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II simposio alternativas alimentacao gado seca - Danilo Gusmão

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Prévia do material em texto

SOBRE ALTERNATIVAS PARA
ALIMENTAÇÃO DO GADO NA SECA
II SIMPÓSIO
Danilo Gusmão de Quadros
Alexandro Pereira Andrade
Organizadores:
BARREIRAS-BA
Agosto 2017
Realização:
UNEB
Apesar da pecuária se constituir em uma atividade com alta relevância 
socioeconômica em todo território nacional, quando analisados os 
índices zootécnicos médios, percebe-se a falta de eficiência produtiva. 
Entre os principais problemas que afetam os rebanhos, a carência 
alimentar na época de estiagem é um dos mais marcantes, que, por sua 
vez, afeta a reprodução, o ganho de peso e a saúde dos animais.
O “Projeto Esperança – Lado a Lado com o Produtor Rural na 
Convivência com a Seca”, além de intervir diretamente na realidade 
local, luta para difundir as técnicas de conservação e reserva estratégica 
de forragem a fim de atenuar os efeitos adversos da seca.
O sonho é que todo produtor, principalmente o agricultor familiar, possa 
se aplicar com toda a força, em tudo que for necessário, para se preparar 
com antecedência e passar o período crítico com folga. 
Esta publicação reúne a parte escrita das palestras realizadas no II 
Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca. 
Agradecemos aos autores dos trabalhos que contribuíram com o evento.
II SIMPÓSIO SOBRE ALTERNATIVAS
PARA ALIMENTAÇÃO DO GADO
NA SECA
Organizadores:
Danilo Gusmão de Quadros
Alexandro Pereira Andrade
Barreiras, Bahia
Agosto de 2017
Universidade do Estado da Bahia / Campus IX
Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal
BR 242, km 4, s/n. Lot. Flamengo. Barreiras-BA. 47802-682
Fone: (77) 3611-6401
Website: www.neppa.uneb.br
E-mail: uneb_neppa@yahoo.com.br
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 Divisão de Biblioteca e Documentação – campus IX - UNEB 
I ISimpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca
 Anais do II Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na 
Seca / Editado por Danilo Gusmão de Quadros e Alexandro Pereira 
Andrade. – Barreiras : Editora Ipanema / Gráfica Irmãos Ribeiro, 2017.
 138 p.:il.
 I. Anais 2. I Alimentação Gado I. Quadros, Danilo Gusmão; Andrade, 
Alexandro Pereira eds. II. Título
A revisão técnica, ortográfica, de linguagem, de digitação e de 
apresentação de cada capítulo são de responsabilidade de seu(s) 
respectivo(s) autor(es). 
Apresentação
Apesar da pecuária se constituir em uma atividade com alta relevância 
socioeconômica em todo território nacional, quando analisados os 
índices zootécnicos médios, percebe-se a falta de eficiência produtiva. 
Entre os principais problemas que afetam os rebanhos, a carência 
alimentar na época de estiagem é um dos mais marcantes, que, por sua 
vez, afeta a reprodução, o ganho de peso e a saúde dos animais.
O “Projeto Esperança – Lado a Lado com o Produtor Rural na 
Convivência com a Seca”, além de intervir diretamente na realidade 
local, batalha para difundir as técnicas de conservação e reserva 
estratégica de forragem, além fontes alternativas de alimentos, a fim de 
atenuar os efeitos adversos da seca.
O sonho é que todo produtor, principalmente o agricultor familiar, possa 
se aplicar com toda a força, em tudo que for necessário, para se preparar 
com antecedência e passar o período crítico, com folga. 
No ano passado, a primeira edição do “Simpósio sobre Alternativas para 
Alimentação do Gado na Seca” foi um sucesso, com a presença de 
criadores de toda a região, a maioria organizados em caravanas.
Esse ano o desafio é ainda maior. Além do II Simpósio sobre 
Alternativas para Alimentação do Gado na Seca, será organizado um 
Dia de Campo no dia seguinte das palestras para realizar demonstrações 
práticas. O intuito é de ensinar, trocando experiências entre os 
especialistas e produtores. Para as palestras foram convidados técnicos, 
pesquisadores e professores experientes que, em conjunto com a 
apresentação de casos de sucesso narrados pelos próprios produtores, 
dará o link entre a pesquisa e sua aplicabilidade. 
Esta publicação reúne a parte escrita das palestras realizadas no evento. 
Agradecemos aos autores dos trabalhos que contribuíram com essa 
obra.
Os organizadores.
Índice
II Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na 
Seca, Barreiras-BA 2017
01
38
52
64
74
81
105
123
Novas cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras
Allan Kardec Braga Ramos, Gustavo José Braga, Francisco Duarte 
Fernandes, João Paulo Guimarães Soares, Marcelo Ayres Carvalho
Embrapa Cerrados
1. Introdução
A produção animal a pasto possibilita maior competividade de custos à 
pecuária brasileira, além de viabilizá-la como atividade econômica 
pioneira ou de menor risco, especialmente em locais com oferta 
ambiental marginal. 
Nesse contexto, plantas forrageiras mais produtivas e melhor adaptadas 
aos ambientes e sistemas de produção são cruciais. Graças à atuação de 
instituições pública e privadas, mais recentemente tem ocorrido 
expressiva ampliação na oferta de cultivares de forrageiras tropicais que 
possibilitarão ganhos incrementais continuados na produtividade animal 
a pasto e/ou que atenuarão os efeitos de estresses abióticos e bióticos 
atuais ou emergentes. Ademais, qualquer que seja a escala da análise (da 
propriedade rural ao Bioma), a ampliação/renovação do portfólio de 
cultivares de forrageiras à disposição dos pecuaristas vem ao encontro da 
necessidade crescente de diversificação ecológica e, principalmente, de 
plantas forrageiras mais especializadas, haja vista os inúmeros contextos 
e possibilidades dos sistemas pastoris. 
As variações (espaciais e temporais) existentes nos ambientes de 
exploração das plantas forrageiras (ex. comprimento da estação 
chuvosa/seca e temperaturas extremas; relevo, fertilidade, textura e 
drenagem do solo; grau de intensificação; acesso a insumos; espécie e 
categoria animal/exigências nutricionais; modalidades de uso – corte, 
conservação, pastejo; pragas, doenças e invasoras etc.) tecnicamente 
demandarão cultivares de forrageiras funcionalmente diversas e com 
características complementares, pois não haveria como atribuir 
inúmeros papéis a um único cultivar, por mais versáteis que alguns 
sejam. Assim, faz-se necessário o conhecimento dos diferenciais 
(positivos e negativos) agronômicos e zootécnicos da planta forrageira 
para balizar a escolha mais adequada, a qual também dependerá da visão 
de futuro definida no planejamento para a propriedade, bem como dos 
custos e riscos associados à sua escolha. 
Nesse sentido, algumas informações sobre cultivares de gramíneas e de 
leguminosas forrageiras, especialmente aquelas com pouco tempo de 
01
II Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca - Barreiras, Bahia. 25 de agosto de 2007.
chegada ao mercado, serão apresentadas a seguir, dando-se ênfase aos 
diferenciais em relação aos cultivares mais tradicionais e para as 
possibilidades de uso associadas a algumas práticas de manejo (rotação, 
adubação, diferimento, consórcio). 
Algumas generalizações são apresentadas a partir das características de 
cultivares mais tradicionais e das modalidades de uso e ambientes em 
que elas se destacam na pecuária. Particularmente, para as cultivares de 
leguminosas forrageiras será dada ênfase adicional para o contexto mais 
propício e restrições à sua adoção pelos pecuaristas. 
Também dado o limitado número de cultivares de leguminosas 
forrageiras disponíveis no mercado, algumas informações sobre o 
contexto de uso serão apresentadas de forma genérica para a espécie 
forrageira. Todavia, para cultivares de lançamento iminente pela 
Embrapa, serão apresentados algunsdos atributos forrageiros que serão 
explorados para a promoção comercial. 
Destaca-se ainda que este texto deve ser tratado como uma fonte inicial 
de informações sobre os cultivares, uma vez que novos conhecimentos e 
experiências acerca dos cultivares, especialmente de lançamento mais 
recente, seguem sendo gerados. Além disso, estimula-se que outros 
repositórios de informações sejam acessados para o aprofundamento do 
conhecimento acerca dos cultivares e plantas forrageiras ora 
apresentadas para a adequada integração das funcionalidades/papéis das 
mesmas no âmbito da propriedade rural.
02
2. Gramíneas forrageiras
2.a. Generalidades 
Inicialmente, deve-se considerar que as plantas forrageiras e cultivares 
passíveis de comercialização de sementes no Brasil devem estar 
formalmente registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (Registro Nacional de Cultivares), com a indicação da 
instituição responsável pela manutenção da identidade genética e 
suprimento de sementes básicas do cultivar no país. No processo de 
registro de um cultivar é necessário indicar a região de adaptação, sendo 
o mais comum o Bioma (Cerrado, Amazônia etc.). Dada a abrangência 
das indicações, sobressai, novamente, a necessidade de conhecer os 
aspectos positivos e negativos associados à planta forrageira para a 
correta escolha.
A disponibilidade de novas cultivares de capins tem contemplado 
sistemas extensivos (maiores áreas e menores taxas de lotação) e 
intensivos (maiores taxas de lotação mediante uso de fertilizantes, 
irrigação etc.) de produção animal a pasto. Predominantemente, com a 
oferta de novos capins buscam-se elevações na taxa de lotação, um 
reflexo direto da produtividade de forragem, e/ou no desempenho animal 
(ganho/animal/dia), que expressa a qualidade nutricional (composição 
química, digestibilidade, consumo de forragem) da forrageira para um 
dado manejo da pastagem. 
