Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ SERVIÇO SOCIAL EAD NEIDE LOSSO NAVE A IMPORTÂNCIA DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA NA QUALIDA DE VIDA DO IDOSO RIO DE JANEIRO 2018 NEIDE LOSSO NAVE A IMPORTÂNCIA DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA NA QUALIDA DE VIDA DO IDOSO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito obrigatório para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Prof.Orientador:TacianaLopesBertholi no RIO DE JANEIRO 2018 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela força, só ele sabe o que passei, durante todo esse tempo, sem ele não teria conseguido chegar até aqui. A minha família, tios Léa e Fred Wuensche, primos Ivna Wuensche e Emilia Aloiza, e em especial aos meus pais (in memoriam) Hercília e Décio, por todo o carinho e ajuda que me deram para que eu conseguisse vencer mais essa etapa. Agradeço á todos os meus amigos, Marta Mendes S. de Araújo, Rosângela, Emilia, Cosme Jorge, Iasodhara, em especial a Simone de Aguiar Rodrigues, que fez a minha inscrição no ENEM, e toda a sua família, por terem acreditado que seria possível nesta fase da vida, fazer uma universidade. Meus agradecimentos a minha professora orientadora, Taciana Lopes Bertholino, pela dedicação e ajuda para fazer este trabalho, e ao Governo Federal, pois como bolsista do programa Pró Uni, consegui realizar o sonho da minha graduação em Serviço Social. RESUMO NAVE, Neide Losso: A Importância do Centro de Convivência na qualidade de vida do idoso. Curso de Serviço Social. Universidade Estácio de Sá, 2018. O presente trabalho de conclusão de curso busca fazer uma análise sobre o processo de envelhecimento em nosso país, em todos os aspectos, seja biológico econômico e social. Com objetivo específico de compreender a importância do Centro de Convivência na qualidade de vida do idoso, em especial, o Lar Fabiano de Cristo, Casa Amigos Dedicados. Uma das formas em que o idoso se socializa é através dos Centros de Convivência, onde o idoso pode se desenvolver, fazer atividades, buscando diminuir a solidão, o sentimento de baixa autoestima, de incompetência e a falta de uma perspectiva de vida .Tentando atenuar esses sentimentos, o idoso procura este tipo de espaço, pois os mesmos, oferecem a oportunidade de envelhecer com dignidade, na busca do prazer de viver. Palavras-chave: Idoso, centro de convivência, qualidade de vida Sumário LISTA DE SIGLAS....................................................................................................... 6 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7 1 – O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL ........................................................ 9 1.1– O envelhecimento e suas demandas na sociedade .......................................... 13 1.2– Políticas públicas para o idoso .......................................................................... 16 1.3– Lar Fabiano de Cristo-Casa Amigos Dedicados ................................................ 23 1.4– O trabalho do assistente social no centro de convivência de idosos ................. 24 1.5– Centro de convivência e qualidade de vida do idoso ......................................... 26 2 – METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................... 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 39 ANEXO A – FOLHA DA BANCA ............................................................................... 46 ANEXO B - TERMO DE RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO DE AUTORIA 47 ANEXO C ATA DE DEFESA DO TRABALHOS MONOGRÁFICOS ........................ 48 LISTA DE SIGLAS CNAS-Conselho Nacional da Assistência Social COMDEPI- RIO- Conselho Municipal da Pessoa Idosa IBGE- Instituto Brasileiro de Estatística ILPI- Instituição de Longa Permanência LOAS –Lei Orgânica da Assistência Social MPSA- Ministério da Previdência e Assistência Social MDS -Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome OIT-Organização Internacional do Trabalho OMS- Organização Mundial de Saúde PNI-Política Nacional do Idoso SESC-Serviço Social do Comércio SUS- Sistema Único de Saúde UNESCO-Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. UPA-Unidade de Pronto Atendimento 7 INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é uma preocupação mundial. De acordo com Minayo e CoimbraJr (2002), o aumento da longevidade no Brasil, se deve aos seguintes avanços: ao controle de muitas doenças infectocontagiosas e geralmente fatais; a diminuição das taxas de fecundidade e a queda da mortalidade infantil [...]. Dados do Instituto Brasileiro de Estatística, (IBGE) dizem que no mundo, em 2050, um quinto da população será de idosos, isso acarretará sérios problemas na área de saúde, quanto na área econômica e social. Infelizmente na realidade brasileira os idosos se sentem inseguros, empobrecidos, com dificuldade de locomoção, acesso precário à saúde, à educação e a outros serviços. (JORNAL O GLOBO, 2014) Segundo Camarano (2004), algumas das políticas públicas que atingem atualmente este segmento da população, estão contribuindo para reduzir as desigualdades que marcam a vida desses indivíduos, ou a estão reforçando. Diante disto, vários dispositivos foram criados na Política Nacional do Idoso e no Estatuto do idoso, que busca combater os maus tratos e a discriminação. É importante uma maior divulgação dos Fóruns e Conselhos de idosos, para que essa faixa da população possa participar, e ter conhecimento de seus direitos. De acordo com Veras e Caldas (2004), para desenvolver este novo referencial é necessário a garantia da cidadania para todos, inclusive para aqueles que a ativeram e perderam. A partir da inclusão social é que teremos pessoas solidárias, cordiais e conectadas com tudo e todos. É a partir deste marco, que conseguiremos resgatar o idoso como valor para a sociedade. Neste sentido, o presente trabalho foi motivado pela experiência de estágio que realizei no decorrer de 2016 a 2017, durante o processo de observação das atividades com os idosos, no Centro de Convivência Lar Fabiano de Cristo, Casa Amigos Dedicados, localizado no Maracanã, Rio de Janeiro. O Centro de Convivência tem como foco, a promoção integral do idoso em situação de vulnerabilidade e risco social. 8 Surge como espaços coletivos de escuta e reflexão, que possibilita aos idosos investir em qualidade de vida. Todo o trabalho é voltado para a valorização da vida e a prevenção do rompimento do vínculo familiar e social. A partir da inserção dos idosos nas atividades e projetos do Centro de Convivência, Casa Amigos Dedicados, observou-se a melhoria da saúde cognitiva, física e emocional. Neste momento, vimos a necessidade de buscar um maior conhecimento sobre o assunto, realizando pesquisas e leituras sobre o tema. A metodologia a ser seguida neste trabalho é a pesquisa bibliográfica exploratória e documental, de análise qualitativa, respondendo a seguinte pergunta: Existe melhoria na qualidade de vida do idoso, através do Centro de Convivência?Assim, elaboramos o primeiro capitulo com os seguintes tópicos: o envelhecimento populacional, o envelhecimento e suas demandas na sociedade, políticas públicas para o idoso, o Lar Fabiano de Cristo-Casa Amigos Dedicados, onde a pesquisa foi realizada, o trabalho do Assistente Social no Centro de Convivência de idosos e Centro de Convivência e qualidade de vida do idoso. Com o objetivo específico de desvendar, o que leva o idoso a buscar este tipo de instituição, quais são as mudanças que ocorrem na vida do idoso ,depois de sua inserção na instituição, qual o papel do Serviço Social neste contexto, e a importância do centro de convivência na qualidade de vida do idoso. No segundo capítulo, trataremos da metodologia de pesquisa deste trabalho. A partir do que foi exposto, será apresentado os resultados da pesquisa, onde poderei concluir os meus questionamentos, pois tema é de grande importância para a sociedade contemporânea. 9 1– O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil será até 2025 o sexto país do mundo, com maior número de idosos. Dentro desta configuração, a população brasileira, vem crescendo assustadoramente no processo de envelhecimento. O mundo está mais velho. Conhecido por ser um país jovem, o Brasil tem ficado cada vez mais grisalho. O progresso científico, a biotecnologia, os métodos contraceptivos, a maior produção e o acesso a medicamentos, enfim, poderíamos elencar uma série de fatores que podem ter contribuído para o aumento da expectativa de vida. Mas esses não seriam fatores isolados, pois um processo ainda mais complexo aconteceu em poucas décadas, levando a velhice a um status até então inalcançado, promovendo mudanças na forma de ver e viver o envelhecimento: a visibilidade social.