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Resumo de Direito Civil III 2º bimestre Relação de parentesco _ art.1591 a 1593 CC Parentes não é família Conceito de parentesco Parentesco é a relação jurídica ou o vínculo existente entre as pessoas que descendem umas das outras (mesmo tronco comum), entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro, ou entre pessoas que tem, entre si, um vínculo civil. Modalidades de parentescos Parentesco consanguíneo ou natural; Parentesco por afinidade (art. 1.595 CC/02); Parentesco civil (ex. adoção –art. 1.593 CC/02): Art. 1.593. Parentesco socioafetivo: reprodução assistida – fecundação heteróloga; O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem. * técnicas de fertilização artificial (parentalidade sócioafetiva) Parente sanguíneo ou natural: Aquele que existe entre pessoas que mantem o mesmo vinculo biológico, ou de sangue por terem origem no mesmo tronco comum. Fundamentação legal: Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Parente civil Aquele que decorre de outra origem, não seja de consanguinidade ou afetividade , conforme consta no art. 1593 CC. Ex: adoção, doutrina e jurisprudência, técnicas de reprodução heterologa , parentalidade afetiva Parentes por afetividade Existe entre um cônjuge ou companheiros e os parentes do outro cônjuge. Seria esta uma espécie de parentesco civil ou uma nova espécie de parentesco reconhecido pelos tribunais? En. 256 – Art. 1.593: A posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de parentesco civil. – Art. 1.593: o Código Civil reconhece, no art. 1.593, outras espécies de parentesco civil além daquele decorrente da adoção, acolhendo, assim, a noção de que há também parentesco civil no vínculo parental proveniente quer das técnicas de reprodução assistida heteróloga relativamente ao pai (ou mãe) que não contribuiu com seu material fecundante, quer da paternidade sócioafetiva, fundada na posse do estado de filho. Cônjuges e companheiros = família; não parentes. Parentesco se divide em: Linha reta Linha colateral Por afinidade 1) Parentesco na linha reta: são as pessoas que estão ligadas pelo mesmo sangue através da ascendência e descendência. Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes. Linha ascendente: 1º Grau: pais. 2º Grau: avós. 3º Grau: bisavós. 4º Grau: trisavós. Linha descendente: 1º Grau: filhos. 2º Grau: netos. 3: Grau: bisnetos. 4º Grau: trinetos. 2) Parentesco na linha colateral: são parentes na linha colateral até o 4º grau as pessoas que advém de um tronco em comum, sem descenderem uma das outras. 1º Grau: na linha colateral não há parentes de primeiro grau. 2º Grau: irmãos. 3º Grau: tios e sobrinhos. 4º Grau: tios-avós, primos e sobrinhos-netos. 3) Parentesco por afinidade : São constituídos com o casamento ou união estável e se limitam aos ascendentes, descendentes e irmãos do cônjuge. Obs: não há possibilidade de futuro vinculo matrimonial com os parentes por afinidade em linha reta caso haja a dissolução do casamento ou união estável, o mesmo não se aplica aos cunhados. Em linha reta: sogros, genro e nora. Em linha colateral: cunhados. Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. A afinidade, assim como o parentesco por consanguinidade, comporta duas linhas: a reta e a colateral. São afins em linha reta ascendente: sogro, sogra, padrasto e madrasta (no mesmo grau que pai e mãe). São afins na linha na linha reta descendente: genro, nora, enteado, enteada (no mesmo grau que filho e filha). A afinidade na linha reta é sempre mantida (art. 1595, parágrafo 2º.) sogra é pra sempre ; mas a afinidade colateral (ou cunhadio) extingue-se com o término do casamento. Em assim sendo, inexiste impedimento de o viúvo (ou divorciado) casar-se com a cunhada. Porem o casamento com a ex sogra ou ex sogro assim como com enteado é vedado. Art.1.521 II CC Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; Parentesco estudado em outras áreas do Direito, exemplos: Direito constitucional –art.14º § 7º CF Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Direito administrativo- art. 117º inc. VIII Lei 8.112/90 Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; Etc.... Filiação Vínculo jurídico entre pais e filhos: relação de parentesco consanguíneo em linha reta de 1º grau; entre uma pessoa e aqueles que lhe deram a vida; ou ligadas por uma relação socioafetiva; ou advindo de inseminação artificial heteróloga. Fundamentação legal: art. 1597/1600 CC Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art. 1597. Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade. Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade. Inseminação artificial homóloga -> é a inseminação havida com material genético (sêmem e óvulo) do próprio casal. Inseminação artificial heteróloga - > é a fecundação realizada com material genético de pelo menos um terceiro aproveitando ou não sêmem ou óvulo de um ou outro cônjuge. Fecundação homóloga; a) Em vida; b) Post mortem: Autorização expressa do marido que só vale enquanto a mulher permanecer viúva En. 106 – Art. 1.597, inc. III: para que seja presumida a paternidade do marido falecido, será obrigatório que a mulher, ao se submeter a uma das técnicas de reprodução assistidacom o material genético do falecido, esteja na condição de viúva, sendo obrigatório, ainda, que haja autorização escrita do marido para que se utilize seu material genético após sua morte. Inc. IV do art. 1.597 do CC/02: embriões excedentários resultantes de inseminação artificial homóloga Embriões excedentários; Enunciado 107 da I Jornada CJF/STJ: autorização expressa do marido após a dissolução da sociedade conjugal. En. 107 – Art. 1.597, IV: finda a sociedade conjugal, na forma do art. 1.571, a regra do inc. IV somente poderá ser aplicada se houver autorização prévia, por escrito, dos ex-cônjuges para a utilização dos embriões excedentários, só podendo ser revogada até o início do procedimento de implantação desses embriões. Inc. V do art. 1.597 do CC/02: inseminação artificial heteróloga, mediante prévia autorização Fecundação heteróloga; Parentalidade socioafetiva = vontade do casal (Enunciado 104 da I Jornada CJF/STJ): no âmbito das técnicas de reprodução assistida envolvendo o emprego de material fecundante de terceiros, o pressuposto fático da relação sexual é substituído pela vontade (ou eventualmente pelo risco da situação jurídica matrimonial) juridicamente qualificada, gerando presunção absoluta ou relativa de paternidade no que tange ao marido da mãe da criança concebida, Inc. V do art. 1.597 do CC/02: inseminação artificial heteróloga, mediante prévia autorização [...] dependendo da manifestação expressa (ou implícita) da vontade no curso do casamento. Venire contra factum proprium; Princípio da identidade genética vs. Princípio da intimidade genética do doador; Presunção iure et de jure. Hipóteses de presunção de paternidade Presumem-se concebidos na constância do casamento: 1. Os filhos nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal. 2. Os filhos nascidos 300 dias após a dissolução da sociedade conjugal – seja pela morte, separação, nulidade e anulação do casamento. 3. Os filhos havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido. 4. Os filhos havidos a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrente de concepção artificial homóloga. Prova da filiação - > artigo 1603 e 1609 do CC Prova da filiação: Art. 1.603 CC/02: - certidão de nascimento lavrada pelo oficial do Registro de Pessoas Naturais; - todas as provas admitidas em direito (art. 1.605 CC/02); DNA (prova pericial) Do reconhecimento de filhos (Arts. 1.607 a 1.617 do CC/02): Voluntário ou perfiliação: Art. 1.609 do CC/02; - no registro do nascimento; - por escritura pública ou instrumento particular arquivado em cartório; - testamento, legado ou codicilo; - manifestação direta e expressa ao juiz investido ainda que em outra ação. É irrevogável (art. 1.610 CC/02) Ato unilateral, espontâneo, formal, público, incondicional e com efeitos retro operantes (ex tunc). Reconhecimento do filho maior: art. 1.614 CC - exige-se o consentimento do filho maior; - prazo decadencial de 4 anos (STJ entende ser imprescritível – Resp 765479/RJ) Perfiliação antes do nascimento: Lei n. 6.015/73: Perfiliação= reconhecimento legal em que uma pessoa declara ser pai ou mãe de alguém No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será, não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito. § 1º livro "C Auxiliar” - natimorto § 2º nascer com vida e morrer - serão feitos os dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com remissões recíprocas. (incluído pela Lei nº 6.216, de 30/06/75) Contestação de paternidade 1601 CC diz: Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação. No entender da doutrina dominante tal situação é delicada, pois imagem a seguinte situação de um filho que convive com o marido de sua mãe como se pai fosse por uma vida estabelecendo ai laços afetivos