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Corpo, movimento e arte na educação de crianças. ebook unidade 1

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CORPO, MOVIMENTO E ARTE NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS 
CAPÍTULO 1 - QUAIS AS BASES PARA REFERENDAR O ENSINO DA ARTE 
NA EDUCAÇÃO BÁSICA? 
Mara Pereira da Silva 
Introdução 
Nos dias atuais, em que as transformações na sociedade acontecem com 
grande velocidade, as mudanças no ensino de Arte nos espaços educativos 
chegam na mesma proporção. Os educadores são desafiados a 
acompanharem essas evoluções todos os dias. Talvez muitos de vocês, que 
estão nesse curso, tenham se perguntado como foram minhas aulas de Arte na 
Educação Básica? Qual modelo pedagógico meus professores adotaram? Que 
desafios terei de enfrentar ao planejar aulas que contemplem a Arte na 
Educação Básica? O que dizem os documentos que regulam o ensino de Arte? 
Ao sermos conduzidos a refletir sobre nossas próprias experiências de 
formação, somos questionados sobre qual o papel da Arte na escola neste 
momento em que o conhecimento se torna acessível a todos por meio dos 
recursos tecnológicos. Este capítulo foi dividido em quatro tópicos, por meio 
dos quais são propostas análises e reflexões sobre o processo histórico da Arte 
na escola brasileira, apresentando os modelos pedagógicos e o momento 
político de cada época; a arte como objeto do conhecimento: Patrimônio 
material e imaterial; o PCN do ensino fundamental; e, por fim, o Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI. Ao concluir este capítulo, 
você será capaz de construir uma base sólida para contextualizar a Arte na 
Educação Básica das escolas brasileiras, enfatizando-a como objeto de 
conhecimento e reconhecendo documentos que servem de subsídio para o 
desenvolvimento dessa linguagem em escolas e creches. 
1.1 A arte na educação básica: uma breve contextualização 
Contextualizar a Arte na Educação Básica brasileira não é tarefa fácil, visto que 
sua trajetória foi marcada por lacunas e mudanças inesperadas, as quais 
quase sempre estavam relacionadas às correntes pedagógicas vigentes e o 
pensamento dos educadores e artistas de determinada época ou momento 
histórico. 
Considerando a necessidade do educador que deseja trabalhar Arte na escola 
e conhecer o processo histórico da Arte na educação escolarizada, é preciso 
apreciar esse passado artístico para a compreensão do presente e intervenção 
no futuro, perpassando por diversos momentos altos e baixos do ensino de 
Arte na Educação Básica, o qual envolve a educação infantil, o ensino 
fundamental e o ensino médio, contribuindo na ressignificação de suas 
práticas. E, você, está disposto a viajar para esse mundo de conhecimento? 
1.1.1 O processo histórico da arte na educação brasileira 
O início do ensino de Arte na educação brasileira, precisamente na primeira metade do 
sec. XX, foi marcado pela tecnicidade, valorizando a cultura erudita como o único 
modelo a ser seguido, em detrimento dos demais. A esse respeito, o PCN – Arte cita 
que: 
as disciplinas Desenho, Trabalhos Manuais, Música e Canto Orfeônico faziam parte dos 
programas das escolas primárias e secundárias, concentrando o conhecimento na 
transmissão de padrões e modelos das culturas predominantes. Na escola tradicional, 
valorizavam-se principalmente as habilidades manuais, os “dons artísticos”, os hábitos 
de organização e precisão, mostrando ao mesmo tempo uma visão utilitarista e 
imediatista da arte. Os professores trabalhavam com exercícios e modelos 
convencionais selecionados por eles em manuais e livros didáticos. (BRASIL, 1997, p. 
22) 
O tradicionalismo era vista como algo essencial no ensino de Arte, em que o educador 
era o centro do conhecimento e cabia ao aluno ouvi-lo e reproduzi-lo. Uma das práticas 
muito divulgada foi em música por meio da implantação do canto orfeônico, em que se 
propagava as ideias de coletivismo e nacionalismo por meio das letras das canções de 
peças de caráter folclórico, cívico e de exaltação. O momento político da época era o 
governo de Getúlio Vargas, tendo o predomínio da Ditadura getulística, no Estado Novo 
(BRASIL, 1998). Sobre o Canto Orfeônico, os PCN Arte (1998, p. 24) registram: 
Em música a tendência tradicional teve seu representante máximo no Canto Orfeônico, 
projeto preparado pelo compositor Villa-Lobos, na década de 30. Esse projeto constitui 
referência importante por ter pretendido levar a linguagem musical de maneira 
consistente e sistemática a todo o país. O Canto Orfeônico difundia ideias de 
coletividade e civismo, princípios condizentes com o momento político de então. 
O projeto foi introduzido por Heitor Villa-Lobos, no entanto não há uma definição 
quanto a isso, pois alguns estudiosos acreditam que o canto orfeônico não teve ele como 
pioneiro, mas sim outros nomes, como o do maestro Carlos Alberto Gomes Cardim, 
João Gomes Júnior e os irmãos Lázaro e Fabiano Lozano, entre outros. 
