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SOBRE ALTERNATIVAS PARA ALIMENTAÇÃO DO GADO NA SECA II SIMPÓSIO Danilo Gusmão de Quadros Alexandro Pereira Andrade Organizadores: BARREIRAS-BA Agosto 2017 Realização: UNEB Apesar da pecuária se constituir em uma atividade com alta relevância socioeconômica em todo território nacional, quando analisados os índices zootécnicos médios, percebe-se a falta de eficiência produtiva. Entre os principais problemas que afetam os rebanhos, a carência alimentar na época de estiagem é um dos mais marcantes, que, por sua vez, afeta a reprodução, o ganho de peso e a saúde dos animais. O “Projeto Esperança – Lado a Lado com o Produtor Rural na Convivência com a Seca”, além de intervir diretamente na realidade local, luta para difundir as técnicas de conservação e reserva estratégica de forragem a fim de atenuar os efeitos adversos da seca. O sonho é que todo produtor, principalmente o agricultor familiar, possa se aplicar com toda a força, em tudo que for necessário, para se preparar com antecedência e passar o período crítico com folga. Esta publicação reúne a parte escrita das palestras realizadas no II Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca. Agradecemos aos autores dos trabalhos que contribuíram com o evento. II SIMPÓSIO SOBRE ALTERNATIVAS PARA ALIMENTAÇÃO DO GADO NA SECA Organizadores: Danilo Gusmão de Quadros Alexandro Pereira Andrade Barreiras, Bahia Agosto de 2017 Universidade do Estado da Bahia / Campus IX Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal BR 242, km 4, s/n. Lot. Flamengo. Barreiras-BA. 47802-682 Fone: (77) 3611-6401 Website: www.neppa.uneb.br E-mail: uneb_neppa@yahoo.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Divisão de Biblioteca e Documentação – campus IX - UNEB I ISimpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca Anais do II Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca / Editado por Danilo Gusmão de Quadros e Alexandro Pereira Andrade. – Barreiras : Editora Ipanema / Gráfica Irmãos Ribeiro, 2017. 138 p.:il. I. Anais 2. I Alimentação Gado I. Quadros, Danilo Gusmão; Andrade, Alexandro Pereira eds. II. Título A revisão técnica, ortográfica, de linguagem, de digitação e de apresentação de cada capítulo são de responsabilidade de seu(s) respectivo(s) autor(es). Apresentação Apesar da pecuária se constituir em uma atividade com alta relevância socioeconômica em todo território nacional, quando analisados os índices zootécnicos médios, percebe-se a falta de eficiência produtiva. Entre os principais problemas que afetam os rebanhos, a carência alimentar na época de estiagem é um dos mais marcantes, que, por sua vez, afeta a reprodução, o ganho de peso e a saúde dos animais. O “Projeto Esperança – Lado a Lado com o Produtor Rural na Convivência com a Seca”, além de intervir diretamente na realidade local, batalha para difundir as técnicas de conservação e reserva estratégica de forragem, além fontes alternativas de alimentos, a fim de atenuar os efeitos adversos da seca. O sonho é que todo produtor, principalmente o agricultor familiar, possa se aplicar com toda a força, em tudo que for necessário, para se preparar com antecedência e passar o período crítico, com folga. No ano passado, a primeira edição do “Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca” foi um sucesso, com a presença de criadores de toda a região, a maioria organizados em caravanas. Esse ano o desafio é ainda maior. Além do II Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca, será organizado um Dia de Campo no dia seguinte das palestras para realizar demonstrações práticas. O intuito é de ensinar, trocando experiências entre os especialistas e produtores. Para as palestras foram convidados técnicos, pesquisadores e professores experientes que, em conjunto com a apresentação de casos de sucesso narrados pelos próprios produtores, dará o link entre a pesquisa e sua aplicabilidade. Esta publicação reúne a parte escrita das palestras realizadas no evento. Agradecemos aos autores dos trabalhos que contribuíram com essa obra. Os organizadores. Índice II Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca, Barreiras-BA 2017 01 38 52 64 74 81 105 123 Novas cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras Allan Kardec Braga Ramos, Gustavo José Braga, Francisco Duarte Fernandes, João Paulo Guimarães Soares, Marcelo Ayres Carvalho Embrapa Cerrados 1. Introdução A produção animal a pasto possibilita maior competividade de custos à pecuária brasileira, além de viabilizá-la como atividade econômica pioneira ou de menor risco, especialmente em locais com oferta ambiental marginal. Nesse contexto, plantas forrageiras mais produtivas e melhor adaptadas aos ambientes e sistemas de produção são cruciais. Graças à atuação de instituições pública e privadas, mais recentemente tem ocorrido expressiva ampliação na oferta de cultivares de forrageiras tropicais que possibilitarão ganhos incrementais continuados na produtividade animal a pasto e/ou que atenuarão os efeitos de estresses abióticos e bióticos atuais ou emergentes. Ademais, qualquer que seja a escala da análise (da propriedade rural ao Bioma), a ampliação/renovação do portfólio de cultivares de forrageiras à disposição dos pecuaristas vem ao encontro da necessidade crescente de diversificação ecológica e, principalmente, de plantas forrageiras mais especializadas, haja vista os inúmeros contextos e possibilidades dos sistemas pastoris. As variações (espaciais e temporais) existentes nos ambientes de exploração das plantas forrageiras (ex. comprimento da estação chuvosa/seca e temperaturas extremas; relevo, fertilidade, textura e drenagem do solo; grau de intensificação; acesso a insumos; espécie e categoria animal/exigências nutricionais; modalidades de uso – corte, conservação, pastejo; pragas, doenças e invasoras etc.) tecnicamente demandarão cultivares de forrageiras funcionalmente diversas e com características complementares, pois não haveria como atribuir inúmeros papéis a um único cultivar, por mais versáteis que alguns sejam. Assim, faz-se necessário o conhecimento dos diferenciais (positivos e negativos) agronômicos e zootécnicos da planta forrageira para balizar a escolha mais adequada, a qual também dependerá da visão de futuro definida no planejamento para a propriedade, bem como dos custos e riscos associados à sua escolha. Nesse sentido, algumas informações sobre cultivares de gramíneas e de leguminosas forrageiras, especialmente aquelas com pouco tempo de 01 II Simpósio sobre Alternativas para Alimentação do Gado na Seca - Barreiras, Bahia. 25 de agosto de 2007. chegada ao mercado, serão apresentadas a seguir, dando-se ênfase aos diferenciais em relação aos cultivares mais tradicionais e para as possibilidades de uso associadas a algumas práticas de manejo (rotação, adubação, diferimento, consórcio). Algumas generalizações são apresentadas a partir das características de cultivares mais tradicionais e das modalidades de uso e ambientes em que elas se destacam na pecuária. Particularmente, para as cultivares de leguminosas forrageiras será dada ênfase adicional para o contexto mais propício e restrições à sua adoção pelos pecuaristas. Também dado o limitado número de cultivares de leguminosas forrageiras disponíveis no mercado, algumas informações sobre o contexto de uso serão apresentadas de forma genérica para a espécie forrageira. Todavia, para cultivares de lançamento iminente pela Embrapa, serão apresentados algunsdos atributos forrageiros que serão explorados para a promoção comercial. Destaca-se ainda que este texto deve ser tratado como uma fonte inicial de informações sobre os cultivares, uma vez que novos conhecimentos e experiências acerca dos cultivares, especialmente de lançamento mais recente, seguem sendo gerados. Além disso, estimula-se que outros repositórios de informações sejam acessados para o aprofundamento do conhecimento acerca dos cultivares e plantas forrageiras ora apresentadas para a adequada integração das funcionalidades/papéis das mesmas no âmbito da propriedade rural. 