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1 Logística Reversa Visão Geral

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LOGÍSTICA 
REVERSA 
Prof. Luiz Alberto Nogueira 
Morato 
 
2012 
1 
Apresentação da 
Disciplina 
A Logística Reversa é a área da Logística que trata, 
genericamente, do fluxo físico de produtos, embalagens 
ou outros materiais, desde o ponto de consumo até ao 
local de origem. Os processos de logística revesa existem 
há tempos; entretanto, não eram tratados e denominados 
como tal. 
 
Como exemplos de logística reversa, temos: o retorno das 
garrafas (vasilhame), a coleta de lixos e resíduos 
recicláveis. Atualmente, é uma preocupação constante 
para todas as empresas e organizações públicas e 
privadas, tendo como grandes pilares de sustentação: a 
recuperação de valor dos produtos; a conscientização dos 
problemas ambientais; a escassez de matérias-primas; as 
políticas e a legislação ambiental. 
 
A logística reversa aborda a questão da recuperação de 
produtos, parte de produtos, embalagens, materiais, 
dentre outros, desde o ponto de consumo até ao local de 
origem ou de disposição em local seguro, com o menor 
risco ambiental possível. Assim, a logística reversa trata 
de um tema bastante sensível e muito oportuno, passando 
ainda pela abordagem do desenvolvimento sustentável e 
das políticas ambientais. 
2 
Conteúdo Programático 
Unidade I – Visão Geral 
1.1. Conceito 
1.2. Importância 
1.3. Aplicações 
1.4. Ciclo de Vida do Produto 
1.5. Revalorização dos Bens 
1.6. Impactos na gestão da 
logística 
 
3 
Conteúdo Programático 
Unidade II – Abordagem 
Econômica 
2.1. Canais de Distribuição 
Reversos de Bens de Pós-
Consumo e de Pós-Venda 
2.2. Logística Reversa de Pós-
Venda 
2.3. Logística Reversa de Pós-
Consumo 
2.4. Logística Reversa de 
Embalagem 
2.5. Inibidores das Cadeias 
Reversas 4 
Unidade III – Abordagem 
Ambiental 
 
3.1. Legislação Ambiental no 
Mundo e no Brasil 
3.2. Marketing Verde 
3.3. Gestão Ambiental 
3.4. ISO 14000 
3.5. Resíduos sólidos 
3.6. Disposição final 
Conteúdo Programático 
5 
Unidade I – VISÃO GERAL 
 
Objetivo 
 
Prezado Aluno (a), 
 
Ao final desta unidade, 
esperamos que você seja 
capaz de: 
• Compreender conceitos e 
a importância da logística 
reversa diferenciando-a 
da logística direta. 
• Definir as inter-relações 
internas e externas do 
sistema de logística 
reversa no contexto da 
organização empresarial. 
LOGÍSTICA REVERSA 
Luiz Alberto Nogueira Morato - 2012 
6 
1.1. Conceito 
 
A vida de um produto, do ponto de 
vista logístico, não termina com sua 
entrega ao cliente. 
 
Produtos se tornam obsoletos, 
danificados, ou não funcionam e 
devem retornar ao seu ponto de 
origem para serem adequadamente 
descartados, reparados ou 
reaproveitados. 
 
Outra questão, refere-se a produtos 
adquiridos pela internet, em que o 
consumidor tem o direito de 
arrepender-se da compra em até 
sete dias a contar da data de 
recebimento do produto. 
 
Temos também o caso de retorno 
de embalagens, em que acontece 
basicamente em função da sua 
reutilização - fator econômico ou 
devido a restrições legais - fator 
ambiental. 
 
A reutilização de produtos e 
materiais não é um fato novo. A 
reciclagem de metais, plásticos e 
papéis são processos realizados já 
há algum tempo. Nesses casos, a 
reciclagem se justifica, pois a 
recuperação é algo mais vantajoso 
economicamente do que a simples 
disposição final. 
 
Entretanto, com a crescente 
preocupação com o meio 
ambiente, a importância do reuso 
vem tomando maiores proporções. 
Ao invés de fluxo único dos 
materiais, a idéia de ciclo é cada 
vez mais empregada. 
 