Plantas forrageiras para sistemas intensivos de exploração apresentam 
maior potencial de produção e maior qualidade de forragem e, sobretudo, 
maior dependência e capacidade de resposta às intervenções (manejo 
adubação, rotação, irrigação). Por outro lado, são muito mais sensíveis às 
condições subótimas e exacerbam os efeitos negativos da 
estacionalidade da produção. Por sua vez, forrageiras para sistemas 
extensivos apresentam menor produtividade potencial, mas apresentam-
se mais versáteis e eficientes quanto ao uso de insumos adotados em 
menores quantidades. Ou seja, toleram melhor as situações mais 
desafiadoras, mesmo que em detrimento da capacidade produtiva, sendo 
mais longevos e mais resistentes à degradação. Há espécies e cultivares 
de forrageiras que são típicas para os vários perfis destes sistemas de 
produção. Como exemplos, temos os capins do gênero Brachiaria 
(sistemas extensivos) e do gênero Panicum (sistemas intensivos) que 
predominam na paisagem das regiões pastoris do Brasil. 
A produtividade de forragem e a sua distribuição estacional têm impacto 
direto na taxa de lotação (cabeças/ha) ou no número de dias de pastejo ao 
03
longo das estações. Em geral, quanto maior o comprimento da estação 
chuvosa, maior a produtividade de forragem e a produtividade animal e 
menos crítico é o período seco. Neste caso, capins que florescem mais 
tardiamente (ex. Panicum maximum cv. Mombaça, Capim-elefante, 
Andropogon gayanus cv. Planaltina e Brachiaria brizantha cv. Xaraés) 
mostram-se mais produtivos. Também, em geral, dentro de uma mesma 
espécie de forrageira, os cultivares de porte mais alto (ex. Mombaça) têm 
se mostrado mais produtivos, especialmente quando se faz uso de 
adubações e/ou da irrigação. Por outro lado, capins de baixo porte podem 
ser tão ou mais produtivos (Panicum maximum cv. Massai; Brachiaria 
decumbens cv. Basilisk) que capins de porte mais alto (Panicum 
maximum cv. Mombaça, B.brizantha cv. Marandu) quando ocorrem 
fatores restritivos ao crescimento (fertilidade do solo, veranicos ou secas 
prolongadas).
Na época seca, o crescimento é restringido pelo falta de água e/ou pelas 
baixas temperaturas. Plantas menos sensíveis a baixas temperaturas (ex. 
Panicum maximum cv. Aruana, Setaria anceps cv. Kazungula) com 
sistema radicular mais profundo (Andropogon gayanus cv. Planaltina, 
B.decumbens cv. Basil isk) e com outros mecanismos de 
adaptação/convivência (folhas menores, porte menor ex. Panicum 
maximum cv. Massai) têm produtividade de forragem melhor distribuída 
ao longo do ano. Também são desejáveis, nesse contexto, plantas com 
rápido crescimento inicial na estação chuvosa (ex. Andropogon cv. 
Planaltina, cv. Massai) ou que sejam responsivas a adubações 
estratégicas no terço final da estação chuvosa (ex. Brachiaria brizantha 
cv. Marandu). Logicamente, como a forragem consumida pelos animais 
na época seca é produzida/acumulada na da estação chuvosa, as 
forrageiras que perdem mais lentamente o valor nutritivo (ex. 
leguminosas em geral) ou que apresentem maior proporção de folhas são 
as mais adequadas (Brachiarias e Panicuns de porte médio a baixo – cv. 
Piatã, Marandu etc.), especialmente quando se adota o diferimento do 
pastejo ou a vedação do pasto para produção de feno em pé. Plantas que 
produzem muitas hastes no terço final das águas (tardias ex. Panicum 
porte alto cv. Mombaça/Tanzânia, Brachiaria brizantha cv. Xaraés) 
levam a um baixo consumo ou a perdas de forragem sob pastejo. 
Alternativamente, há forrageiras de porte baixo e com valor nutritivo 
elevado (ex. B.ruziziensis cv. Comum; Cynodon spp. cvs. Coast-cross, 
Tifton-85), porém com baixa tolerância à seca por causa de condições 
(químicas e físicas) restritivas do solo. 
São poucos os cultivares (ex. Andropogon gayanus cv. Planaltina, 
P.maximum cv. Massai; B.humidicola cv. Comum;) com resistência a 
múltiplos estresses (pragas, doenças, seca, alumínio tóxico). Em geral, 
04
estes capins extremamente adaptados ou tolerantes a estresses trazem 
consigo alguma outra limitação adaptativa, baixo valor nutritivo e 
fatores antinutricionais ou até mesmo menor patamar de produtividade. 
As atuais cultivares têm baixa tolerância ao sombreamento e 
experimentam reduções de mais de 50% na produtividade de forragem e 
na taxa de lotação, pois não foram selecionadas para este propósito. A 
rigor, a maioria das forrageiras foi desenvolvida para a criação de 
bovinos de corte e, posteriormente, ao lançamento faz-se a “extensão de 
uso” para outras modalidades e espécies animais, à medida que novos 
conhecimentos são incorporados.
A escolha do cultivar mais adequado passa pela identificação do fator de 
maior restrição à produtividade de forragem e da capacidade de 
superação do mesmo pelas características intrínsecas ao cultivar ou pela 
capacidade de intervenção. Ademais, aspectos como a estrutura 
fundiária, a competição com outras atividades econômicas pelo uso da 
terra e a capacidade de investimento também podem ser determinantes. 
Quando o fator terra é extremamente restritivo e há competição com 
outras atividades, o caminho da intensificação passa pela adoção de 
forrageiras de elevada produtividade que, em geral, são mais 
demandantes de insumos para sustentar a produção. Quando há 
limitações de recursos para a formação e manutenção de pastagens, 
forrageiras propagadas por sementes e de menor exigência em fertilidade 
do solo, são mais adequadas. Todavia, dentre os fatores mais críticos 
destacam-se o tamanho do vazio forrageiro e a espécie animal. 
Para superar o vazio forrageiro, diversas práticas podem ser adotadas 
(conservação de forragem, vedação, suplementação com concentrados e 
volumosos etc.), mas uma das opções ligadas diretamenteao uso de 
plantas forrageiras, é aumentar a proporção de pastos novos (1-3 anos) na 
propriedade rural, uma vez no primeiro o crescimento dos capins é 
vigoroso, com a forragem tendo baixa proporção de material morto e as 
plantas permanecem verdes por mais tempo ao longo da estação seca. 
Com maior valor nutritivo, é possível diminuir os custos (quantidade e 
composição) com a suplementação na época seca. Uma forma de 
viabilizar tal estratégia seria por meio de consórcios de capins com 
espécies anuais (milho sorgo arroz) nas várias modalidades de sistemas 
integrados. Para tanto, forrageiras de crescimento inicial mais lento, 
precoces e/ou de porte mais baixo têm se comportado melhor nos 
consórcios por conta da menor interferência na produtividade de grãos. 
Quando a cultura anual é cultivada em consórcio para fins de produção de 
silagem, é possível utilizar a maioria das plantas forrageiras propagadas 
por sementes (Panicum, Brachiaria), haja vista que toda a massa será 
recolhida e ensilada. 
05
A morfologia da planta forragem, especialmente o porte e a densidade de 
forragem, também devem ser considerados conforme a espécie ou 
categoria animal a ser explorada, bem como a existência de fatores 
antinutricionais (oxalatos em Panicum maximum; saponinas em 
Brachiaria spp.) que podem afetar o consumo e aceitabilidade da 
forragem. As avaliações das plantas forrageiras que resultarão no 
lançamento de uma nova cultivar ainda são realizadas em sua totalidade 
com bovinos de corte nas fases de recria e engorda. Por conta disso, a 
produtividade animal para outras espécies (ovinos, caprinos) ou tipos de 
exploração (leite) nem sempre são bem conhecidas. Plantas forrageiras 
mais prostradas e estoloníferas são mais resistentes ao pastejo e melhor 
pastejadas (colhidas) por ovinos e equídeos. 
A espécie forrageira (e.g. leguminosas), o cultivar, o ambiente de cultivo 
e o manejo do pastejo afetam o valor nutritivo da forragem. Há espécies e 
cultivares de forrageiras mais adequadas para o suprimento das 
exigências nutricionais dos animais em pastejo (Panicum > Brachiaria) e 
impactarão mais no desempenho animal. Por outro lado, quando o 
ambiente é restritivo ou naturalmente a planta apresenta menor valor 
nutritivo (B.humidicola cv. Comum, P.maximum cv. Massai), os ajustes 
no manejo do pastejo (menores períodos de descanso ou pastejo mais 
alto) poderão compensar. No geral, a variação na taxa de lotação afeta 
(linearmente) o desempenho animal por refletir a quantidade e qualidade 
da dieta selecionada em pastejo. 
Há uma preocupação recorrente e pertinente dos pecuaristas em relação 
ao valor nutritivo da forragem, em particular aos teores de proteína. 
Nesse sentido, para as faixas ótimas de manejo das forrageiras (entrada-
saída / descanso) mais comuns, são poucas as diferenças entre as 
cultivares. Diferenças ocorrerão em situações mais extremadas como no 
sub ou superpastejo e estão associadas, também, a variações na 
proporção de folhas, hastes e de material morto na forragem disponível 
para os animais. 