Mariza Trench de Oliveira Fonterrada, em seu livro De Tramas e fios: um ensaio sobre 
música e educação, publicado em 2005, apresenta que “um nome pouco citado nas 
revisões históricas desse período e que, no entanto, contribuiu decisivamente para o 
ensino da música nas escolas é o do maestro Fabiano Lozano, que defendia e praticava 
com seus alunos o canto coral nas escolas”. (FONTERRADA, 2005, p.126) Segundo a 
autora, os trabalhos de Fabiano Lozano teriam inspirado Villa-Lobos a propagar seu 
projeto de Canto Orfeônico que se espalhou por todo o país. 
VOCÊ O CONHECE? 
O maestro e compositor Brasileiro Villa-lobos foi autodidata e conhecido como 
implantador do canto orfeônico nas escolas. Ele também foi secretário de educação 
musical, tendo, como uma de suas funções, orientar os educadores sobre como ensinar música 
na escola. Aos 6 anos de idade fez a sua primeira composição. 
 
Depois de 30 anos, segundo o PCN - Arte-Fundamental, “o Canto Orfeônico foi substituído pela 
Educação Musical, criada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1961, 
vigorando efetivamente a partir de meados da década de 60”. Com a introdução do novo termo, 
acontece o processo da experimentação, enfatizando a criatividade de cada um e onde a 
intervenção não é permitida. A visão tradicionalista fica no esquecimento, o aluno passa a 
participar do processo de ensino e aprendizagem e a criança demonstra a sua personalidade, sem 
seguir modelos prontos. Nesse momento, entra em moda os métodos ativos. Zagonel (2008, p. 
51), ao se referir aos métodos ativos, coloca que “nessas metodologias, contrapondo-se aos 
sistemas anteriores de ensino, o aluno passa a ser visto como agente participativo do processo 
de ensino e aprendizagem e a criança como um ser dotado de personalidade original”. Antes, o 
centro era o professor, agora, o aluno não é mais um mero receptor de conhecimento, ele 
também participa do processo. 
Em 1971, com a aprovação da nova LDB, por meio da Lei 5.692, o ensino de Arte passou a ser 
denominado Educação artística, no entanto não como disciplina, mas como atividade educativa, 
na qual o professor responsável deveria trabalhar com várias linguagens artísticas, 
configurando-se na figura do professor polivalente, responsável em desenvolver atividades 
expressivas nas diferentes linguagens. Para Brasil (1997, p. 24), “muitos professores não 
estavam habilitados e, menos ainda, preparados para o domínio de várias linguagens, que 
deveriam ser incluídas no conjunto das atividades artísticas (Artes Plásticas, Educação Musical, 
Artes Cênicas)”. Nesse período, a educação musical silenciou nas escolas, pois, devido a sua 
complexidade, os educadores, que não tinham formação especifica na área, acabavam não 
ministrando conteúdos musicais como atividade educativa, o que ainda raramente se encontrava 
era o canto coral, sendo dada maior ênfase aos trabalhos manuais e desenhos geométricos. 
Com a inserção da Arte no currículo, começaram a surgir os cursos delicenciaturas na área, os 
quais formavam um professor em dois anos, para trabalhar todas as linguagens, denominando-o 
professor polivalente. 
O reflexo da figura desse docente na prática artística nas escolas não foi dos melhores, 
considerando a complexidade de se lidar com as diferentes linguagens, pois, mesmo passando 
por diversas formações, não conseguiram obter um domínio sólido para trabalhar com as 
quatros linguagens artísticas em um só campo de conhecimento, a Arte, fazendo com que 
alguma linguagem tivesse mais espaço que outra. Sobre isso, Brasil (1997, p. 24) afirma o 
seguinte: 
De maneira geral, entre os anos 70 e 80, os antigos professores de Artes Plásticas, Desenho, 
Música, Artes Industriais, Artes Cênicas e os recém-formados em Educação Artística viram-se 
responsabilizados por educar os alunos (em escolas de ensino médio) em todas as linguagens 
artísticas, configurando-se a formação do professor polivalente em Arte. Com isso, inúmeros 
professores deixaram as suas áreas específicas de formação e estudos, tentando assimilar 
superficialmente as demais, na ilusão de que as dominariam em seu conjunto. 
Dessa forma, o ensino de Arte nas escolas ficou fragilizado, ocorrendo a diminuição dos saberes 
específicos de cada linguagem artística desenvolvendo a crença de aplicação em atividades 
espontâneas que envolviam as diversas linguagens. 
Com o apoio do Movimento Arte Educação, em 1996, a LDB passa por uma nova alteração, 
momento em que a atividade educativa Educação Artística é substituída pelo Ensino de Arte, 
por meio da Lei nº 9.394, garantindo a obrigatoriedade do ensino de Arte nas escolas nos 
diversos níveis da educação básica. Segundo a lei, em seu artigo 26, §2º, “O ensino da arte 
constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma 
a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. A partir de então, a Arte não é mais vista 
como atividade educativa, mas sim como disciplina. 