02 2. Gramíneas forrageiras 2.a. Generalidades Inicialmente, deve-se considerar que as plantas forrageiras e cultivares passíveis de comercialização de sementes no Brasil devem estar formalmente registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Registro Nacional de Cultivares), com a indicação da instituição responsável pela manutenção da identidade genética e suprimento de sementes básicas do cultivar no país. No processo de registro de um cultivar é necessário indicar a região de adaptação, sendo o mais comum o Bioma (Cerrado, Amazônia etc.). Dada a abrangência das indicações, sobressai, novamente, a necessidade de conhecer os aspectos positivos e negativos associados à planta forrageira para a correta escolha. A disponibilidade de novas cultivares de capins tem contemplado sistemas extensivos (maiores áreas e menores taxas de lotação) e intensivos (maiores taxas de lotação mediante uso de fertilizantes, irrigação etc.) de produção animal a pasto. Predominantemente, com a oferta de novos capins buscam-se elevações na taxa de lotação, um reflexo direto da produtividade de forragem, e/ou no desempenho animal (ganho/animal/dia), que expressa a qualidade nutricional (composição química, digestibilidade, consumo de forragem) da forrageira para um dado manejo da pastagem. Plantas forrageiras para sistemas intensivos de exploração apresentam maior potencial de produção e maior qualidade de forragem e, sobretudo, maior dependência e capacidade de resposta às intervenções (manejo adubação, rotação, irrigação). Por outro lado, são muito mais sensíveis às condições subótimas e exacerbam os efeitos negativos da estacionalidade da produção. Por sua vez, forrageiras para sistemas extensivos apresentam menor produtividade potencial, mas apresentam- se mais versáteis e eficientes quanto ao uso de insumos adotados em menores quantidades. Ou seja, toleram melhor as situações mais desafiadoras, mesmo que em detrimento da capacidade produtiva, sendo mais longevos e mais resistentes à degradação. Há espécies e cultivares de forrageiras que são típicas para os vários perfis destes sistemas de produção. Como exemplos, temos os capins do gênero Brachiaria (sistemas extensivos) e do gênero Panicum (sistemas intensivos) que predominam na paisagem das regiões pastoris do Brasil. A produtividade de forragem e a sua distribuição estacional têm impacto direto na taxa de lotação (cabeças/ha) ou no número de dias de pastejo ao 03 longo das estações. Em geral, quanto maior o comprimento da estação chuvosa, maior a produtividade de forragem e a produtividade animal e menos crítico é o período seco. Neste caso, capins que florescem mais tardiamente (ex. Panicum maximum cv. Mombaça, Capim-elefante, Andropogon gayanus cv. Planaltina e Brachiaria brizantha cv. Xaraés) mostram-se mais produtivos. Também, em geral, dentro de uma mesma espécie de forrageira, os cultivares de porte mais alto (ex. Mombaça) têm se mostrado mais produtivos, especialmente quando se faz uso de adubações e/ou da irrigação. Por outro lado, capins de baixo porte podem ser tão ou mais produtivos (Panicum maximum cv. Massai; Brachiaria decumbens cv. Basilisk) que capins de porte mais alto (Panicum maximum cv. Mombaça, B.brizantha cv. Marandu) quando ocorrem fatores restritivos ao crescimento (fertilidade do solo, veranicos ou secas prolongadas). Na época seca, o crescimento é restringido pelo falta de água e/ou pelas baixas temperaturas. Plantas menos sensíveis a baixas temperaturas (ex. Panicum maximum cv. Aruana, Setaria anceps cv. Kazungula) com sistema radicular mais profundo (Andropogon gayanus cv. Planaltina, B.decumbens cv. Basil isk) e com outros mecanismos de adaptação/convivência (folhas menores, porte menor ex. Panicum maximum cv. Massai) têm produtividade de forragem melhor distribuída ao longo do ano. Também são desejáveis, nesse contexto, plantas com rápido crescimento inicial na estação chuvosa (ex. Andropogon cv. Planaltina, cv. Massai) ou que sejam responsivas a adubações estratégicas no terço final da estação chuvosa (ex. Brachiaria brizantha cv. Marandu). Logicamente, como a forragem consumida pelos animais na época seca é produzida/acumulada na da estação chuvosa, as forrageiras que perdem mais lentamente o valor nutritivo (ex. leguminosas em geral) ou que apresentem maior proporção de folhas são as mais adequadas (Brachiarias e Panicuns de porte médio a baixo – cv. Piatã, Marandu etc.), especialmente quando se adota o diferimento do pastejo ou a vedação do pasto para produção de feno em pé. Plantas que produzem muitas hastes no terço final das águas (tardias ex. Panicum porte alto cv. Mombaça/Tanzânia, Brachiaria brizantha cv. Xaraés) levam a um baixo consumo ou a perdas de forragem sob pastejo. Alternativamente, há forrageiras de porte baixo e com valor nutritivo elevado (ex. B.ruziziensis cv. Comum; Cynodon spp. cvs. Coast-cross, Tifton-85), porém com baixa tolerância à seca por causa de condições (químicas e físicas) restritivas do solo. São poucos os cultivares (ex. Andropogon gayanus cv. Planaltina, P.maximum cv. Massai; B.humidicola cv. Comum;) com resistência a múltiplos estresses (pragas, doenças, seca, alumínio tóxico). Em geral, 04 estes capins extremamente adaptados ou tolerantes a estresses trazem consigo alguma outra limitação adaptativa, baixo valor nutritivo e fatores antinutricionais ou até mesmo menor patamar de produtividade. As atuais cultivares têm baixa tolerância ao sombreamento e experimentam reduções de mais de 50% na produtividade de forragem e na taxa de lotação, pois não foram selecionadas para este propósito. A rigor, a maioria das forrageiras foi desenvolvida para a criação de bovinos de corte e, posteriormente, ao lançamento faz-se a “extensão de uso” para outras modalidades e espécies animais, à medida que novos conhecimentos são incorporados. A escolha do cultivar mais adequado passa pela identificação do fator de maior restrição à produtividade de forragem e da capacidade de superação do mesmo pelas características intrínsecas ao cultivar ou pela capacidade de intervenção. Ademais, aspectos como a estrutura fundiária, a competição com outras atividades econômicas pelo uso da terra e a capacidade de investimento também podem ser determinantes. Quando o fator terra é extremamente restritivo e há competição com outras atividades, o caminho da intensificação passa pela adoção de forrageiras de elevada produtividade que, em geral, são mais demandantes de insumos para sustentar a produção. Quando há limitações de recursos para a formação e manutenção de pastagens, forrageiras propagadas por sementes e de menor exigência em fertilidade do solo, são mais adequadas. Todavia, dentre os fatores mais críticos destacam-se o tamanho do vazio forrageiro e a espécie animal. Para superar o vazio forrageiro, diversas práticas podem ser adotadas (conservação de forragem, vedação, suplementação com concentrados e volumosos etc.), mas uma das opções ligadas diretamenteao uso de plantas forrageiras, é aumentar a proporção de pastos novos (1-3 anos) na propriedade rural, uma vez no primeiro o crescimento dos capins é vigoroso, com a forragem tendo baixa proporção de material morto e as plantas permanecem verdes por mais tempo ao longo da estação seca. Com maior valor nutritivo, é possível diminuir os custos (quantidade e composição) com a suplementação na época seca. Uma forma de viabilizar tal estratégia seria por meio de consórcios de capins com espécies anuais (milho sorgo arroz) nas várias modalidades de sistemas integrados. Para tanto, forrageiras de crescimento inicial mais lento, precoces e/ou de porte mais baixo têm se comportado melhor nos consórcios por conta da menor interferência na produtividade de grãos. Quando a cultura anual é cultivada em consórcio para fins de produção de silagem, é possível utilizar a maioria das plantas forrageiras propagadas por sementes (Panicum, Brachiaria), haja vista que toda a massa será recolhida e ensilada. 05 A morfologia da planta forragem, especialmente o porte e a densidade de forragem, também devem ser considerados conforme a espécie ou categoria animal a ser explorada, bem como a existência de fatores antinutricionais (oxalatos em Panicum maximum; saponinas em Brachiaria spp.) que podem afetar o consumo e aceitabilidade da forragem. As avaliações das plantas forrageiras que resultarão no lançamento de uma nova cultivar ainda são realizadas em sua totalidade com bovinos de corte nas fases de recria e engorda. Por conta disso, a produtividade animal para outras espécies (ovinos, caprinos) ou tipos de exploração (leite) nem sempre são bem conhecidas. Plantas forrageiras mais prostradas e estoloníferas são mais resistentes ao pastejo e melhor pastejadas (colhidas) por ovinos e equídeos. A espécie forrageira (e.g. leguminosas), o cultivar, o ambiente de cultivo e o manejo do pastejo afetam o valor nutritivo da forragem. Há espécies e cultivares de forrageiras mais adequadas para o suprimento das exigências nutricionais dos animais em pastejo (Panicum > Brachiaria) e impactarão mais no desempenho animal. Por outro lado, quando o ambiente é restritivo ou naturalmente a planta apresenta menor valor nutritivo (B.humidicola cv. Comum, P.maximum cv. Massai), os ajustes no manejo do pastejo (menores períodos de descanso ou pastejo mais alto) poderão compensar. No geral, a variação na taxa de lotação afeta (linearmente) o desempenho animal por refletir a quantidade e qualidade da dieta selecionada em pastejo. Há uma preocupação recorrente e pertinente dos pecuaristas