(CORREA, 2009, p.29). No entanto, o país não se estruturou para o aumento da população idosa. Existe uma desorganização social que envolve questões, desde familiares até previdenciárias. (Veras, 2013) A cada ano, o país tem mais de 700 mil pessoas com idade acima de 60 anos. Isso é algo novo, que os países desenvolvidos já enfrentam há bastante tempo e nesse caso, tiveram a chance de se estruturar. (Idem, 2013) Neste sentido, para Debert (2004), a perda dos papéis sociais, a pobreza e o preconceito, são marcas na velhice da sociedade moderna, na qual os velhos são abandonados a uma existência, sem nenhum significado. A análise do perfil da população de idosos no Brasil nos diz que: 87% dos idosos do sexo masculino chefiam as famílias; 72,6% trabalham 40 ou mais horas por semana e apenas 12,7% recebem rendimentos de um salário mínimo mensal. Mas no que se refere às mulheres, quase 20% vivem em casas de parentes; 18,5% não têm renda; 17,1% não têm autonomia para lidar com as tarefas do dia a dia e 8,3% não enxergam. Sobre os homens, 13,3%não conseguem desempenhar as tarefas do dia a dia, e os que não enxergam são 7,4%. (Camarano, 2004) Segundo Minayo e CoimbraJr (2002), no Brasil, a idéia que o idoso é um problema social, foi criado pelo próprio Estado, o que faz com que ele sofra abandono e descaso, pelos formuladores de política pública. Portanto o envelhecimento é vivido de modo diferente de uma pessoa para outra, de uma geração para outra e de uma sociedade para outra. A multiplicidade 10 de experiências nos convida a distinguir entre os elementos inerentes ao processo do envelhecimento e aqueles mais diretamente ligados às características do indivíduo, à dinâmica social e às políticas públicas vigentes. (Idem, 2002) É importante ressaltar que existem diferenças entre a velhice e o envelhecimento. Para Camarano (2004), o envelhecimento está aliado ao processo biológico, ao declínio da força física, devido às fragilidades psicológicas e comportamentais. Para Minayo e Coimbra JR (2002), nos livros de gerontologia, a velhice é considerada uma fase, em que os indivíduos devem se ajustar às mudanças provocadas pela falta da força física, as transformações físicas do corpo, á incapacidade de procriar, a morte do cônjuge, ao abandono do lar pelos filhos. A tendência contemporânea, é rever os estereótipos associados ao envelhecimento. A idéia de um processo de perdas tem sido substituída pela consideração de que os estágios mais avançados da vida são momentos propícios para novas conquistas, guiados pela busca do prazer e da satisfação pessoal. As experiências vividas e os saberes acumulados são ganhos que oferecem oportunidades de realizar projetos abandonados em outras etapas e estabelecer relações mais profícuas com o mundo dos mais jovens e dos mais velhos. (DEBERT, 2004, p.14). O entendimento do que é o envelhecimento, e as suas implicações, tiveram início nas civilizações antigas. Segundo Peixoto (2007), na França, no Século XIX, a velhice era caracterizada pelas pessoas que estavam fora do mercado de trabalho, não eram mais produtivas, e consequentemente, não podiam assegurar um futuro financeiro, dependiam do auxílio do Estado para sobreviver. Enquanto o idoso, eram pessoas mais bem-sucedidas socialmente, tinham uma situação econômica estável. Hoje temos uma polêmica a respeito do critério para ser chamado de “velho”. Seria a questão da idade, ou o enfraquecimento da força física? A questão, no caso, é quanto ao conteúdo do conceito de “idoso”, cuja referência imediata costuma ser características biológicas. O limite etário seria o momento a partir do qual os indivíduos poderiam ser considerados “velhos”, isto é, começariam a apresentar sinais de senilidade e incapacidade física ou mental. Porém, acredita-se que “idoso” identifica não somente indivíduos em um determinado ponto do ciclo de vida orgânico, mas também em um determinado ponto do curso de vida social, pois a classificação de “idoso” situa os indivíduos em diversas esferas da vida social, tais como o trabalho, a família etc. (CAMARANO 2004, p.5). 11 Portanto, para Neri (2006), a velhice è considerada um processo dinâmico, onde se perde a força física, mas mesmo assim, as pessoas podem ser produtivas e ativas. Prosseguindo, para Beauvoir (1990), as qualidades que são atribuídas aos “velhos”, são de uma forma negativa, onde eles são definidos como pessoas em situação de declínio físico e social, mas também compreendem a velhice como uma totalidade biossociocultural. Segundo os autores, devemos largar mão do preconceito, quando falamos na velhice, devendo ser retirada do contexto social, toda ou qualquer ideia pré- concebida a respeito da vulnerabilidade do idoso. O importante, é que sejam utilizados todos os recursos possíveis, para que os indivíduos se adaptem ao processo de perda, e que mesmo na velhice, possa existir alegria de viver. No que se refere à saúde, Veras (2003) nos fala,que as doenças dos idosos de um modo geral são crônicas e múltiplas, persistem por vários anos e precisam de um acompanhamento constante, cuidados permanentes, medicação contínua e exames periódicos. Mas a presença de algumas doenças crônicas, não impossibilita ao idoso gerir sua própria vida e encaminhar o seu dia a dia de maneira independente. (Idem, 2001) Para Minozo (2012), o crescimento no número de idosos em nossa sociedade, faz com que aumente também, o número de idosos acometidos por depressão. Colaboram para isso, o aumento da viuvez, as perdas, a falta de opções de lazer, o empobrecimento na velhice e as difíceis relações familiares. De acordo com dados do IBGE, o custo de uma internação, devido ao avanço da idade é de $93 por idoso, compreendido na faixa etária entre 60 a 69 anos, e na faixa entre 80 anos ou mais, o valor é de $ 179. O homemidoso apresentou em 2006, um custo per capta maior de $135, no valor da internação, do que a mulher, $100. Quanto a isso, Veras (2013), declara que o idoso não deve ser tratado como uma pessoa jovem. As doenças nessa época da vida passam a ser agudas e o tratamento fica caro. Se houver acompanhamento e ações preventivas, será possível obter qualidade de vida e reduzir os custos. 12 De acordo com Netto (2004), na velhice, existem pessoas com saúde e pessoas doentes, na verdade o que já existia era uma pré-disposição para uma determinada doença. Porém com o aumento da longevidade, as doenças vão se agravando. [...] o Sistema Único de Saúde (SUS), não está preparado para assistir adequadamente esta população. Existe deficiência no número de profissionais, na estrutura física, e na rede de exames complementares, o que ocasiona demora no atendimento e a piora do quadro clinico. (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2014) Consequentemente, os mais velhos são levados para as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em situação mais grave, com indicação de internação hospitalar. Se o atendimento fosse realizado no momento certo, este quadro poderia ser evitado. (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2014) Neste sentido, Veras e Caldas (2004), declaram que se faz necessário desenvolver modelos de atenção à saúde do idoso que superem as práticas tradicionais, pois o atendimento que lhes é oferecido geralmente se limita ao tratamento clinico de doenças. A concepção de que velhice seja sinônimo de doença deve ser mudada, onde a última etapa da vida pode ser mais produtiva. […]as novas possibilidades de comunicação, de viagens, de participação grupal, de ampliação da cultura, do cultivo de diferentes formas de lazer permitem também uma existência mais saudável. Mesmo nos bairros e nas condições em que vivem os mais pobres, é possível dar um novo sentido e articular atividades de encontro, comunicação e afeto. Para tudo isso, é importante mudar a idéia de que velhice é doença, substituindo-a por uma nova visão de um tempo no qual se pode optar com menos constrangimentos pelo rumo que se quer dar a esta última etapa da vida, produzindo dela uma síntese criadora. (MINAYO e COIMBRA JR, 2002, p.24) Segundo os autores, é preciso construir uma imagem mais positiva do idoso, não podemos ressaltara penas, os aspectos negativos do envelhecimento. Devemos refletir que o envelhecimento faz parte da vida, é natural, pois acontece desde o momento em que nascemos. Portanto, segundo as afirmações apontadas pelos autores discutidos aqui, o importante seria procurar viver bem cada fase, tirando o melhor de cada idade. 