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Resumo de Hermenêutica Jurídica.docx

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Resumo de Hermenêutica Jurídica 
 
HERMENÊUTICA É: - “Conjunto de técnicas intelectivas voltadas para o processo de determinação de significados de um dado objeto”. 
 
HERMENÊUTICA JURÍDIC A: “O setor específico da Ciência do Direito destina do a organizar princípios e regras que viabilizam uma adequada interpretação do Direito, identificando a existência ou não de lacunas, obscuridades e antinomias, dando racionalidade ao sentido e alcance das expressões do direito”. 
 
DUPLA PERSPECT IVA DA HERM ENÊUTIC A JURÍDIC A DESCRITIV A: privilegia a explicação do que é interpretar e desenvolve uma ontologia da interpretação. Sua finalidade é esclarecer a estrutura e o funcionamento do discurso interpretativo. (utiliza a decisão de um juiz injusto e descreve o caminho que ele percorreu) 
PRESCRITIV A: privilegia a orientação dos intérpretes desenvolvendo uma metodologia da interpretação. Seu objetivo é estabelecer bases sólidas para compreendermos o sentido da 
atividade interpretativa e os modos pelos quais construímos a realidade a partir de nossas 
percepções. (Recomenda algo para solucionar o problema.) 
 
A CENTR ALIDADE DA INT ERPRET AÇÃO NO DISCURSO JURÍDICO 
I - DISCURSO PR ÁTICO-JURÍDICO: a interpretação torna-se presente para determinar os significados dos textos legais. II - 
DISCURSO T EÓRICO- JURÍDICO: utiliza a interpretação doutrinária com freqüência para sistematizar o direito em vigor e para construir conceitos jurídicos. III - DIS CURSO LEGISLATIVO: a interpretação quando o legislador deve verificar o 
significado de um texto legal já existente em compatibilidade com o texto a ser promulgado. 
 
O QUE É D IREITO? - KEL SEN: DIREITO É NORMA ( se A é, B de ve ser). Só as normas constituem objeto do conhecimento jurídica. - COSSIO : DIREIT O É CO NDUT A NORMADA: O Direito, como objeto, é conduta em interferência intersubjetiva; é um ser cultural, real, tem valor(+ e-), cuja com preensão é atingível mediante o método empírico -dialético. - COHEN (REALISTAS): DIREITO É FATO : O que existe é o fato X e a conseqüência será ditada na sentença – a interpretação seria a criação da norma para o caso. MIGUEL – Direito é fato, valor e norma. 
 
DIREITO E LINGU AGEM 
Resumo: A Hermenêutica Jurídica vem do grego hermeneuein e é originária de um Deus chamado Hermes, onde ele tinha a prerrogativa de interpretar tudo aquilo que o ser humano não era capaz de interpretar.  Tida modernamente como a teoria da filosofia do conhecimento que trabalha a interpretação. O jurista Miguel Reale, buscando uma concepção mais dilatada do Direito, instituiu um entendimento estrutural capaz de separar um conceito que só leve em conta o aspecto normativo do Direito, para que se compreenda o mesmo, precisa-se que abranja a sociedade em um todo. A construção de ideia de fato, valor e norma é necessárias três visões cientificas: O direito é fato existe como realidade histórico social e cultural. O Direito é valor e é sempre o reflexo dos valores adotados pela sociedade e o Direito é norma de um conjunto de regras, uma ordenação. Relaciona-se com a interpretação do ordenamento jurídico. Por tanto, a Hermenêutica são os conjuntos de princípios e normas gerais que devem ser interpretados e relacionados ao caso concreto. A interpretação da lei não se restringe somente a uma lei específica, devendo que todo ordenamento jurídico (o qual se relacione com o caso concreto) seja conjuntamente interpretado e utilizado.
Palavra Chave: Hermenêutica Jurídica; Interpretação; lei; normas;
INTRODUÇÃO
O presente trabalho procura abordar as conceituações, as características e as fundamentações da Hermenêutica Jurídica, como um direito utilizado pelo ordenamento jurídico para esclarecer de forma sucinta a interpretação da lei. Visando o interesse de todos sobre a forma clara de expor suas ideias, em prol do bem comum e da sociedade, além, de mostra as situações em que na área jurídica, a hermenêutica é a ciência exata que cria os métodos e as regras para a interpretação das normas jurídicas, perpetrando com que elas sejam versadas com sua acepção exato e esperadas pelos órgãos que a instituíram. Esse instituto é guiado por métodos, sendo assim, em qualquer campo da hermenêutica, será uma forma de comunicação mediativa, onde toda a norma jurídica deverá ser aplicada em razão do todo do sistema jurídico vigente. É um conjunto de leis, interpretações, normas, princípios, fatos, criando neste aspecto, obrigações, limitações, direitos, além de impor sanções. Assim, este trabalho contém algumas das importâncias da hermenêutica jurídica, suas atribuições, os conceitos de interpretação e hermenêutica, e também a forma que atua no Estado.
CONCEITO DE HERMENÊUTICA
Hermenêutica é uma palavra que provem do grego que deriva de Hermes que tinha capacidade de falar com os deuses ou os mortais, deus da mitologia grega, filho de Zeus e de Maia, significa a arte ou técnica de interpretar e explicar um texto ou discurso. É a ciência da interpretação, que se volta para o estudo da interpretação dos textos do direito positivo, uma ciência que tenta elucidar como se da tal interpretação. A tradição de hermenêutica com a possibilidade de traduzir a linguagem de um para o outro, ela dá a dimensão de interpretar o direito, tentar compreender mecanismos normativos, mecanismos sistemáticos, institucionais, que revelariam em casos concretos qual seria a diretriz do direito para estas mesmas circunstancias. A hermenêutica jurídica, tem uma história variável e o jeito pelo qual tomamos o direito. Por fim, para Carlos Maximiliano, a hermenêutica tem por objeto “o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito”. Dito de forma mais simples: “Hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar” (MAXIMILIANO, 2003, p. 1).
Hermenêutica Jurídica, teoria científica que tem por objeto, não a interpretação em si, mas o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito (MAXIMILIANO, 2010, p.1)
CARACTÉRISTICAS E FUNDAMENTAÇÕES DA HERMENÊUTICA
No dizer de BARROSO (2009, p. 107), "a hermenêutica é um domínio teórico, especulativo, cujo objeto é a formulação, o estudo e a sistematização dos princípios e regras de interpretação do direito".
Nos dizeres de Junior Reis, existem duas correntes que norteiam a hermenêutica, uma chamada clássica e a outra contemporânea. A hermenêutica clássica é dirigida pela concisão cientificista e adversa a questões metafisicas ou subjetivas, onde defende as decisões judiciais objetivas e neutras, querendo tornar possível a separação do Direito dos outros jeitos que envolvam a sociedade. Já a hermenêutica contemporânea traz consigo os métodos de interpretação que ressaltam o papel criativo do interprete, sendo o efeito integrador, máxima efetividade, forca normativa e princípios da unidade. 
CONCEITOS DE INTERPRETAÇÃO
A interpretação significa determinar o sentido e o alcance da norma jurídica, busca-se a relação entre o texto meditativo, já que as leis positivas são formuladas em termos gerais. Vai muito além da exata compreensão dos textos, ela tem lugar em cada decisão e escolha que tomamos, em cada caminho dado, momento vivido, algo que se torna importante para as ciências humanas. Seria uma arte de descobrir, revelar, desvendar os principais significados de um texto, consistindo em uma atribuição no sentido de desvendar os textos ou os outros signos existentes, tirando assim, conclusões acerca das expressões contidas nos textos e fatores neles considerados.
De acordo com a doutrina a interpretação é atividade indispensável na resolução jurídica dos conflitos e parte dela consiste reproduzindo ensinamento vicioso, pelo qual, a interpretação seria a arte de descobrir os principaissignificados de um texto.
CARACTÉRISTICAS E FUNDAMENTAÇÕES DA INTERPRETAÇÃO
Literal: busca o sentido do texto normativo, baseado nas regras comuns da língua, para se extrair dos sentidos oferecidos pela linguagem ordinária os sentidos imediatos das palavras empregadas pelo legislador.
Histórico: busca o argumento fático da norma, impugnando aos métodos da historiografia para retomar o meio em que a norma foi editada, os significados e aspirações daquele período passado, de modo a se poder compreender de maneira mais aperfeiçoada os significados da regra no passado e como isto se comunica com os dias de hoje.
Sistemático: considera em qual sistema se insere a norma, relacionando-a às outras normas pertinentes ao mesmo objeto, bem como aos princípios orientadores da matéria e demais elementos que venham a fortalecer a interpretação de modo integrado, e não isolado.
Teleológico: busca os fins sociais e bens comuns da norma, dando-lhe certa autonomia em relação ao tempo que ela foi feita. Tratando-se de hermenêutica jurídica, o termo significa a interpretação do Direito, que pode - e deve - passar por uma leitura constitucional e política.
Sociológica - Que é a interpretação na visão do homem moderno, ou seja, aquela decorrente do aprimoramento das ciências sociais, de modo que a regra pode ser compreendida nos contextos de sua aplicação, quais sejam o das relações sociais, de modo que o jurista terá um elemento necessário a mais para considerar quando da apreciação dos casos concretos ante a norma.
