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Métodos e Técnicas no Serviço Social

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Prévia do material em texto

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
 
 
 
 
 
Fundamentos Histórico Teórico 
Metodológicos do Serviço Social – 
Dimensão Metodológica 
 
 
 
 
 
Metodologia na Gênese do Serviço Social 
Aula 1 
 
 
Prof. Neiva Silvana Hack 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
Conversa inicial 
Caro(a) aluno(a), damos início agora à nossa aula sobre “Métodos e 
técnicas na gênese do Serviço Social”. Trataremos das expressões do fazer 
profissional do Serviço Social na sua origem, que difere bastante do que se 
observou ao longo da história da profissão e do que se aplica na 
contemporaneidade. Assim, trata-se de um estudo de métodos e técnicas, de 
acordo com um dado momento histórico e toda a compreensão de conteúdo 
deve levar este fator em consideração. 
Temos como objetivos desta aula: 
■ Conhecer e aplicar o conceito de metodologia; 
■ Reconhecer o papel da perspectiva de ajuda na construção da 
metodologia da profissão; 
■ Compreender a influência da Igreja Católica nos métodos adotados 
pelo Serviço Social, por meio das ações baseadas na experiência 
de São Vicente de Paulo; 
■ Compreender a influência da Igreja Católica nos métodos adotados 
pelo Serviço Social, por meio das ações baseadas no método “ver, 
julgar e agir”; desenvolvido pelo Movimento de Ação Católica; 
■ Correlacionar aspectos metodológicos das primeiras práticas do 
Serviço Social com a formação obtida nas primeiras escolas da 
área. 
Para realizar este processo de aprendizagem contaremos com recursos 
variados, tais como explicações escritas; vídeos gravados pela professora; 
indicações de leituras e atividades. Serão várias formas de enriquecer o seu 
conhecimento. 
Bons estudos! 
 
Acesse o material on-line e assista ao vídeo de introdução que a 
professora Neiva preparou! 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
Contextualizando 
Quando iniciamos como alunos em um curso de Serviço Social, são 
muitas as nossas motivações e curiosidades. 
Queremos conhecer mais sobre essa profissão, tirar dúvidas, saber em 
que lugares os Assistentes Sociais atuam e como procedem e temos muito 
interesse pela prática do Serviço Social. 
Quais são as suas curiosidades e interesses sobre o curso de Serviço 
Social? Já conseguiu fazer novas descobertas desde o início do curso até este 
momento? Certamente, você ainda tem muito a descobrir! 
Mas trazemos uma problematização neste momento: você sabe como se 
originou a profissão do Serviço Social e como atuavam os primeiros Assistentes 
Sociais? Será que as formas de atuação praticadas no início da profissão 
perduram até os dias de hoje? Não vamos responder a estas questões agora! 
Podemos adiantar que desde sua origem até os tempos atuais, o Serviço 
Social passou por diferentes influências teóricas e adotou também distintas 
formas de intervenção. Com esta aula, pretendemos conhecer melhor sobre este 
processo histórico e conseguir responder com clareza as questões aqui 
apresentadas. 
Vamos aos estudos e boa aula! 
 