13 1.1– O envelhecimento e suas demandas na sociedade Estudos mostram que a velhice afeta o grupo familiar, pois em muitas das vezes, ela não é vista como uma das melhores fases da vida, e sim um “problema”. No imaginário social a velhice sempre foi pensada como uma carga econômica, seja para a família, seja para a sociedade, e como uma ameaça às mudanças. Essa noção tem levado as sociedades a subtraírem dos velhos seu papel de pensar seu próprio destino. No entanto, nunca faltaram exceções a tais práticas, o que pode ser exemplificado com o reconhecimento pelas sociedades indígenas da figura do pajé ou xamã ancião ou, nas sociedades ocidentais, dos poderosos, ricos e famosos quando gozam de saúde física, mental e econômica. As exceções, porém, não podem esconder as grandes dificuldades socioeconômicas que os idosos, particularmente os pobres, sofrem nos mais diferentes contextos de vida. Por isso mesmo, a velhice é por eles auto-assumida como ‘problema’, na mesma medida em que sofrem por causa dela e o imaginário social assim a define. (MINAYO e COIMBRA JR, 2002, p.17). Por isso, na família, é cada vez maior o número de pessoas, que em idade avançada são colocadas em instituições de longa permanência (ILPI). onde a realidade está muito abaixo das condições necessárias para um envelhecimento saudável. A dependência precisa ser reconhecida como uma importante questão de saúde pública. Seu impacto sobre a família e a sociedade não pode ser subestimado. No Brasil, a Política Nacional de Saúde do Idoso (Brasil, 1999), reconhecendo a importância da parceria entre os profissionais de saúde e as pessoas que cuidam dos idosos, aponta que essa parceria deverá possibilitar a sistematização das tarefas a serem realizadas no próprio domicílio, privilegiando-se aquelas relacionadas à promoção da saúde, à prevenção de incapacidades e à manutenção da capacidade funcional do idoso dependente e do seu cuidador, evitando-se assim, na medida do possível, hospitalizações, asilamento e outras formas de segregação e isolamento. (CALDAS, 2003, p.776). Segundo Costa e Mercadante (2013), a questão que deve ser levantada, é sobre o afastamento do indivíduo asilado do mundo exterior. A partir do momento que a pessoa deixa sua própria residência, não deixa apenas seus bens pessoais, mais o significado de uma vida inteira, o que causa um impacto muito grande no emocional do internado, que precisa se adaptar à nova vida. Essa nova realidade, condicionada pelas instituições, provoca mudanças no comportamento dos internos, podendo distorcer sua identidade, afetando a sua individualidade. (Idem, 2013) 14 O Estatuto do Idoso trouxe legislação específica, visando o direito do idoso. No seu artigo art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito, à convivência familiar e comunitária. A família tem obrigação no cuidado do idoso, caso não o faça, responderá criminalmente, Capitulo III artigo 244 do Código Penal. De acordo com Camarano (2004), a família é vista como fonte direta de apoio informal para a população idosa, em vários países, ela aparece como a única possibilidade de apoio. Segundo Caldas, (2003) embora em diversas culturas,o relacionamento entre a família e o idoso seja diferente, na sociedade moderna, a interação entre as gerações é um importante fator de construção social. Segundo Minayo e CoimbraJr (2002), existem idosos, cujas famílias são muito pobres, e não podem oferecer o cuidado adequado. Outros têm familiares que precisam trabalhar e não podem fazê-lo em nenhum horário, ou deixar o mercado de trabalho para cuidar deles. Fora isso, existem idosos que perderam o contato com as famílias ao longo dos anos. Por isso, nem sempre a família é sinônimo de cuidado e proteção. Muitos argumentos, em favor da obrigação que os filhos têm de cuidar dos pais, são baseados na crença de que existe um bom relacionamento entre as gerações. Essa teoria pode ser facilmente refutada pela existência de conflitos permanentes, por situações de abandono do lar por um dos cônjuges e desarmonia familiar, devido a incompatibilidade de personalidades, de valores e de estilos de vida entre os jovens e os mais velhos. (Idem,2002) Os modelos tradicionais das funções familiares parecem estar se desmontando diante das mudanças sociais, econômicas e demográficas. Como resultado, temos a mudança dos valores culturais em relação aos idosos em geral e ao cuidado familiar do idoso em particular. (Idem, 2002) Mas atualmente, existem novas formas de relacionamento familiar. De acordo com Camarano (2004), os jovens vêm adiando a idade de sair da casa dos pais, pois os filhos passam mais tempo economicamente dependentes, 15 devido à instabilidade do mercadode trabalho, ao maior tempo na escola e à maior instabilidade das relações afetivas. [...] os rendimentos da população idosa situam-se num patamar mais elevado que o da população jovem. Por exemplo, entre os homens o mais baixo rendimento percebido pela população idosa foi o do grupo que tinha mais de 80 anos e era maior do que o recebido pela população menor de 25 anos. Já o grupo de 60 a 64 anos tinha uma renda mais elevada que a população menor de 40 anos. É a sua maior renda relativamente à dos mais jovens, o que tem propiciado aos idosos maior capacidade de oferecer suporte familiar. (CAMARANO, 2004, p.61) Existem dois fluxos de apoio muito importantes sobre a situação de dependência do idoso com relação à família; o ascendente que são os filhos adultos para os pais idoso, e igualmente importante, no sentido descendente, de pais idosos para filhos adultos. (Idem, 2004) Em famílias pobres, aaposentadoria do idoso virou um importante meio de sobrevivência familiar; em alguns casos, ele não tem o poder de decidir sobre a renda que recebe o que configura violação de seus direitos. A necessidade econômica ou o desejo de não se tornar inativo têm ajudado a promover outras possibilidades de vivência da aposentadoria que, presentemente, é um importante meio de sobrevivência de diversas famílias sustentadas por idosos, além de constituir questão preocupante para alguns especialistas, os quais acreditam ser necessária uma preparação adequada para entrar nessa nova fase da vida.(CORREA, 2009, p.44). De acordo com Caldas (2003), a conquista de renda, através da Constituição Federal de 88, não resolveu o problema do idoso dependente, pois com seus ganhos, o idoso muitas vezes é quem sustenta a família e com isso, a renda fica abaixo da linha de pobreza. Embora a expectativa do idoso seja de que seu filho adulto o ampare na velhice, esse modo de pensar tem sofrido mudanças em nossa sociedade. Segundo Minayo e CoimbraJr. (2002), é preciso acompanhar essas mudanças com programas e serviços para o idoso. Tais recursos se fazem necessários, pois muitos idosos isolados, dependentes e abandonados necessitam de outras opções do que à assistência familiar. Ainda de acordo com o autor, em muitos países, existe certa apreensão quanto à possibilidade de ao se oferecer alternativas públicas isso contribua para legitimar e encorajar o abandono das responsabilidades pela família. 16 É preciso que o Estado possa garantir aos cidadãos de qualquer idade os seus direitos sociais, e que ele reconheça que se faz necessário implantar estruturas de apoio aos idosos e suas famílias, por meio de uma parceria entre governo, comunidade local, vizinhança, ONGs, setor privado e organizações religiosas. 1.2– Políticas públicas para o idoso A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica nasceu nos Estados Unidos, rompendo com a tradição européia de estudos e pesquisas nessa área [...]. (Souza, 2004). Ainda de acordo com o autor, os estudos na época se concentravam mais na análise sobre o Governo e suas instituições, do que propriamente na produção dos governos. A política pública pode ser entendida como, o campo de conhecimento que busca, simultaneamente, “colocar o governo em ação” ou analisar essa ação (variável independente) e, quando possível, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente). (Idem ,2004) No século XX o envelhecimento da população foi uma das principais conquistas sociais, trazendo vários desafios para as políticas públicas. Uma das preocupações, é que o desenvolvimento econômico e social possa oferecer um patamar econômico que garanta o mínimo de dignidade humana, e a equidade entre os grupos etários, na partilha de recursos, direitos e responsabilidades sociais. (Camarano, 2004) Inicialmente as políticas eram voltadas para a filantropia, mas diversas iniciativas foram mudando essa visão ao longo do tempo. Neste sentido para Debert (2004), a gestão da velhice foi considerada por muito tempo, como esfera privada e familiar, sendo uma questão de previdência individual ou de associações filantrópicas, mas ela se transformou em uma questão pública. O grupo populacional idoso é, em geral, considerado um grupo vulnerável, alvo, portanto, de políticas públicas específicas. Isso se deve ao fato de se reconhecer que ele não participa do processo produtivo e, consequentemente, não tem renda e apresenta incapacidades físicas e mentais causadas pela idade, ou seja, acredita-se que é um grupo que tem 17 a sua autonomia comprometida pela falta de renda e/ou de saúde. (CAMARANO, 2004, p. 139) O marco inicial para o estabelecimento de uma agenda internacional de políticas públicas para o idoso foi a Assembleia Mundial sobre o envelhecimento ocorrida em Viena, em 1982. Segundo Camarano (2004), essa assembleia se tornou o primeiro fórum global intergovernamental sobre a questão do envelhecimento da população, que resultou na aprovação de um plano global de ação. Foi considerado um avanço, pois até então a questão do envelhecimento não era foco das assembleias gerais, e tão pouco de nenhuma agência especializada das Nações Unidas. A questão era tratada de forma marginal pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e pela Organização para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), como parte de suas atividades especializadas. (Idem, 2004) A Carta de Viena materializou a preocupação de se ter um planejamento, no que diz respeito a política voltada para o idoso. São instituídas 66 medidas referentes á sete áreas: saúde e nutrição, proteção ao consumidor idoso, moradia e meio ambiente, família, bem-estar social, previdência social, trabalho e educação. (Idem, 2004) Ao longo da década de 90, os idosos foram considerados em outros fóruns das Nações Unidas [...]