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A PARTILHA DO CONTINENTE AFRICANO
Se você atentar para o mapa político da África atual, vai observar que a demarcação de muitas fronteiras entre os países parece ter sido feita com régua e compasso. De fato o foi. Nos últimos anos do século XIX, depois de décadas realizando o mapeamento do continente africano, as nações europeias resolveram partilhar a possessão da África entre elas. Na época, o objetivo dessa partilha era não só iniciar a exploração desse continente como também levar a civilização para os africanos. Nesta aula, vamos analisar os antecedentes da partilha da África e suas motivações.
O neoimperialismo
A frase “Fardo do homem branco”, criada pelo poeta inglês Rudyard Kipling,( autor do livro “MOGLI”) sintetiza os fundamentos da ideologia imperialista, que, na época, via a colonização da África como um dever a ser cumprido.  
De acordo com as principais nações capitalistas da época (as europeias e os Estados Unidos), cabia ao homem branco fazer com que povos de outras raças, sobretudo os africanos e os asiáticos, atingissem o modelo europeu/branco de civilização. 
Era o que os brancos acreditavam ser o auge do progresso e da evolução humana.
Síntese do “Fardo do homem branco” disseminada nos Estados Unidos e na Europa
A doutrina do darwinismo social foi o instrumento científico utilizado por essas nações “brancas”.
Segundo essa doutrina, os diferentes biótipos humanos existentes eram, na realidade, diferentes raças humanas, sendo a raça branca a mais desenvolvida entre todas. 
Por isso, cabia aos homens brancos fazerem com que as demais raças evoluíssem. A única forma de realizar esse feito era por meio da colonização.
Embora se saiba que, atualmente, não existem raças humanas, pois a humanidade é uma só, do final do século XIX até meados do século XX, o uso das ciências para comprovar a falsa desigualdade existente entre os homens, promoveu o racismo científico, que não só justificou a colonização da África e da Ásia como também foi a justificativa utilizada pelos movimentos nazistas e fascistas.
O caso do Canal de Suez
A presença europeia com interesses genuinamente imperialistas já era uma realidade no continente africano desde a década de 1850. 
Um dos maiores exemplos dos planos das nações da Europa que se julgavam detentoras da civilização e do progresso foi a construção do Canal de Suez. 
Esse canal foi a realização de um desejo antigo (desde o Egito faraônico) de ligar o Mar Vermelho ao Mediterrâneo. Os estudos preparatórios começam com a ocupação do Egito por Napoleão, em 1832, mas as obras só foram iniciadas em 1859.
Grosso modo, é possível dizer que o Canal de Suez foi idealizado por europeus, mais especificamente pelos franceses, mas quem realizou efetivamente a obra foram os milhares de egípcios recrutados para o serviço.
O canal só ficou pronto dez anos depois, em 1869, em uma inauguração repleta de reis e de chefes de Estado de diferentes nacionalidades. É a partir desse momento que a Inglaterra passa a mostrar interesse crescente pela região. De forma escusa, cujas negociações são até hoje pouco conhecidas, os ingleses conseguiram comprar Ações Financeiras da Companhia do Canal de Suez.
Sendo assim, o grande empreendimento deixava de ser nacional e passava para o controle da Inglaterra, que ainda conseguiu que o Egito fosse obrigado a pagar 5% sobre o valor das ações vendidas aos ingleses por um período de dezenove anos. 
Era o alvorecer da perda de soberania dos estados africanos e da consequente submissão econômica dessas mesmas sociedades.
O estopim causado por Leopoldo II e a partilha da África
Até a década de 1860, a presença de diferentes nações europeias no continente africano não causava questões diplomáticas na Europa. A situação começou a mudar entre as décadas de 1870 e 1880, período em que as condições para a partilha foram criadas.
Um aspecto que acendeu ainda mais o interesse e a cobiça europeia pela África foi a descoberta casual de diamantes na atual África do Sul e, um pouco mais tarde, de ouro e de cobre ainda na parte meridional do continente.
A descoberta de grandes reservas de minério em diferentes áreas do continente africano, bem como o conhecimento cada vez mais aprofundado da geografia da África (graças às expedições de exploração já estudadas), fez com que uma série de projetos de ocupação do território africano fosse desenvolvida pelas nações europeias.
O objetivo era criar estruturas hidráulicas e férreas que viabilizassem a entrada efetiva dos europeus. 
Alguns projetos chegaram a ser extremamente audaciosos.
A Inglaterra, por exemplo, elaborou um projeto de construção férrea que ligaria o Cairo à Cidade do Cabo, cortando, longitudinalmente, todo o continente africano.