e de repente vê tudo isto desmoronar por uma ação de contestação de paternidade. Isto poderá gerar situações de injustiças e comprometimento do interesse do menor. Quais os meios de prova utilizados para reconhecimento da paternidade? O exame de DNA que é o mais preciso Em caso de recusa, o juiz poderá utilizar-se do exame de sangue para afastar a paternidade e prova testemunhal trazidas aos autos na inicial, pelo autor. Súmula 301 do STJ traz que: Em ação investigatória de paternidade, a recusa do suposto pai de submeter-se ao exame de DNA induz a presunção júris tantum de paternidade. ALIMENTOS “A obrigação alimentar é de responsabilidade dos pais, e, no caso de a genitora dos autores da ação de alimentos também exercer atividade remunerada, é juridicamente razoável que seja chamada a compor o polo passivo do processo, a fim de ser avaliada sua condição econômico-financeira para assumir, em conjunto com o genitor, a responsabilidade pela manutenção dos filhos maiores e capazes”, afirmou. De acordo com Noronha, cada um dos supostos responsáveis assume condição autônoma em relação ao encargo alimentar (REsp 964.866). PRESSUPOSTOS Os alimentos têm por base e fundamento o princípio da solidariedade familiar. Existência de companheirismo, vínculo de parentesco ou conjugal entre alimentando e alimentante. Necessidade do alimentando. Possibilidade econômica do alimentante. Proporcionalidade, na sua fixação, entre as necessidades do alimentário e os recursos econômico financeiros do alimentante. Estatuto jurídico do patrimônio mínimo. Prestações periódicas; Para quem não tem meios de sustentar-se (alimentando ou alimentado) - necessidade; Por quem tem meios econômicos para auxiliar o outro a quem se vincula juridicamente (alimentante) – possibilidade; Fixado pelo prazo necessário e segundo o montante razoável –razoabilidade ou proporcionalidade. Pressupostos da obrigação alimentar: arts. 1.694 e 1.695 CC a) vínculo de parentesco qualquer que seja a origem, casamento ou união estável; * En. n. 341 – Art. 1.696 Para os fins do art. 1.696, a relação socioafetiva pode ser elemento gerador de obrigação alimentar. b) necessidade do alimentando (credor da obrigação alimentar); c) possibilidade do alimentante (devedor da obrigação alimentar); d) razoabilidade / proporcionalidade (MB): para definir o prazo e o valor. Características da obrigação alimentar: a) Princípio da reciprocidade – Dispõe o art. 1696 do CC que o direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. Isto é, a reciprocidade da obrigação alimentar ocorre tanto entre ascendentes como entre descendentes. b) Princípio da preferência – Na falta de ascendente cabe a obrigação aos descendentes e, faltando estes, aos irmãos, germanos como unilaterais (art. 1697). O CC limita a obrigação na linha colateral ao segundo grau (irmãos), logo tios ou sobrinhos (parentes em 3º grau) escapam da previsão legal. Importante notar, que o elenco previsto pela lei é taxativo, numerus clausus, de modo que, em faltando alguma das categorias citadas, extingue-se a obrigação alimentar decorrente do parentesco. c) Princípio da complementaridade – Se o parente convocado não estiver habilitado a cumprir a obrigação totalmente (art. 1698 do CC) poderá chamar outros parentes, de grau imediato para concorrer no cumprimento da dívida alimentar. d) Princípio da mutabilidade(ou da variabilidade da prestação) – A decisão judicial sobre alimentos faz coisa julgada formal, mas não material, isto é, ela é mutável podendo ser modificada a qualquer tempo, sempre em decorrência da variação financeira das partes interessadas (art. 1699 do CC). Se o quantum da pensão alimentícia subordina-se a um critério de proporcionalidade entre as necessidades do alimentado e os recursos do alimentante, sempre que o binômio se alterar produzirá efeitos imediatos sobre a pensão provocando exoneração, redução ou majoração. Desse modo, entende-se que a revisão é da essência da obrigação alimentar. e) Princípio da transmissibilidade – Os alimentos poderão ser cobrados do espólio, ou de cada herdeiro, mas sempre no limite das forças do monte, respondendo cada herdeiro proporcionalmente à parte que lhe couber na herança. f) Princípio da alternatividade – Os alimentos podem ser pagos em espécie (moradia, alimentação, vestuário, etc.) ou em dinheiro, mediante o pagamento da prestação pecuniária. O art. 1701 do CC confere ao devedor de alimentos a faculdade de optar entre o cumprimento da pensão em