em relação ao valor nutritivo da forragem, em particular aos teores de proteína. Nesse sentido, para as faixas ótimas de manejo das forrageiras (entrada- saída / descanso) mais comuns, são poucas as diferenças entre as cultivares. Diferenças ocorrerão em situações mais extremadas como no sub ou superpastejo e estão associadas, também, a variações na proporção de folhas, hastes e de material morto na forragem disponível para os animais. Por simplificarem o manejo animal, forrageiras mais versáteis quanto ao uso e com faixa mais ampla de adaptação ao ambiente são as mais adequadas para propriedades com menor capacidade de gerenciamento e de monitoramento de estoques de forragem. Por sua vez, forrageiras que propiciam maior uniformidade de pastejo e menos perdas de forragem são desejáveis principalmente para sistemas com pastos de grandes dimensões e poucas divisões e para áreas manejadas com lotação permanente (“contínua”), bastante comuns em áreas de sistemas integrados (lavoura-pecuária). Assim, plantas de porte mais baixo e com 06 alta proporção de folhas (ex. B.decumbens, P.maximum cv. Massai), seriam mais adequadas. Para fins de conservação do solo em áreas de relevo mais recortado, forrageiras estoloníferas ou decumbentes são desejáveis. Já para fins de consorciação, plantas de porte mais baixo e de crescimento em touceiras propiciam menor competição por luz e espaço com as leguminosas herbáceas. Para situações em que há necessidade de minimizar riscos com a instabilidade climática, a introdução de forrageiras anuais (ex. milheto, caupi) na reforma/renovação de pastos ou até mesmo em pastos já estabelecidos é uma das formas de antecipar o uso sob pastejo e/ou de ampliar ao estoque de forragem para o outono-inverno (seca), graças à maior velocidade de crescimento das anuais. 07 2.b. Perfil das novas opções de gramíneas forrageiras da Embrapa Cultivares de Brachiaria spp. As cultivares de lançamento mais recente são adaptadas a solos de média a baixa fertilidade e para ambientes com alta estacionalidade da produção de forragem e seca prolongadas. Têm resposta eficiente ao uso de nutrientes aplicados em doses modestas. São versáteis, com múltiplos usos e têm manejo do pastejo facilitado, seja rotacionado ou contínuo, e mais adequadas para o uso na época seca. Algumas são mais adaptadas aos consórcios com leguminosas ou com cultivos anuais. Capim-Ipyporã: Brachiaria brizantha x B. ruziziensis cv. BRS RB 331 Ipyporã Região: Bioma Cerrado, com extensão de uso para os Biomas Amazônia e Mata Atlântica. Trata-se de um híbrido interespecífico que integra características produtivas e nutricionais da B.ruziziensis e de alta resistência às cigarrinhas das pastagens de uma B.brizantha. É, até então, a única cultivar de Brachiaria do Brasil com resistência (antibiose) às cigarrinhas do gênero Mahanarva (graúda, vermelha e preta), que vêm dizimando pastagens em vários locais do Brasil. Trata-se de uma planta de porte baixo (<60 cm), de touceira compacta, com folhas curtas, lanceoladas, largas e pilosas em ambas as faces: características herdadas principalmente da B.ruziziensis. Suas espiguetas (“sementes”) não são pilosas e as sementes são do mesmo tamanho que a cv. Marandu. Não é mais produtiva que a cv. Marandu ou Mulato 2 (Convert HD364), mas seu valor nutritivo é superior, dada a boa proporção de folhas tenras. O seu valor alimentício é bem diferenciado e permite compensar a menor taxa de lotação que é capaz de suportar, em comparação com a cv. Marandu, de tal forma que a produtividade animal por área não difere da cv. Marandu (Tabela 1). É, portanto, uma cultivar para sistemas ou manejos baseados em taxas mais moderadas e que privilegiam o ganho por animal e deve ser usada preferencialmente na fase de engorda e com categorias animais mais exigentes. Por conta de sua morfologia e porte, é uma planta de fácil manejo (rotacionado ou contínuo) e pode ser manejada de forma similar a cv. Marandu (30 – 15 cm). Em relação ao seu estabelecimento e manejo da adubação, também é similar à cv. Marandu. Ainda não há informações sobre o seu mérito com bovinos leiteiros, equídeos e pequenos 08 Capim-Paiaguás: Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás Região: Bioma Cerrado, em áreas pouco sujeitas a ataques de cigarrinhas. O capim BRS Paiaguás é uma excelente opção de Brachiaria brizantha para a diversificação de pastagens em solos de média fertilidade no Cerrado nas localidades sem histórico de problemas com cigarrinhas das pastagens. É uma planta de porte médio (<80 cm), muito assemelhada a uma B.decumbens, porém com caules mais finos, folhas totalmente lisas e mais eretas. Suas inflorescências e, por vezes os nós, são avermelhadas. Seu florescimento é mais precoce e suas sementes são menores, em comparação com a cv. Marandu. A cultivar foi selecionada com base na produtividade de forragem e animal, especialmente na época seca, quando mantem as folhas vivas por mais tempo e com maior valor nutritivo. Tem sistemaradicular melhor distribuído no perfil do solo. Comporta-se bem em solos arenosos e argilosos. Os pastos da BRS Paiaguás são de fácil manejo e possibilitam várias modalidades de uso (pastejo, feno em pé) e propiciam bom controle de invasoras sob pastejo mais intensivo. Os referenciais de manejo (30-15 cm) são similares aos da BRS Ipyporã e Marandu. Para o seu cultivo, as operações de preparo, correção, adubação e taxas de semeadura (3,5-5,0 kg/há de sementes puras viáveis; 3-5 cm) são as mesmas adotadas para B.brizantha cv. Marandu e B.decumbens atualmente. Pela sua morfologia e fisiologia, apresenta maior cobertura inicial do solo em plantios convencionais e em safrinha (sucessão), em comparação com a cv. BRS ruminantes, bem como em consórcio com leguminosas e cultivos anuais. Não tolera solos com drenagem deficiente. Tabela 1. Produtividade animal e composição bromatológica da forragem em pastos rotacionados (7 x 28 dias) de Brachiaria brizantha x B.ruziziensis cv. BRS RB331 Ipyporã e B.brizantha cv. Marandu no Cerrado. (Campo Grande, MS). 09 Piatã. Particularmente, em relação ao fósforo no plantio, tem demonstrado ser mais eficiente no uso do que a B.decumbens (braquiarinha) quando adotadas doses inferiores a 60 kg/ha de P2O5, o que sugere uma menor exigência em comparação com outras cultivares da mesma espécie. Pode ser considerada uma opção à B.decumbens, dado o seu comportamento na época seca, menor exigência em fósforo e susceptibilidade às cigarrinhas das pastagens (miúdas – Deois, Notozulia). Também tem se destacado como mais uma opção de forrageira para uso em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária, dada a sua baixa interferência na cultura do milho e grande acúmulo de forragem para a seca ou para a dessecação. O porte mais baixo e o ciclo mais precoce contribuem para a menor interferência nos consórcios com plantas anuais, quase sempre sem a necessidade de supressão de seu crescimento com herbicidas em pós- emergência. Ademais, sua dessecação requer baixas doses de glifosato , similares à B.ruziziensis. Desta forma, é também uma opção à B.ruziziensis nestes sistemas e para as áreas destinadas à produção de silagem de milho ou sorgo. Dada a sua morfologia (porte ) e ciclo (mais precoce), consorcia-se muito bem com leguminosas herbáceas (ex. Stylosanthes). Tabela 2. Produtividade animal (bovinos) e composição bromatológica da forragem em pastos de Brachiaria brizantha no Cerrado. (Campo Grande, MS). Média de três anos. Capim-Piatã: Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã Região : Bioma Cerrado, transição Cerrado – Amazônia, Mata Atlântica e Região Sudeste. A BRS Piatã é uma cultivar bastante versátil adaptada a solos arenosos ou argilosos de média a alta fertilidade da faixa tropical. Por ocasião de 10 seu lançamento, foi apresentada como opção para diversificação e alternativa aos cvs. Marandu e Xaraés. Tem bom estabelecimento, mas apresenta crescimento inicial mais lento que as cv. Marandu e Xaraés, o que veio a favorecer o seu em uso em consórcio com leguminosas herbáceas e culturas anuais, sendo hoje recomendada também para sistemas integrados (ILP) e para consórcio com milho nas áreas destinadas à produção de silagem. Em comparação com a cv. Marandu, suas plantas apresentam touceiras menores, têm porte mais alto (~1,1m), caules mais finos e mais longos, e suas lâminas foliares são estreitas e não têm pelos, mas são levemente ásperas. A bainha foliar apresenta poucos pelos. Tem florescimento mais precoce e concentrado que a Marandu e é uma boa produtora de sementes com inflorescências com muitos racemos (>8) bem horizontais. As espiguetas são roxas nas pontas e sem pelos. Avaliações realizadas em diversas regiões pecuárias do Brasil Central mostraram que a sua adaptação (clima e solo) é similar aos capins Marandu e