Para os comentários da professora Neiva, assista ao vídeo que está 
disponível no material on-line! 
Dimensão metodológica 
Neste momento queremos discutir sobre o significado da dimensão 
metodológica para o Serviço Social. 
Desde sua origem, o Serviço Social esteve muito ligado ao fazer, ao 
executar. Foi e é considerado uma profissão interventiva. Contudo, ao longo da 
história existiram avanços na perspectiva de sustentar teórica, ética, política e 
cientificamente esta ação. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
Num momento inicial, o Serviço Social mostrava-se mais como o executor 
de teorias desenvolvidas pela psicologia, medicina, sociologia ou mesmo pela 
doutrina social da Igreja Católica. Sob essa perspectiva, houve grande busca 
para se qualificar a intervenção, com amplo enfoque na qualidade das técnicas 
a serem utilizadas (LIMA,1978). 
Ao amadurecer da profissão, foi identificada a necessidade de se produzir 
conhecimento em Serviço Social. A vivência prática dos profissionais desta área 
permite a realização de reflexões fundamentadas teoricamente, capazes de 
questionar a própria técnica. 
Quando pretendemos tratar dos fundamentos histórico, teóricos e 
metodológicos do Serviço Social sob a dimensão metodológica, estamos 
propondo um conhecimento, reflexão e análise sobre os métodos adotados 
histórica e contemporaneamente pela profissão. Cabe, neste sentido, destacar 
a diferenciação dos conceitos de “método” e “metodologia”, segundo nos 
apresenta o autor Boris Alexis Lima (1978, p. 20): 
■ Método: “um conjunto de procedimentos estruturados, formais, 
sistematizados, cientificamente fundamentados, característicos da 
profissão e/ou da investigação. Os métodos variarão de acordo 
com os propósitos a que se destinem e segundo a estratégia social 
que prevaleça”. 
■ Metodologia: “estudo dos métodos objetivando conhecimento. 
Circunscreve o aprendizado da teoria dos métodos que ordenam 
as operações cognoscitivas e práticas na ação profissional 
racional”. 
Assim, a opção pelo estudo de uma dimensão metodológica compreende 
conhecer e discutir os diferentes métodos desenvolvidos, adotados e 
empregados pelo Serviço Social ao longo de seu percurso enquanto profissão. 
Demanda correlacionar tais métodos com seus contextos históricos e políticos e 
compreender para quais objetivos foram criados e implementados. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
5 
Importante destacar que o Serviço Social contou, ao longo de sua história, 
com diferentes propostas de métodos, bem como com diferentes matrizes 
teóricas que referenciaram sua produção e respaldaram sua avaliação. Assim, o 
estudo contemporâneo da metodologia do Serviço Social requer compreender a 
conjuntura teórico-política em que se desenvolveu cada método. Deve 
considerar também a análise crítica fundamentada nas literaturas convergentes 
com o Projeto Ético Político Profissional do Serviço Social, na atualidade. 
Por isso, recomendamos, para seu melhor aproveitamento, que o estudo 
dos Fundamentos Histórico, Teórico e Metodológicos do Serviço Social realize-
se de maneira integrada entre as disciplinas que tratam destas diferentes 
dimensões: histórica, teórica (positivismo), teórica (marxismo) e metodológica. 
 
Para conhecer mais sobre os aspectos da dimensão metodológica, 
assista ao vídeo que está disponível no material on-line! 
Ajuda como motivador da ação 
Em sua gênese, ou seja, em suas origens, a profissão do Serviço Social 
contou com um forte motivador de sua intervenção: a relação de ajuda. Tratava-
se de uma atitude motivada por ideários religiosos, com forte influência da Igreja 
Católica, e mesmo políticos, na intenção da manutenção da ordem. 
É importante destacar que a origem do Serviço Social se dá no contexto 
histórico de avanço do capitalismo, no período de intensa industrialização e de 
transformações no Estado que asseguravam a ascensão da burguesia ao poder. 
Neste período, era crescente o empobrecimento dos trabalhadores e suas 
péssimas condições de sobrevivência (MARTINELLI, 2011). 
A relação de ajuda proposta pelo Serviço Social nos Estados Unidos 
possuía características vinculadas a um apoio terapêutico, na lógica do 
tratamento. Tinha como referenciais teóricos os conhecimentos desenvolvidos 
pela medicina e pela psicologia (LIMA, 1978). 
A ajuda que motivou a criação do Serviço Social na Europa tinha base na 
doutrina social da Igreja Católica. Possuía caráter de missão pessoal, de 
 