espécie, ou em dinheiro, isto é, o dispositivo legal prescreve uma obrigação alternativa. O direito de escolha, porém, não é absoluto, pois o parágrafo único do artigo confere ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, o poder de fixar a forma do cumprimento da prestação. g) Princípio da irrenunciabilidade – Não podem as partes pactuarem de modo diverso, quer por contrato ou convenção (art. 1707 do CC). O texto legal é claro e não deve gerar maiores questionamentos: o credor pode não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos. H) Personalíssimo: Esta é a caraterística fundamental, da qual decorrem as demais. Como os alimentos se destinam à subsistência do alimentado, constituem um direito pessoal, intransferível porque sua titularidade não passa a terceiro, deve ser exercido por aquele que não tem condição de prover seu próprio sustendo, só o titular dos alimentos podem recebê-los, ninguém mais. Quem tem Direito a Alimentos Preceitua, inicialmente o Código Civil de 2002 que: “Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação”. Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. solidária (Estatuto do Idoso – art. 12) Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores. Obrigação imprescritível * a pretensão para a cobrança de alimentos já fixados ou acordados – 2 anos (art. 206, § 2º CC) Art. 206. Prescreve: § 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Inalienável (art. 1.707 CC) Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. - Alimentos legais: chamados também de legítimos devido a sua criação ser feita pela lei, ou seja, quem pode pleitear e quem tem o dever de pagar, sendo assim, regulados pelo Direito de Família. São devidos em virtude de obrigação legal, que pode decorrer do parentesco (iure sanguinis), do casamento ou do companheirismo. - Voluntários: ao contrário do anterior, a lei não interfere na sua criação, apenas cria mecanismos para efetivar esse direito quando existente. Depende, portanto, da vontade.: - Alimentos indenizatórios ou ressarcitórios: (art. 948, inc. II CPC); são aqueles que resultam da prática de um ato ilícito e constituem forma de indenização do dano ex delicto. Possuem como base uma função reparatória de um status quo, em decorrência da prática de ato ilícito. Normalmente o ato ilícito resulta a morte de alguém, nesse caso, o infrator à título de danos morais tem que pagar alimentos, sendo estes regulados pela responsabilidade civil. Somente os alimentos legais ou legítimos pertencem ao direito de família. Assim, a prisão civil pelo não pagamento de dívida de alimentos, permitida na Constituição federal (art. 5º, LXVII), somente por der decretada no caso de alimentos previstos nos arts. 1.566, III e 1.694 s. do Código Civil, sendo inadmissível em caso de não pagamento dos alimentos indenizatórios (responsabilidade civil ex delicto) e dos voluntários (obrigacionais ou testamentário) Quanto a sua finalidade: A )Provisórios: são os fixados liminarmente no despacho inicial proferido na ação de alimentos, ou seja, são os alimentos que servem para manter, de forma temporária, quem pleiteia a ação, em outras palavras, trata-se de um pedido de liminar dentro da ação de alimentos. Estes exigem prova pré-constituída do parentesco, casamento ou companheirismo. Apresentada essa prova o juiz fixará os alimentos provisórios, se requeridos. B) Provisionais: são os alimentos deferidos em sede de ação cautelar que tem como função a manutenção da pessoa enquanto tramita o processo. Para o juiz determinar os alimentos provisionais depende da comprovação dos requisitos inerentes a toda medida cautelar: fumus boni juris e periculum in mora. Só entra com ação cautelar quando não tiver provas que o réu é pai do autor. C) Definitivos: são os de caráter permanente, estabelecidos pelo juiz na sentença ou acordo das partes devidamente homologado. São os alimentos pleiteados na ação de alimentos para suprir as necessidades e manter a condição social do autor. São fixados na sentença de mérito e seus efeitos retroagem a data da citação. Quanto ao momento: A)Pretéritos: quando o pedido retroage a período anterior ao ajuizamento da ação. São os alimentos pleiteados na ação de alimentos buscando suprir uma necessidade anterior a distribuição da referida ação. O Brasil não admite esses alimentos. B)Atuais: são os alimentos pleiteados na inicial referente as necessidades do momento da distribuição, são os postulados a partir do ajuizamento. Eles existem