Xaraés, apresentado boa distribuição estacional. Em relação à produtividade animal apresenta comportamento similar ao capim Marandu tanto na estação chuvosa como na estação seca. Todavia, em relação à taxa de lotação, não supera a cv. Xaraés, a exemplo do que ocorre com a Marandu (Tabela 3). Porém, dada a maior presença de folhas e caules mais finos e ao valor nutritivo de sua forragem, supera em produtividade anual de carne (kg peso vivo/ha) a cv. Xaraés, mesmo em lotações rotacionadas. Sabe-se que a cv. Xaraés ainda é a Brachiaria que suporta maiores taxas de lotação. Também vem sendo utilizada por bovinos de leite, em pastos renovados com maior frequência, respondendo bem à adubação nitrogenada de manutenção (<150 kg/ha). Deve ser manejada um pouco mais alta que a cv. Marandu em rotação (40 – 20 cm) ou em lotação contínua (25-35 cm). Por suas características morfológicas (caules finos e boa proporção de folhas) e fenológicas (precoce), é também adequada para a produção de feno em pé (vedação). Na vedação, adotar adubações mais leves para reduzir o risco de acamamento decorrente de crescimento excessivo. Para a sua formação, adotar taxas de semeadura (350-500 pontos/ha de valor cultural) e práticas utilizadas para a formação de pastos de cv. Marandu ou BRS Paiaguás. É resistente às cigarrinhas típicas de pastagens, mas não tolera solos com drenagem deficiente ou encharcados, bem como o sombreamento. 11 Tabela 3. Produtividade animal (bovinos) e composição bromatológica da forragem em pastos de cultivares de Brachiaria brizantha recomendados para o Cerrado. (Campo Grande, MS). Capim – Tupi : Brachiaria humidicola cv. BRS Tupi Recomendação: Bioma Cerrado e Amazônia A BRS Tupi é uma cultivar de Brachiaria humidicola mais produtiva e de estabelecimento mais rápido para formação de pastagens em solos de baixa fertilidade (arenosos ou argilosos) dos Biomas Cerrado e Amazônia. O estabelecimento de pastos com forrageiras desta espécie é extremamente lento, se comparado com outras espécies de Brachiaria. Também é adaptada a solos com drenagem deficiente ou alagamentos temporários (baixadas) e apresenta tolerância às cigarrinhas das pastagens, sendo uma opção para diversificação. Além de bovinos, é utilizada na alimentação de equídeos . Trata-se de uma cultivar mais adaptada a ambientes marginais, sendo uma opção à cv. Llanero (Dictyoneura) e à B.humidicola cv. Comum, as quais são típicas de sistemas com baixo uso de insumos e com baixa resposta à adubação. Tem crescimento prostrado, inicialmente, por meio de estolões, e cespitoso, quando totalmente estabelecida. Apresenta mais estolões e perfilhos maiores que a Brachiaria humidicola cv. Comum. Sua bainha foliar apresenta tricomas (ausentes na cv. Comum) e suas anteras são amarelas (roxas nas demais cultivares) e suas espiguetas são pilosas. A baixa produtividade de sementes, viáveis e dormentes, inerente aos cultivares desta espécie, eleva sobremaneira o custo de formação de suas pastagens. Todavia, são pastagens bastante longevas dada a alta resistência ao pastejo e à baixa exigência em fertilidade do solo. É hospedeira, porém é mais tolerante às cigarrinhas-das-pastagens, em comparação com a cv. Comum. Nas avaliações sob pastejo no Cerrado, na Amazônia e na Mata Atlântica, 12 apresentou taxa de lotação e produtividade animal iguais ou superiores à humidicola comum, sobretudo na seca. Sua forragem possui maior participação de folhas. Nos três anos de avaliação no Cerrado, apresentou produtividade animal 15% superior à da humidicola comum, por conta da maior taxa de lotação nas águas e maior desempenho animal na seca (Tabela 4). Pode ser manejada sob lotação contínua pesada, desde que mantidas alturas entre 10-20 cm. Para compensar o seu menor valor alimentício,o consórcio com leguminosas ou períodos de descanso menores são recomendados. Juntamente como capim-andropogon, a B.humidicola é a planta de menor exigência em termos de fertilidade. Dado o custo da semente e menor velocidade de formação dos pastos (segundo ano em diante), pecuaristas têm feito a semeadura em consórcio com outras gramíneas de sementes mais baratas para reduzir custos e antecipar os primeiros pastejos. Após, o colapso das mesmas, a B.humidicola seria a espécie sucessora na pastagem. Seu grande apelo é a rusticidade e a possibilidade de formar pastos por meio de sementes em áreas sujeitas a alagamentos temporários. Tabela 4. Produtividade animal (bovinos) em pastos de cultivares de Brachiaria humidicola recomendados para o Cerrado. Cultivares de Panicum e de Pennisetum Por conta de seus atributos forrageiros e potencial produtivo, as cultivares de Panicum maximum (“capins coloniões”) e de Pennisetum purpureum (“capins elefante”) estão associadas a sistemas intensivos com grande ênfase na elevação na taxa de lotação mediante maiores aportes de insumos na implantação e na manutenção das pastagens, estando associado a solos de maior fertilidade. São cultivares que amplificam os efeitos da estacionalidade da produção de forragem e que apresentam respostas produtivas lineares à adubação nitrogenada (<200 kg N/ha). São forrageiras ideais para a fase de engorda (exceto cv. Massai) de bovinos de corte e para produção de leite a pasto. São opções preferenciais para pastos irrigados em regiões mais quentes. 13 Por conta da elevada produção de forragem, exigem gerenciamento da produção. Também são bastante utilizadas para produção de forragem para corte (capineiras) e fornecimento verde ou para conservação na forma de silagem e, mais recentemente, de biomassa energética para queima. Particularmente, é elevado o custo de implantação de pastos e capineiras com cultivares de Pennisetum purpureum, dada a propagação vegetativa. Há cultivares propagados por sementes, mas o custo das mesmas ainda é elevado e a persistência e a produtividade são menores, em comparação com os clones propagados por estacas/mudas. Capim – Quênia: Panicum maximum cv. BRS Quênia Região : Bioma Cerrado e Amazônia Híbrido de Panicum maximum lançado em 2017, a BRS Quênia foi desenvolvida para suprir a demanda por uma cultivar forrageira para sistemas intensivos, com equilíbrio entre alta produtividade de forragem e maior valor nutritivo (Tabela 5). É uma forrageira de porte alto, mas inferior ao cv. Mombaça, com maior número de perfilhos mais finos, colmos mais tenros, folhas mais estreitas e mais macias que favorecem a apreensão da forragem e facilitam o manejo do pasto, pois propicia melhor rebaixamento que no cv. Mombaça. De modo que o seu manejo é um pouco mais simples, com uma faixa de altura de entrada e saída dos animais mais estreita (70-35 cm). Tem florescimento mais precoce que os demais cultivares de porte alto (Tanzânia e Mombaça). É similar ao cv. Mombaça em termos de exigências nutricionais e práticas culturais para a sua formação. Apresenta resistência à doença foliar (Bipolaris ) e resistência a cigarrinhas, de forma similar ao Mombaça. Todavia, não tolera encharcamento do solo, mesmo que temporário, sendo extremamente sensível. Na avaliação do desempenho de bovinos de corte sob pastejo em Mato Grosso do Sul (Tabela 6), para taxas de lotação similares, a cv. BRS Quênia propiciou maior ganho de peso diário e maior produção anual (+17%) de carne por área que a cv. Mombaça, o capim mais produtivo do portfólio de forrageiras propagadas por sementes da Embrapa. Ainda não foram geradas informações com bovinos leiteiros, mas a perspectiva é que o desempenho também venha a ser superior. Para sustentar altas produtividades e taxas de lotação, adubações de manutenção serão extremamente necessárias. Mais informações sobre este cultivar disponíveis em Jank et al. (2017). 