entre 
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lavoura, pecuária e florestas; do tratamento de dejetos animais, em especial na 
suinocultura; e no aumento da área de florestas plantadas. 
Logo, a atividade agropecuária tem contribuição significativa para as emissões 
brasileiras, e há grande potencial de redução de emissões pelo setor, adotadas as 
tecnologias preconizadas pela agricultura de baixo carbono. 
 
 
Uma observação geral, que relaciona proteção do solo e da vegetação com o 
regime hídrico e a atividade agrícola: 
O efeito direto da presença de vegetação nativa sobre o solo – o principal 
componente da agricultura – é protegê- lo de processos erosivos e melhorar sua 
estabilidade e estrutura. Em termos da ciclagem de nutrientes e retenção de água, solos 
protegidos por matas são significativamente melhores que solos desnudos, cujos 
componentes são facilmente carreáveis, perdendo-se nutrientes. Além disso, matas 
abrigam os componentes da biodiversidade, inclusive agentes polinizadores 
fundamentais para a produtividade em plantas cultivadas. Ainda, determinam o regime 
de nascentes e de cursos hídricos, ao permitir a infiltração de águas das chuvas, cujo 
ciclo também depende da presença da vegetação. Por esses motivos, florestas no interior 
de propriedades agrícolas deveriam ser consideradas como ativos estratégicos da 
unidade de produção agropecuária. 
 
Agricultura de baixo carbono: 
Ainda com enfoque na relação entre regime climático e proteção da vegetação 
nativa, tratemos das soluções que envolvem o setor da agropecuária, com destaque para 
o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), dado o potencial desse setor em 
reduzir emissões por meio da adoção de boas práticas agrícolas. 
A agropecuária, em virtude de sua dependência de fatores climáticos, é muito 
vulnerável às mudanças climáticas, distinguindo-se nesse aspecto dos demais setores da 
economia. Agrava esse quadro – que indica a importância de medidas de adaptação, ou 
seja, para reduzir sua vulnerabilidade – a posição estratégica da atividade para a 
segurança alimentar, assim como sua influência sobre a proteção da vegetação nativa 
localizada no interior de propriedades e posses rurais. 
Para a agropecuária, uma das principais medidas de adaptação relaciona-se ao 
desenvolvimento – por exemplo, por meio de melhoramento genético – de cultivares e 
de animais para criação adaptados às condições previstas nos cenários de alteração do 
clima. A título de ilustração, institutos de pesquisa agrícola, tais como a Empresa 
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), atualmente desenvolvem ou 
selecionam cultivares agrícolas mais tolerantes à deficiência hídrica, incluindo soja, 
algodão, amendoim, mamona e girassol. 
 
Desmatamento evitado (REDD): 
Uma das soluções que poderiam ser benéficas para o Brasil seria o mecanismo 
denominado Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), em 
especial o denominado REDD+, que promove, além da redução do desmate, incentivos 
econômicos para a manutenção de matas nativas e dos seus estoques de carbono. O 
REDD+ incorpora ainda o respeito aos direitos das comunidades locais e dos povos 
indígenas. 
No Estado do Acre desenvolve-se uma das primeiras iniciativas, com o apoio de 
ONGs como o WWF. As ações incluem o fortalecimento de cadeias produtivas 
comunitárias e o pagamento por serviços ambientais associados à conservação das 
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florestas. As comunidades que preservam esses recursos são recompensadas, inclusive 
financeiramente. 
Contudo, o REDD ainda não integra formalmente acordos internacionais sobre 
mudança do clima. Há contudo uma significativa sinalização nesse sentido, no âmbito 
das negociações da Convenção-Quadro, por meio das COPs. 
 
 
 
 Desenvolvimento na Amazônia 
 A partir da década de 1970, o País direciona mais investimentos ao modal 
rodoviário. Na Amazônia, a construção da Transamazônica (BR-230) reflete esse 
período. Hoje, é chamada por muitos de a estrada que liga “nada a lugar nenhum”. 
construída como uma das “obras faraônicas” do regime militar, atravessa a maior 
floresta tropical do planeta, com a consequente substituição de matas nativas por 
pastagens, fazendas e cidades, às suas margens, principalmente no Estado do Pará. No 
Amazonas, a floresta encontra-se mais preservada, devido à dificuldade de acesso. 
 Sua construção vincula-se a uma estratégia de segurança nacional para ocupação 
da Amazônia, incluindo a fracassada implantação de agrovilas por nordestinos 
flagelados pela seca, às margens da rodovia. 
 Atualmente, por meio do licenciamento ambiental e como parte das obras do 
PAC, destacam-se rodovias – todas construídas, porém sem asfaltamento – cuja 
pavimentação está prevista ou sendo executada: trecho de mil quilômetros da BR-230 
(Transamazônica); BR-163 (Cuiabá/ MT – Santarém/PA); BR-158 (nordeste do Mato 
Grosso em direção ao Pará); e BR-319 (Porto Velho/ RO – Manaus/AM). Esses projetos 
têm sido alvo de críticas em função da direta relação entre pavimentação e aumento de 
índices de desmatamento. 
 O fato é que a Amazônia permaneceu pouco impactada até o início da década de 
1970. Isso não significa que era uma região desocupada e prístina, pois mesmo a 
colonização Portuguesa estabeleceu ali o mercado de produtos extrativistas e um 
processo de ocupação para garantir a posse das terras. 
Contudo, a partir de 1958, com a instalação de grandes pólos minerários no 
Amapá e no Pará (que abriga uma das maiores províncias minerais do planeta, na Serra 
dos Carajás) e do projeto de ocupação patrocinado pelos militares – conforme 
mencionamos acima –, a região sofre intensa ocupação por atividades agropecuárias, o 
que resultou nos índices de desmatamento alarmantes registrados em meados da década 
de 1990. 
Hoje, a região é importante fornecedor de minérios em uma escala global, tem a 
maior taxa de crescimento do rebanho bovino (de 26 milhões de cabeças em 1990 para 
80 milhões em 2011), possui potencial hidrelétrico para suprir a crescente demanda 
energética das demais regiões e abriga aproximadamente 22 milhões de pessoas. 
Ao mesmo tempo, mantém cerca de 84% de sua vegetação nativa, onde vivem 
centenas de povos indígenas e populações tradicionais, abrigando a maior 
biodiversidade da Terra. 
Assim como na época do regime militar, perduram os assentamentos agrários. 
Até 2009, haviam sido criados em torno de 3.200 na Amazônia. Contudo, atividades 
neles desenvolvidas,como agricultura e exploração madeireira, respondem por 
significativa parcela do desmatamento e da degradação florestal. 
Veremos um pouco mais sobre a Amazônia ao estudarmos a seção Biomas. 
 
