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Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 Meios de prova Entende-se, sucintamente, como meio de prova tudo que possa servir, direta ou indiretamente, para a comprovação da verdade que se busca no processo: testemunha, documento, perícia, informação da vitima, reconhecimento, entre outras vertentes. As provas devem preencher alguns requisitos, quais sejam: * Possibilidade (A prova tem de ser possível). * Pertinência (O material probatório tem que ser pertinente ao processo). * Contundência (a prova deve ser contundente e eficaz). Exemplos de provas - ATENÇÃO! O Rol não é taxativo. Admite-se, portanto, qualquer meio de produção de provas que não seja defeso em lei. * Prova pericial: É obtida através de laudo pericial, emitido por perito(s) competente(s). É obrigatória em crimes materiais. Ex: No crime de tráfico (ou de uso) é necessária a perícia para a constatação de que o material do crime é mesmo uma droga. Ou seja: se o acusado foi pego com maconha, a substância apreendida deve ser encaminhada para um laboratório, que emitirá o laudo pericial constatando que o material era de fato uma porção de maconha. (No boletim do flagrante se constará "substância análoga à maconha", pois não se pode afirmar que aquilo é de fato uma droga ilícita até que haja tal constatação por laudo pericial). A conclusão da perícia é subjetiva ou objetiva? Depende do objeto a ser periciado. Exemplo: se a perícia envolver um exame de utilização de líquidos químicos, reagentes, é uma perícia objetiva. Agora uma perícia no ramo da psiquiatria, da psicologia, dois peritos podem ter uma opinião diversa a cerca desse assunto; tratando-se, portanto,de uma conclusão subjetiva. Obs: O acusado pode, durante a Ação Penal: - Acompanhar a perícia O acusado tem o direito de presenciar a perícia no momento em que ela é feita. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 - Apresentar quesitos e/ou pedir esclarecimentos ao perito Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes (a acusação também pode), requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias da data da audiência. - Levar um assistente técnico Isto é, pagar um perito particular que emitirá seu próprio laudo, que poderá ser instrumento de contestação ao laudo do perito nomeado pelo juízo. Artigo 182 do Código de Processo Penal: "O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte." * Interrogatório do acusado: O interrogatório é um dos momentos mais relevantes do processo. É por meio dele que o juiz toma contato com o réu. Permite que o magistrado conheça mais de perto aquele a quem o Ministério Público ou o querelante atribui a prática de uma infração penal. Por meio dele, o juiz pode melhor avaliar a pretensão penal deduzida em juízo. Permite ainda que o julgador possa melhor sopesar as declarações do interrogando com o restante contexto probatório, extraindo, a final, o seu convencimento mais exato quanto possível do fato atribuído ao réu em sua plenitude. O interrogatório deve ser um momento de profunda atenção ao que o acusado diz; como se comporta diante das perguntas formuladas; suas reações e sua versão dada ao fato ilícito de que é acusado. O juiz atento a esse ato processual, e valorizando-o como é recomendável, por certo terá condições de formar o seu convencimento de forma mais sólida e convincente. - Trata-se de ato personalíssimo, porque o acusado, quando do interrogatório, não pode ser substituído nesse ato processual por ninguém, nem por procurador com poderes especiais conferidos para desempenhar esse mister. - O acusado pode mentir, sem que isso configure crime. - O acusado pode se manter em silêncio, sem que isso lhe prejudique. - O interrogatório pode ser feito por videoconferência. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 * Confissão: Confessar é reconhecer a autoria da imputação ou dos fatos objeto da investigação preliminar por aquele que está no polo passivo da persecução penal. A confissão está prevista no título das provas no Código de Processo Penal, artigos 197 a 200, encontrando ainda, sobre a confissão, resquícios no artigo 65, inciso III, alínea “d” do Código Penal, e nas legislações extravagantes. Destarte, a confissão nada mais é que a aceitação pela parte passiva da persecução penal dos fatos delituosos que lhe são desfavoravelmente imputados, vale dizer, é o reconhecimento da imputação que lhe é feita. ATENÇÃO: Mesmo havendo confissão, a acusação continua com o ônus da prova. *Declaração do ofendido: A vítima também pode mentir, desde que não faça falsas acusações. Deverá ser indagada sobre as circunstâncias que informam a denúncia (quem, o quê, quando e onde). Essas perguntas são documentadas em um termo, onde há o apontamento das circunstâncias da infração, autoria e as provas que conduzam ao(s) autor(es) do delito. * Prova testemunhal A testemunha não pode mentir, exceto quando a resposta da pergunta possa a incriminar. Ao compromissar a testemunha o Juiz deve advertir a testemunha que mentir é crime. Crime de Falso testemunho - CPB - Art. 342. " Art. 342 Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § 1º - As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 § 2º - O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade." * Reconhecimento de pessoasou coisas Previsto no artigo 226, do CPP, o Reconhecimento de Pessoas ou Coisas está inserido no título reservado às provas do Processo Penal e tem por finalidade precípua a identificação de um suspeito ou de um objeto através da palavra da vítima ou das testemunhas. Segundo prescreve Aury Lopes “O reconhecimento é um ato através do qual alguém é levado a analisar alguma pessoa ou coisa e, recordando o que havia percebido em um determinado contexto, compara as duas experiências.”