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Processo Penal I Principios, ação, representação, proceguibilidade, procedibilidade

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CONTEÚDO PROCESSO PENAL I – N2
Ação Penal
Conceito:
É o direito público subjetivo, com previsão constitucional, de pedir ao
Estado-Juiz a aplicação do direito objetivo a um caso concreto, para a
solução da demanda penal.
Ação penal seria o direito que a parte acusadora – Ministério Público ou o
ofendido (querelante) – tem de, mediante o devido processo legal,
provocar o Estado-Juiz a dizer o direito objetivo no caso concreto.
Fundamento Constitucional:
Art. 5o, CF/88.
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
A ação penal é tratada tanto no Código Penal (arts. 100 a 106),
quanto no Código de Processo Penal (arts. 24 a 62). Não obstante sua
previsão no CPP, como a ação penal tem estreita relação com o direito de
punir do Estado, não deixa de ter também caráter penal. Disso resulta a
possibilidade de aplicação da lei mais favorável que versa sobre as
condições da ação, sobre causas extintivas da punibilidade relacionadas
à representação e à ação penal de iniciativa privada, por força do previsto
no art. 5o, XL, da CF/88. (Renato Brasileiro, Nestor Távora)
Ex.: modificações introduzidas pela Lei no. 12.015/09, nos delitos contra a
dignidade sexual, onde as hipóteses de ação penal de iniciativa privada
foram alteradas para, em regra, ação penal pública condicionada à
representação. Como a ação penal de iniciativa privada enseja maiores
chances ao acusado de ser beneficiado por causa extintivas da
punibilidade, a lei nova só se aplica aos fatos cometidos após a sua
vigência, mesmo no ponto referente à iniciativa da ação penal.
Condições da ação:
São as condições necessárias e condicionantes para o exercício e o
desenvolvimento regular do direito de ação.
Funciona como uma questão relacionada a um dos elementos da ação
(partes, pedido e causa de pedir), que estaria em uma zona intermediária
entre as questões de mérito e as questões de admissibilidade.
As condições da ação podem ser:
• Condições genéricas ou gerais:
São as que devem estar presentes em qualquer ação penal.
• Condições específicas ou especiais (condições de procedibilidade):
São aquelas necessárias em apenas algumas ações penais, a
depender do acusado, do procedimento, da natureza do delito, etc.
Ex.: representação do ofendido, requisição do Ministro da Justiça,
autorização da Câmara dos Deputados para a instauração de processo
contra o Presidente e Vice e Ministros de Estado, exame pericial em
crimes contra a propriedade imaterial que deixam vestígio (art. 525, CPP),
laudo de constatação provisório da droga nos crime de tráfico de drogas,
encerramento da instância administrativa nos crimes materiais contra a
ordem tributária, entrar o agente no território nacional na hipótese de
extraterritorialidade condicionada, etc.
→Condições genéricas:
Previstas no artigo267, VI, CPC.
Art. 267 do CPC. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a
possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
Legitimidade para a causa ou ad causam:
Quem pode entrar com a ação e contra quem ela pode ser proposta.
a) Legitimidade ativa:
Se estamos diante de um crime de ação penal pública, a
legitimidade é do Ministério Público (art. 129, inciso I, da CF/88).
Se estamos diante de um crime de ação penal privada, o ofendido
ou seu representante legal.
*A pessoa jurídica tem legitimidade ativa?
Sim, pois a pessoa jurídica pode ser vítima do crime de difamação (pois é
dotada de honra objetiva).
Legitimidade passiva: Quem pode ser réu?
Pessoa física, maior de 18 anos, capaz.
Sucessão Processual:
É a alteração (substituição) subjetiva (da parte) do processo. Ocorre
quando uma pessoa toma o lugar da outra no processo. No processo
penal ocorre no caso do art. 31 do CPP.
Art. 31 do CPP No caso de morte do ofendido ou quando declarado
ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na
ação passará ao cônjuge (companheiro), ascendente, descendente ou
irmão.
Se uma vítima de um delito de ação penal privada vem a óbito, seus
sucessores poderão ingressar com a ação penal ou, se já estiver em
andamento, dar prosseguimento.