E ainda, a Holística, que abarcaria o texto a luz de um mundo transdisciplinar (filosofia, história, sociologia...) interligado e abrangente. Inclusive, dando margem a desconsiderar certo texto em detrimento de uma justiça maior no caso concreto e não representada na norma entendida exclusivamente e desligada dos outros elementos da realidade que lhe dão sentido.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a Hermenêutica Jurídica é fundamental para a interpretação das leis e normas jurídicas do nosso cotidiano. Tornando a interpretação objeto principal para desvendar os textos, onde o interprete tem suma importância pelos sujeitos da experiência jurídica vivificam e resinificam a norma a partir de um sentido próprio e real. Animam o direito, garantindo o dinamismo de que são próprios dentro de uma sociedade aberta e pluralista. A hermenêutica acompanha o pensamento de Carlos Maximiliano, que define a interpretação como a consignação do sentido e alcance dos procedimentos de Direito e hermenêutica como a ciência responsável pelo estudo e sistematização do processo utilizado pela interpretação. Valendo ressaltar que para se aplicar o Direito é preciso compreende-lo e interpreta-lo, provando que só se aplica-o sendo necessário esses requisitos. Para ocorrer a interpretação atende-se uma lógica sistematizada para que o Direito tenha efetivamente acatar às necessidades sociais que reclamam por sua aplicação.
Caberá ao aplicador conhecer a hermenêutica para aplicação a norma do direito material e processual, dependendo necessariamente da interpretação de cada um.
Baseada na compreensão do que seja a hermenêutica e a interpretação e a importância de ambas no contexto jurídico, deverá observar o conteúdo do texto para saber como se dará a aplicação do Direito.
**********************Apostila Enviada Pela Professora*****************************
HERMENÊUTICA
AULA 1 – Jan/2011
HERMENÊUTICA: ASPECTOS HISTÓRICOS
1 – Introdução Hermenêutica é um ramo da filosofia. É tida como filosofia da interpretação, que se debate com a compreensão humana e a interpretação de textos escritos.
A Hermenêutica possui alguns significados diferentes de acordo com o tempo, passando de "compreender o significado do mundo" e chegando "é a teoria científica da arte de interpretar".
A linguagem é a base das relações sociais, em razão disso, o direito sofre influência de como esta comunidade organiza o seu ordenamento jurídico. Que código comunicativo próprio pode ser estabelecido tendo como base a língua padrão, criando assim um universo semiológico. A linguagem, as normas, as leis, etc... dependem de uma correta interpretação. Toda linguagem tem um certo grau não eliminável de incertezas, é inevitável que o intérprete produza, ou ajude a produzir, o sentido daquilo que interpreta, não por um lado isolado, mas num processo de construção que tenha contribuição dos diversos métodos e técnicas de interpretação, que damos o nome de Hermenêutica.
No campo jurídico, a Hermenêutica é usada para a interpretação fidedigna da ideia do autor para que seja adequada a norma ao fato ocorrido e assim proporcione uma responsável aplicação do Direito. Tendo em vista que a Hermenêutica Jurídica em lato sensu divide-se em interpretação, integração e aplicação do Direito.
A Hermenêutica no campo jurídico é empregada para dizer o meio e o modo por que se devem interpretar as leis, para que dessa forma se obtenham o exato sentido ou o fiel pensamento do legislador. Dessa forma, ela está encarregada de elucidar a respeito da compreensão exata da regra jurídica a ser aplicada aos fatos concretos, ou seja, é responsável pelo estudo e sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito, como explica Maximiliano.
Para realizar efetivamente a interpretação, que é uma arte, faz-se necessário seguir princípios e regras, que ao passar dos tempos e com o desenvolvimento da sociedade fizeram desabrochar as doutrinas jurídicas. Passando a hermenêutica, pelos três aspectos: científico, filosófico e social. Desse modo, Maximiliano relata que a arte ficou subordinada ao Direito obediente, este por sua vez à Sociologia, aproveitando então a hermenêutica das conclusões filosóficas e com elas desenvolvendo novos processos de interpretação, enfeixando-os num sistema e assim promovendo um modernismo à arte.
O estudo da Hermenêutica jurídica, ou seja, a técnica e os métodos para a correta interpretação das leis se torna fundamental para o estudo da ciência do direito.
Tanto a norma, quanto a construção da interpretação (sentido) desta norma surgem nos debates, nas reuniões, nas sentenças proferidas por juristas e doutrinadores. Há processos de interpretação, compreensão, crítica e as formas de interpretação do ato comunicativo jurídico.
Observamos que, desde a antiguidade grega até os dias atuais e utilizada em qualquer campo, a Hermenêutica é a grande arte de interpretar. Dessa forma, podemos tocar na essencial e necessária importância para o Direito, onde é classificada de Hermenêutica Jurídica e responsável pela leal e fidedigna transmissão do que propõem as leis e jurisprudência, para facilitar a aplicação do Direito na sociedade, obtendo dessa forma a harmonia geral.
Dessa forma, é imensurável a importância da Hermenêutica para todos os campos de atuação, ressaltando o campo jurídico, para que possamos entender melhor o Direito e sua aplicação.
2 - Origem do Termo
O termo "hermenêutica" provém do verbo grego "hermēneuein" e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" ou "levada à compreensão".
Alguns defendem que o termo deriva do nome do deus da mitologia grega, Hermes.
Encontra-se desde os séculos XVII e XVIII o uso do termo no sentido de uma interpretação correta e objetiva da Bíblia. Spinoza é um dos precursores da hermenêutica bíblica.
Outros dizem que o termo "hermenêutica" deriva do grego "ermēneutikē" que significa "ciência", "técnica" que tem por objeto a interpretação de textos poéticos ou religiosos, especialmente da Ilíada (poema épico grego, escrito por Homero, sVIII a.C.) e da "Odisseia" (poema épico da Grécia Antiga, atribuído a Homero. Odusseus, ou pelo lat. Ullyxes,is, donde o port. Ulisses, é um dos heróis de Homero com passagem tanto na Ilíada quanto, principalmente, na Odisséia, a qual trata justamente do seu regresso para Ítaca, a terra natal do herói, e narra os percalços de sua viagem deretorno, as saudades do lar, a resistência ao sofrimento e a eliminação dos pretendentes, caracterizando-o como conselheiro e guerreiro frio, maneiroso, enérgico e às vezes astucioso). Alguns defendem que o termo deriva do nome do deus da mitologia grega, Hermes. O certo é que este termo originalmente exprimia a compreensão e a exposição de uma sentença "dos deuses", a qual precisa de uma interpretação para ser apreendida corretamente. "interpretação" do sentido das palavras dos textos; "teoria", ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico.
Hermes é tido como patrono da hermenêutica por ser considerado patrono da comunicação e do entendimento humano.
O dicionário Houaiss dispõe sobre a etimologia da palavra hermenêutica “gr. herméneutikê (sc. tékhné) 'arte de interpretar' < herméneutikós,ê,ón 'relativo a interpretação, próprio para fazer compreender', prov. por infl. do fr. herméneutique (1777) (subst.) 'arte de descobrir o sentido exato de um texto', (1803) 'interpretação, em sentido teológico', (1890) 'interpretação do que é simbólico'; há quem prefira considerar fem. substv. de hermenêutico; ver herm(o)-“.
O mesmo dicionário consta sobre as acepções da palavra:
■ substantivo feminino
1 ciência, técnica que tem por objeto a interpretação de textos religiosos ou filosóficos, esp. das Sagradas Escrituras
2 interpretação dos textos, do sentido das palavras
3 Rubrica: semiologia. Teoria, ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico. Obs.: cf. semiologia
4 Rubrica: termo jurídico. Conjunto de regras e princípios us. na interpretação do texto legal
3 - Conceito
Carlos Maximiliano define hermenêutica como “parte da ciência jurídica que tem por objetivo o estudo e a sistematização dos processos, que devem ser utilizados para que a interpretação se realize, de modo que o seu escopo seja alcançado da melhor maneira”.
Logo, a interpretação consiste em aplicar as regras que a hermenêutica perquire (inquire minuciosamente) e ordena, para o bom entendimento dos textos legais.
O jurista Vicente Ráo, em sua brilhante obra "o direito e a vida dos direitos" apresenta-nos o seguinte conceito de hermenêutica: "A hermenêutica tem como objetivo investigar e coordenar por modo sistemático os princípios científicos e leis decorrentes, que disciplinam a apuração do conteúdo, no sentido e nos fins das normas jurídicas e a restauração do conceito orgânico do direito, para o efeito de sua aplicação;". Neste conceito podemos observar que a hermenêutica da um processo sistemático de interpretação, que se vale de métodos e leis científicas para apuração do conteúdo, ou seja, a busca do sentido, para sua correta aplicação. A palavra interpretação é originária do latim e quer dizer "entre entranhas", e isso se deve a prática religiosa dos feiticeiros e adivinhos, que introduzir em suas mãos entre as entranhas de um animal morto a fim de conhecer o destino das pessoas de obter respostas para o problema humano. De acordo com o livro “hermenêutica e a unidade
axiológica da constituição" "... os sacerdotes supremos do paganismo e os feiticeiros do passado falavam em uma linguagem extremamente obscura, o que tornava necessária a interpretação de seus pronunciamentos, levada a cabo pelos sacerdotes menores ou auxiliares inicialmente por interpretação religiosa era casuística e desprovido de critério técnico, o que levava à indistinção entre hermenêutica (teoria científica) e interpretação (ato cognitivo)."
Com Friedrich Schleiermacher (1768-1834), no início do século XIX, a hermenêutica recebe uma reformulação, pela qual ela definitivamente entra para o âmbito da filosofia. Em seus projetos de hermenêutica coloca-se uma exigência significativa: a exigência de se estabelecer uma hermenêutica geral, compreendida como uma teoria geral da compreensão. A hermenêutica geral deveria ser capaz de estabelecer os princípios gerais de toda e qualquer compreensão e interpretação de manifestações linguísticas. Onde houvesse linguagem, ali aplicar-se-ia sempre a interpretação. E tudo o que é objeto da compreensão, é linguagem (Hermeneutik, 56). Esta afirmação, entretanto, mostra todas as suas implicações quando se lhe justapõe esta outra tese de Schleiermacher: “A linguagem é o modo do pensamento se tornar efetivo. Pois, não há pensamento sem discurso. (...) Ninguém pode pensar sem palavras.” (Hermeneutik und Kritik, 77) Ao postular a “unidade de pensamento e linguagem” (ibidem), a tarefa da hermenêutica se torna universal e abarca a totalidade do que importa ao humano. A hermenêutica, então, é uma análise da compreensão “a partir da natureza da linguagem e das condições basilares da relação entre o falante e o ouvinte” (Akademienrede, 156).
