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PRO 630 – Economia Financeira e Monetária – Aula 1 Sistema Monetário Prof. Mateus Rocha Menezes 1 Ministério da Educação Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas – EM Departamento de Engenharia de Produção, Administração e Economia. 2 Teoria Quantitativa da Moeda 1. Equação de Trocas e 2. Postulados básicos da Teoria Quantitativa da Moeda 3 “O Sr Locke entendeu bem que a abundância de dinheiro encarece todas as coisas, mas ele não investigou como isso se produz. A grande dificuldade dessa investigação consiste em saber através de quais mecanismos e em que proporção o aumento de dinheiro faz aumentar o preço das coisas” (R. Cantillon, Richard Essai sur la Nature du Commerce en General, 1755: p.160) 4 Equação de Trocas A TQM parte da Equação de Trocas para responder as questões levantadas por Cantillon: MV = PT Onde: M é moeda; V é a velocidade de circulação da moeda; P o nível de preços; e T o volume de transações. 5 O que determina cada daqueles elementos? Segundo Fisher (1911), num período de transição de uma posição de ‘equilíbrio’ para outra, qualquer dos fatores da equação pode mudar. Essas dependerão de: No que se refere a P e T: a) Condições que afetam os produtores: conhecimentos técnicos, disponibilidade de recursos naturais, divisão do trabalho, acumulação de capital b) Condições que afetam os consumidores: a extensão e a variedade dos desejos/preferências; c) Condições conectando produtores e consumidores: facilidade dos transportes; liberdade do comércio, sistema de pagamentos; confiança dos empresários 6 O que determina cada daqueles elementos? No que se refere a V: a) Hábitos dos indivíduos: entesouramento; crédito; uso de depósitos b) Sistema de pagamentos da comunidade: frequencia; regularidade; tempo e montante de pagamentos recebimentos c) Causas gerais: população e rapidez nos transportes No que concerne a M: Dado exogenamente pela produção de ouro; balanço de pagamentos 7 Postulados básicos da Teoria Quantitativa da Moeda • Postulado da Proporcionalidade Δ%M = Δ %P • Postulado da Causalidade: ΔM → ΔP • Postulado da Neutralidade Moeda é um meio de troca que não afeta variáveis reais (emprego, renda real, investimento, preços relativos etc) “A Teoria Quantitativa da Moeda se apoia, em última instância, na peculiaridade fundamental da moeda que, ela não tem qualquer poder de satisfazer desejos humanas exceto o poder de comprar coisas que tenham o poder de satisfazer tais desejos.“(Irving Fisher, Purchasing Power of Money, 1911: p.32) 8 Postulados básicos da Teoria Quantitativa da Moeda • Postulado da Exogeneidade Oferta e demanda por moeda são funções independentes • Postulado do Nível de Preços O nível de preços é influenciado predominantemente pela quantidade de moeda enquanto os preços relativos são determinados por fatores reais 9 Teoria Quantitativa da Moeda Irving Fisher, entretanto, despendeu grande esforço discutindo “os efeitos temporários durante o período de transição separadamente dos efeitos últimos e permanentes [que] seguirão depois que um novo equilíbrio é estabelecido – se, de fato, uma tal condição de equilíbrio pode ser dita ter sido estabelecida” (Fisher, 1911, pp.55-56). Ele acha, simplesmente, que “a teoria quantitativa não se mantém verdadeira durante períodos de transição”. (Fisher, 1911, p.161) 10 Sistema Monetário: Oferta e Demanda de Moeda Moeda: conceitos e funções 1 – Meio de troca 2 – Unidade de Conta 3 – Reserva de Valor 11 1 - Moeda como um Meio de Troca As formas podem ser feitas de forma direta, o escambo, ou de forma indireta pela intermediação da moeda. Troca direta: o individuo se especializa na produção da mercadoria A e vai ao mercado para trocar A por B, C, D, etc. 12 1-Moeda como um Meio de Troca Dificuldades: i) Há a necessidade da dupla coincidência de desejos; ii) Deve haver uma equiparação quantitativa, por exemplo, a troca de um automóvel por sacas de arroz pode não ocorrer. A evolução econômica e social levou a passagem das trocas diretas pelas indiretas. Escolhe-se uma mercadoria de aceitação geral que passa a ser utilizada para liquidar as transações realizadas. Essa mercadoria transforma-se em moeda. 13 2-Moeda como Unidade de Conta A moeda fornece o padrão para que as demais mercadorias expressem seus valores. O preço relativo entre as demais mercadorias passa a ser definido pela relação entre os respectivos preços monetários. 