CCDD – Centro de Criaçãoe Desenvolvimento Dialógico 
 
6 
vocação, de doação de vida em favor de uma causa. Assim, o Serviço Social 
surgia com características de “profissionalização da ajuda”. Neste caso, o 
amparo teórico para a ação encontrava-se na filosofia e mesmo na explicação 
religiosa da vida e da sociedade, segundo a doutrina católica. 
A ajuda realizada por motivações religiosas era conduzida com 
estratégias do trabalho pastoral da Igreja Católica. Foi marcante nesse processo 
o Movimento de Ação Católica, que compreendia grupos de reflexão sobre a 
situação social, ações de evangelização de intelectuais e iniciativas de apoio aos 
fiéis empobrecidos. Dentro deste Movimento, era designado um grupo específico 
para o atendimento de indivíduos e pequenas comunidades com suporte 
material e aconselhamentos. Esse grupo era formado em geral por mulheres da 
alta sociedade da época e deu origem às primeiras iniciativas de formalização 
do Serviço Social na Europa (AGUIAR, 1982). 
A atitude do Serviço Social, neste período, confundia-se facilmente com 
um processo de prática religiosa católica. A intervenção era pontual, com 
características de assistencialismo. O fundamento da ação era a crença, o 
amor a Deus e o ensinamento sobre a prática da caridade como socorro aos 
mais necessitados. 
Tanto na experiência norte-americana quanto na experiência europeia, 
com grande influência católica, não havia uma intenção crítica de questionar a 
conjuntura social em que o indivíduo estava localizado e mesmo de pretender 
mudanças estruturais. Entendia-se a novidade do capitalismo como um modelo 
insuperável e definitivo, dentro do qual os indivíduos deveriam ajustar-se. 
Conforme apresentados por Aguiar (1982, p. 32), escritos do ano de 1949, 
que registram a Sessão Internacional de Estudos, promovida pelo Secretariado 
Latino-Americano da União Católica Internacional de Serviço Social, apresentam 
o seguinte conceito para o Serviço Social católico: 
uma forma de ação social que, por métodos técnicos apropriados, 
baseados em dados científicos, quer contribuir para a instauração ou 
manutenção da ordem social cristã favorecendo, a criação ou o bom 
funcionamento dos quadros sociais necessários ou úteis ao homem. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
7 
A professora Neiva fala o assunto no vídeo disponível no material on-line! 
Experiência baseada em São Vicente de Paulo 
A prática inicial do Serviço Social não contava ainda com uma 
metodologia consistente, construída por seus profissionais. Era pautada nos 
ensinamentos filosóficos, sociais e morais da Igreja Católica. Contudo, contava 
com um conjunto de estratégias de organização. Destacou-se neste processo 
São Vicente de Paulo. 
São Vicente (1576-1660), um sacerdote católico, assumiu a missão de 
cuidado dos pobres de sua época. Uniam-se à sua causa, homens e mulheres 
que desejavam colaborar nesta ação. Assim, São Vicente de Paulo destacou-se 
por organizar a caridade. Desta forma, administrava recursos materiais e 
humanos disponíveis para realizar a ajuda aos empobrecidos. Para conhecer 
sobre os métodos de trabalho e organização desenvolvidos por São Vicente e 
sua influência no Serviço Social, contaremos com a produção de Balbina Ottoni 
Vieira (1984), denominada “Serviço Social: precursores e pioneiros”. 
São Vicente destacou-se por sua forma de intervenção junto aos pobres, 
doentes, crianças e mendigos da época. Enquanto religioso, abraçou o serviço 
aos pobres como missão pessoal e influenciou muitos fiéis católicos a 
colaborarem neste processo. Incentivou famílias católicas da burguesia a 
desenvolverem ações de caridade junto às famílias pobres. Tais ações eram 
organizadas por ele. Em princípio, as mulheres eram incentivadas a visitar duas 
ou três famílias pobres e ofertar ajuda em suas necessidades. As mulheres que 
aderiam a esta prática eram de famílias nobres e consideradas damas da 
sociedade da época. São Vicente desenvolveu um programa de orientação para 
que essas damas realizassem as visitas domiciliares. Compreendia a formação 
de que deveriam visitar e orientar as pessoas doentes, e prestar esclarecimentos 