Em todos os casos, a oportunidade 
de reutilização deu origem a um 
novo fluxo de materiais, partindo 
do consumidor e chegando ao 
fornecedor. O gerenciamento 
desse caminho inverso dos 
materiais, quando comparado ao 
fluxo direto da cadeia de 
suprimentos, é chamado de 
logística reversa 
 
Mais precisamente, no ano de 
2001, o Council of Logistics 
Management – CLM - define a 
logística reversa como: 
 
7 
“A Logística Reversa é definida como a 
parte do processo da cadeia de 
suprimento que planeja, implementa e 
controla de modo eficiente e eficaz o 
fluxo direto e reverso e o estoque de 
bens, serviços e informação entre o 
ponto de origem e o ponto de consumo 
com o propósito de atender os 
requisitos dos clientes”. 
 
Em outras palavras, a logística reversa 
trata de mover o produto da destinação 
final para o retorno ao ciclo de 
negócios, ou para disposição final 
adequada. 
 
Podemos dizer que o conceito de 
Logística Reversa está em evolução 
face as novas possibilidades de 
negócios relacionados ao crescente 
interesse empresarial e de pesquisas 
nesta área na última década. 
 
1.2. Importância 
 
O avanço tecnológico acelerou a 
introdução de novos produtos no 
mercado, levando a maiores condições 
de consumo e ao crescimento do 
descarte de produtos usados, 
aumentando o lixo 
urbano, principalmente em países 
com menor desenvolvimento 
econômico e social. Isto ocorre 
porque os canais reversos de 
distribuição, normalmente, não 
estão estruturados, havendo 
desequilíbrio entre as quantidades 
de material descartado e 
reaproveitado. 
 
Cabe mencionar que as atividades 
da LR para obter o 
reaproveitamento de produtos 
usados por meio da utilização do 
fluxo reverso podem agregar valor 
ao produto no mercado, pela 
imagem corporativa associada ao 
respeito ao meio ambiente, além 
de captar oportunidades 
econômicas para o processo 
produtivo, como a redução de 
compra de matériaprima virgem. 
 
Outros pontos a serem lembrados 
e que podem impulsionar a 
aplicação da Logística Reversa 
são: 
- Os custos de descarte em 
aterros sanitários têm aumentado; 
-Considerações econômicas e 
ambientais estão forçando as 
empresas a utilizarem 
embalagens retornáveis; 
 
8 
- Maior consciência das empresas 
com relação a todo o ciclo de vida 
de seus produtos, ou seja, ser 
legalmente responsável pelo seu 
destino após a entrega dos 
produtos ao cliente, evitando a 
geração de impacto negativo ao 
meio ambiente; 
- A matéria-prima nova está se 
tornando menos abundante, e 
conseqüentemente, mais cara; 
- Economias geradas para a 
empresa devido ao 
reaproveitamento de materiais e 
componentes secundários. Além de 
apresentar diferenciação em 
serviço ao cliente a medida que o 
fabricante tem políticas mais 
liberais de retorno de produtos, 
apresentando uma vantagem em 
relação a concorrência; 
- Eliminação de produtos que se 
tornam obsoletos devido ao alto 
grau de desenvolvimento 
tecnológico. 
- Face as regulamentações, muitas 
empresas são obrigadas a 
recolherem seus produtosquando 
os mesmos atingem o final da vida 
útil; 
- As empresas devem desenvolver 
produtos “amigáveis ao meio 
ambiente”; 
 
 
- Técnicas para recuperação de 
produtos e gerenciamento do 
desperdício devem ser 
desenvolvidas. 
 