. Obs: código exige que sejam colocadas 5 pessoas parecidas. "Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma: I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida; Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la; III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela; IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento." * Acareação Pode-se conceituar a acareação como sendo um ato processual, meio de prova, em que há uma confrontação entre duas ou mais pessoas, cujos depoimentos foram conflitantes, a fim de que, frente à Autoridade competente, esclareçam as divergências apresentadas. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 Segundo o dicionário Aurélio, “acarear” é um verbo transitivo direto que significa “1. Pôr cara a cara, ou frente a frente; afrontar, enfrentar, acarar. 2. Pôr (testemunhas cujos depoimentos ou declarações não são concordes) em presença uma das outras” . "Art. 229 - A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes." ATENÇÃO: A acareação não pode ser feita com o acusado, somente entre testemunhas e/ou vítimas. * Prova documental O nosso Código de Processo Penal vem tratando do tema da prova documental nos arts. 231 a 238. A origem da palavra documento vem do latim doceo, doces, docui, doctum, docere, que tem como significado “ensinar, mostrar, indicar”. Importante assinalar que a definição de “documento” pode ser aferida tanto em sentido amplo quanto em sentido estrito. Naquele é qualquer coisa que representa um fato, como, p. ex., os monumentos históricos, ao passo que nesse insere-se um conteúdo bem mais intelectual, por intermédio de um escrito ou outros sinais, imagens, etc. Aury Lopes Junior (2014, pgs. 1754-1755) complementa: "[...] além de ser considerado documento qualquer escrito, abre-se a possibilidade da juntada de fitas de áudio, vídeo, fotografias, tecidos e objetos móveis que fisicamente possam ser incorporados ao processo e que desempenhem uma função persuasiva (probatória)." * Indícios Dispõe o art. 239, do Código de Processo Penal: "Art. 239 Considera-se indícios a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias". Tem-se, portanto, que indício é circunstância ou fato conhecidos, que autorizam algum tipo de conclusão sobre um outro fato ou circunstância desconhecida, mas com as quais possuam algum tipo de relação. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 Cumpre ressaltar que a prova indiciária consiste em meio de prova, ou seja, consiste em "argumentos e argüições lógico-jurídicos aptos à demonstração lícita da existência de elementos suscetíveis de sensibilização ou compreensão, concernentes a ato, fato, coisa, pessoa" . A prova indiciária, ainda que indireta, tem a mesma força probante que qualquer outro meio de prova direta, como a testemunhal ou a documental. * Busca e apreensão A busca pode ser definida como medida cautelar coercitiva de obtenção de coisas ou pessoas e, portanto, é admitida como exceção as normais garantias de liberdade individual (pessoal ou domiciliar) possuindo o desígnio de assegurar para o processo coisas que podem servir a prova ou prender o imputado, ou, ainda, outra pessoa acusada de delito ou evadida. "Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: a) prender criminosos; b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; g) apreender pessoas vítimas de crimes; h) colher qualquer elemento de convicção." ATENÇÃO: O policial tem poder para efetuar a busca, mas não pode fazer apreensões senão em virtude de flagrante. Ex: Numa revista, o policial não pode apreender o celular do suspeito só porque ficou convicto de que ali haveria algum material comprobatório (Diferente de quando o celular é objeto de furto/roubo, quando ocorre a prisão em flagrante). Obs: Ordem judicial só pode ser cumprida durante o dia. " Art. 5°, CF. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial" * Interceptação ambiental A interceptação ambiental consiste na captação de sons ou imagens, feita por terceira pessoa, de duas ou mais pessoas, sem que estas saibam que estãosendo monitoradas ou vigiadas. É ato investigatório previsto no inciso IV do artigo 2o da Lei 9.034/95 - acrescentado pela Lei 10.217/01 - que dispõe, in verbis: "Art. 2 o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: IV – a captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial." ATENÇÃO: Será dispensável a autorização judicial quando a interceptação ambiental ocorrer em local aberto ou público. * Colaboração premiada Pelo instituto da colaboração premiada, o acusado aponta outras pessoas igualmente responsáveis pela prática da infração penal e, em troca das informações prestadas, úteis à elucidação do delito, recebe algum benefício do Estado com amparo legal. Ou seja, acordam benesses em troca de afirmativas relevantes à busca da verdade no processo penal. A colaboração premiada somente se efetivará quando o acusado/réu também confessar, porque, se negar a autoria e atribuí-la a um terceiro, estará escusando-se e não terá valor de prova sua afirmativa. A propositura do acordo será feita pelo Ministério Público, pela policia ou pela defesa do investigado/ réu. Vislumbra-se que, os momentos para aplicação do instituto da colaboração premiada pode ser tanto a fase do inquérito policial quanto em juízo, após a propositura da ação penal. Todavia, se ocorrer na fase policial e houver retratação em juízo, não terá valor algum. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 ATENÇÃO: O réu não deve somente delatar, mas também provar aquilo que delatou. Sem provas, a delação não será válida. * Ação controlada O exemplo típico desta técnica de investigação é o caso do tráfico de drogas. Imagine que a polícia descubra que determinado passageiro irá embarcar uma grande quantidade de droga em uma barco que seguirá de um Estado para outro. A polícia poderia prender o traficante no instante em que este estivesse embarcando o entorpecente, ou ainda, no momento do transporte. Entretanto, revela-se mais conveniente à investigação que a autoridade policial aguarde até que o agente chegue ao seu destino onde poderá descobrir e prender também o destinatário da droga. Este modo de proceder é chamado de “ação controlada”. A ação controlada é também denominada de “flagrante prorrogado, retardado ou diferido”. ATENÇÃO: A ação controlada não precisa de autorização judicial. * Infiltração Em síntese, a infiltração policial corresponde a um meio extraordinário de investigação e obtenção de prova, em que um agente policial, mediante prévia autorização judicial, penetra no interior de uma organização criminosa, simulando ser um dos participantes da mesma, para obter e colher informações a respeito de seu funcionamento, com o objetivo precípuo de desmontar a organização. ATENÇÃO: O agente infiltrado pode cometer crimes para que não seja descoberto. * Interceptação telefônica Interceptação telefônica é a captação da comunicação telefônica alheia por um terceiro, sem que os interlocutores saibam disso. A e B conversam enquanto C escuta, sem que os dois primeiros saibam. Ou seja: a linha é duplicada e o Ministério Público e a Policia Civil ou Federal têm acesso às ligações. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 O sistema de avaliação das provas * Íntima convicção - A decisão não precisa ser fundamentada. Este sistema é utilizado SOMENTE no Tribunal do Júri. * Prova tarifada - O juiz é livre para se convencer. (NÃO EXISTE NO BRASIL) * Livre convencimento motivado - O juiz é livre para se convencer, desde que fundamente suas decisões. "CPP, Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas." A prova ilícita Em suma, prova ilícita é aquela prova que viola qualquer lei ou a Constituição Federal. "Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais." A teoria dos frutos da árvore envenenada nos trás que as provas derivadas de provas ilícitas também serão nulas, conforme preceitua o parágrafo primeiro do artigo supracitado, que prevê exceções: "§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras." Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 A oração em negrito diz respeito à teoria da fonte independente e à teoria da descoberta inevitável; * Teoria da fonte independente: quando uma prova possui duas fontes, uma lícita e outra ilícita, utiliza-se a fonte lícita, afastando-se a ilícita e consequentemente admitindo-se a prova. * Teoria da descoberta inevitável: torna admissível a utilização de prova obtida de forma ilícita, quando se verificar que tal prova seria inevitavelmente descoberta por outros meios legais, ou seja, a prova seria obtida ou produzida de qualquer forma, independentemente da prova ilícita originária. Exemplo de descoberta inevitável: imagine-se a hipótese em que policiais torturam um suspeito para que ele indique onde está guardada a droga. Enquanto isso, outra equipe de policiais se prepara para cumprir um mandado de busca e apreensão no esconderijo, inclusive com a utilização de cães farejadores, sendo certo o encontro da droga, pois depositada em local de fácil localização. Contudo, em razão da tortura, o suspeito acaba indicando aos torturadores o local exato onde a droga estava, sendo a informação repassada aos policiais que realizariam a busca, facilitando a apreensão do material. Malgrado a ilegalidade representada pela tortura, grave ilegalidade, aliás, a prova material consubstanciada no encontro da droga é de ser válida, porque a descoberta era inevitável, uma vez que outra equipede policiais já estava pronta para fazer a busca e apreender a substância. Questões prejudiciais/Incidentais Conceito: As questões prejudiciais são questões que devem ser avaliadas pelo juiz, com valoração penal ou extrapenal, devendo ser decididas antes do mérito da ação principal. São as soluções dadas pela lei processual para as variadas eventualidades que venham ocorrer no andamento do processo, e que devem ser resolvidos pelo juiz antes da solução da causa principal. Trata- se de questão de direito, cuja solução se apresenta como antecedente lógico e jurídico da de direito penal objeto do processo e que versa sobre uma relação jurídica de natureza particular e controvertida. OBS: A questão prejudicial gera a suspensão da ação penal. Características: Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 Anterioridade, autonomia e essencialidade. Exemplos: Exemplo de questão prejudicial é a analise da existência de matrimônio anterior no crime de bigamia, já que o casamento anterior é elemento essencial para a configuração do delito. "Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento Pena - reclusão, de dois a seis anos." Então podemos dizer que o juiz antes da análise do mérito da ação, deverá analisar se o indivíduo acusado de referido crime realmente era casado pela lei civil. Caso o juiz do cível acate a questão prejudicial (anule o casamento), desaparece a elementar do crime no processo penal, e o juiz penal deve absolver o acusado. Se por outro lado, o juiz cível negar a pretensão do acusado, quer nos casos das questões obrigatórias, quer nas questões relativas (por exemplo, decide que o réu tem 18 anos, e, portanto é plenamente imputável), o processo prossegue e o juiz penal deve julgar com base no livre convencimento. ATENÇÃO: QUESTÕES PRELIMINARES ≠ PREJUDICIAIS. Ora, as questões prejudiciais dizem respeito ao mérito da ação, como por exemplo, saber se o objeto pertence ou não ao acusado. Já as questões preliminares dizem respeito a alguns pressupostos processuais (juiz não suspeito, não impedido, ausência de compatibilidade do juiz, não independência, ausência de coisa julgada, de incompetência, ilegitimidade da parte). QUESTÕES PREJUDICIAIS HOMOGÊNEAS: são aquelas que pertencem ao mesmo ramo do direito da ação principal, ou seja, que podem ser resolvidas pelo próprio Juiz daquela ação penal (ex.: decisão sobre a exceção da verdade no crime de calúnia). QUESTÕES PREJUDICIAIS HETEROGÊNIAS: vinculam-se a outras áreas do direito, devendo ser decididas por outro juízo (ex: casos de anulação do casamento no crime de bigamia, da decisão que reconhece a posse nos crimes contra o patrimônio, esbulho possessório ou nulidade de patente nos crimes contra propriedade imaterial). QUESTÕES PREJUDICIAIS TOTAIS: dizem respeito ao grau de influência