Justa Causa:
É a necessidade de lastro indiciário mínimo dando sustentabilidade
à ação e sem o qual a demanda seria temerária.
Justa causa = indícios de autoria + prova da materialidade.
Art. 395 do CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Condição de procedibilidade x condição de prosseguibilidade:
Condição de procedibilidade é uma condição imposta pela lei para
que o processo tenha início.
Ex.: representação do ofendido nos casos de ação penal pública
condicionada à representação, requisição do Ministro da Justiça nos
casos de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da
Justiça.
Condição de prosseguibilidade é uma condição para que o
processo tenha continuidade. O processo já está em andamento e uma
condição deve ser implementada para que o processo siga seu curso
normal.
Ex. 1: crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa, que antes
da Lei no. 9.099/95 eram de ação penal pública incondicionada e passaram
a ser de ação penal pública condicionada à representação.
Art. 88 da Lei no. 9.099/95. Além das hipóteses do Código Penal e da
legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Art. 91 da Lei no. 9.099/95. Nos casos em que esta Lei passa a exigir
representação para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou
seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta
dias, sob pena de decadência.
*A representação do ofendido no crime de lesão leve é condição de
procedibilidade ou de prosseguibilidade?
Quando a lei dos juizados especiais criminais entrou em vigor, a
representação funcionava como uma condição de prosseguibilidade para
os processos penais que já estavam em andamento, e como uma
condição de procedibilidade para os processos que ainda não tinham tido
início.
Ex. 2: crime de estupro cometido com emprego de violência real, que
antes da Lei no. 12.015/09 era de ação penal pública incondicionada e
passou a ser de ação penal pública condicionada à representação.
Neste caso surgiram duas correntes:
- 1a corrente: se o processo já estava em andamento não haverá
necessidade de representação, já que a Lei no. 12.015/09 não trouxe
dispositivo semelhante ao art. 91 da Lei 9.099/95. (prevalece)
Classificação das ações penais:
A classificação é feita conforme quem é o titular da ação penal.
Ao direito de ação corresponde a obrigação da prestação da tutela
jurisdicional. Trata-se de um evidente caráter público da ação. Por tudo
isso, a rigor, constitui uma impropriedade falar em ação penal pública e
privada, eis que toda ação penal é pública, posto que é uma declaração
petitória, que provoca a atuação jurisdicional para instrumentalizar o
Direito Penal e permitir a atuação da função punitiva estatal. Seu
conteúdo é de interesse geral.
O correto é classificar em acusação pública e acusação privada, ou,
se preferirem seguir classificando a partir do crime, teremos ação penal
de iniciativa pública e ação penal de iniciativa privada.
A. Ação penal pública:
Titular: Ministério Público (art. 129, I, da CF/88 e art. 257, I, do CPP);
Princípios da Ação Penal Pública:
• Princípio da Intranscendência ou pessoalidade:
A peça acusatória só pode ser oferecida em face do suposto autor
ou partícipe do fato delituoso, ou seja, os efeitos da ação penal pública
não poderão ultrapassar a figura do demandado. É decorrência do
princípio penal e constitucional da personalidade da pena.
• Princípio da obrigatoriedade, legalidade processual ou
compulsoriedade:
Presentes as condições da ação penal e os pressupostos
processuais e havendo justa causa, o MinistérioPúblico é obrigado a
oferecer a denúncia, ou seja, a atividade da iniciativa pública não é
discricionária;
Exceções ao princípio da obrigatoriedade (Princípio da Obrigatoriedade
Mitigada ou da Discricionariedade Regrada):
1. Transação Penal (art. 76 da Lei 9.099/95): instituiu uma
contemporização ao princípio da obrigatoriedade, que ganhou o nome de
princípio da obrigatoriedade mitigada ou regrada, onde o suposto autor
da infração tem a possibilidade de aceitar a proposta de transação penal,
ou seja, a submissão a uma medida alternativa, não privativa de
liberdade, em troca do não início do processo.