Quatro distinções básicas foram estabelecidas por Scheleiermacher:
* 1º) a distinção entre compreensão gramatical, a partir do conhecimento da totalidade da língua do texto ou discurso, e a compreensão técnica ou psicológica, a partir do conhecimento da totalidade da intenção e dos objetivos do autor.
* 2º) a distinção entre compreensão divinatória e comparativa:
* Compreensão comparativa: Se apóia em uma multiplicidade de conhecimentos objetivos, gramaticais e históricos, deduzindo o sentido a partir do enunciado.
* Compreensão divinatória: Significa uma adivinhação imediata ou apreensão imediata do sentido de um texto.
Essas distinções apontam para aspectos da compreensão superior que se dá pela sua integração. Posteriormente, com os trabalhos de Droysen e Dilthey, o procedimento hermenêutico tornou-se a metodologia das ciências humanas. Os eventos da natureza devem ser explicados, mas a história, os eventos históricos, os valores e a cultura devem ser compreendidos. (Wilhelm Dilthey é primeiro a formular a dualidade de "ciências da natureza e ciências do espírito", que se distinguem por meio de um método analítico esclarecedor e um procedimento de compreensão descritiva).
Para Heidegger, em sentido amplo, Hermenêutica quer dizer “compreender o significado do mundo”. Compreensão é apreensão de um sentido, e sentido é o que se apresenta à compreensão como conteúdo. Só podemos determinar a compreensão pelo sentido e o sentido apenas pela compreensão. Heidegger, em sua análise da compreensão, diz que toda compreensão apresenta uma "estrutura circular". "Toda interpretação, para produzir compreensão, deve já ter compreendido o que vai interpretar". O cerne da teoria de Heidegger está, todavia, na ontologização da compreensão e da interpretação como aspectos do ser do ente que compreende o ser, o "Dasein".
Para conceituar Hermenêutica, Alice Monteiro de Barros cita alguns autores e seus respecitvos conceitos sobre o tema, constando que “é a teoria científica da arte de interpretar” (Carlos Maximiliano). Ela é um processo mental de pesquisa de conteúdo real da lei (Caio Mário). Tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos que devem ser utilizados para que a interpretação se realize.
No âmbito da Hermenêutica “lato sensu” insere-se a interpretação, a integração e a aplicação do Direito, conforme abaixo:
* Interpretação: consiste em determinar o sentido da Lei. Toda lei está sujeita à interpretação e não apenas aquelas que contêm preceitos obscuros ou confusos, pois a clareza é relativa. A interpretação é a aplicação das regras de hermenêutica; é essencialmente concreta, reportando-se a uma situação de fato, real ou hipotética.
* Integração: é o suprimento das lacunas dos sistemas jurídicos.
* Aplicação: é o processo de adaptação dos preceitos normativos às situações de fato que se lhes subordinam.
4 – Hermenêutica na Antiguidade Clássica
O termo Hermenêutica, de origem grega (hermeneuein), é possivelmente oriundo de "Hermes", o deus grego que, na mitologia grega, foi considerado o inventor da linguagem e da escrita, e considerado o patrono da comunicação e do entendimento humano, que traduzia tudo o que a mente humana não compreendesse, sendo chamado de "deus-intérprete".
Hermes, o mensageiro dos deuses, também tinha afunção de trazer as instruções dos deuses para o entendimento do ser humano, i.e., era intérprete da vontade divina, o que já mostra as ligações iniciais entre hermenêutica e a teologia. O certo é que este termo originalmente exprimia a compreensão e a exposição de uma sentença "dos deuses", a qual precisa de uma interpretação para ser apreendida corretamente.
A hermenêutica surgiu primeiramente na teologia pagã, depois migrou para a teologia cristã, de onde migrou para a filosofia e só depois para o direito.
A palavra hermeios de origem grega referia-se ao sacerdote do oráculo de Delfos. Na mitologia grega hermeios simbolizava um deus-mensageiro-alado tido como o descobridor da linguagem e da escrita. O deus grego Hermes era respeitado pelos demais como sendo aquele que descobriu o meio de
compreensão humana no sentido de alcançar o significado das coisas e para transmiti-lo aos demais seres.
Assim, Hermes seria um "deus intérprete", considerado a entidade sobrenatural dotada de capacidade de traduzir, decifrar o incompreensível, ou seja, vinculava-se a sua figura a função de transmutação, de transformação de tudo aquilo que a compreensão humana não alcançava em algo que esta conseguisse compreender.
Na Antiguidade grega, a hermenêutica relacionava-se com à gramática, à retórica e à dialética e sobretudo com o método alegórico, para permitir a conciliação da tradição (os mitos) com a consciência filosoficamente esclarecida.
Em Roma, o Imperador Justiniano proibiu qualquer interpretação às suas leis, em especial referente ao terceiro prefácio ao “Digesto”, determinando que quem ousasse tecer comentários interpretativos à sua compilação incorreria em crime de falso e as suas obras seriam sequestradas e destruídas.
5 – Hermenêutica na Idade Média (Século V a XV)
O processo metodológico de interpretação iniciou-se com Santo Agostinho, através da obra "Da Doutrina Cristã", buscando uma compreensão das escrituras adotando a metodologia de interpretação literal e alegórica.
Durante a idade média, Tomás de Aquino se destacou por tentar interpretar as escrituras com o pensamento de Aristóteles.
Seguindo a este período, vem a Reforma protestante, pregando que a bíblia deveria ser a única fonte da fé, infalível e autossuficiente, não devendo se utilizar de fontes externas para sua interpretação.
A expressão latina ars interpretandi (a arte da interpretação), foi substituída na teologia protestante, pelo termo hermenêutica.
Mais tarde, a arte da interpretação foi assumida por teólogos judeus, cristãos e islâmicos, além de ser aplicada a interpretação do Corpus iuris canonici na tradição da jurisprudência.
Isso mostra que a hermenêutica, já entendida como a arte da interpretação, se tornava presente cada vez que a tradição entrava em crise, sobretudo na época da Reforma Protestante.
6 – Hermenêutica na Idade Moderna
Na filosofia contemporânea, a hermenêutica é um dos temas polêmicos, uma vez que tradicionalmente a filosofia se ocupa com a descoberta das essências, entendendo-se aqui essência como verdade, como aquilo que pode ser cognoscível.
Hans-Georg Gadamer, em sua obra Verdade e Método, assegura que a hermenêutica não é um método para se chegar à verdade e que o problema hermenêutico não é, por sua vez, um problema de método. Segundo Gadamer a hermenêutica não seria uma metodologia das ciências humanas, mas uma tentativa de compreender as ciências humanas.
Em Verdade e Método, Gadamer afirma que a compreensão das coisas e a correta interpretação não se restringe à ciência, mas à experiência humana, principalmente no que se refere ao fenômeno da linguagem como experiência humana de mundo.
Assim, no que se refere à hermenêutica jurídica, Gadamer procurou descobrir a diferença entre o comportamento do historiador jurídico e do jurista diante de um texto. Seu interesse estava em saber se a diferença entre o interesse dogmático e o interesse histórico se constituía numa diferença unívoca. Conclui que há uma diferença: "O jurista toma o sentido da lei a partir de e em virtude de um determinado caso dado. O historiador jurídico, pelo contrário, não tem nenhum caso de que partir, mas procura determinar o sentido da lei na medida em que coloca construtivamente a totalidade do âmbito de aplicação da lei diante dos olhos. Somente no conjunto dessas aplicações torna-se concreto o sentido de uma lei."
Para Heidegger, hermenêutica significa: "compreender o significado do mundo". Já Maximiliano fala que "é a teoria científica da arte de interpretar".
No século XIX, com o surgimento do protestantismo liberal, através de Schleiermacher a hermenêutica ingressou no ramo filosófico e nas ciências culturais. Ele propôs um método histórico crítico para interpretação das escrituras. Schleiermacher achava que a bíblia era uma fonte histórico literária e que tinha de ser separada a interpretação gramatical da interpretação técnica.
Dilthey levou a hermenêutica para o campo das atividades filosóficas, segundo ele o texto deveria ser estudado pelo contexto, e que o autor era o instrumento do "espírito da sua época". Graças a Dilthey e Schleiermacher a hermenêutica cria uma teoria normativa de interpretação, surgindo uma hermenêutica jurídica Clássica.
Contrapondo-se a estes dois filósofos surgiram Heidegger e Gadamer. O primeiro descrevia a hermenêutica como uma filosofia e não uma ciência, deveria ser entendida de modo existencial e não metodológico. Este brilhante filósofo que apresentou pela primeira vez a ideia do círculo hermenêutico. São suas as palavras: "Devemos partir de uma pré compreensão para chegarmos a uma compreensão mais elaborada (interpretação), pois se partíssemos do ´vazio´ não chegaríamos a nada".
Gadamer, seguindo a linha de pensamento de Heidegger, defendeu a hermenêutica existencial, que deveria ser o próprio objeto da filosofia. Com esta visão, o intérprete não chegaria, através de nenhum método, a verdade, pois o próprio método já estabeleceria, o ponto que se queria alcançar. Em sua
visão, o método escolhido definiria o ponto final da interpretação. Ele via a interpretação como um diálogo entre o intérprete e o texto.