14 Tabela 5. Produtividade de material seca total (PMS Total) e de lâminas foliares (PMS 'Folhas') e valor nutritivo (Proteína bruta - PB e digestibilidade – DIVMO) da forragem de cultivares de Panicum maximum no Cerrado (Embrapa Cerrados, Planaltina-DF) Tabela 6. Produção animal (bovinos) e taxa de lotação em pastos de cultivares de P.maximum recomendados para o Cerrado manejados sob lotação rotacionada (5 x 25 dias nas águas; 7 x 35 na estação seca). Média de 3 anos. Campo Grande, MS. Capim-Zuri : Panicum maximum cv. BRS Zuri Recomendação: Bioma Cerrado e Amazônia. Extensão de uso em andamento para o Bioma Mata Atlântica. Trata-se de um cultivar de porte alto e de elevada produtividade de forragem para sistemas intensivos de produção animal a pasto. Assim como o BRS Quênia, a BRS Zuri também se destacou no âmbito do Cerrado (Tabela 5) por produtividades equivalentes àquelas do cv. Mombaça , mas bem superiores às registradas com o capim-Tanzânia. É uma planta de porte alto, com perfilhos mais largos e folhas verdes de cor intensa e também bem largas. As sementes/espiguetas são verdes e maiores, em comparação com outras cultivares. Dada à alta resistência às doenças foliares, o posicionamento inicial do cv. BRS Zuri no mercado (2014) foi para suceder rapidamente o cv. Tanzânia, o qual passou a não ser mais recomendado. Todavia, o BRS Zuri apresentou produtividade animal maior que os cv. Tanzânia e Mombaça, tanto no Bioma Cerrado como no Bioma Amazônia. No Cerrado, não ocorreram diferenças na 15 taxa de lotação e sim no desempenho animal, em comparação com a cv. Mombaça (Tabela 7). Dado o porte mais alto e potencial produtivo, deve ser manejado com lotação rotacionada, tendo 80 e 40 cm como as alturas de entrada e de saída dos animais , respectivamente, nos piquetes. A despeito de sua morfologia, o rebaixamento de pastos da cv. BRS Zuri pelosa animais em pastejo não é mais complexo que o do cv. Tanzânia ou do cv. Mombaça. Em relação ao seu plantio, as práticas culturais e a adubação são semelhantes às adotadas para o cv. Mombaça, sendo um capim igualmente exigente em termos de adubação. Todavia, mais recentemente, tem-se observado que esta cultivar, em regime de sequeiro, é a que melhor tem respondido à adubação nitrogenada em solo de Cerrado. Não se diferencia dos demais cultivares em relação à resistência às cigarrinhas ou comportamento na época seca. Tabela 7. Produção animal (bovinos) e taxa de lotação em pastos de cultivares de P.maximum cv. BRS Zuri e Mombaça manejados sob lotação rotacionada Campo Grande, MS. Capim-Tamani: Panicum maximum BRS Tamani Recomendação : Bioma Cerrado A BRS Tamani é uma cultivar híbrida adaptada ao Cerrado, de porte baixo (<1,3 m), colmos finos e folhas estreitas, com touceiras compactas e elevada densidade de perfilhos com alta proporção de lâminas foliares. Com estas características, apresenta excelente cobertura do solo, maior valor nutritivo em sua forragem e grande facilidade e flexibilidade no manejo do pastejo. Ele é bastante assemelhado com o capim Massai, porém tendo como grande diferencial o valor alimentício de sua forragem que propicia maior ganho diário de peso vivo. O BRS Tamani apresenta menor pilosidade na lâmina foliar e ausência de pelos na bainha foliar, em comparação com o Massai. Ambos têm florescimento precoce, e as espiguetas do BRS Tamani são roxas, enquanto que a do Massai é verde-marron. O porte baixo e o maior valor nutritivo, inclusive na entrada da seca, trazem flexibilidade de uso para outras espécies 16 (ovinos, caprinos, equídeos) e categorias animais mais exigentes (engorda, bezerros) e outras modalidades de uso (fenação,vedação, diferimento), inclusive para fins de consorciação com culturas anuais (baixa interferência) e leguminosas herbáceas (baixo sombreamento). É fato, porém, que o BRS Tamani não apresenta a mesma rusticidade que a cv. Massai em relação às exigências nutricionais na fase de manutenção das pastagens, bem como em relação à velocidade de rebrotação no início das chuvas. Nos pastos da cv. BRS Tamani é priorizado o desempenho animal (naturalmente) e no cv. Massai o mérito zootécnico decorre do suporte a maiores taxas de lotação ou dias de pastejo, especialmente quando o período de descanso diminui. Foi avaliado sob manejo com lotação rotacionada (> 7 x 21 dias) ou alternada (28 x 28 dias) e, consistentemente, propiciou maior desempenho animal que o cv. Massai. Tem altura de entrada e saída dos animais um pouco inferior àquela recomendada para cv. Massai (50 – 25 cm). Sabe-se que é bem consumido por bovinos de leite, ovinos e equídeos, mas ainda não existem informações sobre o desempenho produtivo dos mesmos, bem como em relação ao sombreamento. Por conta de seu porte, não é capaz de responder a adubações nitrogenadas da mesma forma que as cultivares de porte mais alto (Ex. BRS Zuri. BRS Quênia e Mombaça). Apesar de suas sementes serem menores, adota-se a mesma taxa de semeadura e demais práticas culturas das outras cultivares de P.maximum. Em relação às machas foliares, o BRS Tamani é mais sensível que os cv. BRS Zuri e Mombaça (mais resistente), porém bem menos sensível que a cv. Tanzânia (muito susceptível). É resistente às cigarrinhas típicas das pastagens (Deois e Notozulia) e bastante sensível ao encharcamento ou alagamento, mesmo que temporário. Sua forragem pode ser dessecada bem mais facilmente, com doses menores, que aquelas adotadas para o capim Massai. Tabela 8. Produtividade animal (bovinos) em pastos de cultivares de Panicum maximum manejados sob pastejo alternado (28 x 28 dias) no 17 Figura 1. Ganho de peso acumulado por bovinos de corte em pastos de capim cv. BRS Tamani e cv. Massai sob lotação rotacionada (7 x 21 dias). Planaltina-DF (Dezembro de 2013 a agosto de 2014). Fonte: G.J.Braga (não publicado). Capim-elefante: Pennisetum purpureum cv. BRS Canará; BRS Capiaçu e BRS Kurumi Recomendação: Bioma Cerrado e Amazônia (BRS Canará e BRS Kurumi), Mata Atlântica (BRS Canará, BRS Capiaçu, BRS Kurumi) Os cultivares desta espécie têm o mais alto potencial produtivo dentre as forrageiras tropicais. São plantas para sistemas intensivos no uso de insumos e que demandam alta produtividade de forragem na estação chuvosa em solos de alta fertilidade. São ideais para uso na pequena propriedade e para a produção de excedentes de forragem para fins de conservação para uso na época seca. Sua forragem verde picada ou conservada é bastante versátil para a utilização por bovinos de corte, equídeos e ovinos, pois não apresentam fatores antinutricionais. Os cultivares são igualmente susceptíveis às cigarrinhas das pastagens e não toleram alagamento. Há muitas cultivares tradicionalmente para uso como capineira, porém os cvs. BRS Canará e BRS Capiaçu (ambos de porte alto, bem eretos, sem joçal) superaram as principais cultivares de referência no Cerrado e na Mata Atlântica. No Cerrado do DF, para uso como capineira, eles se equiparam em produtividade de forragem. Comumente, os cultivares são manejados sob cortes a cada 60 dias . No Cerrado, o cv. BRS Canará 18 produziu cerca de 6 t/ha de massa seca por corte (Tabela 9), 40 % acima da produção do cv. Napier (mais adotada na região). Não são produtividades muito elevadas, pois o comprimento da estação chuvosa é menor e a adubação adotada não foi das mais elevadas (<200 kg N/ha). O cv. BRS Capiaçu é mais adequado para a produção de silagem porque sua forragem não perde qualidade tão acentuadamente com a maturidade, como outras cultivares. Esta característica é um grande diferencial, pois no manejo das áreas de produção de silagem geralmente as plantas são colhidas mais maduras (mais velhas) para melhorar a fermentação e aumentar o rendimento de massa ensilada. Além disso, as plantas de BRS Capiaçu têm perfilhos mais eretos, grossos e a touceira compacta e melhor definida, facilitando a operação de colheita mecanizada e com boa resistência ao tombamento (Pereira et al., 2016). Na estação chuvosa, sua forragem deve ser cortada entre 50 e 70 dias ou com menos de 3,0 m para fornecimento picado no cocho. No Bioma Mata Atlântica, com 70 dias de crescimento na estação chuvosa, produz cerca de 13,0 t/ha/corte de massa seca de forragem com 7,7 % de proteína bruta. Para a produção de silagem, a planta deve ser colhida mais madura (90-110 dias ou 3,5-4,0m), com acúmulo de 20 t/ha de forragem com pouco mais de 5,0 % de proteína bruta, que poderá resultar em silagem superior, em qualidade, à silagem de cana, mas inferior à silagem do milho. Todavia, dada à elevada produtividade, sua silagem é muito mais competitiva em termos de custos que as silagens de milho ou de cana-de- açúcar, a despeito da maior necessidade de suplementação concentrada para fornecimento aos animais de produção. Para suprir a necessidade de um cultivar para pastejo direto, foi desenvolvido o capim-elefante anão cv. BRS Kurumi. Seus entre-nós são muito curtos, sua touceira é baixa, com boa cobertura do solo, forragem compacta e, naturalmente, com elevada produção e proporção de lâminas foliares (Tabela 9), o que favorece o aproveitamento da forragem de maior valor nutritivo pelos animais em pastejo. Vem sendo utilizada sob pastejo rotacionado (alturas entre 80-40 cm) com gado leiteiro, principalmente na região sul do Brasil e no Bioma Mata Atlântica. Na região sul, sua produtividade de forragem é o dobro (16 t/ha) da registrada pelo cv. Mott. No Cerrado, sob regime de cortes, a sua produtividade é menor que a obtida pelos cultivares de porte alto (Tabela 9). A propagação do cv. BRS Kurumi também é vegetativa, mas é mais morosa e onerosa, pois a produção de hastes maduras é pequena para o plantio convencional (pé com ponta e colmos deitados). Como 19 alternativa, o seu plantio vem sendo feito com mudas enraizadas desenvolvidas em viveiros a partir de segmentos de caule (com gemas). Desta forma, cada haste madura coletada no campo, possibilita a produção de várias mudas que são transplantadas num espaçamento