Por simplificarem o manejo animal, forrageiras mais versáteis quanto ao 
uso e com faixa mais ampla de adaptação ao ambiente são as mais 
adequadas para propriedades com menor capacidade de gerenciamento e 
de monitoramento de estoques de forragem. Por sua vez, forrageiras que 
propiciam maior uniformidade de pastejo e menos perdas de forragem 
são desejáveis principalmente para sistemas com pastos de grandes 
dimensões e poucas divisões e para áreas manejadas com lotação 
permanente (“contínua”), bastante comuns em áreas de sistemas 
integrados (lavoura-pecuária). Assim, plantas de porte mais baixo e com 
06
alta proporção de folhas (ex. B.decumbens, P.maximum cv. Massai), 
seriam mais adequadas. 
Para fins de conservação do solo em áreas de relevo mais recortado, 
forrageiras estoloníferas ou decumbentes são desejáveis. Já para fins de 
consorciação, plantas de porte mais baixo e de crescimento em touceiras 
propiciam menor competição por luz e espaço com as leguminosas 
herbáceas. Para situações em que há necessidade de minimizar riscos 
com a instabilidade climática, a introdução de forrageiras anuais (ex. 
milheto, caupi) na reforma/renovação de pastos ou até mesmo em pastos 
já estabelecidos é uma das formas de antecipar o uso sob pastejo e/ou de 
ampliar ao estoque de forragem para o outono-inverno (seca), graças à 
maior velocidade de crescimento das anuais. 
07
2.b. Perfil das novas opções de gramíneas forrageiras da 
Embrapa
Cultivares de Brachiaria spp.
As cultivares de lançamento mais recente são adaptadas a solos de média 
a baixa fertilidade e para ambientes com alta estacionalidade da 
produção de forragem e seca prolongadas. Têm resposta eficiente ao uso 
de nutrientes aplicados em doses modestas. São versáteis, com múltiplos 
usos e têm manejo do pastejo facilitado, seja rotacionado ou contínuo, e 
mais adequadas para o uso na época seca. Algumas são mais adaptadas 
aos consórcios com leguminosas ou com cultivos anuais. 
Capim-Ipyporã: Brachiaria brizantha x B. ruziziensis cv. BRS RB 
331 Ipyporã
Região: Bioma Cerrado, com extensão de uso para os Biomas Amazônia 
e Mata Atlântica.
Trata-se de um híbrido interespecífico que integra características 
produtivas e nutricionais da B.ruziziensis e de alta resistência às 
cigarrinhas das pastagens de uma B.brizantha. É, até então, a única 
cultivar de Brachiaria do Brasil com resistência (antibiose) às 
cigarrinhas do gênero Mahanarva (graúda, vermelha e preta), que vêm 
dizimando pastagens em vários locais do Brasil. Trata-se de uma planta 
de porte baixo (<60 cm), de touceira compacta, com folhas curtas, 
lanceoladas, largas e pilosas em ambas as faces: características herdadas 
principalmente da B.ruziziensis. Suas espiguetas (“sementes”) não são 
pilosas e as sementes são do mesmo tamanho que a cv. Marandu. Não é 
mais produtiva que a cv. Marandu ou Mulato 2 (Convert HD364), mas 
seu valor nutritivo é superior, dada a boa proporção de folhas tenras. O 
seu valor alimentício é bem diferenciado e permite compensar a menor 
taxa de lotação que é capaz de suportar, em comparação com a cv. 
Marandu, de tal forma que a produtividade animal por área não difere da 
cv. Marandu (Tabela 1). É, portanto, uma cultivar para sistemas ou 
manejos baseados em taxas mais moderadas e que privilegiam o ganho 
por animal e deve ser usada preferencialmente na fase de engorda e com 
categorias animais mais exigentes.
Por conta de sua morfologia e porte, é uma planta de fácil manejo 
(rotacionado ou contínuo) e pode ser manejada de forma similar a cv. 
Marandu (30 – 15 cm). Em relação ao seu estabelecimento e manejo da 
adubação, também é similar à cv. Marandu. Ainda não há informações 
sobre o seu mérito com bovinos leiteiros, equídeos e pequenos 
08
Capim-Paiaguás: Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás
Região: Bioma Cerrado, em áreas pouco sujeitas a ataques de cigarrinhas.
 
O capim BRS Paiaguás é uma excelente opção de Brachiaria brizantha 
para a diversificação de pastagens em solos de média fertilidade no 
Cerrado nas localidades sem histórico de problemas com cigarrinhas das 
pastagens. É uma planta de porte médio (<80 cm), muito assemelhada a 
uma B.decumbens, porém com caules mais finos, folhas totalmente lisas e 
mais eretas. Suas inflorescências e, por vezes os nós, são avermelhadas. 
Seu florescimento é mais precoce e suas sementes são menores, em 
comparação com a cv. Marandu. A cultivar foi selecionada com base na 
produtividade de forragem e animal, especialmente na época seca, 
quando mantem as folhas vivas por mais tempo e com maior valor 
nutritivo. Tem sistemaradicular melhor distribuído no perfil do solo. 
Comporta-se bem em solos arenosos e argilosos. 
Os pastos da BRS Paiaguás são de fácil manejo e possibilitam várias 
modalidades de uso (pastejo, feno em pé) e propiciam bom controle de 
invasoras sob pastejo mais intensivo. Os referenciais de manejo (30-15 
cm) são similares aos da BRS Ipyporã e Marandu. Para o seu cultivo, as 
operações de preparo, correção, adubação e taxas de semeadura (3,5-5,0 
kg/há de sementes puras viáveis; 3-5 cm) são as mesmas adotadas para 
B.brizantha cv. Marandu e B.decumbens atualmente. Pela sua morfologia 
e fisiologia, apresenta maior cobertura inicial do solo em plantios 
convencionais e em safrinha (sucessão), em comparação com a cv. BRS 
ruminantes, bem como em consórcio com leguminosas e cultivos anuais.
 Não tolera solos com drenagem deficiente.
Tabela 1. Produtividade animal e composição bromatológica da 
forragem em pastos rotacionados (7 x 28 dias) de Brachiaria brizantha x 
B.ruziziensis cv. BRS RB331 Ipyporã e B.brizantha cv. Marandu no 
Cerrado. (Campo Grande, MS).
09
Piatã. Particularmente, em relação ao fósforo no plantio, tem 
demonstrado ser mais eficiente no uso do que a B.decumbens 
(braquiarinha) quando adotadas doses inferiores a 60 kg/ha de P2O5, o 
que sugere uma menor exigência em comparação com outras cultivares 
da mesma espécie. Pode ser considerada uma opção à B.decumbens, dado 
o seu comportamento na época seca, menor exigência em fósforo e 
susceptibilidade às cigarrinhas das pastagens (miúdas – Deois, 
Notozulia). Também tem se destacado como mais uma opção de 
forrageira para uso em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária, dada a 
sua baixa interferência na cultura do milho e grande acúmulo de forragem 
para a seca ou para a dessecação. 
O porte mais baixo e o ciclo mais precoce contribuem para a menor 
interferência nos consórcios com plantas anuais, quase sempre sem a 
necessidade de supressão de seu crescimento com herbicidas em pós-
emergência. Ademais, sua dessecação requer baixas doses de glifosato , 
similares à B.ruziziensis. Desta forma, é também uma opção à 
B.ruziziensis nestes sistemas e para as áreas destinadas à produção de 
silagem de milho ou sorgo. Dada a sua morfologia (porte ) e ciclo (mais 
precoce), consorcia-se muito bem com leguminosas herbáceas (ex. 
Stylosanthes). 
Tabela 2. Produtividade animal (bovinos) e composição bromatológica 
da forragem em pastos de Brachiaria brizantha no Cerrado. (Campo 
Grande, MS). Média de três anos.
Capim-Piatã: Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã
Região : Bioma Cerrado, transição Cerrado – Amazônia, Mata Atlântica 
e Região Sudeste.
A BRS Piatã é uma cultivar bastante versátil adaptada a solos arenosos 
ou argilosos de média a alta fertilidade da faixa tropical. Por ocasião de 
10
seu lançamento, foi apresentada como opção para diversificação e 
alternativa aos cvs. Marandu e Xaraés. Tem bom estabelecimento, mas 
apresenta crescimento inicial mais lento que as cv. Marandu e Xaraés, o 
que veio a favorecer o seu em uso em consórcio com leguminosas 
herbáceas e culturas anuais, sendo hoje recomendada também para 
sistemas integrados (ILP) e para consórcio com milho nas áreas 
destinadas à produção de silagem. Em comparação com a cv. Marandu, 
suas plantas apresentam touceiras menores, têm porte mais alto (~1,1m), 
caules mais finos e mais longos, e suas lâminas foliares são estreitas e não 
têm pelos, mas são levemente ásperas. A bainha foliar apresenta poucos 
pelos. Tem florescimento mais precoce e concentrado que a Marandu e é 
uma boa produtora de sementes com inflorescências com muitos 
racemos (>8) bem horizontais. As espiguetas são roxas nas pontas e sem 
pelos. 