sobre a questão prejudicada, ou seja, se interferirem na própria existência do delito, como por exemplo a posse de coisa comum, nos casos de furto comum; QUESTÕES PREJUDICIAIS PARCIAIS: dizem respeito a uma circunstância do delito, como uma qualificadora, ou qualquer atenuante ou agravante. QUESTÕES PREJUDICIAIS NÃO DEVOLUTIVAS: são as prejudiciais que devem ser apreciadas pelo juiz penal, como nos casos de a questão prejudicial Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 dizer respeito à matéria penal (furto e receptação, exceção da verdade e bigamia, por exemplo). QUESTÕES PREJUDICIAIS DEVOLUTIVAS: que devem ser julgadas pelo juiz cível. QUESTÃO PREJUDICIAL OBRIGATÓRIA: se a decisão sobre a existência da infração depender da solução sobre o estado civil das pessoas (cidadania, relações familiares e capacidade), o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. Sistemas para determinação do juiz competente para julgar a ação: Separação jurisdicional absoluta: é o sistema adotado pelo código. Por este sistema, o juiz criminal deve se amparar na decisão do juiz cível. Existe, todavia, a crítica da afronta ao princípio da livre convicção do juiz. Sistema de separação jurisdicional relativa facultativa: sistema também adotado pelo código, que prevê a remessa facultativa ao juízo especializado. As questões prejudiciais cíveis devem ser julgadas pelo juiz cível, e as questões prejudiciais penais, pelo juiz penal. Juizados Especiais Criminais (lei 9.099/95) O Juizado Especial Criminal é órgão da Justiça que existe no âmbito da União, do Distrito Federal e dos Estados. Tem competência para conciliação, processo e julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo, mediante a oralidade e abreviação do rito pelo procedimento sumaríssimo. Estes órgãos jurisdicionais devem ser orientados pela conciliação e transação penal como forma de composição, e o julgamento de recursos por turmas de juízes. Os Juizados Especiais Criminais são competentes para o processo e julgamento das infrações penais de menor potencial ofensivo, entendidas como os crimes e contravenções penais cujas penas máximas não sejam superiores a 2 (dois) anos de privação de liberdade. Em primeiro lugar, é mister mencionar que não há que se falar em Inquérito Policial para apurar o crime e a autoria, uma vez que a autoridade policial deverá lavrar o Termo Circunstanciado de Ocorrência imediatamente, quando o fato lhe for noticiado. Serão ouvidos autor do fato e vítima, requisitados os exames técnicos de pouca complexidade necessários a Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 demonstrar a existência do fato criminoso, encaminhando-se ao final o procedimento simplificado ao Juizado Especial Criminal. É importante mencionar que o parágrafo único, do art.69, disciplina que, após a lavratura do termo circunstanciado, o autor do fato é imediatamente encaminhado ao juizado ou assume o compromisso de lá comparecer, não se impondo prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. In verbis: "Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromissode a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima." Na fase preliminar dos Juizados Especiais Criminais, comparecendo o autor do fato e a suposta vítima, deve-se prestigiar imediatamente a audiência preliminar onde as partes serão advertidas e esclarecidas sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade, a transação penal. A conciliação, quando ocorrer na forma de reparação de danos como forma de composição, será reduzida a escrito e homologada pelo Juiz. Esta homologação tem forma de sentença judicial irrecorrível e faz coisa julgada pela extinção da punibilidade materializada na renúncia do direito de queixa ou da representação. Ainda, o acordo homologado terá eficácia de título executivo a ser manejado no juízo cível. Na proposta de transação penal (feita pelo Ministério Público), caso aceite o autor do fato, o juiz fará aplicar imediatamente a proposta de pena alternativa. Caso aceite a proposta de transação penal, o imputado tem a possibilidade de não responder a processo criminal, bem como fica livre de eventual condenação. ATENÇÃO: NÃO HAVERÁ PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL QUANDO O AUTOR: Já é condenado à pena privativa de liberdade por sentença definitiva. Ter sido beneficiado anteriormente por outra transação dentro de um período de cinco anos. Forem-lhe desfavoráveis circunstâncias judiciais (não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.) Logicamente, a persecução criminal em juízo tem o seu início, quando superadas as tentativas de conciliação e de transação. Em se tratando de ação penal pública condicionada à representação ou ação penal pública incondicionada, o membro do Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 Ministério Público está autorizado à oferecer a denúncia, preferencialmente, na forma oral, caso não haja maiores diligências a serem realizadas para demonstrar com provas a existência do fato e apontar com maior segurança a autoria respectiva. Procedimentos penais PROCEDIMENTO ORDINÁRIO: quando a pena máxima em abstrato do crime cometido for de 4 anos ou mais. - Este procedimento se inicia com a denúncia do réu (ação penal pública), ou com a queixa-crime (ação penal privada). Neste procedimento as partes poderão arrolar até 8 testemunhas. - Após oferecida a denúncia ou a queixa-crime, os autos irão para conclusão e o juiz poderá tomar uma de duas decisões: Receber a denúncia/queixa-crime (se houver indícios de autoria e materialidade do crime). Para esta decisão não cabe recurso, porém poderá haver eventual Habeas Corpus. Rejeitar a denúncia. O juiz rejeitará a peça inicial caso esta seja inepta, falte condição ou pressuposto processual ou haja falta de justa causa. Para esta decisão cabe Recurso em sentido estrito (RESE). - Recebida a denúncia/queixa, o réu será citado no mesmo despacho em que o juiz realiza e comunica o recebimento. Após citado, o réu irá dispor de 10 dias para apresentar a sua resposta à acusação, arrolando possíveis testemunhas. OBS: Na resposta à acusação o advogado poderá levantar três tipos de teses, que levarão a três tipos diferentes de pedidos, quais sejam: Preliminar – levantam-se questões de nulidade processual. Mérito – tese que tentará convencer o juiz a conceder a absolvição sumária do réu (art. 397 – julgamento antecipado da lide a favor do réu). Tese subsidiária – Se, eventualmente, o juiz recusar as duas primeiras teses, poderá o advogado, sem prejuízo, alegar circunstâncias que visem melhorar a condição do réu caso este venha a ser condenado. - Os autos voltam à conclusão e, não entendendo o Magistrado, pela absolvição sumária, será designada a data de audiência de instrução e julgamento (art. 399 do CPP). Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente - A audiência deverá ocorrer no prazo de 60 dias e, em regra, haverá uma única audiência. Exceto se: o número de acusados for alto; a causa for complexa; ou deferida(s) diligência(s) complementar(es). Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 - Não ocorrendo qualquer das hipóteses de exceções o juiz ouvirá as alegações finais de ambas as partes e então julgará o caso. PROCEDIMENTO SUMÁRIO: Será utilizado quando a pena for superior a 2 e inferior a 4 anos. Aqui podem ser arroladas até 5 testemunhas. O procedimento sumário ocorrerá da mesma forma que o ordinário, respeitando as mesmas regras processuais, com exceção do prazo para a realização da audiência que deverá ocorrer em 30 dias e não em 60, como no ordinário. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO: Este é o procedimento adotado para o julgamento de infrações penais de menor potencial ofensivo, ou seja, quaisquer contravenções penais ou crimes cujas penas máximas não ultrapassem 2 anos e a competência para o julgamento destes é do Juizado Especial Criminal (JECRIM). Este procedimento está previsto na Lei 9.099/95 e não no CPP. - Caso seja infrutífera a conciliação será oferecida a denúncia, aqui feita de forma oral. - Neste procedimento o número de testemunhas não está estipulado em lei, sendo adotado de modo geral até 5 testemunhas e em casos mais complexos pode vir a ser aceito até 8 testemunhas. - Oferecida a denúncia será designada audiência de instrução e julgamento, nesta audiência UNA será oferecida a defesa prévia, apreciada naquele mesmo momento. - Caso seja aceita a defesa prévia, haverá a oitiva das testemunhas, interrogatório, debates orais (20 minutos prorrogáveis por mais 10), neste procedimento não há previsão legal para substituição dos debates por memoriais. - Dada a audiência o juiz proferirá sentença, recorrível através de recurso de apelação, prazo de 10 dias, ou poderão ser oferecidos embargos de declaração no prazo de 5 dias. Tribunal do Júri Previsto no art. 5º, inciso XXXVIII, da Constituição Federal, o Tribunal do Júri tem competência para julgar os crimes dolosos contra a vida. Ou seja, homicídio, infanticídio, aborto e instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio, delitos estes previstos no Código Penal Brasileiro nos seus Arts. 121, 122, 123, 124, 125, 126 e 127, tanto na forma consumada como na tentada. Os sete jurados, considerados “Juízes não togados”, julgam o fato e não o direito, condenando ou absolvendo a ação do acusado no evento que lhe é imputado, diante das circunstâncias e dos respectivos sentimentos da Justiça.Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 O Juiz togado, presidente do Tribunal do Júri, aplica a lei penal de acordo com o veredicto do júri. PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI 1ª FASE DO JÚRI: juízo de formação da culpa- judicium accusatione - Oferecimento da denúncia pelo MP art. 41, CPP. - até 8 testemunhas. - Recebimento da denúncia- art. 406, CPP (se o Juiz não recebe, cabe RESE). - Citação do réu/resposta do réu (10 dias)- DEFESA PRÉVIA. - igual procedimento ordinário. - Sem defensor, Juiz nomeia um dativo- art. 408, CPP. Se há defensor, mas este não apresenta defesa, Juiz desconstitui e nomeia o dativo - Oitiva do MP (5 dias)- art. 409, CPP - Inquirição de testemunhas e realização de diligências- art. 410, CPP (10 dias) - Audiência de instrução - art. 411, CPP - Oitiva da vítima, das testemunhas da acusação (máximo 8) e das testemunhas da defesa (máximo 8). - Perícia, se necessário. - Acareação se necessário - Reconhecimento de pessoas e coisas se necessário - Interrogatório do acusado - Debates: Alegações finais orais da acusação- máximo 20 min. Prorrogável por mais 10 mim/ Alegações finais orais da defesa- máximo 20 min. Prorrogável por mais 10 min. - Debates: Assistente do MP se houver- máximo 10 min (Assistente de acusação é aquele advogado contratado pela vítima). Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 - Tendo assistente, defesa fala mais 10 mim (Princípio do contraditório). - Sentença em audiência ou em 10 dias, pronunciando ou impronunciando o acusado, ou ainda, absolvendo-o sumariamente ou desclassificando o crime (se existir indícios de outros réus- art. 417, CPP- retorno ao MP para aditar a denúncia). IMPRONÚNCIA= julga inadmissível a acusação, extinguindo o processo e não permitindo que seja o julgamento levado ao Tribunal do Júri art. 414, CPP. Natureza jurídica: decisão interlocutória mista de conteúdo terminativo, pois encerra uma fase processual (1ª FASE: juízo de formação da culpa- judicium accusatione). Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. DESCLASSIFICAÇÃO= decide não ser o Tribunal do Júri competente para o julgamento e determina que os autos sejam remetidos ao Juiz competente - art. 419, CPP. - Natureza jurídica: decisão interlocutória simples, pois MODIFICA A COMPETÊNCIA DO JUÍZO. Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. PRONÚNCIA = julga admissível a acusação e remete o julgamento ao Tribunal do Júri, art. 413, CPP. Obs: a pronúncia interrompe a prescrição. PONTOS IMPORTANTES: Deve o Júri analisar também os crimes conexos: nestes, o Juiz apenas os remete junto com os dolosos contra vida ao julgamento pelo Plenário. emendatio libelli: O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. Só existe Tribunal do Júri em primeira instância. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA= julga improcedente a acusação e absolve o réu, art. 415, I até IV, CPP. - Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: I – provada a inexistência do fato; II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 III – o fato não constituir infração penal; IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 deste código, salvo quando esta for a única tese defensiva. 2ª FASE DO JÚRI: fase de preparação do plenário. - INTIMAÇÃO da pronúncia. art. 420, CPP. Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008). II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do Ministério Público, na forma do disposto no § 1o do art. 370 deste Código. Publicação pela imprensa: Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for encontrado. - PRECLUSA a decisão, autos encaminhados ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri: - Juiz delibera sobre os requerimentos de provas a produzir e ordena diligências necessárias, art. 423, “caput” e inciso I, CPP. - Designação da data de julgamento, art. 423, II, CPP. 3ª FASE DO JÚRI: judicium causae. - Juiz adverte os Jurados presentes a respeito de causas de suspeição e impedimento, art. 466, CPP. Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. § 1o O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código. § 2o A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial de justiça. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 - Formação do Conselho de Sentença, art. 467 e 468, CPP Art. 467. Verificando que se encontram na urna as cédulas relativas aos jurados presentes, o juiz presidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a formação do Conselho de Sentença. Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Público poderão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a recusa. Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por qualquer das partes será excluído daquela sessão de instrução e julgamento, prosseguindo-se o sorteio para a composição do Conselho de Sentença com os jurados remanescentes. - Colhem-se declarações do ofendido, se possível, art. 473, CPP. - Oitiva de testemunhas de acusação (máximo 5) e depois às de defesa, na mesma regra.- Acareações, reconhecimento de pessoas ou coisas, esclarecimentos dos peritos, se necessárias forem tais diligências. - Interrogatório do réu, SE ESTIVER PRESENTE, art. 474, CPP. - Debates. - Votação dos quesitos (Sala especial: Juiz, MP, defensor e Jurados, art. 485, CPP). - SENTENÇA. Art. 492, CPP. Possibilidades: Sentença absolutória própria Sentença absolutória imprópria (aquela com aplicação de medidas de segurança). Sentença condenatória - fixará a pena-base, considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates, imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção às causas admitidas pelo júri, mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação. Sentença desclassificatória. ATENÇÃO: Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, como fosse um juiz comum de vara criminal. Caberá recurso de APELAÇÃO ao Tribunal de 2ª instância no prazo de 5 (cinco) dias, quando: Ocorrer nulidade posterior à pronúncia; for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; houver Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. ESPÉCIES DE RECURSO NO PROCESSO PENAL RESE: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Conceito: O recurso em sentido estrito é a medida judicial adequada para a impugnação de decisões interlocutórias desprovidas de caráter definitivo ou terminativa, uma vez que estas desafiam recurso de apelação. A interposição do recurso em sentido estrito com suas razões permite ao magistrado a reanálise da matéria discutida, possibilidade a qual se denomina efeito regressivo (o Juiz pode se retratar). Prazo de interposição: 5 dias (Contrarrazões em 2 dias). Principais motivos de interposição do RESE, cujo rol é previsto no art. 581 do CPP: "Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:" que não receber a denúncia ou a queixa; que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; que não receber a denúncia ou a queixa; que pronunciar o réu; que conceder ou negar a ordem de habeas corpus ATENÇÃO: o RESE somente atacará decisões de primeira instância e será julgado pelo tribunal de segunda instância (juízo ad quem). ATENÇÃO: Pra decisão de impronúncia caberá apelação e não RESE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Conceito: Os embargos de declaração podem ser conceituados como sendo o recurso cabível contra a qualquer decisão que contiver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão. O procedimento é simples, não exigindo sequer a oitiva da parte contrária, salvo quando objetivar efeitos infringentes. Outrossim, os embargos de declaração serão decididos pelo próprio juízo prolator da decisão recorrida. Prazo de interposição: Juizado Especial - 5 dias Justiça comum em 1ª e 2ª instância - 2 dias. Justiça comum em Tribunais Superiores - 5 dias. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 ATENÇÃO: a interposição dos Embargos interrompem a contagem dos prazos recursais. CARTA TESTEMUNHÁVEL Conceito: É uma espécie de recurso, que tem caráter subsidiário, só podendo ser usado quando nenhum outro remédio for cabível, com a finalidade de reexame de decisão denegatória de recurso em sentido estrito e agravo em execução. Prazo de interposição: 2 dias (contrarrazões em 2 dias). Competência: Juizo Ad quem. A competência para julgar a carta testemunhável será dos tribunais superiores. Podemos dizer ainda que a Carta Testemunhável é uma forma de evitar abusos de juízes, que impedem que um recurso siga seu caminho natural, tanto que ele é encaminhado ao escrivão (que se não fizer a carta andar normalmente é suspenso) e não ao próprio juiz. Conforme artigo 640 do CPP, que seja: Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário do tribunal, conforme o caso, nas quarenta e oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso, indicando o requerente as peças do processo que deverão ser trasladadas. Nas palavras de Eugênio Pacelli: "Contra a denegação de apelação, por exemplo, cabe recurso em sentido estrito, nos termos do art. 581, XV, do CPP. Contra a decisão que não admite recurso extraordinário ou especial, cabe agravo de instrumento (art.28, lei 8.038/90). Assim, a carta dirigia-se basicamente, contra a denegação do recurso em sentido estrito." Assim, se o juiz obstar o prosseguimento do recurso em sentido estrito ao tribunal, sem amparo legal a tanto, cabe à parte interessada interpor carta testemunhável. