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PROCEDIMENTOS ESPECIAS NAS AÇÕES DE FAMÍLIA D. CIVIL V

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FACULDADE DE DIREITO PADRE ARNALDO JANNSEN
O PROCEDIMENTO ESPECIAL PARA AS AÇÕES DE FAMÍLIA
 
 
BELO HORIZONTE
2018
INTRODUÇÃO
O novo Código de Processo Civil regulamenta as ações de família em capítulo próprio, com procedimentos especiais para os processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação.
Cabe ressaltar, que nas ações de alimentos primeiramente deverá ser aplicada as regras previstas na Lei 5.478/1968, as normas contidas no novo CPC “das ações de famílias” serão aplicadas apenas subsidiariamente, no que couber. E para as ações que tratar sobre interesse de criança ou adolescente preferencialmente serão empregadas as regras previstas na Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
O legislador ao regular o NCPC trouxe como norma fundamental do processo civil que a conciliação, a mediação e outros métodos consensual de solução de conflitos sejam impulsionados pelos juízes, pelos advogados, pelos defensores públicos e Ministério Público.
Após breve relato do procedimento especial nas ações de famílias contido no NCPC, passaremos adiante detalhar o conteúdo trazido pela nova norma.
I – INCENTIVO ÀS FORMAS CONSENSUAIS DO CONFLITO
No capítulo das ações de família a partir do art. 694 do CPC, nota-se a ênfase que o legislador deu aos institutos de mediação e conciliação. Assim neste dispositivo do novo código todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da desavença, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento para mediação e conciliação.
Moldado nas formas consensuais de solução de conflitos, a requerimento das partes o juiz poderá determinar a suspensão do processo para que os litigantes se submetam a mediação ou atendimento multidisciplinar, é o que dispõe o parágrafo único do art. 694 do Novo CPC.
Interessante analisar que a norma deste dispositivo não prevê prazo determinado para a suspensão do processo. Desse modo, podemos deduzir que o prazo de suspensão pode ser até as partes conseguirem uma solução consensual do conflito.
II – OBRIGATÓRIEDADE DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO
Diferente do procedimento comum, onde a audiência de mediação e conciliação pode não ocorrer quando ambas as partes negarem a sua realização, nas ações de família, entretanto, com o dispositivo do art. 695 do novo CPC, podemos concluir que a audiência é obrigatória, independente da vontade das partes.
Neste dispositivo encontramos um relevante procedimento especial das ações de família, pois o caput do art. 695 do código mencionado há como regra geral a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação após o recebimento da petição inicial e a tomada das medidas referentes a tutela provisória, se houver.
III – CITAÇÃO PESSOAL DO RÉU
Nesses procedimentos especiais das ações de família a citação também é diferenciada, o mandado de citação não será mais acompanhado da contrafé, ou seja, da petição inicial. Essa medida tem o intuito de evitar o agravo do litigio com a leitura da petição inicial pelo demandado, que provavelmente no momento da citação estará desacompanhado da assistência de um advogado.
Por isso no mandado constarão apenas os dados principais, os dados que o juiz considerar importante para a audiência. Mas o novo CPC neste mesmo dispositivo, que é o art. 695 prevê que o réu poderá consultar os autos a qualquer momento. Essa é uma novidade trazida nesses procedimentos, pois a regra geral mesmo que o réu não seja citado para contestar, recebe a contrafé ao ser citado, já adquirindo o conhecimento dos termos.
Apesar da boa intensão do legislador em tentar minimizar o litigio com essa especialidade criada para as ações de família, a medida é bastante criticada pois contraria o princípio fundamental das formas consensuais de solução de conflito (a ampla ciência das pretensões e resistências). Mesmo os autos esteja a disposição do réu a todo tempo, ainda sim é criticada pois o advogado necessitará se deslocar até o juízo para ter acesso a contrafé ou consultar os autos eletrônicos para ter acesso as pretensões do autor.
A citação deverá ocorrer com antecedência mínima de 15 dias antes da audiência.
IV – PRESENÇA OBRIGATÓRIA DE ADVOGADO OU DEFENSOR PÚBLICO
O art. 695 em seu parágrafo 4º exige que as partes estejam acompanhadas na audiência de seus advogados ou defensores públicos. Isso afim de evitar prejuízo da parte diante da ausência de advogado ou de defensor público.
V – NÚMERO DE SESSÕES
Nesta audiência também há uma inovação, pois não será apresentada defesa, será apenas de mediação e conciliação, e poderá ser dividida em quantas sessões sejam necessárias para viabilizar a solução consensual, sem prejuízo das medidas jurisdicionais voltadas ao perecimento do direito, chamadas tutelas provisórias de urgências.
Podemos notar que o art. 696 do Novo CPC, reforça mais uma vez o enaltecimento as formas de solução consensuais de conflito, permitindo mais de uma sessão de audiência para busca de solução consensual.
Importante ressaltar que não se aplica o limite temporal de dois meses previsto no art. 334, § 2º, do NCPC.
VI – PROCEDIMENTO COMUM
Segundo o art. 697 do Novo CPC, após realizadas as audiências de mediação e conciliação não realizado o acordo, passarão a incidir as regras do procedimento comum, inclusive a contagem de prazo para apresentação da contestação.
VII – MINISTÉRIO PÚBLICO
A participação do Ministério Público é limitada pelo art. 698 do CPC, por ele o Ministério Público atua como fiscal da ordem jurídica em duas situações distintas. Quando houver interesse de incapaz, o Ministério Público deverá participar do procedimento desde o início, intervindo como fiscal da ordem jurídica em todo o processo. E nos demais casos, sua participação será precisa, sendo ouvido apenas quando tiver pedido de homologação de acordo.