. (Idem, 2004) Em 1991, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou 18 princípios em favor da população idosa, que foram agrupados em cinco grandes temas: independência, participação, cuidados, auto realização e dignidade. (Idem, 2004) A Assembleia Geral da ONU de 1992 aprovou a Proclamação sobre o Envelhecimento, que estabeleceu o ano de 1999 como o ano Internacional dos Idosos. (Idem, 2004) Ainda segundo a autora, gradativamente a visão do idoso, visto como um subgrupo social vulnerável e dependente foi sendo substituída por um segmento populacional ativo e atuante, que deve ser incorporado na busca pelo bem-estar de toda a sociedade. 18 Vinte anos se passaram entre uma assembleia e outra; foram acompanhadas por profundas mudanças no plano social, econômico e político dos países. (Idem, 2004). Segundo Veras e Caldas (2004), em abril de 2002, na Segunda Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, realizada em Madri, foi aprovado o PIAE – Plano Internacional de Ação sobre o Envelhecimento. O documento foi firmado entre todos os países membros das Nações Unidas e representa, portanto, um compromisso internacional em resposta ao rápido envelhecimento da população mundial. A expectativa, é que o plano exerça uma ampla influência nas políticas públicas, dirigidas para a população idosa. O Plano de Madri é um documento amplo que contém 35 objetivos e 239 recomendações para a adoção de medidas dirigidas aos governos nacionais, mas insistindo na necessidade de parcerias com membros da sociedade civil e setor privado para a sua execução. Destaca-se, também, a importância da cooperação internacional. Cabe aos governos explicitar as parcerias no processo de implementação do plano, estabelecendo as responsabilidadesde cada parte e as do próprio governo. (CAMARANO, 2004, p.260). A grande contribuição do Plano de Madri é oferecer um instrumento prático, que auxilie os responsáveis pelas formulações das políticas públicas no que se refere às prioridades básicas do envelhecimento dos indivíduos e das populações. (PLANO DE AÇÃO INTERNACIONAL PARAO DESENVOLVIMENTO, 2002) No Brasil, surgem ações para a efetivação da cidadania da população idosa, como a Constituição Federal de 1888. Foi no cenário da transição democrática entre a ditadura militar de 1964 e a democracia consolidada legal e formalmente na Constituição de 1988, que se desenvolveu uma mudança no paradigma dos direitos da pessoa humana, inclusive para a pessoa idosa. (Faleiros, 2008) Além disso, vários movimentos sociais ganharam força neste período. As Associações de Aposentados e Pensionistas tiveram participação ativa na Constituinte, fazendo pressão junto ao Congresso, e por conta disso, conseguiram algumas vitórias para o segmento. (Machado, 2007). A Constituição de 1988, chamada de Constituição Cidadã, efetivou garantias de direitos aos cidadãos. Vários de seus artigos são dedicados ao direito. 19 No artigo 1º da Constituição federal de 1988, inciso III, se apresenta fundado dignidade humana, e no artigo 3º, diz que a República deve promover o bem de todos, sem preconceito, discriminação devido à idade. Todos esses artigos compreendem que o cidadão é um cidadão de direito, direito este, garantido pela Constituição. No que tange especificamente ao idoso, há vários artigos, no sentido de respeito aos seus direitos. Os artigos encontram-se com o Título de Ordem Social. No artigo 229, diz que filhos maiores devem ajudar a amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade, bem como está contemplado no artigo 230, diz que a família, a sociedade e o Estado, têm o dever de amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade, defendendo a sua dignidade e bem- estar, onde é garantido o direito à vida. Dando continuidade, no §1º todos os programas de amparo ao idoso serão exercidos preferencialmente em seus lares. E no § 2º- aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos. Todos estes artigos vieram contemplar a importância, no que se refere a proteção dos direitos do idoso, perante o Estado e a família, podendo esta, ser responsabilizada criminalmente, caso isto não ocorra. Segundo Correa, (2009) os maus tratos na família, no comércio, nos transportes públicos, e nas ruas, são mais comuns do que se imagina. Muitas das ocorrências são silenciadas pelo idoso por medo ou culpa, e pelo não conhecimento dos seus direitos. A Constituição de 1988 consagrou o surgimento de muitas leis a favor do idoso. Como a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei nº 8743 / 93 que regulamentou os artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 88. De acordo com Okabayashi(1998), a universalização dos direitos sociais está presente na Loas (cap.II, seção I), com o benefício de prestação continuada, no valor de um salário mínimo pago a pessoa portadora de deficiência e ao idoso, que possa comprovar não ter condições de sobrevivência, e nem sua família possa prover a sua manutenção, sendo assim, a assistência é um direto do cidadão. 20 Para efeitos legais, a família que possui renda mensal per capta inferior a ¼ um quarto) do salário mínimo (§ 3º do art.20) é considerada incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa para a inclusão no benefício, é necessário completar 65 anos, conforme o Estatuto do Idoso de 2003.Dessa forma, se efetiva a proteção, e a garantia de renda aos idosos mais pobres. (Faleiros,2007). Assim, a Assistência Social se consolida como política de direito. Prosseguindo, temos outras ações que foram lançadas pela da Constituição Federal, em benefício da população idosa, a Política Nacional do Idoso (PNI). [...] foi aprovada em 1994 (Lei 8.842) a Política Nacional do Idoso (PNI). Essa política consiste em um conjunto de ações governamentais com o objetivo de assegurar os direitos sociais dos idosos, partindo do princípio fundamental de que “o idoso é um sujeito de direitos e deve ser atendido de maneira diferenciada em cada uma das suas necessidades: físicas, sociais, econômicas e políticas”. Para a sua coordenação e gestão foi designada a Secretaria de Assistência Social do então MPAS, atualmente Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Foi criado, também, o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI), que veio a ser implementado apenas em 2002. (CAMARANO, 2004, p.269). A Lei dispõe dos seguintes artigos: I - A família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; II - O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; III - O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; IV - O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política; V - As diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta Lei. (Lei nº 8.842/1994. 21 De acordo com Camarano (2004), as principais diretrizes da PNI consistem em incentivar e viabilizar formas de cooperação junto as organizações que representam os interesses dos idosos, no que concerne na formulação, implementação, e avaliação das políticas, planos e projetos; procura privilegiar o idoso que se encontra em situação de vulnerabilidade por sua própria família, em detrimento ao atendimento asilar. A PNI também estabelece as competências das entidades e órgãos públicos. A implantação dessa lei estimulou a articulação e integração dos ministérios envolvidos13 na elaboração de um plano de ação governamental para integração da PNI no âmbito da União. A operacionalização da política bem como das demais ações empreendidas no campo assistencial ocorre de forma descentralizada, através de sua articulação com as demais políticas voltadas para os idosos no âmbito dos estados e municípios e na construção de parcerias com a sociedade civil. (CAMARANO, 2004, p.265) Segundo Faleiros (2007), não há dúvida da consolidação dessa Lei de Proteção ao Idoso, no que se refere à velhice digna e protegida, como também, no que diz respeito aos direitos individuais e coletivos da pessoa. Portanto, para Nunes (2000) é de fundamental importância que se mantenham nos estados e municípios, Fóruns Permanentes de Implementação da Política Nacional do Idoso, garantindo a articulação das ações programáticas e a participação de entidades de terceira idade. Outro documento importante é o Estatuto do Idoso. Foi sancionado pelo Congresso Nacional o Estatuto do idoso em 2003, vigente desde 1 janeiro de 2004, tem como objetivo regulamentar os direitos das pessoas idosas em várias esferas e dimensões. (Camarano, 2013) A lei conta com 118 artigos que falam de questões especificas na área dos direitos fundamentais e das necessidades de proteção aos idosos, visando reforçar as diretrizes que estão contidas na PNI. (Camarano, 2004) Os três primeiros artigos relatam os direitos assegurados ao idoso. Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta)anos. Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e 22 facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Diante disto, Ceneviva (2004), nos fala que depois de sete anos de tramitação no Congresso Nacional, o Estatuto do Idoso foi a provado em 2003, com o intuito de elaborar normas, no que diz respeito ao direito do idoso, instituindo vários mecanismos específicos de proteção, nos quais vão desde prioridade no atendimento de suas condições de vida, até a inviolabilidade física, psíquica e moral. Segundo Camarano (2013),á aprovação do Estatuto do Idoso foi um passo importante da legislação brasileira, no que concerne às orientações do Plano de Ação para o Envelhecimento, Madri de 2002. No Rio de Janeiro foi criado o Conselho Municipal do Direito da Pessoa Idosa (COMDEPI-RIO). Lei Municipal 2.5508/2010. O Conselho na sua composição possui representantes do governo e da sociedade civil [...]. (Prefeitura do Rio de Janeiro) [...] prioriza resguardar os direitos da pessoa idosa, orientando e fiscalizando as ações e serviços de natureza pública e privada. (Prefeitura do Rio de Janeiro). [...]a baixa prioridade conferida aos idosos pelas políticas públicas (assistenciais, previdenciárias e de ciência & tecnologia) evidencia uma percepção inadequada das suas necessidades específicas. Torna-se necessário, portanto, um esforço político orientado no sentido de colocar na Agenda da sociedade as necessidades deste segmento populacional. (VERAS e CALDAS, 2004, p.426) Segundo Camarano (2004), para que as políticas públicas, voltadas para o envelhecimento possam ser efetivadas, é necessário que elas sejam integradas entre diversos setores específicos: saúde, economia, mercado de trabalho, seguridade social, educação. 23 A formulação e implementação de políticas públicas para o envelhecimento é hoje, um grande desafio nacional. Neste sentido, Nunes (2000) declara que o Conselho Estadual e Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa tem importante função na participação política dos idosos, que carecem de estar organizados em representações não governamentais nesses espaços. 1.3– Lar Fabiano de Cristo-Casa Amigos Dedicados O Lar Fabiano de Cristo foi fundado em 8 de janeiro de 1958, a partir da ideia de um grupo de pessoas, que desejavam fazer a caridade. Há princípio seria apoio a lares que teriam um grupo pequeno de crianças, cabendo a cada integrante do grupo cuidar e amparar essas crianças. Mas com o tempo percebeu-se que não só as crianças precisavam de ajuda e sim toda a família, que se expunha á situações de risco social e pessoal. Neste momento surge a primeira Unidade do Lar Fabiano, enquanto projeto social. O Lar Fabiano é uma instituição filantrópica mantido pela CAPEMISA, Instituto de Ação Social; também recebe doações, cuja metodologia é a educação do SER INTEGRAL. O trabalho social procura o fortalecimento de vínculos familiares e sociais e a função protetiva da família, possibilitando acesso a Rede de Serviços Socioassistenciais, visando a melhoria das condições de vida das pessoas. O Centro de Convivência de Idosos, Casa Amigos Dedicados é uma unidade do Lar Fabiano de Cristo, está localizado no bairro do Maracanã, Rio de Janeiro. Atende a 98 usuários a partir de sessenta anos ou mais, que vivem em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vínculos afetivos fragilizados, forte sentimento de solidão, alguns casos de violência doméstica, baixa autoestima. Quando chegam a unidade, solicitam sua inscrição nas atividades, em busca de melhoria para os seus problemas de saúde, pois trazem como demanda, problemas físicos, psicológicos e sociais. 24 O trabalho é feito por uma equipe multidisciplinar, em maioria por voluntários e profissionais da instituição em diversas áreas, como: terapeutas holísticos psicólogos, fisioterapeutas, professores de educação física, yoga, informática, dança e música. A Promoção social do Idoso se desenvolve através da modalidade Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, e Proteção Social Básica no domicílio. Todo o trabalho e as atividades têm o intuito de promover á autonomia, prevenindo o isolamento e a depressão. O idoso é visto em sua totalidade, a partir de uma visão holística do ser, o que coopera para a saúde biopsicossocial. As atividades atendem a Cartilha de Promoção de Envelhecimento Saudável divulgada pela Organização Mundial da Saúde que preconiza; a autoestima elevada, a importância de atividades físicas, o cultivo da espiritualidade, a escolha por uma alimentação saudável e colorida, o exercício da cidadania e a socialização, para que o idoso tenha qualidade de vida. 1.4– O trabalho do assistente social no centro de convivência de idosos Segundo Piana (2009), o assistente social tem como objeto de trabalho, a questão social com suas diversas expressões, formulando e implementando propostas para seu enfrentamento, por meio das políticas sociais, públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais. É um profissional busca a inclusão social das classes subalternas, através de alternativas e estratégicas de ação. Procura conhecer a realidade em que atua, e possui compromisso ético com a classe trabalhadora e com a qualidade dos serviços prestados. (Idem, 2009). A atuação do Assistente Social no Centro de Convivência tem a função de mediador entre á instituição e o usuário, onde o trabalho tem como foco, os direitos sociais do idoso. Portanto, colocar os direitos sociais como foco do trabalho profissional é defendê-los, tanto em sua normatividade legal, quanto traduzi-los praticamente viabilizando a sua efetivação social. Essa é uma das frentes de luta que move os assistentes sociais nas microações cotidianas que compõem o trabalho. (IAMAMOTO, 2004, p.78) 25 O idoso inserido na instituição se apresenta em situação de vulnerabilidade e risco social, traz como demanda para o assistente social, á violência doméstica, o preconceito, e a falta de perspectiva de vida. Do ponto de vista da demanda, o que se observa é que, na sociedade brasileira, o Serviço Social como profissão vem desenvolvendo sua intervenção junto aos segmentos mais empobrecidos e subalternizados da sociedade, interferindo em situações sociais que afetam as condições concretas em que vivem seus usuários, em geral e, sobretudo, os segmentos mais desfavorecidos da sociedade. (YAZBEK, 2009, p.13) Por isso, todo o trabalho é voltado para o reconhecimento de sua condição de sujeito social, autônomo e proativo, a fim de contribuir para a viabilidade da inclusão social. Neste sentido, paraYazbek (2009), o Assistente Social é conhecido como o profissional que ajuda, que dá auxílio, assistência, faz gestão de serviços sociais, desenvolvendo uma ação pedagógica, distribuindo recursos materiais, atestando carências, realizando triagens, conferindo méritos, orientando e esclarecendo a população quanto a seus direitos, serviços e benefíciosdisponíveis, administrando recursos na instituição, numa mediação da relação: Estado, instituição, classes subalternas. O Assistente Social para Iamamoto(2004) deve ser um profissional informado, crítico e propositivo, mas também um profissional técnico-operativo capaz de realizar ações nos níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, onde deve estimular os usuários a participar da formulação, gestão e avaliação de programas e serviços sociais de maior qualidade. No Centro de Convivência, o Assistente Social utiliza instrumentos e técnicas importantes para realização de seu trabalho, como: entrevistas, visitas domiciliares, grupo social, palestras educativas. A noção estrita de instrumento como mero conjunto de técnicas se amplia para abranger o conhecimento como meio de trabalho, sem que esse trabalhador especializado não consegue efetuar sua atividade ou trabalho. (IAMAMOTO, 2004, p.62) O trabalho não é realizado isoladamente, existe uma equipe multidisciplinar, com o intuito de oferecer um trabalho de qualidade para os coparticipantes (usuários). 26 Tal perspectiva reforça a preocupação com a qualidade dos serviços prestados, com respeito aos usuários, investindo na melhoria dos programas institucionais, na rede de abrangência dos serviços públicos reagindo contra a imposição de crivos de seletividade no acesso aos atendimentos. Volta-se para a formulação de propostas (ou contrapropostas de) de políticas institucionais criativas e viáveis, que alarguem os horizontes indicados, zelando pela eficácia dos serviços prestados […](IAMAMOTO, 2004, p.8) O Assistente Social tem importante papel no Centro de Convivência de Idosos, pois sua atuação é voltada para a melhoria da qualidade de vida deste segmento da população. Através de suas ações, procura conscientizar o idoso sobre seus direitos, resgatando sua condição de sujeito social, a fim de assumir seu lugar na sociedade. 