 
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Agricultura e impactos sobre o meio ambiente 
Ainda que a Revolução Verde (ou Agrícola) tenha aumentado a produtividade de 
alimentos, o crescimento populacional contínuo e a demanda maior por carne e grãos é 
um dos maiores desafios da humanidade. Por avançar sobre matas nativas, a produção 
de alimentos responde pela perda de biodiversidade. Há ainda aspectos ligados ao 
excesso de fertilizantes químicos e agrotóxicos. 
Além disso, a agricultura irrigada responde por considerável porção do uso da 
água. No Brasil, responde por quase 70% desse uso. 
Nossa agricultura, por outro lado, tem batido sucessivos recordes de produção, 
impulsionada pelo consumo crescente de grãos e carne na Ásia. 
Uma polêmica existe sobre o conflito entre produção de biocombustíveis e a 
segurança alimentar, incluindo sua influência nas altas dos preços de alimentos. 
Contudo, há ainda extensas porções de pasto degradado que podem ser ocupadas para o 
cultivo de plantas destinadas à geração de energia, como cana-de-açúcar e soja 
(principal planta utilizada no Brasil para produzir biodiesel). 
Nossa agricultura tem muito a avançar, em especial na criação animal, já que as 
pastagens de baixa produtividade ocupam 25% do território (e 76% das terras dedicadas 
à atividade agrícola), um total de aproximadamente 211 milhões de hectares. O aumento 
de eficiência na pecuária poderia liberar até 70 milhões de hectares para outros cultivos. 
 
Um aspecto importante é a crescente utilização de cultivos transgênicos, 
introduzida há apenas dez anos . A soja geneticamente modificada já responde por 
88% da produção; o milho, 60% e o algodão, 55%. A despeito dessa rápida 
incorporação ao mercado produtor interno, perduram incertezas sobre os impactos ao 
meio ambiente, à saúde humana e animal e à soberania dos produtores quanto às 
sementes utilizadas. 
O gráfico a seguir mostra a posição do Brasil na produção mundial de 
transgênicos (fonte: The International Service for the Acquisition of Agri-biotech 
Applications – ISAAA, 2009): 
 
 
 
Bens e serviços ecossistêmicos 
São considerados externalidades ambientais positivas, proporcionadas pelos 
bens e serviços prestados pela natureza. Diante da crescente escala de degradação dos 
ecossistemas, torna-se necessário alterar a forma como a sociedade valoriza esses bens 
(por exemplo, água) e serviços (por exemplo, recarga natural de aquíferos), que em 
geral são públicos, sem mercados nem preços estabelecidos. Logo, sua regulação é de 
extrema complexidade, mesmo quando próximos à exaustão. 
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As principais dificuldades associam-se à insuficiência de incentivos para que 
indivíduos ou grupos protejam o meio ambiente . Além disso, os serviços ambientais 
são comumente prestados de forma gratuita, a exemplo da ciclagem de nutrientes e da 
consequente fertilização dos solos. Assim, a perda ou degradação desses serviços com 
frequência ainda não é assimilada pelo sistema vigente de incentivos econômicos . 
Um dos casos mais críticos é o esgotamento de estoques de pescado marinho, 
decorrente da exploração excessiva, na ausência ou insuficiência de políticas de 
regulação. Como resultado, na maior parte do mundo houve uma redução de até 90% na 
massa total de peixes comercialmente exploráveis, desde que se iniciou a pesca 
industrial. No Brasil, a atividade pesqueira gera aproximadamente 850 mil empregos, 
com 75% desses trabalhadores na pesca artesanal. 
Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre 
produtividade do trabalho, evolução da produção e do emprego no período de 2000 a 
2009, indica que os setores mais destacados – agropecuária e indústria extrativa – 
dependem do uso intensivo de recursos naturais. 
 