maior (80 cm). Tabela 9. Produção de material seca total (PMS Total), hastes (PMS Hastes) e folhas (PMS 'Folhas') de cultivares de capim Elefante (dezembro de 2006 a maio de 2008) (Planaltina, DF). Total de 5 cortes ao longo de duas estações chuvosas. (Embrapa Cerrados, Planaltina-DF) 20 3. Leguminosas forrageiras 3.a Generalidades Uma análise de todos os benefícios diretos e indiretos do uso de leguminosas forrageiras em sistemas de produção animal a pasto sempre sugere que o cultivo das mesmas deveria ser algo mais generalizado. No entanto, os baixos volumes de sementes comercializados, o alto preço das mesmas e o limitado número de pecuaristas usuários destas cultivares explicitam que ainda são tecnologias de baixo apelo ou desconhecidas. Adicionalmente, os frequentes casos de insucesso e expectativas frustradas, mesmo por parte de entusiastas, contribuem para um quadro de baixa adoção. Em grande parte, os fracassos decorrem do desconhecimento acerca das limitações (adaptativas) das cultivares, de problemas no estabelecimento e, principalmente, no manejo do pastejo das mesmas. Em geral, também, são estabelecidos patamares muito elevados de expectativa acerca dos inúmeros benefícios que poderão advir paraa alimentação animal, para o solo e, quando em consórcio, para os capins. Afinal, são plantas mais ricas em proteína e alguns minerais, cuja forragem é melhor digerida/aproveitada pelos animais e ainda, como alguns suplementos, favorecem o aproveitamento de volumosos ou forrageiras de menor valor nutricional. Mais ainda: “produzem” o seu próprio nitrogênio e ainda compartilham com as plantas acompanhantes, sem gasto energético convencional para a produção e sem problemas ambientais associados. Ou seja, funcionalmente e ambientalmente ideais e desejáveis. No entanto, falta o pleno conhecimento de que são plantas cuja morfologia e fisiologia são muito divergentes e bem menos adaptadas ao pastejo do que os capins. Leguminosas, em geral, possuem menos pontos de crescimento (rebrotação) e mais expostos ao estresse do pastejo (pisoteio, desfolhação), em comparação com os capins. Sua fisiologia (ciclo C3) e morfologia sempre resultarão em menor crescimento e menor produtividade, o que gera resulta em associações extremamente instáveis e pouco longevas quando se faz a opção por leguminosas em consórcio. É necessário, portanto, reconhecer que essencialmente são plantas de menor potencial produtivo (menos forragem e menor taxa de lotação), menos resistentes ao pastejo (menor lotação e menos duradouras) e que as associações com capins resultarão em “conflitos” (interferências e competição) que necessitarão ser gerenciados mediante um esmerado monitoramento da condição da pastagem e do manejo dos animais (ajustes da lotação). Logo, por mais que as leguminosas forrageiras possam ser consideradas soluções ou opções tecnológicas de baixo 21 custo, por não demandarem nitrogênio mineral e outros insumos, são, a rigor, altamente demandantes de ações “gerenciais” (=custos) deste a fase de estabelecimento (monitoramento e ajustes). Outro aspecto relevante, é que o superpastejo ou excesso de lotação nas pastagens com leguminosas resulta em rápido declínio na produtividade e na participação das mesmas nos pastos. Saliente-se ainda que, em geral, para as leguminosas o superpastejo já ocorre com taxas de lotação abaixo daquelas consideradas críticas para os capins. Logo, são plantas mais voltadas para sistemas extensivos, com menor taxa de lotação e que privilegiam o desempenho animal (ganho por animal), dado o maior valor nutritivo da forragem (proteína, digestibilidade), especialmente em momentos críticos. Assim, é equivocado supor que leguminosas elevarão de forma expressiva a taxa de lotação ou a capacidade de suporte dos pastos, mesmo ocorrendo fixação e incorporação de nitrogênio ao solo. Em geral, as mudanças na taxa de lotação são de até 10%. Outras considerações sobre as leguminosas: a) Dado o crescimento mais lento, as leguminosas expressar o seu maior potencial a partir do segundo ano, o que torna muito crítico o manejo na fase de estabelecimento (primeiro ano). b) Leguminosas menos palatáveis na estação chuvosa e/ou com maior retenção de folhas na seca são ideais para atenuar a estacionalidade da produção e do valor nutritivo da forragem na época seca. C) Leguminosas mais palatáveis devem ser manejadas com lotação rotacionada para que possam se recuperar do estresse pós pastejo. D) Leguminosas exigem maior controle de invasoras folhas largas na fase anterior ao plantio e emergência, pois muitos dos herbicidas utilizados em pastos formados são letais para as leguminosas. E) Em geral, leguminosas herbáceas são susceptíveis ao fogo e apresentam maior risco; f) Para suprimir a competição por luz e conferir maior resistentes ao pastejo deve-se dar preferência por leguminosas arbustivas nas consorciações com capins de porte alto, capins muito agressivos ou para sistemas extensivos com maior lotação animal; g) Optar por leguminosas de valor nutritivo elevado quando o objetivo for melhorar o desempenho animal na estação chuvosa. h) As leguminosas equivalem a suplementos protéicos de efeito aditivo. I) Para uma primeira experiência na adoção de leguminosas, deve-se optar pelo uso na forma de banco de proteína para reduzir riscos no estabelecimento e evitar o manejo permanente da competição com o capim. J) Após o desaparecimento das leguminosas na pastagem ou no banco de proteína ainda haverá um efeito residual sobre a produtividade da área; k) Uma participação da leguminosa superior a 20% é desejável para que ocorram impactos no âmbito da nutrição dos animais em pastejo e da reciclagem de nitrogênio solo; l) o plantio de 22 misturas (coquetel) de leguminosas é uma forma de ter uma melhor distribuição anual da produção da forragem; m) leguminosas arbustivas têm maior custo de implantação, porém são mais persistentes ; n) Para a maioria das leguminosas disponíveis no mercado, a ressemeadura natural não é o principal mecanismo de persistência, sendo crítica a população inicial de plantas(foco na formação/estabelecimento). O) Quanto menor o valor nutritivo da forragem do capim, maior a importância da leguminosa com fonte de nutrientes suplementares, mas o impacto no desempenho também dependerá diretamente do valor nutritivo do capim (se muito baixo, menor o impacto). P) leguminosas perdem o valor nutritivo com o tempo, porém em ritmo menor. q) ambientes ou manejos que restringem o crescimento dos capins, acabam por favorecer o crescimento da leguminosa numa consorciação; r) mesmo as leguminosas pouco exigentes em correção e adubação do solo, necessitam de algum suprimento no plantio para que a simbiose e a fixação de N sejam efetivas. 3.b. Banco de proteína Bancos de proteína são áreas cultivadas com leguminosas adaptadas ao pastejo e às condições de clima e solo visando ao fornecimento de forragem suplementar de maior valor nutritivo especialmente em relação ao suprimento de proteína, na estação seca ou chuvosa, para bovinos criados em pastagens cultivadas ou em pastagens nativas. Na época seca, a forragem produzida e estocada nos bancos diminui a escassez de alimento decorrente da estacionalidade climática da produção e, principalmente, compensa a drástica redução no teor de proteína na forragem dos capins, elevando a produtividade do rebanho ou evitando que os animais percam peso, em comparação com os animais mantidos exclusivamente em pastos com capim. Isto por conta da superioridade nutricional da forragem da leguminosa e de um melhor aproveitamento pelos animais da forragem seca de menor qualidade. Idealmente, as forrageiras mais tardias e com maior tolerância à seca (retenção de folhas) são as mais indicadas (Cratylia, Guandu, Stylosanthes guianensis), com efeito similar a uma suplementação protéica de baixo consumo de efeito aditivo e com algum efeito substitutivo. Similarmente, na estação chuvosa, a forragem de maior qualidade da leguminosa eleva o consumo e o desempenho animal , também equivalendo a um suplemento com efeito aditivo. Neste caso, deve-se preferir forrageiras de elevado valor nutritivo e produtividade (ex. Leucaena) As espécies e cultivares de forrageiras mais recomendadas (ex. Stylosanthes, Leucaena) dependerão da época do ano em que se 23 pretende fazer uso da forragem acumulada, do solo e da região. O banco de proteína também é especialmente adequado por simplificar o manejo do pastejo das leguminosas em comparação com aquele das pastagens consorciadas. Uma crítica aos bancos de proteína destinados à utilização na seca decorre do período restrito (4-6 meses seca) em que ele está disponível para os “saques” (pastejos seca) e ao longo período de “depósitos“ (estação chuvosa), imobilizando áreas expressivas (20-30% ou 1ha para cada 5 há de pasto) por um grande