Nos anos 1990 começam as inquietações quanto ao novo perfil do professor de Arte e do ensino 
artístico nas escolas, levando o quadro histórico a transformações significativas por meio da 
publicação dos Parâmetros Curriculares - Arte e da proposta Triangular de Ana Mae Barbosa. 
Apesar de todas essas normativas e inquietações, o ensino de música ainda continuava ausente. 
Tendo em vista essa situação, vários professores de música e artistas músicos se juntaram em 
manifesto pela aprovação da Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que tornou obrigatório o 
ensino da música na educação básica, tendo as escolas três anos para se adaptarem ao novo 
processo. Segundo Zagonel (2013), a aprovação dessa lei não significou a criação de uma 
disciplina nova, “mas sim que o ensino da música deve sempre estar presente nos currículos”. 
Em virtude de não possuir uma equipe fiscalizadora para fazer valer o cumprimento da lei, 
muitos estabelecimentos de ensino não se adaptaram. 
Também nesse período, vale ressaltar, Luiz Inácio Lula da Silva, então Presidente da República, 
vetou o parágrafo que estabelecia o professor com formação específica na área, argumentando 
que a Música é prática social, então, qualquer ser humano informado sobre tal prática poderia 
lecionar, bastando para isso uma formação complementar.Zoom 
 
Figura 1 - Música na escola.Fonte: sirtravelalot, Shutterstock, 2018. 
No ano de 2016, o ensino de Arte nas escolas passa por novas reformulações, entre 
as quais a publicação da medida provisória conhecida popularmente como “Lei 
Alexandre Frota”, a qual tirava a Arte do currículo do Ensino Médio, mantendo-a na 
Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Essa normativa foi assim denominada 
porque Mendonça Filho, então Ministro da Educação, recebeu do ator Alexandre Frota 
um documento com propostas para a Educação no país, o qual enfatizava essa 
questão. Após incontáveis polêmicas nos meios de comunicação e mobilizações de 
professores, artistas e demais pessoas envolvidas com a Arte, a medida foi cancelada. 
Outra modificação que ocorreu nessa época foi em um dos artigo da LDB, o qual 
previa o ensino de Música como obrigatório. Ele foi alterado, por meio da Lei nº 
13.278, de 2 de maio de 2016, ficando: “as artes visuais, a dança, a música e o teatro 
são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o parágrafo 
2º”. O que o difere da Lei nº 11.769/2008 é a formação do professor, que passa a ser 
obrigatória, exigindo a atuação de um profissional com notório saber e reconhecido 
pela comunidade escolar. Sobre a função importante que a área de Arte tem a 
cumprir, Brasil (1997, p. 33) afirma: 
Ela situa o fazer artístico como fato e necessidade de humanizar o homem histórico, brasileiro, 
que conhece suas características tanto particulares, tal como se mostram na criação de uma arte 
brasileira, quanto universais, tal como se revelam no ponto de encontro entre o fazer artístico 
dos alunos e o fazer dos artistas de todos os tempos, que sempre inauguram formas de tornar 
presente o inexplicável. 
A Arte é uma necessidade humana. Apesar de todo o empenho para a devida efetivação desse 
ensino nas escolas por meio de leis, na prática, a caminhada ainda é longa. As expectativas são 
diversas, mas espera-se que essa disciplina venha a ganhar o espaço que merece no ambiente 
escolar e seja ministrada por profissionais competentes, desenvolvendo a cultura e a criticidade 
nas crianças, e não apenas cortar papel, pintar desenhos mimeografados e misturar cores. 
VOCÊ QUER LER? 
Sugiro como leitura as últimas mudanças que referendam o ensino de Arte na educação básica: 
a LDB, versão atualizada até marco de 2017. Acesse: 
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf
> 
Nas instituições escolares, seria bom o investimento em Arte em suas diferentes linguagens, 
oportunizando aos estudantes vivenciarem momentos artísticos em suas vidas, democratizando 
o acesso à Arte. 
1.2 A arte como objeto do conhecimento: patrimônio material e imaterial 
O que a arte tem em comum com as demais áreas é ter seus conhecimentos próprios, sendo 
observada enquanto conhecimento a ser exteriorizado, a ser arquitetado, podendo ser 
experimentado e expressado enquanto linguagem. 
VOCÊ QUER LER? 
Compreenda melhor a ideia de Arte como objeto do conhecimento compartilhado 
lendo o artigo de Joselaine Borgo Fernandes Freitas: Arte é conhecimento, é 
construção, é expressão, publicado em sua versão original na Revista Digital Art&. 
Ano III, Número 03, abril de 2005. ISSN 1806-2962. Acesse: 
<http://www.revista.art.br/site-numero-03/trabalhos/09.htm>. 
A Arte, como área de conhecimento, possui características próprias e específicas para a 
formação integral do ser humano, desenvolvendo aspectos emocionais, afetivos e cognitivos, e 
externando aspectos subjetivos, que levam a construção de patrimônios culturais de forma 
material ou imaterial. 