1.3. Aplicações 
 
Existem alguns fatores que levam 
à aplicação da logística reversa: 
- Econômicos: relacionam-se com 
o custo da produção, por 
necessidade de adaptação dos 
produtos e processos para evitar 
ou diminuir o impacto ao meio 
ambiente; 
- Governamentais: relacionam-se 
à legislação e à política de meio 
ambiente; 
- Responsabilidade Corporativa: 
relacionam-se ao 
comprometimento das empresas 
fabricantes com a coleta de seus 
produtos ao final da vida útil; 
- Tecnológicos: ligam-se aos 
avançostecnológicos da 
reciclagem e projetos de produtos 
com finalidade de 
reaproveitamento após descarte 
pela sociedade; 
- Logísticos: relacionam-se aos 
aspectos logísticos da cadeia 
reversa, como por exemplo, a 
coleta de produtos. 
 
9 
1.3.1. Econômicos 
 
A Logística Reversa pode trazer 
ganhos diretos às empresas por meio 
da recuperação de produtos e redução 
de custos com o descarte adequado 
de materiais usados. Como exemplo, 
os equipamentos eletrônicos, que, 
normalmente, têm vida útil bastante 
curta, devido ao acelerado avanço 
tecnológico. Seus componentes, no 
entanto, podem ser reutilizados. 
 
Algumas empresas estão praticando o 
processo de recuperação de produtos 
para prevenir-se contra futuras 
imposições governamentais. Deste 
modo, não estarão despreparadas ao 
ter que cumprir alguma lei, e, 
conseqüentemente, não irão efetuar 
gastos inesperados para atender às 
exigências impostas. 
 
Toda empresa, independentemente do 
ramo, tamanho, tipos de produtos ou 
localização geográfica, pode 
beneficiar-se do planejamento, 
implementação e controle de 
atividades da Logística Reversa, 
mesmo que não haja imposição 
governamental. 
 
Os fatores econômicos apresentam-
se por meio de ganhos diretos e 
indiretos. São eles: 
- Ganhos Diretos: reaproveitamento 
de materiais, redução de custos, 
adição de valor na recuperação. 
- Ganhos Indiretos: antecipação a 
imposições legislativas, proteção 
contra a competição de mercado, 
imagem corporativa associada à 
proteção ambiental, melhora de 
relacionamento fornecedor/cliente. 
 
1.3.2. Governamentais 
 
Referem-se a qualquer imposição 
governamental para que as empresas 
recuperem seus produtos ou os 
recolham ao final da vida útil ou após 
o descarte, objetivando evitar a 
degradação do meio ambiente. 
 
A legislação de diversos países, 
principalmente da Europa, tem sido 
bastante rigorosa com os fabricantes, 
impondo obrigações quanto ao 
recolhimento de seus produtos para 
que sejam recuperados ou 
descartados adequadamente. 
10 
1.3.3. Responsabilidade Corporativa 
 
Está relacionada ao conjunto de 
valores ou princípios que levam a 
empresa a se tornar responsável 
perante a logística reversa. Por 
exemplo, as empresas que mantêm 
extensivo programa de recolhimento 
de seus produtos após o descarte - 
priorizando as responsabilidades 
social e ambiental. 
 
1.3.4. Sociais 
 
Envolvem os governos por meio de 
imposições governamentais, 
provimento de coleta seletiva 
urbana de resíduos sólidos – o que 
contribui para a geração de 
empregos – e instituição de 
incentivos para empresas 
praticantes da Logística Reversa, as 
empresas por meio da preocupação 
em dar um destino adequado a seus 
produtos no final da vida útil e a 
sociedade em geral que praticando 
a rotina do descarte de forma 
adequada estará contribuindo para a 
preservação do meio ambiente e 
para a obtenção da melhoria 
contínua da qualidade de vida. 
11 
1.4. Ciclo de Vida do Produto 
 
Por trás do conceito de Logístico 
Reversa está um conceito mais 
amplo, que é o do “ciclo de vida” do 
produto. A vida de um produto, do 
ponto de vista logístico, não termina 
com sua entrega ao cliente. 
Produtos se tornam obsoletos, 
danificados, ou não funcionam e 
devem retornar ao seu ponto de 
origem para serem adequadamente 
descartados, reparados ou 
reaproveitados. 
 
O ciclo de vida do produto é dividido 
em quatro estágios, sendo o 
primeiro a introdução, o segundo 
crescimento, o terceiro maturidade, 
e o quarto declínio. 
 
