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Página 1 de 7 Direito do Trabalho Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade. O direito trabalhista (direito do trabalho ou laboral) é o ramo do direito que regula as relações existentes entre empregados e empregadores. Ele é estabelecido por meio de um conjunto de normas regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a Constituição Federal e outras leis esparsas (leis incomuns e que não se encontram num código ou na Constituição). Dentro do direito do trabalho, existem duas figuras principais. Um é o empregado, um indivíduo de pessoa física que presta serviços (as funções executadas em seu ambiente de trabalho continuamente) ao empregador, cuja dependência (no sentido de cumprir ordens) consiste nos cargos e funções dado por esse, tendo como remuneração um salário prescrito na CLT. O outro é o empregador, geralmente uma pessoa jurídica (empresa) que contrata os serviços do empregado mediante um salário. Ele pode ser também uma pessoa física ou um grupo de empresas. Por meio da relação de trabalho, em que o empregado presta serviços para o empregador, o contrato de trabalho é o instrumento que representa essa relação, estando nele os direitos e os deveres do empregado. Ela irá variar de acordo com os tipos de trabalho e relações entre os dois. O direito do trabalho tem suas origens baseadas nas normas instituídas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), as doutrinas e os costumes de um povo e os contratos de trabalho e regulamentos da empresa. Princípios que Regem o Direito do Trabalho 1) Irrenunciabilidade dos direitos - Fica vedado, por meio deste princípio, todo ato destinado a desvirtuar ou ignorar a norma trabalhista, causando por conseguinte, a não-observação de um direito a ser atribuído a determinado interessado. Página 2 de 7 2) Condição mais benéfica - Estabelece tal princípio que uma condição mais vantajosa já conquistada na relação de emprego não deve ser reduzida. 3) Princípio da norma mais favorável ao trabalhador - caso surja obscuridade, conflito hierárquico entre normas ou simples dúvida na elaboração ou interpretação de normas jurídicas, este princípio estabelece que deve prevalecer sempre a interpretação mais favorável ao trabalhador. 4) Princípios constitucionais específicos - temos vários espalhados pela Constituição, a saber: liberdade sindical (artigo 8º da CRFB); não interferência do Estado na organização sindical (artigo 8º da CRFB); direito de greve (artigo 9º da CRFB); representação dos trabalhadores na empresa (artigo 11 da CRFB); reconhecimento de convenções e acordos coletivos (artigo 7º, inciso XXVII da CRFB), entre tantos outros. 5) Direitos e garantias fundamentais - são os princípios gerais do direito, aplicado ao direito do trabalho, contidos no Título I da Constituição Federal; 6) Função diretiva dos princípios - tal princípio determina que princípios constitucionais não podem ser contrariados por norma infraconstitucional (que esteja abaixo da Constituição Federal na hierarquia nas leis); 7) Função integrativa dos princípios segundo a CLT - na falta de qualquer lei específica, as autoridades trabalhistas deverão decidir uma questão utilizando, conforme o caso, a jurisprudência, a analogia, a equidade, e outros princípios e normas gerais de direito, em especial os do trabalho. Divisão do Direito do Trabalho O Direito do Trabalho pode ser dividido em: * DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO - é a área do Direito do Trabalho que tem como finalidade a compreensão e a análise dos contratos individuais de trabalho. * DIREITO COLETIVO DO TRABALHO - Direito coletivo do trabalho: é a área do Direito do Trabalho que trata das negociações coletivas, ou seja, das negociações que visam regular um grupo de trabalhadores, como as convenções e os acordos coletivos, com o intuito de buscar soluções para eventuais conflitos e melhorias para os trabalhadores como um todo. Página 3 de 7 Sujeitos do Direito do Trabalho * EMPREGADO – Empregado é a pessoa física que presta pessoalmente a outrem serviços não eventuais, subordinados e assalariados. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário (CLT, art. 3º). 1) Diferença entre empregado e trabalhador autônomo - o elemento fundamental que os distingue é a subordinação; empregado é trabalhador subordinado; autônomo trabalha sem subordinação; para alguns, autônomo é quem trabalha por conta própria e subordinado é quem trabalha por conta alheia; outros sustentam que a distinção será efetuada verificando-se quem suporta os riscos da atividade; se os riscos forem suportados pelo trabalhador, ele será autônomo. 