período , por conta crescimento lento da leguminosa e momento em que ocorre o acúmulo de forragem. Então, o ideal seria que os bancos fossem instalados em locais da propriedade que sejam os mais marginais ao crescimento dos capins e/ou que ainda não foram incorporados ao sistema de produção da fazenda. Mesmo na condição de monocultivo, bancos de proteína com leguminosas herbáceas tendem ao colapso dentro de algum tempo (2-5 anos). Gradativamente, plantas de capim começam a invadir os espaços abertos e o banco torna-se um pasto consorciado. E ao final do ciclo de vida, um pasto exclusivo de capim. Como a leguminosa proporciona benefícios para o solo, é desejável que os bancos de proteína sejam itinerantes na propriedade para que os efeitos da ciclagem de nutrientes no solo não fiquem restritos a um só local na propriedade. O impacto da adoção de bancos de proteína sobre a produção animal dependerá da leguminosa e do valor alimentício da gramínea e da época do ano. Em bovinos de corte em ambiente com seca prolongada (6 meses), bancos de proteína de S.guianensis proporcionam pequenos ganhos de peso (<200 g/dia) ou impedem que os animais venham a perder peso na época seca (figura 2). Com o banco de proteína é possível manter lotações maiores (apesar de modestas) na época seca, em comparação com pastos consorciados (figura 3). Para bovinos leiteiros, o impacto direto na produção de leite também é de pequena magnitude (<10 % aumento) e dependente da dieta basal (volumoso e concentrado), patamar de produção animal e do rigor da seca, influenciando no estoque e valor nutritivo da forragem do banco. O benefício tem sido mais indireto com a redução no uso de concentrados e no consumo de silagem (kg silagem / kg leite) (Galdino et al., 2016). 24 Figura 2. Ganho de peso de tourinhos da raça Nelore recriados em pastagens renovadas e com acesso a leguminosas no Cerrado (Planaltina- DF). O acesso ao banco de proteína ocorreu somente no período seco do ano (abril a outubro). Fonte : L.Vilela & A.O. Barcellos (não publicado), citado em Ramos et al. (2004). Figura 3. Ganho de peso de novilhos Nelore e taxa de lotação em pastagens de Brachiaria decumbens consorciada com Stylosanthes guianensis cv. Mineirão e em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu suplementadas na seca com banco de proteína de Mineirão. (Planaltina-DF). O acesso ao banco de proteína ocorreu somente no período seco do ano (abril a outubro). Fonte : Barcellos e Vilela (2001). 25 3.c. Pastagens consorciadas O cultivo numa mesma área de uma gramínea forrageira com uma ou várias leguminosas forrageiras é considerado um consórcio. O interesse por este tipo de combinação de plantas decorre do maior valor nutritivo das leguminosas, especialmente em relação aos teores de proteína na forragem, e da capacidade das leguminosas incorporarem nitrogênio ao solo, contribuindo para a produtividade da pastagem e para a economia no uso de fertilizantes nitrogenados. É mais frequentemente adotada em sistemas extensivos de produção animal a pasto e em sistemas de base agroecológica. Pastagens consorciadas (gramíneas e leguminosas) apresentam maior produtividade animal e maior sustentabilidade na produção de forragem por conta por propiciarem uma dieta mais rica em nutrientes e o suprimento de nitrogênio para o solo e plantas forrageiras. O equivalente em fertilizantes nitrogenados que as pastagens consorciadas podem proporcionar é variável conforme a planta forrageira, o ambiente de cultivo e o manejo adotado. Como regra geral, quanto maior a produção de forragem pela leguminosa e maior a participação da mesma no consórcio, maior a incorporação de nitrogênio para o sistema. Daí, a preocupação em se ter um bom manejo das plantas para uma maior longevidade produtiva das mesmas. Para tanto é fundamental conhecer as recomendações de manejo, a compatibilidade entre espécies e as limitações da cultivar de leguminosa em uso no consórcio. Além de serem verdadeiras biofábricas de fertilizantes nitrogenados, as plantas de leguminosa apresentam sempre maiores concentrações de proteína em sua forragem, em comparação com os capins, em qualquer época do ano, bem como uma maior concentração de outros nutrientes, como o cálcio, que favorecem a um melhor desempenho dos animais quando ingerem este tipo de forragem pura ou combinada com a forragem dos capins consorciados. Esta superioridade nutricional das leguminosas é vantajosa, sobretudo na época em que o valor nutritivo dos capins diminui consideravelmente (ex. outono inverno) ou quando a gramínea acompanhante é naturalmente de menor valor alimentício (Ex. Andropogon, Brachiaria humidicola, Capim-Massai). As leguminosas em consórcio são verdadeiramente suplementos protéicos de baixo custo. O impacto das consorciações na produção animal a pasto dá-se pelo aumento no desempenho ou ganho por animal, sendo superior em 30 % em relação aos pastos puros ou não consorciados. É possível estabelecer pastagens consorciadas com leguminosas com o propósito de impactar 26 na produtividade animal na época chuvosa e/ou na época seca. Para tanto, existem plantas de diferentes portes (herbáceas, arbustivas), com diferentes hábitos de crescimento (prostradas, eretas), com diferentes graus de aceitação pelos animais na época das águas e das secas e com diferentes graus de adaptação à fertilidade dos solos e aos rigores do clima, com diferentes custos de implantação e capacidade de convivência com o mau manejo. As leguminosas arbustivas (ex. Leucena, Guandu, Gliricidia), por conta de seu porte mais alto são mais indicadas para consórcio com gramíneas de porte mais alto e que são forte competidoras por luz. Também são recomendadas para propriedades em que o manejo do pastejo animal não é bem controlado, haja vista serem mais resistentes ao pastejo mais severo. Leguminosas herbáceas (ex. estilosantes) são mais adequadas para consórcio com capins menos agressivos e de porte mais baixo, exigindo maior controle da quantidade de animais no pasto e da competição com a gramínea. Para que os benefícios para a produção animal ocorram na estação chuvosa, geralmente são utilizadas leguminosas com alta capacidade de crescimento nas chuvas e bem palatáveis (ex. Leucena, amendoim- forrageiro, soja-perene). Por sua vez, para a época seca são recomendados consórcios com plantas com maior tolerância à seca e com menor aceitação e consumo na estação chuvosa (ex. Cratylia argentea, estilosantes, calopogônio, guandu). Em todas as situações, o maior compromisso a ser estabelecido pelos pecuaristas deve ser com o bom gerenciamento do pastejo, crucial para a produtividade e a persistência da leguminosa. Para tanto, faz-se necessário o conhecimento dos principais atributos e limitações das cultivares para esta modalidade de uso mais frequente e de maior impacto em sistemas extensivos. Cultivares de leguminosas Há inúmeros cultivares de leguminosas forrageiras registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para comercialização formal. Todavia, são limitadas as opções com boa oferta de sementes com preços mais competitivos e compatíveis com o referencial estabelecido pelos capins. Neste contexto, há maior disponibilidade de sementes de Stylosanthes e de guandu (Cajanus cajan). Dado o menor tamanho do mercado e à carência de cultivares mais especializados para regiões e sistemas, a maioria dos cultivares é ofertada como plantas generalistas, o que contribui para alguns insucessos. No âmbito da Embrapa, o catálogo de leguminosas forrageirasainda é muito restrito, mas passará por uma rápida expansão e diversificação. Os diferenciais de alguns cultivares atuais e de espécies 27 com lançamento iminente são apresentados a seguir. Guandu Mandarim – Cajanus cajan cv. BRS Mandarim Recomendação: Bioma Cerrado e Mata Atlântica Arbusto de porte alto, ereto , tardio e com elevada produtividade de massa para uso forrageiro na transição água-seca e na seca ou como adubo verde . De fácil plantio, tem rápido estabelecimento (comparado com outras leguminosas) e baixa aceitação pelos animais na época chuvosa, o que favorece o seu estabelecimento em consórcio. Seu plantio pode ser feito em faixas ou em área total. Tem média exigência em termos de correção e adubação. É bastante eficaz na recuperação e enriquecimento de pastos degradados. Também tem sido cultivado em consórcio com cultivos anuais (milho, sorgo) e forrageiras perenes (Brachiaria) visando a enriquecer com proteína o material ensilado ou fenado. Por ser uma arbustiva, resiste bem ao pastejo o que favorece o seu manejo e persistência. Apresenta maior longevidade que outras cultivares (3-4 anos) de guandu. A biomassa acumulada nas águas pode ser roçada para adubação verde dos capins em consórcio. Também pode ser utilizado no processo de renovação de talhões de cana de açúcar e