1.5– Centro de convivência e qualidade de vida do idoso O que é qualidade de vida? Essa é uma questão bastante complexa de ser respondida. Qualidade de vida é a percepção que um indivíduo tem de sua inserção da vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. (OMS, 1995) Portando, para Minayo, qualidade de vida é uma noção eminentemente humana: […] tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural. (MINAYO, et al., 2000, p.8) Saúde e qualidade de vida estão intimamente relacionadas, isto porque a saúde contribui com a qualidade de vida. A relação entre saúde e qualidade de vida existe desde o nascimento da medicina social, nos séculos XVIII e XIX, quando investigações foram feitas para se ter subsídios para políticas públicas e movimentos sociais. (Idem, 2000) 27 No que se refere a saúde da população idosa, dados da OMS, dizem que até 2050 serão 2 bilhões de pessoas a chegar a idade de 60 anos ou mais, tornando as doenças crônicas e o bem-estar dessa população, um novo desafio para a saúde pública. [...] são necessárias políticas que promovam melhorias na saúde desde a infância e que se prolonguem ao longo da vida. Dentre elas, citam-se a promoção à saúde, o acesso universal aos serviços de saúde pública ao longo da vida e, em decorrência, a consideração da importância de fatores ambientais, econômicos, sociais, educacionais, dentre outros, no aparecimento de enfermidades e incapacidades. São necessários, também, programas de capacitação de profissionais nas áreas de geriatria, gerontologia e de serviços sociais. (CAMARANO, 2004, p.289) [...] cabe a um sistema público de saúde assegurar meios, para que as pessoas terminem suas vidas com dignidade e mínimo de sofrimento, quando achar que chegou a hora. (Idem, 2004) Construir estratégias, que possam contribuir com a saúde e consequentemente com a qualidade de vida desta população é um grande desafio. As pessoas idosas desejam e podem permanecer ativas e independentes por tanto tempo quanto for possível, se o devido apoio lhes for proporcionado. Os idosos estão potencialmente sob risco não apenas porque envelheceram, mas em virtude de o processo de envelhecimento torná-los mais vulneráveis à incapacidade, em grande medida, decorrente de condições adversas do meio físico, social, ou de questões afetivas. Portanto, o apoio adequado é necessário tanto para os idosos quanto para os que deles cuidam. (VERAS e CALDAS, 2004, p.428) Neste sentido para Camarano (2004), as medidas preventivas na área de saúde, como por exemplo, as voltadas para preservação da capacidade funcional, podem auxiliar na melhoria da qualidade de vida da população idosa e adiar os cuidados de longa permanência. É importante que, em qualquer faixa etária, todos saibam reconhecer situações que ponham em risco a qualidade de vida no presente e no futuro, e como preveni-las. A proposta para os que já são idosos é a de promover a saúde por meio da manutenção ou recuperação da autonomia e independência. (VERAS e CALDAS,2004,p.427) Geralmente os idosos são excluídos da sociedade, por serem pessoas que perderam sua capacidade produtiva. 28 O idoso é visto como um indivíduo que já cumpriu a sua função social, e só lhe resta esperar a finitude da vida […] essa percepção distorcida se dá porque, em muitos momentos, o avanço da idade leva as pessoas a abrirem mão de vários papéis sociais até então desempenhados. Por isso a aposentadoria, a perda do companheiro, o afastamento dos filhos, as limitações impostas por algumas doenças, dentre outros fatores, interferem negativamente em sua qualidade de vida, tornando o idoso mais insatisfeito com sua condição. Como algumas perdas são inevitáveis, cabe ao idoso buscar novas alternativas para garantir a manutenção de um papel ativo em seu meio. (MIRANDA e BANHATO, 2008, p.71) Por conta dessa realidade, estudiosos na área de gerontologia e geriatria, procuram meios de inserir essa população na sociedade. O envelhecimento da população é uma aspiração de qualquer sociedade; mas tal desejo, por si só, não é o bastante. É importante almejar qualidade de vida para aqueles que já envelheceram ou estão no processo de envelhecer. O que implica na tarefa complexa de manutenção da autonomia e independência. O desafio para os países pobres é considerável, já que no passado, quando as populações dos países europeus começaram a envelhecer, a população mundial era menor e a sociedade menos complexa. (VERAS e CALDAS, 2004, p.20) Para Correa (2009), o aumento no número de idosos no país, constitui um sério problema. Enquanto objeto produzido historicamente pela sociedade, a velhice tem implicações políticas, econômicas e sociais que dizem respeito inclusive, á necessidade de se conceber uma política de gestão e controle dessa população em crescimento. Para Nunes (2000), houve um aumento significativo de espaços com grupos de idosos, dentre eles, os Centros de Convivência. O SESC, desde a década de 1960, foi pioneiro no trabalho social com idosos, tem possibilitado a esses segmentos atividades de lazer e cultura, ao mesmotempo em que realiza palestras sobre temas importantes para a compreensão do processo de envelhecimento. O Trabalho Social com os idosos é realizado á mais de 40 anos, e atende anualmente a 60 mil pessoas. [...] as ações do SESC procuram resgatar o valor social dos idosos e privilegiam a cidadania e a educação por meio de projetos, que são adaptados às diferentes culturas das regiões. (SESC) Para Veras e Caldas (2004), os Centros de Convivência têm como metas: a redução dos problemas de solidão, a intensificação dos contatos sociais e o 29 desenvolvimento de novas capacidades. Mesmo em idades mais avançadas essas metas podem ser alcançadas. Segundo Nunes (2000) as atividades em grupo são ótimas, pois ajudam a estimular o desejo de associação e o desenvolvimento social, ao mesmo tempo em que os idosos procuram respeitar e ouvir o outro e a si mesmos, encontrando alternativas para discutir seus problemas conjuntamente. [...] o Centro de Convivência se propõe, portanto, a operar em sintonia com os mais avançados conceitos de promoção da saúde do idoso, incluindo a prevenção da doença o mais precoce possível e a manutenção da capacidade funcional. É sabido que quando mais prematura for a identificação do problema e imediato o encaminhamento para o atendimento, maiores são as chances de um prognóstico e evolução favorável do quadro. Com esta estratégia da antecipação e da busca ativa do problema procura-se combater as consequências mórbidas das patologias que levam à perda da qualidade de vida. Esta concepção encontra-se totalmente fundamentada nos princípios do movimento de promoção da saúde, na área de Saúde Coletiva, expressos pelos seus principais documentos e referenciais teóricos. (VERAS e CALDAS, 2004, p.28) No Centro de Convivência, Casa Amigos Dedicados, a promoção social do idoso, obedece aos critérios da Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, que se desenvolve através dos Serviços de Convivência, Fortalecimento de Vínculos e a Proteção Social Básica, em domicílio, tem por objetivo, superar as situações de fragilidade social, e promover o acesso aos serviços e programas socioassistenciais. No que concerne à pessoa idosa, a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais diz que as ações do serviço devem contribuir no processo de envelhecimento saudável, no desenvolvimento da autonomia e de sociabilidades, no fortalecimento de vínculos familiares e do convívio comunitário e na prevenção de risco social. (BRASÍLIA, 2012, p. 34) O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), por meio da resolução nº109 de novembro de 2009, aprovou a Tipificação de Serviços Socioassistenciais, tem por objetivo, definir e caracterizar os serviços socioassistenciais, visando estabelecer padrões e critérios para os serviços de proteção básica e especial de Média e Alta Complexidade. (BRASÍLIA, 2012, p.6) As duas proteções se complementam, dando organicidade ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS). 30 Com isso, foram criadas condições para um trabalho, voltado para qualidade de vida do idoso. A Política Nacional do Idoso (1994), diz que são competências, da área de promoção e assistência social; estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como os Centro de Convivência. Constitui um espaço importante para o auxílio no processo de envelhecimento, com qualidade de vida. Para Miranda e Banhato (2008), o idoso inserido em grupo social, proporciona uma mudança no padrão de velhice, enquanto limitação e incapacidade, porque nesses grupos é possível encontrar idosos ativos e autônomos […]. Segundo os autores citados, a principal característica do envelhecimento saudável, é aceitar que existem alterações de ordem física e mental. Mas o envelhecimento ativo aumenta a expectativa de vida, e como podemos observar, o Centro de Convivência tem sido uma alternativa, que contribui para o incremento da qualidade de vida do idoso, e atua de modo significativo no processo do reconhecimento de sua condição de sujeito social, autônomo e proativo. 