Sustentabilidade ambiental e administração pública federal: 
O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão promove, em parceria com 
instituições como a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a adoção de compras sustentáveis. 
No âmbito da administração pública federal, há várias normas que buscam incentivar 
contratações de produtos e serviços que fortaleçam práticas de sustentabilidade e 
racionalização de gastos, com base nas seguintes iniciativas: Programa de Eficiência do 
Gasto Público (PEG); Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel); 
Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P); Coleta Seletiva Solidária; Projeto 
Esplanada Sustentável (PES) e Contratações Públicas Sustentáveis (CPS). 
A A3P, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, tem como eixos 
temáticos a gestão de resíduos, a licitação sustentável, a qualidade de vida no ambiente 
de trabalho, a sensibilização e a capacitação de servidores e o uso racional dos recursos. 
As CPS privilegiam bens e serviços que levam em consideração critérios 
ambientais, sociais e econômicos em todas as etapas do seu ciclo de produção e pode 
trazer efeitos significativos para a internalização dessas práticas pelos fornecedores, 
dado o volume de recursos das compras governamentais. 
 
 Recursos hídricos: 
 De acordo com a ONU, em torno de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água 
tratada. Cerca de 2,2 milhões de pessoas morrem a cada ano devido a doenças 
associadas à escassez ou à baixa qualidade hídrica, especialmente crianças em países em 
desenvolvimento. A Assembleia Geral da ONU declarou 2013 o Ano Internacional da 
Cooperação pela Água. 
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), o Brasil abriga 12% da água 
doce superficial do mundo. Cerca de 70% desse total encontra-se na bacia Amazônica. 
A região Nordeste detém menos de 5% das reservas, sendo a maior parte subterrânea, 
com teores de sais acima do tolerável para o consumo humano. Portanto, a distribuição 
das reservas hídricas superficiais concentra-se no Norte, com as demais regiões 
dividindo os restantes 30% das reservas: não é difícil entender o porquê dos riscos no 
abastecimento, sobretudo em anos de escassez de chuvas. 
Para superar essa realidade, abordaremos as principais soluções para garantir o 
fornecimento de água em seus usos múltiplos, de abastecimento humano e 
dessedentação animal, até uso agrícola e industrial, com breve estudo de caso sobre a 
crise de água nos estados da região sudeste, observado em 2014. 
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O Aqüífero Guarani é a principal reserva subterrânea de água doce da América 
do Sul e uma das maiores do mundo, ocupando uma área total de 1,2 milhões de km² no 
subsolo de Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil, com 2/3 desse total em nosso País. 
Em um exemplo de cooperação internacional, esses países formularam o Plano 
Estratégico de Ação para sua proteção ambiental. 
 
 A Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433, de 1997) incorporou o 
modelo de gerenciamento adotado na França a partir os anos 1960. Destacam-se como 
fundamentos dessa Política: 
- água como bem de domínio público e recurso natural limitado, dotado de valor 
econômico; 
- em situações de escassez, uso prioritário para consumo humano e a 
dessedentação de animais; 
- gestão voltada ao uso múltiplo. Ou seja, não se pode privilegiar determinado 
uso. Exemplo: priorizar geração hidrelétrica em detrimento de irrigação ou vice-versa; 
- gestão descentralizada, com participação do Poder Público, dos usuários edas 
comunidades. Para tanto, instituem-se os comitês de bacia hidrográfica; 
- bacia hidrográfica como unidade de planejamento. 
 
Os objetivos da Política incluem: 
- garantir qualidade e quantidade de água aos usos da atual e das futuras 
gerações (conceito de desenvolvimento sustentável); 
- uso racional e integrado; prevenção contra hidrológicos críticos (exemplo, 
enchentes). 
 
Dentre os instrumentos, destacam-se: 
- os Planos de Recursos Hídricos; 
- a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; 
- a cobrança pelo uso (nos casos em que houver outorga). A cobrança objetiva 
reconhecer a água como bem econômico, incentivar o uso racional e prover recursos 
financeiros para programas incluídos nos planos de recursos hídricos. 
 
 Em termos institucionais, destacamos: 
 - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, formado por representantes: dos 
Ministérios e Secretarias da Presidência da República que atuam com recursos hídricos; 
dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; dos usuários; das organizações civis; 
 - Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; 
- Comitês de bacia; 
- Agências de Água (secretária-executiva dos comitês que tiverem condição 
financeira para tanto); 
- Organizações civis de recursos hídricos. 
 
Crise hídrica na região sudeste, 2014 (tema do momento!) 
 
Em porção considerável do litoral e das regiões Sudeste e Nordeste, que abrigam 
70% da população, observam-se crises de abastecimento. Agravadas pela menor 
incidência de chuvas e aliadas a precárias políticas públicas, em especial quanto a 
planejamento, essas crises já ocorreram outras vezes. O quadro tende a se agravar em 
função de cenários de alterações climáticas globais, que alteram padrões de circulação 
atmosférica, interferindo no regime de chuvas. 
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Os fatores que se somam a isso, referentes à deficiente condução de políticas 
públicas, incluem: 
- desmatamentos em nascentes, mananciais e matas ciliares de cursos d´água que 
abastecem reservatórios hídricos, prejudicando a recarga dos aquíferos subterrâneos que 
mantêm os rios perenes; 
- loteamentos (de baixa e de alta renda) de áreas no entorno dos reservatórios, 
causando poluição hídrica e carreamento de sedimentos, diminuindo o tempo de vida 
desses reservatórios. Isso se deve, em geral, a uma precária política de ocupação e de 
ordenamento do solo, mas também se deve à especulação imobiliária de áreas 
ambientalmente sensíveis. Ver fotos a seguir, de loteamentos às margens de 
reservatórios, em São Paulo: 
 