VIII – DEPOIMENTO PESSOAL DO INCAPAZ
Prevê o art. 699 do Novo CPC, que quando houver a necessidade do juiz tomar o depoimento do incapaz, deverá estar acompanhado por especialista.
O CNJ em sua recomendação 33/2010 aconselha que o depoimento do incapaz seja tomado em sala separado da de audiência, com assistência de profissionais especializados, empregando técnicas do depoimento pessoal, usando princípios básicos da entrevista cognitiva, também conhecida como depoimento sem dano. 
O intuito é construir um ambiente aconchegante, de forma que o incapaz tenha liberdade e sinta à vontade para narrar os fatos importantes de sua vida.
DAS AÇÕES
I – SEPARAÇÃO JUDICIAL
A separação significa que os cônjuges estão separados, porém sem romper o vínculo matrimonial, ato bem menos formal, que pode ocorrer por via judicial ou extrajudicial. Esse foi um dos temas tratado pelo novo CPC, e sem dúvidas foi o tema mais polêmico, a visão feita encima da Emenda Constitucional 66, que alterou o modificou parágrafo 6 do artigo 226 da Constituição Federal. Deste modo, resta preservada a possibilidade de invocar a separação, como forma de cessar a convivência conjugal. A manutenção da separação, para a maioria dos estúdios do assunto um trata-se de um retrocesso, considerando que esse dispositivo não deveria ocorrer devido sua ineficácia. Várias elaborações de ementas para sanar as falhas na separação, como a ementa 129 do senador João Durval entre outras apresentadas que iminentemente foram afastadas pelo Senador Vital do Rego, com justificativa que a ementa esse instituto teria sido abolido do ordenamento jurídico, ou seja não se tem nenhum requisito prévio para o divórcio. 
A decisão a baixo trás de forma clara o empasse no entendimento da separação. 
DECISÃO
22/03/2017 08:43
Quarta Turma define que separação judicial ainda é opção à disposição dos cônjuges
A entrada em vigor da Emenda Constitucional 66, que modificou o artigo 226 da Constituição Federalpara deixar de condicionar o divórcio à prévia separação judicial ou de fato, não aboliu a figura da separação judicial do ordenamento jurídico brasileiro, mas apenas facilitou aos cônjuges o exercício pleno de sua autonomia privada. Ou seja: quem quiser pode se divorciar diretamente; quem preferir pode apenas se separar.
O entendimento foi firmado pela Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em julgamento de recurso especial interposto por um casal que, em ação de separação, buscava a homologação pelo juízo das condições pactuadas, como recebimento de pensão, regulação de visitas ao filho, partilha de bens e alteração de sobrenome.
Supressão de requisito
O juízo de primeiro grau, por entender que a EC 66 aboliu a figura da separação, concedeu prazo de dez dias para adequação do pedido, e o Tribunal de Justiça manteve a decisão.
No STJ, a relatora do recurso, ministra Isabel Gallotti, entendeu pela reforma do acórdão. Segundo ela, a única alteração ocorrida com EC 66 foi a supressão do requisito temporal e do sistema bifásico para que o casamento possa ser dissolvido pelo divórcio.
“O texto constitucional dispõe que o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, imprimindo faculdade aos cônjuges, e não extinguindo a possibilidade de separação judicial. Ademais, sendo o divórcio permitido sem qualquer restrição, forçoso concluir pela possibilidade da separação ainda subsistente no Código Civil, pois quem pode o mais, pode o menos também”, disse a ministra.
Liberdade de escolha
Isabel Gallotti também fez considerações sobre os dois institutos. Segundo ela, a separação é uma modalidade de extinção da sociedade conjugal que põe fim aos deveres de coabitação, fidelidade e ao regime de bens. Já o divórcio extingue o casamento e reflete diretamente sobre o estado civil da pessoa.
“A separação é uma medida temporária e de escolha pessoal dos envolvidos, que podem optar, a qualquer tempo, por restabelecer a sociedade conjugal ou pela sua conversão definitiva em divórcio para dissolução do casamento”, disse a relatora.
Segundo a ministra, o estado não pode intervir na liberdade de escolha de cônjuges que queiram formalizar a separação a fim de resguardar legalmente seus direitos patrimoniais e da personalidade, preservando a possibilidade de um futuro entendimento entre o casal.
A ministra acrescentou ainda que o novo Código de Processo Civil manteve em diversos dispositivos referências à separação judicial, a exemplo dos artigos 693 e 731, o que, em sua opinião, demonstra a intenção da lei de preservar a figura da separação no ordenamento jurídico nacional.
O número deste processo não é divulgado em razão de segredo judicial.
II – UNIÃO ESTAVEL
O antigo CPC não continha procedimento especifico para as ações de união estável. O reconhecimento ou extinção se davam por meio de ação declaratória.
Agora estas ações foram incluídas na parte de família do novo Código de Processo Civil, estando dispostas nos arts. 693 a 699:
As ações de reconhecimento de união estável, de extinção ou mesmo as duas simultaneamente, agora está disciplinada no novo CPC, não é mais necessária a utilização da ação declaratória para esse fim.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
NEVES, Daniel A. A., NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL COMENTADO. 3º edição. Salvador: Ed. JusPodivm, 2018.
Parizatto, João Roberto, AÇÕES DE FAMÍLIA NO NOVO CPC. São Paulo: Edipa Editora Parizatto, 2016.
STJ. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcias/Quarta-Turma-define-que-separa%C3%A7%C3%A3o-judicial-ainda-%C3%A9-op%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0-disposi%C3%A7%C3%A3o-dos-c%C3%B4njuges> . acesso em: 29.mar.2018
Rocha, Henrique. Migalhas. Disponível em: < http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI244852,61044-Do+divorcio+no+novo+CPC> acesso em: 29.mar.2018

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