A Introdução é um período de baixo 
crescimento em vendas, uma vez 
que o produto está sendo 
introduzido no mercado. Não há 
lucros nesse estágio, devido às 
pesadas despesas com a introdução 
do produto. 
O Crescimento é um período de 
rápida aceitação do mercado e 
melhoria substancial dos lucros. 
 
A Maturidade é um período de 
baixa no crescimento de 
vendas. Isso porque o produto já 
conquistou a aceitação da maioria 
dos compradores potenciais. Os 
lucros se estabilizam ou declinam, 
devido à competição acirrada. 
 
O Declínio é o período em que as 
vendas mostram uma queda 
vertiginosa e os lucros 
desaparecem. 
 
O ciclo de vida material do produto 
é apresentado na figura a seguir 
na sua forma ideal, com o 
fechamento do ciclo de materiais 
por meio do fluxo reverso com 
aplicação das estratégias de fim de 
vida que incluem a reciclagem, a 
remanufatura e o reuso, entre 
outras. 
 
12 
1.4.1. O Nascimento de um Produto 
 
Um novo produto pode nascer 
devido três razões principais: fruto 
de uma nova descoberta científica 
(normalmente revolucionária), 
devido nova utilização de um 
conhecimento científico já existente 
ou ainda devido mudanças e ou 
melhorias de um produto existente. 
 
Muitas empresas e centros de 
pesquisas, possuem equipes 
multidisciplinares de pesquisadores, 
que dedicam anos e muito dinheiro 
com pesquisa científica pura, 
tentando descobrir novos conceitos 
e fenômenos científicos. 
Atualmente algumas áreas são 
muito pesquisadas, tais como: 
farmacêutica, telecomunicações, 
energia e novos materiais não 
metálicos. 
 
Talvez o campo da pesquisa 
científica atual, que mais tem 
recebido atenção seja o da indústria 
farmacêutica, procurando uma 
vacina para a AIDS. Há vários anos 
que estão sendo gastos bilhões de 
dólares, basicamente tentando-se 
entender os fenômenos científicos 
envolvidos na contaminação e 
propagação da doença. 
A partir daí poderão ser desenvolvidos 
novos produtos, como vacinas 
preventivas e remédios para 
tratamento dos doentes. 
 
Muitas pesquisas são desenvolvidas 
de forma a criar novos produtos e 
objetos, baseando-se em conceitos e 
fenômenos científicos já conhecidos. 
Este é o conceito da pesquisa 
tecnológica aplicada, como por 
exemplo, na busca de telefones 
celulares cada vez menores e com o 
mínimo de emissão de ondas 
prejudiciais aos usuários. 
 
Finalmente têm-se as pesquisas 
aplicadas a produtos e objetos 
existentes, onde se procura dar nova 
forma física ou nova utilização. Neste 
caso, além do fenômeno científico já 
dominado, tem-se o produto em uso. 
Esta forma de criar novos produtos é 
muito utilizada por empresas que não 
possuem grandes volumes de capital 
financeiro, para investimento em 
pesquisas puras. Neste caso a 
pesquisa parte das necessidades do 
mercado e desenvolvimento do 
produto para atender estas 
necessidades. Muitas vezes criam-se 
novos produtos que embutem 
patentes de processos existentes, 
onde se pagam direitos aos 
detentores da patente. 
13 
1.4.2. A morte e descarte de um 
Produto 
 
Todo produto, aceito pelo mercado, 
tem um ciclo de vida bem definido, 
ou seja, tem: gestação, nascimento, 
crescimento, maturidade, 
envelhecimento e morte, 
exatamente como nós seres 
humanos. A morte de um produto 
tem duas conseqüências bem 
definidas, uma para o fabricante e 
outra para o consumidor e a 
sociedade. Para o fabricante a 
morte significa descontinuidade de 
produção, parada nas vendas e 
perda de lucros. É por este motivo 
que as empresas têm que estar 
sempre pesquisando e 
desenvolvendo novos produtos; 
caso contrário 
a empresa morre junto com o 
produto. Para o consumidor e a 
sociedade a morte significa não 
disponibilidade do produto e 
problemas ambientais.Por mais simples que seja, todo 
produto causa impacto ambiental. 
Desde a coleta da matéria prima, 
fabricação, uso e descarte, em toda a 
cadeia produtiva existe impacto 
ambiental. Um dos grandes desafios 
atual da humanidade é exatamente 
este, produzir cada vez mais, com o 
mínimo de impacto ambiental. De 
forma geral nossos processos 
produtivos são extremamente 
dispendiosos e poluentes. Após mais 
de 250 anos, da primeira revolução 
industrial, ainda utilizamos mal os 
recursos naturais. 
 