desde essa data até a fixação dos alimentos definitivos. Esses alimentos duram da distribuição até a sentença. C)Futuros: são os alimentos devidos somente a partir da sentença. São fixados na forma definitiva e valendo após o trânsito em julgado sem limite de prazo. Quanto à extensão: Alimentos civis ou côngruos: alimentação, saúde, moradia, educação, vestuário, lazer e etc. - Alimentos necessários ou indispensáveis: alimentação, saúde e moradia. - Cônjuge culpado: alimentos necessários (art. 1.704 do CC/02) Quanto à forma de pagamento: - Próprios ou in natura (art. 1.701 CC/02); Alimentos in natura significa o pagamento alimentar através de um benefício ao alimentando (credor alimentar) como roupa, escola, uniforme entre outros. No entanto, para evitar problemas, recomenda-se o adstrito cumprimento do que constou no acordo alimentar, se fixado em pecúnia (dinheiro) deverá ser feito desta forma, somente pagando através do benefício in natura caso assim esteja fixado em acordo. Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, oudar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor. Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação. - Impróprios (art. 1.701, caput CC/02); Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor Quanto à finalidade: - Definitivos ou regulares; - Provisórios (Lei n. 5.478/68); - Provisionais ou ad litem: inexistência de prova pré- constituída (art. 1.706 CC/02); Extinção da obrigação alimentar: 1º) desaparecendo o binômio ou trinômio; 2º) casos de parentesco: maioridade ou emancipação do filho menor; * estudante ou universitário: até 24 anos; Súm. 358 STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos. 3º) o casamento, união estável ou concubinato do credor da ob. alimentar (art. 1.708 CC/02); * devedor – não (art. 1.709 CC/02); 4º) se o credor tiver procedimento indigno em relação ao devedor * En. 264 – Art. 1.708: Na interpretação do que seja procedimento indigno do credor, apto a fazer cessar o direito a alimentos, aplicam-se, por analogia, as hipóteses dos incs. I e II do art. 1.814 do Código Civil. Alimentos gravídicos: Lei n. 11.804/2008; Terminologia: ou “alimentos do nascituro” . Alimentos gravídicos servem, portanto, para arcar com aquelas “despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes à alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticos indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes” (artigo 2o da Lei nº. 11.804/08). Critério para a fixação dos alimentos gravídicos, assim como para o estabelecimento de pensão alimentícia em outros casos, é o do binômio necessidade-possibilidade, ou seja, serão observadas as efetivas necessidades do nascituro e da grávida, bem como as condições financeiras do suposto pai. É certo que os gastos com “os médicos, hospitais, laboratórios de um casal com larga capacidade financeira são diferentes daqueles procurados por pessoas com menos recursos, não sendo exigível que uma classe ou outra se esquive, para os gastos com a gestação, do seu padrão de vida” Após o nascimento = converte-se em alimentos; Essas provas não precisam ser conclusivas, até porque durante a gravidez há risco à saúde do feto caso se tente a realização de exame de DNA – que seria a prova mais contundente da paternidade –, mas é necessário que se estejam presentes os indícios da paternidade. Veto art. 10 (que previa a repetição em caso de má-fé) * art. 187 do CC/02 e art. 877 CC Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Alimentos Avoengos A relação avoenga é o relacionamento existente entre avós e netos, cujo intuito é preservar o convívio sadio, digno e respeitoso entre ascendentes e descendentes no melhor interesse das crianças e adolescentes, através de uma convivência familiar saudável, além do que o relacionamento avoengo conserva também direitos relacionados às partes envolvidas. Após esgotados todos os meios de buscar o auxílio financeiro do genitor ou da genitora, poderá o alimentado ingressar com ação de alimentos em desfavor dos avós paternos ou maternos, cuja obrigação será imposta na totalidade aos avós ou ainda parcialmente, dividindo-se com o devedor originário (pais) o pagamento da pensão alimentícia. Observações importantes 1. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor. (art. 1.700) ART. 1.700. A OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS TRANSMITE-SE AOS HERDEIROS DO DEVEDOR, NA FORMA DO ART. 1.694. 2. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar. (art. 1.702) ART. 1.702. NA SEPARAÇÃO JUDICIAL LITIGIOSA, SENDO UM DOS CÔNJUGES INOCENTE E DESPROVIDO DE RECURSOS, PRESTAR-LHE-Á O OUTRO A PENSÃO ALIMENTÍCIA QUE O JUIZ FIXAR, OBEDECIDOS OS CRITÉRIOS ESTABELECIDOS NO ART. 1.694. 3. Se um dos cônjuges, separados judicialmente, vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. 4. Se declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. (art. 1.704) ART. 1.704. SE UM DOS CÔNJUGES SEPARADOS JUDICIALMENTE VIER A NECESSITAR DE ALIMENTOS, SERÁ O OUTRO OBRIGADO A PRESTÁ-LOS MEDIANTE PENSÃO A SER FIXADA PELO JUIZ, CASO NÃO TENHA SIDO DECLARADO CULPADO NA AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL. PARÁGRAFO ÚNICO. SE O CÔNJUGE DECLARADO CULPADO VIER A NECESSITAR DE ALIMENTOS, E NÃO TIVER PARENTES EM CONDIÇÕES DE PRESTÁ-LOS, NEM APTIDÃO PARA O TRABALHO, O OUTRO CÔNJUGE SERÁ OBRIGADO A ASSEGURÁ-LOS, FIXANDO O JUIZ O VALOR INDISPENSÁVEL À SOBREVIVÊNCIA. 5. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos. (art. 1.703) ART. 1.703. PARA A MANUTENÇÃO DOS FILHOS, OS CÔNJUGES SEPARADOS JUDICIALMENTE CONTRIBUIRÃO NA PROPORÇÃO DE SEUS RECURSOS. 6. Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se processe em segredo de justiça. (art. 1.705) ART. 1.705. PARA OBTER ALIMENTOS, O FILHO HAVIDO FORA DO CASAMENTO PODE ACIONAR O GENITOR, SENDO FACULTADO AO JUIZ DETERMINAR, A PEDIDO DE QUALQUER DAS PARTES, QUE A AÇÃO SE PROCESSE EM SEGREDO DE JUSTIÇA. 7. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. (art. 1.707) 8. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos. 9. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante da sentença de divórcio. (arts. 1.708, 1.709) ART. 1.708. COM O CASAMENTO, A UNIÃO ESTÁVEL OU O CONCUBINATO DO CREDOR, CESSA O DEVER DE PRESTAR ALIMENTOS. PARÁGRAFO ÚNICO. COM RELAÇÃO AO CREDOR CESSA, TAMBÉM, O DIREITO A ALIMENTOS, SE TIVER PROCEDIMENTO INDIGNO EM RELAÇÃO AO DEVEDOR. ART. 1.709. O NOVO CASAMENTO DO CÔNJUGE DEVEDOR NÃO EXTINGUE A OBRIGAÇÃO CONSTANTE DA SENTENÇA DE DIVÓRCIO. 10. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido. (art. 1.710) ART. 1.710. AS PRESTAÇÕES ALIMENTÍCIAS, DE QUALQUER NATUREZA, SERÃO ATUALIZADAS SEGUNDO ÍNDICE OFICIAL REGULARMENTE ESTABELECIDO. ADOÇÃO Conceito: Projeto da Lei Nacional de Adoção: “adoção é a inclusão de uma pessoa em uma família distinta da biológica, de forma irrevogável, mediante decisão judicial irrecorrível, gerando vínculos de filiação”. Problema: “irrecorrível”, afronta o duplo grau de jurisdição, garantia fundamental. Sílvio de Salvo Venosa: “a modalidadeartificial de filiação que busca imitar a filiação natural”. Maria Berenice Dias: a adoção “consagra a paternidade sócio afetiva, baseando-se não em fator biológico, mas em fator sociológico”. Guilherme Calmon Nogueira da Gama: é a “filiação que se estabelece em razão da vontade e do afeto que são reconhecidos como fatores importantes para o fim da lei permitir a constituição do vínculo de parentesco”. Filiação natural vs. Filiação adotiva Infertilidade: Interesse dos casais Melhor interesse da criança e do adolescente - CC/02: vigorou um duplo sistema de adoção: a) maiores de 18 anos: regrada pelo CC/02 (arts. 1.618 a 1.629); e, b) menores de 18 anos: disciplinada pelo ECA (arts. 39 a 52). CC/02: Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Princípios que regem a adoção: Princípio da irrevogabilidade: art. 39, § 1º do ECA Princípio do sigilo e anonimato: Lei n. 12.010/09 alterou a redação do art. 48 do ECA, permitindo ao adotado ter acesso ao processo de adoção e a sua origem biológica, após ter completado 18 anos de idade. Nenhuma informação relativa à origem de sua filiação e o antigo registro de nascimento é cancelado. Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. [...] § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro. § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. § 8o O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo. Princípio do melhor interesse do adotado: art. 227 caput da CF/88 ECA: Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundarse em motivos legítimos. – Natureza jurídica: Teoria contratualista ou privatista: adoção é contrato. Teoria publicista ou institucional: afirma que a adoção é uma instituição que deve atender aos interesses públicos estatais, notadamente, o interesse de tutelar com absoluta prioridade os interesses da criança e do adolescente. Teoria híbrida ou mista: entende que a adoção é o resultado do conjunto da vontade das partes envolvidas e a chancela do Estado mediante a decisão judicial (ato jurídico de direito de família). Lei Nacional de Adoção (Lei n. 12.010, de 03 de agosto de 2009): Convivência em abrigo: limita em dois anos, no máximo (§ 2º do art. 19 do ECA); Estágio de convivência (um mal necessário?); Unificou a disciplina jurídica da adoção; Regulamentou a possibilidade de adoção internacional. Requisitos para a adoção: Vantagens para o adotado e legitimidade dos motivos do adotante: art. 43 do ECA. utilizar os parâmetros dos arts. 28 e 29 do ECA Consentimento dos pais do adotando e, sendo adolescente, também o dele: art. 45 do ECA. Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. § 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do pátrio poder familiar. § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento. Requisitos para a adoção: Estágio de convivência e processo judicial: arts. 46 do ECA. verificar a sócio afetividade; Capacidade e legitimidade do adotante: Idade: o adotante deve ter idade mínima de 18 anos (art. 42 do ECA); e 16 anos a mais que o adotando (§ 3º do art. 42 do ECA ). Orientação sexual: Pode um homossexual adotar? Pré-requisitos: cadastramento e habilitação – art. 50 do ECA. Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Adoções especiais: I. Adoção conjunta por ex-companheiros, separados judicialmente ou divorciados: art. 42, § 4º do ECA; II. Adoção póstuma: art. 42, § 6º do ECA; * os efeitos da adoção retroagem à data do óbito do adotante (art. 42, § 7º do ECA) III. Adoção internacional: Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. Desde que não seja possível a adoção nacional. Os pressupostos relevantes são: I. ser residente em um país signatário da Convenção de Haia de 1993; II. - habilitação prévia no cadastro nacional de estrangeiros interessados a adotarem crianças brasileiras, cadastro que tem validade por, no máximo, um ano, podendo ser renovada (§ 13 do art. 52 do ECA); III. - estágio de convivência em território brasileiro de, no mínimo, 30 (trinta) dias (§ 3º do art. 46 do ECA). Alienação parental Dá-se o nome de alienação parental às estratégias do pai ou da mãe que desejam afastar injustificadamente os filhos do outro genitor, ao ponto de desestruturar a relação entre eles (Regina Beatriz Tavares da Silva, Curso de Direito Civil, vol. 2, Direito de Família, 41ª ed., São Paulo, Saraiva, 2011, p. 418). Diz-se “injustificadamente” porque nem todos os atos de um pai ou de uma mãe contrários ao outro genitor podem ser havidos como alienação parental. Casos há em que a convivência do pai ou da mãe com os filhos torna-se perversa, quando é dever do outro genitor tomar todas as medidas legais cabíveis para proteger o filho. A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável e a lei veio com o objetivo de punir ou inibir aquele genitor que descumpre os deveres inerentes à autoridade parental ou decorrente da tutela ou da guarda do menor. A expressão “Síndrome da Alienação Parental” foi cunhada por Richard Gardner, psiquiatra americano, em 1985, para a qual sugeriu a seguinte definição: “A Síndrome da Alienação Parental é uma desordem que se origina essencialmente do contexto da disputa pela guarda dos filhos. Sua primeira manifestação é a campanha de denegrir um genitor, uma campanha que não possui qualquer justificativa. Ela resulta da combinação de inculcações feitas por um genitor que realiza programação (lavagem cerebral) e as contribuições da própria criança para transformar o genitor-alvo em vilão. Quando um real abuso parental e/ou uma negligência estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e então a explicação da Síndrome da Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável.” (Richard Gardner, The Parental Alienation Syndrome, 2. ed., Cresskill, NJ: Creative Therapeutics, Inc., 1998, p. 19/22) A Lei n. 12.318/2010, em seu art. 2º, traz uma definição do que possa vir a ser considerado como alienação parental pelos magistrados em ações versando sobre a guarda de filhos: “Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a suaautoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este” O art. 2º do supracitado dispositivo legal estabelece que: "Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ou estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este". A SAP - Síndrome da Alienação Parental foi um termo proposto pelo psicólogo americano, Richard Gardner, conhecido por seu trabalho de pesquisa e clínica