Avaliações realizadas em diversas regiões pecuárias do Brasil Central 
mostraram que a sua adaptação (clima e solo) é similar aos capins 
Marandu e Xaraés, apresentado boa distribuição estacional. Em relação 
à produtividade animal apresenta comportamento similar ao capim 
Marandu tanto na estação chuvosa como na estação seca. Todavia, em 
relação à taxa de lotação, não supera a cv. Xaraés, a exemplo do que 
ocorre com a Marandu (Tabela 3). Porém, dada a maior presença de 
folhas e caules mais finos e ao valor nutritivo de sua forragem, supera em 
produtividade anual de carne (kg peso vivo/ha) a cv. Xaraés, mesmo em 
lotações rotacionadas. Sabe-se que a cv. Xaraés ainda é a Brachiaria que 
suporta maiores taxas de lotação. Também vem sendo utilizada por 
bovinos de leite, em pastos renovados com maior frequência, 
respondendo bem à adubação nitrogenada de manutenção (<150 kg/ha). 
Deve ser manejada um pouco mais alta que a cv. Marandu em rotação (40 
– 20 cm) ou em lotação contínua (25-35 cm). Por suas características 
morfológicas (caules finos e boa proporção de folhas) e fenológicas 
(precoce), é também adequada para a produção de feno em pé (vedação). 
Na vedação, adotar adubações mais leves para reduzir o risco de 
acamamento decorrente de crescimento excessivo. Para a sua formação, 
adotar taxas de semeadura (350-500 pontos/ha de valor cultural) e 
práticas utilizadas para a formação de pastos de cv. Marandu ou BRS 
Paiaguás. É resistente às cigarrinhas típicas de pastagens, mas não tolera 
solos com drenagem deficiente ou encharcados, bem como o 
sombreamento.
11
Tabela 3. Produtividade animal (bovinos) e composição bromatológica 
da forragem em pastos de cultivares de Brachiaria brizantha 
recomendados para o Cerrado. (Campo Grande, MS).
Capim – Tupi : Brachiaria humidicola cv. BRS Tupi
Recomendação: Bioma Cerrado e Amazônia
A BRS Tupi é uma cultivar de Brachiaria humidicola mais produtiva e de 
estabelecimento mais rápido para formação de pastagens em solos de 
baixa fertilidade (arenosos ou argilosos) dos Biomas Cerrado e 
Amazônia. O estabelecimento de pastos com forrageiras desta espécie é 
extremamente lento, se comparado com outras espécies de Brachiaria. 
Também é adaptada a solos com drenagem deficiente ou alagamentos 
temporários (baixadas) e apresenta tolerância às cigarrinhas das 
pastagens, sendo uma opção para diversificação. Além de bovinos, é 
utilizada na alimentação de equídeos . 
Trata-se de uma cultivar mais adaptada a ambientes marginais, sendo 
uma opção à cv. Llanero (Dictyoneura) e à B.humidicola cv. Comum, as 
quais são típicas de sistemas com baixo uso de insumos e com baixa 
resposta à adubação. Tem crescimento prostrado, inicialmente, por meio 
de estolões, e cespitoso, quando totalmente estabelecida. Apresenta mais 
estolões e perfilhos maiores que a Brachiaria humidicola cv. Comum. 
Sua bainha foliar apresenta tricomas (ausentes na cv. Comum) e suas 
anteras são amarelas (roxas nas demais cultivares) e suas espiguetas são 
pilosas. A baixa produtividade de sementes, viáveis e dormentes, inerente 
aos cultivares desta espécie, eleva sobremaneira o custo de formação de 
suas pastagens. Todavia, são pastagens bastante longevas dada a alta 
resistência ao pastejo e à baixa exigência em fertilidade do solo. É 
hospedeira, porém é mais tolerante às cigarrinhas-das-pastagens, em 
comparação com a cv. Comum. 
Nas avaliações sob pastejo no Cerrado, na Amazônia e na Mata Atlântica, 
12
apresentou taxa de lotação e produtividade animal iguais ou superiores à 
humidicola comum, sobretudo na seca. Sua forragem possui maior 
participação de folhas. Nos três anos de avaliação no Cerrado, apresentou 
produtividade animal 15% superior à da humidicola comum, por conta da 
maior taxa de lotação nas águas e maior desempenho animal na seca 
(Tabela 4). Pode ser manejada sob lotação contínua pesada, desde que 
mantidas alturas entre 10-20 cm. Para compensar o seu menor valor 
alimentício,o consórcio com leguminosas ou períodos de descanso 
menores são recomendados. Juntamente como capim-andropogon, a 
B.humidicola é a planta de menor exigência em termos de fertilidade. 
Dado o custo da semente e menor velocidade de formação dos pastos 
(segundo ano em diante), pecuaristas têm feito a semeadura em consórcio 
com outras gramíneas de sementes mais baratas para reduzir custos e 
antecipar os primeiros pastejos. Após, o colapso das mesmas, a 
B.humidicola seria a espécie sucessora na pastagem. Seu grande apelo é a 
rusticidade e a possibilidade de formar pastos por meio de sementes em 
áreas sujeitas a alagamentos temporários.
Tabela 4. Produtividade animal (bovinos) em pastos de cultivares de 
Brachiaria humidicola recomendados para o Cerrado. 
Cultivares de Panicum e de Pennisetum
Por conta de seus atributos forrageiros e potencial produtivo, as 
cultivares de Panicum maximum (“capins coloniões”) e de Pennisetum 
purpureum (“capins elefante”) estão associadas a sistemas intensivos 
com grande ênfase na elevação na taxa de lotação mediante maiores 
aportes de insumos na implantação e na manutenção das pastagens, 
estando associado a solos de maior fertilidade. São cultivares que 
amplificam os efeitos da estacionalidade da produção de forragem e que 
apresentam respostas produtivas lineares à adubação nitrogenada (<200 
kg N/ha). São forrageiras ideais para a fase de engorda (exceto cv. 
Massai) de bovinos de corte e para produção de leite a pasto. São opções 
preferenciais para pastos irrigados em regiões mais quentes. 
13
Por conta da elevada produção de forragem, exigem gerenciamento da 
produção. Também são bastante utilizadas para produção de forragem 
para corte (capineiras) e fornecimento verde ou para conservação na 
forma de silagem e, mais recentemente, de biomassa energética para 
queima. Particularmente, é elevado o custo de implantação de pastos e 
capineiras com cultivares de Pennisetum purpureum, dada a propagação 
vegetativa. Há cultivares propagados por sementes, mas o custo das 
mesmas ainda é elevado e a persistência e a produtividade são menores, 
em comparação com os clones propagados por estacas/mudas. 
Capim – Quênia: Panicum maximum cv. BRS Quênia
Região : Bioma Cerrado e Amazônia
Híbrido de Panicum maximum lançado em 2017, a BRS Quênia foi 
desenvolvida para suprir a demanda por uma cultivar forrageira para 
sistemas intensivos, com equilíbrio entre alta produtividade de forragem 
e maior valor nutritivo (Tabela 5). É uma forrageira de porte alto, mas 
inferior ao cv. Mombaça, com maior número de perfilhos mais finos, 
colmos mais tenros, folhas mais estreitas e mais macias que favorecem a 
apreensão da forragem e facilitam o manejo do pasto, pois propicia 
melhor rebaixamento que no cv. Mombaça. De modo que o seu manejo é 
um pouco mais simples, com uma faixa de altura de entrada e saída dos 
animais mais estreita (70-35 cm). 
Tem florescimento mais precoce que os demais cultivares de porte alto 
(Tanzânia e Mombaça). É similar ao cv. Mombaça em termos de 
exigências nutricionais e práticas culturais para a sua formação. 
Apresenta resistência à doença foliar (Bipolaris ) e resistência a 
cigarrinhas, de forma similar ao Mombaça. Todavia, não tolera 
encharcamento do solo, mesmo que temporário, sendo extremamente 
sensível. Na avaliação do desempenho de bovinos de corte sob pastejo 
em Mato Grosso do Sul (Tabela 6), para taxas de lotação similares, a cv. 
BRS Quênia propiciou maior ganho de peso diário e maior produção 
anual (+17%) de carne por área que a cv. Mombaça, o capim mais 
produtivo do portfólio de forrageiras propagadas por sementes da 
Embrapa. Ainda não foram geradas informações com bovinos leiteiros, 
mas a perspectiva é que o desempenho também venha a ser superior. Para 
sustentar altas produtividades e taxas de lotação, adubações de 
manutenção serão extremamente necessárias. Mais informações sobre 
este cultivar disponíveis em Jank et al. (2017).
14
Tabela 5. Produtividade de material seca total (PMS Total) e de lâminas 
foliares (PMS 'Folhas') e valor nutritivo (Proteína bruta - PB e 
digestibilidade – DIVMO) da forragem de cultivares de Panicum 
maximum no Cerrado (Embrapa Cerrados, Planaltina-DF)
Tabela 6. Produção animal (bovinos) e taxa de lotação em pastos de 
cultivares de P.maximum recomendados para o Cerrado manejados sob 
lotação rotacionada (5 x 25 dias nas águas; 7 x 35 na estação seca). Média 
de 3 anos. Campo Grande, MS. 
Capim-Zuri : Panicum maximum cv. BRS Zuri
Recomendação: Bioma Cerrado e Amazônia. Extensão de uso em 
andamento para o Bioma Mata Atlântica.
Trata-se de um cultivar de porte alto e de elevada produtividade de 
forragem para sistemas intensivos de produção animal a pasto. Assim 
como o BRS Quênia, a BRS Zuri também se destacou no âmbito do 
Cerrado (Tabela 5) por produtividades equivalentes àquelas do cv. 