2. Termo de ajustamento de conduta: com previsão nas leis Lei o.
7.347/85 e n° 9.605/98. Lavrado um termo de ajustamento de conduta, e
desde que o acordo esteja sendo cumprido, o oferecimento de denúncia
em razão de ilícito ambiental praticado perde completamente o sentido e,
em especial, a utilidade, condição da ação penal sem a qual não é
possível a deflagração da persecutio criminis in judício.
• Princípio da indisponibilidade:
O MP não pode dispor da ação penal em andamento, devendo
impulsioná-la até o fim. É decorrência lógica do princípio da
obrigatoriedade.
Obs. 1: nada impede que o promotor requeira a absolvição, recorra em
favor do réu, ou até mesmo, impetre Habeas Corpus, o que não significa
desistência.
Obs. 2: os recursos do MP são essencialmente voluntários, e o promotor
só recorrerá se for estratégico. Todavia, se o promotor recorrer ele não
poderá desistir, já que, segundo Magalhães Gomes Filho, o recurso é um
desdobramento do direito de ação (art. 576, CPP).
- Exceção ao princípio da indisponibilidade (disponibilidade regrada):
1. Suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95), onde,
a requerimento do MP, o processo será paralisado por um período
de 2 a 4 anos, e se as obrigações impostas ao réu forem cumpridas,
será declarada a extinção da punibilidade (art. 89, Lei 9099/95).
• Princípio da (in)divisibilidade:
Segundo a doutrina majoritária (Fauzi Hassan Choukr), a ação penal
pública é indivisível já que todos que contribuíram para o delito devem
ser processados, desde que exista justa causa.
Obs.: esse é o aspecto subjetivo do Princípio da Obrigatoriedade.
Para os tribunais superiores, a ação penal pública é divisível por
admitir desmembramento e complementação incidental via aditamento,
ou seja, o MP pode oferecer denúncia contra alguns investigados, sem
prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos demais.
Crítica Doutrinária: para a doutrina, esta análise jurisprudencial,
apresenta um desvio de percepção, afinal se a denúncia for aditada para
inclusão de mais réus no processo (aditamento subjetivo) ratifica-se o
entendimento de que todos devem ser processados, e o mais adequado é
falarmos em indivisibilidade.
Obs.: Fernando Capez, propõe a existência de mais 3 princípios reitores
da Ação Penal Pública, quais sejam:
• Princípio da autoritariedade: por ele, a ação penal pública, será
exercida por uma autoridade pública que atua como verdadeiro
presentante do MP;
• Princípio da oficialidade: por ele, a ação penal pública será
exercida por um órgão oficial do Estado;
• Princípio da oficiosidade (ex officio): por ele, em regra, a atividade
persecutória pública ocorre ofício, independente da manifestação
de terceiros, pela qualidade dos bens jurídicos em jogo.
Ação penal pública condicionada:
É aquela titularizada pelo MP, mas que depende de uma prévia
manifestação de vontade do legítimo interessado. A atuação do Ministério
Público depende da representação da vítima ou do seu representante
legal ou ainda de requisição do Ministro da Justiça.
Obs.: almeja-se, aqui, evitar o escândalo do processo, trazendo para o
legítimo interessado o poder de autorizar, ou não, o início da persecução
penal.
Representação do ofendido:
É a manifestação de vontade do ofendido ou seu representante
legal no sentido de que possui interesse na persecução penal do fato. Ela
é pedido e, ao mesmo tempo, autorização que condiciona o início da
persecução penal, nas hipóteses legalmente exigidas. Sem representação
não haverá ação penal, inquérito e nem mesmo lavratura de auto de
prisão em flagrante.
Segundo os Tribunais Superiores e a maioria da doutrina é peça
sem rigor formal, que tem forma livre. Prescinde-se, portanto, de que haja
uma peça escrita com o nomen juris de representação nos autos do IP ou
do processo criminal. Basta que haja a manifestação de vontade da vítima
ou de seu representante legal, evidenciando a intenção de que o autor do
fato delituoso seja responsabilizado penalmente. Não por outro motivo, já
se considerou como representação um mero boletim de ocorrência,
declarações prestadas na polícia.