1.2.1 Arte como objeto do conhecimento 
A Arte sempre se fez presente em todas as culturas, sendo um fenômeno cultural que 
envolve diversas linguagens artísticas. É uma forma de o homem expressar o seu 
lugar no mundo, tornando-se para o ser humano uma necessidade. Na escola, essa 
linguagem é focalizada na Dança, na Música, nas Artes Visuais e no Teatro. Há 
inúmeras profissões em que a Arte faz parte do conhecimento necessário para o 
desenvolvimento das atividades profissionais, como na produção de comerciais e 
outdoors, no cinema, na elaboração de vídeo, livros e revistas, na produção de capas 
de CD e banners para cantores e artistas de teatro, entre outras. Barbosa (2012, p. 2) 
afirma que: 
A roupa que vestem é produto de desenho, o tecido de suas roupas é produto das artes na 
indústria têxtil, a cadeira em que sentam alguém desenhou,em geral algum. estrangeiro, mesmo 
que ela tenha sido produzida no Brasil, porque temos pouca gente que foi educada para ser 
competente em desenho. E a culpa é dos fazedores de currículo. 
A autora atribui a falta de habilidade dos brasileiros em alguns campos da Arte aos elaboradores 
de currículos das escolas brasileiras, que, por muito tempo, deixaram ausente esse 
conhecimento, tirando a oportunidade de muitas crianças de desenvolver certas capacidades que 
irão ajudá-los a ocupar certas profissões, geralmente bem remuneradas. 
Em relação aos que defendem a Arte na escola apenas para liberar emoções, Ana Mae Barbosa 
(2012) chama a atenção para que lembrem que podemos aprender muito pouco sobre nossas 
emoções se não formos capazes de refletir sobre elas. Para a autora, se a Arte não for tratada 
como conhecimento, apenas como um grito da alma, não estaremos oferecendo uma educação 
nem no sentido cognitivo nem no sentido emocional, pois, segundo ela, a escola é responsável 
por ambas. 
Na proposta dos PCN - Arte Ensino Fundamental (BRASIL, 1997, p. 26), ao se referir à Arte e 
ao conhecimento, apresenta que: 
A manifestação artística tem em comum com o conhecimento científico, técnico ou filosófico 
seu caráter de criação e inovação. Essencialmente, o ato criador, em qualquer dessas formas de 
conhecimento, estrutura e organiza o mundo, respondendo aos desafios que dele emanam, num 
constante processo de transformação do homem e da realidade circundante. O produto da ação 
criadora, a inovação, é resultante do acréscimo de novos elementos estruturais ou da 
modificação de outros. Regido pela necessidade básica de ordenação, o espírito humano cria, 
continuamente, sua consciência de existir por meio de manifestações diversas. 
O homem por si só tem necessidade de criar. Esse ato criador pode ser manifestado por diversas 
formas artísticas que representam a existência do próprio ser criador. Essas manifestações 
artísticas ganham vida por meio da criação e da inovação gerando o produto artístico, a Arte, 
como objeto de conhecimento humano. Para o Brasil, “Ciência e arte são, assim, produtos que 
expressam as representações imaginárias das distintas culturas, que se renovam através dos 
tempos, construindo o percurso da história humana”. Essa necessidade do espírito humano de 
organizar e classificar as coisas, segundo o PCN - Arte Fundamental, tanto a ciência quanto a 
arte,“respondem a essa necessidade mediante a construção de objetos de conhecimento que, 
juntamente com as relações sociais, políticas e econômicas, sistemas filosóficos e éticos, 
formam o conjunto de manifestações simbólicas de uma determinada cultura” (BRASIL, 1997, 
p. 26). Assim, tanto a Ciência como a Arte expressam aspectos imaginários de distintas 
civilizações. 
CASO 
Vamos imaginar que Raimunda Espírito Santo, professora de Arte, ao trabalhar 
com seus alunos que moram em uma região no norte do Brasil cercada por 
fábricas de perfume, buscou uma forma de auxiliá-los a elaborar designers de 
vidros de perfume, para que eles participassem de um concurso promovido por 
uma dessas empresas. Tendo a Arte como objeto do conhecimento, ela fez a 
seguinte proposição aos alunos. Após ter trabalhado com os alunos técnicas de 
desenho e pintura, contextualizou a importância da empresa na região para a 
geração de empregos e o desenvolvimento local. Em seguida informou sobre o 
concurso. 
Após a contextualização, mostrou aos alunos diversos modelos de embalagens 
de perfumes existentes tanto na empresa promotora do concurso quanto nas 
outras. Em seguida, ela propôs aos alunos que cada um criasse, por meio de 
desenhos, um recipiente de perfume para participar do concurso. Após a 
atividade, a educadora realizou comentários sobre os desenhos, destacando os 
aspectos de seus argumentos visuais e conectando com a proposta sugerida no 
concurso. Por fim, escreveu os trabalhos dos alunos no evento. 
Experiências como a da professora Raimunda são exemplos prático do trabalho da Arte na 
escola como objeto de conhecimento. É uma oportunidade de proporcionar aos alunos novas 
formas de perceber e recriar seu cotidiano.a Zoom 
 
Figura 2 - Criança criando designer de vidros de perfume.Fonte: Africa Studio, Shutterstock, 
2018. 