Gadamer acreditava na teoria do círculo hermenêutico, com perguntas e respostas condicionadas a pré conceitos e pré juízos, sem o sentido pejorativo destas palavras em nossa atualidade.
O mais metódico dos filósofos apresentados até aqui era Savigny, fundador da hermenêutica jurídica clássica, voltada exclusivamente para o direito privado.
Putcha, discípulo de Savigny, teve méritos em conduzir a Escola Histórica a uma visão extremamente formalista do direito, dando origem a Jurisprudência dos Conceitos - Deveria ser extraído, por abstração, conceitos gerais de normas jurídicas gerais, depois em um segundo momento, extrair conceitos específicos dos gerais mediante aplicação do método dedutivo ou lógico formal, criando-se assim uma pirâmide de conceitos, servindo depois de instrumental para integração das lacunas da lei.
Um pouco mais adiante na linha do tempo, surgiu Ihering, contrapondo-se a Savigny, classificou o direito como ciência cultural. Para Ihering "a sociedade é palco de uma luta de interesses e as normas jurídicas protegem aqueles interesses que conseguirem se impor socialmente". Ele também foi importante no desenvolvimento da interpretação teleológica, a partir da ênfase na sociedade.
Seguindo a linha temporal surge Kelsen, que classificou o Direito como ciência formal, como a matemática. Removendo desta tudo que estivesse ligado a valores sociológicos e políticos, buscando sempre a neutralidade. Kelsen deu um formato piramidal ao ordenamento jurídico, sendo que a mais geral ficava no topo e a mais específica na base. Em razão de não considerar o Direito como ciência do espírito, não deixou nenhum método hermenêutico, conforme deixou claro no oitavo capítulo de sua obra, que não há qualquer critério ou "meta-critério" que possa estabelecer que uma interpretação é melhor (mais acertada) que a outra.
7 - Estruturas básicas da compreensão* Estrutura de horizonte: o conteúdo singular é apreendido a partir da totalidade de um contexto de sentido, que é pré apreendido e coapreendido.
* Estrutura circular: A compreensão acontece a partir de um movimento de ir e vir entre pré-compreensão e compreensão da coisa, como um acontecimento que progride em forma de espiral, na medida em que um elemento pressupõe outro e ao mesmo tempo faz com que se possa ir adiante.
* Estrutura de diálogo: A compreensão sempre é apreensão do estranho e está aberta à modificação das pressuposições iniciais diante da diferença produzida pelo outro (o texto, o interlocutor).
* Estrutura de mediação: A compreensão visa um dado que se dá por si mesmo, mas a sua apreensão faz-se pela mediação da tradição e da linguagem.
Os costumes, cultura e etnias são alguns dos aspectos fundamentais para se ter uma legítima interpretação do texto.
8 - Explicação e compreensão Segundo Wilhelm Dilthey, estes dois métodos estariam opostos entre si: explicação (próprio das ciências naturais) e compreensão (próprio das ciências do espírito ou ciências humanas):
"Esclarecemos por meio de processos intelectuais, mas compreendemos pela cooperação de todas as forças sentimentais na apreensão, pelo mergulhar das forças sentimentais no objeto." Paul Ricoeur visa superar esta dicotomia. Para ele, compreender um texto é encadear um novo discurso no discurso do texto. Isto supõe que o texto seja aberto. Ler é apropriar-se do sentido do texto. De um lado não há reflexão sem meditação sobre os signos; do outro, não há explicação sem a compreensão do mundo e de si mesmo.
9 – Conceito de interpretação
Interpretação da lei, segundo Fiore, “é a operação que tem por fim fixar uma determinada relação jurídica, mediante a percepção clara e exata da norma estabelecida pelo legislador”.
A interpretação consiste em aplicar as regras que a hermenêutica perquire e ordena, para o bem entendimento dos textos legais.
A interpretação é um processo mental de pesquisa do real conteúdo da lei. Não é apenas a lei escrita que deverá ser interpretada, mas toda a norma jurídica, e não somente os preceitos obscuros.
A hermenêutica tem como objetivo básico, a interpretação - esclarecer o sentido e o alcance das expressões jurídicas e a aplicação no caso concreto, porém ela não é exclusivamente um método de interpretação.
10 – Sistemas e Escolas de Interpretação
Os diversos métodos, técnicas ou elementos de interpretação do direito deram origem às escolas que propuseram um sistema de interpretação, o qual constitui uma organização dos procedimentos do intérprete ligados à interpretação, de acordo com uma ideologia político jurídica que o orienta.
Os sistemas ou escolas de hermenêuticas (interpretativos) podem ser classificados em 3 (três) grupos:
* Sistema dogmático ou exegético ou jurídico tradicional ou francês;
* Sistema histórico evolutivo;
* Sistema da livre pesquisa ou livre criação (formação) do direito.
10.1 - A Escola da Exegese ou Dogmática ou Jurídico Tradicional ou Francês: surge a Escola Exegética na França, no século XIX, e parte do pressuposto de que o intérprete é escravo da lei. Prega o culto aos códigos, considerados em lacunas. Um dos seus defensores dizia: “não conheço o direito civil, só ensino o Código de Napoleão” (Bugnet), i.e., Código de Napoleão considerado obra completa e acabada, expressão da filosofia liberal e individualista que triunfou com a Revolução Francesa. De acordo com essa escola, os códigos não deixam nada ao arbítrio do Juiz, competindo-lhe, por meios de uma interpretação literal ou gramatical, extrair os sentidos dos textos legais. Justifica-se esse positivismo exacerbado pela separação de poderes, que inadmitia a interferência do Judiciário no campo do Legislativo, por meio de método de interpretação que não fosse o literal.
Outra manifestação do positivismo encontra-se na Escola dos pandectistas alemães, que elaboraram um sistema de normas, baseado no Direito Romano, por meio de um estudo do “Corpus Juris Civilis”. Estes interpretavam o texto legal considerando a intenção do legislador à época da interpretação do texto.
Dentre as manifestações positivistas há a Escola Analítica de Jurisprudência, segundo a qual o Direito tem por objeto as leis positivas, sendo irrelevante os valores ou o conteúdo ético que as inspiram.
Dentro do Sistema dogmático ou exegético ou jurídico tradicional ou francês distingue-se duas orientações:
* a extremada: Laurent entende que o pressuposto geral é sempre de que a lei é clara e que, portanto, seus termos correspondem ao pensamento do legislador.
* a moderada: Baudry-Lacantinerie recomenda a consulta às fontes que propiciaram o texto ao legislador, o exame dos trabalhos preparatórios, a ponderação das consequências das interpretações possíveis e, finalmente, a indagação do espírito da lei.
10.2 - As Escolas Históricas se opõe ao positivismo exacerbado.
Esta escola entende que Direito é um produto histórico, surge espontaneamente das convicções do povo, cada nação deve ter seu próprio Direito, proveniente do "espírito do povo" e afirma que qualquer legislação deveria ser de acordo com os costumes vigentes.
Savigny admitia as interpretações gramatical, lógica, sistemática e histórica. Sua maior pretensão seria introduzir o método hermenêutico na dogmática jurídica, elevando o direito para qualidade de ciência. A dogmática hermenêutica é a ciência do Direito encarada na perspectiva da teoria da interpretação.
Situam-se aqui as seguintes Escolas:
* Escola Histórico Dogmática: teve como representante Savigny, sendo que o intérprete não deveria se limitar ao texto legal para solucionar os conflitos, mas utilizar-se também do elemento sistemático. Logo, se a intenção do legislador conflitasse com a manifestação da consciência coletiva, o intérprete deveria optar por esta última.
* Escola Histórico Evolutiva: teve como representante Saleilles, que entendia que o intérprete deveria não só considerar o que o legislador quis, mas o que quereria se vivesse à época da aplicação da lei. Saleilles sustentava que as normas jurídicas sujeitavam-se à lei geral da evolução. A LICC, art. 5º, admite a interpretação histórico evolutivo e sociológico quando estabelece que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.
* Escola Teleológica: teve como fundador Von Ihering. Essa escola vê o Direito como organismo vivo, produto de luta dos povos, das classes sociais, dos governos e dos indivíduos. Sua finalidade é a proteção de interesses, que, se opostos, devem ser conciliados com a predominância dos interesses sociais.
10.3 - O Sistema da livre pesquisa ou livre criação (formação) do direito prega maior liberdade de interpretação. Tem-se as seguintes Escolas:
* Escola Científica Francesa: inspirada na obra de Gény, prega que o direito não está todo contido na lei, embora ela seja a mais importante das fontes do direito. Logo, o intérprete deverá preencher essas lacunas com recurso à analogia ou costume. A LICC, art. 4º, prevê em caso de omissão que “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de Direito”. Na CLT, art. 8º, também encontramos a influência dessa escola, quando autoriza o juiz, na falta de disposições legais ou contratuais, a decidir, “conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o Direito Comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público”. Esta última parte percebe-se a influência da Escola Teleológica.
* Sistema do Direito Livre: proposto pela Escola Alemã (1906), apresenta uma reação contra o princípio da plenitude do direito positivo. Entende que o Direito não emana sempre da vontade do Estado, devendo o intérprete submeter-se à lei e também aos estudos sociológicos,quando os textos não oferecem uma solução adequada e justa. Vislumbram-se 2 tendências:
o Extremada ou radical: recomendava ao juiz aplicar a lei só quando ela fosse justa, e se injusta, decidiria de acordo com os critérios da consciência e da ciência. Esta Escola é criticada pela ameaça que apresenta a segurança, já que as decisões dependem da subjetividade do juiz. O regime nazista utilizou-se desse sistema para violar as normas da Constituição de Weimar.
o Moderada: autoriza a criação de norma jurídica pelo intérprete apenas quando deparasse com uma lacuna nas fontes do direito.
