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Anticonvulsivantes para Epilepsia


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Anticonvulsivantes
Epilepsia 
Distúrbio neurológico crônico da função cerebral caracterizado pela ocorrência periódica e imprevisível de crises epiléticas não provocadas
Essas crises podem ser não epiléticas quando são deflagradas no cérebro normal por tratamentos como eletrochoque ou convulsivantes químicos, ou epileticas quando ocorrem sem provocação direta
O indivíduo tem tendência a sofrer convulsões recorrentes um paciente que teve convulsão não necessariamente apresenta epilepsia 
Prevalência mundial de 0,5-1%
Maior no primeiro ano de vida e volta a aumentar após os 60 anos 
Impactos negativos da doença sobre a vida das pessoas afetadas: discriminação, estigma social, insegurança determinada pela imprevisibilidade das crises 
Crises epiléticas ou convulsões 
Alteração transitória do comportamento decorrente das deflagrações rítmicas, sincrônicas e desordenadas de populações de neurônios cerebrais, decorrentes de anormalidades na função dos canais iônicos e das redes neurais 
Parecem originar-se do córtex cerebral 
Parciais: começam focalmetne em áreas do córtex 
Generalizadas: quando envolvem dois hemisférios difusa e simultaneamente 
Sintomas dependem da localização 
Sintomas motores 
Perda de consciência 
Alterações sensoriais, olfato, visão 
Alterações emocionais 
Memoria, linguagem e discernimento 
As crises convulsivas epiléticas muitas vezes causam depressão transitória da consciência, deixando o idividuo sob risco de lesão corporal e, em muitos casos, interferindo com as atividades educativas e profissionais 
O tratamento é sintomático, pois inibem as convulsões, mas não se dipõe de profilaxia eficaz nem de cura
Fisiopatologia dos distúrbios convulsivos 
Lesões de determinada área do cérebro como tumor, malformação do desenvolvimento ou lesão decorrente de traumatismo ou AVE 
Genética 
Uso de drogas 
Epilepsia generalizada mais comum mioclônica juvenil 
Mecanismos de ação dos antiepiléticos três categorias principais: 
1 – reduz as deflagrações repetitivas e persistentes dos neurônios promoção do estado inativo dos canais de Na ativados por voltagem
2 – aumento da inibição sináptica do GABA, mediado por ação pré-sinaptica ou pós-sinaptica
3 – crises de ausência inibição dos canais de Ca ativados por voltagem, que são responsáveis pelas correntes de Ca do tipo T
Etiologia
Potencialização do sistema glutamaérgico e aumento da inibição de GABA
Excitatório fica mais excitado e inibitórios ficam mais inibidos
GLUTAMATO 
Bloqueia o canal de sódio – n tem despolarização (PA) 
Bloqueia o canal de cálcio voltagem dependente – não deixa cálcio entrar
Bloqueia o receptor do neurotransmissor – canais iônicos ligante dependente p cálcio – neurônio pós sinápticos 
GABA
Potencializam a abertura dos canais de GABA – canais iônicos ligante dependente p cloreto – Hiperpolarização da célula nervosa
Fisiopatologia dos distúrbios convulsivos
Nivel celular – regulação mediada pelos canais iônicos
Periodo refratário impede a descarga repetitiva anormal nas células neuronais 
	Inativação dos cais de Na
	Hiperpolarização mediada pelos canais de K
Redes neurais – regulação mediada pelas comunicações neurais
Especificidade da sinalização neuronal restringe os efeitos de determinado potencial de ação a uma área definida 
Classificação das convulsões 
Parcial: neurônio é ativado em determinada região do cérebro atingindo-a, mas fica restrita a determinada área
Generalizada secundaria: neuronio era focal, ai pela rede de neurônio vai p tálamo e se espalha
Generalizada primaria: neurônio problemático fica localizado principalmente na região talâmica e manda para todo o cérebro
Crises parciais – focais 
Despolarização inicia-se focalmente e costuma assim permanecer 
Ocorre em 3 etapas específicas: 
Iniciação em nível celular através de um aumento da atividade elétrica
Sincronização dos neurônios circundantes
Propagação para regiões adjacentes do cérebro 
Sintomas: variam de acordo com a localização: movimento repetivo involuntário (córtex motor), parestesias (córtex sensorial), luzes piscando (córtex visual)
Simples quando não acontece período de consciência
Complexa quando acontece período de consciência, associadas a movimentos despropositados como estalar dos lábios ou contorção das mãos 
