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Filo Platelmintos Gêneros Taenia e Schistosoma Aula 6 Profª: MSc. Laura C. Tibiletti Balieiro UNIPAC CURSO DE NUTRIÇÃO 1 • Platelmintos (filo Platyhelminthes) são vermes de corpo achatado e de pouca espessura. • Há diversas espécies de vida livre, que se desenvolvem na água, com poucos centímetros de comprimento, e outras maiores, de meio terrestre úmido. • Muitos são parasitas. Filo Platelmintos • Os platelmintos são animais dotados de órgãos definidos. – Nos platelmintos encontram-se padrões de reprodução assexuada e sexuada. • Possuem cavidade digestiva dotada de apenas uma abertura – a boca, que serve tanto para a entrada de alimento como para a eliminação de materiais não digeridos. – Trata-se de um sistema digestivo incompleto. Filo Platelmintos Família Taeniidae Taxonomia Filo Platyhelminthes Classe Cestoda Sub-classe Cestodaria Sub-classe Eucestoda Ordem Cyclophyllidea Família Taeniidae Gênero Taenia Verme adulto Hospedeiro Definitivo Metacestódeo Hospedeiro Intermediário Localização do metacestódeo T. saginata Homem Cysticercus bovis Bovino Musculatura T. asiatica Homem C. viscerotropica Suíno Musculatura T. solium Homem C. cellulosae Suíno/ Homem Musculatura, SNC T. taeniaeformis Gato C. fasciolaris Roedor Fígado T. hydatigena Cão C. tenuicollis Ovino/ Bovino/ Suíno Peritônio T. ovis Cão C. ovis Ovino Musculatura T. pisiformis Cão C. psiformis Coelho Peritônio T. krabbei Cão C. tarandi Rena Musculatura T. multiceps Cão Coenurus cerebralis Ovino/ Bovino Snc T. serialis Cão Coenurus serialis Coelho Tec. Conjuntivo • Teníase: Infecção pelo verme adulto – Taenia solium ou Taenia saginata – Intestino delgado – Homem • Hospedeiro definitivo Teníase – Cisticercose • Cisticercose: Presença do metacestódeo – Cysticercus cellulosae ou Cysticercus bovis – Tecidos – Suínos, bovinos ou homem • Hospedeiros intermediários Teníase – Cisticercose • Parasitos achatados em forma de fita e corpo segmentado • Divisão anatômica: • Escólex ou cabeça • Colo ou pescoço • Estróbilo ou corpo Morfologia simulium.bio.uottawa.ca • Escólex: extremidade anterior/ órgão de fixação – Taenia solium: quatro ventosas – rostro com 25 a 50 acúleos – Taenia saginata: quatro ventosas – sem rostro Morfologia rostro acúleos ventosas Morfologia rostro acúleos ventosas • Colo – Prolongamento do escólex – Zona de crescimento do parasito – formação de proglotes • Estróbilo – Conjunto de proglotes – Estrobilização progressiva Morfologia • A) Proglote madura - Ey = ducto ejaculatório, Ts = testículos, Ci = estrutura copuladora , Gp = poro genital, SR = sêmem, Ovi = oviduto, Ova = ovário,Vg = glândula vitelínica, Vd = ducto vitelínico, Mg = glândulas Mehlis glands, Ut = uretra, Ex = canal excretor, Ns = ramo nervoso • B) Proglote grávida Desenho esquemático de uma proglote Sciutto, E . et al. Microbes and Infeccion v.2 nº 15 ,2000,1875-1890 Desenho esquemático Taenia saginata • Retangular • Útero formado por ramificações dicotômicas • Contêm aproximadamente 160 mil ovos • Proglotes saem de forma ativa e isoladas entre as evacuações Diferença entre espécies Taenia solium • Quadrangular • Útero formado por ramificações dendríticas • Contêm aproximadamente 80 mil ovos • Proglotes eliminadas nas fezes (3 a 6 anéis) Ramificações • Esféricos ou ovóides (30 – 40 µm de diâmetro) – Membrana externa espessa e estriada transversalmente • Embrióforo - confere resistência • Internamente - embrião Oncosfera Ovos • Os ovos são expelidos das proglotes – Fezes humanas • São os agentes causais da cisticercose • Microscopia: indistinguíveis entre espécies Ovos Ana Flisser et.al. Cisticercosis Present State of Knowledge and perspectivs.385 Embrióforo Oncosfera • Cysticercus cellulosae - Taenia solium (acúleos) • Cysticercus bovis - Taenia saginata (s/ acúleos) • Vesículas translúcidas • Ovóides ou alongadas (depende do tipo de tecido parasitado) Metacestódeos - Cistos • Medem 4 – 6 mm X 7 – 10 mm • Origina o verme adulto - intestino delgado do homem Metacestódeos - Cistos • Outra forma de metacestódeo da