na área de abuso sexual contra meninos e suas consequências para eles como homens, e um dos fundadores da Organização Nacional de Vitimização Sexual. Em 1985, Gartner a definiu como sendo: "um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a "lavagem cerebral, programação, doutrinação") e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou negligencia parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável". (GARDNER, 1985, p.2). No Brasil, o assunto ganhou força em decorrência da promulgação da lei 12.318, de 26 de agosto de 2010. Algumas opiniões sobre Alienação: Segundo Maria Berenice Dias, referência no Direito de Família: “Grande parte das separações produz efeitos traumáticos que vêm acompanhados dos sentimentos de abandono, rejeição e traição. Quando não há uma elaboração adequada do luto conjugal, tem início um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-cônjuge. Os filhos são levados a rejeitar o genitor, a odiá-lo. Tornam-se instrumentos da agressividade direcionada ao parceiro. A forma encontrada para compensar o abandono, a perda do sonho do amor eterno, acaba recaindo sobre os filhos, impedindo que os pais com eles convivam.”. Em outro momento, a exímia doutrinadora Maria Berenice Dias elucida que: “Ao ver o interesse do pai em preservar a convivência com o filho, quer vingar-se, afastando este do genitor. Para isso cria uma série de situações visando a dificultar ao máximo ou a impedir a visitação. Leva o filho a rejeitar o pai, a odiá-lo. A este processo o psiquiatra americano Richard Gardner nominou de ‘síndrome de alienação parental’: programar uma criança para que odeie o genitor sem qualquer justificativa. Trata-se de verdadeira campanha para desmoralizar o genitor. O filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. A mãe monitora o tempo do filho com o outro genitor e também os seus sentimentos para com ele. A criança, que ama o seu genitor, é levada a afastar-se dele, que também a ama. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos.”. Maria Berenice Dias preceitua que: “A alienação parental é tida como um descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes do dever de tutela ou guarda. Sendo assim, havendo indícios de sua prática, está prevista a realização de processo autônomo, com tramitação prioritária e a realização de perícia psicológica, cabendo ao juiz determinar medidas provisórias necessárias para a preservação da integridade psicológica da criança ou adolescente.”. ATUALIZAÇÃO LEGISLATIVA: Na perspectiva de aprimoramento do protecionismo legislativo a Lei 13.413/2017, em vigor desde 05/04/2018, que estabelece sistemas de proteção aos direitos de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência, veio traçar novos rumos também ao tema da alienação. Reconhecendo como violência psicológica o ato de alienação (art. 4, II, b), assegurando o direito de pleito de medida protetiva à luz da conexão com os dispositivos do ECA e da Lei Maria da Penha. Art. 4o Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas criminosas, são formas de violência: b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este; As crianças alienadas apresentam distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico. Também a tendência suicida pode manifestar-se nesses menores. Sua baixa autoestima evidencia-se, do que decorrerão outros problemas na fase adulta, como as dificuldades de estabelecer uma relação estável. DA RESPONSABILIDADE CIVIL O instituto da responsabilidade civil trata sobre danos causados e a obrigação de repará-los. Menciona-se o artigo 186, do Código Civil: “Aquele que, por omissão voluntária, negligencia ou imprudência causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. O alienador ao praticar atos de alienação parental, está cometendo um ato ilícito e causando danos não só ao menor, mas também ao genitor que está sofrendo com a alienação. A própria Constituição Federal, em seu artigo 5°, incisos V e X, trata sobre a obrigação de indenizar em casos de danos materiais, morais ou à imagem, assegurando o direito à indenização, quando da ocorrência de danos. Cita-se o entendimento de Cavalieri Filho (2010, p.72) sobre a importância do dano para que ocorra a responsabilidade civil “O dano é sem dúvida, o grande vilão da responsabilidade civil. Não haveria que se falar em indenização, nem em ressarcimento, se não houvesse o dano. Pode haver responsabilidade sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem dano”.