Além da produção, o reuso/reciclagem 
dos produtos torna-se uma atividade, 
não só estratégica, mas 
principalmente de preservação da 
vida. Além dos investimentos 
financeiros, nas fases de pesquisa e 
desenvolvimento, também se deve 
pensar e quantificar os gastos com os 
futuros descartes dos produtos. Este 
fato é extremamente importante para 
os produtos que possuem 
componentes de reconhecido impacto 
ambiental e que por lei obriga os 
fabricantes a dar o destino “correto”. 
Este é o caso de produtos que contém 
elementos químicos perigosos, 
radioativos e também, por exemplo, 
das baterias de telefones celulares. 
14 
As oito fases do ciclo de vida de um 
produto 
15 
Visão de ciclo de vida da área ambiental, que mostra 
principalmente o ciclo de material, depois do 
lançamento de um produto. 
16 
1.5. Revalorização dos Bens 
 
A recuperação e agregação de valor 
aos produtos retornados podem 
ocorrer de diferentes formas, 
dependendo das características dos 
produtos e dos processos aos quais 
esses são submetidos. 
 
O valor do produto recuperado varia 
de acordo com os processos pelos 
quais esse é submetido, sendo que, à 
medida em que o produto avança 
sobre os níveis de recuperação, 
maior é a revalorização do mesmo. 
Quando a etapa final do processo é a 
revenda, o reuso ou a redistribuição 
garante-se ao produto a sua função 
original, e, portanto, a sua máxima 
revalorização. Quando a alternativa 
encontra-se na base da pirâmide, a 
revalorização está associada à 
recuperação de materiais, energia ou 
ao descarte apropriado de resíduos. A 
recuperação é parcial, estando 
atrelada, normalmente, a razões 
legais e/ou ambientais em detrimento 
às econômicas. 
 
A revalorização, ou recuperação do 
valor, de bens e produtos adquire 
diferentes níveis de 
 
importância conforme o setor 
empresarial. Quando um produto 
possui alto valor agregado, o seu 
retorno ou descarte acarreta 
desperdício de matéria-prima, 
energia e tempo. Alguns setores 
dependem mais diretamente da 
recuperação de seus produtos, 
como é o caso da indústria 
fonográfica e editorial, que possuem 
políticas específicas que garantem a 
liberdade para a devolução dos 
produtos com baixa saída ou ciclo 
de vida muito curto. 
 
A classificação dos diferentes níveis 
de recuperação de valor tem o 
intuito de suprir a 
necessidade de um sistema que 
garanta a esquematização das 
etapas necessárias para o correto 
manejo dos bens e produtos 
retornados, assim como permitir a 
separação dos diferentes objetivos 
almejados com a implantação de um 
programa de logística reversa, 
permitindo elencar as barreiras e 
oportunidades vinculadas a cada 
sistema. A obtenção de um 
panorama claro e integrado dos 
processos envolvidos na logística 
reversa é imprescindível para a o 
bom desempenho do sistema como 
um todo. 
17 
Existem duas grandes áreas de 
atuação da logística reversa que têm 
sido tratadas independentemente até 
então pela literatura, diferenciadas pelo 
estágio ou fase do ciclo de vida útil do 
produto retornado. 
 
A primeira a ser analisada é a Logística 
Reversa de Pós-Venda e a segunda é a 
Logística Reversa de Pós-Consumo. 
 