para restringir o crescimento de alguns nematóides. A sua forragem é pouco palatável e os animais passam a consumi-la após o florescimento. Pode ser manejada em lotação contínua ou rotacionada. Em São Paulo, a recuperação direta de pastos por meio da adubação (sem nitrogênio) e do uso do guandu Mandarim (cultivo em área total) , propiciou maior desempenho animal (ganho/dia) ao longo do ano e maior ganho de peso acumulado, inclusive com algum aumento na taxa de lotação em relação aos pastos recuperados e adubados com nitrogênio, sendo o efeito mais expressivo a partir do segundo ano (Tabela 10). Tabela 10. Produtividade animal em pastos recuperados com adubação e uso de guandu BRS Mandarim. (Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP) 28 Leucaena – Leucaena leucocephala e seus híbridos Recomendação: Bioma Cerrado, Bioma Mata Atlântica e Caatinga Planta arbustiva com forragem de altíssimo valor nutritivo e altamente palatável para uso na alimentação animal preferencialmente na época chuvosa, haja vista a sua baixa tolerância à seca (figura 2). Para expressar o seu potencial, necessita de solos corrigidos e com fertilidade de média para alta e adubações anuais de manutenção. Para não deprimir a produtividade do capim e facilitar a circulação animal, deve ser cultivada em faixas espaçadas. Dado o seu lento estabelecimento, geralmente o pastejo só é possível a partir da segunda estação chuvosa. Nesse período, a área deve ser aproveitada com algum cultivo intercalar. Para acelerar o estabelecimento ou em locais com estação chuvosa curta, o plantio por mudas é uma opção. É uma planta bastante atacada por formigas e cupins, especialmente no estabelecimento. Os animais devem ser manejados sob lotação rotacionada para permitir a recuperação das plantas. Alternativamente, o capim intercalar ao cultivo de faixas de leucena poderá ser adubado com nitrogênio para elevar a taxa de lotação, com a leucena ampliando ainda mais os benefícios da adubação no sistema (Figura 4). Figura 4. Ganho de peso vivo (kg /ha) de novilhas Nelore em pastagens de Brachiaria brizantha adubadas (T2 e T3) ou não (T1) com nitrogênio e consorciada com leucena (T3 - A) cultivada em faixas no Cerrado. Planaltina-DF. Fonte : Barcellos (2006). 29 Cratylia argentea Recomendação: Bioma Cerrado e Mata Atlântica Planta arbustiva nativa de ocorrência nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste com alta tolerância à seca (retenção de folhas verdes), em comparação com o guandu, gliricídia e leucena. Tem elevada rusticidade, sendo pouco exigente em fertilidade do solo, mas responsiva a ambientes de média a alta fertilidade. Sua disseminação vem ocorrendo no contexto de sistemas de base agroecológica e a Embrapa deverá disponibilizar uma cultivar. Seu plantio é feito em faixas esparsas e dada a sua palatabilidade, a exemplo do guandu, sua forragem será consumida preferencialmente na época seca. Sua sementes são graúdas e não dormentes. Tem crescimento lento, estando apta para o pastejo a partir do segundo ano. A mesma estratégia (mudas, cultivos intercalares) adotada para o plantio de leucena poderá ser adotada em seu cultivo. A elevada persistência e tolerância à seca são os seus diferenciais em comparação com outras arbustivas. Sua forragem é de menor qualidade nutricional que a leucena. Estilosantes - Stylosanthes capitata + S.macrocephala cv. Campo Grande e S.guianensis cv. Mineirão, Bandeirante e BRS Grof 1463 e BRS Grof 1480 Recomendação: Bioma Cerrado Forrageiras herbáceas de porte baixo a médio adaptadas a solos ácidos com recomendação para sistemas extensivos para uso em consórcio com capins menos agressivos (Andropogon cv. Planaltina) e de porte baixo (Massai, BRS Tamani, B.decumbens, BRS Paiaguás) ou como banco de proteína. As cultivares da espécie S.guianensis são mais tolerantes à seca e mais adaptadas a solos argilosos e não têm a ressemeadura natural como mecanismo adicional de persistência (2-4 anos), demandando ciclos de reintrodução. Já a cultivar Campo Grande é mais adaptada a solos arenosos e tem boa ressemeadura natural e florescimento mais abundante e precoce . É bem mais sensível à seca, não sendo recomendada para uso como banco de proteína para seca em regiões com seca prolongada (> 4 meses). Nesta condição, os cultivares de S.guianensis produzem mais que o dobro de forragem anualmente. As sementes de S.guianensis têm maior custo de aquisição por causa da menor produtividade de sementes dos mesmos. Tal fato, levou à exclusão do cv. Mineirão do mercado. Os cultivares BRS Grof 1463 e 1480 são mais prolíficos e suas sementes serão mais baratas. Todavia, sua persistência é menor que a do cv. Mineirão. 30 Todas as cultivares são pouco responsivas à calagem e mais ao fósforo no plantio. Suas sementes são muito pequenas e o crescimento inicial é muito lento, sendo sensíveis à competição por luz, demandando forte controle da competição mediante pastejos leves da gramínea, quando em consórcio. No caso do cv. Campo Grande, haverá ainda a necessidade de um manejo específico (suspensão do pastejo) na época do florescimento para que seja formado um banco de sementes. São plantas que só atingirão o seu maior potencial produtivo a partir do segundo ano. Tal fato, é crítico para as cultivares de baixa persistência sob pastejo. Quando a participação na composição botânica dos pastos é adequada (20-40%), as cultivares proporcionam incrementos de 30%¨(Figuras 2 e 3) no desempenho de bovinos de corte e de até 15 % em bovinos leiteiros. As taxas de lotação suportadas situam-se abaixo de 2 UA/ha. Pastos consorciados de BRS Paiaguás com uma mistura de cultivares de S.guianensis proporcionaram ganho de peso diária, na época seca, 3 vezes superior ao registrado no pasto somente com a gramínea não adubada (~90 g/dia) e 50% superior na média anual. Todavia, este efeito não persistiu quando a participação da leguminosa na pastagem declinou após três anos. Amendoim-forrageiro - Arachis pintoi cvs. Amarillo, Belmonte e BRS Mandobi Recomendação: Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia É a leguminosa forrageira herbácea que mais foge ao padrão das demais forrageiras tropicais, seja pela morfologia (prostrada, estolonífera), propagação (sementes e mudas) e, especialmente, elevada resistência ao pastejo.São cultivares extremamente adaptadas ao pastejo, porém com alta estacionalidade da produção de forragem, especialmente no Cerrado, ambiente em que perde totalmente as folhas. Adapta-se muito bem às baixadas úmidas e tem maior produtividade em ambientes com estação seca inferior a três meses. Apresenta valor nutritivo muito alto (>14 % de proteína e >60% digestibilidade) e alta palatabilidade. O seu estabelecimento pode ser por mudas ou sementes (exceto cv. Belmonte), sendo muito lento. Pode ser consorciada se com diversas gramíneas, exceto forrageiras de porte muito alto (BRS Quênia, Mombaça, BRS Zuri). O cv. Belmonte é o mais produtivo e recomendado para o Cerrado, até porque não despende energia para a produção de sementes. A produtividade de forragem é o dobro da registrada pelos demais cultivares. Todavia, o seu plantio só pode ser efetuado por mudas, 31 aumentando substancialmente os custos de formação. Os cv. Mandobi e Amarillo são menos produtivos, mas podem ser propagados por sementes. Mesmo assim, os custos das sementes ainda são elevados o que tem dificultado a sua adoção. Porém, como se tratam de cultivares com elevada persistência, os benefícios para a produção animal se estendem por muito mais tempo. Pode ser manejado com lotação contínua e, preferencialmente, rotacionada por causa da alta preferência dos animais em pastejo. Em áreas mais úmidas (baixadas) do Cerrado há registros de ganhos diários de 200 g/dia, na seca, e de 700 g/dia nas águas quando em consórcio com gramínea de baixo valor nutritivo (cv. Pojuca). 4. Considerações finais O número de cultivares à disposição dos pecuaristas está em expansão com maior segmentação de ambientes e modalidades de uso (Tabelas 11 e 12). A despeito disso, são inúmeras as situações ainda não satisfatoriamente atendidas pelos atuais cultivares, o que denota a carência de novas opções de cultivares. Todavia, o que mais se sobressai, especialmente para a convivência com a seca, é a necessidade de integração e complementariedade de características funcionais para assegurar maior estabilidade no suprimento de forragem ao longo do ano. 32 33 34 1. Bibliografia Citada ou consultada ANDRADE, R.P. de; KARIA, C.T.; RAMOS, A.K.B. Stylosanthes as a forage legume at its centre of diversity. In: Chakraborty, S. (ed) High yielding anthracnose resistant Stylosanthes for Agricultural systems. Camberra: ACIAR (Chapter 3). 2006. ASSIS, G. M. L. de. Melhoramento de leguminosas forrageiras tropicais. 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