 
 
 
Loteamentos de baixa renda (invasões) às 
margens da represa Billings 
 
 
 
 
Loteamentos residenciais às 
margens da represa de Guarapiranga 
 
- na ponta do consumo, em geral só nas crises de abastecimento se adotam 
medidas para estimular a economia de água. Fora desses eventos de escassez, não 
costuma haver sinalização econômica para incentivar o combate ao desperdício, por 
exemplo com bônus nas tarifas; 
- os índices de perda de água nas redes de abastecimento também são muito 
elevados, chegando a até 40% em alguns pontos do município de São Paulo. Para 
combater esse problema, atividades frequentes de manutenção e de troca de tubulações 
são necessárias. O desperdício aqui é de água tratada e não da água bruta (água que não 
passou pela estação de tratamento); 
- tomando ainda como exemplo o município de São Paulo (mas considerando 
que isso ocorre em muitos municípios), um dos principais reservatórios, a represa 
Billings, recebe as águas poluídas do rio Pinheiros. O custo para tratar água 
contaminada é de pelo menos dez vezes o custo de tratar uma água que provém de 
mananciais localizados em áreas protegidas com floresta; 
- áreas protegidas fornecem água para abastecimento humano em cidades como 
Rio de Janeiro, Tóquio e Nova Iorque. Um terço das cem maiores cidades do mundo 
dependem de águas cujos mananciais se encontram em unidades de conservação; 
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- em Nova Iorque, o custo de preservação dos mananciais hídricos da bacia de 
Catskills (localizada na região rural próxima à cidade), que fornece água para consumo 
humano da metrópole, é de US$ 1 a 1,5 bilhão. O abastecimento a partir um sistema de 
tratamento custaria entre US$ 6 e 8 bilhões, além de US$ 300 a 500 milhões anuais para 
operação do sistema. 
 
A crise de água observada neste ano de 2014 nos estados da região Sudeste não é 
fruto apenas da escassez de chuvas, mas também de deficiências na gestão do solo e da 
água, bem como na conservação da vegetação nativa que deveria proteger os 
mananciais que abastecem os reservatórios. São fatores que já haviam causado crises 
em anos anteriores, a partir da década de 1970. 
Portanto, sobretudo no que se refere a recursos hídricos, a proteção ao meio 
ambiente é fundamental para assegurar o fornecimento de água para abastecimento 
humano e para os múltiplos usos, na agricultura, na indústria, na geração de energia 
elétrica, no transporte hidroviário, dentre outros usos. Além disso, políticas públicas 
consistentes de planejamento, de manutenção das redes e de incentivo à economia de 
água. 
 
 
Obs.: Recomendados o estudo do especial publicado pelo jornal Folha de São 
Paulo, em matéria digital sobre a crise da água (dedicar especial atenção às seções 
“Líquido e incerto: o futuro dos recursos hídricos no Brasil” e “Gente demais: a maior 
metrópole brasileira chega ao limite”), disponível em: 
http://arte.folha.uol.com.br/ambiente/2014/09/15/crise-da-agua/ 
 
 
 
ICMS Ecológico 
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, cujo valor incorpora-se ao 
preço. Arrecadado pelos Estados e pelo DF. Segundo a Constituição, 25% do ICMS 
devem ser repassados aos municípios. Um quarto desse repasse deve ser feito conforme 
dispuser a lei estadual ou distrital. Assim, muitas unidades da federação vincularam esse 
repasse à critérios de preservação ambiental dos municípios, como por exemplo a 
criação de áreas protegidas. É o que se denominou “ICMS Ecológico”. 
O Paraná foi o primeiro estado a adotá- lo, na Constituição Estadual de 1989. 
Desde então, muitos Estados o fizeram. Atualmente, cerca de 14 UFs já têm o ICMS 
Ecológico. 
Cada Estado tem adotado critérios próprios, de modo a atender os interesses da 
população local (nos municípios), incluindo: implantação de unidades de conservação, 
proteção de áreas de manancial para abastecimento público de água, condições do 
saneamento ambiental (por exemplo, esgotamento sanitário adequado), existência de 
coleta seletiva de lixo, preservação de patrimônio histórico, áreas de reservas indígenas, 
entre outros. 
 
Pegada ecológica 
 A pegada ecológica corresponde à extensão (em hectares) das áreas produtivas 
necessárias para gerar produtos, bens e serviços que suportem o estilo de produção e 
consumo da sociedade. Pode ser calculada para um país, uma cidade, uma pessoa, um 
empreendimento. Estimativas apontam que a Terra não suportaria a pegada ecológica de 
sua população, se adotado o padrão de vida médio de um norte-americano. Para 
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diminuir a pegada ecológica, as soluções envolvem novos padrões de produção e 
consumo, redução de desperdícios e aumento da eficiência energética. 
 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, Lei nº 9.985, de 2000) 
 Uma das principais estratégias para proteção dos ecossistemas e da 
biodiversidade. Divide as unidades de conservação (UCs) em 2 grupos: 
 - proteçãointegral: objetivo é preservar a natureza. Ecossistemas livres de 
alterações causadas por interferência humana Admite-se apenas o uso indireto dos seus 
recursos naturais, à exceção do que previr a Lei do SNUC. 
 - uso sustentável: compatibilizar a conservação da natureza com o uso 
sustentável de parcela dos seus recursos naturais 
 
 
 
Alguns conceitos importantes do SNUC: 
recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os 
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora; 
 
conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e 
recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais ; 
 
plano de manejo: documento técnico de uma unidade de conservação, estabelece o seu 
zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos 
naturais. 
 
zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades 
humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar 
os impactos negativos sobre a unidade; 
 
corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando 
unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da 
biota. 
 