Obs.: Aury Lopes Jr., entende que pelo menos deve constar da
representação a data, para que possa ser controlado o prazo decadencial
de 6 meses.
Natureza jurídica:
• Se a ação penal já estiver em andamento será uma condição de
prosseguilibidade;
• Se a ação penal ainda não teve início será condição específica de
procedibilidade.
PRAZO PARA OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO
O prazo para representar é de seis meses e tem natureza decadencial, o
que significa dizer que ele é fatal e não admite suspensão, interrupção ou
prorrogação.
Obs.: prazo decadencial não flui para aqueles que não possuem plena
capacidade.
Forma de Contagem: o prazo para representar é contado de acordo com o
artigo 10 do CP, de forma que o 1o dia é incluído e o último excluído, ressalta-se que o prazo começa a ser contado a partir do momento que a vítima toma conhecimento de quem é o autor do crime.
Retratação da Representação:
Art. 25 do CPP. A representação será irretratável, depois de oferecida a
denúncia.
Se a vítima representar, nada impede que ela se arrependa e retire a
representação, o que pode ocorrer até a oferta da denúncia.
Obs.: a denúncia encontra-se oferecida com o protocolo no setor de
distribuição ou na secretaria da respectiva Vara Criminal.
Exceção: art. 16 da Lei Maria da Penha.
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da
ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à
representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com
tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério
Público.
A Lei Maria da Penha admite que a vítima se arrependa da
representação, trazendo, contudo as seguintes peculiaridades:
a) Exige-se a designação de audiência específica, com a presença do MP
e do magistrado, para aferir se a vítima está sendo coagida a se retratar;
Obs.: Não se exige a presença do advogado ou do defensor público.
b) Na violência doméstica, o marco de retratação é especial e
caracterizado pelo recebimento da denúncia;
c) Em que pese o artigo 16 da Lei Maria da Penha (Lei no. 11340/06) falar
em renúncia da representação, a doutrina majoritária entende que
estamos diante de uma mera retratação.
Denúncia:
• Requisitos formais:
Art. 41 do CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado
ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
1o) Exposição do fato criminoso:
A denúncia tem que narrar o fato punível com todas as suas
circunstâncias de tempo, local e modo de execução, porque o acusado se
defende do fato narrado, não da classificação jurídica dada.
Existem três hipóteses em que a materialidade não está
comprovada, mas o juiz não pode rejeitar a denúncia:
a) JECrim – para o oferecimento da denúncia não precisa do exame de
corpo de delito, bastando o boletim médico.
Art. 77 da Lei 9.099/95
§ 1o Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no
termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a
materialidade do crimeestiver aferida por boletim médico ou prova
equivalente.
b) Lei Maria da Penha – admite a denúncia com base em prontuários
médicos.
Art. 12 da Lei no. 11.340/06
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários
médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
c) Lei de drogas – a denúncia pode ser feita com o laudo de constatação
provisório.
Art. 50 da Lei no. 11.343/06
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial
ou, na falta deste, por pessoa idônea.
2o) Identificação do acusado:
A denúncia deve apontar o autor ou autores do fato de forma
inequívoca e individualizá-lo no meio social. Em regra, a identificação é a
civil (nome, filiação, profissão, estado civil).
3o) Classificação do crime:
A classificação do crime é a indicação do dispositivo legal que
descreve o fato criminoso praticado pelo imputado. Não basta a simples
menção do nomen juris da figura delituosa (por exemplo, homicídio
simples), pois, sob a mesma denominação, podem aparecer crimes
diferentes, como o homicídio previsto no Código Penal e o homicídio
previsto no Código Penal Militar, no CTB, etc. Deve haver, portanto, a
indicação do dispositivo legal em cuja pena se encontra incurso o
acusado (por exemplo, CP, art. 121, caput).
Obs.: a classificação jurídica dada pelo Delegado no indiciamento não
vincula o MP; e a classificação dada pelo Ministério Público na denúncia
não vincula o Juiz.
*Pode o juiz discordar da classificação dada pelo MP já no recebimento
da denúncia?