Aproprio-me das palavras de Brasil (1997, p. 27), ao afirmar que: 
apenas um ensino criador, que favoreça a integração entre a aprendizagem racional e estética 
dos alunos, poderá contribuir para o exercício conjunto complementar da razão e do sonho, no 
qual conhecer é também maravilhar-se, divertir-se, brincar com o desconhecido, arriscar 
hipóteses ousadas, trabalhar duro, esforçar-se e alegrar-se com descobertas. 
É preciso que o ensino de Arte tenha como foco o ato criador e inovador para que Arte e 
Ciência estejam atreladas e gerem novos conhecimentos no campo das Artes, de acordo com as 
necessidades humanas. 
1.2.2 Patrimônio material e patrimônio imaterial 
No Brasil, o órgão responsável em promover e coordenar o processo de preservação e 
valorização dos bens culturais brasileiros, que envolve tanto o patrimônio material 
como imaterial, é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. 
VOCÊ SABIA? 
Que o site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN 
disponibiliza diversos vídeos que retratam os bens culturais do povo brasileiro? Além dos 
vídeos você também encontra outras informações que podem ser utilizadas com seus 
alunos. Como sugestão, indico o vídeo Grupo Uirapuru - Orquestra de Barro, uma 
orquestra feita com instrumentos de barro que transforma a vida de jovens de uma 
comunidade do interior cearense. Acesse: <http://portal.iphan.gov.br/videos>. 
A definição de patrimônio é garantida na Constituição Brasileira, art. 215 e 216, segundo a 
qual: 
as formas de expressão, os modos de criar, as criações cientificas, artísticas e tecnológicas, as 
obras, objetos documentos, edificações e demais espaços destinados as manifestações artístico 
culturais, além de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e cientifico. 
O patrimônio cultural está presente na história de grupos sociais e perpassa as gerações. 
Podemos considerar bens culturais de determinada sociedade, que podem ser classificados de 
duas formas: material e imaterial. 
VOCÊ QUER VER? 
O vídeo documentário Ilé Omiojúàrò: Patrimônio Cultural promove ações de preservação da 
comunidade tradicional de terreiro Ilé Omiojúàrò. Ele pode ser encontrado no canal do Instituto 
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Ele concorreu ao 28ª edição do Prêmio 
Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido pelo IPHAN, que busca apregoar ações de 
valorização e promoção do Patrimônio Cultural Brasileiro. 
O Patrimônio material está relacionado aos bens culturais que podem ser palpáveis. Como 
exemplo, podemos destacar o Teatro Amazonas, situado na cidade de Manaus, construído no 
final do século XIX durante o ciclo da borracha. É considerado um museu por guardar a 
memória da cidade. O teatro também já recebeu diversos artistas de âmbito local, nacional e 
internacional. 
 
Figura 3 - Patrimônio material.Fonte: gary yim, Shutterstock, 2018. 
O Patrimônio imaterial está relacionado aos saberes, às habilidades, às crenças e às danças. 
Temos como exemplo a capoeira, que foi declarada, pela Organização das Nações Unidas para 
Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), como patrimônio cultural imaterial da 
humanidade.para Zoom 
 
Figura 4 - Dançando capoeira: patrimônio imaterial.Fonte: Rafael Martin-Gaitero, Shutterstock, 
2018. 
No site do IPHAN, em relação ao patrimônio imaterial, explica que: 
é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e gruposem 
função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um 
sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade 
cultural e à criatividade humana. 
VOCÊ O CONHECE? 
Augusto Gomes Rodrigues (1916-2009), ou “O rei do Carimbó”, foi um dos precursores do 
Patrimônio cultural imaterial do Brasil. Ficou conhecido como mestre Verequete e compôs uma 
música que leva o próprio nome, que fez muito sucesso, denominada “Chama Verequete”. O 
artista nasceu na cidade de Bragança, no interior do Pará, mas mudou-se para a capital Belém 
com o sonho de ficar famoso. 
 Além do IPHAN, órgão nacional existente para tratar de questões de patrimônio, nos 
municípios é possível encontrar coordenadorias de setores do patrimônio cultural que ficam 
responsáveis por fiscalizar e supervisionar os serviços necessários à preservação e restauração 
de bens culturais. Como exemplo, citamos a cidade de Campinas, no estado de São Paulo, que 
possui em sua organização um setor responsável pelo patrimônio cultural. 
1.3 PCN – Arte: Ensino Fundamental 
Os parâmetros curriculares nacionais (PCN do ensino fundamental) é uma proposta de ensino 
no processo de aprendizagem. São organizados em dez volumes, sendo o de Arte o sexto, 
formado por duas partes. 
Por ser uma proposta, não se torna um documento obrigatório, no entanto não desconsideramos 
a sua importância para o professor no espaço escolar, podendo recorrer ao mesmo para subsidiar 
suas práticas educativas na escola. 