31 2– METODOLOGIA DA PESQUISA Mostraremos neste capítulo, quais foram os caminhos percorridos, os instrumentos e técnicas, para se chegar aos resultados da pesquisa. Para Gil (2002), a pesquisa é um procedimento racional e sistemático, que objetiva obter respostas, aos problemas que são propostos. Neste sentido, o trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica, exploratória e documental, de análise qualitativa. A pesquisa bibliográfica se desenvolve á partir de material já elaborado, principalmente de livros e artigos científicos. [...] existem pesquisas que são realizadas unicamente com fontes bibliográficas, e boa parte de estudos exploratórios pode ser definida como pesquisa bibliográfica. (Idem, 2002) Para Triviños (1987), o estudo exploratório permite que pesquisador, aumente a sua experiência em torno de um determinado problema. Segundo Gerhardt e Silveira (2009), a pesquisa qualitativa possui os aspectos da realidade que não podem ser quantificados, deve-se compreender e explicar a dinâmica das relações sociais. A pesquisa documental para Gil (2002) é muito parecida com a pesquisa bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes: Enquanto a pesquisa bibliográfica utiliza a contribuição de vários autores sobre um determinado assunto, a pesquisa documental se utiliza de documentos que não receberam análise ou podem ser reelaborados conforme os objetos de pesquisa. A pesquisa bibliográfica é muito importante, pois ela é o marco teórico de qualquer investigação científica. Através da pesquisa, se consegue aprimorar os conhecimentos e o espírito investigativo. Para facilitar a pesquisa, tendo em vista, a grande quantidade de publicações, utilizou-se critérios que deveriam orientar a investigação. Neste sentido, buscou-se autores conhecidos sobre o assunto, priorizando as publicações nacionais e artigos, de acordo com a temática de cada capítulo. Selecionamospelo resumo e a introdução, os que seriam lidos completamente ou apenas extraídos as ideias principais. 32 O levantamento de dados foi realizado através de documentos, banco de dados da Sciello e várias literaturas sobre o assunto na internet; na procura de artigos, teses, livros, jornais, como também de revistas científicas. Foram utilizadas as palavras chave; velhice envelhecimento, Centro de Convivência e qualidade de vida. Após a coleta de dados, foram feitas leituras acompanhadas por anotações, com o objetivo de analisar e interpretar as diversas publicações e documentos, o que proporcionou um maior entendimento, sobre os conceitos de velhice, envelhecimento, e qualidade de vida. Optou-se pela análise qualitativa, pois ela permite uma melhor compreensão e interpretação das diversas publicações científicas. Para Triviños (1997), é importante que o pesquisador tenha amplo domínio não só do estudo que está realizando, como também do embasamento teórico que lhe serve de apoio, para atingir os objetivos da investigação. A humanidade careceu de milhões de anos, para atingir meio bilhão de pessoas. O que teria acontecido em 1830 [...]. (VERAS, 2003) Em 1960 havia três bilhões de habitantes no planeta. De lá pra cá, esses números só cresceram. (Idem, 2003) [...] as projeções são de que em 2050, a população em idade mais avançada, chegará a 1.900 bilhões de pessoas, o que equivale à faixa da população infantil de 0 a 14 anos de idade. (Idem, 2003) Paralelamente ao aumento da população idosa, o Brasil enfrenta uma crise econômica que acarreta vários problemas sociais na vida do idoso,em particular, ao idoso dependente. (CALDAS, 2003) Ainda segundo o autor, o baixo nível de renda, a baixa escolaridade, a carência de serviços públicos e saneamento básico, indicam que as condições e a qualidade de vida da população idosa no Brasil sãoprecárias. Diante desse contexto, o trabalho justifica-se, pois, o aumento da população em idade mais avançada vem crescendo, e levanta questões, que devem ser discutidas pela sociedade e pelos formuladores de políticas públicas. Tanto o governo, quanto a sociedade civil não podem ficar omissos a esse respeito; pois se não houver a melhoria das condições de vida dessa população, poderá ocorrer sérios problemas, que serão de difícil solução no futuro. 33 É preciso criar políticas públicas que atendam a população idosa, no que se refere à saúde, educação, habitação, etc., quanto às condições para o aumento da vida ativa e a prevenção de riscos sociais. O presente trabalho iniciou-se, no período da prática cotidiana de estágio, onde se observou grandes mudanças, não só nos comportamentos, mas também, no processo de autonomia e de certos conceitos, pois o idoso quando entra na instituição, em muitas das vezes, traz consigo visões de mundo distorcidas sobre a realidade. O Centro de Convivência, por vezes, é o único local, em que o idoso pode interagir com as pessoas, ter o seu lazer, ter motivação para continuar a viver, se socializar; na busca de envelhecer com melhor qualidade de vida. Neste sentido, o assunto é relevante, tanto para o meio acadêmico, quanto para a sociedade, merece ser discutido e analisado, pois a sociedade deve se preparar para atender as demandas da população idosa, que geralmente são excluídos do meio social. Desse modo, sentimos a necessidade de ampliar os estudos sobre o tema: A Importância do Centro de Convivência na Qualidade de Vida do Idoso. O trabalho abordou os seguintes tópicos: O envelhecimento populacional; o envelhecimento e suas demandas na sociedade; as políticas públicas para idosos; Lar Fabiano de Cristo-Casa Amigos Dedicados; o trabalho do Assistente Social no Centro de Convivência; Centro de Convivência e qualidade de vida. Espera-se que o presente trabalho, possa corroborar, para futuras pesquisas sobre o processo de envelhecimento com qualidade de vida, pois o tema é bastante atual, e requer outras discussões. 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do que foi exposto, podemos concluir que o crescimento da população idosa traz uma grande repercussão, tanto na área demográfica, quanto social e econômica; mas devemos ressaltar que o envelhecimento não deve ser visto como um problema, e sim, como uma melhoria, na vida da população. Estamos aumentando a expectativa de vida, devido aos avanços na medicina e a novas tecnologias, que permitem a prevenção ou cura de muitas doenças, e com isso ganhamos qualidade de vida. Por isso, o envelhecimento deve ser pensado ao longo da vida; é importante uma boa alimentação, fazer atividades físicas, conviver com outras pessoas, para se chegar a velhice de forma saudável. Não se pode precisar a idade de ser considerado “velho”, vai depender das características individuais de cada um, ele é único, e depende de indivíduo para indivíduo. Aliás, existe muito preconceito sobre a questão do ser “velho”, pois atualmente na sociedade se prega a “eterna juventude”. As pessoas procuram lançar mãos de “ferramentas”,como fazer plásticas, pintar os cabelos, para esconder a idade real, para parecer mais jovem. Isso nos mostra, como essa questão ainda é vista de forma negativa no meio social, pois o idoso é muito discriminado. A sociedade tende a achar, que o idoso não tem capacidade para alcançar as novas tecnologias, a vida sexual não é vista como normal nesta fase da vida, e para continuar no mercado de trabalho, há uma grande dificuldade, pois geralmente a predileção é por pessoas mais novas; como se o idoso não tivesse capacidade de fato, de continuar trabalhando. Neste sentido, é importante enfatizar, que o preconceito deve ser combatido, pois o idoso ainda tem muito a contribuir, e deve participar ativamente na sociedade. Outro aspecto relevante sobre o envelhecimento, é que a velhice é uma fase que traz fragilidades físicas e emocionais. Isso não quer dizer que idoso seja uma pessoa inválida; e envelhecer, não é sinônimo de doença. 35 Devemos repensar a forma de se ver a velhice; ela deve ser compreendida como uma fase que propicia novas conquistas e realizações e não necessariamente, uma fase de perdas. A sociedade deve buscar novas alternativas que possam contribuir com a autonomia e a qualidade de vida dessa população. Isso é um problema, que precisa ser solucionado, tanto pelos profissionais ligados à área do envelhecimento, como para os cuidadores, que geralmente é algum familiar. Segundo o Estatuto do Idoso, lei nº10.741 de 2003, a responsabilidade de cuidar do idoso é da família, do Estado e da sociedade. A família é vista como uma instituição, que têm a função de proteger e cuidar do idoso na sociedade. Mas nem sempre isso ocorre, devido a desarmonia familiar ou porque o idoso se encontra dependente, um dos caminhos, pra resolver tal situação, são as Instituições de Longa Permanência. O idoso que se vê, em uma instituição asilar, sofre de vários problemas emocionais, como o sentimento de rejeição e abandono, e acaba vivendo à margem da sociedade, mas é obrigado, a se adaptar à nova vida. Geralmente, a família não tem nenhum preparo e nem o suporte necessário para lidar com essa situação. Diante deste quadro, o Estado deve avançar, na criação de estruturas de apoio, para que a família possa continuar a cuidar do idoso, e que este, possa ter o direito do convívio familiar. Sobre a saúde, o envelhecimento traz como demanda, o aparecimento de doenças crônicas degenerativas, como: a diabetes, hipertensão,doenças cardiovasculares, artrite, artrose, que podem levar a algum tipo limitação, no sentido de fazer as tarefas do dia a dia; fazer compras, tomar a medicação,utilizar o transporte público. O idoso com algum comprometimento de saúde, precisa ter acompanhamento médico e muito dessas doenças podem ser evitadas se forem adotadas medidas de promoção e prevenção na área da saúde, o que contribui com a qualidade de vida dessa população. 