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Morte celular A morte celular tem sido assunto de grande interesse científico nos últimos anos embora muitos de seus aspectos morfológicos e bioquímicos há houvessem sido abordados nos últimos anos. Classicamente, o processo de morte celular é descrito pelo modo no qual a célula pode morrer. Os principais processos de morte celular conhecidos são apoptose e a necrose. A apoptose é também conhecida como morte celular programada e ocorre fisiologicamente ou em resposta à algum dano celular. Este tipo de morte celular consiste na remoção de células lesionadas e também tem sua função na renovação celular e tecidual. Já a morte celular por necrose pode ser considerada uma morte celular acidental, e pode ser desencadeada por algum dano celular/tecidual. Célula em apoptose. Apoptose É um tipo de morte celular programada. São processos de suicídio celular nos quais as células ativam um programa de morte intracelular e matam a si mesmas de uma maneira controlada. Ocorre em plantas e animais durante o desenvolvimento e a embriogênese. Esse constitui de um processo oposto à mitose que atua como uma resposta fisiológica permitindo a remoção de células ou tecidos alterados, exercendo um importante papel na manutenção da estrutura do órgão e dos tecidos, na renovação celular, na embriogênese, atuando como uma forma de “esculpir” os órgãos. Um bom exemplo de ocorrência de apoptose é a morte celular programada de células das membranas interdigitais de um embrião, ou na regressão da cauda de um girino. Outro exemplo clássico de ocorrência de apoptose inclui a involução da glândula mamária em fêmeas de mamíferos. A apoptose também ocorre como um processo para renovação celular, eliminando células que não sejam mais funcionais. Exemplos de processos fisiológicos onde ocorre a apoptose. A apoptose também pode ser induzida por estímulos patológicos, como, por exemplo, quando há um baixo teor de oxigênio (hipóxia) e em situações de estresse oxidativo (excesso de produção de espécies reativas de oxigênio [radicais livres]), como o que ocorre em algumas doenças neurodegenerativas, como na doença de Parkinson. Uma característica importante é que a ocorrência de apoptose em uma célula não afeta a célula vizinha. A) Ativação da apoptose A apoptose pode ser ativada por substâncias que induzem a morte celular e se ligam a receptores específicos; pela supressão de fatores tróficos que mantém as células vivas e por lesão mitocondrial e no DNA. Existem 2 vias apoptóticas: 1) Via extrínseca: Envolve a ligação de ligantes a receptores 2) Via intrínseca: Envolve a participação da mitocôndria A) Mecanismos envolvidos na indução da apoptose Na apoptose as células morrem como resultado de uma cascata de eventos ordenados e esterotipados. Múltiplos caminhos de sinalização, a partir de agentes extracelulares ou intracelulares desencadeiam a morte celular que envolve fases de controle e execução, resultando em alterações celulares estruturais típicas. A cascata de sinalização para a indução de apoptose envolve a participação de enzimas denominadas caspases. Tais enzimas são proteases que são sintetizadas na célula como precursores inativos denominados pró-caspases que são ativadas após uma clivagem proteolítica. Uma vez ativadas, as caspases clivam outras pró- caspases, ativando-as em uma cascata. Pró-caspases que agem no início da cascata proteolítica são chamadas de pró-caspases iniciadoras, quando ativadas elas clivam e ativam pró-caspases executoras e outras proteínas da célula, como as laminas nucleares, cuja clivagem causa um dano irreversível à lâmina nuclear. Além disso, elas também clivam e ativam endonucleases responsáveis pela clivagem do DNA nuclear; componentes do citoesqueleto e proteínas de adesão célula-célula que ligam as células à sua vizinhança, tornando fácil a sua digestão por um macrófago ou outra célula vizinha. A cascata de caspases é irreversível, não podendo voltar atrás, levando à morte da célula uma vez desencadeada. A primeira pró-caspase é ativada ao se ligar a complexos de ativação, quando a célula recebe um sinal para entrar em apoptose. Como já comentado, há duas vias de