Compensação ambiental: 
Estabelecida pela Lei do SNUC, refere-se a recursos financeiros para compensar 
os impactos causados pela implantação de empreendimentos de significativo impacto 
ambiental. Logo, para obras e atividades cujo licenciamento exigir a elaboração de 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA). 
O cálculo da compensação dependerá do grau de impacto ambiental causado 
pela implantação do empreendimento. Essa avaliação é feita em bases técnicas, pelo 
órgão licenciador do empreendimento. Base: custo de implantação da obra. 
Os recursos devem ser direcionados à consolidação de unidades de conservação. 
 
O princípio que norteia a compensação ambiental é o Princípio do poluidor-
pagador. Devido aos impactos negativos causados por uma obra ou atividade, deverão 
ser destinados recursos financeiros para compensar tal dano ambiental. Não equivale, 
contudo, a “pagar para poluir”. 
Outro princípio importante é o do usuário-pagador como no caso, por exemplo, 
da cobrança pela utilização de recursos hídricos por uma indústria de bebidas. 
 
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INFRAESTRUTURA URBANA 
 
 Se o foco é no meio ambiente urbano e na melhoria da qualidade de vida, 
quando tratamos de infraestrutura urbana associada à questão ambiental, analisemos o 
quadro atual de saneamento básico e de mobilidade urbana. Há diversos outros aspectos 
relacionados a essa infraestrutura, tais como redes de telecomunicações e equipamentos 
públicos (escolas, hospitais, etc.), contudo nosso foco será saneamento básico, pela sua 
interface com o tema meio ambiente. 
 
 
 Lei nº 10.257, de 2001 (Estatuto da Cidade), art. 2º, inciso I: 
Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções 
sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: 
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, 
à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos 
serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; 
 
 
Saneamento básico 
Segundo a Lei nº 11.445, de 20007, que estabeleceu as diretrizes nacionais para 
o saneamento básico, esse se constitui de um conjunto de serviços, infraestruturas e 
instalações operacionais de: 
a) abastecimento de água potável; 
b) esgotamento sanitário; 
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; 
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. 
 
A pesquisa mais recente sobre saneamento básico foi divulgada pelo IBGE em 
2008 e é a referência principal para os dados aqui apresentados. Iniciemos pelo quadro 
mais desafiador, o acesso a serviços de esgotamento sanitário. 
 
Esgotamento sanitário: 
Em 2008, quase 2.500 municípios em todos os Estados não tinham rede coletora 
para esgotos. São Paulo era a exceção, com apenas um Município nesse rol. Nessas 
cidades residiam 35 milhões, ou seja, 18% da população brasileira, portanto mais 
vulnerável a doenças de veiculação hídrica, devido à ausência de rede coletora de 
esgoto. No Nordeste estavam 15,3 milhões dessas pessoas. No Norte, 8,8 milhões de 
pessoas sem rede de coleta de esgoto. 
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A proporção de municípios com rede de coleta de esgoto (55,2%) foi muito 
inferior à de municípios com rede geral de distribuição de água (99,4%), manejo de 
resíduos sólidos (100,0%) e manejos de águas pluviais (94,5%). 
Quando o recorte analisado é a proporção de domicílios conectados à rede 
coletora, os índices são ainda mais críticos: a média nacional é de apenas 44%. 
No recorte por unidades da federação, os únicos com mais da metade dos 
domicílios atendidos por rede geral coletora foram o Distrito Federal (86,3%); São 
Paulo (82,1%); e Minas Gerais (68,9%). 
 
 
Diante da inexistência de redes, a solução alternativa tem sido construir fossas 
sépticas. Ainda que não seja o ideal, isso reduz o lançamento dos dejetos em corpos 
d água. 
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Coletar adequadamente, via rede geral, não equaciona o problema. Esse esgoto 
precisa ser tratado, principalmente para proteger a qualidade dos recursos hídricos e 
evitar doenças como diarreia, provocada em geral pela presença de coliformes fecais na 
água. É uma das principais causas de mortalidade infantil. Entretanto, somente 28,5% 
dos municípios brasileiros fizeram tratamento de seu esgoto. Quando isso ocorre, o 
destino final são as estações de tratamento de esgoto (ETEs). 
A menor proporção de municípios com rede coletora (13,4%) e tratamento de 
esgoto (7,6%) encontra-se na Região Norte. 
 
Abastecimento de água: 
Dos 5 564 municípios brasileiros existentes em 2008, 99,4% tinham 
abastecimento de água por rede geral de distribuição. 
De 1989 a 2008, a região Norte foi a que mais avançou, com um aumento 
de 86,9% para 98,4% dos municípios com esse serviço. O Sudeste era a única 
região com todos os municípios abastecidos por rede geral de distribuição de 
água. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No recorte por domicílios, havia, em 2008, cerca de 12 milhões de 
residências sem acesso à rede de água, situação mais crítica na Região Norte, 
com 54,7% dos domicílios nessa situação. Um grande paradoxo, considerando 
que ali se encontram 70% da água superficial brasileira. 
 