1.3.1 Características do PCN – Arte: Ensino Fundamental 
O PCN - Arte: Ensino Fundamental apresenta a Arte de forma a envolver as quatro 
linguagens artísticas: Música, Dança, Teatro e Artes Visuais. Ele expõe uma 
compreensão do significado da arte na educação, explicitando conteúdos, objetivos e 
especificidades, tanto no que se refere ao ensino e à aprendizagem, quanto no que se 
refere à arte como manifestação humana. 
Na Lei de Diretrizes Básicas (LDB) de nº 9394 de 1996, artigo 26, parágrafo 2, o 
ensino de Artes visa à formação básica do cidadão, que é o papel da Educação nos 
dias atuais. Então, o PCN foi elaborado com a função de respeitar as diversidades 
regionais, culturais e políticas existente no Brasil, para que os estudantes tenham 
acesso ao conjunto de conhecimentos organizados e reconhecidos como 
indispensáveis ao exercício da cidadania. Zagonel (2008, p. 58), ao se referir aos 
PCN, explica: 
Com o intuito de orientar o professor na sua prática escolar de acordo com a nova LDB, foram 
elaborados os PCN, voltados ao ensino fundamental e médio, e o Referencial Curricular 
Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), que aborda cada uma das áreas de conhecimento 
do currículo escolar. 
A autora chama a atenção do leitor sobre o documento, alertando que é apenas uma 
proposta – não é nada obrigatório, não tem peso de lei –, por isso é considerado um 
documento aberto e flexível. (ZAGONEL, 2008) 
Na primeira parte do PCN - Arte: Ensino Fundamental, é realizada uma caracterização 
da área, apresentando “o histórico da área no ensino fundamental e suas correlações 
com a produção em arte no campo educacional; foi elaborada para que o professor 
possa conhecer a área na sua contextualização histórica e ter contato com os 
conceitos relativos à natureza do conhecimento artístico” (BRASIL,1997, p.15). Sua 
divisão está elencada da seguinte forma: Caracterização da área de Arte, Aprender e 
ensinar Arte no ensino fundamental, Objetivos gerais de Arte para o ensino 
fundamental e Conteúdos de Arte no ensino fundamental. 
Na segunda parte, “busca circunscrever as artes no ensino fundamental, destacando 
quatro linguagens: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro” (BRASIL,1997, p.15). 
Apesar de poder ser lido de acordo com a linguagem que for desenvolver, é 
recomendado a sua leitura de forma global visando ao respeito do campo de 
conhecimento em cada área. 
 
Figura 5 - Arte na formação de crianças no ensino fundamental.Fonte: Poznyakov, Shutterstock, 
2018. 
É mister apresentar também que, na segunda parte, “o professor encontrará as questões relativas 
ao ensino e à aprendizagem em arte para as primeiras quatro séries, objetivos, conteúdos, 
critérios de avaliação, orientações didáticas e bibliografia” (BRASIL,1997, p.15). A divisão da 
segunda parte está organizada do seguinte modo: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, 
Conteúdos relativos a valores, normas e atitudes, Critérios de avaliação, Orientações didáticas. 
Os critérios de avaliação são abordados de acordo com cada linguagem artística. 
Sempre presente na história da humanidade e sendo um veículo para a transmissão de ideias e 
pensamentos, a educação em Arte propicia um maior desenvolvimento do ser humano no campo 
das artes. Segundo Brasil (1997, p.15), ao se referir ao processo de aprendizagem em arte, 
“aprender arte envolve, basicamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre eles. 
Envolve, também, conhecer, apreciar e refletir sobre as formas da natureza e sobre as produções 
artísticas individuais e coletivas de distintas culturas e épocas”. Nesse sentido, para o 
aprendizado artístico, é preciso três ações: fazer, apreciar e refletir sobre a Arte de diversas 
culturas e tempos históricos. 
Em relação a essas ações, que Brasil (1997, p. 41) adota como eixos norteadores dos conteúdos 
na produção do PCN- Arte: Ensino Fundamental, explica que: 
A produção refere-se ao fazer artístico e ao conjunto de questões a ele relacionadas, no âmbito 
do fazer do aluno e dos produtores sociais de arte. A fruição refere-se à apreciação significativa 
de arte e do universo a ela relacionado. Tal ação contempla a fruição da produção dos alunos e 
da produção histórico-social em sua diversidade. A reflexão refere-se à construção de 
conhecimento sobre o trabalho artístico pessoal, dos colegas e sobre a arte como produto da 
história e da multiplicidade das culturas humanas, com ênfase na formação cultivada do 
cidadão. 
Por meio das informações abarcadas apreende-se que esses eixos norteadores remetem a 
Abordagem Triangular da brasileira e educadora artística Ana Mae Barbosa para o ensino de 
Arte, que foi divulgada em 1991 como Metodologia Triangular (BARBOSA, 2005). Tempos 
depois, essa metodologia ficou conhecida como Abordagem Triangular. 