2) Diferença entre empregado e trabalhador eventual - eventual é o trabalhador admitido numa empresa para um determinado evento, é o trabalhador ocasional, esporádico, que trabalha de vez em quando. 3) Trabalhador temporário - é aquele que prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou acréscimo extraordinário de serviços. 4) Terceirização - é a transferência legal do desempenho de atividades de determinada empresa, para outra empresa, que executa as tarefas contratadas, de forma que não se estabeleça vínculo empregatício entre os empregados da contratada e a contratante; é permitida a terceirização das atividades-meio (aquelas que não coincidem com os fins da empresa contratante) e é vedada a de atividades-fim (são as que coincidem). 5) Estagiário - não é empregado; não tem os direitos previstos na CLT aplicáveis às relações de emprego. Há uma lei própria para a regulamentação dos seus direitos. 6) Empregado doméstico - é qualquer pessoa física que presta serviços contínuos a um ou mais empregadores, em suas residências, de forma não- eventual, contínua, subordinada, individual e mediante renumeração, sem fins lucrativos. Página 4 de 7 7) Empregado rural - é o trabalhador que presta serviços em propriedade rural, continuadamente e mediante subordinação ao empregador, assim entendida, toda pessoa que exerce atividade agroeconômica. 8) Empregado aprendiz - surge da relação jurídica desenvolvida na empresa, visando à formação de mão-de-obra, em que a lei admite a admissão de menores, observadas certas formalidades, para que prestem serviços remunerados recebendo os ensinamentos metódicos de uma profissão; a CLT (art. 80, § único) define aprendiz como o menor de 12 a 18 anos sujeito à formação profissional metódica do ofício em que exerça o seu trabalho. * EMPREGADOR – é o ente, dotado ou não de personalidade jurídica, com ou sem fim lucrativo, que tiver empregado; considera-se empregador a empresa, seja individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços (CLT, art. 2º). 1) Responsabilidade solidária dos grupos de empresa - sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamenteresponsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas (CLT, art. 2º, § 2º). 2) Poder de direção - é a faculdade atribuída ao empregador de determinar o modo como a atividade do empregado, em decorrência do contrato de trabalho, deve ser exercida. 3) Poder de organização - consiste na ordenação das atividades do empregado, inserindo-as no conjunto das atividades da produção, visando a obtenção dos objetivos econômicos e sociais da empresa; a empresa poderá ter um regulamento interno para tal; decorre dele a faculdade de o empregado definir os fins econômicos visados pelo empreendimento. 4) Poder de controle - significa o direito de o empregador fiscalizar as atividades profissionais dos seus empregados; justifica-se, uma vez que, sem controle, o empregador não pode ter ciência de que, em contrapartida ao salário que paga, vem recebendo os serviços dos empregados. 5) Poder disciplinar - consiste no direito de o empregador impor sanções disciplinares ao empregado, de forma convencional (previstas em convenção coletiva) ou estatutária (previstas no regulamento da empresa), subordinadas à Página 5 de 7 forma legal; no direito brasileiro as penalidades que podem ser aplicadas são a suspensão disciplinar e a advertência. * CONTRATO DE TRABALHO e RELAÇÃO DE TRABALHO - haverá contrato de trabalho sempre que uma pessoa física se obrigar a realizar atos, executar obras ou prestar serviços para outra e sob dependência desta, durante um período determinado ou indeterminado de tempo, mediante o pagamento de uma remuneração; quanto à relação de emprego, dar-se-á quando uma pessoa realizar atos, executar obras ou prestar serviços para outra, sob dependência desta, em forma voluntária e mediante o pagamento de uma remuneração, qualquer que seja o ato que lhe dê origem. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) A Carteira de Trabalho e Previdência Social é o documento de identificação do trabalhador que serve não só para constatar que ele mantém contrato de trabalho com o empregador, provando sua existência, mas também comprova o tempo de serviço que foi prestado a outras empresas, pelo obreiro, servindo como atestado de antecedentes do trabalhador. Nela são anotados os elementos mais importantes concernentes as relações de emprego passadas e presentes do trabalhador e as alterações relevantes havidas em seus contratos de trabalhos, bem assim informações do interesse da Previdência Social. O artigo 13 da CLT diz que a CPTS é obrigatória para quem