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 Em saneamento, a qualidade hídrica é até mais importante que a 
quantidade. Segundo o IBGE, 87,2% dos municípios brasileiros distribuíam a 
água totalmente tratada, em geral a partir de estações de tratamento de água 
(ETAs). Contudo, em 6,2% dos mesmos a água era apenas parcialmente tratada 
e, em 6,6%, não recebia qualquer tratamento. 
Mais uma vez, destaca-se a situação crítica da região Norte, onde 20,8% 
dos municípios distribuíam água sem qualquer tipo de tratamento. A seguir, o 
Nordeste, com 7,9% de seus municípios nessa situação. 
 
 
 Drenagem pluvial: 
Sistemas de drenagem contemplam pavimentação de ruas, implantação 
de redes superficial e subterrânea de coleta de águas pluviais, dispositivospara 
controle de vazão e destinação final de efluentes. Busca-se regularizar o 
escoamento superficial e até mesmo promover a infiltração das águas pluviais no 
solo. Uma gestão inadequada resulta em alagamentos, inundações, processos 
erosivos e assoreamentos. 
A iniciativa privada praticamente não participa desses serviços, e sua 
quase totalidade é prestada pela esfera municipal. Logo, a política de manejo de 
águas pluviais é fortemente atrelada à gestão municipal do saneamento 
ambiental. 
No Brasil, de acordo com o IBGE, apenas 12,7% dos municípios 
possuíam, em 2008, dispositivos coletivos de detenção e amortecimento de 
vazão das águas pluviais urbanas. Sua função é atenuar a energia das águas e 
diminuir o carregamento de resíduos para cursos hídricos. 
 
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Sistemas de drenagem pluvial são fundamentais para prevenir desastres. 
De fato, as áreas de risco urbanas em geral situam-se em porções sem 
infraestrutura de drenagem ou em regiões de baixios sujeitas a inundações. 
 
 
 Manejo dos resíduos sólidos: 
 Conforme a Constituição, compete aos municípios a prestação de 
serviços de interesse local, como o gerenciamento dos resíduos sólidos, que 
incluem a coleta, a limpeza pública bem como a destinação final desses resíduos. 
Esse manejo pode exercer impacto considerável no orçamento das 
administrações municipais, podendo alcançar 20,0% das suas despesas. 
Como destino final, as opções são basicamente aterros sanitários, aterros 
controlados e vazadouras a céu aberto (lixões), em ordem de adequação 
ambiental. 
Nos aterros sanitários a disposição de resíduos sólidos no solo não causa 
danos ou riscos à saúde pública e à segurança, já que minimizam-se os impactos 
ambientais por meio de diversas técnicas, incluindo o confinamento dos resíduos 
sólidos à menor área possível, sua redução ao menor volume possível, assim 
como sua cobertura com camadas de terra, para evitar exposição. Instalam-se 
ainda sistemas para coleta e tratamento do chorume e dos gases produzidos, com 
a possibilidade inclusive de geração de energia. São 27,7% do destino dado ao 
lixo no País. 
O aterro controlado representa 22,5% do destino de resíduos. É um 
intermediário entre o aterro sanitário e o lixão. Seu mais grave problema é 
permitir que o chorume alcance o solo e, portanto, contamine águas 
subterrâneas, já que não possui sistemas de isolamento, captação e tratamento 
desse liquido poluente. 
No lixão, ocorre a mera deposição dos resíduos no solo, sem qualquer 
tratamento ou cobertura de solo para evitar sua exposição. Representam 50,8% 
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das unidades de destino final dos resíduos nos municípios brasileiros. 
 
A alteração dessa situação envolve a efetiva implementação da Política 
Nacional de Resíduos Sólidos, instituída por meio da Lei nº 12.305, de 2010. 
Essa norma representou um avanço em termos de marco regulatório, destacando-
se as seguintes previsões: 
- prevenção e redução na geração de resíduos; fomento a hábitos de consumo 
sustentável; 
- incentivo à reciclagem e à reutilização dos resíduos; 
- destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, com prazo de 4 anos para 
municípios se adequarem à lei, inclusive por meio do fechamento de lixões; 
- prazo para que Estados e Municípios elaborem planos de gestão de resíduos; 
- responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos, incluindo a 
logística reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo. 
 
O Brasil possui excelentes índices de reciclagem para latas de alumínio (97%) e 
para embalagens de agrotóxicos (quase 100%). 
 
Algumas observações adicionais sobre saneamento básico: 
- Aterros controlados e sanitários localizados no interior das cidades causam, em 
geral, graves impactos ambientais associados à atração de aves de rapina (como urubus), 
mau cheiro, presença de vetores de doenças (ratos, insetos), assim como o tráfico 
intenso de caminhões que transportam resíduos; 
- Empreendimentos que causam externalidades ambientais positivas na área de 
saneamento, por exemplo: estações de tratamento de esgotos, programas de despoluição 
de rios, implantação de aterros sanitários para resíduos sólidos, estações de tratamento 
de água. 
 