A atual hermenêutica tem sido em grande parte influenciada nos pensamentos de Heidegger e Gadamer, apesar de utilizarmos as técnicas e princípios clássicos de interpretação, recorre-se ao peso de cada norma correspondente à intensidade com que são vivenciadas na sociedade. Como para julgar, obrigatoriamente um juiz terá uma gama de pré-juízos e de pré-conceitos, essa bagagem irá influenciar no julgamento, tendo este uma forte conotação existencial. Até os que se utilizam da doutrina irão utilizar em seu julgamento uma interpretação dialética formada também com seus conceitos prévios.
11 – Critérios para a classificação das espécies de interpretação
A interpretação das leis apresenta várias espécies que se interpenetram e reciprocamente se completam, podendo ser divididas segundo 3 critérios:
* Quanto ao agente ou origem de interpretação: baseado no órgão prolator do entendimento da lei. Pode ser:
o Pública: prolatada pelos órgãos do Poder Público (Executivo, Legislativo e Judiciário). Divide-se em:
* Autêntica: oriunda do próprio órgão elaborador da lei. Diante da ambiguidade do texto legislativo, o legislador vota uma nova lei para fixar a sua vontade imperfeitamente manifestada.
* Judicial: realizada pelos órgãos do Poder Judiciário, quando aplicada a lei ao caso concreto.
* Administrativa: realizada por órgão do Poder Público que não são detentores do Poder Legislativo nem do Judiciário. Pode ser:
* Regulamentar: destinado ao traçado de normas gerais, como: decretos, portarias etc.
* Casuística: esclarece dúvidas especiais, de caráter controversial ou não, que surgem quando da aplicação, por parte dos aludidos órgãos, das normas gerais aos casos concretos.
* Usual: advém do direito consuetudinário.
o Privada (ou doutrinal ou doutrinária): levada a efeito por particulares, especialmente pelos técnicos da matéria de que a lei trata. Está diretamente ligada à questão do direito científico com forma de expressão do direito. Realizada em livros, pelos autores, pelos professores ao estudar a lei em classe, em comentários à lei sem
destino ou interesse imediato, ou ainda por meio de pareceres de juristas imparciais.
* Quanto à natureza ou elementos: fundamentado em diversos tipos de elementos contidos nas leis e que servem como ponto de partida para a sua compreensão. São as seguintes:
o Interpretação Gramatical ou Literal: utiliza o exame do significado e alcance de cada uma das palavras do preceito legal, i.e., implica na análise morfológica e sintática do texto, na verificação do significado das palavras e na sua colocação na frase, segundo as regras gramaticais, para finalmente extrair o pensamento do legislador. Atualmente, entende-se que somente esta forma de interpretação é insuficiente para conduzir o intérprete a um resultado conclusivo.
o Interpretação Lógica ou Racional: exige que se estabeleça conexão entre a lei objeto de interpretação e outros textos legais que os une.
o Interpretação Histórica: indaga das condições de meio e momento da elaboração da norma legal, bem como assim causas pretéritas da solução dada pelo legislador. Há subespécies:
* Remota: procura a razão de ser a lei pela origem da mesma (“origo legis”).
* Próxima: procura a razão de ser a lei como resultado do concurso da sociologia, da economia, da política e de outras ciências afins, para consecução do respectivo escopo (“occasio legis”). Ex.: os debates do Legislativo em torno dos projetos que se tornaram preceito legal.
o Interpretação Sistemática: pesquisada em conexão com as demais leis que compõem o ordenamento jurídico, i.e., o intérprete deve verificar qual a tendência dominante nas várias leis existentes sobre matérias correlatas e adotá-las como premissa. Há 2 aspectos diversos:
* Quando é feita em relação à própria lei a que o dispositivo pertence. Ex.: considera o caráter geral da lei; o livro, título ou parágrafo onde o preceito se encontra, o sentido tecnológico jurídico com que certas palavras são empregadas no diploma etc.
* Quando se processa com vistas para o sistema geral do direito positivo em vigor. Ex.: importa atender à própria índole do direito nacional com relação a matérias semelhantes à da lei interpretada; ao regime político do país; às últimas tendências do costume, da jurisprudência e da doutrina, no que concerne ao assunto do preceito etc.
* Quanto à extensão ou resultado ou efeitos: baseado no alcance maior ou menor das conclusões a que o intérprete chegue ou tenha querido chegar. Espécies:
o Declarativa: quando o legislador atribuiu à lei o sentido exato das palavras nela utilizadas.
o Ab-rogante: quando ocorre absoluta incompatibilidade ou contrariedade entre dois preceitos legais, ou entre um dispositivo de lei e um princípio geral do ordenamento jurídico impossíveis de conciliação. Nesse conflito recomenda-se que se atente para o grau de importância das normas contraditórias, concluindo-se pela ineficácia da disposição secundária e pela manutenção da disposição fundamental. Se ambas tiverem o mesmo grau de importância serão consideradas ineficazes.
o Extensiva ou ampliativa: interpretação segundo a qual a fórmula legal é menos ampla do que a “mens legislatoris” deduzida, i.e., pressupõe que a forma legal aplica-se aos casos que não estão abrangidos pelo seu teor literal, ou seja, “a lei quis mais do que disse”.
o Restritiva: supõe que “a lei quis menos do que disse”. Esse critério de interpretação limita o campo de aplicação da lei a um âmbito menos amplo do que aquele constante de suas expressões. Utiliza-se tal interpretação no Direito do Trabalho em se tratando do princípio da condição mais vantajosa ao empregado, no caso de apurar lucro, aquele empregado que trabalhou naquele período e na época do pagamento não mais trabalha na empresa, terá direito ao recebimento da PLR.
* Quanto ao fim, a interpretação é teleológica: na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (LICC, art. 5º) ou do interesse público (CLT, art. 8º). As leis trabalhistas devem ser interpretadas em favor do empregado quando houver dúvida a respeito do seu alcance. Quanto à política de proteção ao consumidor determina que “as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor” (Lei 8.078/90, art. 47).
12. INTEGRAÇÃO OU APLICAÇÃO DO DIREITO
A aplicação das normas jurídicas consiste na técnica de adaptação aos preceitos nela contidos e assim interpretados, as situações de fato que lhes subordinam. A hermenêutica lança mão da interpretação para alcançar o sentido preciso do sentido jurídico da norma e depois a aplica ao caso concreto.
Para Alice Monteiro de Barros “integração é um aspecto da hermenêutica por meio do qual o Juiz preenche as lacunas do sistema jurídico. Nesse processo
hermenêutico, o intérprete exerce ‘uma atividade supletiva’ conferida pelo próprio legislador”.
Estabelecida a norma jurídica, e tendo incidido, em meio à vida real, algum problema com ela relacionado, a solução a ser dada encerra 3 fases da aplicação ou integração:
* Conhecimento da hermenêutica: conjunto de regras que norteiam a arte de averiguar o direito contido nas leis e nas demais formas de que o mesmo se reveste.
* Interpretação do direito: utilização das regras da hermenêutica com referência ao conhecimento da norma que se tenha em vista.
* Integração: é a fase final e propriamente dita da integraçãodos resultados do trabalho interpretativo, no caso concreto, com o fito de lhe dar a melhor solução jurídica.
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Aula 2 – 17/02/12
*Obs o texto em italico se refere à trechos apostila acima.
Hermenêutica é o campo da filosofia que estuda a interpretação
- Interpretação Humana
- Interpretação de Textos Escritos
Linguagem é a base das relações sociais.
Correta interpretação – Linguagem
- Normas
- Leis
No campo jurídico, a Hermenêutica é usada para a interpretação fidedigna da idéia do autor para que seja adequada a norma ao fato ocorrido e assim proporcione uma responsável aplicação do Direito. Tendo em vista que a Hermenêutica Jurídica em lato sensu divide-se em interpretação, integração e aplicação do Direito.
Hermenêutica Jurídica – Interpretação
- Integração (Lacunas)
- Aplicação do Direito
A Hermenêutica no campo jurídico é empregada para dizer o meio e o modo por que se devem interpretar as leis, para que dessa forma se obtenham o exato sentido ou o fiel pensamento do legislador. Dessa forma, ela está encarregada de elucidar a respeito da compreensão exata da regra jurídica a ser aplicada aos fatos concretos, ou seja, é responsável pelo estudo e sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito, como explica Maximiliano.
Origem => Hermes => Poeta
“Hermeneuein” – Declarar
- Anunciar
- Interpretar
- Esclarecer
- Traduzir
- Tornar Algo compreensível
Sec. XVI
- Teoria Normativa da Interpretação -> Scheleiermacher -> Hermenêutica passa a ser ramo da
Filosofia
-> Dilthey -> Texto Estudado em seu Contexto
Com Friedrich Schleiermacher (1768-1834), no início do século XIX, a hermenêutica recebe uma reformulação, pela qual ela definitivamente entra para o âmbito da filosofia. Em seus projetos de hermenêutica coloca-se uma exigência significativa: a exigência de se estabelecer uma hermenêutica geral, compreendida como uma teoria geral da compreensão. A hermenêutica geral deveria ser capaz de estabelecer os princípios gerais de toda e qualquer compreensão e interpretação de manifestações lingüísticas. Onde houvesse linguagem, ali aplicar-se-ia sempre a interpretação. E tudo o que é objeto da compreensão, é linguagem (Hermeneutik, 56). Esta afirmação, entretanto, mostra todas as suas implicações quando se lhe justapõe esta outra tese de Schleiermacher: “A linguagem é o modo do pensamento se tornar efetivo. Pois, não há pensamento sem discurso. (...) Ninguém pode pensar sem palavras.” (Hermeneutik und Kritik, 77) Ao postular a “unidade de pensamento e linguagem” (ibidem), a tarefa da hermenêutica se torna universal e abarca a totalidade do que importa ao humano. A hermenêutica, então, é uma análise da compreensão “a partir da natureza da linguagem e das condições basilares da relação entre o falante e o ouvinte” (Akademienrede, 156).