sinalização envolvidas com a apoptose: a via extrínseca e a via intrínseca, que serão explicadas a seguir. -Via extrínseca da apoptose Essa via envolve a participação de receptores de superfície celular que recebem um sinal extracelular e ativam a apoptose. Proteínas de sinalização celular ligam-se aos receptores de morte presentes na membrana plasmática (Fas e TNF-R). No caso de ligantes FasL (que ligam-se aos receptores Fas), um linfócito matador que apresenta em sua membrana um ligante Fas (FasL) se liga ao receptor Fas presente na membrana da célula-alvo. O receptor provoca o recrutamento de pró-caspases iniciadoras intracelulares (caspase 8 ou 10) formando um complexo de inicialização indutor de morte (DISC) que ativa as pró-caspases executoras (caspase 3) a induzirem a apoptose na célula-alvo. Essa via é causada por estímulos fisiológicos. Via extrínseca da apoptose. -Via intrínseca da apoptose Nessa via a apoptose é ativada no meio intracelular, geralmente em resposta a injúrias como lesão ao DNA ou à mitocôndria, hipóxia (redução na concentração de O2), estresse oxidativo (produção exacerbada de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio - radicais livres), supressão de fatores tróficos. Essa via depende da liberação, no citosol, de proteínas mitocondriais que normalmente residem no espaço intermembrana dessas organelas. A liberação destas proteínas da mitocôndria ocorre devido ao aumento do conteúdo e/ou atividade de proteínas pró-apoptóticas e diminuição de proteínas anti-apoptóticas, o que resulta na formação de um poro na membrana da mitocôndria denominado de poro de transição mitocondrial. Algumas proteínas liberadas ativam a cascata proteolítica da caspase no citoplasma, levando a apoptose. Uma proteína mitocondrial que é liberada na via intrínseca da apoptose é o citocromo c. No citosol, o citocromo c se liga a uma proteína adaptadora denominada Apaf-1 e com a pró-caspase 9, formando o apoptossomo, que resulta na ativação da caspase 9. Por sua vez, a caspase 9 ativa a caspase-3, principal caspase executora da apoptose. Eventos que ocorrem na via intrínseca da apoptose Pode haver interconexões entre a via intrínseca e a via extrínseca da apoptose, por exemplo, a caspase 8, envolvida na via extrínseca, pode levar à ativação de proteínas pró-apoptóticas que irão promover a formação de poros na membrana da mitocôndria, resultando na liberação de proteínas mitocondriais, como o citocromo c, que resultará na formação do apoptossomo e ativação da caspase 3. Resumo da via extrínseca e intrínseca da apoptose. B) Aspectos citológicos da apoptose A morte celular por apoptose é caracterizada pela perda da integridade celular, havendo condensação e segregação da cromatina, que passa a ocupar a margem nuclear contra o envelope nuclear, e condensação do citoplasma. A condensação da cromatina é acompanhada por invaginação das membranas nuclear e celular, seguido da ruptura do núcleo em fragmentos que se tornam circundados por parte do envoltório nuclear. Surgem então os corpos apoptóticos ou vesículas apoptóticas que contém parte do núcleo e do citoplasma, além de marcadores de superfície (fosfatidilserina) que permitem serem rapidamente reconhecidos e fagocitados por macrófagos ou outras célulasdo sistema imune, ou por células adjacentes (em células animais). Acompanhe como ocorrem estas alterações no esquema abaixo: Aspectos citológicos da apoptose. Célula em apoptose. Exemplos de células em apoptose: Célula em apoptose por microscopia eletrônica de transmissão: observe a fragmentação nuclear, a condensação da célula e a perda do contato desta célula com as células vizinhas. Célula em apoptose por microscopia eletrônica de varredura: observe a condensação da célula e a formação de corpos apoptóticos A apoptose pode ser identificada através de marcadores específicos por microscopia de luz, antes mesmo das células em apoptose apresentarem os aspectos citológicos característicos deste tipo de morte celular. Por exemplo, pode-se utilizar uma marcação imunohistoquímica para a identificação da proteína caspase 3 (caspase efetora). Ainda, pode-se utilizar um kit comercial denominado TUNEL, que identifica células em