Mobilidade urbana sustentável: 
 
 Isto é São Paulo, a cidade do trabalho, o gigante de concreto armado que se 
torna dia a dia maior”, introduz o locutor de voz profunda e limpa da era do rádio 
enquanto passam imagens da multidão nas ruas a caminho do trabalho. “Porém, há 
dramas que não se podem ocultar. E, entre eles, a luta pelo transporte, o sofrimento 
diário com as filas, a espera angustiosa pelos ônibus que tardam – e eles não bastam, 
pois seu número não cresceu no mesmo ritmo vertiginoso da expansão da cidade”, 
continua ele. Poderia ser um retrato atual da maior metrópole do país. Mas é a São 
Paulo de 1952. (artigo: Como desatar esse nó, Revista National Geographic Brasil, 
Edição especial – Cidades Inteligentes, julho de 2013) 
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De 2001 a 2011, a frota das 12 principais regiões metropolitanas do país, (que 
incluem 239 municípios-satélite), cresceu 78%, num total adicional de 20,5 milhões de 
veículos. Manaus lidera esse ranking, com 142%, de crescimento, seguida por Belo 
Horizonte (108,5%), Distrito Federal (103,6%) e Goiânia (100,5%). 
Enquanto acelerou-se a compra de veículos, facilitada por questionáveis 
políticas econômicas, a demanda pelo uso do transporte coletivo também cresceu 
significativamente. A Prefeitura de São Paulo estima o crescimento em 86% dos 
usuários desse modal entre 2002 e 2011, que passou de 2,8 milhões de pessoas/ dia para 
5,2 milhões. Entretanto, a expansão da oferta de estações do metrô cresceu apenas 50% 
e somente uma nova linha foi construída. 
Uma possível solução, de menor custo em relação a metrôs (e com o mesmo 
efeito positivo de diminuição de emissões de GEE) seria a utilização de BRTs (da sigla 
em inglês bus rapid transit), que se popularizou a partir de 2000. Existem hoje mais de 
275 corredores (cerca de 4 mil quilômetros), em 154 cidades de cinco continentes, 
transportando 25 milhões de passageiros por dia. Em cidades como Bogotá (Colômbia), 
tornou-se o modal de preferência para 1,8 milhão de pessoas diariamente. 
As soluções para transporte coletivo incluem o uso diversificado de modais e a 
integração entre eles, incluindo sistemas sobre trilhos, como metrôs, trens e veículos 
leves sobre trilhos (VLTs), ônibus, ciclovias e sistemas de bicicletas públicas. São 
soluções urgentes, como têm demonstrado as manifestações nas ruas. 
Sob o aspecto ambiental, 80% da matriz energética do setor de transportes 
origina-se de combustíveis fósseis, o que aponta a importância do transporte cole tivo. 
O fato é que a opção pelo automóvel conduziu à paralisia do trânsito, com 
desperdício de tempo e combustível, além dos problemas ambientais de poluição 
atmosférica, emissão de gases causadores do efeito estufa e necessidade de novas áreas 
que poderiam ser dedicadas a espaços públicos como parques ecológicos urbanos. 
 
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BIOMAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mapa de Biomas continentais (IBGE, 2004) 
 
Segundo o MMA, 70% do território continental brasileiro estaria coberto por 
florestas e o Brasil abrigaria em torno de 30% das florestas tropicais do planeta.Com base na classificação do IBGE, que fundamenta-se no tipo de vegetação, há 
seis biomas continentais: a Amazônia, o Cerrado, a Caatinga, a Mata Atântica, o Pampa 
e o Pantanal. 
 
Amazônia: 
A Amazônia é o maior bioma brasileiro, abrangendo um território de 4.196.943 
km2 (IBGE, 2004). Insere-se na denominada Pan-Amazônia, região com cerca de 7,8 
milhões de km2 distribuída em nove países, a maior parte no Brasil (64%), no Peru 
(10%), na Bolívia e na Colômbia (6% cada). 
Na vegetação, predomina a Floresta Ombrófila Densa (42% do bioma), mas 
também há porções de Cerrado e Campos Gerais, tipos vegetacionais menos densos em 
relação à formação florestal. A porcentagem de florestas que permanece inalterada em 
cada estado é bastante diferente, variando de 23,82% no Maranhão a 92,84% no 
Amazonas. 
O conceito de Amazônia Legal difere do de bioma Amazônia. A Amazônia 
Legal inclui toda a região Norte, além de Mato Grosso, Tocantins e parte dos Estados de 
Goiás e do Maranhão. 
Cerca de 16% da Amazônia foram alterados por ação humana; desses, 3% 
encontram-se em recuperação (vegetação secundária, em crescimento) e os restantes 
dividem-se basicamente entre infraestruturas urbanas, pólos minerários e uso para a 
agropecuária. 
A bacia amazônica é a mais extensa bacia hidrográfica do mundo e estima-se 
que o bioma seja a maior reserva de madeira tropical do planeta. 
O bioma abriga a maior parte das unidades de conservação e dos povos 
tradicionais e indígenas brasileiros. O principal papel do bioma relaciona-se à regulação 
climática e à manutenção do Brasil como líder mundial em biodiversidade. 
 O controle do desmatamento no bioma amazônico pode contribuir 
significativamente para a redução das emissões de GEE. Ainda que existam muitas 
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incertezas a respeito do papel das florestas nesse sentido, associados à confiabilidade 
dos dados, no Brasil o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – uma 
instituição de excelência – realiza desde 1988 um levantamento anual do desmatamento 
na Amazônia Legal. Segundo o INPE, cerca de 16% das florestas da Amazônia já foram 
desmatadas. 
Ainda que os dados anuais de desmatamento produzidos pelo INPE indiquem 
tendências de queda nas taxas a partir de 2004-2005, a área total desmatada no período 
2005-2013 ainda é significativa, de cerca de 85 mil km2. 
 Há várias iniciativas para promover a diminuição e o controle dos 
desmatamentos na região, destacando-se as seguintes: 
 