Com crises toniclonicas secundariamente generalizadas: é uma evolução das crises simples ou complexas. Há perda da consciência e contrações persistentes (tônicas) dos músculos de todo o corpo, seguidas por períodos de contração musculares alternados com períodos de relaxamento (clonicos)
Crises generalizadas são complexas pq ocorre perda de consciência 
São aquelas que começam de modo geral e envolvem ambos os hemisférios 
Subclassificação:
Convulsoes generalizadas primárias: surge de regiões centrais do cérebro e, a seguir, propaga-se rapidamente para ambos os hemisférios 
Convulsões generalizadas secundárias: ocorre quando as convulsões parciais se tornam generalizadas através de sua propagação ao longo de conexões difusas, afetando ambos os hemisférios cerebrais
Crises de ausência: inicio abrupto de comprometimento da consciência associado a olhar fixo e interrupção das atividades que o individuo estava realizados, duração < 30s
Crises mioclônicas: contrações musculares breves (1s) semelhantes a choques, que podem ficar limitadas a uma parte do membro, ou podem ser generalizadas
Crises tonicoclônicas: igual as crises parciais com crises tonicoclônicas secundariamente generalizadas, exceto que não é precedida por uma crise parcial 
Convulsão tônico-clônica (convulsão do tipo grande mal)
Envolve contração da musculatura de todo corpo, seguido de um episódio de contração involuntária dos quatro membros
Fase tônica (inicial): perda súbita do influxo de GABA levando a descarga rápida e sustentada cuja manifestação se dá por contração dos músculos agonistas e antagonistas
Fase clônica (tardia): restauração mediada pelo GABA + oscilação mediada por AMPA e NMDA. O padrão oscilatório resulta em movimentos clônicos ou de contração involuntária do corpo. Com o decorrer do tempo, passa a prevalecer a inibição mediada pelo GABA e o paciente torna-se flácido e permanece inconsciente durante o período pós-ictal, até normalização da função cerebral 
Crises de ausência (convulsão do tipo pequeno mal)
Interrupções súbitas da consciência, frequentemente acompanhada de olhar fixo e perplexo e sintomas motores ocasionais, como piscar rápido e estalar dos lábios, sem perda do controle postural 
Resultam da sincronização anormal das células tálamo-corticais e corticais, via ativação do canal de cálcio do tipo T
Farmacoterapia dos distúrbios convulsivos 
Fármacos que bloqueiam os canais de sódio 
Bloqueiam os canais de sódio de modo dependente do uso, assim, impedem que ocorra o potencial de ação 
Atuam preferencialmente sobre os neurônios que disparam rapidamente
Diminui a velocidade de recuperação do canal de seu estado inativo para o estado fechado aumenta o limiar dos potenciais de ação e impede a descarga repetitiva
Convulsões parciais e generalizadas secundarias
Fenitoína, carbamazepina, Oxcarbamazepina, Lamotrigina, Acido valproico, locasamida, rufinamida, zonisamida
Feitoína: 
Crises epiléticas parciais e tônico-clônicas 
Anticonvulsivantes 
Administração oral 
Interações medicamentosas Indutor do Cyp-P450 e várias isoforma dele aumenta o metabolismo de diversos fármacos (contraceptivos orais, quinidina, doxiciclina, ciclosporina, metadona e levodopa)
Ataxia, nistagmo, incoordenação, confusão, anemia, hinsutismo, hiperplasia gengival, anemia, traços faciais mais grosseiros e exantema cutâneo sistêmico 
Não indicado para crises de ausência ou mioclonia
Primeira escolha
Carbamazepina
Crises epileticas parciais e tônico-clônicas 
Anticonvulsivantes e estabilizadores de humor
Mais especifico para o Cyp-P450
Indução do sistema P450 
Escolha mais interessante do que a fenitoína para pacientes com interações medicamentosaspotenciais 
Gama de Cyp-P450 é mais restrita, ela é mais especifica induz o próprio citocromo que a degrada
Efeitos adversos: sonolencia, vertigem, ataxia, diplopia e borramento visual, náuseas, vômitos, toxicidade hematológica grave e hipersensibilidade
Lamotrigina 
Crises epiléticas parciais e tônico-clônicas e nas crises de ausência 
Terceira escolha no tratamento das crises de ausência, depois da etossuximida e do ácido valproico
Anticonvulsivantes
Bloqueia os canais de Na, Ca e tipo T
Administração oral 
Efeitos adversos: tortura, ataxia, borramento visual, diplopia, náuseas, vômitos, exantema
Fármacos que bloqueiam os canais de cálcio
Bloqueiam os canais de Ca
Canais do tipo T ou canais de Ca ativado por alta voltagem – HVA
Canal do tipo T – ativado pela hiperpolarização paroxística nas crises de ausência Crises de ausencia