14 3-Moeda como Reserva de Valor A separação entre os atos de comprar e vender em termos individuais permite a separação temporal, ou seja, o individuo ao vender não precisa comprar imediatamente outra mercadoria. Como a moeda é reserva de valor e unidade de conta, abre-se a possibilidade de que as transações não sejam liquidadas imediatamente contra a entrega de moeda: a mercadoria pode circular como uma promessa futura de pagamento. Esta é a origem do sistema de crédito. 15 Quais ativos podem desempenhar o papel de moeda? Formas de Moeda O pré-requisito para um ativo ser moeda é que ele tenha uma aceitação generalizada. Principais atributos: a mercadoria deve possuir baixo custo de transação e estocagem, estabilidade do seu valor e deve ser escassa ou possuir elasticidade de produção próxima de zero. 16 Quais ativos podem desempenhar o papel de moeda? Formas de Moeda Escolheram-se as moedas metálicas (ouro). Dificuldade: Garantir o peso e a qualidade do metal. Por isso, criou-se a cunhagem, em que um órgão do governo seria responsável pela qualidade e a quantidade do metal na moeda. 17 Quais ativos podem desempenhar o papel de moeda? Formas de Moeda Para evitar o desgaste das moedas metálicas, passou-se a emitir certificados representativos da quantidade de moeda: o papel-moeda. O uso do papel-moeda se generalizou e todos o aceitaram como moeda, independente de existir ou não lastro. Passou- se a um outro estágio em que o pedaço de papel se tornou inconversível, mas sua aceitação passou a ser garantida por lei. Tem-se, então, a moeda fiduciária (confiança). A moeda não tem qualquer valor em si mesmo, mas este decorre da capacidade de adquirir outras mercadorias. 18 Quais ativos podem desempenhar o papel de moeda? Formas de Moeda Problema: pode não conseguir desempenhar as funções de reserva de valor e unidade de conta pelo fato de ser facilmente produzível. O desenvolvimento do sistema financeiro trouxe um novo tipo de moeda: a moeda escritural. Inicialmente os bancos surgem como depositários das reservas, mantendo uma cobertura de 100% sobre os depósitos realizados. Concedia um certificado conversível à vista em papel-moeda (são os depósitos à vista). 19 Quais ativos podem desempenhar o papel de moeda? Formas de Moeda O desenvolvimento do sistema bancário mostrou que os bancos não precisariam ter em reserva a totalidade dos recursos, pois a probabilidade de saque simultâneo era muito baixa. Com isso, criou-se o mecanismo de multiplicação dos meios de pagamento, e os bancos passaram a compartilhar com as autoridades monetárias o poder de criação da moeda. 20 Quais ativos podem desempenhar o papel de moeda? Formas de Moeda O agregado monetário básico, do qual decorrem os demais é chamado Base Monetária. Esse agregado inclui o papel moeda emitido pelo governo em poder do público (PMPP) e o volume de reservas emitido pelos bancos comerciais (R). B = PMPP+ R A base monetária pode ser entendida como o dinheiro com o poder de multiplicação. Corresponde a praticamente toda a moeda “física” disponível (papel moeda e moeda metálica), exceto a que ficou retida no caixa das autoridades monetárias. 21 Oferta de Moeda Agregados Monetários Os meios de pagamento consistem na totalidade dos haveres possuídos pelo setor não bancário e que podem ser utilizados a qualquer momento para a liquidação de qualquer dívida em moeda nacional. M = PMPP + DV M = Volume dos meios de pagamento PMPP = Papel Moeda em Poder do Público DV = Depósitos à vista nos bancos comerciais. Ou M = Moeda manual + Moeda Escritural 22 Oferta de Moeda O desenvolvimento do sistema financeiro permitiu a ampliação da liquidez dos ativos. Os ativos financeiros que rendem juros, e são de alta liquidez constituem-se em quase- moeda. As quase-moedas levaram a novos conceitos de agregados monetários, cuja diferença decorre do grau de liquidez dos ativos considerados. 23 Oferta de Moeda No Brasil, os agregados são: M1 = Papel Moeda em Poder do Público + DV M2 = M1 + Depósitos Remunerados (Ex: FGTS) + Depósito de Poupança + Títulos Emitidos por instituições depositárias. M3 = M2 + Fundo de Renda Fixa + Operações Registradas no Selic. M4 = M3 + Títulos Públicos de alta liquidez. 24 Sistema Financeiro A principal função é a intermediação de recursos: Captar recursos que se encontram ociosos para repassá-los aos que necessitam tomar empréstimos. Divide-se em dois grandes blocos: sistema bancário ou monetário e o não monetário. O primeiro cria moeda e o segundo realiza a intermediação de recursos. Processo de criação de moeda: o multiplicador de meios de pagamento. 25 Sistema Financeiro As reservas dos bancos são de três formas: 1 – Caixa dos bancos comerciais: moeda corrente guardada nos próprios bancos. 2 – Reservas voluntárias no BACEN. 3 – Reservas compulsórias no BACEN. 