A criação de áreas protegidas e o Fundo Amazônia: 
Uma iniciativa brasileira de contribuição para a redução de emissões e de 
degradação das florestas, objetiva captar recursos para projetos de combate ao 
desmatamento e de promoção da conservação e uso sustentável no bioma amazônico. 
É um fundo privado gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social (BNDES) que, para o período de 2008 a 2011, aplicará em torno de 
US$ 500 milhões em projetos para as iniciativas acima descritas. Logo, esse fundo é 
fundamental para apoiar a Política Nacional sobre Mudança do Clima e, em especial, o 
Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal 
(PPCDAM). 
Por meio do Fundo Amazônia, entre 2004 e 2008, foram homologados 10 
milhões hectares de Terras Indígenas e criados 25 milhões de hectares de áreas 
protegidas federais e outros 25 milhões de hectares de áreas protegidas estaduais, o que 
colocou o Brasil na liderança mundial na criação de espaços protegidos na última 
década, por meio do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA). 
 Poderão ser doadores indivíduos, empresas ou instituições interessadas em 
contribuir, em base voluntária, para a redução das emissões de carbono oriundas do 
desmatamento, incluindo os governos estrangeiros. O Governo da Noruega é o principal 
doador e condiciona suas doações – que poderão chegar a até 1,2 bilhão de reais – às 
efetivas reduções de emissões oriundas do desmatamento. 
 
 O Plano Amazônia Sustentável (PAS), do Governo Federal compreende um 
conjunto diretrizes, elaboradas a partir de um diagnóstico atual, com estratégias de 
desenvolvimento econômico a partir de 4 eixos temáticos: 1) Ordenamento Territorial e 
Gestão Ambiental; 2) Produção Sustentável com Inovação e Competitividade; 3) 
Infraestrutura para o Desenvolvimento; e 4) Inclusão Social e Cidadania. 
 
O regime de Concessões Florestais em florestas públicas objetiva fomentar um 
mercado de madeira legal na Amazônia, a partir do marco legal da Lei nº 11.284, de 
2006. Por meio de licitações, lotes de manejo florestal são concedidos por períodos que 
podem chegar a 40 anos. Para efetivar o regime, criou-se o Serviço Florestal Brasileiro, 
vinculado ao MMA. Contudo, as concessões pouco avançam, principalmente devido ao 
elevado custo de produção para os concessionários, em comparação com o mercado 
ilegal de madeira. Há ainda entraves burocráticos, relacionados à demora para realizar a 
concessão em unidades de conservação federais, como Florestas Nacionais. 
 
 
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Fonte: INPE 
 
 
Nos últimos dois anos, em especial desde a reforma do Código Florestal (atual 
Lei nº 12.651, de 2012) – que flexibilizou as obrigações de recomposição de áreas 
desmatadas e possibilitou a expansão agrícola em áreas antes protegidas – observa-se 
um pequeno aumento do desmatamento registrado pelo INPE na Amazônia, 
comparando a taxa de 2013 (5.891 Km2) com a de 2012 (4.571 Km2). 
 
 
Mata Atlântica: 
É o único bioma com lei específica para sua proteção, a Lei nº 11.428, de 2006 - 
Lei da Mata Atlântico, fruto da mobilização de ONGs que têm sua base de ação nessa 
região. 
É constituída por uma grande diversidade de formações florestais (Florestas: 
Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual e 
Ombrófila Aberta) e de ecossistemas como restingas, manguezais e campos de altitude. 
Essa diversidade de ambientes explica sua singular riqueza biológica. Originalmente, 
ocupava 1.300.000 km2 em 17 estados. Hoje, a vegetação nativa, segundo o MMA, 
reduziu-se a 22% de sua cobertura original, em diversos estágios de regeneração. 
Entretanto, somente 7% estão bem conservados em fragmentos acima de 100 hectares. 
Mesmo tão fragmentado, o bioma abriga cerca de 20.000 espécies vegetais (35% 
das espécies existentes no Brasil), com muitas plantas endêmicas (ou seja, só ocorrem 
naquele bioma) e ameaçadas de extinção. Devido a isso, a Mata Atlântica é prioritária 
para a conservação da biodiversidade mundial. Para a fauna, a situação é semelhante em 
termos de riqueza. 
No bioma vivem em torno de 120 milhões de pessoas, que respondem por 70% 
do PIB brasileiro, boa parte dele dependente de serviços prestados pela natureza, como 
o fluxo dos mananciais hídricos, a fertilidade do solo, a beleza cênica (turismo) e a 
proteção de encostas das serras. 
 Ainda que tenham ocorrido avanços na criação de áreas protegidas, a maior 
parte da vegetação nativa ainda permanece vulnerável. 
 
 
 
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Cerrado: 
Segundo maior bioma, ocupa uma área de 2.036.448 km2 (22% do território), 
estendendo-se sobre Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas 
Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Há 
ainda porções de Cerrado no Amapá, em Roraima, em Rondônia e no Pará. 
O bioma contém as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América 
do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco

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