Mombaça , mas bem superiores às registradas com o capim-Tanzânia. É 
uma planta de porte alto, com perfilhos mais largos e folhas verdes de cor 
intensa e também bem largas. As sementes/espiguetas são verdes e 
maiores, em comparação com outras cultivares. Dada à alta resistência às 
doenças foliares, o posicionamento inicial do cv. BRS Zuri no mercado 
(2014) foi para suceder rapidamente o cv. Tanzânia, o qual passou a não 
ser mais recomendado. Todavia, o BRS Zuri apresentou produtividade 
animal maior que os cv. Tanzânia e Mombaça, tanto no Bioma Cerrado 
como no Bioma Amazônia. No Cerrado, não ocorreram diferenças na 
15
taxa de lotação e sim no desempenho animal, em comparação com a cv. 
Mombaça (Tabela 7). Dado o porte mais alto e potencial produtivo, deve 
ser manejado com lotação rotacionada, tendo 80 e 40 cm como as alturas 
de entrada e de saída dos animais , respectivamente, nos piquetes. A 
despeito de sua morfologia, o rebaixamento de pastos da cv. BRS Zuri 
pelosa animais em pastejo não é mais complexo que o do cv. Tanzânia ou 
do cv. Mombaça. Em relação ao seu plantio, as práticas culturais e a 
adubação são semelhantes às adotadas para o cv. Mombaça, sendo um 
capim igualmente exigente em termos de adubação. Todavia, mais 
recentemente, tem-se observado que esta cultivar, em regime de 
sequeiro, é a que melhor tem respondido à adubação nitrogenada em solo 
de Cerrado. Não se diferencia dos demais cultivares em relação à 
resistência às cigarrinhas ou comportamento na época seca.
Tabela 7. Produção animal (bovinos) e taxa de lotação em pastos de 
cultivares de P.maximum cv. BRS Zuri e Mombaça manejados sob 
lotação rotacionada Campo Grande, MS. 
Capim-Tamani: Panicum maximum BRS Tamani 
Recomendação : Bioma Cerrado
A BRS Tamani é uma cultivar híbrida adaptada ao Cerrado, de porte 
baixo (<1,3 m), colmos finos e folhas estreitas, com touceiras compactas 
e elevada densidade de perfilhos com alta proporção de lâminas foliares. 
Com estas características, apresenta excelente cobertura do solo, maior 
valor nutritivo em sua forragem e grande facilidade e flexibilidade no 
manejo do pastejo. Ele é bastante assemelhado com o capim Massai, 
porém tendo como grande diferencial o valor alimentício de sua 
forragem que propicia maior ganho diário de peso vivo. O BRS Tamani 
apresenta menor pilosidade na lâmina foliar e ausência de pelos na 
bainha foliar, em comparação com o Massai. Ambos têm florescimento 
precoce, e as espiguetas do BRS Tamani são roxas, enquanto que a do 
Massai é verde-marron. O porte baixo e o maior valor nutritivo, inclusive 
na entrada da seca, trazem flexibilidade de uso para outras espécies 
16
(ovinos, caprinos, equídeos) e categorias animais mais exigentes 
(engorda, bezerros) e outras modalidades de uso (fenação,vedação, 
diferimento), inclusive para fins de consorciação com culturas anuais 
(baixa interferência) e leguminosas herbáceas (baixo sombreamento). É 
fato, porém, que o BRS Tamani não apresenta a mesma rusticidade que a 
cv. Massai em relação às exigências nutricionais na fase de manutenção 
das pastagens, bem como em relação à velocidade de rebrotação no 
início das chuvas. Nos pastos da cv. BRS Tamani é priorizado o 
desempenho animal (naturalmente) e no cv. Massai o mérito zootécnico 
decorre do suporte a maiores taxas de lotação ou dias de pastejo, 
especialmente quando o período de descanso diminui. Foi avaliado sob 
manejo com lotação rotacionada (> 7 x 21 dias) ou alternada (28 x 28 
dias) e, consistentemente, propiciou maior desempenho animal que o cv. 
Massai. Tem altura de entrada e saída dos animais um pouco inferior 
àquela recomendada para cv. Massai (50 – 25 cm). Sabe-se que é bem 
consumido por bovinos de leite, ovinos e equídeos, mas ainda não 
existem informações sobre o desempenho produtivo dos mesmos, bem 
como em relação ao sombreamento. Por conta de seu porte, não é capaz 
de responder a adubações nitrogenadas da mesma forma que as 
cultivares de porte mais alto (Ex. BRS Zuri. BRS Quênia e Mombaça).
Apesar de suas sementes serem menores, adota-se a mesma taxa de 
semeadura e demais práticas culturas das outras cultivares de 
P.maximum. Em relação às machas foliares, o BRS Tamani é mais 
sensível que os cv. BRS Zuri e Mombaça (mais resistente), porém bem 
menos sensível que a cv. Tanzânia (muito susceptível). É resistente às 
cigarrinhas típicas das pastagens (Deois e Notozulia) e bastante sensível 
ao encharcamento ou alagamento, mesmo que temporário. Sua forragem 
pode ser dessecada bem mais facilmente, com doses menores, que 
aquelas adotadas para o capim Massai. 
Tabela 8. Produtividade animal (bovinos) em pastos de cultivares de 
Panicum maximum manejados sob pastejo alternado (28 x 28 dias) no 
17
Figura 1. Ganho de peso acumulado por bovinos de corte em 
pastos de capim cv. BRS Tamani e cv. Massai sob lotação 
rotacionada (7 x 21 dias). Planaltina-DF (Dezembro de 2013 a 
agosto de 2014). Fonte: G.J.Braga (não publicado).
Capim-elefante: Pennisetum purpureum cv. BRS Canará; BRS 
Capiaçu e BRS Kurumi
Recomendação: Bioma Cerrado e Amazônia (BRS Canará e BRS 
Kurumi), Mata Atlântica (BRS Canará, BRS Capiaçu, BRS Kurumi) 
Os cultivares desta espécie têm o mais alto potencial produtivo dentre as 
forrageiras tropicais. São plantas para sistemas intensivos no uso de 
insumos e que demandam alta produtividade de forragem na estação 
chuvosa em solos de alta fertilidade. São ideais para uso na pequena 
propriedade e para a produção de excedentes de forragem para fins de 
conservação para uso na época seca. Sua forragem verde picada ou 
conservada é bastante versátil para a utilização por bovinos de corte, 
equídeos e ovinos, pois não apresentam fatores antinutricionais. Os 
cultivares são igualmente susceptíveis às cigarrinhas das pastagens e não 
toleram alagamento.
 Há muitas cultivares tradicionalmente para uso como capineira, porém 
os cvs. BRS Canará e BRS Capiaçu (ambos de porte alto, bem eretos, 
sem joçal) superaram as principais cultivares de referência no Cerrado e 
na Mata Atlântica. No Cerrado do DF, para uso como capineira, eles se 
equiparam em produtividade de forragem. Comumente, os cultivares são 
manejados sob cortes a cada 60 dias . No Cerrado, o cv. BRS Canará 
18
produziu cerca de 6 t/ha de massa seca por corte (Tabela 9), 40 % acima 
da produção do cv. Napier (mais adotada na região). Não são 
produtividades muito elevadas, pois o comprimento da estação chuvosa 
é menor e a adubação adotada não foi das mais elevadas (<200 kg N/ha).
 
 O cv. BRS Capiaçu é mais adequado para a produção de silagem porque 
sua forragem não perde qualidade tão acentuadamente com a 
maturidade, como outras cultivares. Esta característica é um grande 
diferencial, pois no manejo das áreas de produção de silagem geralmente 
as plantas são colhidas mais maduras (mais velhas) para melhorar a 
fermentação e aumentar o rendimento de massa ensilada. Além disso, as 
plantas de BRS Capiaçu têm perfilhos mais eretos, grossos e a touceira 
compacta e melhor definida, facilitando a operação de colheita 
mecanizada e com boa resistência ao tombamento (Pereira et al., 2016).
 
Na estação chuvosa, sua forragem deve ser cortada entre 50 e 70 dias ou 
com menos de 3,0 m para fornecimento picado no cocho. No Bioma 
Mata Atlântica, com 70 dias de crescimento na estação chuvosa, produz 
cerca de 13,0 t/ha/corte de massa seca de forragem com 7,7 % de proteína 
bruta. Para a produção de silagem, a planta deve ser colhida mais madura 
(90-110 dias ou 3,5-4,0m), com acúmulo de 20 t/ha de forragem com 
pouco mais de 5,0 % de proteína bruta, que poderá resultar em silagem 
superior, em qualidade, à silagem de cana, mas inferior à silagem do 
milho. Todavia, dada à elevada produtividade, sua silagem é muito mais 
competitiva em termos de custos que as silagens de milho ou de cana-de-
açúcar, a despeito da maior necessidade de suplementação concentrada 
para fornecimento aos animais de produção.
Para suprir a necessidade de um cultivar para pastejo direto, foi 
desenvolvido o capim-elefante anão cv. BRS Kurumi. Seus entre-nós são 
muito curtos, sua touceira é baixa, com boa cobertura do solo, forragem 
compacta e, naturalmente, com elevada produção e proporção de 
lâminas foliares (Tabela 9), o que favorece o aproveitamento da forragem 
de maior valor nutritivo pelos animais em pastejo. Vem sendo utilizada 
sob pastejo rotacionado (alturas entre 80-40 cm) com gado leiteiro, 
principalmente na região sul do Brasil e no Bioma Mata Atlântica. Na 
região sul, sua produtividade de forragem é o dobro (16 t/ha) da 
registrada pelo cv. Mott. No Cerrado, sob regime de cortes, a sua 
produtividade é menor que a obtida pelos cultivares de porte alto (Tabela 
9). 