exerce atividade profissional remunerada, a qual será emitida nas Delegacias Regionais do Trabalho ou mediante convênio, pelos órgãos federais, estaduais, e municipais da administração direta ou indireta. A carteira é um documento gratuito, disponível aos cidadãos com mais de 14 anos. Jornada de Trabalho A jornada normal de trabalho será o espaço de tempo durante o qual o empregado deverá prestar serviço ou permanecer à disposição do empregador, com habitualidade, excetuadas as horas extras; nos termos da CF, art. 7º, XIII, sua duração deverá ser de até 8 horas diárias, e 44 semanais; no caso de empregados que trabalhem em turnos ininterruptos de revezamento, a jornada deverá ser de 6 horas, no caso de turnos que se sucedem, substituindo-se sempre no mesmo ponto de trabalho, salvo negociação coletiva. Página 6 de 7 A redução legal da jornada poderá ser feita pelas partes, de comum acordo, por convenção coletiva e pela lei. Direito a Férias Férias é um direito do trabalhador e devem ser anuais, com período de 30 dias corridos, se o trabalhador não tiver faltado injustificadamente, mais de 5 vezes ao serviço. Admitido na empresa, o empregado precisa cumprir um período para adquirir o direito de férias; é o denominado período aquisitivo; é de 12 meses (CLT, art. 130). 1) Período concessivo - o empregador terá de conceder as férias nos 12 meses subsequentes ao período aquisitivo, período a que se dá nome de período concessivo; não o fazendo, sujeita-se a uma sanção (CLT, art. 134). 2) Remuneração - será a mesma, como se estivesse em serviço, coincidindo com a do dia da concessão, acrescida de 1/3 (CF, art. 7º, XVII). 3) Férias vencidas - são as que se referem a período aquisitivo já completado e que não foram ainda concedidas ao empregado. 4) Férias proporcionais - se refere ao pagamento em dinheiro na cessação do contrato de trabalho, pelo período aquisitivo não completado, em decorrência da rescisão; em se tratando de empregados com mais de 1 ano de casa, aplica-se o disposto no art. 146, § único da CLT: na cessação do contrato de trabalho após 12 meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na proporção de 1/12 por mês de serviço ou fração superior a 14 dias; para empregados com menso de 1 ano de casa, a norma aplicável é o art. 147 da CLT: “o empregado que for despedido sem justa causa ou cujo contrato se extinguiu em prazo predeterminado, antes de completar 12 meses, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de conformidade com o artigo anterior. 5) Prescrição - extinto o contrato é de 2 anos o prazo para ingressar com o processo judicial, e durante a relação de emprego é de 5 anos; a prescrição, durante o vínculo empregatício, é contada a partir do fim do período concessivo e não do período aquisitivo. Página 7 de 7 6) Férias coletivas - podem ser concedidas a todos os trabalhadores, a determinados estabelecimentos, ou somente a certos setores da empresa, para serem gozadas em 2 períodos anuais, nenhum deles inferior a 10 dias (CLT, arts. 134 e 135). Salário O salário é o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só como contraprestação do trabalho, mas, também, pelos períodos em que estiver à disposição daquele aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei; não têm natureza salarial as indenizações, a participação nos lucros, os benefícios e complementações previdenciárias e os direitos intelectuais. O salário pode ser estipulado por tempo, por produção ou por tarefa e, pode ser pago em dinheiro (é a forma normal), em cheque ou depósito bancário e em utilidades. Quanto a periodicidade do pagamento, deve ser pago em períodos máximos de 1 mês, salvo comissões, percentagens e gratificações (CLT, art. 459); a CLT fixa, como dia de pagamento, o 5º dia útil do mês subsequente ao do vencimento. O empregador não pode fazer alterações sem o consentimento do empregado (inalterabillidade), mesmo com a anuência do trabalhador, serão consideradas nulas, se prejudiciais. 1) Salário mínimo - é o menor valor da contraprestação devida e paga pelo empregador a todo trabalhador, para que atenda às suas necessidades básicas e às de sua família com moradia, alimentação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social. 2) Salário profissional - denomina-se assim, aquele fixado como mínimo que pode ser pago a uma determinada profissão. 3) Piso salarial - é o valor mínimo que pode ser pago em uma categoria profissional ou a determinadas profissões numa categoria profissional; expressa-se como um acréscimo sobre o salário mínimo; é fixado por sentença normativa ou convenção coletiva.
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