Ao se reportar à Metodologia Triangular, voltada para o ensino das Artes Visuais, Zagonel 
(2008, p. 81) revela que a atividade da prática “corresponde ao ato de fazer arte (fazer artístico), 
o que desenvolve o potencial criativo e a capacidade de elaboração de imagens, além de instigar 
o hábito de experimentação de recursos, técnicas e novas formas de trabalho expressivo”. Para a 
autora, a apreciação: 
Significa apreciar arte por meio da análise, desenvolver a habilidade de ver com atenção e de 
descobrir as qualidades da obra de arte e do mundo visual. A apreciação igualmente educa o 
senso estético do indivíduo, preparando-o para poder julgar a qualidade das imagens com 
objetividade e critérios. (ZAGONEL, 2008, p. 81). 
Ao apreciar, o aluno é levado a exercer seu juízo de valor e, por fim, à perceber a 
contextualização histórica que, segundo Zagonel (2008, p.81), “implica conhecer arte, por meio 
do estudo da sua história, o que leva o indivíduo ao entendimento da arte dentro de um contexto, 
de um tempo e de um espaço”, relfetindo refletir sobre a produção artística da sociedade. 
VOCÊ QUER VER? 
O site Arte na Escola, gerencia pelo Instituto Arte na Escola, oferece informações temáticas, 
matérias, pesquisas e projetos relacionadas ao ensino de Arte na educação. Aqui você poderá 
encontrar tudo o que possa servir de apoio para a preparação da sua aula de arte. Acesse: 
<http://artenaescola.org.br/>. 
A Arte é um dos pilares da educação, podendoacontecer por meio da produção, fruição e 
reflexão. É preciso fazer Arte, compartilhá-la e refletir sobre, pois só assim conheceremos as 
artes e saberemos como fazê-las fluir. 
1.4 RCNEI: Educação Infantil 
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) é um documento 
produzido com a finalidade de auxiliar creches, entidades equivalentes e pré-escolas. 
Sendo um referencial, não é obrigatório; não sendo mandatário, não é para ser 
“obedecido”, servindo de guia educacional para profissionais que trabalham com 
crianças de 0 a 6 anos de idade. 
O documento é organizado em três volumes: Introdução – volume 1, Formação 
pessoal e social – volume 2, Conhecimento de mundo – Volume 3. No conhecimento 
de mundo são apresentados os conhecimentos de área, contendo seis eixos dos 
objetos de conhecimento, como o Movimento, a Música, as Artes Visuais, a 
Linguagem Oral e Escrita, a Natureza e Sociedade e a Matemática. Para Brasil (1998, 
p. 46), “o âmbito de Conhecimento de Mundo refere-se à construção das diferentes 
linguagens pelas crianças e às relações que estabelecem com os objetos de 
conhecimento. Este âmbito traz uma ênfase na relação das crianças com alguns 
aspectos da cultura”. Essas linguagens, no campo da Arte, inclui a Música, as Artes 
Visuais e a Dança por meio do movimento. 
Cultura, palavra derivada do latim cultura, culturae, não possui uma definição única, é 
uma palavra de várias acepções. Dessa forma, para Brasil (1998, p. 46), a cultura é 
compreendida como “uma forma ampla e plural, como o conjunto de códigos e 
produções simbólicas, científicas e sociais da humanidade construído ao longo das 
histórias dos diversos grupos, englobando múltiplos aspectos e em constante 
processo de reelaboração e ressignificação”. Para o autor, “estes eixos foram 
escolhidos por se constituírem em uma parcela significativa da produção cultural 
humana que amplia e enriquece as condições de inserção das crianças na sociedade”. 
VOCÊ QUER LER? 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), elaborada pelo Ministério da Educação (MEC), é 
um documento com foco no estabelecer um parâmetro para a construção de currículos em todo 
o Brasil, desde a creche até o Ensino Médio. Homologada em dezembro de 2017 pelo MEC, é 
um documento construído de forma democrática com a participação da sociedade. Quer 
conhecer esse documento? Acesse: <http:// basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio>. 
O Referencial, elaborado pelo Ministério da Educação e do Desporto com o apoio de 
professores e profissionais que trabalham com crianças, tem o objetivo de atender às 
determinações da LDB de 1996, a qual garante, pela primeira vez, a educação infantil, 
afirmando que ela é a primeira etapa da educação básica. Segundo Brasil (1998, p. 5): 
o Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham 
um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos 
direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas 
instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o 
acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. 
O documento afirma ainda que o Referencial é um guia de orientação que deverá 
servir de base para discussões entre profissionais de um mesmo sistema de ensino ou 
no interior da instituição, na elaboração de projetos educativos singulares e diversos 
(BRASIL, 1998, p. 7). No entanto, o referencial busca trabalhar no desenvolvimento 
integral da criança, em aspectos sociais, ambientais e culturais. 
1.4.1 Conhecimento de mundo 
O objeto de conhecimento apresentado no volume 3, denominado Conhecimento de mundo, é 
defendido no documento como um conjunto de atividades importantes para o desenvolvimento 
das crianças, quando são apresentadas ideias e práticas correntes para serem desenvolvidas na 
educação infantil. 
Essa apresentação enfatiza os objetivos, os conteúdos e as orientações gerais para o professor 
referente a cada atividade, apontando formas de observação, registro e avaliação formativa. 