36 Quanto a isso, os profissionais de saúde devem estar capacitados para compreender o processo do envelhecimento e satisfazer as suas necessidades, como a melhoria da capacidade funcional. É preciso evitar que as pessoas desenvolvam as doenças crônicas, pois ela pode gerar incapacidade física ou mental; portanto, é necessário que se faça investimentos na área de saúde coletiva, pois os serviços públicos de saúde estão de péssima qualidade Com relação a isso, o Sistema Único de Saúde deve melhorar o tempo nos atendimentos e na estruturação dos serviços; pois faltam leitos, equipamentos, materiais, o que compromete o tratamento de saúde; e consequentemente há uma grande elevação, no quadro de internação hospitalar. O envelhecimento saudável, com qualidade de vida, depende da promoção e acesso a saúde, mas também de fatores econômicos, ambientais, sociais e educacionais. Em razão disso, se faz necessário que o Estado possa garantir os direitos fundamentais da população idosa como: saúde, habitação, alimentação, renda, etc. E que este, possa ter acesso aos serviços básicos, necessários ao seu bem-estar, como: energia elétrica, água e esgoto, atendimento médico e hospitalar e transporte público de qualidade. O Brasil, tem procurado atender as demandas dapopulação idosa, buscando enfrentar os problemas sociais, mas não têm conseguido grandes resultados, pois muitos idosos, encontram-se em vulnerabilidade social. Neste sentido, a Constituição federal de 1988, consolidou vários dispositivos de proteção para os idosos. A lei Orgânica da Assistência Social (Loas), lei 8.742 de 1993, a Política Nacional do Idoso, lei 8.842 de 1994, e o Estatuto do Idoso, lei 10.741 de 2003. Todos esses dispositivos vieram ampliar e regulamentar os direitos do idoso. Mas as políticas, precisam avançar e sair do papel, precisam ser colocadas em prática, e melhorar as condições de vida do dessa população, afim de promover a sua autonomia e efetiva participação na sociedade. Durante o trabalho, estudos mostraram como é importante fazer atividades e trabalhos em grupo, pois auxilia a promover a autoestima e a integração do idoso na sociedade. 37 Quanto a isso, o campo de estágio, foi um período propício para se observar e constatar, a real importância do trabalho desenvolvido no Centro de Convivência. O Centro de Convivência Lar Fabiano de Cristo-Casa Amigos Dedicados surge como espaço de encontro e convivência social, que possibilita ao idoso compartilhar suas vivências, alegrias, tristezas e o auxilia, a investir na saúde em sua totalidade, seja na saúde física, mental e emocional. Através do Programa de Qualidade de vida, os idosos são inseridos nas atividades e são acompanhados de três em três meses por entrevistas e visitas domiciliares, que auxiliam na promoção social do idoso. O idoso inserido no Centro de Convivência, interage melhor com o outro, trocam experencias e conhecimentos, e com isso surgem novos laços de amizade, o que auxilia a prevenir o isolamento e a depressão. As atividades desenvolvidas, como coral, aulas de dança, teatro, artesanato, Pilates, alongamento, terapiasholísticas, oficina de hemoterapia, etc., estimulam o desenvolvimento cognitivo, físico, moral, psicológico, afetivo e espiritual; o que favorece o aumento da autoestima e consequentemente, a uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. Através das ações sócio educativas, ele é orientado sobre seus direitos, mas também sobre seus deveres, o que permite ao idoso o exercício da cidadania e a socialização. Sobre o trabalho do Assistente Social na Instituição, ele tem um olhar crítico sobre a realidade social do idoso. Através de suas ações, ele procura intervir, visando a melhoria das condições de vida dos coparticipantes(usuários). Neste sentido, o trabalho social tem caráter continuo, e busca fortalecer os vínculos familiares e sociais, com vistas, a promoção integral do idoso e sua família, inscritos na Instituição. Como podemos observar, o Centro de Convivência, muitas vezes, é o único local em que o idoso tem o convívio social; tem sido uma alternativa estimulada no Brasil, no sentido de proporcionar ao idoso, envelhecer com mais qualidade de vida. O presente trabalho procurou tecer algumas considerações, no que se refere ao processo do envelhecimento com qualidade de vida. Uma vez que a população em idade mais avançada vem aumentando consideravelmente em todo o mundo. 38 A sociedade não deve medir esforços, no sentido de que a última etapa da vida seja vivida de forma saudável, com mais qualidade de vida. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS DA ABNT. NBR6023: Informação e documentação: referencias-elaboração. Rio de Janeiro. Disponível em<http://www.usjt.br/arq.urb/arquivos/abntnbr6023.pdf..>Acesso em 3 de fev de 2018 BEAUVOIR, S. de. A velhice. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1990. BRASIL- POLITICA NACIONAL DO IDOSO-PLANALTO Disponível em<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8842.htm > .Acesso em: 13 de fev. de 2018. BRASIL-CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_20 16.pdf>Acesso em 10 de fev 2018 BRASIL- ESTATUTO DO IDOSO-PLANALTO Disponível em<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10. 741. htm>.Acesso em10 de fev.2018. BRASILIA - Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento Prattein. 2003 Disponível em: <http://prattein.com.br/home/index. php? option=com_content&view=article&id=647:plano-de-acao-internacional-para-o- envelhecimento&catid=97:legislacao-e-politicas-publicas&Itemid=187>Acesso em 10 de fev de 2018. BVS SAÚDE PÚBLICA.Instituições de longa permanência para idosos. Disponível em<http://saudepublica.bvs.br/pesquisa/resource/pt/lil-495190>Acesso em 13 de fev de 2018. CALDAS, C.P. Envelhecimento com dependência: responsabilidades e demandas da família.Aging with dependence: family needs and responsibilities. Cad. SaúdePública, v. 19, n. 3, p. 773-781, 2003 Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/%0D/csp/v19n3/15880.pdf>Acesso em 3 de fev.2018 CALDAS, C.P. O idoso em processo de demência: o impacto na família. In: MINAYO, M. C. S.,COIMBRA JUNIOR, C. E. A., orgs. Antropologia, saúde e envelhecimento [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. Antropologia & Saúde collection, pp. 51-71. ISBN: 978-85-7541-304-3. Disponível em:<http://books.scielo.org/id/d2frp/pdf/minayo-9788575413043-05.pdf>Acesso em 13 de fev 2018. 40 CAMARANO, A. A. Estatuto do idoso: avanços com contradições. 2013. Disponível em < http://www.ampid.org.br/v1/wp-content/uploads/2014/08/td_1840.pdf>Acesso em 10 de fev de 2018. CAMARANO, A. A.Os Novos Idosos Brasileiros: Muito Além dos 60? Rio de Janeiro: IPEA, 2004.Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/Arq_29_Livro_Completo.p df>Acesso em 25 de fev de 2018. CENEVIVA, W. Estatuto do Idoso, Constituição e Código Civil: a terceira idade nas alternativas da lei.A Terceira idade, v.15, n.30, p.7-23, 2004. CORREA, M.R. Cartografias do envelhecimento na contemporaneidade: velhice e terceira idade [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo : CulturaAcadêmica, 2009. 125 p. ISBN 978-85- 7983-003-7. Available from SciELO Books. Disponível em<http://static.scielo.org/scielobooks/4v5z9/pdf/correa- 9788579830037.pdf>..Acesso em 13 de fev. 2018. COSTA, M.C.N.S. & MERCADANTE, E.F. O Idoso residente em ILPI (Instituição de Longa Permanência do Idoso) e o que isso representa para o sujeito idoso. Revista Kairós Gerontologia, 16(2), 209-222. Online ISSN 2176-901X. Print ISSN 1516-2567. São Paulo (SP), Brasil: FACHS/NEPE/PEPGG/PUC-SP. 2013. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/download/17641/13138>Acesso em 3 de mar.2018 DEBERT,G. G. A Reinvenção da Velhice: Socialização e Processo de Reprivatização do Envelhecimento/Guita Grin Debert-1. ed.1.reimp-São Paulo:Editora da Universidade de São Paulo:Fapesp, 2004 Disponível em<https://books.google.com.br/books?hl=pt- BR&lr=&id=juwrAjXrnCYC&oi=fnd&pg=PA11&ots=wVegnyeJht&sig=VEk41rBqrPIri5 03ceds9VSurAY&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false>Acesso> em 15 de fev.de 2018 FALEIROS,V. P.Cidadania e direitos da pessoa idosa. 2007 Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/8353/1/ARTIGO_CidadaniaDireitosPessoaI dosa.pdf>Acesso em 10 de fev de 2018. FALEIROS, V. P. Direitos da Pessoa Idosa: Sociedade, Política e Legislação. In: DANTAS, Bruno et al. (Org.). Constituição de 1988: o Brasil 20 anos depois. Brasília: Senado Federal. 2008. v. 5, p. 562-592.Disponível em: < https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de- estudos/outras-publicacoes/volume-v-constituicao-de-1988-o-brasil-20-anos-depois.- os-cidadaos-na-carta-cidada/idoso-pessoa-com-deficiencia-crianca-e-adolescente- direito >Acesso em 20
Compartilhar