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 CORREIÇÃO PARCIAL Conceito: A correição parcial destina-se à correção de decisões não impugnáveis por outros recursos e que configurem inversão tumultuaria dos atos e fórmulas da ordem legal do processo. Na doutrina de Araken de Assis: A correição parcial é remédio que, teoricamente sem interferir com os atos decisórios, beneficia os litigantes que se aleguem vítimas de erros ou de abusos que invertam ou tumultuem a ordem dos atos processuais. Destarte, este recurso não visa alterar materialmente o direito objeto da contenda, mas sim na forma que se procede no mesmo. Cuida-se de um recurso cujo expediente é de caráter administrativo, o assim chamado de ERROR IN PROCEDENDO, que causa inversão tumultuaria do processo. Competência: Juízo Ad quem. Prazo de interposição: 10 dias (10 dias para contrarrazoar). Legitimidade: das partes. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL (ROC) Conceito: É o recurso cabível contra decisão denegatória de habeas corpus ou mandado de segurança, proferida em segunda instância ou por Tribunal Superior. Portanto, pode ser interposto perante o Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça. Prazo de interposição: 5 dias em denegação de HC e 15 dias em denegação de MS. ATENÇÃO: não caberá Habeas Corpus substitutivo ao ROC. Ex: Moro decreta a prisão preventiva de um réu da lava jato. Será interposto HC no TJ e o Jean Túlio Cardoso NetoRA 11514755 tribunal denega a ordem. Neste caso, caberá o ROC, mas não caberá o Habeas Corpus. EMBARGOS INFRIGENTES Conceito: Os embargos infringentes são oponíveis contra a decisão não unânime e desfavorável ao réu. Não basta, pois, a falta de unanimidade. É preciso, também, que a divergência do voto vencido seja favorável ao réu. Desse modo, apreciando uma apelação ou recurso em sentido estrito, se a Câmara ou Turma, por maioria, decidir contra o réu, e o voto dissidente lhe for favorável, cabíveis serão os embargos. ATENÇÃO: no STF, só caberão Embargos Infringentes, para atacar decisões em plenário, quando o impetrante obtiver pelo menos quatro votos a seu favor. Prazo de interposição: 10 dias. AGRAVO INTERNO (Agravo regimental) Conceito: Cabe para atacar decisões monocráticas (de relatores) em órgãos colegiados, levando a matéria à apreciação dos demais Magistrado da turma/Câmara. Ou seja, utiliza-se o AR para permitir que a decisão do relator seja revista por todos, a fim de checar se ela está correta ou não. É mais um recurso procedimental do que de mérito. Prazo de interposição: 5 dias. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO (REsp & RExt) O Recurso Especial (ou REsp) é um recurso direcionado exclusivamente para o STJ e seu cabimento está previsto no art. 105, III, da Constituição Federal. Cabe REsp quando a decisão contra a qual se recorre: contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. Isso significa que o REsp serve para discutir questões cujo problema esteja estritamente ligado a qualquer lei federal. Recurso extraordinário (de sigla RExt), é o meio pelo qual se impugna perante o Supremo Tribunal Federal uma decisão judicial proferida por órgão colegiado, sob a alegação de contrariedade direta e frontal ao sistema normativo estabelecido na Constituição da República.[1] ATENÇÃO: É um requisito essencial do REsp e do RExt o prequestionamento. Prequestionar é discutir anteriormente a matéria na decisão recorrida, quando se demonstra a tese que será utilizada posteriormente no REsp. Assim o juiz que dá a decisão combatida deve antes ter se manifestado sobre o tema e somente se ele se manifestar é que cabível o REsp (se ele não se manifestar cabe embargos de declaração). Prazo para interposição: 15 dias (15 dias para contrarrazões). Ademais, tais recursos devem ater-se à matéria de direito, não podendo haver impugnação de matéria fática. Entretanto, uma vez que toda questão jurídica envolve aspectos de matéria de fato e matéria de direito, difícil proceder à uma separação estática, hermética de tais conceitos. Assim, no caso concreto, Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 o que se percebe são questões predominantemente de direito e questões predominantemente de fato. AGRAVO NOS AUTOS Conceito: O presente recurso é cabível de uma decisão que denega a subida de um RE ou de um REsp, ou seja, se caso fora interposto um recurso extraordinário para o STF ou recurso especial para o STJ e, quando for feito o juízo de admissibilidade pelo juízo a quo o tribunal entender que o recurso carece de algum de seus pressupostos, ou seja, cabimento, legitimidade, interesse, preparo, tempestividade, inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer, regularidade formal, há fundamento para a interposição do presente recurso. Por força deste agravo, o REst ou RExt será enviado ao tribunal superior competente que, dando-lhe provimento, determinará que seja o recurso principal a ele remetido e, negando provimento, não julgará o recurso principal. Prazo de interposição: 10 dias (contrarrazões em 10 dias). EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA Conceito: Os embargos de divergência têm a finalidade de uniformizar o entendimento do Tribunal quando há discrepância de posições entre as turmas ou entre uma turma e outro colegiado do