Quatro distinções básicas foram estabelecidas por Scheleiermacher:
* 1º) a distinção entre compreensão gramatical, a partir do conhecimento da totalidade da língua do texto ou discurso, e a compreensão técnica ou psicológica, a partir do conhecimento da totalidade da intenção e dos objetivos do autor.
* 2º) a distinção entre compreensão divinatória e comparativa:
* Compreensão comparativa: Se apóia em uma multiplicidade de conhecimentos objetivos, gramaticais e históricos, deduzindo o sentido a partir do enunciado.
* Compreensão divinatória: Significa uma adivinhação imediata ou apreensão imediata do sentido de um texto.
Essas distinções apontam para aspectos da compreensão superior que se dá pela sua integração. Posteriormente, com os trabalhos de Droysen e Dilthey, o procedimento hermenêutico tornou-se a metodologia das ciências humanas. Os eventos da natureza devem ser explicados, mas a história, os eventos históricos, os valores e a cultura devem ser compreendidos. (Wilhelm Dilthey é primeiro a formular a dualidade de "ciências da natureza e ciências do espírito", que se distinguem por meio de um método analítico esclarecedor e um procedimento de compreensão descritiva).
è Circulo da Hermenêutica = Pré Compreensão -> Heidegger -> Compreensão do
Significado do mundo
Circulo Hermenêutico.
-> Gadamer -> Interpretação
Duálogo – Interprete
- Texto
-> Maximiliano – Teoria Cientifica da Arte de interpretar
-> Savigny – Fundador da Hermenêutica Jurídica Voltada para o Direito Privado.
-> Putcha (Discípulo de Savingy) – Escola Histórica -> Visão Formalista do Direito.
*Kelsen - >Ciência Formal
-> Ato de Interpretação
-> Formato e Interpretação Piramidal das Normas Jurídicas 
HERMENÊUTICA
Aula 3 – 24/02/12
 Evolução Histórica
*Direito Romano
*Idade Media (1070)
Universidade de Bolonha
Surgem os Glosadores- Primeiros a interpretar os documentos das leis do Direito Romano
Técnica de Interpretação Gramatical Literal.
Ciência do Direito
*Escola da Exegese (sec. XIX)
França, Código de Napoleão
Predomínio da Interpretação
-Direito Positivo
- Interpretação codicista, rígida, observando o previsto pelos legisladores.
*Escola do Jusnaturalismo ou Direito Natural 
- Sec. XVII e XVIII
- prever a necessidade Humana
- Direito Natural = Eterno, Imutável e Universal
*Escola da Livre Investigação
Sec. XIX, França
Interpretação Livre para lacunas
Usa-se para preencher uma lacuna: - Costumes
                                                         - Tradições
                                                           - Doutrinas
                                                           - Jurisprudência
*Escola do Direito Livre ou do Direito Justo
-Alemanha, Sec. XX
- Normas Jurídicas voltadas para grupos sociais = Direitos Humanos e Direito Coletivo
*Jurisprudência de Interesses (Sec. XX)
- Compreensão do conflito de interesses
- Common Law
HERMENÊUTICA
AULA 4 – Mar/2011
HERMENÊUTICA: Análise teórico-Conceptual e Historiográfico-Descritiva da Hermenêutica Jurídica. Escolas de Interpretação do Direito
A história da ciência do direito tem por objeto mostrar como esta ciência, em diferentes épocas, se justificou teoricamente.
1 – Direito Romano
Primeiros doutrinadores Tradicionalmente, as origens da ciência do direito em Roma relacionam-se com Cneu Flávio, quem teria publicado, em cerca de 300 a.C., os formulários com as palavras que deveriam ser ditas em juízo para que uma ação judicial tivesse início. Como, antes da época de Flávio, estes formulários, supostamente secretos, eram conhecidos apenas pelos sacerdotes, sua publicação teria permitido que outras pessoas pudessem estudá-los. Independentemente da veracidade desta tradição, na altura do século II a.C. os juristas eram ativos e escreveram um grande número de tratados sobre direito. Dentre os juristas famosos da época da República estão Quinto Múcio Escévola, autor de um volumoso tratado sobre todos os aspectos do direito que veio a ser muito influente posteriormente, e Sérvio Sulpício Rufo, amigo de Cícero. Assim, Roma já havia desenvolvido um sistema de direito e uma cultura jurídica sofisticados quando a República Romana foi substituída pelo Principado, em 27 a.C.
Período pré-clássico No período entre 201 e 27 a.C., desenvolveu-se um direito mais flexível que melhor atendia as necessidades da época. Ademais do ius civile antigo e formal, surgiu o ius honorarium, assim chamado porque os pretores - que ocupavam cargos honorários - desempenharam um papel central em sua formação.
A adaptação do direito às novas necessidades foi empreendida pela prática jurídica, pelos magistrados e, em especial, pelos pretores. O pretor não legislava e, tecnicamente, não criava direito novo quando emitia editos (magistratuum edicta). Na verdade, porém, as decisões pretorianas gozavam de proteção legal (actionem dare) e com frequência serviam de fonte para novas regras de direito. Os pretores não estavam obrigados a respeitar os editos dos seus antecessores, mas terminavam por empregar regraspretorianas anteriores que julgassem úteis. Com isto, criou-se um conteúdo normativo que prosseguia de edito em edito (edictum translatitium).
Surgiu então, ao longo do tempo, e em paralelo com o ius civile, a complementá-lo e corrigi-lo, um novo corpo de direito pretoriano. Na verdade, o direito pretoriano assim foi definido pelo famoso jurista romano Papiniano: Ius praetorium est quod praetores introduxerunt adiuvandi vel supplendi vel
corrigendi iuris civilis gratia propter utilitatem publicam ("o direito pretoriano é o que os pretores introduziram para complementar e corrigir o direito civil para a utilidade pública"). O ius civile e o direito pretoriano vieram a ser fundidos no Corpus Iuris Civilis.
Período clássico Os primeiros 250 anos da era cristã foram o período no qual o direito e a ciência jurídica romanos atingiram o mais alto grau de perfeição. A época costuma ser chamada de período clássico do direito romano, que alcançou um caráter único dado pelas realizações literárias e práticas dos juristas romanos.
Estes trabalhavam em diferentes funções: proferiam pareceres, a pedido de particulares; aconselhavam os magistrados responsáveis pela administração da justiça, como os pretores; auxiliavam os pretores a preparar seus editos, anunciados publicamente no início do mandato pretoriano e que continham uma explicação de como exerceriam suas funções e um formulário de procedimentos judiciais. Alguns juristas também ocupavam altos cargos judiciais e administrativos.
Os juristas produziram todo tipo de comentários e tratados de direito. Em cerca de 130 d.C., Sálvio Juliano escreveu um edito pretoriano padronizado, que foi utilizado por todos os pretores a partir de então. O edito continha descrições detalhadas de todos os casos nos quais o pretor permitiria uma ação judicial ou uma defesa. O edito padrão funcionava como um abrangente código legal, embora não gozasse, formalmente, da força de lei. Indicava os requisitos para uma reivindicação legal bem-sucedida e tornou-se a base dos amplos comentários jurídicos de juristas como Paulo e Domício Ulpiano.
Os conceitos e instituições jurídicas desenvolvidos pelos juristas pré-clássicos e clássicos são muito numerosos para mencionar aqui. Alguns exemplos:
* os juristas romanos separavam claramente o direito de usar uma coisa (propriedade) da habilidade factual de usá-la e manipulá-la (posse). Também distinguiam entre contrato e delito como fontes de obrigações civis.
* os contratos nominados (venda, trabalhista, aluguel, prestação de serviços), presentes na maioria dos códigos civis modernos, foram desenvolvidos pelos juristas romanos. * o jurista clássico Caio (cerca de 160) inventou um sistema de direito privado baseado na divisão entre personae (pessoas), res (coisas) e actiones (ações judiciais). Este sistema foi usado por vários séculos e pode ser reconhecido em leis modernas como o código civil francês.
Período pós-clássico Em meados do século III, a situação política e econômica do Império Romano havia se deteriorado, dificultando as condições para o desenvolvimento do direito. O sistema político do principado, que preservara algumas características da constituição da república, transformou-se na monarquia absoluta do dominato. A existência de uma ciência jurídica e de juristas que viam o direito como uma ciência, não como um instrumento para atingir os objetivos políticos do monarca, não se coadunava com a nova ordem. A produção literária cessou quase por completo. Poucos são os juristas conhecidos pelo nome a partir de meados do século III. Embora a ciência e a educação jurídicas se mantivessem, em certa medida, no Império Oriental, no ocidente a maior parte das sutilezas do direito clássico perdeu-se. Este foi substituído pelo chamado direito vulgar. Os escritos dos juristas clássicos foram editados para adaptar-se à nova situação política.