a estas para que buscassem ajuda médica sempre que necessário. Ainda 
considerava indicações de que as famílias deveriam ser assistidas 
materialmente com alimentos e não com dinheiro, de uma forma integral quando 
não tinham condições de se sustentar, e de forma complementar quando 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
8 
desenvolviam atividades cuja remuneração era insuficiente para a sobrevivência. 
Os grupos de damas que desenvolviam suas ações sob as orientações de São 
Vicente foram chamados de Confrarias da Caridade (VIEIRA, 1984). 
Um segundo tipo de grupo dedicado à ação junto aos pobres foi composto 
por jovens camponesas que tinham a intenção de dedicar-se às funções 
religiosas. Estas distinguiam-se das damas por possuírem personalidades mais 
simples e menos competitivas, bem como possuíam maior disposição de 
convívio com as pessoas pobres, o que se tornara um problema para algumas 
damas. Essas jovens, contudo, precisavam passar antes por processos 
educativos. Recebiam então formação em conhecimentos básicos de linguagem 
e cálculo e no catecismo. Estas foram consideradas as Filhas da Caridade. Para 
sua formação e organização do trabalho realizado pelas Filhas da Caridade, São 
Vicente contou com a ajuda de Luísa de Marillac, mulher da nobreza, viúva e 
religiosa dedicada. Luísa acompanhava a prática das jovens e orientava como 
deveriam ser suas atitudes em relação às famílias pobres. Mantinha-se a 
estratégia das visitas domiciliares, da orientação aos doentes e do apoio 
material. As ações organizadas por São Vicente compreendiam também a oferta 
de apoio espiritual e ensinamento doutrinário às famílias visitadas (VIEIRA, 
1984). 
Luísa de Marillac também apoiou São Vicente na organização de ações 
de apoio às crianças abandonadas de sua época. O fenômeno era comum e 
contava com o agravante de que tais crianças eram vistas com grande 
preconceito pela sociedade. Este preconceito se originava no fato de que muitas 
eram abandonadas por terem sido concebidas em relações fora do casamento, 
o que lhes atribuía um estigma de “produtos do pecado”. São Vicente e Luísa de 
Marillac assumiram o cuidado de abrigos para crianças abandonas e 
organizavam ações educativas para estas. Foram pioneiros nas orientações de 
educação das crianças evitando o recurso ao castigo físico, que era aceito na 
época (VIEIRA, 1984). 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
9 
Outro público alcançado pelas ações de São Vicente foram os mendigos. 
Para organizar as ações de caridade a estes, foram organizados grupos de 
voluntários homens, denominados Servos de Deus. Para ação junto aos 
mendigos, São Vicente os classificou em três diferentes perfis, conforme nos 
descreve Vieira (1984, p. 41): 
As categorias de mendigos eram em número de três: 1) os pobres 
‘impotentes’, que não tinham meios de subsistência e, portanto, tinham 
direito a ‘esmolas’ e podiam ser admitidos no ‘Hôtel-Dieu’, o único 
hospital existente naquele tempo. Até 1665, todos os hospitais criados 
depois do Hotel-Dieu eram encarregados da triagem dos pobres 
verdadeiros ou falso; para serem reconhecidos, os pobres verdadeiros 
levavam uma cruz amarela pregada no ombro direito; 2) os pobres 
‘válidos’, que podiam trabalhar e que a municipalidade empregava em 
trabalhos públicos. A situação destes era revista duas vezes por ano; 
3) os ‘capazes’ de trabalhar, que eram encaminhados a empregos e, 
se continuassem a mendigar, eram presos por vagabundagem. 
Esta é uma síntese sobre a forma detrabalho de São Vicente de Paulo 
que tanto influenciou a prática de religiosos e fiéis católicos junto aos pobres. 
Tais estratégias tiveram forte impacto sobre a formação e a condução das 
atividades do Serviço Social que surgia na Europa, bem como nas características 
do trabalho dos primeiros assistentes sociais do Brasil e outros países da 
América Latina (CASTRO, 2008). 
As ações dos assistentes sociais, em seus primeiros anos, reproduziam a 
prática vicentina das visitas domiciliares, do aconselhamento moral e espiritual, 
da dispensação de donativos materiais e da gestão da caridade. 
 