mesmo órgão (seção, órgão especial ou plenário). Assim não se examina o acerto ou desacerto de decisão proferida no âmbito de recurso especial ou extraordinária, mas, em grau de admissibilidade, a harmonização da divergência. Caberão os presentes embargos para atacar decisão proferida pela turma em recurso especial ou recurso extraordinário Prazo de interposição: 10 dias (Contrarrazões em 10 dias). AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO I) Revisão criminal A revisão criminal é uma ação autônoma de impugnação de competência originária dos Tribunais (ou da Turma Recursal, no caso dos Juizados) que Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 revê a decisão condenatória (ou absolutória imprópria) transitada em julgado, por meio da qual a pessoa condenada requer ao Tribunal sob o argumento de que ocorreu erro judiciário. Pode ser interposta a qualquer tempo após o trânsito em julgado (não há prazo de decadência para ajuizar a revisão). Só pode ser ajuizada em favor do condenado (só existe revisão criminal pro reo; não existe revisão criminal pro societate). Pressupostos: A revisão criminal tem dois pressupostos: A) existência de decisão condenatória (ou absolutória imprópria) com trânsito em julgado; B) demonstração de que houve erro judiciário. Quem pode propor a revisão criminal? O próprio réu; Procurador legalmente habilitado pelo réu; O cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do réu, caso este já tenha morrido. Competência: A revisão criminal é sempre julgada por um Tribunal ou pela Turma Recursal. Não existe revisão criminal julgada por juiz singular. Hipóteses: Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena. Jean Túlio Cardoso NetoRA 11514755 ATENÇÃO: a decisão da ação de impugnação poderá reduzir a pena, absolver o réu ou anular o processo, mas NUNCA poderá aumentar a pena ou tomar qualquer outra medida que prejudique o réu (non reformatio in pejus). II) Reclamação A chamada Reclamação, de competência originária do STF e do STJ, conforme o caso, consiste no meio através do qual se leva a essas cortes a notícia da usurpação de sua competência ou desobediência a julgado seu, cometida por juiz ou tribunal inferior. Admitida a reclamação, o tribunal cuja autoridade tenha sido violada pela decisão inferior condena o ato à ineficácia total, sem reformá-lo ou anulá-lo para que outro seja proferido, negando, assim, o poder daquele órgão que realizou o ato. Ou seja, o vício do ato reside especificamente na ausência de poder para realizá-lo. III) Ação Cautelar Especificamente, o tema trata de provas antecipadas de caráter de urgência solicitadas por qualquer das partes e determinadas pelo juiz, embasado em critérios discricionários, comprovados os elementos de necessidade, proporcionalidade e adequação as exigências legais. A provas cautelares são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova por decurso do tempo. Se não forem produzidas logo perdem sua razão de produção, depende de autorização judicial, mas tem seu contraditório postergado/diferido - ex: interceptações telefônicas. IV) Habeas Corpus Habeas corpus é uma garantia constitucional em favor de quem sofre violência ou ameaça de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de autoridade legítima. O Habeas corpus preventivo, é concedido apenas em uma situação de ameaça de constrangimento à liberdade de locomoção de uma pessoa, por isso ele é chamado de preventivo. Neste caso, ainda não há um fato consumado, é apenas para prevenir quando alguém está sendo coagido ou ameaçado, então, o juiz expede um salvo-conduto. O Habeas corpus liberatório, também chamado de repressivo, tem o objetivo de afastar qualquer tipo de constrangimento ilegal que está sendo praticado contra à liberdade de uma pessoa. Jean Túlio Cardoso Neto RA 11514755 A competência para julgar o HC será sempre o juizo Ad quem da autoridade coatora. ATENÇÃO: o HC poderá ser julgando em primeira instância, quando estiver atacando ato de autoridades não judiciais (ex: delegado e MP). Se o HC for indeferido em primeira instância, caberá RESE. Se for indeferido em segunda instância, caberá ROC. V) Mandado de Segurança. Mandado de segurança é uma ação de rito sumaríssimo, com status de remédio constitucional, pela qual a pessoa que sofrer ilegalidade ou abuso de poder ou receio de sofrê-la, oriundo de autoridade pública ou nos casos em que se é delegado a terceiros, não amparado por hábeas corpus ou hábeas data, para proteger o direito liquido, certo e incontestável do impetrante, pode-se utilizar esse remédio. DIREITO LIQUIDO E CERTO Entendemos por direito liquido e certo, aquele em que pode ser comprovado, pelo julgador, tão logo a impetração do mandado de segurança, não cabendo assim, comprovação posterior, pois não seria liquido e certo. Cabe salientar, que o mandado de segurança deve apresentar-se com prova pré-constituida, ou seja, reafirmando o fato de não haver possibilidade de se juntar prova aos autos após a impetração do mesmo. No entanto, nada impede que o interessado procure outros meios judiciais, tendo em vista que o mandado de segurança não obsta o acesso a possíveis vias judiciais. O mandado de segurança se divide em duas espécies: repressivo ou preventivo. Repressivo: cabe quando já tiver ocorrido a ilegalidade ou abuso de poder, sendo concedido no sentido de corrigir a ilicitude, devolvendo o direito ao impetrado direito que tinha lhe sido tomado. Preventivo: cabe para prevenir possíveis ilegalidades passivas de acontecerem. Havendo a comprovação de violação ao direito liquido e certo supra conceituado, poderá ser deferido um pedido de liminar. O mandado de segurança tem que ser impetrado no prazo de 120( cento e vinte) dias a contar da ciência do ato, de afronta ao direito liquido e certo, pelo impetrante. Juizados Especiais Criminais (lei 9.099/95) PROCEDIMENTO SUMÁRIO: Será utilizado quando a pena for superior a 2 e inferior a 4 anos. Aqui podem ser arroladas até 5 testemunhas.
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