26 Multiplicador Considere a seguinte situação: 27 Multiplicador Saímos de R$ 100,00 e chegamos em R$ 500,00, obtidos pela soma de 100; 80; 64; 51,20; ... que é uma Progressão Geométrica de razão q = 0,8. 28 Multiplicador Aplicando-se a fórmula de uma P.G. infinita teremos: 29 Funções do Banco Central (BACEN) 1 – Banco dos Bancos 2 – Depositário das reservas internacionais 3 – Banqueiro do governo 4 – Emissor de papel-moeda. 30 Funções do Banco Central (BACEN) 1 – Banco dos Bancos Banco dos Bancos: regula e fiscaliza os agentes que compõem o sistema financeiro. É um emprestador em última instância. 31 Funções do Banco Central (BACEN) 2 – Depositário das reservas internacionais Depositários das reservas: o BACEN mantém um estoque de moedas estrangeiras que viabiliza sua intervenção no mercado cambial. 32 Funções do Banco Central (BACEN) 3 – Banqueiro do governo Banco do Governo: o BACEN recebe recursos do tesouro, assim como empresta recursos ao governo. 33 Funções do Banco Central (BACEN) 4 – Emissor de papel-moeda. Banco Emissor: o papel-moeda emitido é uma fonte de recursos. 34 Instrumentos de Controle Monetário Os três principais instrumentos a disposição do BACEN são: 1) As reservas compulsórias; 2) A política de redesconto; 3) As operações de open-marketing. 35 Instrumentos de Controle Monetário 1) As reservas compulsórias: quando aumentam as reservas compulsórias, reduz-se a capacidade dos bancos comerciais criarem moeda, logo, há destruição de moeda. 36 Instrumentos de Controle Monetário 2) A política de redesconto: se aumenta a taxa de redesconto, dificultando os empréstimos feitos pelos bancos comerciais ao BACEN, há destruição de moeda. 37 Instrumentos de Controle Monetário 3) As operações de open-marketing: Se vende títulos no mercado, injeta-se papel-moeda e retira-se moeda, logo há destruição de moeda. 38 Demanda por Moeda Os principais motivos para reter ou demandar moeda são: 1) Motivo Transação: a moeda é vista como um meio de troca. Sua demanda se justifica pela facilidade e segurança para a realização de troca. 2) Motivo portfólio: a moeda é um ativo financeiro. Não rende juros, mas possui liquidez absoluta. A taxa de juros é o custo de oportunidade, o que se deixa de ganhar por guardar moeda. 39 Demanda por Moeda A demanda por moeda pode ser considerada como: (M/P) = encaixes reais P = nível de preços Y = nível de renda real r = taxa de juros 40 Demanda por Moeda Demanda por Moeda para Transação: equação quantitativa A equação quantitativa da moeda fornece uma relação entre a quantidade de moeda e o valor total de transações realizadas em moeda. MxV = PxT M = quantidade de moeda V = velocidade de circulação P = nível de preços T = número de transações 41 Demanda por Moeda T pode ser substituído por Y (produto, renda). Logo: MxV = PxY Onde: Y = produto real V = Velocidade renda da moeda 42 Demanda por Moeda Rearranjando temos que: A expressão acima é uma tautologia. Para se transformar em teoria devemos fazer algumas suposições: 1 – Igualdade entre oferta e demanda de moeda 43 Demanda por Moeda 2 – Constância da velocidade da moeda Fatores que afetam a velocidade de circulação da moeda: I – Intervalo de recebimento da renda: quanto menor este intervalo, maior a velocidade. II – Desenvolvimento do sistema bancário: com o advento dos caixas eletrônicos a moeda circula mais rápido. III – Verticalização da economia: quanto maior a verticalização, menor a circulação. 44 Inflação: Supondo V e k constante, a equação quantitativa fornece uma explicação para a inflação no curto prazo. MxV = PxY Uma variação no estoque de moeda gera uma variação igual no produto nominal (PY). lnM + lnV = ln P + lnY Sendo: lnV = 0 lnY = 0 45 Taxa de Juros e Demanda por Moeda Taxa de juros real é o retorno, em termos de poder de compra, de uma aplicação: Onde: r = taxa de juros real; i = taxa de juros nominal; π = taxa de juros inflação. 46 O que afeta a demanda por moeda? Se o individuo não possui ilusão monetária, o que interessa é a comparação entre os retornos reais dos ativos (poder de compra). Reter moeda não dá direito a retorno nominal e o seu retorno será a variação no poder de compra. 47 O que afeta a demanda por moeda? Se existe inflação o retorno real da moeda é negativo e igual a taxa de inflação. Ao comprar sua carteira de ativos, o individuo: compara a diferença entre o retorno dos títulos = r e o retorno real da moeda = - π. 48 O que afeta a demanda por moeda? Portanto, a taxa de juros considerada será a taxa nominal. 49 O que afeta a demanda por moeda? Quanto maior a taxa nominal de juros, menor será a demanda por moeda. Para todos: Bons Estudos! 50
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