apoptose. Em plantas o mecanismo de apoptose ocorre de maneira similar, envolvendo a presença de proteínas semelhantes às caspases, como as metacaspases. No entanto, em plantas não há formação de corpos apoptóticos ou fagocitose da célula apoptótica. O que ocorre é a liberação de enzimas presentes no vacúolo central para o citosol, desta forma, ocorre a “degradação” do conteúdo celular. Esse mecanismo ocorre durante o desenvolvimento floral, desenvolvimento das sementes, folhas e vasos condutores. Além disso, a apoptose também pode ocorrer em caso de infecções por patógenos. Figura comparativa: apoptose em células animais e em plantas. Por fim, podemos comparar a apoptose como uma forma de suicídio celular, que ocorre tanto em animais quanto em plantas. Necrose A necrose é um tipo de morte celular que ocorre de forma inesperada. É um processo que pode ser visto como consequência de falhas metabólicas e genéticas. Esse processo pode ser induzido por injúria severa como: hipertermia, privação de nutrientes, estresse oxidativo, sobrecarga intracelular de cálcio, isquemia (supressão de oxigênio), altas concentrações de substâncias tóxicas que geram falhas severas no metabolismo celular ou ainda estímulos físicos. Diferentemente da apoptose, a ocorrência de necrose em uma célula afeta as células vizinhas. A) Mecanismos de lesão celular Princípios: 1) A resposta celular depende do tipo da agressão, sua duração e sua intensidade; 2) As consequências da agressão à célula dependem do tipo celular, estado e adaptabilidade da célula agredida; 3) As lesões celulares causam alterações bioquímicas e funcionais em um ou mais componentes celulares: a) Lesões que afetam a respiração aeróbia b) Lesões que alteram as membranas celulares c) Lesões que paralisam a síntese proteica d) Lesões que alteram o citoesqueleto e) Lesões que alteram o aparato genético da célula B) Características citológicas da necrose: Aspectos citológicos da necrose. C) Alterações morfológicas da necrose observadas na microscopia: - Alterações citoplasmáticas: 1) Aumento da eosinofilia (coloração rósea do citoplasma) 2) Presença de vacúolos 3) Descontinuidade das membranas celulares Alterações citoplasmáticas observadas na necrose. - Alterações nucleares: 1) Picnose: Retração nuclear e aumento da basofilia 2) Cariorrexe: o núcleo condensado sofre fragmentação 3) Cariólise: diminuição da basofilia do núcleo devido à degradação do DNA. Dentro de 1-2 dias do início do processo necrótico, o núcleo desaparece. Alterações nucleares observadas na necrose. A necrose de um conjunto de células em um tecido ou órgão pode resultar na morte de todo o tecido ou órgão. A necrose pode, dependendo do processo necrótico, ser observado macroscopicamente, e existem vários padrões morfológicos distintos de necrose tecidual: -Necrose coagulativa: caracterizada pela perda da nitidez dos elementos nucleares e manutenção do contorno celular. Nesse caso ocorre a permanência de proteínas coagulativas no citosol sem que haja o rompimento da membrana celular. O infarto de miocárdio é um bom exemplo. -Necrose liquefativa: resultado principalmente de infecções bacterianas. O tecido necrótico é limitado a uma cavidade na qual há grande quantidade de neutrófilos e células inflamatórias. É comum no sistema nervoso central. -Necrose caseosa: o tecido torna-se esbranquiçado, granuloso e amolecido. É observado na tuberculose, sífilis e em alguns tipos de infarto. -Necrose enzimática: ocorre quando há liberação de enzimas em tecidos necróticos. A forma mais comum é a gordurosa, que ocorre principalmente em células pancreáticas. Pode ocorrer a liberação de lípases que desintegram a gordura neutra dos adipócitos desse órgão. -Necrose gangrenosa: forma especial de necrose em que o tecido sofre modificações devido a agentes do ar ou bactérias, tornando- se negro. C) Necrose em plantas Em plantas a necrose pode ocorrer como resultado de privação de nutrientes ou presença de patógenos. Exemplos de ocorrência de necrose em plantas. Tabela 1. Principais diferenças entre necrose e apoptose. Diferenças entre necrose e apoptose. Células em processo de morte celular.
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