- 1a corrente: (majoritária) o juiz não pode dar definição jurídica diversa no
momento do recebimento da inicial. Argumentos:
 falta de previsão legal. A lei só permite na sentença;
 assim agindo o juiz estaria antecipando a emendatio libelli;
 a antecipação da emendatio libelli fere o princípio da ampla
acusação.
4o) Rol de testemunhas.
Esse é o momento para o Ministério Público arrolar as testemunhas
de acusação, sob pena de preclusão temporal.
→Procedimento ordinário: MP, 8 testemunhas por fato; Defesa 8
testemunhas por réu.
→Procedimento sumário: 5 testemunhas.
→Procedimento sumaríssimo: 3 testemunhas.
5o) Tem que ser escrita em nosso vernáculo (língua nacional): não é
correto utilizar latim.
6o) A denúncia tem que ser subscrita pelo Promotor de Justiça, ainda que
feita pelo estagiário.
Prazo para denúncia:
• Regra:
→ indiciado preso - 5 dias
→ indiciado solto - 15 dias
Art. 46 do CPP. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu
preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério
Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu
estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do
inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em
que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
Princípios da ação penal privada:
• Princípio da intranscendência: a peça acusatória só pode ser
oferecida em face do suposto autor ou partícipe do fato delituoso,
ou seja, os efeitos da ação privada não podem ultrapassar da figura
do réu.
• Princípio da oportunidade ou conveniência: cabe ao ofendido optar
pelo oferecimento ou não da queixa-crime;
• Princípio da disponibilidade: o querelante pode dispor do processo
em andamento;
• Princípio da indivisibilidade:
Caso a vítima opte por ingressar com uma ação penal privada,
deverá fazê-lo contra todos aqueles que concorrem para o crime de quem
ela tem conhecimento, ou seja, o processo contra um dos coautores ou
partícipes obriga ao processo de todos, sendo assim, todos que
cometeram a infração penal deverão ser processados.
FORMAS DE DISPOSIÇÃO DA AÇÃO PENAL
A não inclusão de eventuais suspeitos na queixa-crime não configura, por
si só, renúncia tácita ao direito de queixa. Contudo, para o reconhecimento da renúncia tácita ao
direito de queixa, exige-se a demonstração de que a não inclusão de
determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma
deliberada pelo querelante
Caso a vítima voluntariamente não exerça a ação contra todos os
infratores conhecidos, teremos a seguinte atuação do MP:
- 1a corrente: (Eugênio Pacelli, Tourinho Filho, Júlio Fabbrini Mirabete),
em posição minoritária, entendem que deve o promotor aditar a ação
incluindo os réus faltantes por ser fiscal da indivisibilidade, independente
da voluntariedade ou não da omissão da vítima. Esses autores fazem uma
interpretação literal do art. 45 do CPP.
Art. 45 do CPP. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do
ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá
intervir em todos os termos subsequentes do processo.
Obs.: neste caso o Ministério Público seria litisconsorte ativo necessário
do querelante, intervindo em todos os termos do processo.
- 2a corrente: para a corrente majoritária, caso a vítima voluntariamente
não processe todos os infratores, estará renunciando ao direito em favor
dos não processados, o que extingue a punibilidade do fato, aproveitando
a todos. Por sua vez, se a omissão da vítima é involuntária, cabe a ela
processar o réu faltante, no prazo de 6 meses, contados do conhecimento
da autoria, já que o MP não tem legitimidade ativa para tanto.
O MP tem legitimidade ativa para aditar a ação privada no prazo de
3 dias contados da abertura de vista, mas somente se for um aditamento
formal. Ex.: como dia, hora, local, etc. Não pode aditamento substancial
ou subjetivo, sobre matéria fática, como incluir réus não contemplados,
sob pena de ferir o princípio da oportunidade ou disponibilidade. (Nestor
Tavora, Rosmar Rodrigues de Alencar, Renato Brasileiro)
Obs.: para Aury Lopes Jr., é mais adequado que a vítima proponha
demanda autônoma em razão do réu incidentalmente descoberto, para
que não ocorra tumulto processual. A doutrina majoritária só admite essa
solução se o processo original já estiver em estágio avançado.