 A propagação do cv. BRS Kurumi também é vegetativa, mas é mais 
morosa e onerosa, pois a produção de hastes maduras é pequena para o 
plantio convencional (pé com ponta e colmos deitados). Como 
19
alternativa, o seu plantio vem sendo feito com mudas enraizadas 
desenvolvidas em viveiros a partir de segmentos de caule (com gemas). 
Desta forma, cada haste madura coletada no campo, possibilita a 
produção de várias mudas que são transplantadas num espaçamento 
maior (80 cm).
Tabela 9. Produção de material seca total (PMS Total), hastes (PMS 
Hastes) e folhas (PMS 'Folhas') de cultivares de capim Elefante 
(dezembro de 2006 a maio de 2008) (Planaltina, DF). Total de 5 cortes ao 
longo de duas estações chuvosas. (Embrapa Cerrados, Planaltina-DF)
20
3. Leguminosas forrageiras
3.a Generalidades 
Uma análise de todos os benefícios diretos e indiretos do uso de 
leguminosas forrageiras em sistemas de produção animal a pasto sempre 
sugere que o cultivo das mesmas deveria ser algo mais generalizado. No 
entanto, os baixos volumes de sementes comercializados, o alto preço 
das mesmas e o limitado número de pecuaristas usuários destas 
cultivares explicitam que ainda são tecnologias de baixo apelo ou 
desconhecidas. Adicionalmente, os frequentes casos de insucesso e 
expectativas frustradas, mesmo por parte de entusiastas, contribuem 
para um quadro de baixa adoção. Em grande parte, os fracassos 
decorrem do desconhecimento acerca das limitações (adaptativas) das 
cultivares, de problemas no estabelecimento e, principalmente, no 
manejo do pastejo das mesmas. Em geral, também, são estabelecidos 
patamares muito elevados de expectativa acerca dos inúmeros 
benefícios que poderão advir paraa alimentação animal, para o solo e, 
quando em consórcio, para os capins. Afinal, são plantas mais ricas em 
proteína e alguns minerais, cuja forragem é melhor digerida/aproveitada 
pelos animais e ainda, como alguns suplementos, favorecem o 
aproveitamento de volumosos ou forrageiras de menor valor nutricional. 
Mais ainda: “produzem” o seu próprio nitrogênio e ainda compartilham 
com as plantas acompanhantes, sem gasto energético convencional para 
a produção e sem problemas ambientais associados. Ou seja, 
funcionalmente e ambientalmente ideais e desejáveis. No entanto, falta o 
pleno conhecimento de que são plantas cuja morfologia e fisiologia são 
muito divergentes e bem menos adaptadas ao pastejo do que os capins. 
Leguminosas, em geral, possuem menos pontos de crescimento 
(rebrotação) e mais expostos ao estresse do pastejo (pisoteio, 
desfolhação), em comparação com os capins. Sua fisiologia (ciclo C3) e 
morfologia sempre resultarão em menor crescimento e menor 
produtividade, o que gera resulta em associações extremamente 
instáveis e pouco longevas quando se faz a opção por leguminosas em 
consórcio. 
É necessário, portanto, reconhecer que essencialmente são plantas de 
menor potencial produtivo (menos forragem e menor taxa de lotação), 
menos resistentes ao pastejo (menor lotação e menos duradouras) e que 
as associações com capins resultarão em “conflitos” (interferências e 
competição) que necessitarão ser gerenciados mediante um esmerado 
monitoramento da condição da pastagem e do manejo dos animais 
(ajustes da lotação). Logo, por mais que as leguminosas forrageiras 
possam ser consideradas soluções ou opções tecnológicas de baixo 
21
custo, por não demandarem nitrogênio mineral e outros insumos, são, a 
rigor, altamente demandantes de ações “gerenciais” (=custos) deste a 
fase de estabelecimento (monitoramento e ajustes). 
Outro aspecto relevante, é que o superpastejo ou excesso de lotação nas 
pastagens com leguminosas resulta em rápido declínio na produtividade 
e na participação das mesmas nos pastos. Saliente-se ainda que, em geral, 
para as leguminosas o superpastejo já ocorre com taxas de lotação abaixo 
daquelas consideradas críticas para os capins. Logo, são plantas mais 
voltadas para sistemas extensivos, com menor taxa de lotação e que 
privilegiam o desempenho animal (ganho por animal), dado o maior 
valor nutritivo da forragem (proteína, digestibilidade), especialmente 
em momentos críticos. Assim, é equivocado supor que leguminosas 
elevarão de forma expressiva a taxa de lotação ou a capacidade de 
suporte dos pastos, mesmo ocorrendo fixação e incorporação de 
nitrogênio ao solo. Em geral, as mudanças na taxa de lotação são de até 
10%. 
 
Outras considerações sobre as leguminosas: a) Dado o crescimento mais 
lento, as leguminosas expressar o seu maior potencial a partir do segundo 
ano, o que torna muito crítico o manejo na fase de estabelecimento 
(primeiro ano). b) Leguminosas menos palatáveis na estação chuvosa 
e/ou com maior retenção de folhas na seca são ideais para atenuar a 
estacionalidade da produção e do valor nutritivo da forragem na época 
seca. C) Leguminosas mais palatáveis devem ser manejadas com lotação 
rotacionada para que possam se recuperar do estresse pós pastejo. D) 
Leguminosas exigem maior controle de invasoras folhas largas na fase 
anterior ao plantio e emergência, pois muitos dos herbicidas utilizados 
em pastos formados são letais para as leguminosas. E) Em geral, 
leguminosas herbáceas são susceptíveis ao fogo e apresentam maior 
risco; f) Para suprimir a competição por luz e conferir maior resistentes 
ao pastejo deve-se dar preferência por leguminosas arbustivas nas 
consorciações com capins de porte alto, capins muito agressivos ou para 
sistemas extensivos com maior lotação animal; g) Optar por leguminosas 
de valor nutritivo elevado quando o objetivo for melhorar o desempenho 
animal na estação chuvosa. h) As leguminosas equivalem a suplementos 
protéicos de efeito aditivo. I) Para uma primeira experiência na adoção 
de leguminosas, deve-se optar pelo uso na forma de banco de proteína 
para reduzir riscos no estabelecimento e evitar o manejo permanente da 
competição com o capim. J) Após o desaparecimento das leguminosas na 
pastagem ou no banco de proteína ainda haverá um efeito residual sobre a 
produtividade da área; k) Uma participação da leguminosa superior a 
20% é desejável para que ocorram impactos no âmbito da nutrição dos 
animais em pastejo e da reciclagem de nitrogênio solo; l) o plantio de 
22
misturas (coquetel) de leguminosas é uma forma de ter uma melhor 
distribuição anual da produção da forragem; m) leguminosas arbustivas 
têm maior custo de implantação, porém são mais persistentes ; n) Para a 
maioria das leguminosas disponíveis no mercado, a ressemeadura 
natural não é o principal mecanismo de persistência, sendo crítica a 
população inicial de plantas(foco na formação/estabelecimento). O) 
Quanto menor o valor nutritivo da forragem do capim, maior a 
importância da leguminosa com fonte de nutrientes suplementares, mas 
o impacto no desempenho também dependerá diretamente do valor 
nutritivo do capim (se muito baixo, menor o impacto). P) leguminosas 
perdem o valor nutritivo com o tempo, porém em ritmo menor. q) 
ambientes ou manejos que restringem o crescimento dos capins, acabam 
por favorecer o crescimento da leguminosa numa consorciação; r) 
mesmo as leguminosas pouco exigentes em correção e adubação do 
solo, necessitam de algum suprimento no plantio para que a simbiose e a 
fixação de N sejam efetivas.
3.b. Banco de proteína 
Bancos de proteína são áreas cultivadas com leguminosas adaptadas ao 
pastejo e às condições de clima e solo visando ao fornecimento de 
forragem suplementar de maior valor nutritivo especialmente em 
relação ao suprimento de proteína, na estação seca ou chuvosa, para 
bovinos criados em pastagens cultivadas ou em pastagens nativas. Na 
época seca, a forragem produzida e estocada nos bancos diminui a 
escassez de alimento decorrente da estacionalidade climática da 
produção e, principalmente, compensa a drástica redução no teor de 
proteína na forragem dos capins, elevando a produtividade do rebanho 
ou evitando que os animais percam peso, em comparação com os 
animais mantidos exclusivamente em pastos com capim. Isto por conta 
da superioridade nutricional da forragem da leguminosa e de um melhor 
aproveitamento pelos animais da forragem seca de menor qualidade. 
Idealmente, as forrageiras mais tardias e com maior tolerância à seca 
(retenção de folhas) são as mais indicadas (Cratylia, Guandu, 
Stylosanthes guianensis), com efeito similar a uma suplementação 
protéica de baixo consumo de efeito aditivo e com algum efeito 
substitutivo. 
Similarmente, na estação chuvosa, a forragem de maior qualidade da 
leguminosa eleva o consumo e o desempenho animal , também 
equivalendo a um suplemento com efeito aditivo. Neste caso, deve-se 
preferir forrageiras de elevado valor nutritivo e produtividade (ex. 