Embora a presença europeia se fizesse sentir cada vez mais forte em algumas regiões da África, o estopim para a partilha da África foram os desejos expansionistas do rei belga Leopoldo II.
Durante vinte anos, o monarca da Bélgica fez grandes investimentos, até mesmo pessoais, no intuito de possuir uma colônia tropical. Quando as expedições de Henry Stanley localizaram a bacia do rio Congo, uma das maiores do continente, Leopoldo II parecia ter encontrado seu grande sonho. 
Em 1876, o rei belga reuniu uma conferência internacional de geografia em seu palácio, em Bruxelas. Desse encontro criou-se a Associação Internacional Africana, cujo objetivo era levar a civilização para a única parte do globo ainda não penetrada. 
Como presidente dessa associação, Leopoldo tinha acesso a uma quantidade privilegiada de informações sobre o continente.
O Estado Livre do Congo
Extremamente perspicaz e aproveitando-se do conhecimento adquirido pelas expedições europeias na África, Leopoldo II constitui, em 1877, o Estado Livre do Congo. (Em tese, esse Estado era propriedade privada do rei, não tendo nenhum vínculo direto com a Bélgica. Sendo assim, o rei Leopoldo poderia explorar aquilo que lhe aprouvesse.)
A criação desse Estado surpreendeu e acirrou os ânimos das demais nações europeias, mesmo porque ele representava o controle do acesso à Bacia do Congo, que pertencia ao rei belga. 
Embora o Estado Livre do Congo tenha permanecido com Leopoldo II até 1904, para evitar possíveis embates (até mesmo bélicos), o rei teve de negociar com as demais nações da Europa o uso das redes fluviais da região.
As aspirações coloniais de Leopoldo II foram rapidamente compartilhadas por outros países europeus que iniciaram uma verdadeira corrida para a África, como veremos a seguir.
Outros países europeus na corrida pela partilha da África
Alemanha, França e Inglaterra intensificaram o contato com lideranças autóctones (Próprio do lugar; que nasceu naquele lugar e guarda dentro de si costumes, cultura e jeitos dos costumes daquele povo que ali nasceu. )dos territórios que pretendiam dominar.
Em 1881, Túnis foi declarada protetorado francês; no ano seguinte, Inglaterra e França se uniram para subjugar o Egito. 
Em meio a esse processo, o chanceler alemão Otto Von Bismarck convocou os representantes das grandes potências da época para uma conferência em Berlim. 
O objetivo inicial desse encontro(A Conferência de Berlim desnudou os interesses imperialistas da Europa, processo que se deu à revelia das múltiplas nações e etnias africanas que passaram a ser colonizadas).era controlar as pretensões expansionistas europeias na África Ocidental, sobretudo as de Leopoldo II, mas não foi exatamente o que aconteceu. 
Além de legitimarem o poderio do monarca belga na Bacia do Congo, os representantes reconheceram possessões alemãs na África “tropical” e autorizaram a ocupação colonial em todo o território africano.
Empresas europeias (muitas das quais utilizando o capital dos Estados Unidos) aproveitaram o ímpeto imperialista de suas nações e passaram a exercer monopólios comerciais tão eficientes quanto ou mais eficientes que os tratados de proteção acordados entre diplomatas europeus e diferentes lideranças africanas. 
Além dos interessespolíticos e econômicos que por si só já eram argumentos suficientes para a colonização europeia da África, os diferentes países da Europa ainda acreditavam estar fazendo um bem a todo o continente africano, pois o neocolonialismo era a única forma de levar a civilização aos africanos.
Assim como ocorrera quatrocentos anos antes, quando o papa Nicolau V permitiu a escravização de africanos, os europeus utilizavam a crença no “Fardo do homem branco”, entendida como a superioridade dos europeus brancos e cristãos, para dominar outros povos.   
A divisão do continente africano
A fim de assegurar que a ocupação do continente africano não causaria grandes conflitos entre os países europeus, o primeiro-ministro britânico, Lorde Salisbury, utilizou, em 1891, seu vasto conhecimento sobre a geografia da África para fazer uma divisão equilibrada do continente entre as metrópoles. 
De maneira geral:
⇒ à França coube a África Ocidental; 
⇒ à Inglaterra, a África Oriental; 
⇒ à Itália, a região nordeste do continente; e 
⇒ a Portugal, a África Centro-Ocidental. 
Veja, no mapa, como ficou toda a partilha.
Concluindo...
Em relação aos dois últimos postulados apresentados podemos dizer que um plano fica definido por 3 pontos não colineares ou por 1 reta e 1 ponto fora dela.
Mais do que separar, a partilha da África juntou diferentes grupos africanos, muitas vezes rivais, em um mesmo todo político, fato que trouxe consequências graves durante o processo de independência dessas colônias.

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