Taenia solium – Difere do Cysticercus cellulosae por formar vesículas em bagos de uva e não possuir escólex • Localização preferencial - ventrículos cerebrais Cysticercus racemosus Ana Flisser et.al. Cisticercosis Present State of Knowledge and perspectivs.119 www.anatpat.unicamp.br Registro apenas em tec. humano • Taenia solium • Taenia saginata • Cysticercus cellulosae – Tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e olhos de suínos acidentalmente em humanos e cães • Cysticercus bovis – Tecidos de bovinos Biologia - “Hábitat” Fase adulta – intestino delgado - Homem Ciclo Biológico • Taenia saginata – Ingestão de carne bovina crua ou mal cozida infectada pelo C. bovis • Taenia solium – Ingestão de carne suína crua ou mal cozida infectada pelo C. cellulosae Transmissão - Teníase www.facmd.unam.mx/grid/foto4.jpg Cisticercose • Poucas reações imunológicas • Rara presença de anticorpos • Resposta imune local pouco conhecida • Facilidade de permanência e amadurecimento do parasito Resposta imune na teníase • Antígenos de ação tóxica e irritativa • Resposta imunológica celular • Início do processo de calcificação • Cisto calcificado Consequência da morte do cisticerco • Carga parasitária • Competição com o hospedeiro por nutrientes x consequências para o hospedeiro • Dano na mucosa intestinal (ventosas e acúleos) • Inflamação branda • Fenômenos alérgicos Patogenia e Sinais Clínicos - Teníase • Assintomática • Sintomáticos – Tonturas – Astenia – Apetite excessivo – Náuseas – Vômitos – Alargamento do abdome – Dores de vários graus de intensidade – Perda de peso Patogenia e Sinais Clínicos - Teníase • Suínos - Bovinos – Jovens assintomáticos – Abate precoce – Adultos com pouca sintomatologia Cisticercose: provoca lesões graves • SNC • Tecido conectivo subcutâneo • Globo ocular • Músculos cardíacos e esqueléticos • Manifestações clínicas (número, tamanho, localização, estágio de desenvolvimento, RI do hospedeiro): dor, febre, nódulos cutâneos Cisticercose: Humanos Nódulos Humanos www.facmed.unam.mx/grid/foto4.jpg Segundo Ana Flisser et.al.Cisticercosis Present State of Knowledge and perspectivs.108 • 1 a 3% das infecções • Intra-orbital; humor vítreo e espaço sub-retina • Vários graus de distúrbios oculares • Infecção maciça, lesando o nervo óptico e causando cegueira Cisticercose ocular www.facmed.unam.mx/grid/foto4.jpg • Sinais clínicos: – Náusea , vômito, cefaléia – Ataxia - falta de coordenação de movimentos musculares voluntários e de equilíbrio – Sinais neurológicos focais – Hidrocefalia, vasculite – Infarto cerebral – Quadros neuropsiquiátricos Neurocisticercose - NCC www.facmed.unam.mx/grid/photos.htm • Envolvimento da medula espinhal é raro – 1 a 5% dos casos de NCC • Compressãoda medula e fixação do cisticerco • Reações inflamatórias indiretas, causando paralisia e distúrbios nos esfíncters Neurocisticercose - NCC www.facmed.unam.mx/grid/photos.htm • Cosmopolita – Hindus (bovino) – Judeus (suíno) Complexo - Teníase/ Cisticercose • Precários hábitos de higiene • Criação inadequada de suínos e bovinos • Ingestão de água e alimentos contaminados Complexo - Teníase/ Cisticercose • Consumo de carne crua ou mal cozida • Manipulação de carne contaminada • Abate clandestino • Irregular ou ausente inspeção de matadouros ou açougues Complexo - Teníase/ Cisticercose • Clínicos – Assintomático – Sintomático – subjetivo – Exame oftalmológico – Parasito no globo ocular • Parasitológicos Diagnóstico Proglotes de T. saginata Proglotes de T. solium www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/Taeniasis.htm Ovo de Taenia Ovo de Taenia http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/Taeniasis.htm • Imunológicos – Liberação de ovos não é constante – Dificuldade de diferenciar as duas espécies – Elisa • 90% especificidade • 2x mais sensível – Imunoblot (EITB) - anticorpos e/ ou antígenos • 95% sensível • 100% específico • Espécie - específico Diagnóstico • Imagens – Radiografia • Visualiza as lesões causadas – Tomografia computadorizada (TC) • Visualiza formas inativas e ativas (escólex), localização (intraparenquimatoso) e número de parasitos Diagnóstico • Imagens – Ressonância Magnética (RM) • Limitada em identificar pequenos granulomas e calcificações • Mais sensível que a TC • Casos duvidosos ou canal raquidiano – Limitações de imagens: período de latência do cisticerco, neoplasias e cistos isolados Diagnóstico • Moleculares – PCR – Falhas nos diagnósticos por imagem e imunológicos – Sensibilidade: 96,7% – Especificidade: 100% • Necropsia Diagnóstico • Impedir o acesso do suíno e bovino às fezes humanas – Educação sanitária, saneamento básico • Alerta da população para o consumo de carne crua ou mal cozida • Tratamento em massa dos casos humanos positivos Profilaxia • Inspeção sanitária na criação de animais e seleção de carnes para o consumo humano (Critérios OMS) – 1 a 5 cisticercos - consumo após congelamento por 45 horas – 6 a 20 cisticercos - enlatados e cozimento a 120°C por 1h – > 20 cisticercos: descarte Profilaxia • Teníase – Niclosamida, Praziquantel, Mebendazol – Drogas Sintomáticas: Carbamazepina, Fenobarbital, Fenotoína, Valproato de sódio, Corticosteróides • Neurocisticercose – Praziquantel e Albendazol – Neurocirurgia Tratamento Schistosoma mansoni Filo: Platyhelminthes Classe: Trematoda Família: Schistosomatidae Subfamília: Schistosomatinae Gênero: Schistosoma Taxonomia Espécies: S. mansoni S. Haematobium S. japonicum Espécies: S. mansoni S. Haematobium S. japonicum • “Habitat” – Sistema porta-hepático • Ciclo vital – Heteroxeno • Acasalamento e postura – Veia mesentérica inferior – plexo hemorroidário Schistosoma • Nutrição – Sangue e globulinas Schistosoma Esquistossomose, Xistossomose, Xistose, Doença dos Caramujos, Moléstia de Pirajá da Silva, Barriga d‘água www.uni-duesseldorf.de/.../wurm_gr1.gif Veia Mesentérica Vermes Adultos http://www.columbia.edu/itc/hs/medical/pathophys/parasitology/2006/PAR-04Color.pdf Ovo Miracídio Esporocisto Adultos Esquistossômulo Cercária Formas Evolutivas Morfologia Ventosa oral Ventosa ventral - Acetábulo Dimorfismo sexual 1,5cm♀ 1,0cm♂ Canal Ginecóforo Canal Ginecóforo Cirrus Macho Macho Fêmea Fêmea Liang, Y. S. et al., 2002 Tegumento liso Tegumento com projeções tubérculos Espículo 150 μm x 60 μm; Segmentação Holoblástica Desigual 100 a 300 ovos por dia 30 a 50% são eliminados Duração: 2 a 4 semanas 100 a 300 ovos por dia 30 a 50% são eliminados Duração: 2 a 4 semanas http://www.path.cam.ac.uk/~schisto/OtherFlukes/Flukes_Gen/Fluke_Life1.html Ovo Forma o miracídio Miracídio Cilíndrico e ciliado Fototropismo pos. +/- 8h Enzimas auxiliam na migração Cambridge.University Schistosomiasis Research Group 180 μm x 64 μm Movimentos contráteis e rotatórios Geotropismo neg. Quimiorreceptores Cercária Cauda longa e bífida Glândulas de Penetração Movimento Circadiano 500 μm Sulco oral Acetábulo 72 h Mecanismo mecânico vibratório 1 miracídio = 100 a 300 mil cercárias 50 μm x 60 μm; Estrutura em forma de saco; Fase intermediária entre a cercária e adulto. McLaren, 1980 Esquistossômulos Ventosa ventral Ventosa oral Bi = dois Omphalos = umbigo B. glabrata B. tenagophila B. straminea Reino Animalia Filo Mollusca Classe Gastropoda Subclasse: Pulmonata Ordem: Basommatophora Família: Planorbidae Gênero: Biomphalaria Distribuição Geográfica Brasileira Biomphalaria glabrata (Say, 1818) B. tenagophila (Obigy, 1835) • Penetração ativa na pele e mucosa – Cercárias • Locais : pés, pernas – contato com a água • Horário – luz solar e calor intensos – entre 10-16 h • Focos peridomiciliares – vales de hortas, açudes, córregos • Ciclo – 42 d Transmissão Ciclo Biológico • Acetábulo adere no hospedeiro – Ação lítica – glândulas de penetração – Ação mecânica – movimentos vibratórios intensos – Penetração – perda da cauda – Esquistossômulos – Perfuração e descamação epitelial • Resposta inflamatória Relação parasito-hospedeiro Pele – Vasos Sanguíneos – Coração – Pulmões – Fígado – Veias Mesentéricas Penetração: 30 min Barreira : Epiderme (membrana basal) : 1 a 2 dias Vasos Sanguíneos: 10h 5 min depois: esquistossômulo (camada externa da epiderme); 10 min depois: esquistossômulo (atravessa a membrana basal da epiderme – derme) 20 min depois: esquistossômulo migra para os vasos sanguíneos, coração, pulmões e fígado http://www.path.cam.ac.uk/~schisto/SchistoLife/Human.skin.html • Cepas do parasita • Carga parasitária adquirida • Idade • Estado Nutricional • Resposta Imune Fatores da Patogenia • Cercária – Dermatite Cercariana – Erupção urticariforme – Eritrema – Edema – Dor – Pequenas pápulas – Reinfecções – Hipersensibilidade Patogenia e sinais clínicos Fase Pós-Postural Ovos Granulomas • Esquistossômulos - Fase Pré-Postural – Linfadenia generalizada – Febre – Aumento do volume do baço – Sintomas pulmonares – Hepatite aguda Patogenia e sinais clínicos Vermes adultos Espoliação: 2,5mg de ferro/dia Vermes adultos mortos Patogenia e sinais clínicos • Enterocolites agudas • Necrose no fígado • Granulomas • Febre • Sudorese • Calafrios • Emagrecimento Fase Aguda Fatal • Fenômenos alérgicos • Diarreias • Disenteria • Cólicas • Hepatomegalia discreta • Linfadenia • Leucocitose com eosinofiliaFase Aguda Cronicidade • Diarreia sanguinolenta • Dor abdominal • Granulomas nodulares • Fibrose da alça retossigmóide • Não frequente: – Tumor (formas pseudoneoplásicas) Fase Crônica - Intestino • Intensas áreas de granulomas • Fibrose de Symmer: – Retração do fígado – áreas fibrosadas • Fibrose periportal – obstrução dos ramos porta-hepático • Hipertensão portal Fase Crônica - Fígado Esplenomegalia: Congestão passiva do ramo esplênico Hiperplasia do SMF – fenômenos alérgicos Hipertensão portal Varizes: Shunts hepáticos Anastomose Ascite Plexo hemorroidário Umbigo Esôfago – hemorragias- fatal Hipertensão portal Ascite Fase Crônica Fase Crônica • Homem é o principal hospedeiro vertebrado • Altas temperaturas e luminosidade intensa – Sobrevivência de muitas espécies de moluscos – Eclosão e penetração dos miracídios e cercárias Epidemiologia • Práticas: dejetos eliminados diretamente nos cursos d´água • Poluição das coleções de água • Enxurradas Epidemiologia • Condições sanitárias precárias • Educação sanitária precária • Novas Fronteiras agrícolas • Aumento dos comércios aquáticos Epidemiologia • Zona Rural e Urbana • Presente em muitos países • Doença negligenciada • 76 países e territórios • Maior prevalência – população jovem – 5 a 20 anos Epidemiologia Elementos do ciclo biológico Hospedeiros intermediários Transmissão Ambiente - peridomiciliar Distribuição Geográfica • Clínico • Anatomopatológico • Parasitológicos • Imunológicos • Biologia molecular • Outros exames – Bioquímica – Hematologia Diagnóstico • Ministério da Saúde – Fundação Nacional da Saúde • Implementação desde 1976 • Instalação do Programa: • Reconhecimento geográfico • Área Endêmica • Área de Foco • Área Vulnerável • Área Indene Programa de Controle da Esquistossomose Áreas Endêmicas Área de Foco Áreas Vulneráveis Áreas Indenes Prevenir a ocorrência de formas graves da doença Reduzir a níveis >25% a positividade Evitar a dispersão da endemia Conter a expansão no foco inicial e interromper a transmissão Monitorar as modificações ambientais ou sócio - econômicos Acompanhar os movimentos populacionais Inviabilizar o estabelecimento da transmissão Manter a integração dos serviços locais de saúde Impedir o estabelecimento da transmissão Objetivos • Tratamento – Prevalência < 25% - tratamento só dos positivos – Prevalência 25% - 50% - positivos e infectados domiciliares – Prevalência > 50% - tratamento da população local Medidas Efetivas • Controle do Caramujo • Saneamento ambiental/ moluscicida – Aterro de coleções hídricas – Drenagem e retificação de leitos d´água – Canalização de coleções hídricas – Limpeza e remoção da vegetação das coleções hídricas Medidas Efetivas • Implementação de sistemas simplificados de eliminação de dejetos e abastecimento de água • Educação para a saúde e mobilização comunitária Medidas Efetivas Medidas Efetivas Filo Platelmintos Aula 6 Obrigada! Profª: MSc. Laura C. Tibiletti Balieiro laura.balieiro@hotmail.com UNIPAC CURSO DE NUTRIÇÃO 99
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