O direito romano após a queda de Roma
No oriente Quando o centro do império foi transferido para o Oriente grego no século IV, muitos conceitos jurídicos de origem grega apareceram na legislação oficial romana. A influência é visível até mesmo no estatuto pessoal e no direito de família, áreas do direito que tradicionalmente evoluem mais devagar. Por exemplo, Constantino introduziu restrições ao antigo conceito romano de patria potestas, ao aceitar que pessoas in potestate pudessem ter direitos de propriedade. Seus sucessores foram além, até que Justiniano finalmente decretou que uma criança in potestate passaria a ser dona de tudo que adquirisse, exceto quando adquirisse algo de seu pai. O Corpus iuris civilis de Justiniano continuou a ser a base da prática jurídica no império ao longo da história bizantina. Leão III, o Isauriano, promulgou um novo código, a Ecloga, no início do século VIII. No século seguinte, os imperadores Basílio I e Leão VI, o Sábio providenciaram uma tradução combinada do Código e do Digesto de Justiniano para o grego, a chamada Basilica. O direito romano preservado nos códigos de Justiniano e na Basilica continuaram a ser a base da prática jurídica na Grécia e nas cortes da Igreja Ortodoxa Oriental até mesmo após a queda do Império Bizantino e sua conquista pelos turcos. Também formaram a base do Fetha Negest, que vigorou na Etiópia até 1931.
No ocidente No ocidente, a autoridade de Justiniano chegava apenas a certas partes das penínsulas Itálica e Ibérica. Os reis germânicos promulgaram códigos legais, alguns dos quais sofreram a influência dos códigos romanos orientais. Em muitos casos, os cidadãos romanos continuaram a ser regidos pelas leis romanas, enquanto que os membros das diversas tribos germânicas eram regidos por seus respectivos códigos. O Código e as Institutas eram conhecidos da Europa Ocidental (embora com pouca influência no início da Idade Média), mas o Digesto foi ignorado por muitos séculos. Em cerca de 1070, descobriu-se na Itália um manuscrito deste último. A partir de então, os juristas começaram a estudar os antigos textos legais romanos e a ensiná-los. Os estudiosos do Corpus Iuris Civilis, chamados glosadores, anotavam comentários entre as linhas dos livros (glosas interlineares) ou nas margens (glosas marginais). O centro destes esforços era a cidade de Bolonha, cuja faculdade de direito veio a ser tornar uma das primeiras universidades da Europa. Os estudantes de direito romano em Bolonha (e, posteriormente, em muitos outros lugares) descobriram que muitas regras de direito romano aplicavam-se melhor às transações econômicas complexas do que as normas costumeiras então em voga na Europa. Dessa forma, o direito romano, ou pelo menos algumas de suas regras, foi aos poucos reintroduzido na prática jurídica, séculos após a queda do Império Romano do Ocidente. Este processo era apoiado pelos reis e príncipes, que mantinham juristas como conselheiros e funcionários das corte, e que buscavam beneficiar-se de regras como a Princeps legibus solutus est ("o príncipe está desobrigado das leis").
Digesto ou Pandectas O Digesto, conhecido igualmente pelo nome grego Pandectas, é uma compilação de fragmentos de jurisconsultos clássicos. É obra mais completa que o Código tem e ofereceu maiores dificuldades em sua elaboração. Digesto vem do latim digerere - pôr em ordem.
Realizada a compilação das leges (constituições imperiais), era necessário resolver um problema com relação aos iura (direito contido nas obras dos jurisconsultos clássicos), que não tinham sido ainda compilados. Havia entre os jurisconsultos antigos uma série de controvérsias a solucionar. Para isso, Justiniano expediu 50 constituições (as Quinquaginata Decisiones). É provável que durante a elaboração delas surgisse a idéia da compilação dos iura. Na constituição Deo auctore de conceptione Digestorum, de 15/12/530, o imperador expôs seu programa referente à obra. Nos fins de 530, Justiniano encarrega Triboniano de organizar comissão de 16 membros destinada a compilar os iura. Coube a Triboniano escolher seus colaboradores. Foram escolhidos Constantino, além de Teófilo e Crátino, deConstantinopla, Doroteu, Isidoro, da Universidade de Berito, mais onze advogados que trabalhavam junto à alta magistratura. A comissão era encarregada da seleção da matéria, bem como de dirimir dúvidas e decidir em caso de diferenças de opinião.
O Digesto diferenciava-se do Código por não ter havido anteriormente trabalho do mesmo gênero. A massa da jurisprudência era enorme, freqüentemente difícil de ser encontrada. Havia muitos autores, com pontos de vista diversos, por vezes antagônicos. A tarefa parecia ciclópica, e era temerário juntar todo esse amálgama de opiniões num trabalho homogêneo. Para o término desse projeto grandioso, previu Justiniano prazo mínimo de dez anos. No entanto, sob a presidência de Triboniano, a comissão de 16 membros, depois de compulsar quase dois mil livros (com três milhões de linhas), extratando 39 jurisconsultos, concluiu o trabalho em apenas três anos. Era o Código de doutrinas seletas, Codex enucleati iuris, oficialmente denominado Digesto (Digesta) ou Pandectas (Pandectae), o qual foi promulgado em 15 de dezembro de 533, para entrar em vigor daí a 15 dias. A obra é composta de 50 livros, subdivididos em aproximadamente 1.500 títulos, segundo ao assunto. Sob cada um dos títulos figuram fragmentos de obras de mais de quarenta jurisconsultos romanos do período clássico, de Quinto Múcio Cévola, que morreu no ano 82, a Hermogeniano e Carísio (dos séculos III e IV).
Os dezesseis codificadores tiveram autorização de alterar os textos escolhidos, para harmonizá-los com os novos princípios vigentes. Essas alterações tiveram o nome de emblemata Triboniani e hoje são chamadas interpolações. A descoberta de tais interpolações e a restituição do texto original clássico é uma das preocupações da ciência romanística contemporânea. As Pandectas constituíam uma suma do direito romano, em que inovações úteis se misturavam a decisões clássicas. Restritas, na prática, ao império bizantino, só no século XI foram descobertas pelo Ocidente. A comparação dos manuscritos existentes no Código de Justiniano foi o primeiro passo para o renascimento do direito, que teve como centro a Universidade de Bolonha. Quase todos os direitos modernos decorrem do direito romano e das Pandectas.
2 – Escolas ou Sistemas ou Métodos de Interpretação
O que são as Escolas ou Sistemas ou Métodos de Interpretação?
O estudo da Hermenêutica revela que a interpretação do Direito sofreu uma evolução, ou seja, passou por etapas que correspondem a prioridade que, de acordo com determinada época, era atribuída aos elementos gramatical, lógico, histórico, sociológico e também ao grau de liberdade conferido aos juízes. Nesse contexto, os doutrinadores identificam em cada etapa escolas ou sistemas de interpretação do direito, que são as seguintes:
a) Escolas Tradicionais ou Legalistas;
b) Escolas ou Sistemas Modernos;
c) Novas Correntes:
01. Escolas Tradicionais ou Legalistas ou Clássicas: São escolas em cuja doutrina predomina os elementos gramatical e da lógica interna (processo de raciocínio utilizado pelo intérprete por meio do qual ele submete a lei a uma análise do ponto de vista da inteligência do texto legislativo, sem levar em consideração elementos de informação exteriores (fatores externos que levaram a produção da norma).
01.1. Características das Escolas Tradicionais:
a) Doutrina que prende o direito aos textos legislativos, de forma rígida, como se fossem dogmas. E por essa razão, os estudiosos dizem que as Escolas Tradicionais possuem uma tendência Dogmática.
b) Os seguidores das Escolas Tradicionais defendem a aplicação rigorosa dos textos legais de acordo com a vontade do legislador. Posicionamento doutrinário que segundo os juristas marca as Escolas Tradicionais de uma tendência Legalista.
c) A orientação clássica se fazia obediente à Lei.
01.2. Principais Escolas Tradicionais:
a) Escola dos Glosadores Medievais;
b) Escola dos Comentaristas;
c) Escola da Exegese;
d) Escola do Direito Natural ou Escola do Jusnaturalismo.
01.2.1 – Escola dos Glosadores Medievais. Considerações importantes:
► É identificada no final do Século XI, na Itália, a partir do descobrimento do Digesto. Início da ciência do Direito.
► Um monge e professor de gramática da Universidade de Bolonha conhecido Irnério, com o auxílio de seus discípulos, foi o responsável pelos estudos do Digesto. E em decorrência desse fato surgiu um movimento que deu origem a chamada Escola dos Glosadores.
A Escola dos Glosadores, iniciada por Irnério, constitui um marco de suma importância na história do Direito, tanto na parte condizente ao conhecimento do pensamento jurídico como teoria e prática. O Direito assume, definitivamente, uma posição autônoma no conhecimento, pois volta-se ao estudo específico. Devido à influência pioneira dos glosadores surgem as primeiras Universidades Ocidentais, a primeira nascida em Bolonha, a alma mater, com os referidos glosadores, que serviu como modelo de ensino para as demais instituições. O que estimulou o desenvolvimento de outros métodos, como ocorreu na Universidade de Orleães, os Ultramontani, que se serviam da dialética escolástica e fizeram críticas às glosas de Acúrsio. Através disso e da convergência de estudiosos para Bolonha, pôs em evidência o método glosador. Como se pode observar, Bolonha não vive em isolamento, em diversas partes da Europa o estudo civilístico se desenvolveu com outros métodos, não tão destacáveis, e que se contrapõem dialeticamente com Bolonha. O surgimento do plano de estudo dos glosadores ainda está envolto em questões controversas, principalmente, quando se refere à recepção dos textos romanos e dos juristas percursores da análise desse direito.
► Quanto ao nome de glosadores, o mesmo vem do método de ensino utilizado, vez que o professor, após uma leitura dos textos em questão, interpretava-os por meio de uma frase que era chamada glosa. Muitas vezes, o professor fazia também um resumo, chamado summa.
► A escola dos glosadores foi fundada em 1088, em Bolonha, perdurando até, aproximadamente, 1250.