Conheça mais sobre as características do Serviço Social brasileiro, em 
suas origens, influenciadas pelo trabalho e ensinamentos de São Vicente 
de Paulo, assistindo ao vídeo que está disponível no material on-line! 
Método ver, julgar e agir 
As ações realizadas pelo Serviço Social, em suas origens, na Europa, 
estavam diretamente vinculadas ao Movimento de Ação Católica. Este 
movimento compreendia, para além das intervenções realizadas pelo Serviços 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
10 
Social, a realização de “círculos de estudos”. Nesses círculos eram discutidas as 
possibilidades estratégicas e metodológicas para se promover uma maior 
reflexão pelo público atendido. Pretendiam contribuir para “desenvolver o 
raciocínio e despertar o sentido social”. Como via de realização deste objetivo o 
Movimento de Ação Católica desenvolve e lança mão de um método específico: 
o método “ver, julgar e agir” (AGUIAR, 1982). 
O método ver, julgar e agir, adotado pela Ação Católica foi recomendado 
a toda a Igreja Católica pelo Concílio Vaticano II, em 1965. No Brasil, foi adotado 
inicialmente pela Juventude Universitária Católica, ligada ao Movimento de Ação 
Católica, em 1935, e teve expansão de seu alcance com a evidência deste 
mesmo movimento e posteriormente do Movimento Católico de Teologia da 
Libertação (MAFRA e BARROS, 2008; MORAES, 2012). 
A organização do método propunha a intervenção em três etapas: 
■ Ver: apreciação da realidade vivenciada pela comunidade ou 
grupo, explorando as diferentes características do problema, 
principalmente suas causas e consequências. Compreendia o uso 
de instrumentais de apoio à reflexão como filmes, dinâmicas de 
grupo, documentários e outros (MAFRA e BARROS, 2008). Esta 
etapa propunha-se avançar no conhecimento dos problemas para 
além do imediato, do superficial. Era considerado necessário 
compreender quais as principais causas de origem das situações 
vivenciadas, a partir do entendimento que se a solução é definida 
apenas sobre os elementos superficiais, não ocorre significativa 
mudança (MORAES, 2012). 
■ Julgar: tratava-se da avaliação do problema à luz de textos bíblicos 
ou outros referenciais teóricos que permitissem a concepção de 
objetivos a serem alcançado, de mudanças frente às realidades 
anteriormente discutidas (MAFRA e BARROS, 2008). 
■ Agir: tratava-se do planejamento e execução de ações capazes de 
transformar a realidade identificada na etapa “ver”, nas realidades 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
11 
desejadas pela etapa “julgar” (MAFRA e BARROS, 2008). Esta 
etapa pode ocorrer em curto, médio ou longo prazo, como vemos 
a seguir: 
Após o julgar, é preciso conduzir as discussões para o Agir, para a 
ação transformadora, seja ela imediata, a médio ou a longo prazo. Isso 
se dá com a organização de um plano. As ações imediatas podem ser 
resolvidas desta forma, mas, as ações de longo prazo são atingidas de 
forma parcial e indireta. O enfrentamento e a resolução dos pequenos 
problemas encorajam as pessoas para os desafios maiores. As 
mudanças são realizadas nos processos (MORAES, 2012, p.149). 
Sobre este método, é possível dizer que foi uma alternativa possível ao 
Serviço Social que se originou dentro do contexto do Movimento de Ação 
Católica e continuou sendo um método próximo de todos os profissionais que, 
ao longo dos anos, desenvolveram sua prática profissional vinculada a 
instituições religiosas católicas, pois este foi um método difundido entre as mais 
diferentes expressões da ação social católica. Contudo, observa-se a distinção 
das bases teóricas que subsidiavam o método durante o período de expansão 
da Ação Católica, com características mais conservadoras, das referências que 
sustentam o método a partir da evidência do Movimento da Teologia da 
Libertação. Este último conta com influências teóricas críticas que compreendem 
o questionamento do sistema e do capital (MORAES, 2012). 
 