Além disso, no caso da música, são apresentadas sugestões de obras musicais e discografia. 
Segundo Brasil (1998, p. 5): 
o Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham 
um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos 
direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas 
instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o 
acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. 
A proposta pedagógica do referencial pode trazer um grande desenvolvimento para as crianças, 
ao propor a elaboração de novas maneiras e ferramentas para se construir educandos com 
desenvoltura crítica e reflexiva. 
Uma outra característica observada no documento é a proposição de ideias e práticas por faixa 
etária, tendo como exemplo, o primeiro ano da vida, Crianças de um a três anos, Crianças de 
quatro a seis anos. 
VOCÊ SABIA? 
Que o professor precisa cuidar de suas expressões e posturas corporais ao se 
relacionar com as crianças? Que o professor não deve esquecer que seu 
corpo é um veículo expressivo? Que o professor também é modelo para as 
crianças, fornecendo-lhes repertório de gestos e posturas? O professor acaba 
sendo um espelho para as crianças. Quer saber mais sobre isso? Visite a 
página 31 do RCNEI, Volume 3. 
No primeiro ano da vida da criança, predomina a dimensão subjetiva do movimento, pois são as 
emoções o canal privilegiado de interação do bebê com o adulto e mesmo com outras crianças 
(BRASIL, 1997). E a fase em que ela constrói a sua subjetividade ao entrar em contato com as 
pessoas. 
 
Figura 6 - O choro é uma forma de expressão da criança.Fonte: Aaron Amat, Shutterstock, 
2018. 
Na faixa etária de um a três anos, logo, que aprende a andar, a criança parece tão encantada com 
sua nova capacidade que se diverte em locomover-se de um lado para outro, sem uma finalidade 
específica (BRASIL, 1997). 
Em crianças de quatro a seis anos, constata-se uma ampliação do repertório de gestos 
instrumentais, os quais contam com progressiva precisão. Atos que exigem coordenação de 
vários segmentos motores e o ajuste a objetos específicos, como recortar, colar, encaixar 
pequenas peças etc., sofisticam-se (BRASIL, 1997). 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
 
Figura 7 - Fase entre quatro e seis anos é quando a criança amplia seu repertório de gestos 
instrumentais.Fonte: SergiyN, Shutterstock, 2018. 
No Referencial, é proposto um diálogo “com programas e projetos curriculares de 
instituições de educação infantil, nos estados e municípios. Este diálogo supõe atentar 
para duas dimensões complementares que possam garantir a efetividade das 
propostas: uma de natureza externa; outra, interna às instituições”. (BRASIL, 1998, p. 
65) 
O documento defende a presença obrigatória de recursos materiais na educação 
infantil, os quais são “entendidos como mobiliário, espelhos, brinquedos, livros, lápis, 
papéis, tintas, pincéis, tesouras, cola, massa de modelar, argila, jogos os mais 
diversos, blocos para construções, material de sucata, roupas e panos para brincar 
etc.”. (BRASIL, 1998, p. 69) 
Ele também aborda outros aspectos, como a acessibilidade aos materiais; as 
condições de segurança do espaço e dos materiais; os critérios de formação dos 
grupos de crianças; a organização do tempo; o ambiente de cuidado e a parceria entre 
as famílias, que envolve o respeito aos vários tipos de estruturas familiares; o 
acolhimento das diferentes culturas, valores e crenças sobre educação de crianças; o 
estabelecimento de canaisde comunicação; a inclusão do conhecimento familiar no 
trabalho educativo; e o acolhimento das famílias e das crianças no ingresso na 
instituição. 
Esse documento norteador pode ser utilizado com crianças de 0 a 6 anos de idade, 
servindo como uma fonte de pesquisa para os educadores aplicarem atividades com 
esse público sem perder as especificidades culturais de sua classe. 
Síntese 
Estudamos a contextualização histórica do ensino de Arte na Educação Básica das escolas no 
Brasil e a Arte como objeto de conhecimento, enfatizando o Patrimônio material e imaterial da 
humanidade, bem como os documentos oficiais que referendam o ensino de Arte: o PCN – Arte 
Ensino Fundamental e o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil – RCNEI, que 
pode ser utilizado em creches, escolas e outras instituições educativas que lidam com crianças. 
 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de: 
 compreender as diversas transformações que ocorreram no ensino de Arte nas escolas e 
conhecer cada momento histórico que surgiu no decorrer do tempo; 
 aprender que a Arte é um objeto de conhecimento que tem relação com o conhecimento 
científico no caráter da criatividade e da inovação; 
 diferenciar um patrimônio cultural material de outro imaterial, valorizando as 
manifestações artísticas em seus aspectos históricos e culturais; 
 conhecer os apontamentos que referendam o ensino de Arte por meio da investigação e 
apropriação intelectual dos documentos (RCNEI e PCN – Arte- Fundamental); 
 apropriar-se de conhecimentos necessários para o desenvolvimento de práticas artísticas 
que sejam significantes no ensino de Arte nas escolas de educação básica.

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