► Os glosadores examinavam o texto legal sob o ponto de vista gramatical,
analisando as palavras e as frases de forma isolada do seu contexto e indiferente as modificações históricas.
► Havia falta de sistematicidade da matéria jurídica, apenas um impulso para um tratamento sistemático da referida matéria entre os glosadores.
01.2.1.1 O método introduzido
O método empregado da glosa não era uma autêntica novidade. No estudo da gramática, a breve explicação ou a modificação de uma palavra por seu sinônimo dava-se por meio da glosa. O fenômeno da utilização da glosa, na recepção desses textos romanos, advém da experiência de Irnério como professor das disciplinas do Trivium. A partir de então aconteceu o aperfeiçoamento da análise dos textos por meio da glosa, numa atividade exegética, pois ela tem objetivo de esclarecer o significado, a substituição de uma palavra ou do texto em breves palavras (a littera) – observando uma lógica de conceito, princípio ou instituto. De logo evidencia-se, no nome da escola que expressa o método científico empregado na análise dos textos, principalmente o Digesto e as Institutiones, que circulavam com aparato de glosas do Magister. As glosas consistiam, materialmente, em interlineares e marginalis de acordo com a localização nos textos; as primeiras encontram-se escritas entre as linhas e as marginalis estão situadas à margem.
O ponto emanador da interpretação é a glosa, indissociável da docência, que serviu de apoio teórico à criação, durante o decorrer do tempo, de outros gêneros literários. O trabalho dos glosadores não se restringiu à simples exegese da littera, emergiram, através da oralidade da exposição do Corpus Iuris Civilis, significativos esquemas interpretativos como: oapparatus, as distinctiones, as quaestiones, a regulae iuris, as dissensiones dominorum, oscasus e a summae.
O apparatus consiste no esclarecimento coerente das diversas partes do texto; Azo destacou esse gênero. As distinctiones subsidiam umavisão sistemática das divisões de conceitos ou de matérias complicadas; assim aquele que se debruça na leitura desse gênero acaba por ser conduzido, de maneira consciente de seu progresso, de uma proposição a outra afastando as antinomias, e tende a alcançar a verdade pelo viés da aproximação. As quaestiones consistem em disputas entre casos controversos condizentes ao um fato (quaestio facti), e a interpretação de uma regra jurídica (quaestio iuris) era utilizada como um exercício acadêmico, no qual o Docente elabora um casus e convoca dois estudantes, sendo um o reus e o outro auctor; após o confronto de argumentos, o Lente anuncia ou pronuncia a decisão (determinatio). As regulae iuris, presentes na época romana, envolvem e isolam determinados conceitos do seu contexto, favorecendo a aplicação. As dissensiones dominorum estão calcadas nas divergências dos mestres sobre relevantes questões. Os casus se distinguem das quaestiones por não apresentarem disputa, são exemplificações de casos práticos com a aplicação da norma. A summae, como o significado da palavra demonstra, calcavam-se em exposições voltadas para resumirem o conteúdo de um título ou livro do Corpus Iuris; a dificuldade em empregar a técnica da summae dificultou a
maioria dos glosadores de utilizá-la, no entanto, os juristas mais notáveis escreveram sua summae. Diversos estudantes encontraram nelas uma forma resumida, de maneira essencial, do Direito Civil.
A atividade dos glosadores concentra-se na interpretação, cuja mentalidade se mantém dogmaticamente idêntica, a seqüência das leges conduz ao direito erudito, nada escapa à sistematicidade do Corpus Iuris e à ordenação realizadas pelos glosadores. Inclusive as aulas, ou melhor, as lecturae acadêmicas seguem essa ordem, até mesmo porque no Digesto e no codex existem preceitos disciplinadores da interpretação. Isso tudo devido à subtração do Corpus Iuris Civilis do seu contexto histórico, pois nele se encontra legalis sapientia justamente pela atribuição de estatuto equivalente ao texto bíblico, a compilação – com seu vasto repertório de direito positivo – de Justiniano passa a ser considerado, então, divino; nisso soma-se a relação de autoridade com o logos que determina a interpretação, logo a auctoritas do interpretador também se faz evidente no contexto da atribuição da verdade. Na compreensão doutrinal do texto, no sentido de atingir a revelação da verdade, se condenava a desfuncionalização que prejudicava o sentido verdadeiro da lex da corruptio librorum; assim a interpretação, ou melhor, a tradução ipsis litteris e de adnotare buscam, justamente, a preservação da autenticidade do Corpus Iuris. Os glosadores entendiam a interpretatio no sentido de aclaramento, da correção, da ampliação e da delimitação da littera; apegada ao texto a atividade dessa escola, nos primeiros momentos, não existiam critérios precisos de hermenêutica. A vinculação nas afirmações de Justiniano em sua consonantia, a concordia, os priores e os posteriores das leges levam em conta a unidade e a sistematicidade do Corpus, esquemas disponíveis cuidam da harmonia das normas de uma interpretação sistemática, que parte das ligações interiores do arcabouço sistemático. Dessa forma, a utilização de esquemas de deduções lógicas e de categorias aristotélicas evidenciam-se nas seguintes formas: causae materialis, finalis, efficiens e formalis; além do mais constata-se figuras escolásticas como: causa proximas e remota, propria e impropria, as determinações de gêneros (genera) e de espécies (species, specialiter) e ainda de determinados processos, quais sejam: distinctio, divisio e subdivisio. Com a escolástica tardia algumas dessas figuras serão esquecidas.
A littera representa o início do método dos glosadores, no entanto, não indica o ápice da escola. Durante o percurso escolar, a letra não foi deixada de lado, pelo contrário sempre teve as atenções voltadas para si, a partir daí o trabalho de retirar todas as potencialidades das palavras. Foi então estabelecido, no primeiro momento, o esclarecimento das palavras e trechos dos textos, a contemplação da mens legis ou da ratio legis, fulcro do jurista, só poderia ser feita por meio da significatio verborum. Portanto, os glosadores, com o emprego do seu método, ao utilizar a verba, pretendiam desvelar e contemplar a verdade contida na mística do Corpus Iuris Civilis, guiada no ambiente de descoberta dos fragmentos do texto; daratio contemplativa do medievo a verba passa a ser olhada com a ratio criadora da modernidade. A fama granjeada se espalhou por grande parte da Europa e arrecadou adeptos ao método e à figura do Corpus Iuris, ainda foram os percursores da jurisprudência européia, devido à legião de juristas, com suas seqüentes gerações, formados pelas Universidades – que influenciaram fortemente a economia, a cultura e a política
das cidades – os quais saíam e acabavam por ocupar cargos na administração e no judiciário, em decorrência disso os legistas ocupam importantes lugares juntamente com os clérigosnaquela sociedade.
01.2.2 – A Escola dos Comentaristas. Considerações importantes:
► A Escola dos Comentaristas teve início na Itália, com Cino da Pistoia, acompanhado por seu discípulo Bartolo de Sassoferrato, que seria mais tarde seu maior representante, e por Baldo Ubaldi discípulo deste último. Seus seguidores manifestavam profundo respeito pelo direito romano, entretanto, em seus estudos não partiram da análise das leis de Justiniano, mas do exame dos casos práticos.
► Sem abandonar o tradicional método casuístico da jurisprudência, os comentadores procederam a uma nova ordenação da matéria jurídica, criando, na prática, uma nova Ciência Jurídica, que foi formada pela “communis opinion”, constituída pelas opiniões comuns dos doutores da época.
► As “communis opinion” foram adotadas como argumento de autoridade e fonte de criação ou de interpretação do Direito, graças ao trabalho realizado por Baldo, um dos discípulos de Bartolo, tornando-se desde então, a praxe dos tribunais. ► No tocante a administração da justiça e ao estabelecimento dos direitos sobre as coisas, foi incluída a sentença.
► Sentença ou “juicio”, como era denominada. Ademais, já se podia vislumbrar os traços de seus principais contornos atuais, como a ideia de que a sentença esgotava a atividade do juiz e que ela não poderia ser dada contra a natureza das coisas, nem contra as leis escritas e os bons costumes, pois a ausência de um desses requisitos implicaria em inexistência, não produzindo nenhum efeito. Também se encontrava alicerçada a ideia de certeza, precisão e delimitação do pedido, bem como, os critérios para recurso e a distinção entre sentenças definitivas e interlocutórias.
01.2.3 - Escola da Exegese. Considerações importantes:
- Teve sua formação na França, no século XIX;
- Predomínio Codicista;
- O intérprete, segundo os ensinamentos da escola, devia aplicar, precisa e mecanicamente, a regra desejada pelo legislador. Afinal, o Direito para a Escola da Exegese era o Código.
- Entendia que o Direito não tinha sua organização ligada ao social, nem ao econômico ou político.
- Os seguidores da escola ensinavam que o intérprete tinha como função, simplesmente, o estudo das disposições legais segundo os institutos do Direito
Romano, o qual tinha um apego excessivo ao estilo (cheio de regras e brocardos). - O Código não tinha lacunas. Exemplo: Código de Napoleão
► Consequência da doutrina ensinada pela Escola da Exegese: O Estado é o único produtor do direito.
► Declínio da Escola da Exegese: Começou no final do Século XIX quando a interpretação dos Tribunais passou a ter um grande relevo.
► Importância da Escola da Exegese: influência da Codificação.
01.2.4 - Escola do Direito Natural ou Escola do Jusnaturalismo
►Nos séculos XVII e XVIII teve início a Escola do Direito Natural, a qual teve sua grande inspiração no holandês Huig Van Der Groot (1583-1645), cujo nome foi alatinado para Hogo Grotius.
►Opondo-se às doutrinas teológicas do feudalismo, Grotius afirmava

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