Leucaena) As espécies e cultivares de forrageiras mais recomendadas 
(ex. Stylosanthes, Leucaena) dependerão da época do ano em que se 
23
pretende fazer uso da forragem acumulada, do solo e da região. O banco 
de proteína também é especialmente adequado por simplificar o manejo 
do pastejo das leguminosas em comparação com aquele das pastagens 
consorciadas. 
Uma crítica aos bancos de proteína destinados à utilização na seca 
decorre do período restrito (4-6 meses seca) em que ele está disponível 
para os “saques” (pastejos seca) e ao longo período de “depósitos“ 
(estação chuvosa), imobilizando áreas expressivas (20-30% ou 1ha para 
cada 5 há de pasto) por um grande período , por conta crescimento lento 
da leguminosa e momento em que ocorre o acúmulo de forragem. Então, 
o ideal seria que os bancos fossem instalados em locais da propriedade 
que sejam os mais marginais ao crescimento dos capins e/ou que ainda 
não foram incorporados ao sistema de produção da fazenda.
Mesmo na condição de monocultivo, bancos de proteína com 
leguminosas herbáceas tendem ao colapso dentro de algum tempo (2-5 
anos). Gradativamente, plantas de capim começam a invadir os espaços 
abertos e o banco torna-se um pasto consorciado. E ao final do ciclo de 
vida, um pasto exclusivo de capim. Como a leguminosa proporciona 
benefícios para o solo, é desejável que os bancos de proteína sejam 
itinerantes na propriedade para que os efeitos da ciclagem de nutrientes 
no solo não fiquem restritos a um só local na propriedade. 
O impacto da adoção de bancos de proteína sobre a produção animal 
dependerá da leguminosa e do valor alimentício da gramínea e da época 
do ano. Em bovinos de corte em ambiente com seca prolongada (6 
meses), bancos de proteína de S.guianensis proporcionam pequenos 
ganhos de peso (<200 g/dia) ou impedem que os animais venham a 
perder peso na época seca (figura 2). Com o banco de proteína é possível 
manter lotações maiores (apesar de modestas) na época seca, em 
comparação com pastos consorciados (figura 3). Para bovinos leiteiros, 
o impacto direto na produção de leite também é de pequena magnitude 
(<10 % aumento) e dependente da dieta basal (volumoso e concentrado), 
patamar de produção animal e do rigor da seca, influenciando no estoque 
e valor nutritivo da forragem do banco. O benefício tem sido mais 
indireto com a redução no uso de concentrados e no consumo de silagem 
(kg silagem / kg leite) (Galdino et al., 2016).
24
Figura 2. Ganho de peso de tourinhos da raça Nelore recriados em 
pastagens renovadas e com acesso a leguminosas no Cerrado (Planaltina-
DF). O acesso ao banco de proteína ocorreu somente no período seco do 
ano (abril a outubro). Fonte : L.Vilela & A.O. Barcellos (não publicado), 
citado em Ramos et al. (2004).
Figura 3. Ganho de peso de novilhos Nelore e taxa de lotação em 
pastagens de Brachiaria decumbens consorciada com Stylosanthes 
guianensis cv. Mineirão e em pastagens de Brachiaria brizantha cv. 
Marandu suplementadas na seca com banco de proteína de Mineirão. 
(Planaltina-DF). O acesso ao banco de proteína ocorreu somente no 
período seco do ano (abril a outubro). Fonte : Barcellos e Vilela (2001).
25
3.c. Pastagens consorciadas
 O cultivo numa mesma área de uma gramínea forrageira com uma ou 
várias leguminosas forrageiras é considerado um consórcio. O interesse 
por este tipo de combinação de plantas decorre do maior valor nutritivo 
das leguminosas, especialmente em relação aos teores de proteína na 
forragem, e da capacidade das leguminosas incorporarem nitrogênio ao 
solo, contribuindo para a produtividade da pastagem e para a economia 
no uso de fertilizantes nitrogenados. É mais frequentemente adotada em 
sistemas extensivos de produção animal a pasto e em sistemas de base 
agroecológica.
Pastagens consorciadas (gramíneas e leguminosas) apresentam maior 
produtividade animal e maior sustentabilidade na produção de forragem 
por conta por propiciarem uma dieta mais rica em nutrientes e o 
suprimento de nitrogênio para o solo e plantas forrageiras. O equivalente 
em fertilizantes nitrogenados que as pastagens consorciadas podem 
proporcionar é variável conforme a planta forrageira, o ambiente de 
cultivo e o manejo adotado. Como regra geral, quanto maior a produção 
de forragem pela leguminosa e maior a participação da mesma no 
consórcio, maior a incorporação de nitrogênio para o sistema. Daí, a 
preocupação em se ter um bom manejo das plantas para uma maior 
longevidade produtiva das mesmas. Para tanto é fundamental conhecer 
as recomendações de manejo, a compatibilidade entre espécies e as 
limitações da cultivar de leguminosa em uso no consórcio.
Além de serem verdadeiras biofábricas de fertilizantes nitrogenados, as 
plantas de leguminosa apresentam sempre maiores concentrações de 
proteína em sua forragem, em comparação com os capins, em qualquer 
época do ano, bem como uma maior concentração de outros nutrientes, 
como o cálcio, que favorecem a um melhor desempenho dos animais 
quando ingerem este tipo de forragem pura ou combinada com a 
forragem dos capins consorciados. Esta superioridade nutricional das 
leguminosas é vantajosa, sobretudo na época em que o valor nutritivo 
dos capins diminui consideravelmente (ex. outono inverno) ou quando a 
gramínea acompanhante é naturalmente de menor valor alimentício (Ex. 
Andropogon, Brachiaria humidicola, Capim-Massai). As leguminosas 
em consórcio são verdadeiramente suplementos protéicos de baixo 
custo. 
O impacto das consorciações na produção animal a pasto dá-se pelo 
aumento no desempenho ou ganho por animal, sendo superior em 30 % 
em relação aos pastos puros ou não consorciados. É possível estabelecer 
pastagens consorciadas com leguminosas com o propósito de impactar 
26
na produtividade animal na época chuvosa e/ou na época seca. Para 
tanto, existem plantas de diferentes portes (herbáceas, arbustivas), com 
diferentes hábitos de crescimento (prostradas, eretas), com diferentes 
graus de aceitação pelos animais na época das águas e das secas e com 
diferentes graus de adaptação à fertilidade dos solos e aos rigores do 
clima, com diferentes custos de implantação e capacidade de 
convivência com o mau manejo. As leguminosas arbustivas (ex. 
Leucena, Guandu, Gliricidia), por conta de seu porte mais alto são mais 
indicadas para consórcio com gramíneas de porte mais alto e que são 
forte competidoras por luz. Também são recomendadas para 
propriedades em que o manejo do pastejo animal não é bem controlado, 
haja vista serem mais resistentes ao pastejo mais severo. Leguminosas 
herbáceas (ex. estilosantes) são mais adequadas para consórcio com 
capins menos agressivos e de porte mais baixo, exigindo maior controle 
da quantidade de animais no pasto e da competição com a gramínea. 
Para que os benefícios para a produção animal ocorram na estação 
chuvosa, geralmente são utilizadas leguminosas com alta capacidade de 
crescimento nas chuvas e bem palatáveis (ex. Leucena, amendoim-
forrageiro, soja-perene). Por sua vez, para a época seca são 
recomendados consórcios com plantas com maior tolerância à seca e 
com menor aceitação e consumo na estação chuvosa (ex. Cratylia 
argentea, estilosantes, calopogônio, guandu). Em todas as situações, o 
maior compromisso a ser estabelecido pelos pecuaristas deve ser com o 
bom gerenciamento do pastejo, crucial para a produtividade e a 
persistência da leguminosa. Para tanto, faz-se necessário o 
conhecimento dos principais atributos e limitações das cultivares para 
esta modalidade de uso mais frequente e de maior impacto em sistemas 
extensivos. 
Cultivares de leguminosas
Há inúmeros cultivares de leguminosas forrageiras registradas no 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para 
comercialização formal. Todavia, são limitadas as opções com boa 
oferta de sementes com preços mais competitivos e compatíveis com o 
referencial estabelecido pelos capins. Neste contexto, há maior 
disponibilidade de sementes de Stylosanthes e de guandu (Cajanus 
cajan). Dado o menor tamanho do mercado e à carência de cultivares 
mais especializados para regiões e sistemas, a maioria dos cultivares é 
ofertada como plantas generalistas, o que contribui para alguns 
insucessos. No âmbito da Embrapa, o catálogo de leguminosas 
forrageirasainda é muito restrito, mas passará por uma rápida expansão 
e diversificação. Os diferenciais de alguns cultivares atuais e de espécies 
27
com lançamento iminente são apresentados a seguir. 