Saiba mais sobre o método assistindo ao vídeo que está disponível no 
material on-line! 
A formação nas primeiras escolas de Serviço Social 
As primeiras escolas de Serviço Social na Europa contavam com explícita 
influência da Igreja Católica, pois o Serviço Social era entendido como uma 
expressão prática da ação social desta. Assim, a formação na área do Serviço 
Social era constituída tendo os valores, princípios e objetivos católicos como 
principais balizadores de seus currículos e metodologias. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
12 
No Brasil, as primeiras escolas de Serviço Social possuíam forte influência 
das escolas europeias da França e Bélgica. Seguia-se, portanto, o mesmo 
modelo de formação. 
Primeiras escolas no Brasil: 
■ Escola de Serviço Social de São Paulo, criada em 1936; 
■ Escola de Serviço Social do Rio de Janeiro, criada em 1937. 
Segundo apresentado por Antonio Geraldo de Aguiar (1982), em sua obra 
“Serviço Social e Filosofia: das origens a Araxá”, as principais características da 
formação nas primeiras escolas de Serviço Social no Brasil são: 
■ Sustentação teórica na visão de mundo desenvolvida pelo 
neotomismo; 
■ Primazia da formação doutrinária e moral sobre a formação técnica; 
■ Visava à reconstrução da sociedade em bases cristãs; 
■ Reforma, mas com respeito às autoridades; 
■ Formação compreendida em quatro pontos: científica, técnica, 
prática e pessoal. 
A dimensão metodológica da formação do Serviço Social, neste período, 
era essencialmente voltada à formação moral e religiosa. O corpo docente 
precisava comprovar coerência com os valores, saberes e práticas propostas 
pelo catolicismo, assim como competência para transmitir tais ensinamentos. O 
corpo discente deveria ser formado nesta coerência e comprovar possuir 
vocação para o exercício do Serviço Social. Neste período, a escolha pela 
profissão era concebida como uma resposta a uma missão pessoal dada por 
Deus (AGUIAR, 1982). 
Na prática profissional, as ações limitavam-se basicamente em 
atendimentos individuais pontuais e nas visitas domiciliares às famílias 
empobrecidas. A orientação teórica para aprimoramento da técnica era de cunho 
moral, com recomendações de não envolvimento com questões de caráter 
econômico ou com ideologias políticas (AGUIAR, 1982). 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
13 
Para conhecer mais, assista ao vídeo em que a professora Neiva fala 
sobre os aspectos da formação nas primeiras escolas de Serviço Social. 
Acesse o material on-line! 
Trocando ideias 
Caro(a) aluno(a), iniciamos o nosso conhecimento sobre a metodologia 
do Serviço Social, fazendo um resgate histórico sobre as ações, formação e 
práticas nos primeiros anos da profissão. Certamente eram muito diferentes da 
atuação profissional desenvolvida atualmente. 
Conhecer a história da profissão que desejamos seguir é sempre muito 
interessante e mesmo fundamental! 
Tratamos, nesta aula, dos seguintes itens: “ajuda como motivador da 
ação”; “experiências de São Vicente”; “método ver,julgar e agir”; e “formação 
nas primeiras escolas”. Qual destes temas te chamou mais a atenção? Por quê? 
Compartilhe com seus colegas no fórum desta disciplina e saiba também o que 
os demais alunos consideraram como interessante. 
Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem! 
Na prática 
Agora vamos exercitar nosso aprendizado usando nosso conhecimento e 
nossa imaginação. 
Neste momento, coloque-se no lugar de uma Assistente Social formada 
em uma das primeiras escolas de Serviço Social do Brasil. Você foi contratada 
para atuar num bairro, junto a famílias pobres e soube que deverá atender uma 
família em que convivem o casal e seus três filhos. Os adultos estão sem 
trabalho e por isso procuraram ajuda para o sustento familiar. Seguindo as 
orientações que eram dadas nas primeiras escolas de Serviço Social, como você 
deveria fazer este atendimento? Quais técnicas poderia utilizar? O que deveria 
fazer e dizer? Apresente detalhadamente a descrição de quais seriam suas 
atitudes profissionais neste contexto. 
 