- 3a corrente: (Pedro Henrique Demercian e Jorge Assaf Maluly) se a
omissão é voluntária, ocorrerá extinção da punibilidade pela renúncia.
Todavia, se a omissão é involuntária, cabe à vítima ou ao MP aditar a
ação, incluindo o réu faltante.
Queixa-crime:
Art. 41 do CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado
ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Art. 44 do CPP. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do
querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente
requeridas no juízo criminal.
Subespécies de ação penal de iniciativa privada:
B.1. Ação penal de iniciativa privada personalíssima:
É aquela que possui como único titular a vítima. O direito de queixa
só pode ser exercido pelo ofendido.
Nesta ação não há intervenção de representante legal nem
sucessão processual por morte ou ausência.
Se a vítima morrer, será causa extintiva da punibilidade.
*Qual o único exemplo de crime de ação penal de iniciativa privada
personalíssima?
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento
anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado
a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
B.2. Ação penal de iniciativa exclusivamente privada ou propriamente
dita:
É aquela titularizada pela vítima ou por seu representante legal.
Em caso de morte ou sendo incapaz o ofendido,o direito de queixa
será exercido por seu representante legal. Esta ação admite sucessão por
morte ou ausência (art. 31, CPP).
Art. 31 do CPP. No caso de morte do ofendido ou quando declarado
ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na
ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
*Quem oferece a queixa-crime no caso da pessoa jurídica vítima?
O representante legal da empresa, assim considerado no estatuto
ou contrato social.
Ação penal privada subsidiária da pública:
Art. 5o da CF/88.
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal;
Art. 29 do CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor
recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
ação como parte principal.
Art. 100 do CP.
§ 3o - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação
pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
É aquela exercida pela vítima em delito da ação penal pública, pois
o MP não cumpriu o seu papel nos prazos legalmente estabelecidos.
Só é cabível na inércia do Ministério Público, ou seja, não fez
nenhuma das seguintes hipóteses: denúncia, requerimento de
diligências, promoção de arquivamento ou conflito de atribuição ou
competência.
Além da desídia do MP, é necessário a presença de uma vítima
individualizada, já que a falta impede o exercício da queixa subsidiária,
por impossibilidade lógica.
Ex.: Embriaguez ao volante, tráfico de drogas, etc.
*E se o Ministério Público pede o arquivamento do IP, cabe ação penal
privada subsidiária da pública?
Essa espécie de ação somente é cabível na inércia do Ministério
Público. Assim, se o órgão pede o arquivamento do IP, não há inércia e,
portanto, não se admite a queixa subsidiária.
Prazo para o oferecimento da queixa subsidiária:
Art. 38 do CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido ou seu
representante legal, decairá no direito de queixa ou representação, se não
o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a
saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Art. 46 do CPP. O prazo para o oferecimento da denúncia, estando o réu
preso, será de cinco dias, contado da data em que o órgão do Ministério
Público receber os autos do inquérito policial, e de quinze dias, se o réu
estiver solto ou afiançado(...).
A partir da inércia consumada por parte do Ministério Público,
inicia-se o prazo decadencial do querelante para o oferecimento da queixa
subsidiária, o qual se finda no prazo de 6 meses.
• Primeiros 5 ou 15 dias, somente o Ministério Público tem
legitimidade;
• Nos 6 meses seguintes co-legitimidade entre o ofendido ou seu
representante legal e o Ministério Público;
• Após os 6 meses a legitimidade volta a ser exclusiva do Ministério
Público.
*O que é a chamada decadência imprópria?
É a que ocorre no caso da ação penal privada subsidiária da
pública. A perda do prazo decadencial por parte do querelante não
acarreta a extinção da punibilidade, pois tal ação penal em sua essência é
pública e após os seis meses a legitimidade volta a ser exclusiva do
Ministério Público.
Poderes do Ministério Público na ação penal privada subsidiária da
pública:
Art. 29 do CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao MP aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos
do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal.
Retomar a ação como parte principal – se o querelante for
negligente o Ministério Público pode retomar a ação como parte
principal, é a chamada AÇÃO PENAL INDIRETA;

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