Essa distinção se faz necessária, 
embora existam inúmeras 
interdependências que serão 
examinadas a seguir, pois o produto 
logístico e os canais de distribuição 
reversos pelos quais fluem, bem como 
os objetivos estratégicos e técnicas 
operacionais utilizadas em cada área 
de atuação são, via de regra, distintos. 
 
Denomina-se logística reversa de pós-
venda a específica área de atuação que 
se ocupa do equacionamento e 
operacionalização do fluxo físico e das 
informações logísticas correspondentes 
de bens de pós-venda, sem uso ou com 
pouco uso, que por diferentes motivos 
retornam aos diferentes elos da cadeia 
de distribuição direta, que se 
constituem de uma parte dos canais 
reversos pelo qual fluem estes 
produtos. 
 
Seu objetivo estratégico é o de 
agregar valor a um produto 
logístico que é devolvido por 
razões comerciais, erros no 
processamento dos pedidos, 
garantia dada pelo fabricante, 
defeitos ou falhas de 
funcionamento no produto, avarias 
no transporte, entre outros motivos. 
Esse fluxo de retorno se 
estabelecerá entre os diversos elos 
da cadeia de distribuição direta, 
dependendo do objetivo estratégico 
ou motivo de seu retorno. 
 
Denomina-se logística reversa de 
pós-consumo a área de atuação da 
logística reversa que igualmente 
equaciona e operacionaliza o fluxo 
físico e as informações 
correspondentes de bens de pós-
consumo descartados pela 
sociedade, que retornam ao ciclo 
de negócios ou ao ciclo produtivo 
pelos canais de distribuição 
reversos específicos. 
 
Constituem-se bens de pós-
consumo os produtos em fim de 
vida útil ou usado com possibilidade 
de utilização e resíduos industriais 
em geral. 
 
18 
Seu objetivo estratégico é o de 
agregar valor a um produto 
logístico constituído por bens 
inservíveis ao proprietário original, 
ou que ainda possuam condições 
de utilização, por produtos 
descartados por terem atingido o 
fim de vida útil e por resíduos 
industriais. 
 
Estes produtos de pós-consumo 
poderão se originar de bens 
duráveis ou descartáveis e fluírem 
por canais reversos de reuso, 
desmanche e reciclagem até a 
destinação final. 
 
 
1.6. Impactos na gestão da 
logística 
 
O processo de logística reversa 
gera impactos na gestão da 
logística; pois muitos materiais são 
reaproveitados e retornam ao 
processo tradicional de 
suprimento, produção e 
distribuição. 
 
Este processo geralmente é 
composto por um conjunto de 
atividades que uma empresa 
realiza para coletar, separar, 
embalar e expedir itens usados, 
danificados ou obsoletos dos 
pontos de consumo até os locais 
de reprocessamento, revenda ou 
descarte. 
 
Vários são os tipos de 
reprocessamento que os materiais 
podem ter, dependendo das 
condições que estes entram no 
sistema de logística reversa. Os 
materiais retornam ao fornecedor 
quando houver este acordo. 
Podem ser revendidos se ainda 
estiverem em condições 
adequadas de comercialização. 
Podem ser reciclados se não 
houver possibilidade de 
recuperação. 
19 
Alternativas de recuperação de produtos retornados, 
ordenados de acordo com a capacidade de recuperação 
de valor 
20 
A Logística Reversa lida com 5 
questões básicas: 
 
 
1. Quais alternativas estão 
disponíveis para recuperar 
produtos, partes de produtos e 
materiais? 
 
2. Quem deve realizar as 
diversas atividades de 
recuperação? 
 
3. Como estas atividades devem 
ser realizadas? 
 
4. É possível integrar as 
atividades típicas da logística 
reversa com sistemas de 
distribuição e produção 
clássicos? 
 
5. Quais são os custos e 
benefícios da logísticareversa, 
do ponto de vista econômico e 
ambiental? 
21 
Bibliografia 
DONATO, Vitório. Logística Verde: uma abordagem 
sócio-ambiental. São Paulo: Ciência Moderna, 2009. 
 
LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa. 2 ed. São 
Paulo: Pearson / Prentice Hall, 2009. 
 
22

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