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14 
Protocolo de resposta 
Os alunos deverão indicar que realizarão visitas domiciliares; que 
providenciarão doação material para a família, prioritariamente em forma de 
alimentos; que incentivarão os adultos, principalmente o homem a conseguir um 
trabalho; que levarão orientações morais e doutrinárias para que a família viva 
bem a fé cristã; que serão um exemplo de caridade e de vivência da fé católica. 
 
Para os comentários da professora Neiva, assista ao vídeo que está 
disponível no material on-line! 
Síntese 
Caro(a) aluno(a), nesta aula nós estudamos sobre a metodologia do 
Serviço Social em sua gênese, ou seja, em suas origens. Compreendemos que 
metodologia é o estudo dos métodos. E conhecemos as primeiras expressões 
de método incorporadas pelo Serviço Social, principalmente por influência dos 
ensinamentos e práticas da Igreja Católica. Entendemos que um dos principais 
motivadores da atuação do Serviço Social, em seus primeiros anos, foi a ajuda. 
A atuação dos primeiros assistentes sociais na Europa e no Brasil teve grande 
influência das práticas de São Vicente de Paulo, voltadas às visitas domiciliares, 
aconselhamentos e apoio material e espiritual. Outro método católico presente 
no período inicial da profissão ficou conhecido como “ver, julgar e agir”. Tais 
práticas e influências católicas estiveram explícitas na formação dos 
profissionais em suas primeiras escolas. Assim, avançamos no conhecimento da 
história da profissão do Serviço Social, sob a ótica de análise de sua dimensão 
metodológica. 
Em nossa problematização inicial refletimos sobre a origem da profissão 
do Serviço Social e como atuavam os primeiros Assistentes Sociais. Nos 
perguntamos se as formas de atuação praticadas no início da profissão 
perduram até os dias de hoje. Conhecemos estas diferentes formas de atuação 
e pudemos entender que foram práticas específicas daquele momento histórico 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
15 
e que já foram superadas pelo desenvolvimento da profissão ao longo da 
história. Saberemos ainda mais sobre isso, seguindo com as próximas aulas. 
 
Para as considerações finais da professora Neiva, assista ao vídeo que 
está disponível no material on-line! 
Referências 
AGUIAR, A. G. de. O Serviço Social no Brasil: das origens a Araxá. São 
Paulo: Cortez: Piracicaba: Universidade Metodista de Piracicaba, 1982. 
CASTRO, M. M. História do Serviço Social na América Latina. 10. ed. São 
Paulo: Cortez, 2008. 
LIMA, B. A. Contribuição à metodologia do Serviço Social. Tradução de 
Yonne Grossi. 3. edição. Belo Horizonte: Interlivros, 1978. 
MAFRA, W. BARROS, J. C. C. A mística da libertação. In. BROSE, M. (org.) 
Lideranças para a democracia participativa: experiências a partir da teologia 
da libertação. Goiânia: Editora da UCG, 2008. 
MARTINELLI, M. L. Serviço Social: identidade e alienação. 16. ed. São Paulo: 
Cortez, 2011. 
MORAES, L. E. P. Materialismo histórico e dialético: método, práxis, 
educação. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em 
Educação. Unimep. São Paulo: Piracicaba: Unimep, 2012. 
VIEIRA, B. O. Serviço Social: precursores e pioneiros. Rio de Janeiro: Agir, 
1984.

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