Canais HVA: papel no controle da entrada de Ca na terminação pré-sinaptica e, por conseguinte, regula a liberação de neurotransmissores convulsões parciais com ou sem generalização secundaria 
Etossuximida, acido valproico, gabapentina e pregabalina
Etossuximida
Primeira escolha nas crises de ausência 
Reduz as correntes dos canais de Ca tipo T
Meia vida de 40-50h 
Náuseas, vomiros, anorexia, sonolência, tontura e cefaleia
Ácido valproico e valproato de sódio
Eficaz nas convulsões parciais, tônico-clônicas e crise de ausência 
Usado na síndrome de epilepsia genenralizada alternativa à feniltoina 
Segunda escolha na crise de ausência
Modula o sódio, o potássio, o cálcio e o GABA: múltiplos mecanismos de ação
Bloqueia o canal de Na 
Bloqueia canais de cálcio do tipo T
Aumenta condutância de K 
Aumenta a atividade da acido glutâmico descarboxilase (enzima responsável pela síntese de GABA)
Efeitos adversos: anorexia, náuseas e vômitos, sedação, ataxia e tremor
Gabapentina
Convulsões parciais com ou sem generalização secundaria 
Análogo estrutural do GABA aumenta a inibição mediada pelo GABA 
Efeito anticonvulsivan te mediado pela inibição dos canais de cálcio HVA diminui a neurotransmissao 
Fármacos que aumentam a inibição mediada pelo GABA
Atuam sobre os receptores GABA-A potencializando a inibição GABA-érgica
Potencializam a neurotransmissao inibitória mediada pelo GABA impedem os potenciais de ação repetitivos 
Eficazes para convulsões tônico-clônicas parciais e generalizadas secundárias
Benzodiazepinicos, barbitúricos, levetiracetam, vigabatrina, tiagabina, estiripentol, zonisamida
Outros moduladores da transmissão GABA-érgica: atuam na síntese do GABA
Benzodiazepínicos 
Convulsões parciais e tônico-clônicos
Interrupção aguda das convulsões 
Clonazepam melhor escolha no tratamento das crises de ausência 
Aumentam a afinidade do GABA pelo receptor de GABA-A e intensificam a regulação do canal de GABA-A na presença de GABA aumenta o 	influxo de Cl por aumentar a frequência de abertura do cana
Sedativos e ansiolíticos, anticonvulsivantes 
Diazepam, lorazepam, midazolam, clonazepam
Barbitúricos 
Convulsões parciais e tônico-clônicas
Aumentam a duração da abertura dos canais de Cl e promovem seu influxos
Anticonvulsivante (em doses menores) e hipnótico (em doses maiores)
Indutor enzimático 
Fenobarbital 
Outros moduladores da transmissão GABA-érgica 
Vigabatrina: inibe a enzima GABA transaminase (responsável pela inativação do GABA)
Tiagabina: inibe a captação de GABA e pelos neurônios e células da glia (aumenta a concentração extracelular de GABA)
Estiripentol: aumenta a liberação de GABA e prolonga os eventos sinápticos medicados por GABA de maneira semelhante ao fenobarbital 
Zonisamida: potencializa a função de GABA e também bloqueia os canais de Na e Ca tipo T
Fármacos que inibem os receptores de glutamato 
Bloqueiam os receptores de glutamato (NMDA e AMPA)
Efetivos na maioria das formas de atividade convulsiva 
Bloqueiam a neurotransmissao excitatória do SNC 
Felbamato e topiramato
Felbamato 
Convulsões parciais e tônico-clônicas generalizadas primárias 
Mecanismos de ação inibem receptores NMDA em um sítio específico (subunidade NR2B), o que permite seu uso não apresentar efeitos adversos comportamentais observado com o uso de outros agentes 
Não apresenta efeitos sedativos comuns aos outros fármacos antiepiléticos 
Anemia aplásica fatal e insuficiência hepática restrito a pacientes com epilepsia refrataria 
Topiramato 
Eficaz nas convulsões parciais e tônico-clônicas generealizadas primárias 
Mecanismos de ação 
Bloqueia os canais de Na e Ca 
Aumenta a ação do GABA 
Bloqueia os receptores AMPA
Bem tolerados, sonolência, fadiga, perda ponderal e nervosismo 
Alogarítimo para tratamento das epilepsias 
1 – tenta determinar a causa da epilepsia, na esperança de descobrir uma lesão estrutural irreversível 
2 – determinar se o tratamento deve ser iniciado e quando isso deve ser feito 
3 – diagnostico e tratamento precoces dos distúrbios convulsivos com um único fármaco apropriado oferecem as melhores condições de alcançar períodos longos sem convulsões com o menor risco de toxicidade 
4 – Farmacoterapia 
	Estipular monoterapia na menor dose efetiva 
	Aumentar a dose de acordo com a necessidade 
	Inserir novo fármaco com mecanismo de ação diferente 
5 – duração do tratamento: geralmente são mantidos por no mínimo 2 anos.
Se o paciente estiver sem convulsões, considerar a redução gradativa e interrupção do tratamento