Guandu Mandarim – Cajanus cajan cv. BRS Mandarim
Recomendação: Bioma Cerrado e Mata Atlântica
Arbusto de porte alto, ereto , tardio e com elevada produtividade de 
massa para uso forrageiro na transição água-seca e na seca ou como 
adubo verde . De fácil plantio, tem rápido estabelecimento (comparado 
com outras leguminosas) e baixa aceitação pelos animais na época 
chuvosa, o que favorece o seu estabelecimento em consórcio. Seu plantio 
pode ser feito em faixas ou em área total. Tem média exigência em termos 
de correção e adubação. É bastante eficaz na recuperação e 
enriquecimento de pastos degradados. Também tem sido cultivado em 
consórcio com cultivos anuais (milho, sorgo) e forrageiras perenes 
(Brachiaria) visando a enriquecer com proteína o material ensilado ou 
fenado. Por ser uma arbustiva, resiste bem ao pastejo o que favorece o seu 
manejo e persistência. Apresenta maior longevidade que outras 
cultivares (3-4 anos) de guandu. A biomassa acumulada nas águas pode 
ser roçada para adubação verde dos capins em consórcio. Também pode 
ser utilizado no processo de renovação de talhões de cana de açúcar e para 
restringir o crescimento de alguns nematóides. A sua forragem é pouco 
palatável e os animais passam a consumi-la após o florescimento. Pode 
ser manejada em lotação contínua ou rotacionada. Em São Paulo, a 
recuperação direta de pastos por meio da adubação (sem nitrogênio) e do 
uso do guandu Mandarim (cultivo em área total) , propiciou maior 
desempenho animal (ganho/dia) ao longo do ano e maior ganho de peso 
acumulado, inclusive com algum aumento na taxa de lotação em relação 
aos pastos recuperados e adubados com nitrogênio, sendo o efeito mais 
expressivo a partir do segundo ano (Tabela 10). 
Tabela 10. Produtividade animal em pastos recuperados com adubação e 
uso de guandu BRS Mandarim. (Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, 
SP)
28
Leucaena – Leucaena leucocephala e seus híbridos
Recomendação: Bioma Cerrado, Bioma Mata Atlântica e Caatinga
Planta arbustiva com forragem de altíssimo valor nutritivo e altamente 
palatável para uso na alimentação animal preferencialmente na época 
chuvosa, haja vista a sua baixa tolerância à seca (figura 2). Para expressar 
o seu potencial, necessita de solos corrigidos e com fertilidade de média 
para alta e adubações anuais de manutenção. Para não deprimir a 
produtividade do capim e facilitar a circulação animal, deve ser cultivada 
em faixas espaçadas. Dado o seu lento estabelecimento, geralmente o 
pastejo só é possível a partir da segunda estação chuvosa. Nesse período, 
a área deve ser aproveitada com algum cultivo intercalar. Para acelerar o 
estabelecimento ou em locais com estação chuvosa curta, o plantio por 
mudas é uma opção. É uma planta bastante atacada por formigas e 
cupins, especialmente no estabelecimento. Os animais devem ser 
manejados sob lotação rotacionada para permitir a recuperação das 
plantas. Alternativamente, o capim intercalar ao cultivo de faixas de 
leucena poderá ser adubado com nitrogênio para elevar a taxa de lotação, 
com a leucena ampliando ainda mais os benefícios da adubação no 
sistema (Figura 4).
Figura 4. Ganho de peso vivo (kg /ha) de novilhas Nelore em 
pastagens de Brachiaria brizantha adubadas (T2 e T3) ou 
não (T1) com nitrogênio e consorciada com leucena (T3 - A) 
cultivada em faixas no Cerrado. Planaltina-DF. Fonte : 
Barcellos (2006). 
29
Cratylia argentea 
Recomendação: Bioma Cerrado e Mata Atlântica
Planta arbustiva nativa de ocorrência nas regiões Centro-Oeste, Norte e 
Nordeste com alta tolerância à seca (retenção de folhas verdes), em 
comparação com o guandu, gliricídia e leucena. Tem elevada rusticidade, 
sendo pouco exigente em fertilidade do solo, mas responsiva a ambientes 
de média a alta fertilidade. Sua disseminação vem ocorrendo no contexto 
de sistemas de base agroecológica e a Embrapa deverá disponibilizar 
uma cultivar. Seu plantio é feito em faixas esparsas e dada a sua 
palatabilidade, a exemplo do guandu, sua forragem será consumida 
preferencialmente na época seca. Sua sementes são graúdas e não 
dormentes. Tem crescimento lento, estando apta para o pastejo a partir do 
segundo ano. A mesma estratégia (mudas, cultivos intercalares) adotada 
para o plantio de leucena poderá ser adotada em seu cultivo. A elevada 
persistência e tolerância à seca são os seus diferenciais em comparação 
com outras arbustivas. Sua forragem é de menor qualidade nutricional 
que a leucena. 
Estilosantes - Stylosanthes capitata + S.macrocephala cv. Campo 
Grande e S.guianensis cv. Mineirão, Bandeirante e BRS Grof 1463 e 
BRS Grof 1480 
Recomendação: Bioma Cerrado
Forrageiras herbáceas de porte baixo a médio adaptadas a solos ácidos 
com recomendação para sistemas extensivos para uso em consórcio com 
capins menos agressivos (Andropogon cv. Planaltina) e de porte baixo 
(Massai, BRS Tamani, B.decumbens, BRS Paiaguás) ou como banco de 
proteína. As cultivares da espécie S.guianensis são mais tolerantes à seca 
e mais adaptadas a solos argilosos e não têm a ressemeadura natural como 
mecanismo adicional de persistência (2-4 anos), demandando ciclos de 
reintrodução. Já a cultivar Campo Grande é mais adaptada a solos 
arenosos e tem boa ressemeadura natural e florescimento mais abundante 
e precoce . É bem mais sensível à seca, não sendo recomendada para uso 
como banco de proteína para seca em regiões com seca prolongada (> 4 
meses). Nesta condição, os cultivares de S.guianensis produzem mais 
que o dobro de forragem anualmente. As sementes de S.guianensis têm 
maior custo de aquisição por causa da menor produtividade de sementes 
dos mesmos. Tal fato, levou à exclusão do cv. Mineirão do mercado. Os 
cultivares BRS Grof 1463 e 1480 são mais prolíficos e suas sementes 
serão mais baratas. Todavia, sua persistência é menor que a do cv. 
Mineirão. 
30
Todas as cultivares são pouco responsivas à calagem e mais ao fósforo no 
plantio. Suas sementes são muito pequenas e o crescimento inicial é 
muito lento, sendo sensíveis à competição por luz, demandando forte 
controle da competição mediante pastejos leves da gramínea, quando em 
consórcio. No caso do cv. Campo Grande, haverá ainda a necessidade de 
um manejo específico (suspensão do pastejo) na época do florescimento 
para que seja formado um banco de sementes. São plantas que só 
atingirão o seu maior potencial produtivo a partir do segundo ano. Tal 
fato, é crítico para as cultivares de baixa persistência sob pastejo.
Quando a participação na composição botânica dos pastos é adequada 
(20-40%), as cultivares proporcionam incrementos de 30%¨(Figuras 2 e 
3) no desempenho de bovinos de corte e de até 15 % em bovinos leiteiros. 
As taxas de lotação suportadas situam-se abaixo de 2 UA/ha. Pastos 
consorciados de BRS Paiaguás com uma mistura de cultivares de 
S.guianensis proporcionaram ganho de peso diária, na época seca, 3 
vezes superior ao registrado no pasto somente com a gramínea não 
adubada (~90 g/dia) e 50% superior na média anual. Todavia, este efeito 
não persistiu quando a participação da leguminosa na pastagem declinou 
após três anos. 
Amendoim-forrageiro - Arachis pintoi cvs. Amarillo, Belmonte e 
BRS Mandobi 
Recomendação: Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia
É a leguminosa forrageira herbácea que mais foge ao padrão das demais 
forrageiras tropicais, seja pela morfologia (prostrada, estolonífera), 
propagação (sementes e mudas) e, especialmente, elevada resistência ao 
pastejo.São cultivares extremamente adaptadas ao pastejo, porém com 
alta estacionalidade da produção de forragem, especialmente no 
Cerrado, ambiente em que perde totalmente as folhas. Adapta-se muito 
bem às baixadas úmidas e tem maior produtividade em ambientes com 
estação seca inferior a três meses. Apresenta valor nutritivo muito alto 
(>14 % de proteína e >60% digestibilidade) e alta palatabilidade. O seu 
estabelecimento pode ser por mudas ou sementes (exceto cv. Belmonte), 
sendo muito lento. Pode ser consorciada se com diversas gramíneas, 
exceto forrageiras de porte muito alto (BRS Quênia, Mombaça, BRS 
Zuri). 
O cv. Belmonte é o mais produtivo e recomendado para o Cerrado, até 
porque não despende energia para a produção de sementes. A 
produtividade de forragem é o dobro da registrada pelos demais 
cultivares. Todavia, o seu plantio só pode ser efetuado por mudas, 
31
aumentando substancialmente os custos de formação. Os cv. Mandobi e 
Amarillo são menos produtivos, mas podem ser propagados por 
sementes. Mesmo assim, os custos das sementes ainda são elevados o 
que tem dificultado a sua adoção. Porém, como se tratam de cultivares 
com elevada persistência, os benefícios para a produção animal se 
estendem por muito mais tempo. Pode ser manejado com lotação 
contínua e, preferencialmente, rotacionada por causa da alta preferência 
dos animais em pastejo. Em áreas mais úmidas (baixadas) do Cerrado há 
registros de ganhos diários de 200 g/dia, na seca, e de 700 g/dia nas águas 
quando em consórcio com gramínea de baixo valor nutritivo (cv. 
Pojuca).
4. Considerações finais
O número de cultivares à disposição dos pecuaristas está em expansão 
com maior segmentação de ambientes e modalidades de uso (Tabelas 11 
e 12). A despeito disso, são inúmeras as situações ainda não 
satisfatoriamente atendidas pelos atuais cultivares, o que denota a 
carência de novas opções de cultivares. Todavia, o que mais se sobressai, 
especialmente para a convivência com a seca, é a necessidade de 
integração e complementariedade de características funcionais para 
assegurar maior estabilidade no suprimento de forragem ao longo do 
ano. 
32
33
34
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